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Qualquer Estado, seja qual for o tipo histórico a que pertença, tem Constituição, na medida
em que necessariamente se faz acompanhar de uma institucionalização jurídica do poder. Em
qualquer Estado podem encontrar-se normas fundamentais em que assenta o seu
ordenamento.
Em termos simples, definimos a Constituição como a lei fundamental do Estado, a lei mãe, a
lei das leis; é a lei suprema que regula a base económica do Estado, as formas de propriedade
e o sistema de economia, a forma de governo e os principais fundamentais da organização e
actividade dos órgãos do Estado, os direitos fundamentais dos cidadãos e as garantias de
salvaguarda da própria lei fundamental.
É uma lei superior que recolhe o fundamento da sua validade em si própria (princípio de Auto
primazia organizativa); é uma norma de normas, a fonte primária de produção de normas
jurídicas. Todos os actos do poder Político e todas as demais normas jurídicas (normas
infraconstitucionais) devem estar em conformidade com as normas e princípios
constitucionais.
Se é certo que o conceito de Constituição se converteu na época actual num conceito neutro
(aberto a conteúdos políticos, económicos e sociais divergentes), é também verdade que a
Constituição concreta de cada povo, enquanto estatuto da sua vida política, não é nem pode
ser neutra, indiferente ou insusceptível de apreciação para o cidadão e para o jurista. Aliás,
nem tudo o que se apresenta como constitucional o merece ser por perversão de valores;
outrossim, o poder constituinte não goza de uma ilimitada (irrestrita) liberdade de
consagração ou não consagração de certas regras (v.g. não goza do poder de não respeitar os
direitos fundamentais, que traduzem o essencial da dignidade humana.
Historicamente, a Constituição surge com o surgimento do Direito. Não se fala aqui das
Constituições “de jure' (jurídicas,), que apareceram na época moderna com a ascensão da
burguesia, mas sim de Constituição “de facto” (de acção), ou seja: Constituição política,
como a própria organização do Estado; Constituição como princípio ordenador da sociedade.
Em Roma, dentro do chamado Direito Público estudava-se uma disciplina cujo único fim era
o estudo da ordem jurídica respeitante directamente ao Estado. Cícero (1 06-43 a. C) oferece-
nos um conceito acentuadamente jurídico de Constituição ao definir a "res publica" como
"agregado de homens associados mediante um consentimento jurídico e por causa de uma
utilidade pública - Constutucio populi. E é ainda em Roma que encontramos a expressão
“constituciones principium" que serviria para indicar os actos do imperador dotados de
eficácia superior a quaisquer outros.
É a partir do século XVII que começa a usar-se o termo “constituição” como lei
fundamental do Estado, mas só por volta do século XVIII é que irrompe o conceito de
organização constitucional do Estado. Efectivamente, no século XVIII, as revoluções
burguesas, armadas da teoria do Direito Natural, do Contrato Social e da Razão Universal,
põem em causa os direitos históricos dos senhores feudais, surgindo a Constituição jurídica
como freio que defende a pessoa contra o poder absoluto. Contra as arbitrariedades e o abuso
do poder, as revoluções burguesas esgrimem um argumento de direito (a ideia de direito) que
deveria ser respeitado de forma solene pelos novos governos. Surge assim a Constituição,
como preocupação pela justiça, a igualdade e a fraternidade
a) Função política – que se expressa, antes de tudo, pelo seu carácter classista, isto é,
pelo facto de ela traduzir, em maior ou menor grau, os interesses das classes que
detêm o poder político e económico. A Constituição referenda as conquistas e os
resultados da luta das classes ou grupos dominantes, cuja vontade determina o
conteúdo essencial da lei fundamental;
ACEPÇÕES DA CONSTITUIÇÃO
c) Como a Lei Fundamental do Estado, como o acto que regula as bases da vida
estatal. Pode ser que o Estado não tenha a Constituição como uma Lei Fundamental
única, sistematizada. Porém, desde a aparição da burguesia, existe sempre a
Constituição no sentido do conjunto de normas que consolidam as bases da
organização social e estatal
De acordo com diversos autores, nomeadamente Miranda (Ibid.), a Constituição pode ser
encarada de várias perspectivas, designadamente:
As Constituições escritas são aquelas que existem como documentos à parte e podem
corresponder a estados federados ou unitários. Normalmente, toda a Constituição é escrita.
As Constituições naturais são aquelas que são formadas por vários actos aprovados em
distintos períodos, separados às vezes por séculos inteiros, como é o caso da Inglaterra: Carta
Magna (1215), Bill of Rights (1689), Bill of Parliaments (1911), Estatuto de Westminster
(1931), etc. Também na Suécia e outros países
Georges Burdeau, citado por Marcelo Rebelo de Sousa (1979), faz a distinção entre a
Constituição consuetudinária e o Costume constitucional, entendendo este último como o
costume que nasce e vigora num Estado onde vigora uma Constituição escrita, servindo este
apenas para cobrir zonas não abrangidas pela Constituição escrita. Em Inglaterra, onde o
Costume e a Lei escrita estão no mesmo plano, encontramos uma Constituição mista (Alves e
Silva, Ibid.).
Constituições políticas e jurídicas (segundo Ramon lnfiesta, citado por Fidel Castro)
– As constituições políticas
são as constituições reais, de facto e materiais. As constituições jurídicas são as
formais.
A ordenação das diferentes partes nem sempre é a mesma, podendo a parte dogmática
anteceder a orgânica (v.g. países socialistas) ou o contrário. Outrossim, nem sempre uma
Constituição apresenta as 4 partes. Assim, encontramos Constituições sem Preâmbulo (v.g. as
primeiras da Rússia comunista e da URSS), sem a Parte Dogmática (v.g. a dos EUA, que só
veio a incorporar essa parte através de uma das chamadas Emendas) e, incluso, sem a
Cláusula da Reforma. Por outro lado, há Constituições, como a moçambicana de 2004, que,
além das 4 partes acima referidas, inclui outras (v.g. parte económica...).
Parte VII - Das Garantias de Defesa e da Revisão da Constituição (artigos 282º a 301º); Parte
VII Disposições Finais e Transitórias (artigos 302º a 313º).
Preâmbulo:
Princípios fundamentais:
Esta última parte apresenta um conjunto de normas que vigoram durante um período
relativamente curto (período de transição), até à criação de condições para a aplicação
efectiva e integral das opções constitucionais assumidas no novo texto constitucional
aprovado.