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A dignidade é um valor da pessoa humana e deve ter por princípio garantir uma existência humana

adequada, virtuosa, honrada em termos materiais e espirituais, digna. O homem é digno de ser homem
porque possui a essência, que é a humanidade.

Princípio da dignidade humana: como surgiu e importância

O princípio da dignidade da pessoa humana é um conceito filosófico e abstrato que determina o valor
inerente da moralidade, espiritualidade e honra de todo o ser humano.

Visto como o pilar do Estado Democrático de Direito, o princípio da dignidade da pessoa humana é a
base de todo o direito dos países democráticos de todo o mundo. Ao mesmo tempo, pela sua natureza
filosófica, é algo de controvérsia e desconhecimento.

Este artigo, portanto, tem como objetivo iluminar o assunto, explicando o que é o princípio da dignidade
humana, qual é a sua construção histórica, sua influência dentro de momentos importantes da história
da humanidade e da formação da democracia contemporânea e qual é o seu impacto dentro do direito
brasileiro. Boa leitura!

Navegue pelo conteúdo:

O que é o princípio da dignidade humana?

Por que o nome “princípio da dignidade da pessoa humana”?

O princípio da dignidade humana na Constituição Federal

História: quando surge o princípio da dignidade da pessoa humana?

Onde se apresenta o princípio da dignidade da pessoa humana?

Qual a importância do princípio da dignidade humana?

Como o princípio da dignidade humana impacta as áreas do direito

Perguntas frequentes sobre princípio da dignidade humana

Conclusão

O que é o princípio da dignidade humana?

O princípio da dignidade da pessoa humana é um conceito filosófico e abstrato que determina o valor
inerente da moralidade, espiritualidade e honra de todo o ser humano, independente da sua condição
perante a circunstância dada.

É um princípio fortemente influenciado pelo pensamento iluminista dos séculos XVII e XVIII. Portanto,
influenciou o pensamento dos intelectuais da época e até a constituição de países que passaram por
revoluções burguesas no período, como a França e os Estados Unidos da América.

Embora o princípio da dignidade humana seja o princípio mais importante do ordenamento jurídico
brasileiro, ele se trata de um conceito abstrato, sem fundamentos ou explicações únicas e pacificadas, o
que faz com que o debate sobre o tema seja sempre controverso.

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Correntes teóricas compreendem o princípio da dignidade humana como o principal guia do direito, que
tem como propósito a efetiva e completa análise e ponderação do ser humano enquanto tal dentro da
esfera jurídica; enquanto isso, há aqueles que compreendem que seu significado, por ser abstrato e
filosófico, é vazio de aplicação prática e material.

Por que o nome “princípio da dignidade da pessoa humana”?

O termo “princípio da dignidade da pessoa humana” soa para muitas pessoas como um pleonasmo,
utilizando as palavras “pessoa” e “humana” ao mesmo tempo, ao invés de utilizar apenas uma. Afinal,
por que não só “princípio da dignidade da pessoa” ou “princípio da dignidade humana”?

Vamos primeiro nos debruçar sobre o termo “princípio da dignidade da pessoa”. O princípio não é
escrito conforme tal forma pois dentro do ordenamento jurídico não há apenas a figura da pessoa
humana, mas também a da pessoa jurídica.

Dessa forma, não é possível declarar que os princípios da dignidade alcancem também as pessoas
jurídicas, uma vez que essas não são dotadas de dignidade ou de valores intrínsecos dos seres humanos.

Já o termo “princípio da dignidade humana” é bastante utilizado, mas não leva em consideração a
principal motivação para a criação do mesmo, que é a proteção da condição humana de cada indivíduo,
independente da sua condição.

Dessa forma, a utilização do termo “princípio da dignidade da pessoa humana” enfatiza a visualização do
sujeito humano enquanto indivíduo pleno e digno de ter sua autodeterminação contemplada e
protegida.

O princípio da dignidade humana na Constituição Federal

Por ser o princípio mais importante do ordenamento jurídico brasileiro, o princípio da dignidade humana
se encontra no artigo 1º da Constituição Federal, em seu inciso III:

“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I – a soberania;

II – a cidadania;

III – a dignidade da pessoa humana;

IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

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V – o pluralismo político.”

Ou seja: dentro da Carta Maior brasileira, a dignidade da pessoa humana se apresenta com um dos
fundamentos primários da constituição do Estado Democrático de Direito do país.
Isso determina que todas as outras legislações devem obrigatoriamente considerar a dignidade da
pessoa humana para a sua existência, impedindo a criação de normativas que coloquem o ser humano
em condição degradante para a sua honra, espiritualidade e dignidade.

Princípio da dignidade da pessoa humana no Novo CPC

O Novo CPC é reconhecido por um processo de constitucionalização do processo civil. Isto porque o
antigo código (CPC/1973), tinha sido editado antes da Constituição Federal de 1988, de modo que não
abrangia todos os fundamentos e princípios da nova Constituição.

Entre as formas de integração do CPC/2015 à Constituição Federal de 1988, está inclusa a previsão da
dignidade humana dentro das normas fundamentais do processo civil.

Desse modo, dispõe o art. 8º, Novo CPC:

Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum,
resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a
razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.

Princípio da dignidade da pessoa humana no Direito Penal

Embora o Código de Processo Penal não tenha expresso o princípio da dignidade da pessoa humana em
sua letra, traz em seu art. 3º:

Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o
suplemento dos princípios gerais de direito.

Dessa forma, ainda que a legislação seja anterior à nova Constituição, entende-se que os princípios e
fundamentos advindos da nova Constituição também se aplicam ao Processo Penal.

História: quando surge o princípio da dignidade da pessoa humana?


Como apontamos anteriormente, o princípio da dignidade humana começou a se estruturar enquanto
uma lápide dos direitos humanos a partir do Iluminismo europeu dos séculos XVII e XVIII, que
culminaram num período de abandono do feudalismo e colonialismo em certos países do mundo.

Para destacar dois pontos importantes para a criação do princípio da dignidade humana, temos a
Revolução Norte-Americana que culminou na independência do país, em 4 de julho de 1776; e a
Revolução Francesa, que ocorreu entre 5 de maio de 1789 e 9 de novembro de 1799.

A Revolução Francesa, em sua parte, trouxe para o mundo a “Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão”, uma carta que traz consigo os primeiros ideais que iriam compor o princípio da dignidade da
pessoa humana.

Entretanto, os valores que foram definidos como intrínsecos e fundamentais para todo o ser humano
avançaram com o tempo, principalmente com as Convenções de Genebra, que ocasionaram uma série
de tratados internacionais para reduzir o impacto das guerras na população e impedir que atos
degradantes e cruéis fossem utilizados em períodos de conflito, como a tortura e a utilização de armas
de destruição em massa.

Esses acontecimentos, em conjunto com o período das Guerras Mundiais, culminaram na criação da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, criada em 1948 pela Organização das Nações Unidas, e que
influencia o direito internacional até hoje.

O princípio da dignidade da pessoa humana, portanto, é o ideal que defende que a condição humana, de
viver com dignidade e ser tratado perante a sociedade e seus pares como um ser humano pleno, precisa
ser preservada e defendida sobre todas as outras situações, colocando o ser humano como principal
agente de transformação do seu meio e, dessa forma, do mundo.

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Onde se apresenta o princípio da dignidade da pessoa humana?

Como apresentamos, o princípio da dignidade da pessoa humana é um conceito filosófico e abstrato,


portanto não é um princípio com definições claras. Trata-se de um conceito historicamente construído,
como mostramos anteriormente.

Entretanto, é possível apontar documentos que trazem a dignidade da pessoa humana como o
fundamento principal de sua própria existência, como é o caso da Declaração Universal dos Direitos
Humanos.

A primeira consideração do documento aponta que é o reconhecimento da dignidade humana que dá a


base para outros direitos fundamentais, como a liberdade, a justiça e a vida, por exemplo.

Portanto, para que esses direitos fundamentais (como direito à vida, de ir e vir, da liberdade, de ter
propriedade, de livre pensamento e expressão…) sejam cumpridos e preservados, é preciso primeiro
enxergar o ser humano enquanto mestre da sua própria vida, autodeterminado e portador de honra e
dignidade.

O primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos traz que a igualdade entre as pessoas
humanas é primeiro em relação à sua dignidade:

“Art. 1º Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e
consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.”

A partir da Declaração, que culminou após a humanidade ter presenciado os horrores causados pelas
duas Guerras Mundiais, Estados de Direito do mundo inteiro implementaram a dignidade humana e os
direitos humanos como princípios basilares das suas relações jurídicas, como é o caso do Brasil, com a
Constituição Federal de 1988.

Qual a importância do princípio da dignidade humana?

O princípio da dignidade humana é a base de praticamente todo o direito de países democráticos, uma
vez que é a constatação de que a plenitude do ser humano deve ser respeitada e preservada pela figura
do Estado.

Isso significa que a autodeterminação do ser humano e o seu direito de ser resguardado é predominante
sobre todos os outros direitos, sendo eles fundamentais ou não.

Uma das principais discussões práticas sobre o princípio da dignidade humana no mundo hoje é sobre o
direito de uma pessoa realizar, através do Estado, a eutanásia, ou seja, a morte indolor de alguém
através do pedido dessa mesma pessoa.

A eutanásia é fruto de uma grande discussão por colocar dois direitos fundamentais em conflito: o
princípio da dignidade humana e o direito à vida.

Por um lado, o direito à vida é inalienável e deve ser preservado a todo o custo; por outro, a
autodeterminação do indivíduo e seu direito de viver com dignidade é o fundamento para o direito a
vida, estando acima deste.

Essa é a base de argumentação que fez com que países como a Holanda e a Bélgica liberassem a
eutanásia voluntária, apresentando que o princípio da dignidade humana, de alguém ter o poder de
determinar a sua própria existência e de determinar se vive com dignidade ou não é maior do que o
próprio direito à vida.

Entende-se, ao aplicar esse tipo de medida, que o sujeito deve ter a possibilidade de escolher se
continua vivendo ou não, uma vez que a sua dignidade é maior do que a proteção que o Estado dá para a
sua própria vida.

Como o princípio da dignidade humana impacta as áreas do direito

O princípio da dignidade humana, por ser um princípio fundamental da constituição do Brasil enquanto
um Estado Democrático de Direito, pode ser vista por toda a legislação e pelo ordenamento jurídico do
país.

Entretanto, há uma seção do Código Civil de 2002, que compreende entre os artigos 11 e 21, que
aponta, de forma bastante limitada e precária, porém prática, o que é o princípio da dignidade humana,
como podemos ver nos artigos 11 e 20:
“Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.”

“Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem


pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização
da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que
couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins
comerciais.”

A seção trata dos direitos da personalidade, que apresentam o direito à vida, à autodeterminação do
indivíduo sobre seu próprio corpo, à privacidade, à honra, à preservação de si e de seu nome, entre
outras coisas.

Trata-se, como falamos anteriormente, de uma visão limitada e de apenas um escopo do que é o
princípio da dignidade humana, mas já apresenta, dentro do ordenamento jurídico brasileiro, uma base
para que os juristas apliquem o princípio dentro de suas sentenças e decisões.

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Perguntas frequentes sobre princípio da dignidade humana

O que é princípio da dignidade humana?

O princípio da dignidade da pessoa humana é um conceito filosófico e abstrato que determina o valor
inerente da moralidade, espiritualidade e honra de todo o ser humano, independente da sua condição
perante a circunstância dada.

Qual é a importância da dignidade humana?

O princípio da dignidade humana é a base de praticamente todo o direito de países democráticos, uma
vez que é a constatação de que a plenitude do ser humano deve ser respeitada e preservada pela figura
do Estado.

Conclusão

O princípio da dignidade humana é, ao mesmo tempo, o princípio mais importante do direito de países
democráticos e um dos fundamentos mais difíceis de conceituar, uma vez que a sua natureza filosófica e
relacionada com a plenitude humana não é completamente e objetivamente compreendida.

A partir dessa exposição sobre o tema, esperamos que seja compreendida a importância histórica e
jurídica desse princípio na vida das pessoas, uma vez que ele é a base para todos os demais direitos
fundamentais.

Pelo meio do campo filosófico iluminista, foi proposto que não há nada mais importante para a vida de
uma pessoa do que a sua dignidade. Ao prezar pela dignidade de terceiro, prezamos também pela sua
vida, liberdade, paz de espírito, honra e autodeterminação.

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Autor: Tiago Fachini

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Jéssica Paulino Baroni

11 DE OUTUBRO DE 2021 AT 12:55

Preciso do ano dessa publicação para colocar no meu TCC – Trabalho de Conclusão de Curso.

https://www.projuris.com.br/principio-da-dignidade-humana/#

Reply

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Tiago Fachini

13 DE OUTUBRO DE 2021 AT 08:43

Olá, Jéssica. Este texto é de 18 de novembro de 2020.

Grande abraço!

Reply

Ana Kelly Carvalho

18 DE AGOSTO DE 2022 AT 09:40


Genteeee que espetáculo esse texto ! Gratidão ! estou fazendo meu tcc, e encontrei tudo que precisa
nesse texto para um dos meus subtítulos ! Obrigada professor Thiago Fachini por dividir conosco seu
conhecimento !

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