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CURSO: Direito TURNO:Noite


DISCIPLINA: Direito Internacional
PERÍODO: 100 SEMESTRE:2023.1
PROFESSOR: Ana Godin
ASSUNTO: TED 1 – UNIDADE II
Aluno: André Anderson Melo Ferreira Matrícula: 2023110006

TED 1 – Unidade II

1. No ordenamento jurídico brasileiro, qual é o status da dignidade da pessoa


humana?
Segundo a Constituição Federal de 1988, Art. 1º, inciso III, a dignidade humana é
um dos fundamentos basilares do Estado Democrático de Direito. A dignidade humana é
um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito, a Constituição Federal de 1988,
Art. 5º, incisos III (não submissão a tortura), VI (inviolabilidade da liberdade de consciência
e de crença), VIII (não privação de direitos por motivo de crença ou convicção), X
(inviolabilidade da vida privada, honra e imagem), XI (inviolabilidade de domicílio), XII
(inviolabilidade do sigilo de correspondência), XLVII (vedação de penas indignas), XLIX
(proteção da integridade do preso) etc., elenca uma série de garantias fundamentais aos
cidadãos e cidadãs brasileiros.
A dignidade humana, no ordenamento jurídico brasileiro, de acordo com Flávia Piovesan
(2000), assume o status de “princípio matriz da Constituição Federal, ou seja, status de
princípio fundamental, essencial.

2. Pontuar as características dos direitos humanos.

 Historicidade;  Inviolabilidade;
 Universalidade;  Efetividade;
 Relatividade;  Interdependência;
 Essencialidade;  Inalienabilidade;
 Irrenunciabilidade;  Concorrência.
 Imprescritibilidade;

3. Qual o fundamento legal da universalidade dos direitos humanos?

O Fundamento da universalidade dos direitos humanos no Brasil está no Art. 5º da


Constituição Federal: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...].”
Já no âmbito internacional: Declaração Americana de Direitos Humanos –
Declaração de Independência (1976), Declaração Francesa de Direitos Humanos –

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Declaração dos direitos do homem e do cidadão (1789), Declaração Universal dos Direito
Humanos (1948).

4. Apontar e explicar os precedentes históricos do processo de internacionalização


dos direitos humanos.

De acordo com João Luiz Martins Teixeira Soares, no artigo “Precedentes do


processo de internacionalização dos direitos humanos, publicado no jusbrasil, os
precedentes históricos da internacionalização dos Direitos Humanos são:
“O DIREITO HUMANITÁRIO: Constituía o componente de direitos humanos da lei
de guerra, se aplica aos conflitos armados, com o intuito de assegurar a proteção dos
direitos fundamentais a militares postos fora de combate, feridos, doentes, náufragos,
prisioneiros e a população civil em hipóteses de guerra – Teve como marco histórico a
Batalha de Solferino, que levou a criação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha cujo
lema é “Inter Arma Caritas” (Em meio à guerra, caridade).”
“A LIGA DAS NAÇÕES: Criada após a primeira guerra mundial com o Tratado de
Versalhes, tinha como finalidade promover a cooperação, paz e segurança internacional,
reforçando a necessidade de relativizar a soberania dos Estados.”
“ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO: Também criada após a
primeira guerra mundial, têm por finalidade promover padrões internacionais de condições
de trabalho e bem-estar, buscando assegurar um padrão justo e digno nas condições de
trabalho.”
A segunda Guerra foi um marco da ruptura dos Direitos Humanos. O Estado alemão, sob a
égide do regime nazista exterminou aproximadamente 11 milhões pessoas. Esse brutal
evento levou as nações a pensarem mecanismos de proteção à dignidade da pessoa
humana.

5. Quais as condições para a internacionalização dos direitos humanos?

Para a internacionalização do Direitos Humanos ocorrer, é necessário a criação de


organismo e órgãos internacionais, mediante acordo, respeitado o princípio da Pacta Sunt
Servanda, a autodeterminação das nações e a livre vontade das partes. Para que a
internacionalização ocorra, é necessário que os países criem e adiram aos tratados e
acordos internacionais. O processo de adesão aos Tratados de Direitos Humanos demanda
dos países signatários a internalização dos mesmos. Por fim, o processo de
internacionalização dos Direitos Humanos demanda das partes o reconhecimento dos
Direitos Humanos e a violação dos mesmos.

6. Qual a diferença entre o Sistema Global Geral do DIDH e o Sistema Global


Especial?

O Sistema Global Geral de Direitos Humanos tem a ONU (Carta das Nações Unidas
de 1945) como ator central. Compõe o SGDIDH a Declaração Universal dos Direitos
Humanos (1948), o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos – PIDCP – (1967),
Pactos Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais – PIDESC – (1967). Os
tratados referidos acimas, juntos com seus protocolos e a Declaração Universal dos Direitos
Humanos constitui a Carta Universal/internacional dos Direitos Humanos. Com a
institucionalização da referida A Carta, torna obrigatório o seu cumprimento. O objetivo do

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SGDIDH é tutelar os direitos fundamentais da sociedade global. O Sistema Especial tutela
o direito dos grupos vulneráveis específicos (proteção dos direitos humanos no âmbito
regional).

7. Aponte os sistemas regionais de direitos humanos.

1- Sistema Europeu de Direitos Humanos;


2- Sistema Africano de Direitos Humanos;
3- Organização dos Estados Americanos (OEA) – Sistema Interamericano;

8. O que significa “sistemas regionais de direitos humanos”?

São sistemas que foram criados para tutelarem, nos países que fazem parte do
sistema, os Direitos Humanos previstos em acordos internacionais.

9. O que é a Organização dos Estados Americanos e quais os seus objetivos?

A OEA configura-se como o organismo regional internacional mais antigo na história


da humanidade. A sua existência está vinculada à Primeira Conferência Internacional
Americana, realizada em Washington, D.C., de outubro de 1889 a abril de 1890. A
Conferência Internacional Americana resultou na criação da União Internacional das
Repúblicas Americanas. Com a referida conferência, iniciou-se o processo de construção de
uma rede de disposições e instituições, dando início ao “Sistema Interamericano”, o mais
antigo sistema institucional internacional. A OEA foi criada com o fito de promover: 1- a paz
e a justiça, 2 – a solidariedade entre os Estados membros, 3- intensificar a colaboração
entre os Estados membros, 4- defender a soberania dos Estados membros, defender a
integridade territorial e a independência dos Estados membros.

10.O que é a Convenção Americana de Direitos Humanos? Quais seus principais


pontos?

A convenção Americana de Direitos Humanos foi criada em São José, na Costa


Rica. Esta tem como principal finalidade criar as condições para que todos seres humanos
tenham assegurado o direito de usufruir os direitos civis, políticos, econômicos e sociais.
A convenção Americana de Direitos Humanos proíbe a escravidão e a servidão, protege a
liberdade pessoal, protege à integridade pessoal, assegura as garantias judiciais etc.

11.Qual a principal diferença entre a Comissão e a Corte Interamericana de Direitos


Humanos?

A Comissão pode receber petições individuais (adesão obrigatória) e interestatais


(adesão facultativa). A corte só pode provocada pelos Estados-partes e pela Comissão, que
exerce a função similar aos Ministério Público. A Comissão Interamericana é um órgão do
sistema interamericano de proteção e promoção dos Direitos humanos.

12.Quem tem legitimidade para fazer denúncias à Comissão Interamericana de


Direitos Humanos?

“Qualquer pessoa, em representação pessoal ou de terceiros, pode apresentar petição à


Comissão com finalidade de denunciar uma violação aos direitos humanos. Também podem

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apresentar queixas as Organizações Não-Governamentais (ONGs). A petição em favor de
um terceiro é necessária, por exemplo, no caso de quem esteja preso e impedido de
formulá-la pessoalmente ou de não desejar que as autoridades que o prenderam se
inteirem da sua reclamação.” E Países membros da OEA.

13. Quais as condições para a denúncia na Comissão?

Para apresentar uma denúncia à Comissão Interamericana de Direitos


Humanos (CIDH), é necessário cumprir certas condições e requisitos. Aqui estão
algumas das principais condições para a denúncia:
Jurisdição da CIDH: A denúncia deve ser apresentada contra um Estado membro
da Organização dos Estados Americanos (OEA), ou seja, um país das Américas
que tenha ratificado a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, também
conhecida como Pacto de San José. A CIDH tem jurisdição apenas sobre os
Estados que são partes da Convenção.
Esgotamento dos recursos internos: Geralmente, a denúncia deve ser
apresentada após terem sido esgotados todos os recursos legais disponíveis no
âmbito interno do Estado. Isso significa que o caso deve ter sido levado aos
tribunais e esferas judiciais do país em questão, a menos que seja demonstrado que
existem atrasos injustificados ou que os recursos internos são ineficazes.
Prazo de apresentação: A denúncia deve ser apresentada dentro de um prazo
específico, geralmente seis meses a partir do conhecimento da decisão final nos
níveis internos ou da violação dos direitos alegados. No entanto, a CIDH pode
considerar denúncias apresentadas após o prazo se considerar que há
circunstâncias excepcionais justificando o atraso. A comissão pode expedir medidas
cautelares.
Identificação das vítimas e fatos alegados: A denúncia deve incluir informações
detalhadas sobre as vítimas, os fatos ocorridos e as violações dos direitos humanos
alegadas. É necessário fornecer evidências, documentos e informações que
sustentem as alegações e demonstrem a violação dos direitos protegidos pela
Convenção Americana.
Caráter individual ou coletivo: A denúncia pode ser apresentada por uma pessoa
individualmente afetada ou por um grupo de pessoas que tenham sido vítimas das
mesmas violações de direitos humanos. Em casos coletivos, é importante
demonstrar que a violação dos direitos afeta um grupo mais amplo ou tem um
impacto sistêmico.
Proibição de Litispendência ou Coisa Julgada: A comunicação não deve referir-se a um
caso que já esteja sendo tratado por um procedimento especial, por um órgão de
fiscalização de um tratado ou por outros procedimentos nas Nações Unidas ou em
mecanismos regionais similares que lidam com a temática dos direitos humanos.

14.Quem tem legitimidade para fazer denúncias à Corte Interamericana de Direitos


Humanos?

Perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos, os indivíduos ou grupos de indivíduos


não podem demandar diretamente.

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A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH): A CIDH tem legitimidade para
apresentar casos à Corte. Geralmente, a CIDH atua como um órgão intermediário entre as
vítimas e a Corte, investigando as violações, elaborando relatórios e recomendações e,
posteriormente, apresentando os casos à Corte, caso o Estado não cumpra suas
recomendações.

Os Estados membros da OEA: Os Estados membros da OEA têm a legitimidade para


submeter casos à Corte Interamericana. Isso pode ocorrer quando um Estado acredita que
seus direitos foram violados por outro Estado membro.

15.Como se dá a execução das sentenças da Corte Interamericana de Direitos


Humanos no Brasil?

 A sentença da corte deve ser fundamentada, clara e sem ambiguidade ou


lacunas;
 A pedido de qualquer das partes, a Corte poderá interpretar ou esclarecer a
sentença no prazo de 90 dias;
 A sentença da Corte é definitiva e inapelável
 Quando publicada, a sentença faz coisa julgada formal e material;
 As sentenças da Corte tema aplicabilidade imediata nos países que
ratificaram a Convenção Americana;
 Todavia, quando a sentença determinar indenização pecuniária, esta deverá
ser executada nos respectivos países pelo processo interno vigente para
execução das sentenças.

16.Qual a diferença da nacionalidade primária para a secundária?

A nacionalidade primária e a nacionalidade secundária referem-se a diferentes


formas de cidadania que um indivíduo pode possuir. A nacionalidade primária é a cidadania
que uma pessoa possui por nascimento. Geralmente, é determinada pela nacionalidade dos
pais do indivíduo ou pelo local de nascimento. A Nacionalidade Secundária é uma cidadania
adquirida posteriormente à nacionalidade primária. Ela é obtida por meio de um processo de
naturalização ou por escolha pessoal.

17.O que significa apatria? Dê dois exemplos na comunidade internacional.

Segundo Nathallia Masson, os apátridas, “ também identificados como heimatlos,


são aqueles desprovidos de pátria; não detêm com nenhum Estado o vínculo jurídico-
político que os converteria em nacionais, uma vez que não se enquadram nos critérios de
aquisição de nacionalidade de Estado algum.”

18.Quais as condições para uma pessoa ser considerada ‘brasileiro(a) nata’? Qual o
fundamento legal?

Os critérios para um brasileiro ser considerado nato, estão descritos no artigo 12 da


Constituição Federal, inciso I, o qual estabelece que: “São brasileiros natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros,
desde que estes não estejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que
qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que venham
a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade
brasileira”

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19.Quais as condições para um estrangeiro se naturalizar?

Os critérios para um brasileiro ser considerado naturalizado, estão descritos no


artigo 12 da Constituição Federal, no inciso II, o qual estabelece que: “São brasileiros
naturalizados:

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos


originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e
idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do
Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram
a nacionalidade brasileira.
[...]
§ 2.º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados,
salvo nos casos previstos nesta Constituição”.

20.Quais as principais diferenças entre naturalização ordinário, extraordinária e


especial?

Naturalização expressa: essa modalidade de naturalização – única admitida pelo


atual documento constitucional – coloca a aquisição da nacionalidade secundária na
dependência de declaração volitiva do interessado; pode se efetivar por duas vias, a
ordinária e a extraordinária.

Naturalização ordinária. A obtenção da nacionalidade secundária brasileira pela via


ordinária se efetiva nas seguintes hipóteses: (1ª) Art. 12, II, "a", 1ª parte, CF/88: poderão se
naturalizar brasileiros os estrangeiros que cumprirem os requisitos previstos em lei. Trata-se
do Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 6.815/1980), devidamente recepcionado pela
Constituição da República de 1988, que estabelece, em seu art. 112, as condições
indispensáveis para a aquisição da nacionalidade derivada, quais sejam:
– Capacidade civil, segundo a lei brasileira;
– Ser registrado como permanente no Brasil;
– Residência contínua no território nacional, pelo prazo mínimo de quatro anos,
imediatamente anteriores ao pedido de naturalização;
– Ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as condições do
naturalizando;
– Exercício de profissão ou posse de bens suficientes à manutenção própria e da
família;
– Bom procedimento;
– Inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou no exterior por
crime doloso a que seja cominada pena mínima de prisão, abstratamente considerada,
superior a um ano; e
– Boa saúde.

Quanto ao prazo mínimo de quatro anos, este pode ser reduzido:


 Para um ano se o naturalizado preencher um dos seguintes requisitos:
o ter filho brasileiro nato ou naturalizado (ressalvada a naturalização
provisória);
ou possuir cônjuge ou companheiro brasileiro e não estar separado legalmente.
o Para dois anos se o indivíduo preencher algum dos requisitos:
ter prestado ou poder prestar serviço relevante ao País;
o ou ser recomendo por sua capacidade profissional, científica ou artística.

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Naturalização extraordinária: Prevista no art. 12, II, "b", CF/88, a naturalização
extraordinária só será obtida pelo indivíduo que, capacitado civilmente, observar as
seguintes condições:
- Residência ininterrupta no território nacional por mais de quinze anos;
- Ausência de condenação penal e
- Apresentação de requerimento de naturalização
Contudo, a posse ou propriedade no país por si só não é suficiente para fins de
comprovação. A pessoa deverá comprovar a residência efetiva no país. Todavia, viagens
esporádicas do interessado ao exterior não impedirão a aprovação do pedido de
naturalização para estrangeiros no Brasil na modalidade extraordinária.

Naturalização Especial
A naturalização para estrangeiros no Brasil na modalidade especial será concedida
em duas hipóteses:
ao cônjuge ou companheiro, há mais de cinco anos, de integrante do Serviço Exterior
Brasileiro em atividade ou de pessoa a serviço do Estado brasileiro no exterior;
ou, ainda, ser ou ter sido empregado em missão diplomática ou em repartição consular do
País por mais de dez anos ininterruptos.
Assim, os requisitos para a concessão, são:

 Ter capacidade, segundo a lei brasileira;


 Comunicar-se em língua portuguesa; e
 Não possuir condenação penal ou estiver reabilitado.

21.O que significa extraterritorialidade?

Estefam e Gonçalves (2019) definem que Extraterritorialidade é o “fenômeno pelo


qual a lei penal brasileira se aplica a fatos ocorridos fora do território nacional, isto é, em
locais submetidos à soberania externa ou mesmo em territórios em que país algum exerce
seu poder soberano, como é o caso da Antártida.” Entende-se que embora um fato tenha
ocorrido fora do Brasil, nossa lei será aplicada por algum juízo ou tribunal pátrio.

22.O que significa, juridicamente, a condição de estrangeiro?

Para o Brasil, estrangeiro é o indivíduo que possui vínculo jurídico-político com


Estado Nacional diverso da República Federativa do Brasil. Se mantém nesta condição
jurídica por não preencher as regras estatais necessárias à obtenção da condição de
nacional ou, se as preenche, porque voluntariamente opta por não adquirir referido status. È
aquele que não está em seu território de origem.

23.Conforme as normas brasileiras, quais os direitos fundamentais que os


estrangeiros possuem?

Mesmo na condição de estrangeiro ou apátrida o indivíduo recebe proteção do


Estado brasileiro, possuirão grande parte dos direitos fundamentais consagrados na
Constituição (com algumas restrições pautadas na segurança e interesse nacional) pelo
simples fato de serem todos indivíduos.
Segundo o artigo 95 do Estatuto do Estrangeiro (Lei Federal nº 6.815, de 19 de agosto de
1981) o estrangeiro residente no Brasil goza de todos os direitos reconhecidos aos
brasileiros, nos termos da Constituição e das leis.
O artigo 5º, caput e inciso XXXV, do texto constitucional assegura:

“ Artigo 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à

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liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXV – a lei
não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;”

O Art 12, § 2º da CF de 1988, afirma: “A lei não poderá estabelecer distinção entre
brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.”

24.Um brasileiro naturalizado pode perder esta condição? Em quais circunstâncias?

Sim. § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:


I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva
ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Redação dada pela Emenda
Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela
Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado
estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de
direitos civis; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

25.Qual a principal diferença entre imigrante e refugiado?

Uma pessoa é considerada refugiada quando ela deixa seu país de nascimento por
causa de motivos que envolvem guerra ou perseguição. Alguns locais dentro do país
em guerra podem ser mais afetados, o que coloca em risco a vida de seus moradores, por
esse motivo, quando conseguem, migram para outro país que não esteja em guerra para
ficarem em segurança. No caso de perseguição, existem vários determinantes, dentre eles
estão a religião, a raça, a opinião política, o grupo social, a nacionalidade ou outros tipos de
conflitos. Qualquer um desses motivos pode influenciar uma perseguição, que resulta na
violação dos direitos humanos e na violência contra essas pessoas. Quando a vida e a
liberdade de uma pessoa estão em perigo no país onde vive, esta é considerada uma
pessoa perseguida e tem o direito de se refugiar em outra nação. De acordo com a lei,
nenhum refugiado pode ser expulso do país em que está se abrigando, pois, geralmente, as
condições enfrentadas são extremamente perigosas e não podem ser negligenciados.
Uma pessoa que pratica a imigração de um país para outro por vontade própria é
considerada um imigrante. Alguns dos motivos que podem levar um indivíduo a migrar são
a busca de emprego, saúde ou educação de melhor qualidade e, consequentemente, uma
condição de vida melhor, com mais oportunidades. A fome e a extrema pobreza também
podem influenciar na migração de dezenas de pessoas que não conseguem suas
subsistências em determinado local e conseguem ajuda para se deslocarem para outro
país. Outro motivo que pode obrigar uma pessoa a migrar é a dificuldade de sobrevivência
por causa de desastres naturais como tsunamis, furacões, erupção de vulcões e terremotos.
Um imigrante não precisa necessariamente sair de um país para outro, mas de qualquer
cidade ou estado dentro de um mesmo país. Nesse caso, também existe uma diferença
entre imigrante e emigrante, termos muitas vezes confundidos. No Brasil, o Dia do
Imigrante é comemorado em 25 de junho.

26.Quais os principais princípios de proteção ao refugiado no Brasil? Qual o


fundamento legal?

No Brasil, os refugiados são assegurados pela Lei 9.474 de 22 de julho de 1997, que


define mecanismos para a implementação do Estatuto dos Refugiados de 1951, determina

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as condições de refúgio e os direitos e deveres do solicitante, e ainda incorpora a definição
pré-existente de refugiados. Art. 4º O reconhecimento da condição de refugiado, nos termos
das definições anteriores, sujeitará seu beneficiário ao preceituado nesta Lei, sem prejuízo
do disposto em instrumentos internacionais de que o Governo brasileiro seja parte, ratifique
ou venha a aderir. Art. 5º O refugiado gozará de direitos e estará sujeito aos deveres dos
estrangeiros no Brasil, ao disposto nesta Lei, na Convenção sobre o Estatuto dos
Refugiados de 1951 e no Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados de 1967, cabendo-lhe
a obrigação de acatar as leis, regulamentos e providências destinados à manutenção da
ordem pública. Art. 6º O refugiado terá direito, nos termos da Convenção sobre o Estatuto
dos Refugiados de 1951, a cédula de identidade comprobatória de sua condição jurídica,
carteira de trabalho e documento de viagem.

27.O que é o CONARE, qual sua função e sua composição?

O Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) é um órgão colegiado, vinculado ao


Ministério da Justiça e Segurança Pública, que delibera sobre as solicitações de
reconhecimento da condição de refugiado no Brasil. Suas competências e composição
estão definidas no art. 12 da Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997. Para mais detalhes,
acesse o Regimento Interno do Conare.  

Ele é composto por representantes governamentais e não-governamentais. 


Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP)
 Sheila Santana de Carvalho (membro titular e presidenta).
 Suplente a definir.
Ministério da Educação (MEC)
 Thomaz Alexandre Mayer Napoleão (titular).
 Roseli Teixeira Alves (suplente).
Ministério da Saúde (MS)
 Marina Moreira Costa Pittella (titular).
 Rafaela Beatriz Moreira Batista Brunale (suplente).
Ministério do Trabalho e Previdência
 Lucilene Estevam Santana (titular).
 Denis dos Santos Freitas (suplente).
Ministério das Relações Exteriores (MRE)
 Maria Clara de Paula Tusco (titular).
 Anna Paula Ribeiro Araujo Mamede (suplente).
Polícia Federal (PF)
 Indira Lima Croshere (titular).
 Bruno Ribeiro Castro (suplente).
Sociedade civil
 Monsenhor Manuel de Oliveira Manangão (titular).

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 Padre Marcelo Maróstica Quadro (suplente).
ACNUR
 Davide Torzilli (titular).
 Silvia Sander (suplente).
Defensoria Pública da União (DPU)
 Gustavo Zortéa da Silva
Procuradoria-Geral da República
 André de Carvalho Ramos

Art. 12. Compete ao CONARE, em consonância com a Convenção sobre o Estatuto


dos Refugiados de 1951, com o Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados de 1967 e com
as demais fontes de direito internacional dos refugiados:
I - analisar o pedido e declarar o reconhecimento, em primeira instância, da condição
de refugiado;
II - decidir a cessação, em primeira instância, ex officio ou mediante requerimento das
autoridades competentes, da condição de refugiado;
III - determinar a perda, em primeira instância, da condição de refugiado;
IV - orientar e coordenar as ações necessárias à eficácia da proteção, assistência e
apoio jurídico aos refugiados;
V - aprovar instruções normativas esclarecedoras à execução desta Lei.
Art. 13. O regimento interno do CONARE será aprovado pelo Ministro de Estado da
Justiça.
Parágrafo único. O regimento interno determinará a periodicidade das reuniões do
CONARE.

28.Quais os documentos que os refugiados conseguem após regularizam


no Brasil?

Os refugiados reconhecidos no Brasil têm direito de obter o Registro Nacional de


Estrangeiros (RNE), documento de identidade dos estrangeiros no Brasil; uma Carteira de
Trabalho e Previdência Social definitiva (CTPS); um número de Cadastro de Pessoa Física
(CPF) e um documento de viagem.

29.Conforme a lei do refúgio, quais as especificidades do refúgio no Brasil?

No caso do Refúgio, essa movimentação é involuntária, ou seja, a pessoa


foi forçada a sair do país por fundado temor de perseguição por motivos
de raça, religião, nacionalidade, grupo social, opiniões políticas, ou por causa de grave
e generalizada violação de direitos humanos.
Essas pessoas não se sentiam seguras nesses países, seja onde nasceram (países de
origem) ou onde viviam até então, e por isso partiram em busca de proteção. Elas são
consideradas refugiadas.
O refúgio é uma proteção legal internacional. A Lei nº 9.474/97 determina como essa
proteção é aplicada e como se reconhece a condição de refugiado no Brasil.

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Essa proteção específica é necessária porque a vida dos refugiados ou sua
integridade física correm risco. Por isso, quando eles têm sua condição de refugiado
reconhecida pelo governo brasileiro, eles não podem ser expulsos nem extraditados para o
país onde dizem sofrer a perseguição. Esse princípio é mundialmente conhecido como non-
refoulement, ou seja, não-devolução. Essa é a diferença mais marcante entre os
estrangeiros que são reconhecidos como refugiados e os outros estrangeiros que vivem no
Brasil. Para estes, é aplicada a Lei de Migração (Lei nº13.445/2017).

30.Em que circunstâncias cessa a condição de refugiado?

Art. 38. Cessará a condição de refugiado nas hipóteses em que o estrangeiro:


I - voltar a valer-se da proteção do país de que é nacional;
II - recuperar voluntariamente a nacionalidade outrora perdida;
III - adquirir nova nacionalidade e gozar da proteção do país cuja nacionalidade
adquiriu;
IV - estabelecer-se novamente, de maneira voluntária, no país que abandonou ou fora
do qual permaneceu por medo de ser perseguido;
V - não puder mais continuar a recusar a proteção do país de que é nacional por terem
deixado de existir as circunstâncias em conseqüência das quais foi reconhecido como
refugiado;
VI - sendo apátrida, estiver em condições de voltar ao país no qual tinha sua
residência habitual, uma vez que tenham deixado de existir as circunstâncias em
conseqüência das quais foi reconhecido como refugiado.

31.Como se perde a condição de refugiado?

Art. 39. Implicará perda da condição de refugiado:

I - a renúncia;
II - a prova da falsidade dos fundamentos invocados para o reconhecimento da
condição de refugiado ou a existência de fatos que, se fossem conhecidos quando do
reconhecimento, teriam ensejado uma decisão negativa;
III - o exercício de atividades contrárias à segurança nacional ou à ordem pública;
IV - a saída do território nacional sem prévia autorização do Governo brasileiro.
Parágrafo único. Os refugiados que perderem essa condição com fundamento nos
incisos I e IV deste artigo serão enquadrados no regime geral de permanência de
estrangeiros no território nacional, e os que a perderem com fundamento nos incisos II e III
estarão sujeitos às medidas compulsórias previstas na Lei nº 6.815, de 19 de agosto de
1980.

32.O que é visto e quais os tipos de visto conforme o direito brasileiro?

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Em seu Capítulo II da Nova Lei de Migração, este trata da regularização da permanência do
migrante: “Situação Documental do Migrante e do Visitante” de forma que normatiza as
regras para concessão, vistos temporários, de visita, diplomáticos, oficiais, cortesia e a
naturalização.

33.Quais os requisitos para estrangeiro entrar no Brasil?

Para entrar no país você precisa de um passaporte válido e do cartão de entrada e saída
devidamente preenchido. Este cartão deve ser apresentado na entrada no Brasil e mantido
até o momento de sua saída, quando será recolhido pela Polícia Federal.

34.Quais as diferenças entre o visto diplomático e o de cortesia?

O visto de cortesia é um dos tipos de vistos brasileiros destinado a autoridades


estrangeiras em viagem não oficial ao Brasil, além de possíveis personalidades e/artistas e
desportistas. A concessão do passaporte diplomático é regulado pelo Decreto nº 5.978, de
2006. De acordo com a medida, presidentes, vice-presidentes e ex-mandatários, assim
como seus cônjuges e dependentes, têm direito ao registro.

35.Quais as diferenças entre expulsão, deportação e repatriação?

A repatriação ocorre quando um estrangeiro sem autorização é impedido de


ingressar no Brasil. Diferentemente da expulsão e deportação, a pessoa repatriada não
chega a atravessar a área de controle migratório (seja do porto, aeroporto ou fronteira). A
deportação é usada para remover indivíduos que violaram as leis de imigração, enquanto a
expulsão é usada para remover indivíduos que violaram as leis criminais ou civis. A
expulsão, por outro lado, é geralmente realizada por autoridades policiais ou judiciais e
pode ser um processo mais demorado e complexo. Estatuto do Estrangeiro (Lei
n.° 6.815/80) Art. 65. É passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer forma, atentar
contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade
pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos
interesses nacionais.

36.O que é extradição? Brasileiro pode ser extraditado?

A extradição é geralmente realizada por autoridades judiciais e pode ser um


processo complexo e demorado. A extradição, por sua vez, é usada para garantir que os
indivíduos que cometeram crimes em outro país sejam responsabilizados por suas ações. 
O artigo 5º, inciso LI da Constituição Federal afirma que
"nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei".

37.Asilo é o mesmo instituto do refúgio

O asilo é uma instituição que visa à proteção frente a perseguição atual e efetiva. Já
nos casos de refúgio é suficiente o fundado temor de perseguição, o asilo pode ser
solicitado no próprio país de origem do indivíduo perseguido.

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