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DIREITO
MACAPÁ-AP
2023
2
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo analisar a importância dos direitos
humanos para a implementação da proteção à criança e o adolescente. Entretanto, antes
de abordar a importância da implementação destes direitos citados, será feita uma
análise quanto a evolução histórica dos Direitos Humanos, com um foco especial nos
Direitos da Criança e do Adolescente. Analisaremos as origens históricas desses
direitos, considerando os marcos legais e as declarações internacionais que os
fundamentam. Para isso foi utilizada como metodologia a pesquisa bibliográfica-
documental.
INTRODUÇÃO
1
Bacharelando em Direito pela Estácio de Sá Seama. E-mail: paulastfnny@gmail.com
adolescente, diferente do adulto, necessitam de uma atenção especial, demandou tempo
e muitas observações. O propósito deste artigo consiste em salientar a significância dos
direitos da criança e do adolescente no âmbito dos direitos humanos, abordando sua
importância e os desafios que lhes são inerentes. Desse modo, o presente estudo se
apresentará dividido em dois tópicos, nos quais serão abordadas as seguintes temáticas:
o percurso histórico dos direitos humanos, criança e adolescente: construção dos
conceitos ao longo da história, principias direitos da criança e adolescente, Impactos que
a criança e o adolescente sofrem ao não ter seus direitos devidamente assistidos no
Brasil.
classes, o que fazia com que muitas pessoas estivessem submetidas a condições
degradantes que reforçavam a ideia de que eles não eram todos iguais. Foi somente, no
século XVIII, onde por meio da então conhecida como “Revolução Francesa”, houve
um grande avanço para os direitos humanos. Esse documento chamou atenção do
mundo porque era bem abrangente e expressava que: “os homens nascem e permanecem
livres e iguais em direitos”. Importante lembrar que, embora internacionalmente
relevante, valia somente no território francês. Assim, Comparato (2013) afirma que:
5
COMPARATO, Fabio Konder. A afirmação histórica dos Direitos Humanos. 12. ed. Saraiva, 2013. p.146.
violação é possível. O Sistema Internacional de Direitos Humanos atua de forma
regional, com os chamados Sistemas Regionais de Proteção dos Direitos Humanos,
envolvendo países de um mesmo continente. Esse Sistema Regional cumpre o objetivo
de adequação a realidade de cada país, considerando os aspectos culturais e históricos
dos mesmos.
7
AMIN, Andrea Rodrigues et al. Curso de Direito da
Criança e do Adolescente-Aspectos teóricos e
práticos 12. ed. Saraiva, 2013. pág. 43.
6
Durante a idade antiga e boa parte da idade média, as crianças foram ignoradas
no sentido da proteção especial, ficando expostas a todos os tipos de exploração. Havia
uma dificuldade de a sociedade da época enxergar as crianças como seres detentores de
proteção especial, os enxergavam como miniadultos, não oferecendo tratamento
diferenciado. A concepção social sobre a infância e adolescência sofreu mudanças, em
grande parte influenciada pelo pensamento da igreja católica que enxergava a criança
como um ser puro, um mediador entre o céu e a terra. Nesse período, nasce a ideia de
que a criança e adolescentes eram carecedores de uma proteção especial. Assim, Amin
et al. (2013), discorre que:
Contudo, a Liga das Nações foi extinta, e em 1939 houve o início da segunda
Guerra Mundial, que ficou marcada pela violação em massa dos direitos humanos.
Como resposta, em 1945 a comunidade internacional fundou a Organização das Nações
Unidas, e passou a promover com maior ênfase a agenda dos direitos humanos. Assim,
também foi vista como necessária a elaboração de um documento internacional
especifico para tratar sobre os direitos das crianças e adolescentes. Foi então que em
1959, mediante a Declaração Universal dos Direitos da Criança, adotada pela ONU que
houve o reconhecimento de que a criança e adolescente eram autênticos sujeitos
detentores de direitos e não apenas mais apenas seres carecedores de proteção. Nesse
sentido, Amin (2013), discorre que:
9
AMIN, Andrea Rodrigues et al. Curso de Direito da
Criança e do Adolescente-Aspectos teóricos e
práticos 12. ed. Saraiva, 2013. p. 53
10
Convenção sobre os Direitos das crianças https://www.unicef.org/brazil/convencao-sobre-os-direitos-
da-criança.
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.11
Foi somente por meio da elaboração da lei 8.069/90, proteção integral à criança e ao
adolescente, que houve um conceito quanto quem viria a ser a criança e o adolescente.
No sentido legislativo ou jurídico, ser criança ou adolescente está relacionado com a
idade da pessoa, no Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), considera
como criança a pessoa que tem até 12 (doze) anos incompleto, sendo adolescente aquele
que tem entre 12 e 18 anos de idade, conforme menciona artigo do Estatuto da Criança e
do adolescente (ECA):
11
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.ht. Acesso em: 13 out 2023.
12
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 13 jul. 1991. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm.
10
5. Direito à proteção contra a violência e o abuso: O ECA proíbe em seu art. 5º qualquer
forma de violência, abuso, exploração ou negligência contra crianças e adolescentes, e
estabelece medidas de proteção e responsabilização para os agressores.13
7. Direito à cultura, lazer e esporte: O ECA reconhece o direito das crianças e dos
adolescentes ao acesso à cultura, ao lazer e ao esporte, garantindo oportunidades para o
seu desenvolvimento físico e intelectual, não apenas com o objetivo de integralização
social, mas também de auxilio no desenvolvimento, pois, por meio da cultura e lazer a
13
6ª Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude- Crianças e Adolescentes: Direitos, Garantias e
Violações. Disponível em: https://www.cremeb.org.br/wp-content/uploads/2016/12/01-Panorama-da-
Violencia-Dr.-Carlos-Martheo.pdf. Acesso em: 13 out. 2023.
12
Com o entendimento proposto pela Constituição Federal em seu art. 227, de que
a criança e o adolescente são de absoluta prioridade, é de comum entendimento que o
dever de proteger e resguarda a criança não é uma função exclusiva do estado, mas
também da família e da sociedade. Para que as ações socioeducativas tenham eficácia, é
fundamental que o governo promova uma organização interna que permita a
implementação consciente e deliberada dessas medidas. Isso envolve a criação de
estratégias que garantam a efetividade das intervenções socioeducativas. O ECA, por
sua vez, é dependente de denominados programas e serviços desenvolvidos e
implementados pelo Estado. Embora haja uma iniciativa estatal para assegurar esses
direitos aos infantes, as principias dificuldades enfrentadas pela população infantil
dizem respeito à falta de estruturas e recursos para o seu atendimento e amparo, assim
14
A cultura e a arte podem transformar a nossa sociedade. Disponível:
https://www.externatosaofrancisco.com.br/single-post/a-cultura-e-a-arte-podem-transformar-a-nossa-
sociedade?gclid=Cj0KCQiAuqKqBhDxARIsAFZELmKL9MEcX1EgdYG1RULf
n8V09DPXminirs2hXJn4MJGCL41jna21CMaAk3DEALw_wcB. Acesso em: 06 nov. 2023
como a sua exploração e abuso enquanto indivíduos vulneráveis. De acordo com o site
da ONU o Relatório do Status Global sobre Prevenção da Violência contra Crianças
2020, afirma que:
Quando olhamos para o cenário nacional a situação não é a ideal. Conforme os dados da
pesquisa Pobreza na Infância e na Adolescência elaborada em 2018 divulgados pela
UNICEF, quase 40% das crianças de até 5 (cinco) anos tiveram algum dos seus direitos
básicos violados no Brasil. Sendo que no caso dos adolescentes entre 14 e 16 anos, o
percentual chega a quase 60%.
A não assistência na primeira infância possui impacto direto nos índices de pobreza
extrema, criminalidade e baixa taxa de escolaridade, impacto este que gera um chamado
efeito dominó na sociedade, que uma hora ou outra terá de lidar com este jovem
desassistido e um possível criminoso.
CONCLUSÃO
O reconhecimento dos direitos das crianças e dos adolescentes, sob forte influência da
elaboração dos Direitos Humanos, representou um enorme avanço na proteção desse
grupo vulnerável e na defesa das garantias fundamentais para o seu desenvolvimento
completo.
15
Relatório do Status Global sobre prevenção da Violência contra Crianças de 2020. Disponível:
https://news.un.org/pt/story/2020/06/1717372#:~:text=O%20Relat%C3%B3rio%20do%20Status
%20Global,f%C3%ADsica%2C%20sexual%20e%20psicol%C3%B3gica%20regularmente. Acesso 02
out. 2023
16
UNICEF-Pobreza na Infância e na Adolescência elaborada 2018. Disponível:
https://www.unicef.org/brazil/relatorios/pobreza-na-infancia-e-na-adolescencia. Acesso 07 out. 2023.
14
A cidadania, nesse contexto, não deve ser compreendida apenas no âmbito legal; ela
requer um comprometimento constante com a ação prática e resultados concretos para
garantir efetivamente os direitos. Contudo, a solução de problemas como a violência, a
exploração e o abuso infantil passam não só pelo fortalecimento desses direitos, como
pelo reconhecimento e o engajamento social de medidas que contribuam para a
prosperidade desse grupo. O desenvolvimento da dignidade humana requer um
exercício da cidadania, que não se trata apenas de cumprir leis, que frequentemente,
quando não são ignoradas, são implementadas de maneira paliativa por meio de
políticas públicas que conferem uma dignidade humana apenas formal. Sua mera
menção, que embora presente nos discursos, negligência sua prática. A cidadania
necessita de um exercício constante onde a prática e o resultando precisam ser
observados a fim de que assegurem efetivamente os direitos propostos para a
integralidade do desenvolvimento social. Compreender que a criança e o adolescente
são seres detentores de proteção e direitos levou mais tempo do que devia, e é possível
ver o impacto que esse atraso traz para o mundo. A não observância desses direitos que,
há tanto demandaram atenção e análise, demonstra não apenas um desrespeito com as
normas, mas também, um regresso social.
REFERÊNCIAS