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MANUAL DE APOIO

CURSO /UNIDADE: FORMADOR/A:

Legislação Fiscal - Impostos

CÓDIGO DA UNIDADE: (SE APLICÁVEL) CARGA HORÁRIA:

0637 50 Horas
ÍNDICE

ÍNDICE................................................................................................................................................... 2
Objetivo Geral..................................................................................................................................... 3
Objetivos Específicos.......................................................................................................................... 3
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS........................................................................................................ 4
INTRODUÇÃO....................................................................................................................................... 5
CONCEITO DE DIREITO FISCAL.................................................................................................................. 6
FONTES DE DIREITO FISCAL.................................................................................................................... 10
IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO SINGULAR (IRS)....................................................................................14
Implicações para o sujeito passivo....................................................................................................... 15
Repercussão na empresa.................................................................................................................... 15
Estrutura deste imposto........................................................................................................................ 15
Determinação do rendimento colável................................................................................................... 15
IMPOSTO DE SELO.................................................................................................................................. 20
CONTRIBUIÇÃO PARA A SEGURANÇA SOCIAL............................................................................................ 23
CONCLUSÃO....................................................................................................................................... 26
OBJETIVOS DO CURSO

Objetivo Geral

 Identificar, interpretar e aplicar os fundamentos da legislação fiscal.

Objetivos Específicos

 Os formando deverão ser capazes de:

- Expressar, sem recurso ao manual de apoio, o conceito de Direito Fiscal em 5 minutos;

- Identificar, com recurso ao manual de apoio, as Fontes de Direito Fiscal em 5 minutos;

- Descrever o que é o IRS, sem recurso ao manual de apoio, em 2 minutos;

- Descrever, com recurso ao manual, as características do IRS, coletivas e civis em 10 minutos;

- Identificar, sem recurso ao manual de apoio, os sujeitos passivos de IRS, em 3 minutos;

- Identificar, com recuso ao manual, os rendimentos sujeitos e não sujeitos a IRS em 5 minutos;

-Descrever, com recurso ao manual, as categorias de rendimentos sujeitas a IRS, em 10 minutos;

- Fazer, com recurso ao manual de apoio, o cálculo do IRS em 10 minutos;

- Descrever, de cor, o que é o Imposto de Selo em 2 minutos;

- Saber, de cor, o significado de TSU e quais o seu valor;

- Identificar, com recuso ao manual, os casos de isenção e redução da TSU em 10 minutos.


CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS

 Conceito de direito fiscal

 Fontes do direito fiscal

 Imposto sobre o Rendimento Singular (IRS)

- Implicações para o sujeito passivo

- Repercussão na empresa

- Estrutura deste imposto

- Determinação do rendimento colável

 Imposto de selo

 Contribuição para a segurança social


INTRODUÇÃO

O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de curta duração nº 0707 – Legislação
fiscal, de acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações.

Historicamente, o Direito Fiscal e a criação de impostos, com carácter regular e enquanto fonte de receitas dos órgãos da
administração pública, surgem-nos com o triunfo do Liberalismo no século XIX.
No período que lhe antecedeu, o lançamento de impostos tinha natureza excecional, sendo criados arbitrariamente pelos
senhores feudais, numa sociedade em que os laços entre os seus membros se baseavam na propriedade.
No sistema fiscal moderno, os impostos assumem um papel essencial quer enquanto forma de redistribuição da riqueza
(repartição justa dos rendimentos e da riqueza) quer como instrumento de financiamento da atividade desenvolvida pelo
Estado e por outros órgãos públicos tendo em vista a satisfação das necessidades públicas.

O Direito Fiscal é, desta forma, aquele ramo do direito público (direito em que o Estado assume em face do cidadão uma
posição de superioridade) que contém um conjunto de regras jurídicas (gerais e obrigatórias) e que prevê os termos em que
são cobrados e determinados os montantes dos impostos a arrecadar aos cidadãos.
CONCEITO DE DIREITO FISCAL

O Direito dos Impostos, Direito Tributário, ou Direito Fiscal, é o ramo de Direito Financeiro que corresponde á insuficiência
do património e do domínio para suportarem as despesas crescentes das comunidades políticas. É assim logicamente
supletório, no sentido de que visa a preencher aquela insuficiência.

Caracteres essenciais do fenómeno tributário

O imposto pode corresponder a uma prestação, a uma relação jurídica ou a um instituto jurídico.

A relação jurídica de imposto tem carácter obrigacional ou creditício, tem por fim a realização de uma receita pública e não
depende de outros vínculos jurídicos, nem determina para o sujeito ativo respetivo qualquer dever de prestar específico.

Tendo carácter obrigacional, creditício, o objetivo da relação jurídica de imposto é de natureza patrimonial. E a respetiva
prestação apresenta geralmente natureza pecuniária. No entanto tal natureza pecuniária não é essencial.

Tendo por fim a realização de uma receita pública, a relação jurídico-tributária é estruturada em termos de o respetivo
sujeito ativo apresentar normalmente a natureza de entidade pública.

Não dependendo de outros vínculos jurídicos nem determinando para o sujeito activo qualquer dever de prestar específico,
a relação de imposto não implica qualquer contraprestação para as entidades públicas credoras; nem cria para as entidades
públicas, o dever de reembolsar as prestações tributárias por elas recebidas. Contudo, será logicamente admissível o
reembolso de impostos, não com fundamento num direito do contribuinte e no correspondente dever de uma entidade
pública, mas sim na base da mera faculdade desta.

Imposto e a Taxa

O Imposto, é uma prestação obrigatória estabelecida pela lei a favor de entidades que exerçam funções públicas e para
satisfação de fins públicos que não constituam sanção de atos ilícitos.

No plano da economia financeira a separação entre imposto e taxa pode estabelecer-se com relativa facilidade, na base do
critério da divisibilidade ou indivisibilidade dos serviços públicos. As taxas, são progressivas porque aumentam mais que
proporcionalmente, há medida que o rendimento aumenta, taxa progressiva, é a taxa que varia mais que proporcionalmente
à variação do rendimento. O Estado e as outras entidades públicas prestam serviços cuja utilidade não é divisível pelos
cidadãos. A defesa nacional e a diplomacia constituem exemplos nítidos de serviços públicos indivisíveis e,
consequentemente, suportados pelo imposto. De outros serviços públicos, porém, extraem os particulares utilidades
individualizáveis. É o caso dos serviços de instrução, de justiça e de muitos outros, ora quando através dos serviços
públicos se prestam utilidades particulares, individualizáveis, quando esses serviços são divisíveis, em suma, há a
possibilidade de realizar a sua cobertura financeira, ou parte dela, através do pagamento de prestações exigíveis dos
particulares que utilizam tais serviços. Atendendo à diversidade de estruturação legal, o vínculo jurídico de taxa tem por
causa a prestação por uma entidade pública de utilidades individualizadas. Quer dizer que a taxa, como aliás o preço
também apresenta origem sinalagmática. É este aspeto precisamente que separa com nitidez a taxa de imposto. Porque a
taxa tem por causa a realização de uma utilidade individualizada, ela depende de outro vínculo jurídico, o que não acontece
com o imposto.

Classificações jurídicas de impostos

a) Impostos estaduais e não estaduais:

Nem sempre o Estado é credor do imposto, o sujeito ativo da relação jurídico-tributária. Esta constitui-se, muitas vezes, em
benefício de uma Autarquia Local ou de um Instituto Público. Daí a separação dos impostos estaduais e não estaduais. A
origem de uns e de outros é legal e, portanto, estadual; mas só em relação aos primeiros o Estado se apresenta como
credor. Note-se que os impostos não estaduais são os estruturados no sentido da sua atribuição a uma entidade diversa do
Estado. Mas acontece frequentemente que a receita de um imposto estadual seja cedida pelo Estado a outra entidade
pública.

b) Impostos diretos e indiretos:

Os impostos diretos, visam atingir faculdades contributivas permanentes, estáveis, enquanto os indiretos, visam atingir
faculdades contributivas intermitentes, instáveis, passageiras, é aquele que geralmente tem inspirado as leis e contabilidade
pública. São impostos diretos, aqueles cujo o lançamento se baseia na elaboração prévia de um rol nominativo de
contribuintes; e indiretos os outros.

c) Impostos reais e pessoais:

Os impostos reais, visam a atribuição de bens económicos, de riqueza, em termos objetivos, sem que nessa tributação se
vão refletir as condições pessoais do contribuinte, os impostos pessoais, pelo contrário, procuram atingir certos bens por
pertencerem, ou respeitarem a determinadas pessoas, cuja capacidade contributiva e outras circunstâncias pessoais, são
tidas em conta, através de alguns aspetos da tributação.

Raramente se encontrarão impostos que visem apenas aspetos pessoais. Mas pode admitir-se a classificação na base do
maior ou menor relevo desses aspetos. Assim, segundo o critério da predominância, serão reais, além de todos os impostos
de consumo, do selo e aduaneiros, os impostos prediais. Segundo este mesmo critério de predominância, de aspetos
objetivos ou subjetivos, serão pessoais o imposto sucessório e o IRS, cujas taxas e outros elementos variam, não apenas
em função da capacidade contributiva mas também em função de outros fatores respeitantes à pessoa do contribuinte.
Tendo de reconhecer-se que os impostos indiretos são sempre reais, ou objetivos, nota-se facilmente que a destrinça
oferece interesse escasso, do ponto de vista jurídico, porquanto no campo dos impostos diretos é fácil distinguir diversidade
de tratamento quanto ao nascimento e à estrutura da obrigação de imposto entre reais e os pessoais.

d) Impostos de cotidade:

Cada contribuinte tem uma percentagem equivalente a uma cota (variável) dependente do rendimento.

e) Imposto de repartição:

São todos relativos aos quais a responsabilidade dos financiadores é igual, independentemente da sua capacidade
contributiva.

Âmbito e enquadramento do Direito Fiscal

Direito Fiscal, será o sistema de normas jurídicas que disciplinam as relações de imposto e definem os meios e os
processos pelos quais se realizam os direitos emergentes daquelas relações.

O Direito Fiscal tem natureza institucional. As suas normas não se integram no Direito Comum, cuja disciplina é genérica,
comum às mais diversas instituições. Visam, pelo contrário, disciplinar certos tipos de relações, constituídas na base das
instituições tributárias, as quais encontram a sua origem na ideia-força, enraizada no seu meio social, da necessidade da
contribuição dos patrimónios dos particulares para a sustentação da comunidade. Dir-se-á mesmo que essa raiz
institucional dá unidade ao Direito Fiscal, através do sentido teleológico das suas normas, o qual provém daquela mesma
raiz.

O sistema fiscal (art. 103º/1 CRP), visa a satisfação das necessidades financeiras do Estado, e outras entidades públicas
de uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza.

O princípio da generalidade, a lei fiscal aplica-se a todos os contribuintes, sejam eles ativos ou passivos.

Soberania Fiscal

Soberania estadual soberania fiscal e poder tributário

Não é inteiramente pacífico o entendimento sobre a noção de soberania fiscal. Integrada no conceito de soberania do
Estado, como um dos aspetos que ela reveste, a soberania fiscal deverá compreender apenas a delimitação de esferas
tributárias, frente a outra soberanias estaduais, e a definição de regimes legais.
As manifestações de soberania fiscal só se nos revelam através da definição internacional de esferas tributárias e através
da abstração dos comandos tributários legais. Quando o Estado, ou outra entidade impositora, exerce poderes em relação a
determinados contribuintes, é em obediência àqueles comandos, na posição de sujeito tributário ativo.

A soberania fiscal constitui um dos aspetos da soberania financeira, e esta, por sua vez, um dos aspetos da soberania
estadual.

Por soberania fiscal, entende-se o poder de criar impostos, de extingui-los, de alargar ou restringir o seu âmbito, de
estabelecer proibições de natureza fiscal. E, como aspeto da soberania estadual, a soberania fiscal apresenta as mesmas
características. Em consequência, só os Estados quer unitários quer compostos, quer membros de Estados compostos,
podem exercer a soberania fiscal.

Fundamento da soberania fiscal

Constituindo a soberania fiscal um dos aspetos da soberania do Estado, o seu funcionamento último há-de confundir-se
como fundamento filosófico-político do próprio Estado, que poderá entender-se como alheio ao plano da análise jurídica e
tem-se entendido frequentemente que, aquém desse fundamento último, a soberania fiscal há-de encontrar uma
fundamentação próxima em princípios gerais de Direito, cuja simples aplicação justificará o poder estadual de tributar.

Limites da soberania fiscal: a limitação pelos fins do Estado

Os poderes fiscais do Estado, mesmo os poderes soberanos, acham-se limitados, não apenas de facto mas também de
Direito. A primeira limitação decorre dos próprios fins do Estado e das vantagens que advêm da sua prossecução. O Estado
não pode criar impostos para satisfazer fins que não sejam os seus próprios, nem para fazer face a despesas que não se
traduzam em vantagens para a respetiva comunidade. Sem dúvida que essas vantagens têm de ser apreciadas à face de
critérios políticos.

A limitação pelo costume, pelos tratados e pelas leis constitucionais

Os limites da soberania fiscal do Estado dependem, pois, dos seus próprios fins, e do complexo de princípios e instituições
que dominem a vida do país considerado. Mas, além destes limites, aos quais deve atribuir-se relevo não apenas moral e
político, mas também jurídico, os poderes tributários do Estado acham-se normalmente confinados dentro de fronteiras
legais expressamente definidas.

A lei fundamental do Estado limita, embora transitoriamente, pelo tempo que a própria Constituição vigorar, os poderes
tributários estaduais, que embora são restringidos por costumes internacionais e por tratados, enquanto o Estado que os
celebrou, ou a eles aderiu, os não denunciar
A territorialidade do imposto

No plano internacional, a soberania tributária do Estado acha-se naturalmente limitada, pela coexistência de outras
soberanias, às suas fronteiras territoriais, só dentro delas se exercendo, em princípio, o poder de tributar. É esse o
significado da chamada territorialidade do imposto. Só excecionalmente as normas tributárias emanadas de uma ordem
jurídica se projetam para além dos limites territoriais a que essa ordem jurídica corresponde.

Em obediência ao próprio fundamento da soberania fiscal, o Estado só pode tributar aqueles que, pela posição assumida,
de algum modo se presumem interessados na prossecução dos fins do Estado e nos benefícios, particulares ou gerais, que
o mesmo Estado oferece. Para que atribuição seja legítima torna-se necessário que quem a suporta tenha estabelecido
com a entidade imposta um vínculo político e económico que justifique o seu interesse em relação às atividades que essa
mesma entidade desenvolve.

Os conflitos internacionais de tributação

Estes resultam da adoção pelas várias ordens jurídicas de critérios diferentes na definição dos pressupostos tributários,
quando uma situação se acha ligada, pela diversidade dos seus elementos, a mais de uma ordem jurídica, essa disparidade
na definição de pressupostos tributários pode determinar, ou que mais de um Estado tribute tal situação ou que nenhum
tribute, quando, normalmente, sem essa bilateralidade de conexão, ela seria tributada. No primeiro caso, o conflito é
positivo, dele resultando uma duplicação de impostos; no segundo caso o conflito é negativo, e dá lugar a uma invasão
fiscal, nalguns casos provocada por Estados que, com o fim de atraírem pessoas ou capitais aos seus territórios, procuram
através das suas legislações criar os designados “paraísos fiscais”.

Também as duplas tributações e a evasão fiscal tributária, no plano internacional, têm sido evitadas, muitas vezes, à falta
de convenções, por medidas legislativas unilateralmente adotadas pelos Estados. Assim, por exemplo, a Lei 65/90, que
aprovou o Orçamento de Estado para 1991, autorizou o Governo, “até que sejam celebradas convenções para evitar a
dupla tributação, a estabelecer medidas unilaterais com essa finalidade relativamente aos rendimentos auferidos por
cooperantes e por sociedades com sede ou direção efetiva em Portugal e provenientes de países que foram colónias
portuguesas”.
FONTES DE DIREITO FISCAL

Princípios jurídicos fundamentais e costume constitucional

A expressão “fontes de Direito” admite diversos entendimentos, ou conteúdos. Um substancial respeita à origem e à razão
vinculativa das normas; outro formal, abrange os revestimentos pelos quais os preceitos jurídicos se revelam, são
enunciados, se apresentam aos seus destinatários. É neste sentido formal que a expressão vai aqui ser empregada.

A Constituição material, abrange necessariamente, os mais diversos sectores. Assim, não será concebível que o
direito á vida, o direito a constituir família, a não retroatividade da lei penal, o poder paternal, etc., não tenham relevância, e
ao nível das formas fundamentais, impondo-se ao legislador ordinário, se a Constituição escrita, por demasiado sucinta, ou
por qualquer outro motivo, não tiver enunciado tais princípios ou direitos. Não há dúvida que a difusão das “declarações de
direitos” e das regras fundamentais do chamado “Estado de Direito” vieram reforçar a orientação neo-jusnaturalista e dar
volume à ideia de uma Constituição material que se sobrepõe à Constituição formal. Esta sobreposição poderá mesmo
suscitar o problema de uma admissível inconstitucionalidade formal, por inobservância de alguma ou mais regras da
Constituição material.

Os princípios tributários fundamentais: nem sempre de ideia de costume constitucional permitirá o enquadramento de
princípios fundamentais, inclusivamente tributários, não enunciados pela Constituição no sistema jurídico. Porque pode
acontecer que alguns desses princípios nunca tenham sido incluídos em qualquer lei constitucional.

Admite-se que determinados princípios e normas de Direito Fiscal, pelo enraizamento na consciência dos povos, tenham
assento supra-constitucional, que se imponha ao legislador, sem excluir o próprio legislador constitucional. E, não
pretendendo embora qualquer enumeração taxativa em tal matéria, estariam nesse plano os citados princípios da legalidade
e da anualidade do imposto, da igualdade de tratamento na repartição dos encargos tributários e da capacidade contributiva
como base da incidência fiscal.

Lei Constitucional

A lei constitucional ocupa, compreensívelmente, lugar de particular relevo na hierarquia das fontes de Direito em geral. E no
campo do Direito Tributário, para além da sua função comum de supremacia relativamente à lei ordinária, tem ainda a
definir a zona reservada à lei em sentido formal, em obediência ao princípio da legalidade do imposto. Assim, na
Constituição, o princípio da legalidade do imposto, conjugado com o da anualidade, reflecte-se nos preceitos contidos nos
arts. 103º/2, 104º, 165º/1-i. Também poderá entender-se que o princípio da igualdade fiscal tem acolhimento na
Constituição, através do art. 13º e do art. 104º/1.

Lei ordinária formal

O princípio da legalidade não é exclusivo do Direito Fiscal, mas apresenta á face deste um significado mais rigoroso e
exigente. Com efeito, o princípio da legalidade desdobra-se em dois aspetos: o da preeminência da lei e o da reserva da lei.
Quanto à preeminência da lei, ele domina toda a ordem jurídica, se algum modo excluir o Direito Privado, não obstante o
princípio da autonomia da vontade. Em qualquer sector do Direito, só se pode agir validamente em subordinação à lei,
aceitando a sua preeminência. Mesmo quando as partes interessadas decidem, preferem, optam livremente, de harmonia
com a sua vontade, fazem-no na medida em que a lei ou o costume com relevância de lei assim o admite. Quanto à reserva
de lei, trata-se de um aspeto menos amplo e menos extenso; mas mesmo assim, atinge sectores do Direito Privado,
designadamente os institutos respeitantes ao estado e á capacidade das pessoas (art. 165º/1-a CRP). Este mesmo aspeto
de reserva de lei ganha particular relevo no campo do Direito Fiscal, porquanto os impostos só podem ser criados e
estruturados por lei. E trata-se de uma reserva de lei em sentido formal, posto que a lei criadora dos impostos deve provir
de um órgão com competência legislativa normal (arts. 103º, 165º/1-i CRP).

Decreto-lei

O Governo pode legislar, através de decretos-lei, sobre outras matérias tributárias, alheias àquela zona reservada. E
mesmo sobre as matérias pela Constituição reservadas à lei formal, poderá o Governo legislar, também através de
decretos-lei, na base de autorizações legislativas. Em tal caso, a Assembleia da República limita-se a “definir o objeto, o
sentido, a extensão e a duração da autorização”. Baseado nessa definição, já o Governo poderá criar o imposto na mesma
definição indicado, e formular as respetivas normas de incidência, incluindo as que fixem taxas e estabelecem benefícios
fiscais, assim como legislar sobre garantias dos contribuintes.

Regulamento

Relativamente às matérias reservadas á lei pelo art. 103º CRP, só parecem admissíveis regulamentos complementares, ou
de execução. Em tais matérias não serão admissíveis regulamentos autónomos, ou independentes. Poderá causar
estranheza a afirmação de que os regulamentos complementares contenham normas sobre matérias reservadas à lei pelo
art. 103º CRP. Mas assim acontece com frequência. É corrente que em decretos regulamentares se incluam normas de
incidência, se fixem taxas tributárias, se definam benefícios fiscais e garantias dos contribuintes.

Ordens internas da administração (despachos, instruções e circulares)

O carácter geral e abstrato dos chamados “despachos genéricos”, das instruções e circulares, emanados de diversas
entidades sobre matérias tributáveis, tem levado, por vezes, a considerar a questão de saber se tais “resoluções
meramente administrativas”, pois essa é a sua natureza, serão fontes de Direito Fiscal. Não parece que o sejam porquanto
a força vinculativa de tais diplomas se acha circunscrita a um sector da ordem administrativa. E essa mesma força
vinculativa resulta tão-somente da autoridade hierárquica dos agentes onde provêm, e dos deveres de acatamento dos
subordinados as quais se dirigem.

Costume

“Tacitus consensus populi longa cosutudine inveteratus” (prática reiterada e constante com convicção de
obrigatoriedade), há-de afirmar-se como fonte de Direito. Mas não parece que tal aconteça no campo tributário, onde as
normas não são criadas espontaneamente pelos destinatários. Não é o princípio da legalidade do imposto que leva a
afastar o costume daquele campo. Porquanto como se sabe, esse princípio domina apenas alguns aspetos da tributação,
especialmente o da incidência fiscal. Mesmo assim, é difícil admitir que outros aspetos, como o lançamento, o da liquidação
ou da cobrança, possam conformar-se com a disciplina de normas consuetudinárias.

Normas internacionais

À face do entendimento para o qual os destinatários das normas internacionais são os Estados e não os indivíduos, não
faria sentido a inclusão das normas internacionais entre as fontes de Direito Fiscal (arts. 15º/2 e 74º CIRS, evitar a dupla
tributação: (1) método da imputação; (2) método da não incidência; (3) método da isenção).

De harmonia com o art. 8º CRP, “as normas e os princípios de Direito Internacional Geral ou Comum fazem parte integrante
do Direito português”; e “as normas constantes de convenções internacionais regularmente ratificadas ou aprovadas
vigoram na ordem interna”, assim como, mesmo sem ratificação ou aprovação, as normas emanadas de organizações
internacionais de que Portugal faça parte e cujos tratados constitucionais vinculam, pois, diretamente os particulares; e
quanto às normas de carácter geral ou comum sem qualquer limitação ou resguardo, ao nível da legislação constitucional
portuguesa, e prevalecendo, por isso, sobre leis ordinárias do Direito Interno.

Entre essas normas internacionais contam-se algumas de natureza tributária, pelo que não poderá oferecer dúvidas, na
atualidade, a inclusão das normas internacionais entre as fontes de Direito Fiscal.

Jurisprudência e doutrina

Nem a jurisprudência nem a doutrina constituem fontes imediatas de Direito Fiscal, salvo, quanto à primeira. Os Tribunais,
normalmente, não criam normas jurídicas através das suas sentenças e dos seus acórdãos.

No entanto, a jurisprudência e a doutrina desempenham um papel do maior relevo como fontes mediatas de Direito Fiscal,
pela influência que exercem na evolução dos sistemas de Direito Positivo. E esta influência é ainda mais marcada no campo
do Direito Fiscal, por se tratar de um ramo de Direito que tem sofrido ultimamente e está sofrendo, grandes e profundas
alterações, as quais são muito frequentemente influenciadas pela opinião dos doutrinadores e pelas orientações
jurisprudenciais.

Categorias de normas fiscais

a) Normas de soberania fiscal: são as que definem o poder de tributar, separando a esfera patrimonial da comunidade
política e as esferas patrimoniais dos particulares, determinando até onde, dentro dos quais limites, podem desenvolver-se
as exigências do poder político quanto aos sacrifícios patrimoniais daqueles que se situam na sua esfera de domínio
político-económico. Os quadros dentro dos quais se situam os poderes tributários do Estado são delimitados por normas de
soberania fiscal.
b) Normas de incidência: definem o plano de incidência, ou seja, o complexo de pressupostos de cuja conjugação resulta o
nascimento da obrigação de imposto, assim como os elementos da mesma obrigação. Determinam quem é o sujeito ativo
da obrigação de imposto, quem são em abstrato, os sujeitos passivos da mesma obrigação, qual a matéria coletável, isto é,
a riqueza, os valores económicos sobre que recai a tributação, qual a taxa do imposto, quota ou percentagem, calculada
sobre aquela matéria coletável para efeitos de fixação da coleta, da prestação tributária a pagar e qual o facto dinamizante,
gerador que, reunindo, pondo em contacto, os pressupostos tributários, permitirá que nasça, se constitua, uma obrigação de
imposto.

c) Normas de lançamento: consiste no conjunto de atos e operações pelos quais os serviços fazendários, ou os
contribuintes, nos casos de auto-lançamento, determinam, em concreto, os elementos da obrigação de imposto.

d) Normas de liquidação: operações que consistem na aplicação da taxa de imposto à matéria coletável, para determinação
da coleta, do quantitativo da prestação tributária.

e) Normas de cobrança ou de pagamento: conforme a operação seja considerada do ponto de vista do fisco ou do
contribuinte, são todas aquelas que disciplinam a cobrança ou pagamento dos impostos.

f) Normas de organização de serviços: são nitidamente de índole administrativa, não se podendo razoavelmente atribuir-
lhes natureza diversa daquela que corresponde às normas de organização de outros quaisquer serviços do Estado.

g) Normas de fiscalização: entre estas à a distinguir duas espécies: umas respeitam à fiscalização dos serviços e essas são
nitidamente de natureza administrativa; outras respeitam à fiscalização dos contribuintes e de terceiros, que se julgue
disporem de elementos suscetíveis de possibilitar, ou facilitar, as operações fiscais orientadas para uma regular perceção
dos impostos.

h) Normas de sanção: destinam-se a penalizar os contribuintes e, por vezes, também terceiros, por atos cometidos
suscetíveis de comprometer as operações de lançamento, de liquidação ou de cobrança dos impostos, participam da
natureza das normas penais, ou seja, punitivas.

i) Normas de contencioso: as que se encontram no Código do Processo Tributário.


IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO SINGULAR (IRS)

Implicações para o sujeito passivo

Repercussão na empresa

Estrutura deste imposto

Determinação do rendimento colável

O IRS é o imposto que tributa o rendimento dos cidadãos, salvo algumas exceções previstas na lei.

Quanto às suas características, o IRS é:

 Direto: Incide imediatamente sobre o rendimento e é atribuído diretamente a uma pessoa (contribuinte).
 De base mundial: Aplica-se à totalidade dos rendimentos dos residentes em Portugal, independentemente do local
onde forem obtidos, e ainda sobre os não residentes pelos rendimentos obtidos em Portugal.
 Pessoal: Tem em conta a situação económica e social do contribuinte e do seu agregado familiar. Por exemplo, o
cálculo do imposto é afetado pelo estado civil, número de dependentes, património, grau de deficiência (se existir),
entre outros fatores.
 Periódico: Tem uma natureza anual, uma vez que incide sobre o valor dos rendimentos obtidos entre 1 de janeiro
e 31 de dezembro, depois de efetuadas as correspondentes deduções e abatimentos.
 Declarativo: É determinado com base nas informações que constam na declaração de rendimentos –
tecnicamente designada por Declaração Modelo 3 – que cada contribuinte tem o dever de entregar anualmente.
 Progressivo (por escalões): Quanto mais elevado o escalão de rendimento sujeito a imposto, maior a taxa, mas só
até um determinado nível (como mostra a tabela indicada no destaque “Como se calcula o imposto”). Ou seja,
quem ganha mais, paga uma taxa de imposto superior.

Sujeitos passivos

São sujeitos passivos de IRS todas as pessoas singulares que aufiram rendimentos em território português.

Se tais pessoas forem residentes em Portugal, este imposto incidirá sobre a totalidade dos rendimentos que obtenham, não
só em território nacional, como também no estrangeiro.

Contudo, se aquelas não puderem ser qualificadas de residentes fiscais, então o imposto apenas deverá incidir sobre os
rendimentos que sejam obtidos aqui.
Residentes e não residentes

Consideram-se residentes fiscais em Portugal:

- as pessoas que tenham permanecido em determinado ano civil, em território nacional, mais de 183 dias seguidos ou
intercalados;
- as pessoas que, embora não permanecendo esse período de tempo, à data de 31 de Dezembro, disponham de
habitação que se destine a residência habitual (o que, claramente, não abrange as residências de férias).

Presumem-se, ainda, residentes fiscais:


- os que, em 31 de Dezembro, sejam tripulantes de navios e aeronaves, desde que estejam ao serviço de entidades
com sede em Portugal;
- os que desempenhem no estrangeiro funções ou comissões de carácter público, ao serviço do Estado Português;
- as pessoas que constituam o agregado familiar, desde que aqui resida qualquer das pessoas a quem incumbe a
direção do mesmo.
- as pessoas de nacionalidade portuguesa que deslocalizem a sua residência fiscal para país, território ou região,
sujeito a uma regime claramente mais favorável, constante da “lista de paraísos fiscais”, no ano em que se verifique aquela
mudança e nos quatro anos subsequentes, salvo se o interessado provar que a mudança se deve a razões atendíveis,
designadamente exercício naquele território de atividade temporária por conta de entidade patronal domiciliada em território
português.

Exemplo:

O Sr. António Pimenta encontra-se a trabalhar em França. A sua esposa e os filhos encontram-se, contudo, a residir em
Portugal. Assim, também o Sr. António Pimenta, apesar de aqui não ter permanecido, no ano de 2003, 183 dias, nem aqui
auferir quaisquer rendimentos, será considerado como residente fiscal neste país, devendo pagar IRS pelos rendimentos
obtidos em França.

A qualificação de um determinado sujeito como residente simultaneamente em Portugal e noutro país pode, assim,
determinar uma dupla tributação de determinados rendimentos, que poderá ser eliminada através de uma CONVENÇÃO
PARA EVITAR A DUPLA TRIBUTAÇÃO.

Exemplo:
O Sr. John Green, residente fiscal na Austrália, é um escritor com expressão mundial que vendeu vários livros, no ano 2003,
em Portugal. No âmbito do contrato que aquele estabeleceu com a sua editora portuguesa, recebeu direitos de autor de
elevado montante. Sendo não residente, o Sr. John Green deverá ser tributado em Portugal pelo montante que auferiu a
esse título. Nesses termos, a entidade pagadora (i.e., a editora) deverá, no momento do pagamento, reter, a título definitivo,
imposto à taxa de 15%.
A Lei da Reforma Fiscal veio, ainda, introduzir o conceito de residente fiscal em Região Autónoma (Açores ou Madeira). Nos
termos dessa lei, considera-se residente fiscal numa Região Autónoma a pessoa residente em território português quando
permaneça no território regional por mais de 183 dias, nele se situe a sua residência habitual e aí esteja registado para
efeitos fiscais.

Tal conceito surge na sequência do facto de os residentes fiscais nas Regiões Autónomas gozarem de alguns benefícios
em sede de IRS -maxime redução das taxas gerais de imposto e taxas de retenção na fonte sobre rendimentos da categoria
A (trabalho dependente) e H (pensões).

Dependentes

Existindo agregado familiar, o imposto é devido pelo conjunto dos rendimentos das pessoas que o constituem. Torna-se,
assim, importante saber quem o integra, não só para saber quais os rendimentos que devem ser incluídos na declaração do
agregado, como para saber quais as despesas que poderão ser deduzidas a tais rendimentos.

Ora, integram o agregado familiar não só os cônjuges, os unidos de facto (que assim o pretendam), pais ou mães ou
adotantes solteiros, mas também os dependentes.
Serão considerados dependentes:
- os descendentes ou equiparados menores de 16 anos;
- os descendentes maiores de 16 anos e menores de 18, que aufiram rendimentos cuja administração lhes pertença na
totalidade, quando apesar disso os rendimentos assim auferidos sejam inferiores ao salário mínimo nacional.

Note-se que:
- os menores emancipados integram sempre o agregado familiar resultante do casamento;
- os descendentes ou equiparados, maiores civil ou fiscalmente, que não tendo mais de 25 anos, nem auferindo
anualmente rendimentos superiores ao salário mínimo nacional, tenham frequentado no ano a que o imposto respeita o
11.º ou o 12.º anos de escolaridade, estabelecimento de ensino médio ou superior ou cumprido serviço militar obrigatório
ou serviço cívico, podem optar entre tributação autónoma ou integração no agregado familiar.
- Os menores sob tutela só podem integrar o agregado familiar do tutor se não auferirem rendimentos.

Refira-se que, tal como foi expressamente explicitado na Lei da Reforma Fiscal, as pessoas que vivam em união de facto há
mais de 2 anos (“com estatuto jurídico reconhecido em lei geral”) podem optar pelo regime de tributação conjunta,
preenchendo e assinando a mesma declaração de IRS.
Rendimentos sujeitos a IRS

O IRS incide sobre praticamente todos os rendimentos, mesmo quando estes provêm de atos ilícitos, como sublinha o artigo
1.º do Código do IRS. Ao todo, são seis as categorias de rendimentos sujeitas a este imposto:

Categoria A

Nesta categoria estão incluídos os rendimentos do trabalho dependente, como vencimentos, gratificações, percentagens,
comissões, participações, subsídios ou prémios, indemnizações, etc.

Categoria B

Fazem parte desta categoria os rendimentos empresariais e profissionais. Em causa estão rendimentos gerados pelo
exercício de qualquer atividade comercial, industrial, agrícola, silvícola ou pecuária. Entre outros rendimentos, integram-se
nesta categoria as importâncias obtidas no exercício, por conta própria, de qualquer atividade de prestação de serviços,
incluindo as de carácter científico, artístico ou técnico, independentemente da sua natureza.

Categoria E

Engloba os rendimentos de capitais, incluindo juros de depósitos à ordem ou a prazo e dividendos.

Categoria F

Consideram-se rendimentos prediais as rendas dos prédios rústicos, urbanos e mistos. Esta categoria abrange ainda os
rendimentos provenientes da exploração de alojamento local, desde que esta não esteja afeta a uma atividade empresarial.

Categoria G

Aqui enquadram-se os incrementos patrimoniais que não são considerados nas restantes categorias de rendimentos. São
eles: mais-valias, indemnizações por danos emergentes não comprovados e por lucros cessantes e indemnizações por
danos morais. Consideram-se ainda incrementos patrimoniais as importâncias atribuídas em virtude da assunção de
obrigações de não concorrência e acréscimos patrimoniais não justificados.

Categoria H

É constituída pelos rendimentos provenientes de pensões de aposentação ou de reforma, velhice, invalidez ou


sobrevivência e ainda de alimentos. Estão igualmente incluídos na categoria H as prestações pagas por companhias de
seguros, fundos de pensões, ou outras entidades, no âmbito de regimes complementares de Segurança Social, em razão
de contribuições da entidade patronal e que não sejam consideradas rendimentos do trabalho dependente.
Nota

O IRS não incide sobre a totalidade dos rendimentos recebidos. O Código do IRS prevê, basicamente, dois tipos de
descontos: deduções ao rendimento e deduções à coleta (imposto a pagar).

Rendimentos não sujeitos a IRS

Há alguns rendimentos que estão livres de IRS. Isso acontece porque são tributados em sede de outros impostos ou por
razões de política fiscal. Entre os rendimentos não sujeitos a este imposto estão:

 Salários e pensões inferiores a 8 500 euros


 Subsídio de desemprego
 Baixa médica
 Abono de família
 Prémios em jogos sociais
 Prémios literários, artísticos e científicos
 Prémios e bolsas atribuídos a praticantes de desportos de alta competição
 Subsídio de alimentação e ajudas de custo até determinados valores
 Indemnizações devidas em consequência de lesão corporal, doença ou morte

Como se calcula o imposto

De uma forma simplificada, para calcular o IRS devem seguir-se os seguintes passos:

1. Somar os rendimentos brutos (antes das retenções na fonte e dos descontos para a Segurança Social) obtidos no
ano anterior.
2. Subtrair ao rendimento bruto total as deduções específicas. Obtém-se, assim, o rendimento coletável.
Nota: Cada categoria de rendimentos tem associadas determinadas deduções específicas, que correspondem aos
custos necessários à obtenção do rendimento.
3. Dividir o rendimento coletável pelo quociente familiar. É o resultado desta divisão – o rendimento coletável
corrigido – que vai definir a taxa de imposto aplicável. Para saber a taxa, basta consultar a tabela das taxas gerais
doIRS.
Nota: Os contribuintes não casados e os casais tributados separadamente devem dividir o seu rendimento
coletável por 1 e os casais tributados em conjunto por 2.
4. Multiplicar a taxa de imposto pelo rendimento coletável corrigido e subtrair ao resultado da multiplicação a parcela
a abater correspondente à taxa. Esta é a forma mais simples de aplicar a taxa. Para utilizar este método é
necessário consultar a tabela prática do IRS do ano a que diz respeito o imposto. As Finanças não disponibilizam
esta tabela no seu site, mas é possível encontrá-la, sem grande esforço, na Internet. Para o IRS de 2017, a
entregar em 2018, a tabela prática do IRS é a seguinte:
Rendimento coletável Taxa Parcela a abater

Até 7 091€ 14,5% 0,00€

De mais de 7 091€ até 20 261€ 28,5% 992,74€

De mais de 20 261€ até 40 522€ 37,0% 2 714,93€

De mais de 40 522€ até 80 640€ 45,0% 5 956,69€

Superior a 80 640€ 48,0% 8 375,89€

5. Multiplicar o resultado anterior pelo quociente familiar. O resultado é a coleta.


6. Abater à coleta as deduções previstas no Código do IRS e os adiantamentos de imposto (retenções na fonte de
IRS e sobretaxa e pagamentos por conta, por exemplo).
7. Se o resultado for positivo, significa que ainda há imposto a pagar. Pelo contrário, se for negativo, quer dizer que
há direito a reembolso.
IMPOSTO DE SELO

O Imposto de Selo é, como o nome indica, um imposto com incidência sobre alguns atos e contratos. Assim, é cobrado um
valor ou aplicada uma taxa ao valor do contrato ou ato efetuado, mas o Imposto de Selo é aplicado a cada vez menos
situações.

O Imposto de Selo é devido à execução de certos atos previstos pela Tabela Geral anexa ao Código do Imposto de Selo
que prevê a realização, em Portugal, de atos, negócios jurídicos, emissão de documentos, títulos, livros, papeis, entre
muitos outos.

De salientar que o Imposto de Selo não acumula com o IVA e, portanto, todos os atos que paguem IVA não pagam Imposto
de Selo.

Apenas e só em Portugal?

Existem alguns atos que estão sujeitos a Imposto de Selo mesmo quando se realizem fora de Portugal. Nomeadamente:
- Documentos, atos e/ou contratos apresentados em Portugal para efeitos legais

- Operações de crédito e garantias de empresas e/ou entidades sedeadas no estrangeiro a empresas com sede em
território nacional
- Juros e comissões cobradas a empresas sedeadas fora de Portugal ou a filiais/ sucursais de empresas estrangeiras
sedeadas em território nacional
- Seguros contratados a empresas fora de Portugal, sobre riscos em Portugal

Taxas de Imposto de Selo

As taxas a aplicar a cada ato sujeito a Imposto de Selo contam da Tabela anexa ao Código do Imposto de Selo.
Os valores a pagar pelo Imposto de Selo podem ser consultados no Portal das Finanças.

OBS: Sempre que um mesmo ato ou documento esteja sujeito ao pagamento de Imposto de Selo, apenas será cobrado o
valor mais alto.

Isenções de Imposto de Selo

Estão isentas de Imposto de Selo os seguintes atos:

- Prémios de resseguro efetuados por empresas instaladas em território nacional


- Prémios e comissões de seguros de vida
- Garantias referentes a operações realizadas, registadas ou liquidadas por uma entidade gestora de mercados
regulamentados
- Juros cobrados e utilização de crédito concedido por empresas de crédito, sociedades de capital de risco, sociedades
financeiras localizadas na União Europeia
- Comissões cobradas por entidades de crédito a outras entidades de crédito ou capital de risco sedeadas na União
Europeia
- Operações financeiras com prazo igual ou inferior a 1 ano
- Empréstimos para suprimentos
- Reporte de valores mobiliários realizados em bolsa
- Atos, contratos e operações cujos destinatários/intervenientes sejam o Banco Europeu ou instituições comunitárias
- Jogos organizados por IPSS

Pagamento
O pagamento do Imposto de Selo é feito através de modelo oficial de cobrança e é feito por quem tenha interesse
económico na operação realizada. Se o interesse for partilhado várias entidades, o valor a pagar deve ser repartido por
estas.
CONTRIBUIÇÃO PARA A SEGURANÇA SOCIAL

Pagamento das Contribuições

A sigla TSU é a abreviatura de Taxa Social Única, e trata-se de uma medida contributiva que todas as entidades patronais
pagam relativamente ao salário mensal de cada um dos seus funcionários.

Os empregadores são responsáveis pelo pagamento das contribuições à segurança social, de todos os trabalhadores
contratados ao seu serviço. Esta contribuição é obrigatória e é calculada pela aplicação da taxa contributiva global
sobre as remunerações reais, consideradas base de incidência. A base de incidência convencional é fixada por
referência ao valor do IAS - indexante dos apoios sociais, sendo atualizada a partir do 1º dia do mês seguinte ao da
publicação do diploma que atualiza o IAS.

Entrega da Declaração de Rendimentos

Compete à entidade empregadora entregar todos os meses à segurança social a declaração de


remunerações (DR), onde, relativamente a cada trabalhador ao seu serviço, tem de indicar o valor da
remuneração que está sujeita a descontos, os tempos de trabalho e a taxa contributiva aplicável.
Para isso, as empresas têm que estar inscritas no sistema da segurança social como entidades
empregadoras (com trabalhadores a cargo ou com membros de órgãos estatutários remunerados).

Taxas contributivas para a Segurança Social

É importante salientar, que o principal objetivo da TSU é suportar o sistema da Segurança Social, garantindo desta forma
que no futuro continuam a haver as condições necessárias para o pagamento das pensões e dos subsídios de desemprego.
Salientamos ainda que a TSU tem uma percentagem fixa (em 2016 era de 23,75%) de acordo com o vencimento mensal
auferido por cada trabalhador.

Valor da TSU em 2017

Contrariamente ao que se falou no início de 2017, a TSU não vai descer este ano para os 22,5% como forma de apoiar as
empresas tendo em conta o aumento do salário mínimo nacional, que passou para os 557€. Depois de diversas análises
por parte do Governo Português, a TSU vai-se manter nos 23,75% em 2017.

No entanto, de forma a beneficiar as empresas, vai haver uma descida no PEC (Pagamento Especial por Conta), que não
estava até agora previsto.

Desta forma, o valor da TSU é o seguinte:


Taxa Social Única 2017 2016 2015
Para o trabalhador 11% 11% 11%
Sobre as empresas 23,75% 23% 23,75%

Assim sendo, com a manutenção da TSU em 2017, as empresas este ano, irão pagar mais 6,4€ por cada trabalhador que
aufira mensalmente o ordenado mínimo nacional.

Para muitas empresas, este aumento pode acabar por ser insustentável, principalmente se a mesma já estiver com
bastante dificuldade no pagamento das suas contas.

A legislação fiscal prevê algumas situações de isenção e redução à taxa social única

Isenções

Empresas que cumpram requisitos específicos podem beneficiar de isenção à TSU. O principal objetivo da atribuição destas
isenções é o incentivo à criação de emprego e a manutenção de postos de trabalho.

Desta forma, as empresas que contratarem desempregados de longa duração, ou jovens à procura do seu primeiro
emprego, poderão ficar isentas de pagar a TSU relativamente a esses trabalhadores durante um período que pode chegar
até aos 36 meses. Contudo, note-se que os referidos trabalhadores não ficam isentos de pagar a Taxa Social Única a seu
cargo.

Reduções

As entidades empregadoras podem beneficiar da redução da taxa contributiva caso contratem trabalhadores com
deficiência ou presos que se encontrem em regime aberto.

Outras situações que podem motivar a redução da taxa contributiva incluem a permanência de trabalhadores com pelo
menos 65 anos de idade no mercado laboral, acumulação da atividade profissional por parte de pensionistas de velhice e
invalidez ou celebração de acordos de pré-reforma.
Como requerer a redução da Taxa Social Única

Quando se trata de uma contratação de trabalhadores com deficiência ou de pessoas que estejam em regime de prisão
aberta, a redução da TSU pode ser solicitada da seguinte forma:

 entrega do requerimento de redução da taxa contributiva (Mod.GTE1-DGSS), ao balcão da Segurança Social da


área geográfica onde se localiza a sede da empresa

 através do serviço Segurança Social Direta.

Este requerimento, bem como toda a documentação afeta ao processo têm de ser entregues pela empresa, no mês
posterior ao qual o processo (contrato de trabalho) deu entrada na Segurança Social. Caso a entrega seja feita mais tarde,
só poderá beneficiar da redução da TSU a partir do mês em que o processo deu entrada.

Pode solicitar o requerimento no site da Segurança Social Direta (separador formulários), ou caso seja mais conveniente,
pode solicita-lo num serviço de atendimento da Segurança Social.
CONCLUSÃO

Em suma, O direito fiscal é o segmento do direito financeiro que define como serão cobrados dos cidadãos ( Contribuinte) os
tributos e outras obrigações a ele relacionadas [1], para gerar receita para o Estado (Fisco). Tem como contraparte o direito
fiscal ou orçamentário, que é o conjunto de normas jurídicas destinadas à regulamentação do financiamento das atividades
do Estado. Direito tributário e direito fiscal estão ligados, por meio do direito financeiro, ao direito público.

A disciplina se ocupa das relações jurídicas entre o Estado e as pessoas de direito privado, concernentes à instituição,
imposição, escrituração, fiscalização e arrecadação dos impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos
compulsórios e contribuições especiais.

Para atingir sua finalidade de promover o bem comum, o Estado exerce funções para cujo custeio é preciso de recursos
financeiros ou receitas. As receitas do Estado provêm de atividades econômico-privadas dos entes públicos, de monopólios,
de empréstimos, e principalmente da imposição tributária (fiscal, parafiscal e extrafiscal).

O direito de tributar do Estado decorre do seu poder de império pelo qual pode fazer "derivar" para seus cofres uma parcela
do patrimônio das pessoas sujeitas à sua jurisdição e que são chamadas "receitas derivadas" ou tributos, divididos em
impostos, taxas e contribuições.

O direito tributário cria e disciplina assim relações jurídicas entre o Estado na sua qualidade de fisco e as pessoas que
juridicamente estão a ele sujeitas e se denominam contribuintes ou responsáveis. Se para obter esses meios o fisco
efetuasse arrecadações arbitrárias junto às pessoas, escolhidas ao acaso, não se poderia falar de um direito tributário.

A característica de uma imposição sob os princípios do Estado de Direito está exatamente na disciplina da relação tributária
por meio da norma jurídica. A lei outorga ao Estado a pretensão ou direito de exigir de quem está submetido à norma, uma
prestação pecuniária que chamamos de tributo, que é resultante do poder de tributar. O direito tributário é assim um direito
de levantamento pecuniário entre os jurisdicionados, porém disciplinado sobre a base dos princípios do Estado de Direito.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Infopedia - https://www.infopedia.pt/$direito-fiscal
Jornal de Negócios - http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/media/tdt/detalhe/quem_sao_sujeitos_passivos_de_irs
Saldo Positivo - http://saldopositivo.cgd.pt/o-que-e-e-como-se-calcula-o-rendimento-coletavel/
Forma-te - https://www.forma-te.com/mediateca/viewdownload/66-gestao-economia-financas/31675-manual-leg-fiscal
Montepio - https://www.montepio.org/ei/pessoal/impostos/guia-para-descodificar-o-irs/

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