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Este conceito, baseia-se numa ideia central de limitação de poderes das entidades
públicas, como tais. Quando as entidades públicas obtêm receitas nos mesmos termos
que os particulares não faz sentido qualquer ideia de limitação específica dos poderes
dessas entidades.
Não dependendo de outros vínculos jurídicos nem determinando para o sujeito activo
qualquer dever de prestar específico, a relação de imposto não implica qualquer
contraprestação para as entidades públicas credoras; nem cria para as entidades
públicas, o dever de reembolsar as prestações tributárias por elas recebidas. Contudo,
será logicamente admissível o reembolso de impostos, não com fundamento num direito
do contribuinte e no correspondente dever de uma entidade pública, mas sim na base da
mera faculdade desta.
6. Imposto e a Taxa
O Imposto, é uma prestação obrigatória estabelecida pela lei a favor de entidades que
exerçam funções públicas e para satisfação de fins públicos que não constituam sanção
de actos ilícitos.
No plano da economia financeira a separação entre imposto e taxa pode estabelecer-se
com relativa facilidade, na base do critério da divisibilidade ou indivisibilidade dos
serviços públicos. As taxas, são progressivas porque aumentam mais que
proporcionalmente, há medida que o rendimento aumenta, taxa progressiva, é a
taxa que varia mais que proporcionalmente à variação do rendimento. O Estado e as
outras entidades públicas prestam serviços cuja utilidade não é divisível pelos cidadãos.
A defesa nacional e a diplomacia constituem exemplos nítidos de serviços públicos
indivisíveis e, consequentemente, suportados pelo imposto. De outros serviços públicos,
porém, extraem os particulares utilidades individualizáveis. É o caso dos serviços de
instrução, de justiça e de muitos outros, ora quando através dos serviços públicos se
prestam utilidades particulares, individualizáveis, quando esses serviços são divisíveis,
em suma, há a possibilidade de realizar a sua cobertura financeira, ou parte dela, através
do pagamento de prestações exigíveis dos particulares que utilizam tais serviços.
Atendendo à diversidade de estruturação legal, o vínculo jurídico de taxa tem por causa
a prestação por uma entidade pública de utilidades individualizadas. Quer dizer que a
taxa, como aliás o preço também apresenta origem sinalagmática. É este aspecto
precisamente que separa com nitidez a taxa de imposto. Porque a taxa tem por causa a
realização de uma utilidade individualizada, ela depende de outro vínculo jurídico, o que
não acontece com o imposto.
7. Classificações jurídicas de impostos
a) Impostos estaduais e não estaduais:
Nem sempre o Estado é credor do imposto, o sujeito activo da relação jurídico-
tributária. Esta constitui-se, muitas vezes, em benefício de uma Autarquia Local ou de
um Instituto Público. Daí a separação dos impostos estaduais e não estaduais. A origem
de uns e de outros é legal e, portanto, estadual; mas só em relação aos primeiros o
Estado se apresenta como credor. Note-se que os impostos não estaduais são os
estruturados no sentido da sua atribuição a uma entidade diversa do Estado. Mas
acontece frequentemente que a receita de um imposto estadual seja cedida pelo Estado a
outra entidade pública.
b) Impostos directos e indirectos:
Os impostos directos, visam atingir faculdades contributivas permanentes, estáveis,
enquanto os indirectos, visam atingir faculdades contributivas intermitentes,
instáveis, passageiras, é aquele que geralmente tem inspirado as leis e contabilidade
pública. São impostos directos, aqueles cujo o lançamento se baseia na elaboração
prévia de um rol nominativo de contribuintes; e indirectos os outros.
c) Impostos reais e pessoais:
Os impostos reais, visam a atribuição de bens económicos, de riqueza, em termos
objectivos, sem que nessa tributação se vão reflectir as condições pessoais do
contribuinte, os impostos pessoais, pelo contrário, procuram atingir certos bens por
pertencerem, ou respeitarem a determinadas pessoas, cuja capacidade contributiva e
outras circunstâncias pessoais, são tidas em conta, através de alguns aspectos da
tributação.
Raramente se encontrarão impostos que visem apenas aspectos pessoais. Mas pode
admitir-se a classificação na base do maior ou menor relevo desses aspectos. Assim,
segundo o critério da predominância, serão reais, além de todos os impostos de
consumo, do selo e aduaneiros, os impostos prediais. Segundo este mesmo critério
de predominância, de aspectos objectivos ou subjectivos, serão pessoais o imposto
sucessório e o IRS, cujas taxas e outros elementos variam, não apenas em função da
capacidade contributiva mas também em função de outros factores respeitantes à
pessoa do contribuinte.
Tendo de reconhecer-se que os impostos indirectos são sempre reais, ou objectivos,
nota-se facilmente que a destrinça oferece interesse escasso, do ponto de vista jurídico,
porquanto no campo dos impostos directos é fácil distinguir diversidade de tratamento
quanto ao nascimento e à estrutura da obrigação de imposto entre reais e os pessoais.
d) Impostos de cotidade:
Cada contribuinte tem uma percentagem equivalente a uma cota (variável) dependente
do rendimento.
e) Imposto de repartição:
São todos relativos aos quais a responsabilidade dos financiadores é igual,
independentemente da sua capacidade contributiva.
8. Âmbito e enquadramento do Direito Fiscal
Direito Fiscal, será o sistema de normas jurídicas que disciplinam as relações de
imposto e definem os meios e os processos pelos quais se realizam os direitos
emergentes daquelas relações.
O Direito Fiscal tem natureza institucional. As suas normas não se integram no Direito
Comum, cuja disciplina é genérica, comum às mais diversas instituições. Visam, pelo
contrário, disciplinar certos tipos de relações, constituídas na base das instituições
tributárias, as quais encontram a sua origem na ideia-força, enraizada no seu meio
social, da necessidade da contribuição dos patrimónios dos particulares para a
sustentação da comunidade. Dir-se-á mesmo que essa raiz institucional dá unidade ao
Direito Fiscal, através do sentido teleológico das suas normas, o qual provém daquela
mesma raiz.
A soberania fiscal constitui um dos aspectos da soberania financeira, e esta, por sua vez,
um dos aspectos da soberania estadual.
Por soberania fiscal, entende-se o poder de criar impostos, de extingui-los, de
alargar ou restringir o seu âmbito, de estabelecer proibições de natureza fiscal. E, como
aspecto da soberania estadual, a soberania fiscal apresenta as mesmas características.
Em consequência, só os Estados quer unitários quer compostos, quer membros de
Estados compostos, podem exercer a soberania fiscal.
10. Fundamento da soberania fiscal
Constituindo a soberania fiscal um dos aspectos da soberania do Estado, o seu
funcionamento último há-de confundir-se como fundamento filosófico-político do
próprio Estado, que poderá entender-se como alheio ao plano da análise jurídica e tem-
se entendido frequentemente que, aquém desse fundamento último, a soberania fiscal
há-de encontrar uma fundamentação próxima em princípios gerais de Direito, cuja
simples aplicação justificará o poder estadual de tributar.
A lei fundamental do Estado limita, embora transitoriamente, pelo tempo que a própria
Constituição vigorar, os poderes tributários estaduais, que embora são restringidos por
costumes internacionais e por tratados, enquanto o Estado que os celebrou, ou a eles
aderiu, os não denunciar
Os pressupostos jurídicos de uma relação tributária podem ser muito variáveis. Uma das
classificações que se impõe divide os pressupostos tributários por duas grandes
categorias, a dos subjectivos e a dos objectivos. Com efeito, os pressupostos tributários
podem dizer respeito a pessoas e bens.
O Governo é também o órgão por meio do qual o Estado manifesta a sua vontade nos
quadros da relação jurídica de imposto, através de actos de conteúdo individual
(lançamento, liquidação, cobrança, fiscalização) realizados por agentes situados na
hierarquia da orgânica governamental.
O sujeito tributário passivo pode sê-lo por um débito originário ou por um débito não
originário. O débito do sujeito tributário passivo é normalmente originário.
Mas também quanto ao carácter originário do débito tributário importa ter presente que
aquele carácter não coincide sempre e necessariamente com o desenvolvimento normal
da relação jurídica de imposto. Não serão sujeitos passivos não originários apenas as
pessoas daquela relação. Há casos em que a entidade obrigada a pagar na base de um
desenvolvimento normal da relação de imposto é um sujeito passivo não originário.
Assim acontece com os substitutos de imposto, chamados a pagar a prestação tributária
normalmente, isto é, na base de um desenvolvimento normal da relação jurídica de
imposto. Mesmo assim, os substitutos de impostos são devedores, sujeitos passivos, não
originários; porquanto em relação a eles não se estabelece uma presunção de benefício
que justifique a incidência tributária.
A pontualidade não exige, normalmente, que a obrigação deva ser cumprida pelo
próprio sujeito passivo, directamente ou através dos seus representantes, legais ou
voluntários. Compreende-se bem que assim seja em relação à generalidade das
prestações tributárias, por não se tratar de prestações de coisa, ou de facto, mas sim,
normalmente, de prestações pecuniárias. No entanto, algumas prestações acessórias
poderão ser exigidas pessoalmente do contribuinte.
A prestação tributária deverá ser realizada no prazo e no local estabelecidos e pela forma
legalmente prevista. Quanto ao prazo do cumprimento, ele é muitas vezes estabelecido
directamente pela lei, que tem definido um período de cobrança à “boca do
cofre”, durante o qual os impostos podem ser pagos sem juros de mora, um período
de cobrança voluntária, durante o qual os impostos já só podem ser pagos acrescidos
dos respectivos juros de mora, e um período de cobrança coerciva, iniciado com o
relaxe das contribuições. Assim acontece com os impostos directos periódicos.
44. Dação em cumprimento da obrigação tributária
A dação em cumprimento, dação em pagamento, ou “datio in soliutum”, que, tal como o
próprio cumprimento, extingue imediatamente a obrigação, distinguindo-se assim,
da “datio pro solvendo”, ou “dação em função de pagamento” é admitida, por vezes, no
Direito Fiscal português.
Não deverão ser entendidas como casos de dação em cumprimento as formas de
pagamento por cheque, por vale de correio, ou por transferência de conta. Pela liquidez
imediata que aquelas formas evolvem, elas não correspondem à figura da dação em
cumprimento, a qual, para mais, implica a prestação ao credor de uma coisa diversa da
inicialmente prevista e estipulada.
O processo executivo não tem por objecto uma definição de direito, que já se há-de
achar definido. Visa, sim, torná-lo efectivo, obter a prestação devida ao titular de direito.
Essa prestação poderá consistir, no processo executivo comum, na entrega de uma
importância pecuniária, na entrega de uma coisa certa ou na prestação de um facto. Mas
não assim no processo executivo fiscal. Neste a prestação exequenda consiste sempre
numa importância pecuniária, certa, líquida e exigível.
O processo de execução fiscal, caracteriza-se, especialmente, pela simplicidade e
pela celeridade. Por isso, de todos os incidentes da instância só admite o da falsidade,
estabelecendo-se, neste processo, que a citação de herdeiros tenha lugar sem prévia
habilitação, assim como a penhora sem despacho que a ordene, a não suspensão da
execução no caso da penhora de bens comuns, etc.
Sistema fiscal português, IRS, imposto pessoal único:
1- Incide sobre o rendimento das pessoas singulares;
APURAMENTO DO IRS
–
=
–
=
Rendimento Colectável
X
Quociente Conjugal (:2),
X
X
=
Colecta Total
–
=
Imposto Liquidado
–
Retenções na Fonte
=
VALOR APURADO