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Rabenhorst considera que o termo 'dignidade' vem do latim dignitas, que designa tudo aquilo que

merece respeito, consideração, mérito ou estima. A dignidade da pessoa humana é, acima de

tudo, uma categoria moral; significa a qualidade ou valor particular que atribuímos aos seres

humanos em função da posição que ocupam na escala dos seres. (...) A dignidade é atributo do

que é insubstituível e incompatível, daquilo que, por possuir um valor absoluto, não tem preço”.

De acordo com Abbagnano por princípio da dignidade humana entende-se a exigência enunciada

por Kant como segunda fórmula do imperativo categórico: “age de tal forma que trates a

humanidade, tanto na sua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre também como um

fim e nunca unicamente com um meio”.

Toda pessoa humana, ser racional, com um fim em si mesmo, possui um valor absoluto, intrínseco e

inalienável: à dignidade (humanidade).

É preciso que o homem trate a si mesmo e a seus semelhantes com humanidade, com respeito, de

modo que não seja visto como mero instrumento para a consecução de uma finalidade qualquer,

mas capaz de se submeter às leis oriundas de sua própria vontade, por intermédio de seus

representantes e de poder formular um projeto de vida deliberado e consciente. O homem possui

autonomia, livre-arbítrio para decidir o próprio caminho.

A dignidade humana em primeiro lugar

Assente-se que dignidade é qualidade inerente à essência do ser do homem e constitui bem jurídico,

inalienável, intangível, irrenunciável. Ela só é possível com liberdade, porque o homem livre é digno,

tem sua humanidade reconhecida, sua condição de ser pessoa humana dotada de atributos espirituais

(valores) e materiais (riqueza material).

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Como estabelecido no art. I da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Todas as pessoas

nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir

em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”.

Partindo da premissa da declaração, o ser humano, de um modo geral, é um ser racional, existe

como um fim em si mesmo, não simplesmente como meio do qual está ou aquela vontade possa

servir-se a seu talante. O ser racional denomina-se pessoas – seres humanos, dotados de razão e

consciência, pois são pela sua própria natureza, um fim em si mesmo.

A pessoa humana é revestida em sua essência de humanidade – de dignidade – de condição

humana, razão pela qual deve estar em seu lugar de destaque – em primeiro lugar, por ser o valor

fonte dos direitos humanos.

A dignidade só é possível com liberdade, porque somente o homem livre é digno, pois terá reconhecida

a sua humanidade, a sua condição como ser humano. Mas, para que possa haver uma humanização

total e abrangente, todos os homens, todos os povos e todas as organizações sociais humanas devem

reconhecer a primazia da dignidade humana de seus membros pelos atributos espirituais (os seus

valores), e não pelos atributos materiais externos, como riqueza material (SANTOS, sd: 27)

O homem e as organizações sociais humanas – nessa nova modernidade, precisam integrar a

grande divisão que existe no mundo entre os povos da opulência e os povos da pobreza, devem

medir a riqueza e a pobreza usando o mesmo padrão. O subdesenvolvimento não deve ser visto

pelo homem e pelas nações do mundo como um estágio em direção à riqueza e ao fim da

pobreza. Deve-se buscar a essência dos valores, de modo a prevalecer o valor da dignidade

humana – esta deve estar em primeiro lugar para que os seres humanos possam ter uma vida

digna, para que sua condição humana seja respeitada.

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O princípio da dignidade da pessoa humana é um conceito filosófico e abstrato que determina o valor

inerente da moralidade, espiritualidade e honra de todo o ser humano, independente da sua condição

perante a circunstância dada.

É um princípio fortemente influenciado pelo pensamento iluminista dos séculos XVII e XVIII. Portanto,

influenciou o pensamento dos intelectuais da época e até a constituição de países que passaram por

revoluções burguesas no período, como a França e os Estados Unidos da América.

Embora o princípio da dignidade humana seja o princípio mais importante do ordenamento jurídico

brasileiro, ele se trata de um conceito abstrato, sem fundamentos ou explicações únicas e pacificadas, o

que faz com que o debate sobre o tema seja sempre controverso.

Correntes teóricas compreendem o princípio da dignidade humana como o principal guia do direito, que

tem como propósito a efetiva e completa análise e ponderação do ser humano enquanto tal dentro da

esfera jurídica; enquanto isso, há aqueles que compreendem que seu significado, por ser abstrato e

filosófico, é vazio de aplicação prática e material.

O termo “princípio da dignidade da pessoa humana” soa para muitas pessoas como um

pleonasmo, utilizando as palavras “pessoa” e “humana” ao mesmo tempo, ao invés de utilizar

apenas uma. Afinal, por que não só “princípio da dignidade da pessoa” ou “princípio da

dignidade humana”?

Vamos primeiro nos debruçar sobre o termo “princípio da dignidade da pessoa”. O princípio não

é escrito conforme tal forma pois dentro do ordenamento jurídico não há apenas a figura da

pessoa humana, mas também a da pessoa jurídica.

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Dessa forma, não é possível declarar que os princípios da dignidade alcancem também as

pessoas jurídicas, uma vez que essas não são dotadas de dignidade ou de valores intrínsecos dos

seres humanos.

Já o termo “princípio da dignidade humana” é bastante utilizado, mas não leva em consideração

a principal motivação para a criação do mesmo, que é a proteção da condição humana de cada

indivíduo, independente da sua condição.

Dessa forma, a utilização do termo “princípio da dignidade da pessoa humana” enfatiza a

visualização do sujeito humano enquanto indivíduo pleno e digno de ter sua autodeterminação

contemplada e protegida.

Quando surge o princípio da dignidade da pessoa humana?

Como apontamos anteriormente, o princípio da dignidade humana começou a se estruturar

enquanto uma lápide dos direitos humanos a partir do Iluminismo europeu dos séculos XVII e

XVIII, que culminaram num período de abandono do feudalismo e colonialismo em certos países

do mundo.

Para destacar dois pontos importantes para a criação do princípio da dignidade humana, temos a

Revolução Norte-Americana que culminou na independência do país, em 4 de julho de 1776; e a

Revolução Francesa, que ocorreu entre 5 de maio de 1789 e 9 de novembro de 1799.

A Revolução Francesa, em sua parte, trouxe para o mundo a “Declaração dos Direitos do

Homem e do Cidadão”, uma carta que traz consigo os primeiros ideais que iriam compor o

princípio da dignidade da pessoa humana.

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Entretanto, os valores que foram definidos como intrínsecos e fundamentais para todo o ser

humano avançaram com o tempo, principalmente com as Convenções de Genebra, que

ocasionaram uma série de tratados internacionais para reduzir o impacto das guerras na

população e impedir que atos degradantes e cruéis fossem utilizados em períodos de conflito,

como a tortura e a utilização de armas de destruição em massa.

Esses acontecimentos, em conjunto com o período das Guerras Mundiais, culminaram na criação

da Declaração Universal dos Direitos Humanos, criada em 1948 pela Organização das Nações

Unidas, e que influencia o direito internacional até hoje.

O princípio da dignidade da pessoa humana, portanto, é o ideal que defende que a condição humana, de

viver com dignidade e ser tratado perante a sociedade e seus pares como um ser humano pleno, precisa

ser preservada e defendida sobre todas as outras situações, colocando o ser humano como principal

agente de transformação do seu meio e, dessa forma, do mundo.

Trata-se de um conceito historicamente construído e é possível apontar documentos que trazem a

dignidade da pessoa humana como o fundamento principal de sua própria existência, como é o

caso da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

A primeira consideração do documento aponta que é o reconhecimento da dignidade humana que

dá a base para outros direitos fundamentais, como a liberdade, a justiça e a vida, por exemplo.

Portanto, para que esses direitos fundamentais (como direito à vida, de ir e vir, da liberdade, de

ter propriedade, de livre pensamento e expressão…) sejam cumpridos e preservados, é preciso

primeiro enxergar o ser humano enquanto mestre da sua própria vida, autodeterminado e

portador de honra e dignidade.

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O primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos traz que a igualdade entre as

pessoas humanas é primeiro em relação à sua dignidade:

“Art. 1º Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão

e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.”

A partir da Declaração, que culminou após a humanidade ter presenciado os horrores causados pelas

duas Guerras Mundiais, Estados de Direito do mundo inteiro implementaram a dignidade humana e os

direitos humanos como princípios basilares das suas relações jurídicas.

O princípio da dignidade humana é a base de praticamente todo o direito de países democráticos,

uma vez que é a constatação de que a plenitude do ser humano deve ser respeitada e preservada

pela figura do Estado.

Isso significa que a autodeterminação do ser humano e o seu direito de ser resguardado é

predominante sobre todos os outros direitos, sendo eles fundamentais ou não.

Uma das principais discussões práticas sobre o princípio da dignidade humana no mundo hoje é

sobre o direito de uma pessoa realizar, através do Estado, a eutanásia, ou seja, a morte indolor de

alguém através do pedido dessa mesma pessoa.

A eutanásia é fruto de uma grande discussão por colocar dois direitos fundamentais em conflito:

o princípio da dignidade humana e o direito à vida.

Por um lado, o direito à vida é inalienável e deve ser preservado a todo o custo; por outro, a

autodeterminação do indivíduo e seu direito de viver com dignidade é o fundamento para o

direito à vida, estando acima deste.

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Essa é a base de argumentação que fez com que alguns países (Holanda e a Bélgica são

exemplos) liberassem a eutanásia voluntária, apresentando que o princípio da dignidade humana,

de alguém ter o poder de determinar a sua própria existência e de determinar se vive com

dignidade ou não é maior do que o próprio direito à vida.

Entende-se, ao aplicar esse tipo de medida, que o sujeito deve ter a possibilidade de escolher se

continua vivendo ou não, uma vez que a sua dignidade é maior do que a proteção que o Estado dá para

a sua própria vida.

Orientação sexual

O homossexualismo existe desde que o mundo foi concebido e teve seu auge nos tempos do império

romano, com as famosas "orgias romanas", onde imperavam Nero e seus sucessores. Com o

crescimento do cristianismo, séculos após, a Igreja do medievo, que somente concebia o sexo a fim de

mera reprodução, começou a execrar a liberdade, naquela época, da livre orientação sexual.

O sentir-se bem no âmbito da sexualidade constitui um dos principais critérios de saúde mental e de

satisfação interpessoal (SIQUEIRA, 2001). Assim, tem sido percebida nos últimos anos a necessidade do

envolvimento da família e da escola no processo de educação sexual dos adolescentes, nomeadamente

pelo facto deste envolvimento proporcionar esclarecimentos e reflexões para que os jovens desfrutem a

sua sexualidade de maneira saudável e responsável. O grande desafio da educação sexual é contribuir

para que os jovens exponham suas dúvidas e as esclareçam, superem preconceitos e estereótipos e

desenvolvam atitudes saudáveis relacionados à sexualidade.

De acordo com Souza (1991), educar sexualmente consiste em oferecer condições para que as pessoas

assumam seu corpo e sua sexualidade com atitudes positivas, livres de medo, preconceitos, culpas,

vergonha, bloqueios ou tabus. Conforme ressaltado por ECOS – Estudos e Comunicação em Sexualidade

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e Reprodução Humana (ECOS, 2013), a educação sexual deve ser entendida como um direito que as

crianças e/ou adolescentes têm de conhecer seu corpo e ter uma visão positiva da sua sexualidade; de

manter uma comunicação clara em suas relações; de ter pensamento crítico; de compreender seu

próprio comportamento e o do outro. Deve ser preocupação dos pais e educadores que os adolescentes

tenham uma educação sexual sadia, pautado em valores e hábitos condizentes com a valorização da

vida e com os direitos humanos.

BORTULUZI (sd) "a afirmação de uma identidade pessoal cuja atração e/ou conduta sexual direciona-se

para alguém do mesmo sexo (homossexualismo), sexo oposto (heterossexualismo), ambos os sexos

(bissexuais) ou a ninguém (abstinência sexual). Sendo assim, quando alguém opta por outrem para

manter vínculo afetivo, identifica o gênero da pessoa com quem deseja se relacionar, revelando sua

orientação sexual; opção essa que não pode sofrer tratamento diferenciado" (Direitos Fundamentais e

orientação sexual: o direito brasileiro e a homossexualidade. Revista CEJ do Centro de Estudos

Judiciários do Conselho da Justiça Federal. Brasília, dez. 1998, nº 6, p.29)

Em face dessa direção do desejo ou da conduta sexuais que identificam os denominados

"homossexuais", estes indivíduos sofrem, desde sempre, tratamento desfavorável, sendo discriminados,

pelo simples fato de sua orientação sexual não estar condizente com a sociedade moderna (?) visa

alcançar como satisfativo no que tange a conduta e a escolha sexual de cada um.

Importante lembrar, brevemente, que existiram certas concepções a respeito da homossexualidade;

teve-se, primeiramente, a homossexualidade como pecado, prevalente na doutrina cristã, para a qual a

atividade sexual se restringiria a reprodução, (conclui-se, portanto, que a homossexualidade contraria à

moral cristã), e posteriormente, os atos homossexuais passaram a ser vistos como sintomas de uma

doença, tendo, para alguns estudiosos, sua raiz em patologias físicas, e, para outros, como Freud, em

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fenômenos psíquicos (o que não mais se sustenta hoje em dia, posto que o exame nas principais obras

científicas médicas e psicológicas a homossexualidade não mais é tida assim.

Com os movimentos sociais, contrários a toda as formas de preconceitos, na defesa dos direitos de

homossexuais, propondo desde já a abolição das diferenciações sexuais intrínsecas às categorias

hetero/homossexual, o fim da dominação de um sexo pelo outro e da imposição de quaisquer padrões

morais ante as diversas formas de expressão sexual, houve o enfraquecimento, ainda que tímido, de

alguns preconceitos acerca da homossexualidade, principalmente quanto a sua vinculação com a

concepção de pecado e de doença.

Bibliografia

SANTOS, Antônio Silveira R. dos. Dignidade humana: trajetória e situação atual, p. 27.

BORTOLUZZI, Roger. A dignidade da pessoa humana e sua orientação sexual. Disponível em

https://jus.com.br/artigos/6494/a-dignidade-da-pessoa-humana-e-sua-orientacao-sexual/2. Acesso 26 de

Setembro de 2022.

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SARLET, Wolfgang Ingo. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na

Constituição de 1988, p. 73.

GONÇALVES, FALEIRO & MALAFAIA (2013). EDUCAÇÃO SEXUAL NO CONTEXTO FAMILIAR E ESCOLAR:

IMPASSES E DESAFIOS. In HOLOS

As relações humanas e seus aspectos afetivo- sexuais devem ser compreendidos de forma que se
leve em conta a cultura, o tempo, o lugar e os demais aspectos relacionais, contextuais e
processuais que as envolvem (Vasconcelos, 2008). Muitas têm sido as mudanças observadas nas
relações de intimidade e na expressão da sexualidade nos contextos públicos nas últimas
décadas.
A sexualidade de cada pessoa é construída por meio dos aspectos biopsicossociais (Romualdo,
2007), que se interconectam e se influenciam de forma recursiva (Vasconcelos, 2008). A esse
respeito, Sant`Anna e Daspett (2007) pressupõem a existência de quatro pilares: o sexo biológico
(macho/fêmea), a identidade sexual (masculino/feminino), a orientação sexual (homossexual/
heterossexual/bissexual) e o aspectos psicológico (comportamentos, atitudes e sentimentos).
Porém, tais aspectos devem ser compreendidos de forma individual e contextualizados, ou seja,
imersos em relações, ideologias e significados socialmente construídos (Grandesso, 2000).
A orientação sexual, segundo Sant`Anna e Daspett (2007, p. 165), diz respeito a como cada
pessoa reconhece seu desejo em diferentes fases da vida, podendo ser identificada como
“assexual (nenhuma atração sexual), bissexual (atração por ambos os sexos), heterossexual
(atração pelo sexo oposto) e homossexual (atração por pessoa do mesmo sexo) ”.

As relações homoafetivas têm sido vistas de alguns anos para cá, por profissionais da área de
saúde e social, de maneira diferente em relação às décadas anteriores. O termo
homossexualismo, utilizado até a década de 1980 com a conotação de desvio ou transtorno
sexual, vem sendo questionado. O sufixo “-ismo”, utilizado para identificar doença, passou a ser

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substituído nas três últimas décadas pelo sufixo “-dade”, que transmite a ideia de “um modo de
ser” (Sant`Anna & Daspett, 2007).
Do ponto de vista histórico, “a homossexualidade é tão antiga quanto à própria humanidade”
(Frazão & Rosário, 2008, p. 26). Além disso, o termo homossexual foi criado em 1869 pelo
escritor e jornalista austro-húngaro Karl-Maria Kertbeny (Guimarães, 2009). Contudo
Sant`Anna e Daspett (2007), colocam que a homossexualidade é definida como sendo a atração
emocional, física e sexual, por pessoas do mesmo sexo.
Assim sendo, apesar do termo homossexualidade ser menos restritivo e inadequado do que o
termo homossexualismo, considera-se que uma pessoa tem muitos modos de ser, e que a sua
identidade se compõe de diversos aspectos e não só da orientação sexual, mas do sexo biológico
(macho/fêmea), identidade sexual (masculino/ feminino) e aspectos psicológicos (Feijó, 2008;
Sant`Anna & Daspett, 2007).
De acordo com Sant`Anna e Daspett (2007), a homossexualidade, durante muitos anos, foi vista
como uma mistura de pecado, doença e crime. Desse modo, rejeições impactantes e variadas
foram e ainda são frequentes no contexto social desses indivíduos, o que faz daqueles cujo desejo
afetivo-sexual é direcionado para pessoas do mesmo sexo, um dos agrupamentos mais atingidos
pelo preconceito, pela intolerância e pela discriminação. Contudo, pessoas com orientação
homossexual se desenvolvem e estão presentes em todo tipo de lar e/ou famílias, bem como
também estão presentes em vários grupos socioeconômicos, étnicos e religiosos.
Segundo a visão sistêmica e novoparadigmática, as pessoas desejam, amam, se relacionam e se
apresentam de forma própria e, ao mesmo tempo, influenciada por contextos e significados que
as circundam e dos quais elas fazem parte. Precisam, portanto, ser reconhecidas, aceitas e
compreendidas em suas especificidades no âmbito de suas relações familiares e sociais, do seu
desenvolvimento e ciclo vital familiar, imersas na cultura (Carter & McGoldrick, 1995; Cerveny
& Berthoud, 2009; Horta, 2007; Vasconcelos,
2008).
Para Feijó (2008), considera-se na atualidade uma diversidade dos tipos de família, que podem
ser identificadas como famílias monoparentais, famílias ampliadas, famílias reconstituídas e
famílias homossexuais, dentre outras.
A família pode ser compreendida como sendo um grupo de pessoas que se relacionam entre si,
que possuem laços de afinidade ou de convivência, sem necessariamente estarem ligadas por
consanguinidade ou por grau de parentesco (Cerveny, 2011). Existem pluralidades que compõem

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este cenário, como é o caso das famílias conjugais e extensas, núcleo doméstico e famílias não
legitimadas juridicamente (Cerveny, 2011). Portanto, “a família deve ser estudada a partir de
uma perspectiva cultural, histórica e intergeracional”(Böing, Crepaldi, & Moré, 2008,
p. 258).
Segundo Galano (2006), família é a estruturação do parentesco com suas possibilidades e
imposições. É na família, em primeiro lugar, que a criança geralmente aprende a estruturar o seu
cotidiano, tanto por meio da linguagem como através dos seus usos e costumes.
Para Castilho (2009), a família é vista como um sistema complexo de relações que permite aos
seus membros o compartilhamento de um mesmo contexto social de pertencimento; é a família
que permite aos seus integrantes o reconhecimento das diferenças, o aprendizado de unir-se e
separar-se, a construção da identidade, bem como das primeiras trocas afetivo-emocionais.
Além disso, é na família que se aprende e se transmite padrões e modelos como nos coloca
Cerveny (2011, p. 51), “toda família repete” e há repetições que diferenciam uma família das
demais compondo a identidade desta.
O pensamento sistêmico, aplicado ao campo da terapia familiar, parte do pressuposto de que a
família pode ser compreendida como um sistema humano, aberto, com interdependência entre
seus membros e o meio, no que diz respeito às trocas de informação. Do ponto de vista sistêmico
e novo para digmático, a família é uma construção, portanto, envolta em significados social
mente construídos que a definem e por meio dos quais as pessoas compartilham tais conceitos e a
partir deles balizam seus comportamentos, sentimentos e ideias (Grandesso, 2000).
A teoria sistêmica enfatiza as relações entre as partes de um todo em constante interação e
interdependências. Os sistemas são totalidades integradas, cujas propriedades não podem ser
reduzidas às de unidades menores. Em vez de se concentrar nos elementos ou substâncias
básicas, a abordagem sistêmica enfatiza princípios básicos de organização. Todo e qualquer
organismo é uma totalidade integrada (Capra, 2006; Vasconcelos,
2008).
Dessa forma, a família, vista como um sistema aberto, resulta da interação e interdependência de
suas partes, ou seja, de seus componentes.
O ser humano como sistema vivo é um sistema auto-organizador, também pode ser visto como
um sistema, mas quando se trata de família, é uma parte, que a influência e por ela é
influenciada.

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Essa concepção se aplica à terapia familiar sistêmica, que parte do pressuposto de que há
interação simultânea e interdependente entre os componentes da família e que esta, vista como
um todo, é diferente da mera soma de suas partes.
As ideias complexas, portanto novoparadigmáticas, que se integram ao foco sistêmico dado às
relações enfatizam, além destas, os contextos (culturais, socioeconomicos) e os processos, tais
como o desenvolvimento e os ciclos individual e familiar (Carter & McGoldrick, 1995; Cerveny
& Berthoud, 2009), dentre outros, ligados aos fenômenos humanos a serem compreendidos,
neste caso às famílias e à vivência da homossexualidade.
Para Jacobson (2007), a sexualidade se constrói de maneira complexa no sistema familiar e na
relação deste com seus subsistemas e com os sistemas extrafamiliares. Nessa perspectiva, a
sexualidade é também, de certa forma, aprendida e apreendida, é experimentada por meio de
legados familiares, diálogos, toques e impressões. Segundo a autora, a família é um dos eixos
construtores da sexualidade.
De acordo com tais pressupostos, a dificuldade da família e de alguns homens aceitarem a
própria orientação sexual está inserida em um contexto de relações imersas em crenças, tabus e
construções sociais que devem ser vistas conjuntamente.
Lançamento "O Sexo Inútil" - Ana Zanatti
24 Fevereiro 2016

Fonte: adaptado por AMPLOS de

Assumir uma orientação sexual diferente da norma

A homossexualidade e a bissexualidade são apenas outras variantes da sexualidade humana,


como é a heterossexualidade. A consciência de que se é homossexual (gay ou lésbica) ou
bissexual surge, normalmente, no período da adolescência. A forma de o descobrir é diferente de
pessoa para pessoa e envolve, quase sempre, um período de confusão e de muitas dúvidas.

Algumas pessoas jovens dizem que, de alguma forma, sempre souberam que eram "diferentes".
Quando percebem que são homossexuais ou bissexuais, veem finalmente, esclarecidos muitos
dos sentimentos confusos que tinham sentido ao longo do seu crescimento. Outras só descobrem
a sua orientação sexual na altura das muitas mudanças que ocorrem durante a adolescência.
Ainda há quem só se dê conta de ser homossexual ou bissexual quando chega à idade adulta.

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A discriminação e estereótipos associados à homossexualidade e bissexualidade ainda marcam
muito quem se vê confrontado com a sua orientação sexual. Se há quem aceite e assuma com
alguma fluidez, muitas pessoas tendem a negar ou a esconder a sua verdadeira orientação sexual.

É importante não sentir pressão na definição da própria orientação sexual. É um processo que
leva o seu tempo. Aquilo que uma pessoa sentir que verdadeiramente é, é o que está certo que
seja.

Orientação Sexual e Identidade de Gênero (quais são e o que significam)

Orientação sexual é a maneira como um indivíduo se relaciona afetiva e sexualmente com outras
pessoas. Já a identidade de gênero é a forma como uma pessoa identifica seu próprio gênero e
como ela se apresenta socialmente.

Na realidade, os dois termos são bem diferentes porque representam diferentes características de
uma pessoa. Veja o infográfico:

As diferenças entre identidade de gênero e orientação sexual.

O que é a Orientação Sexual?

Orientação sexual é a maneira como uma pessoa vivencia suas relações afetivas e sexuais. Ela
representa o tipo de atração sexual e/ou emocional que uma pessoa sente, ou seja, se ela se sente
atraída por pessoas de um gênero diferente ou do mesmo gênero.

O que é o Gênero?

Gênero é a classificação feita com base no sexo biológico com que uma pessoa nasce, ou seja, de
acordo com suas características pode ser determinado o gênero masculino ou feminino.

O gênero é atribuído conforme caracteres biológicos e físicos que podem ser percebidos em uma
pessoa, principalmente pela genitália. Outras informações também são importantes, como:
algumas características físicas, a predominância de diferentes hormônios ou o sistema
reprodutivo.

O que é a Identidade de Gênero?

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Identidade de gênero é a forma como um indivíduo identifica seu próprio gênero. Isto é, se a
pessoa entende que pertence ao gênero masculino ou feminino. Também é possível que exista
identificação com os dois gêneros ou mesmo com nenhum deles.

Ela representa a maneira como a pessoa identifica seu próprio gênero, que pode ser igual ou
diferente do seu gênero biológico.

As 3 identidades de gênero são: cisgênero, transgênero e não-binário.

1. Cisgênero

Cisgênero é o termo usado para definir as pessoas que se sentem identificadas com seu gênero
biológico. Assim, uma pessoa cisgênero é aquela que se sente de acordo com seu gênero de
nascimento, ela vive e se expressa conforme com o gênero atribuído por suas características
biológicas.

Por exemplo: uma pessoa que nasce com o gênero feminino (mulher) e que se identifica com ele,
ou seja, sente-se uma mulher.

2. Transgênero

Os transgêneros são pessoas que não se identificam com seu gênero biológico. Esses indivíduos
sentem desconforto com o gênero que lhes foi atribuído e normalmente não se identificam com
as características (físicas, biológicas, emocionais ou sexuais) que possuem.

Por exemplo: uma pessoa que nasce com o gênero masculino (homem), mas percebe que não se
identifica com ele, sentindo-se uma mulher.

3. Não-binário

As pessoas não-binárias são aquelas que não se sentem enquadradas e identificadas com um dos
gêneros, ou seja, não se identificam como sendo uma mulher ou um homem.

Existem variações na não-binariedade. A pessoa pode sentir que não pertence a nenhum dos
gêneros (masculino ou feminino) ou pode, por exemplo, sentir-se uma mistura de ambos.

As 5 orientações sexuais são: heterossexual, homossexual, bissexual, assexual e pansexual.

1. Heterossexual

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Uma pessoa heterossexual é alguém que sente atração por pessoas do gênero oposto ao seu.
Assim, as relações heterossexuais são as que acontecem entre uma mulher e um homem.

Hetero

Símbolo da orientação heterossexual: relacionamento entre homem e mulher.

2. Homossexual

Uma pessoa homossexual é alguém que sente atração e se relaciona com pessoas do mesmo
gênero que o seu. Nesse caso, as relações podem ser entre duas mulheres ou entre dois homens.

O termo homoafetivo também é usado para definir as relações de casais que formados por duas
pessoas do mesmo gênero.

Homossexual

Símbolo da orientação homossexual: relacionamentos entre mulheres ou entre homens.

Para saber mais, leia também os significados de homossexualidade e homoafetivo.

3. Bissexual

Já as pessoas bissexuais são as que podem sentir ligação emocional e sexual por pessoas de todos
os gêneros. As pessoas bissexuais podem se relacionar, por exemplo, tanto com mulheres, como
com homens.

4. Assexual

O caso de pessoas assexuais é um pouco diferente porque não se trata do interesse em pessoas de
um ou outro gênero. Na assexualidade, pode existir pouco ou até mesmo nenhum interesse ou
vontade em ter relacionamentos com outras pessoas.

5. Pansexual

A pansexualidade é mais ampla que a bissexualidade. Uma pessoa pansexual pode se interessar
por pessoas de todos os gêneros e também de todas as orientações sexuais.

Por exemplo, uma pessoa pansexual pode se relacionar com homens e com mulheres, assim
como pode se relacionar com pessoas heterossexuais, homossexuais ou bissexuais.

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Nesse sentido, sendo um dos principais filósofos ocidentais, viveu na Grécia Antiga, onde era
normal um homem mais velho manter relações sexuais com homens jovens. O tutor de Platão
chegou a declarar que o sexo anal era sua melhor fonte de inspiração e que relações
heterossexuais serviam apenas para procriação.
Fundamento Moral das Famílias
Nunan (2003) confirma, ao assinalar que a pessoa homossexual, ou resolve assumir a sua
homossexualidade, resistindo à possibilidade de ser rejeitada, discriminada e marginalizada, ou
continua mantendo em segredo a sua orientação sexual, confrontando-se com o isolamento, falta
de apoio e os percalços de levar uma vida dupla.
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Lincoln, também de 23 anos e heterossexual, entrou em contato relatando ter atuado, no passado,
em um filme pornográfico de conteúdo homossexual. Segundo o mesmo, na época do
atendimento vivia um relacionamento heterossexual e que a sua sogra ao descobrir tal filme
passou a agredi-lo verbalmente, o acusando de ser gay e seropositivo.
O próximo caso, de Manoel de 17 anos, eu tive a oportunidade de também conduzir o
atendimento, junto com a assistente social supervisora de estágio.
Durante o atendimento, Manoel conta que residia com sua avó paterna, de 80 anos, e que sua
mãe morava em Recife, e com a qual o usuário relatou não possuir vínculo afetivo, pois foi
retirado com 2 anos de idade do convívio maternal pelo pai que ameaçava sua mãe.
Na verbalização das relações familiares, Manoel conta que seu pai era uma pessoa que ninguém
gostava, era de difícil convivência, agressivo e dependente de drogas ilícitas, e que durante sua
infância foi agredido reiteradas vezes. Assim, a convivência entre ambos foi sempre conflituosa,
não existindo cumplicidade entre pai e filho.
O usuário dizia estar cursando o terceiro ano do ensino médio em uma escola pública, pois seu
pai havia deixado de pagar a escola particular em que antes estudava.
Ao ser questionado a respeito de sua sexualidade e o quanto isto implicava na relação com seu
pai, Manoel conta que não explicou para seu pai a sua orientação sexual, mas que a mesma,
segundo suas palavras, estava na cara de quem quisesse ver, que desde pequeno possuía alguns
trejeitos que caracterizavam uma suposta homossexualidade. Relatou ser reprimido pelo pai com
ameaças de morte e que, além disso, o mesmo dispunha de uma arma de fogo, sem possuir porte
legal para isso.

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Em uma reflexão junto com o usuário, no que se referia à sua homossexualidade, ficou entendido
que talvez essa fosse mais uma questão dentro da relação conflituosa com seu pai.
Manoel conta que buscava apoio no Centro após seu pai acionar o Conselho Tutelar sob o
argumento de que o filho sumia durante os finais de semana; o usuário rebatia afirmando que
assumia sozinho o cuidado da avó durante a semana. Os finais de semana ele dedicava a si
próprio, como uma válvula de escape.
Em comum acordo com o usuário, foi pedido que o mesmo refletisse um pouco mais sobre essa
questão da medida protetiva e sobre o quanto a sua homossexualidade implicava em sua
subjetividade, nas suas relações familiares e sociais.
Considera-se, também, que as famílias são instituições cheias de contradições; assim como
os/as usuários/as, elas também sofrem pela possibilidade de não saber como atuar frente a uma
sexualidade não normativa. Diante disso, o CC LGBT traz um elemento novo para que as
pessoas pensem sobre suas vidas. E talvez, mesmo com algumas respostas institucionais, muitos
desses casos aqui analisados ficam sem retorno, tendo desfechos informais decididos dentro das
próprias famílias. nenhuma sanção jurídica.
Ao pensar nesses casos apresentados, nos remetemos a Mott (2001) que aponta que na sociedade
brasileira é muito comum ouvir em algumas famílias expressões do tipo prefiro um filho ladrão
a ter um filho gay, prefiro um filho morto a ter um gay vivo ou ainda prefiro uma filha prostituta
a uma lésbica em casa. Cria-se assim um retrato que deprecia quem não seja heterossexual e que
ainda é articulado com estereótipos do humor das mídias, dos discursos religiosos
fundamentalistas e até mesmo do sistema educacional por aqueles professores mais
conservadores, tornando fácil concluir que ser gay, seja talvez a pior das coisas. E quiçá isto
explique o por que nossa sociedade esteja entre as que mais pratiquem crimes de homofobia.

As guerras mundiais como elementos da dignidade humana

A guerra por si mesma não é uma novidade dos tempos modernos, pois as hostilidades
antropológicas estão presentes no seio das sociedades que compõem a esteira civilizatória do

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horizonte dos povos. No entanto, com o avanço científico e tecnológico no âmbito do
conhecimento, inclusive beligerante, cresceram também as possiblidades de batalhas cruentas e
arrojadas, de fácil calibre ou dimensão universal, atingindo nações mais distantes, com alcance
geográfico mais imediato.
E o pior, com câmaras televisivas e aparelhos modernos de sofisticada tecnologia, publica-se, ao
vivo, o sangue derramado em cada esquina do mundo. Mesmo assim, a humanidade não havia
experimentado o rigor da estupidez em proporções tão gigantescas da bestialidade humana como
quando das duas Grandes Guerras Mundiais que flagelaram e torturaram a humanidade inteira.
Todavia, será o enfoque da Segunda Guerra Mundial – e a partir dela – o que conduzirá a
consciência humana sob a luz esperançosa do resgate da dignidade humana.
A Segunda Grande Guerra Mundial, pelos horrores cometidos, sobretudo pelo nazismo, mexeu
muito com o psicológico e a consciência dos povos envolvidos diretamente, ou não, nos dramas
bélicos que vitimaram centenas de milhares de vidas humanas, entre homens, mulheres, jovens,
velhos e crianças. A Segunda Guerra sacudiu o pó das consciências, despertando-as para o
socorro humanitário com o aparecimento das instituições jurídicas internacionais de proteção à
dignidade de todo ser humano em qualquer parte do mundo. E, então surgiram a Liga das Nações
e, algum tempo depois, a Organização das Nações Unidas, com a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, entre outros tratados, e convenções, e pactos que também serão objeto de
estudo nesse trabalho, especialmente orientado, com o auxílio de muitos autores, para a
construção da necessidade do amadurecimento das exigências da consciência da dignidade
humana e de suas inelutáveis obrigações no cenário internacional contemporâneo.
Esse marco histórico no panorama “anticivilizatório” da humanidade foi também uma
oportunidade irreversível na consciência dos povos, no sentido da transformação radical na
concepção profunda quanto às exigências da dignidade humana. Na verdade, o advento da
Segunda Guerra Mundial despertou as consciências para um momento novo, com plena floração
na perspectiva axiológica dos direitos fundamentais da pessoa humana. Com efeito,
“considerando a historicidade dos direitos destaca-se a chamada concepção contemporânea dos
direitos humanos, que veio a ser introduzida pela Declaração Universal de 1948 e reiterada pela
Declaração de Direitos Humanas de Viena de 1993”. (PIOVESAN, 2017, p. 50). Nesse contexto,
direitos humanos estão obrigatoriamente ajustados

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à dignidade do ser pessoa. Jures propii hominum, isto é, os direitos são próprios dos homens, no
sentido
lato da palavra, quer dizer, de todos os seres humanos.

De acordo com Ulrich Beck na incerteza das valorações morais do mundo contemporâneo, que
aumentou com as duas guerras mundiais, pode-se dizer que a exigência da dignidade da pessoa
humana venceu uma prova, revelando-se como pedra de toque para a aceitação dos ideais ou das
formas de vida instauradas ou propostas; isso porque as ideologias, os partidos e os regimes que,
implícita ou explicitamente, se opuseram a essa tese mostraram-se desastrosos para si e para os
outros.

Por esse princípio fundamental, o homem deve ser considerado não como meio para a obtenção
de alguma coisa, mas como um fim em si mesmo – um valor absoluto, e não relativo. É
intrínseco, próprio do ser humano. Não tem preço e não pode ser substituído por algo
equivalente. E, por ser o homem racional, não obedece a nenhuma lei que não seja instituída,
criada por ele mesmo.

É preciso ressaltar que a noção de dignidade ganhou destaque a partir da Segunda Guerra

Mundial (quando o mundo padeceu os horrores do holocausto e foi realizada a Convenção de

Genebra) e passou a ser expressamente reconhecida nas Constituições, sobretudo, com o advento

da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.

A Declaração dos Direitos Humanos é uma das maiores conquistas do homem na modernidade,

pois consagrou a liberdade, a igualdade, a fraternidade e a dignidade como axiomas da vida em

comunidade, a própria condição da existência em sua plenitude, valores que testemunham a

presença de seres humanos em um mundo de homens – o homem social e político.

Nesse contexto, destaca-se a afirmação de Comparato: "Os direitos humanos não existem, no

plano internacional, apenas e tão-somente quando os Estados resolvem reconhecê-los por meio

de tratados ou convenções. Pela sua própria natureza, nunca é demais repetir, trata-se de direitos

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inerentes à própria condição humana, e que, por isso mesmo, não dependem do assentimento

estatal para serem exigidos. 'Todos os homens', proclama o art. I da Declaração Universal dos

Direitos Humanos de 1948, 'nascem livres e iguais em dignidade e direitos'. Não são os Estados

que lhes conferem esses atributos”.

No texto da Declaração (art. I), é possível perceber a união de todas as dimensões de direitos. O

próprio teor do artigo garante: todos os homens nascem livres e iguais, tanto em dignidade como

em direitos. A dignidade, portanto, é um valor que inspira todo o ideário dos direitos humanos e

deve ser o alicerce de todo e qualquer ordenamento jurídico-constitucional democrático

(princípio fundamental).

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https://tomandolugar.wordpress.com

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