Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO
Com o advento das grandes Guerras Mundiais, houve uma intensa mudança na
concepção do ser humano com os cruéis ocorridos, surgindo no âmbito jurídico garantias
aos direitos humanos, baseado no princípio da dignidade da pessoa humana. Em decorrência
dessa nova mentalidade surge o termo Mínimo Existencial, sendo o mínimo sem o qual o ser
Humano não sobrevive, esse princípio é um processo para se chegar a dignidade da pessoa
humana.
Dentro do Mínimo existencial a educação básica é um dos pilares para esse princípio
ser concretizado, já que através da educação se alcança diversos direitos que firmam a
dignidade da pessoa humana como a igualdade, liberdade e viver de forma digna, sendo o
Estado obrigado a fornecer esse mínimo existencial por meio de prestações positiva e
negativas.
1
Graduanda do curso de Direito pelo Centro de Ensino Superior do Amapá. Contato: adrianelimag@Gmail.com
essência não só condições para a sobrevivência do ser humano, indo além, ele retrata em
sua definição uma vida digna (ARAUJO, 2013).
A dignidade por Kant, é algo que está além de um determinado preço, assim, não
podendo ser substituído, já que não haveria um equivalente. Uma existência com dignidade
seria caracterizada como possuir o mínimo para viver com qualidade (ARAUJO, 2013).
A historicidade desse princípio vem de muito tempo atrás, Segundo Renner (2016) as
reflexões teológicas de São Tomas de Aquino obtém-se a concepção do homem possuidor
de um Direito natural à dignidade por ser imagem e semelhança de Deus. Nos Séc. XVII e
XVIII a ideia kantiana remete a valoração do homem, aquele que não têm equivalentes,
assim possuindo dignidade ao invés de preço, pois o que possuía preço seriam coisas e não
pessoas, traçando a concepção do que seria a violação da dignidade.
Somente após a Segunda guerra, a dignidade da pessoa humana já não era matéria
interna dos países e sim uma temática de interesse de todos os povos, surgindo assim
através da ONU a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, declarando que
todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos (RENNER, 2016). O
Princípio da dignidade da pessoa humana foi legitimado como princípio jurídico
fundamental no Brasil apenas após a ditadura militar com a promulgação da Constituição de
1988 (ARAUJO, 2013).
Este é o quadro educacional herdado pela República após quase quatro séculos de
colonização e império português no país.(...) A educação nos primeiros anos da
República manteve-se inalterada, pois a dualidade de sistemas continuou como no
Império. No âmbito prático, sistema de ensino elementar ficou sob a
responsabilidade dos Estados, dentro de suas possibilidades financeiras (...) A
organização educacional entra em crise a partir do momento em que o modelo
existente se choca frontalmente com o ideário republicano de participação política.
A República estava inviabilizada de atender a demanda educacional de forma
qualitativa. Algumas décadas foram necessárias para que o pensamento sobre o
direito à educação para todos fosse evidenciado nos discursos políticos e sociais.
(FLACH, 2009, p.503-504).
O Brasil passa pela terceira e quarta fase das instituições brasileiras sem muito
impacto na educação em termos de efetividade do direito.
Contudo, vale enfatizar que na quarta fase, segundo Flach (2009, p.504) ”O
entusiasmo pela educação e otimismo pedagógico marcam o decênio de 20, através dos
quais a educação passa a ser vista como a mola propulsora para o progresso e o
desenvolvimento”, sendo em 1924 criado a Associação Brasileira de Educação e ainda
inspirados pelas discursões tidas na década de 20 foi feito em 1932 o Manifesto dos
Pioneiros da Educação Nova (FLACH, 2009).
A quinta fase das instituições brasileiras (1931-1961) nota-se um aumento no ideário
pedagógico renovador e uma regulamentação nacional do ensino (SAVIANI, 2008), mas para
que isso ocorra é necessário analisar os acontecimentos histórico-jurídico da época. A
constituição de 1934 tem uma característica muito inovadora em relação à educação,
ofertando um ensino gratuito e obrigatório, reservando uma parte dos tributos para a
manutenção da educação, porém, a carta de 34 não firmou-se, pois foi instituído em 1937
uma ditadura, tendo nesse mesmo ano uma constituição outorgada. Na carta de 37
incumbia aos pais o dever da educação, sendo perceptível o afastamento do Estado no que
tange a educação, demonstrando um declínio para o direito à educação (FLACH, 2009).
Conforme o entendimento de Golin (2015, p.8) “Em 1946, com o fim do Estado
Novo e a redemocratização do país, houve a promulgação da Constituição de 1946, que
muito se assemelhava às idéias contidas na Carta de 1934.” Trazendo outra vez a previsão
legal da educação gratuita e obrigatória do ensino primário, e em 1961 foi sancionada a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, conforme a quinta fase ilustrava essa etapa para
a regulamentação do ensino de forma nacional.
Por fim, a sexta fase (1961- dias atuais) retrata uma unificação entre a rede pública e
privada. Em 1964, o Brasil sofre o golpe militar, segundo afirma Flach (2009, p.507) “e sob a
égide da Constituição de 1967, reformulada pela Emenda Constitucional nº 1 de 17 de
outubro de 1969, o direito à educação no Brasil não sofreu mudanças substanciais”, em
1971 foi aprovada a Lei 5.692/71 que ampliou a faixa etária para sete à catorze anos os
alunos do 1º Grau e tornando o ensino obrigatório. Conforme afirmam Shiroma; Moraes;
Evangelista ( 2000, p. 39 apud FLACH, data, pg.507) ”A lei privilegiou um enfoque
quantitativo e não considerou aspectos elementares para afiançar a qualidade do ensino,
tais como a necessidade de rever a organização da escola e as próprias condições de
efetivação real do ensino básico.”. Na década de 80, o Brasil passa pela redemocratização e
em 1988 a atual carta magna é promulgada (GOLIN, 2015).
Logo de início o artigo 205 retrata em seu diploma que a educação é um direito de
todos e um dever do Estado e da família, chamando para si o dever de efetivar esse direito,
ratificando isso novamente no artigo 227, “É dever da família, da sociedade e do Estado
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito (...) à
educação” demonstrando uma real importância da educação pelo constituinte, passando a
ser o meio pelo qual o individuo presente na sociedade brasileira pudesse se desenvolver
como pessoa, posteriormente estar formado como cidadão e fazendo parte do mercado de
trabalho.
No que comporta o artigo 206, vale ressaltar que a carta de 88 apresenta no seu
corpo uma serie de princípios pelos quais o ensino será ministrado, dentre eles estão
presentes a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; a gratuidade do
ensino público em estabelecimentos oficiais; a garantia de padrão de qualidade; o piso
salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública (BRASIL,
1988). Ao apresentar esses princípios o constituinte compromete o Estado ao cumprimento
dessas garantias em sua maior parte nas possibilidades que o Estado possui (ALEXY, 2008
apud GOMES, 2014).
Ademais, Golin (2015, p.9) evidencia que o dispositivo constitucional adverte tanto
sobre as contribuições dos entes federativos para a manutenção e desenvolvimento do
ensino presente no artigo 212, quanto as competências legislativas atribuídas a eles.
Atribuiu a cada um dos entes federativos atribuições de ordem material, (...) Sendo
fixado o percentual da União em dezoito por cento e, o dos Estados, Distrito
Federal e Municípios fixados em vinte e cinco por cento. Tendo o Brasil adotado a
forma de Estado federativa, o constituinte além de definir atribuições de ordem
material, cuidou de regular a competência legislativa. À União compete legislar, de
maneira privativa, sobre as diretrizes e bases da educação em todo o Brasil,
conforme o artigo 22 inciso XXIV da Constituição. Poderá ainda, legislar de maneira
concorrente com os Estados e o Distrito Federal, sobre o que consta do artigo 24
inciso IX, que trata da educação, cultura, ensino e desporto.
De acordo com a fala de Dias (2007, p. 454, grifo nosso), “Tal noção de educação
para os direitos humanos guarda íntima conexão com os ideais de democracia, cidadania,
paz e justiça social” o que leva a discorrer sobre o segundo ponto, o preparo para o exercício
da cidadania. É de conhecimento geral que a maior parte da história brasileira, o Brasil foi
marcado por uma pequena parcela da sociedade que esteve no poder (FAUSTO, 2006), ao se
tornar uma república federativa e colocar em seu texto constitucional que o poder emana do
povo, a constituição faz uma ruptura na história do Brasil através do exercício do povo de
forma ativa nas decisões que darão rumo ao futuro do país (BRASIL, 1988), porém, muito se
questiona esse exercício da cidadania, já que também o Brasil é marcado pela educação de
qualidade inferior ao que se espera, segundo demonstra Veloso (2011, p.219) “(...) o nível de
aprendizado no Brasil é muito baixo. A qualidade da educação no Brasil também é inferior ao
que seria de se esperar de um país com nosso nível de renda per capita”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DIAS, Adelaide. Da educação como direito humano aos direitos humanos como princípio
educativo. In: SILVEIRA et. al. (orgs). Educação em direitos humanos: fundamentos teórico-
metodológicos. João Pessoa: Universitária. p. 441-456. 2007.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. – 14. ed. rev. e. atual. – São Paulo: Saraiva, 2006.
GOMES, Natascha. Núcleo essencial do direito social à educação: uma análise segundo a
teoria dos direitos fundamentais de Robert Alexy. 2014. 35 f. Trabalho de Conclusão de
Curso - Universidade de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2014. Disponível em:
http://repositorio.ufjf.br:8080/jspui/bitstream/ufjf/5098/1/nataschaalexandrinodesouzago
mes.pdf. Acessado em: 24 set. 2020.
HAETINGER, Josiane. Evolução histórica da dignidade da pessoa humana. Conteúdo Jurídico.
2012. Disponível em:
http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/29978/evolucao-historica-da-
dignidade-da-pessoa-humana. Acesso em: 25 set. 2020.