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https://info.portaldasfinancas.gov.pt/pt/informacao_fiscal/codigos_tributarios/Pages/default-
com-pdf.aspx
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Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra Samantha Melo
Direito Fiscal I 2020/2021
18/03/2021
O Dr. Manuel Teixeira da Vaz tem uma visão dicotómica do direito tributário, ou seja, para ele
as receitas coativas ou são impostos ou são taxas. Nós iremos estudar então o direito dos
impostos, o que não significa que o direito das taxas não seja importante.
A distinção entre taxa e imposto faz-se com recurso a critérios materiais ou substanciais, assim,
o que distingue uma taxa de um imposto não é o nome que tem na lei, mas a natureza
substantiva ou material que se lhe reconheça. Assim, para percebermos o direito fiscal temos
de saber distinguir taxa de imposto, interessando-nos o direito dos impostos.
O direito fiscal tem grande importância, pois atualmente o estado português é um estado fiscal,
tendo como suporte financeiro absolutamente determinante as receitas fiscais, receitas que
tem origem nos impostos, tonando-se o imposto num instrumento económico da máxima
importância.
Nós olhamos para o estado atual social, como garante de serviços públicos ou sociais, sendo
importante ter noção que o estado social é um estado de despesa pública, pois onde há uma
despesa tem de haver uma receita. É importante então perceber que o Estado fiscal é o outro
lado da moeda do Estado Social, pois não há estado social sem estado fiscal, acabando os
imposto por serem a face oculta dos direitos fundamentais, que têm custos, suportados pelos
impostos. Os impostos são o preço que todos tem de pagar par termos um estado civilizado,
sendo o estado fiscal o instrumento de realização do estado social- “O dever fundamental de
pagar impostos”.
O estado pode recorrer aos empréstimos, mas isso tem um problema, pois o empréstimos
servem para prestar serviços sociais à geração atual, mas serão pagos durante 20/30 anos,
recaindo o seu ónus sobre a geração futura, acarretando um problema de ética política, que é
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financiar uma geração enquanto se sobrecarrega outra. Isto não acontece com o imposto, que
é cobrado aos contribuintes atuais.
Assim, sempre que o estado equaciona auxiliar um empresa privada, ele tem de entrar em
amplíssima articulação com a DGCOM, que é uma direção geral da Comissão Europeia, que
existe para controlar essas ajudas de Estado (que só pode ser uma por privado). Isto é assim
porque a lógica de mercado prossupõe uma logica privada, não pública. Os impostos são a
garantia que o Estado terá receitas sem necessidade de interferir na atividade produtiva.
Se pusermos todos os impostos diretos e indiretos (p.e. IVA) dentro do mesmo saco, sem contar
com as taxas, trabalhamos em média até setembro para pagar impostos, e a partir daí retiramos
rendimento (freedom day).
Os impostos estão em todo lado, sendo os mais perigosos aqueles que estão camuflados, os
impostos indiretos, que são, atualmente, os impostos socialmente mais injustos, pois são
insensíveis, cegos, cobrados de igual forma a todos, independentemente da sua situação
financeira, não sendo sensível a concreta situação pessoal e familiar de cada contribuinte (p.e.
colocar a mesma quantidade de gasolina exige o mesmo imposto para uma pessoa rica e para
uma pessoa pobre). Já os mais justos são os impostos diretos (p.e. IRS, que tributa as pessoas
de acordo com a sua situação).
Com um governo mais a esquerda, pensou-se que se iria apostar nos impostos diretos e menos
nos indiretos, e acabou por acontecer o contrário, apostando-se mais nos impostos indiretos, o
que tem uma razão de ser, que é o facto dos impostos indiretos estarem camuflados, não
havendo uma perceção clara destes.
• É uma prestação porque o imposto integra uma relação de natureza obrigacional, entre um
sujeito ativo, o credor, e um sujeito passivo, o devedor ou contribuinte, havendo um crédito
e um débito.
Nota: existem alguns impostos PROTER REM, que perseguem uma coisa, p.e. o IMI (imposto
municipal sobre imóveis) persegue o imóvel enquanto ele existir. Mas não é por isso que o
imposto é um direito real. Um imposto é sempre algo que intercede entre um sujeito ativo
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e o sujeito passivo, que será o proprietário do imóvel em causa. O imposto segue a coisa,
mas a relação de crédito intercede sempre entre dois sujeitos, não sendo o imposto um
direito real.
• É Pecuniária (a prestação) pois se traduz numa soma pecuniária. As prestações podem ser
de:
FACERE- Fazer alguma coisa
NON FACERE- De não fazer alguma coisa
PATI- De suportar alguma coisa
DARE- De dar alguma coisa. Neste caso, como se trata de uma prestação pecuniária,
traduz-se numa soma em dinheiro: DARE PECUNIA
• É unilateral- Ao pagamento do imposto não corresponde qualquer dever do lado do credor
de efetuar, perante o contribuinte em causa, uma prestação específica. Ou seja, um imposto
não tem como pressuposto a realização de uma contraprestação individualizada a favor do
contribuinte. Isto é central na definição de imposto pois isto distingue o imposta das taxas,
que são contributos coativos bilaterais.
Do ponto de vista político, os impostos servem para a construção do Estado social, que
beneficia todos em comunidade e todos individualmente, podendo dizer-se que o imposto
tem como a contrapartida a construção do estado social- mais museus, ginásios desportivos,
escolas, hospitais…
Contudo, do ponto de vista jurídico, não há nenhum dever de o credor realizar uma
contraprestação específica a favor do contribuinte. Isto é central na definição de imposto
pois isto distingue o imposta das taxas, que são contributos coativos bilaterais- os impostos
são coativos unilaterais art. 4º/1 da Lei Geral Tributária.
Art. 4º/1- “Os impostos assentam essencialmente na capacidade contributiva, revelada nos
termos da lei, através do rendimento ou da sua utilização e do património”.
Aqui está uma das maiores injustiças do sistema fiscal: O IMI é um imposto que existe desde a
idade medieval, havendo antes uma justificação para a sua existência, pois a riqueza estava
associada à detenção de imóveis. Atualmente a riqueza já não está bem na propriedade
mobiliária, revelando-se antes no património mobiliário- joias, quadros, esculturas. Contudo, o
facto de haver bens mobiliários que não estão sujeitos a registo, torna difícil o seu tributo, ao
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contrário do património imobiliário, que por necessitar de registo, tem uma fácil tributação, o
que torna a tributação do património injusta.
Art. 4º/2 “As taxas (1) assentam na prestação concreta de um serviço público, na (2) utilização
de um bem do domínio público, ou na (3) remoção de um obstáculo jurídico ao comportamento
dos particulares”
Assim, temos 3 atividades públicas especificamente dirigidas aos contribuintes: Paga a taxa
porque tem acesso concreto a um serviço público; porque utiliza um bem de domínio público
ou porque lhe é removido um obstáculo ao seu comportamento.
Exemplo de:
(1) taxas que assentam na prestação concreta de um serviço público: as taxas moderadoras- as
pessoas pagam esta taxa, mas, por causa disso, têm acesso a prestação concreta de um
serviço público; as propinas.
(2) taxas que assentam na utilização de um bem de domínio público: taxas de portagem- as
pessoas querem usar um bem público que é mais valioso, cómodo, rápido e seguro, pagam
uma taxa para isso. (2.1) e da utilização privativa de um domínio público: se alguém quer ter
uma esplanada ou uma carrinha de cachorros quentes paga uma taxa para isso.
As licenças. Há comportamentos dos particulares que são sempre proibidos, p.e. matar, pois são
sempre nocivos. E há comportamentos que são sempre permitidos, como passear na via pública,
ir à praia. Contudo, há outros comportamentos que podem ser considerados relativamente
perigosos, para o próprio indivíduo ou para terceiros, sendo relativamente proibidos ou
administrativamente condicionados, ou seja, o com o comportamento apenas será permitido
caso a caso, se porventura houver uma autorização da administração para tal, sendo a
autorização administrativa o ato que remove o obstáculo jurídico. P.e. conduzir carros, sendo
necessário termos uma carta de condução; advogas, sendo necessário uma cédula da ordem dos
advogados; São comportamentos abstratamente nocivos, que exigem uma intervenção
administrativa ad hoc, ou seja, se a autorização for dada, o obstáculo é removido, sendo cobrado
para tal uma taxa, que terá como contraprestação a licença, que remove o obstáculo jurídico.
A diferença entre taxa ou imposto não está só no nome com que o tributo é cunhado. Existem
impostos que se chamam taxas, assim como taxas que são qualificadas como impostos (o que é
mais raro). O imposto tem um nome com uma carga negativa maior, sendo precisamente por
isso que os Estados e os Municípios criam taxas, mas que materialmente são impostos, porque
não têm nenhuma contraprestação específica. - Importante para os casos práticos, onde será
perguntado se determinado tributo é taxa ou imposto.
Art. 4º/3- “As contribuições especiais assentam na obtenção pelo sujeito passivo de benefícios
ou aumentos de valor dos seus bens, em resultado de obras públicas ou da criação ou ampliação
de serviços públicos”.
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• Coativa- Tem por fonte direta a lei, sendo irrelevante a vontade do sujeito para a produção
dos efeitos jurídicos fiscais- quando se diz que a vontade, no quadro fiscal, é irrelevante, não
significa que as atividades em causa não sejam o produto da vontade do sujeito. O ponto é
que, para a produção dos efeitos fiscais, para nascer a obrigação de imposto, a vontade do
sujeito é irrelevante, bastando que um certo facto se subsuma numa determinada norma
impositiva fiscal. Ipsa vi legis/ex legis- só por força da lei. Já num domínio diferente do direito
fiscal, nos efeitos dos negócios jurídicos só se produzem se estiverem de acordo com a
vontade do sujeito, sendo aqui a vontade determinante.
iii. Teleológica (qual a finalidade do imposto) - O imposto pode ter dois tipos de finalidade,
não podendo nunca, num caso ou no outro, ter uma finalidade sancionatória:
• Finalidade iminentemente fiscal ou financeira- tem como principal objetivo a
arrecadação/obtenção de receitas e são impostos não intensionalmente influenciadores da
economia;
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Ex: Em Portugal, todos pagamos 25% sobre juros dos depósitos à ordem. Esta taxa é igual para
todos e proporcional, sendo injusta, pois uma pessoa rica irá pagar os mesmo 25% de juros que
uma pessoa pobre. Esta norma não tem a intenção de influenciar o meu comportamento. Mas,
se uma empresa souber que em Espanha os juros sã menores, provavelmente irá querer abrir
uma conta em Espanha, sendo o seu comportamento económico influenciado, mesmo sem
haver intenção para tal (Taxas deliberatórias sobre os juros bancários-injustas).
Ex: As normas fiscais sobre o desagravamento fiscal em matéria de carros elétricos- Influencia
as pessoas a comprarem carros elétricos; Normas que agravam o consumo do tabaco, de forma
a influenciar a que as pessoas fumem menos.
25/03/2021
Notas:
i. A maioria dos impostos têm uma taxa em função da qual se calcula o montante de imposto
a pagar, p.e. 10%. Por isso, não confundir a taxa enquanto elemento do imposto e a taxa
enquanto figura tributária;
ii. LGT = Lei Geral Tributária;
iii. Em direito fiscal, liquidação não significa pagar uma coisa (p.e. liquidar dívidas). Significa
antes o ato tributário por excelência- ato que faz a determinação imperativa e autoritária
do montante de imposto a pagar por uma determinada pessoa relativamente à um
determinado imposto.
2) Espécies de Impostos-
1. Impostos periódicos e impostos de obrigação única-
• Impostos Periódicos- Assentam num facto periódico duradouro e a liquidação é
efetuada periodicamente. Ex: IMI; IRS; IRC
• Imposto de obrigação única- Assentam num facto tributário isolado, mesmo quando
são recorrentes ou repetidos
Ex: o IVA, do ponto de vista jurídico, é um imposto de obrigação única porque incide sobre cada
transmissão de bens ou sobre cada prestação de serviços, nascendo sempre que ocorre o facto
tributário (ao contrário do IRS, que não incide sobre cada rendimento que se recebe
mensalmente. Antes, é um imposto que vai de 1 de janeiro até 31 de dezembro do mesmo ano,
visando tributar globalmente os rendimentos que se aferiram nesse facto tributário duradouro-
período de 1 ano). Já o seu apuramento e pagamento obedece à uma periodicidade, sendo
trimestral, ou seja, o fornecedor do bem ou o fornecedor do serviço paga o IVA trimestralmente
Relevo prático: Esta distinção tem uma importância teórica e prática para efeitos do regime da
caducidade e da prescrição das dívidas tributárias, pois o prazo se conta de maneira diferente:
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▪ art. 45º LGT (caducidade do direito à liquidação) – “o direito de liquidar os tributos caduca
se a liquidação não for validamente notificada ao contribuinte no prazo de 4 anos ou quando
a lei não fixar outro” - prazo de que a AT dispõe para tornar certa, líquida e exigível a
obrigação de imposto.
Art. 45º/4-
o “O prazo de caducidade conta-se nos impostos periódicos a partir do termo do ano em que
se verificou o facto tributário”.
P.e. no IRS os 4 anos contam-se a partir do momento em que se conclui um determinado ano
civil, ou seja, a liquidação do IRS de 2016 deve acontecer nos 4 anos subsequentes a 2016 (ou
em 2017; 2018; 2019 ou 2020, podendo ocorrer até 31 de dezembro de 2020).
o Nos impostos de obrigação única, o prazo da caducidade conta-se “a partir da data em que
o facto tributário ocorreu (como incidem num específico/isolado ato tributário, é a partir da
data em que este facto se verificou) (…)”.
P.e. Se um stand vende um carro no dia 14 de janeiro, é nesse momento que se verificou o facto
tributário, a transmissão de um bem, sendo a partir deste dia que se contam os 4 anos.
▪ art. 48º LGT (prescrição da prestação/dívida tributária) - Aqui já não falamos da caducidade
do direito de liquidar o imposto (art. 45º), mas na prescrição da dívida tributária, ou seja, há
um débito fiscal que onera alguém, e esse débito/dívida prescreve nos termos do art. 48º-
prazo que a AT tem para promover a cobrança coerciva das dívidas fiscais.
o “As dívidas tributárias prescrevem, salvo o disposto em lei especial, no prazo de oito anos
contados, nos impostos periódicos, a partir do termo do ano em que se verificou o facto
tributário”
o “E nos impostos de obrigação única, a partir da data em que o facto tributário ocorreu”.
Ex: O IMT (imposto municipal sobre transmissão onerosa de imóveis) - tem sempre em
consideração o valor do imóvel transmitido, atendendo a essa manifestação de capacidade
tributiva. Contudo, não toma em consideração nenhum outro aspeto em relação ao
contribuinte. Assim, o comprador do imóvel (que tem o dever de pagar o IMT) pode estar a
comprar um imóvel de 40 mil euros e ter mais 15 milhões de euros no banco ou pode tratar-se
de uma pessoa que comprou o imóvel e não tem mais dinheiro nenhum, pois isto é indiferente
para este imposto, já que tem em consideração apenas o valor objetivo do prédio em causa, não
atendendo a outros aspetos da vida do contribuinte em causa.
Ex: O IRS- (imposto pessoal por excelência tutelado no código do IRS- CIRS) é um imposto pessoal
porque:
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Notas:
i. Dizer que o IRS é um imposto pessoal não quer dizer que não haja momentos de realidade
neste imposto, ou seja, não quer dizer que haja algumas regras que obedecem ao regime de
tributação real.
Impostos pessoais com regras de tributação real (art. 71º/4 CIRS) - é como se fosse um imposto
proporcional e real (ver 17º-A CIRS).
Ex: Taxas deliberatórias (71º CIRS)- Os rendimentos de capitais obtidos em território português
estão sempre sujeitos a taxas deliberatórias de 28%, e isto é uma taxa proporcional, não há aqui
uma taxa progressiva- a taxa deliberatória dos rendimentos de capital (os juros), não aumenta
a medida que aumenta os rendimentos de capital da pessoa, sendo, para além disso, tributada
a taxa de 28%, não se tendo em consideração p.e. se há mais ou menos filhos; se vivem
ascendentes; se há mais ou menos despesas de educação ou de saúde- tudo isto é irrelevante
para o regime das taxas deliberatórias. (remissão).
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Casos de progressividade global- Existem várias taxas, mas apenas uma se irá aplicar, sendo
esta onde se vai subsumir a matéria coletável em causa, ou seja, existem várias taxas,
correspondendo uma delas à totalidade da matéria coletável.
Ex: Temos duas taxas em sede de IMT, uma taxa de 5% até a transmissão onerosa de imóveis de
100 mil euros, e uma taxa de 10% para a transmissão onerosa de imóveis acima desse valor.
Aqui existem duas taxas, mas só uma se vai aplicar: se o imóvel for inferior à 100 mil euros, plica-
se a taxa de 5%, já se for de valor superior, aplica-se a taxa de 10%.
Casos de progressividade por escalões- Existem várias taxas, mas é necessário dividir a
matéria coletável em várias partes, sendo que cada uma das partes vai ser tributada à taxa
correspondente ao escalão em causa, ou seja, a ideia é dividir matéria coletável em várias
partes, e a cada uma dessas partes se aplique uma taxa correspondente- p.e. o art. 68º LGT-
temos vários escalões de rendimentos à que se aplicam vários escalões de taxas, sendo a
ideia se dividir o rendimento coletável por cada um destes escalões, e em cada um dos
escalões aplicar-se a taxa correspondente.
Ex: Se alguém receber 100 mil euros por ano, do valor que receber até um determinado escalão,
aplica-se a taxa desse escalão. Ao outro valor remanescente, que esteja acima desse escalão, já
se aplica a taxa subsequente do escalão que está acime desse.
o Impostos regressivos- a taxa diminui à medida que aumenta o rendimento coletável. Estes
não existem em Portugal, assim como na maioria dos estados, pois é uma medida de
injustiça fiscal, onde aqueles que têm mais acabam por pagar menos relativamente aos seus
rendimentos.
Nota: Caráter económico regressivo do IVA- o IVA não é um imposto regressivo, mas sim um
imposto proporcional, tendo várias taxas que se aplicam aos diferentes produtos e serviços
prestados. Contudo, não sendo um imposto progressivo, tem um caráter económico regressivo
(assim como todos os impostos indiretos), sendo tendencialmente injusto, pois onera mais as
pessoas com rendimentos mais baixos e é mais irrelevante para as pessoas de rendimentos mais
elevados, p.e. uma pessoa que tenha poucos rendimento, quando vai comprar pão ou leite,
sente o impacto do IVA, já para uma pessoa que tenha rendimentos mais elevados, é indiferente.
Assim, como o IVA onera o consumo, e as pessoas de mais baixo rendimento aplicam grande
parte do seu rendimento no consumo (muitas vezes até de bens essenciais), há uma grande
importância da seleção dos bens que integram cada uma das taxas.
Para combater-se esta injustiça tendencial, poderíamos começar a apostar mais na tributação
dos impostos diretos (IRS e IRC), e apostar menos nestes impostos indiretos, que não têm em
consideração a situação económica dos contribuintes (IVA).
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4.1- É aqui importante saber qual o critério que os distingue estes dois tipos de impostos, se é a
titularidade da receita do imposto ou é a qualidade de sujeito ativo da relação jurídica fiscal em
causa (credor)- podem ser simultâneos, mas nem sempre, como é o caso. Isto é importante
porque, uma coisa é saber quem é o credor do imposto, ocupando a qualidade de sujeito ativo,
e outra coisa é saber quem é a pessoa titular da receita do imposto.
Ex: Caso do IMI: receita dos municípios, pertencendo o lançamento, a liquidação e cobrança aos
serviços doestado- O imposto municipal de imoveis (IMI) e o imposto de transmissão onerosa
de imóveis são ambos municipais, pois a receita proporcionada por ambos são dos municípios
cuja área se situam os imóveis em causa. Contudo, o credor nestes impostos não é são os
municípios, mas sim o Estado, que liquida estes impostos, cobra-os e depois entrega a respetiva
receita aos municípios.
Logo, o que interessa para qualificar, do ponto de vista jurídico, como estadual ou não estadual
um imposto, é saber de quem é a qualidade de sujeito ativo da relação jurídica fiscal (quem é o
credor). Assim, o IMI e o IMT são impostos de receita fiscal, mas a relação jurídica fiscal não se
estabelece entre o município e o contribuinte, mas sim entre o Estado e o contribuinte, sendo o
Estado quem lança, liquida e cobra estes impostos. Apesar de terem “municipal” na sua
designação, em termos jurídicos, são impostos estaduais.
P.s.: Isto acontece porque os municípios, mesmo tendo a opção de serem os credores dos
impostos, preferem os impostos fiquem associados ao Estado.
Para esta distinção existem vários critérios, que contribuem todos para se chegar a uma solução,
mas que, em rigor, nenhum chega a solução certa.
Ex: O sujeito passivo do IVA tem de ser a pessoa que tem o dever, perante o credor, de pagar o
imposto, ou seja, no quadro do IVA, o sujeito passivo é quem presta o bem ou serviço, tendo
esta o dever de entregar o imposto, arrecadado ao consumidor, ao Estado.
O consumidor não tem nenhuma relação jurídica fiscal em relação a esse imposto (IVA) com o
Estado, limitando-se a suportar economicamente, através do valor pelo qual adquiriu o
bem/serviço, a carga fiscal do imposto. Quem tem essa relação é o sujeito passivo, prestador do
bem/serviço.
Não é o sujeito passivo que suporta economicamente o imposto, pois este faz refletir o imposto
no valor do próprio produto ou serviço. Quem suporta o desfalque patrimonial inerente ao
imposto é o consumidor, mas quem fica com a obrigação de entregar o montante de IVA ao
Estado não é o consumidor, mas sim quem presta o bem/serviço, sendo este o sujeito passivo
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Assim, diz-se que é um imposto indireto porque há um desfasamento entre a pessoa que
suporta economicamente a carga fiscal, e a pessoa que fica obrigada ao dever de entregar o
imposto ao Estado- sujeito passivo.
Critério da relação jurídica base do imposto (tipo de relação jurídica fonte da obrigação de
imposto): imposto indireto é o que tem por base um facto ou ato isolado (mesmo que por razões
de praticabilidade a liquidação se faça a partir da agregação de liquidações de um conjunto de
factos ou atos verificados num determinado período de tempo- p.e. IVA, que é trimestral) e
imposto direto o que incide sobre relações jurídicas duradouras (demoram um ano a forma-se,
entre janeiro e dezembro), impondo uma renovação automática periódica da obrigação de
imposto- p.e. por todos os anos pagamos IRS e o IRC.
Nota: O IMT é um imposto direto, mas que assenta num facto isolado.
Critério da contabilidade nacional (integração ou não dos impostos nos custos de produção das
empresas): os impostos indiretos são aqueles que, por constituírem custos de produção, o
respetivo valor tem de ser deduzido ao produto nacional para apurar o rendimento nacional (de
acordo com este critério os impostos indiretos identificam-se com os impostos sobre o
consumo).
Ex: imposto especial de jogo-Os concessionários de exploração de jogos de fortuna ou azar (os
casinos), por razões de política legislativa, não pagam IRC, mas sim um imposto especial de jogo,
embora, à primeira vista, nada distinguisse o lucro obtido por um casino ou o lucro obtido por
uma discoteca. De acordo com o art. 7. ° CIRC, que refere expressamente que "não estão sujeitos
a IRC os rendimentos diretamente resultantes do exercício de atividade sujeita ao imposto
especial de jogo", estabelecendo-se o regime da tributação dos rendimentos desta atividade nos
arts. 84.° e ss. da Lei do Jogo (DL nº 422/89, de 2 dezembro: última alteração pela Lei nº 64-
A/2008, de 31 de dezembro)
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Adicionais- incidem sobre a coleta dos impostos principais (montante de imposto a pagar),
e não sobre a matéria coletável dos impostos (valor sobre que incide a taxa do imposto. A
coleta aparece depois de se aplicar a taxa do imposto à matéria coletável, que nos dá a
coleta.
Ex: Se alguém teve rendimentos de 100 e deve pagar 5% de algum imposto, 100 é a matéria
coletável e os 5% que terá de pagar é a coleta.
Adicionamentos- incidem sobre a matéria coletável dos impostos principais. P.e. existem
alguns adicionamentos em matéria de IRC, no caso da derrama municipal, que depende de
certa pessoa residente ter lucro tributável sujeito à IRC, ou seja, se a empresa num certo
ano não tiver lucro, apenas prejuízo, não pagará IRC, nem a derrama:
Derrama municipal (14.o LFL): “os municípios podem deliberar lançar anualmente uma derrama,
até ao limite máximo de 1,5% sobre o lucro tributável sujeito e não isento de IRC que
corresponda à proporção do rendimento gerado na sua área geográfica por sujeitos passivos
residentes em território português que exerçam, a título principal, uma atividade de natureza
comercial, industrial ou agrícola e não residentes com estabelecimento estável nesse território”.
Por um lado, diz que a atividade administrativa (aa, regulamentos, contratos, etc.) só é legítima
se estiver fundada em lei (reserva de lei) e, por outro, diz que a atividade administrativo não
pode contrariar a lei (primado da lei), sob pena de ilegalidade. Sendo Lei, no quadro desse
princípio, entendida como qualquer lei (Lei; decreto-lei e decreto legislativo regional), que
podendo esta lei sempre ser desenvolvida / executada por regulamentos administrativos.
Isto significa que os impostos apenas podem ser criados e modelados nos seus elementos
essenciais com intervenção legislativa da AR, que é o que consta do art. 165º/1/i) CRP- Criação
de impostos e sistema fiscal é matéria da reserva relativa de competência legislativa da AR (que
é onde está condensado o princípio da legalidade Fiscal).
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Assim, este princípio da legalidade fiscal apela à intervenção de uma cera lei, que é a lei da AR,
não sendo indiferente, como é no DA, haver uma lei da AR ou decreto-lei do governo, sendo
exigida a intervenção da AR.
Este Princípio costuma ser estudado sendo subdividido em reserva de lei formal e reserva
material de lei.
1.2.1- Subprincípio da Reserva de Lei Formal- Os impostos só podem ser criados com
intervenção legislativa da AR e os elementos essenciais dos impostos devem ser regulados por
lei da AR ou por DL autorizado.
i. Apenas vale para os tributos que materialmente devam ser considerados impostos (ou
seja, não vale para as taxas, que enquanto figura tributária, não estão sujeitas ao
princípio da legalidade fiscal, mas sim ao princípio da legalidade administrativa. Ex: Um
decreto-lei pode criar taxas, e esse regime pode ser desenvolvido e executado por
regulamentos, o que já não pode acontecer com os impostos);
ii. Este princípio vale para o momento da criação, alteração ou extinção dos impostos.
iii. A razão para isto é que o fundamento para este princípio é um fundamento democrático
(os contribuintes devem sempre intervir em tudo que atenda à criação, modificação ou
extinção dos impostos, pois são eles que devem decidir o nível de carga fiscal que é
adequado para o país) e não um fundamento liberal. Pois no caso de um fundamento
liberal, se a ideia fosse proteger os contribuintes das investidas fiscais do Estado,
poderia dizer-se que a intervenção era sempre necessária no momento da criação do
imposto, pois há ai sempre uma carga fiscal, mas que não seria necessária se porventura
se reduzisse a carga fiscal ou até mesmo caso se extinguisse determinado imposto.
▪ Incidência- Aquilo sobre o que incide o imposto- Todas as normas que se destinem a
desenhar a realidade sobre que incide o imposto. Esta pode ser dividida em duas:
o Incidência pessoal ou subjetiva- Tem a ver sobre a pessoa a que recai o imposto, ou seja,
todas as pessoas que possa vir a ficar obrigadas ao pagamento do imposto devem ser
definidas sempre com intervenção da AR (implica a definição do sujeito ativo e passivo,
incluindo contribuinte, substitutos, responsáveis, etc.).
o Incidência real ou objetiva- Tem a ver com a definição da realidade material, temporal,
quantitativa e espacial sobre que recai o imposto. P.e. é um imposto sobre o rendimento;
que vai de data x a data x; e do rendimento bruto que as pessoas auferem, como se tira o
rendimento líquido, de forma a se calcular o rendimento coletável (rendimento que
concretamente está sujeito à imposto)/ no caso do IMI, como se calcula o valor do imóvel;
é um imposto que existe só em Portugal continental, em santarém...
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▪ Garantias dos contribuintes (Neste caso, diz o Dr. Casalta Nabais que em princípio, só se
deve aplicar este princípio se as regras em causa forem no sentido de uma maior restrição
ou de um maior condicionamento. Se a lógica for de aumentas as garantias dos
contribuintes, já não seria de exigir a intervenção da AR, podendo ser por decreto-lei)
Como se trata de uma reserva relativa, a AR pode sempre, por lei de autorização legislativa (LAL),
“delegar” o exercício do poder legislativo fiscal no Governo (que regulará a matéria através de
DL), p.e. o código do imposto do IRS foi aprovado pelo DL nº 442º/88, onde está escrito “o
governo decreta o seguinte (…)”, o que significa que houve uma lei (LAL) que autorizou o
governo a criar o IRS.
Nota: As leis de autorização legislativa não são um cheque em branco, existindo um conteúdo
mínimo da LAL (art.165º/2 CRP), devendo ser determinado objeto; o sentido; a extensão e a
duração dessa autorização, de forma a que estejam indicados os regras fundamentais em
matéria de elementos essenciais dos impostos (não tem de definir a taxa, mas tem de dar um
sentido quanto às taxas aplicáveis; não tem de dizer concretamente quem são os sujeitos, mas
se é sobre os residentes ou não residentes, sobre as pessoas singulares ou coletivas, etc…).
As matérias abrangidas pelo princípio da liberdade fiscal, que se restringem aos elementos
essenciais dos impostos (incidência; taxa; benefícios fiscais e garantias dos contribuintes),
podem ser objeto de regulação legislativa governamental, se houver uma lei de autorização
legislativa. Contudo, existem duas situações particulares, relacionadas à possibilidade de tanto
as regiões autónomas, como as autarquias locais disporem de poderes tributários próprios, o
que introduz alguns desvios à “pureza” do princípio da legalidade fiscal, na medida em que a
matéria concreta do imposto será objeto de uma lei, mas sem a formalidade da lei da
autorização legislativa.
a) Regiões Autónomas (RA)– É a própria CRP que lhes reconhece a possibilidade de exercerem
poderes tributários próprios, nos termos da lei, bem como o poder de adaptar o sistema
fiscal nacional às especificidades regionais, nos termos de lei-quadro da AR (art. 227º/1/i)
CRP), ou seja, de acordo com a Lei das Finanças Regionais e Estatutos Político-
Administrativos da respetiva RA: os poderes são exercidos pelas respetivas Assembleias
Legislativas Regionais (art. 232º/CRP) através de decreto legislativo regional.
Isto significa que aqui, a autorização é dada pela própria lei, ou seja quando a AR ou o Governo
com a sua autorização, estão a criar/alterar o imposto, podem, nessa lei, autorizar as
Assembleias Legislativas Regionais (ALR) a desenvolverem, através de decreto-legislativo
regional, algum aspeto desse imposto e, além disso, mesmo que a lei concreta de um imposto
não o diga, as RA podem sempre adaptar o sistema fiscal nacional às especificidades regionais.
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Assim, o Governo só pode intervir em matéria fiscal se houver uma LAL. As RA não, pois não
havendo a possibilidade de LAL (que só funciona entre a AR e o Governo), estas ainda podem
sempre adaptar o sistema fiscal nacional às especificidades regionais, podendo ainda exercer
poderes tributários próprios nos termos em que a lei (a lei da AR que cria o imposto ou o DL
autorizado do Governo que cria o imposto).
b) Autarquias Locais (AL)- Temos aqui um desvio ainda mais acentuado, pois as AL não
dispõem de poder legislativo, apenas de poder regulamenta e mesmo assim podem, nos
termos da CRP, por via regulamentar (sob reserva de lei), exercer alguns poderes tributários
próprios (art. 238º/4 CRP- “As autarquias locais podem dispor de poderes tributários, nos
casos e nos termos previstos na lei”). Assim, se a CRP admite que as AL exerçam poderes
tributários próprios, permite que existam regulamentos das AL em matéria de elementos
essenciais dos impostos.
Ex: Art. 112º/5 do Código do IMI (CIMI): “Os municípios, mediante deliberação da assembleia
municipal, fixam a taxa a aplicar em cada ano, dentro dos intervalos previstos na alínea c) do nº
1 (de intervalos de valor), podendo esta ser fixada por freguesia”. Assim, em matéria de IMI, o
código/legislador apenas estabelecem os máximos e os mínimos (p.e. art. 112º/1/b): nos
prédios urbanos a taxa vai de 0,3 a 0,45, permitindo-se aos municípios que definam a taxa em
concreto) - Desvio legítimo e acentuado à pureza do princípio da legalidade fiscal, na medida em
que a taxa concreta do imposto vai ser fixada por regulamento municipal.
A lei deve conter a disciplina tão completa quanto possível da matéria reservada (tipo legal de
imposto), tendo a lei fiscal de ser densa e precisa na matéria dos elementos essenciais dos
impostos (incidência, taxa ou alíquota do imposto, benefícios fiscais e garantias dos
contribuintes, art. 103°/2, 2ª parte CRP).
Isto diz respeito ao Nullum vectigal sine lege, segundo o qual os impostos devem conter regras
precisas, claras e densas sobre os elementos essenciais dos impostos, devendo haver uma
densidade legal acrescida na regulação dos elementos essenciais dos impostos (normas de
“hipótese legal fechada”), de forma a garantir a segurança jurídica dos contribuintes, que
podem, ao olhar o código, perceber a quais impostos estão sujeitos.
Assim, o legislador, quando está a definir os elementos essenciais do imposto, não pode limitar-
se ao enunciado dos princípios fundamentais ou às regras essenciais, tendo de definir a
disciplina do imposto de forma densa e precisa. Contudo, não pode cometer absurdos jurídicos
impraticáveis, como a excessiva pormenorização, sendo necessário um equilíbrio entre as
exigências do princípio da legalidade e uma luta eficaz contra a evasão e a fraude fiscal, pois se
o legislador pormenorizar ao absurdo a raridade fiscal de um certo imposto, a vida económica
arranjará uma forma de ter esquemas jurídico-financeiros que permitam fugir ao imposto
criado, por se ter uma situação que não se quadra bem com o enunciado da lei fiscal.
Além disso, existem hoje outros mecanismos preparados para evitar a luta fiscal, como as
normas de "hipótese legal aberta" (normas anti-abuso), cujo objetivo é a tributação de fatos que
escapam às primeiras em decorrência, essencialmente, de situações de elisão fiscal agressiva-
art. 38º/2 LGT:
“as construções ou série de construções, que tendo sido realizadas com a finidade principal e
obter uma vantagem fiscal que fruste o objeto ou finalidade do direito fiscal aplicável, sejam
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realizadas com abuso das formas jurídicas e não sejam consideradas genuínas, são
desconsideradas para efeitos tributários”
Ou seja, situações de elisão fiscal agressiva, p.e. as consultoras financeiras, que constroem
operações com a finalidade de fugir ao impostos, que não tenham outra finalidade que não essa,
não tendo substância a não ser a fuga ao imposto, são absolutamente desconsideradas, sendo
o imposto aplicado na mesma.
2.1- Está então relacionado ao tema da Retroatividade, pois esta frusta de forma grosseira e
inevitável esta ideia de segurança, pois aparece uma nova norma no sistema jurídico que
acaba por se aplicar:
• Completamente para o passado, para comportamentos que foram adotados, e que já não estão
a ser adotados- Retroatividade Autêntica.
• A situações que ainda permanecem hoje, mas que foram constituídas no passado-
Retroatividade Inautêntica.
O Direito tem dois grandes valores, jogando-se estes nos dois pratos de uma balança: de um
lado a justiça, de outro a segurança.
A segurança pede estabilidade do e no direito, realizando-se através desta- É facto das leis
não estarem a ser sistematicamente alteradas que traz confiança às pessoas, pois isto criaria
instabilidade, insegurança, risco e incerteza.
Já a justiça realiza-se através da modificação do direito, pois está associada a uma ideia de
evolução do direito, sendo para isso que o direito se desenvolve: para ser cada vez mais
justo e adequado à realidade que se pretenda que exista, de forma a garantir uma regulação
mais justa da vida em comunidade. Assim, é necessário haver no Direito um equilíbrio entre
respeitar o interesse da segurança e, ao mesmo tempo, evoluir o direito para que este se
torne cada vez mais justo, o que implica a sua alteração.
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contrato de arrendamento, sabe que só pode ser despejado em 3 situações. Contudo, o direito
evolui e, a partir de determinada altura, cria-se uma lei em que se acrescentam mais 2 situações.
Ficamos então com 2 situações:
Esta lei é socialmente mais justa, mas não se aplicam aos contratos de arrendamento em
vigor- o que seria estranho, pois apesar de ser mais justa, parece que não vale para todos,
já que alguns continuam ao abrigo de uma lei considerada menos justa;
Esta lei aplica-se a todos os contratos de arrendamento- frusta a segurança jurídica dos
arrendatários, que antes pensavam que só podiam ser despejados em 3 situações, e agora
são em 5.
Notas:
i. Este tema envolve todo o direito, mas é muito especial no domínio penal e fiscal. Em
toda CRP temos três proibições de retroatividade: art.18º/3 (leis restritivas de DLG);
art.29º (matéria penal); art.103º/3 (matéria fiscal sobre a proibição de impostos
retroativos- O Dr. Casalta Nabais considera ser uma norma de novo riquismo, ou seja,
que “fica bem”, mas que é uma norma perigosa).
• Isto já não acontece com o Princípio da Segurança Jurídica, pois este funciona com base em
acontecimentos reais, mas em termos abstratos, prescindindo deste elemento probatório
chamado investimento da confiança- um comportamento que se adotou, mas que não se
teria adorado se não fosse o evento confiante.
Assim, o direito tem de ser alterado, mas tem de se manter estável. No quadro deste princípio
estamos a “jogar” com estes dois valores, por um lado não se nega a alteração da lei fiscal, sendo
esta alterada todos os anos- não há lei do orçamento do Estado que não altere variadíssimos
artigos em matéria fiscal-, e apesar disto trazer algumas perturbações ao Princípio da Segurança
Jurídica, ninguém considera que isto seja inconstitucional, sendo então necessário saber até que
medida é que as alterações em matéria de lei fiscal podem ou não constituir uma violação ao
Princípio da Segurança Jurídica.
• As Regras, que estão escritas na lei e vivem numa lógica de “tudo ou nada”, pois por
incompatibilidade lógica não é possível aplicar ao mesmo caso duas regras que se
contradizem, pois ou vale uma ou vale outra, o que pode resultar num Conflito de regras
jurídicas, sendo necessário escolher entre uma delas.
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• Os princípios normativos, que vivem sem necessidade de consagração legal, pois resultam
do sistema jurídico como um todo. Podem ser contraditórios, mas vivem bem nessa
conflitualidade normativa, pois não prescrevem diretrizes claras de sim ou não (não vale
aqui a lógica de tudo ou nada), podendo compatibilizar-se a harmonizar-se na prática, sendo
normas mais flexíveis e adaptáveis (porosas). Assim, é possível resolver casos jurídicos
aplicando a esse caso diferentes princípios jurídicos que têm orientações contraditórias.
Tendo isto em conta, podemos concluir que não se deve ver em cada momento de perturbação
da segurança jurídica (estabilidade), uma violação ao Princípio da Segurança Jurídica, pois se
assim fosse, a nossa ordem jurídica estaria congelada/petrificada, sendo insuscetível de
modificação. Desta forma, para se considerar como violado este princípio, é necessário que
ocorra algo muito grave, pois de outra forma, o legislador tem espaços de livre conformação e
de evolução do direito, sem que isso represente uma violação ao principio da segurança jurídica,
mesmo que gere instabilidade.
Como visto, o Princípio da Segurança Jurídica tem uma aplicação transversal em todo direito, e
em todas as matérias de direito fiscal. Contudo, há na CRP uma regra, que tem como base este
princípio, mas que é uma regra, ou seja, uma norma que prescreve exigências de tudo ou nada.
Assim, no domínio estrito desta regra, não se aplica o princípio, pois a regra constitucional
substitui o princípio no seu estrito domínio de aplicação.
Esta regra é do art. 103º/3 da CRP- «ninguém pode ser obrigado a pagar impostos (…) que
tenham natureza retroativa». Assim, há em Portugal uma proibição constitucional de impostos
que tenham natureza retroativa- isto mostra as aproximações que há entre o direito fiscal (afeta
a propriedade) e o direito penal (afeta a liberdade), sendo a propriedade e a liberdade os dois
grandes valores do estado liberal, que assenta na ideia de liberdade do indivíduo face ao Estado,
daí serem proibidas as leis penais retroativas e os impostos retroativos.
Nota: O Dr. Casalta Nabais critica esta proibição, que diz ser fruto e um novo riquismo
constitucional, ou seja, defende que se compreende a proibição constitucional de leis penais
retroativas, mas já não se compreende tão bem a proibição constitucional de impostos
retroativos, pensamento do qual o prof. REO concorda.
➢ Contudo, tendo por base o princípio da segurança jurídica, esta regra/proibição (103º/3
CRP) só abrange os casos de retroatividade de normas fiscais de maior oneração ou de
agravamento fiscal, ou seja, normas de incidência oneradora ou agravadora.
Ex: Se vivêssemos tempos de fôlego financeiro e a AR quisesse aprovar uma lei que reduzisse a
taxa do IRS do ano passado, seria uma norma fiscal relativa à imposto retroativo, mas não seria
de agravamento, sendo então permitida.
➢ Para além disto, também só abrange os fenómenos de retroatividade autêntica. Para este
efeito, temos de distinguir entre dois 1ou três fenómenos 1(o TC atribui relevo a três, porém
o Dr. Nabais só a dois):
A obrigação fiscal é ex legem, que surge por força direta da lei, bastando que se verifique um
facto tributário para que nasça a obrigação fiscal, ou seja, o facto tributário dá origem à
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Ex: A arreda uma casa em 2020, por 4 anos, sabendo, pela lei que estava em vigor a data da
celebração do contrato, que a renda não podia ser majorada se não no terceiro ano de
arrendamento. A pensou concluiu então que apenas em 2023 é que, eventualmente, o
proprietário do imóvel poderia atualizar a renda, nomeadamente em até 5%. Contudo, em 2019,
surge uma lei nova, que vem dizer que as rendas podem ser atualizadas ao segundo ano do
contrato, em até 10%.
Esta lei pode autodeclarar-se inaplicável aos arrendamentos que estejam em curso, ou seja, que
tenham se iniciado antes do da lei nova estar em vigor, perdurando (as leis normalmente fazem
isto através de «disposições transitórias» - ajudam a estabelecer o trânsito da lei antiga para o
trânsito da lei nova); mas pode também autodeclarar que se aplica aos arrendamentos em
curso.
Está aqui em causa a retroatividade inautêntica, pois o facto (duradouro) do arrendamento, que
é um contrato duradouro, tinha se iniciado ao abrigo da lei antiga, desenvolvendo-se em parte
nesta, contudo, ainda perdurava quando surgiu a lei nova. Assim, esta pretensão da lei nova de
regular esta matéria seria um caso de retroatividade inautêntica.
• Retrospetividade (caso criado pelo TC) - Traduz-se numa nova regulação, pela lei nova, de
factos tributários que nasceram, desenvolveram e se extinguiram ao abrigo de lei antiga,
mas, em relação aos quais ainda não houve liquidação e cobrança.
Na maior parte dos impostos, a liquidação é posterior ao facto tributário, p.e. no IRS, o facto
tributário do IRS (imposto anual que se renova a todos os anos) vai de 1 de janeiro a 31 de
dezembro, mas a 31 de dezembro, o contribuinte não recebe a liquidação do imposto, tendo,
pelo menos, até março do ano subsequente para entregar/preencher a declaração de
rendimentos; sendo que o fisco tem mais 3/4 meses para liquidar o imposto (a liquidação vem
por volta de setembro), sendo a liquidação muito posterior ao facto tributário, que encerrou-se
a 31 de dezembro, vindo a liquidação 7 meses depois.
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O TC considera que as alterações à lei fiscal que ocorram entre o encerramento do facto
tributário e a liquidação desse imposto, correspondem à um caso de retrospetividade, dizendo
o TC que estes casos de retrospetividade não estão abrangidos pela proibição constitucional
de impostos retroativos. Ou seja, o TC autonomiza este fenómeno da retrospetividade, para
assinalar que as alterações que, p.e. ocorram em fevereiro de 2021 acerca do IRS de 2020, não
são leis retroativas do ponto de vista autêntico, sendo antes leis retrospetivas, as quais o TC não
considera abrangidas pela proibição do 103º/3 (a questão de ser ou não legítimo tem de ser
respondida à luz do princípio da segurança jurídica).
IVA (liquidação agregada de um conjunto de factos tributários): a lei nova apenas deverá incidir
sobre factos tributários novos; se por razões de praticabilidade não for possível estabelecer
separação entre fatos te factos tributários antigos e factos tributários novos, a lei nova só deverá
aplicar-se ao período tributário seguinte
Artigo 12º LGT (Lei Geral Tributária) - Aplicação da lei tributária no tempo.
«1- As normas tributárias aplicam-se aos factos posteriores à sua entrada em vigor, não
podendo ser criados quaisquer impostos retroativos.
2- Se o facto tributário for de formação sucessiva (impostos periódicos, que assentam em
factos tributários duradouros), a lei nova só se aplica ao período decorrido a partir da sua
entrada em vigor.
3- As normas sobre procedimento e processo são de aplicação imediata, sem prejuízo das
garantias, direitos e interesses legítimos anteriormente constituídos dos contribuintes.
4- Não são abrangidas pelo disposto no número anterior as normas que, embora integradas
no processo de determinação da matéria tributável, tenham por função o desenvolvimento
das normas de incidência tributária».
i. Pode a lei nova entrar em vigor durante o período de formação do facto tributário,
estabelecendo ela própria como regime transitório que ela só se aplica ao imposto do
ano seguinte. Neste caso, o direito evoluiu e não houve perturbação da segurança
jurídica- as pessoas podem adequar-se com antecedência.
ii. A lei nova entra em vigor durante o período de formação do facto tributário,
estabelecendo nela mesma que ela se aplica a todo o período de formação do facto
tributário- retroatividade inautêntica.
Ex1: Lei nova de 08.20 (agosto de 2020), que agrava o IRS, aumentando as taxas do art. 68º, e
estabelece-se nessa lei nova, que ela se aplica desde 01.20 (janeiro de 2020- vale para todo o
ano fiscal de 2020) em diante- Falamos aqui de uma retroatividade inautêntica.
O facto tributário, em sede de IRS, vai de janeiro a dezembro, ou seja, quando a lei sai, em agosto
de 2020, o facto tributário ainda está em formação, e se nela se estabelecer que se aplica a todo
ano, em rigor, não se aplica à um facto tributário já extinto, pois o facto tributário em agosto,
tal como em dezembro, está em formação, ou seja, a lei nova entra em vigor durante o período
de formação do facto tributário- in fieri.
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Ex2: Lei nova surge em 08.20 (agosto de 2020), que agrava o IRS, aumentando as taxas do art.
68º, mas que nada estabelece, ou seja, não diz se vale desde janeiro/agosto…- aqui vale o artigo
12º/2 da LGT- sendo o facto tributário de formação sucessiva, a lei nova só se aplica ao período
decorrido a partir da sua entrada em vigor, no caso, de agosto até dezembro (terá de haver um
cálculo do imposto a pagar em função do que se recebeu e se gastou até agosto e em função do
que se recebeu e se gastou desde agosto até dezembro). Neste caso, mesmo a lei saindo em
agosto, ela pode prescrever que se aplica desde janeiro.
Ex3: A lei nova é de 03.21 (março de 2021), agrava as taxas de IRS e estabelece-se nela que essa
LN vale desde 01.20 (janeiro de 2020) - Neste caso temos um fenómeno de retroatividade
autêntica (proibida pela CRP)- conclusão defendida pela escola de Coimbra-, a não ser que se
aplique a tese do TC, pois em 3.21 (março de 2021) ainda não terá ocorrido a liquidação do IRS,
sendo considerado então um caso de retrospetividade.
A posição do TC não é aceite pelo Dr. Nabais pois este não aceita a autonomia/relevo dessa
retrospetividade, defendendo que o que releva é a formação do facto tributário em todas as
suas vertentes, e não o facto acidental da liquidação, pois esta, sendo da responsabilidade da
AP, pode variar por diferentes motivos, podendo inclusive dá-se o absurdo de já ter havido
liquidação do imposto em relação à algumas pessoas, quando sai a lei nova, e não ter havido em
relação à outras pessoas, sendo então retroativa para uns e não para outros.
Assim, o Dr. Nabais desatende o facto acidental da liquidação e concentra a sua atenção na
formação do facto tributário, que é o que releva para a obrigação do imposto (p.e. só temos de
pagar IRS em dezembro, pois até lá o facto tributário, através do qual se forma a obrigação de
pagar imposto, está a formar-se)
Notas do PowerPoint:
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Critério especial residual a utilizar em caso de dúvida insanável (por recurso aos critérios gerais)
na interpretação das normas de incidência objetiva: “substância económica dos factos
tributários” (11º/3), ie, olhando aos efeitos económicos dos factos, mais do que à sua
“roupagem” jurídica formal (interpretação económica).
Uma lacuna não é inexistência de regulação/de não haver disciplina (há muitas coisas que o
direito não regula, o que não implica a existência de uma lacuna), mas sim o facto dessa
disciplina ser contrária ao sistema jurídico, ou seja, de acordo com o sistema jurídico regente,
se sentir que a matéria deveria estar regulada, mas não está.
2.1. Diferença entre analogia (extensão analógica) e interpretação extensiva: alargamento da letra
da lei, para a fazer coincidir com o pensamento legislativo (o legislador disse menos do que
queria) -
Quando existe uma lacuna, temos uma interpretação analógica, devendo esta lacuna ser
integrada de forma a que se resolva o vazio legal, ou seja, deve ser encontrada uma
norma/solução prevista para um caso análogo, que será aplicada ao caso omisso (analogia-
transpõe-se para o caso omisso a solução prevista para o caso análogo) ≠ da interpretação
extensiva:
É diferente falarmos de uma lacuna que se integra e de uma lei que existe e que pode ser
objeto de interpretação extensiva, que traduz-se no facto de se concluir, pelo processo
hermenêutico, que a lei (o legislador), através do texto, disse menos do que aquilo que
pretendia, alargando-se então a letra da lei, de forma a que esta corresponda ao seu espírito
e ao pensamento legislativo.
A especificidade do Direito Fiscal neste tema, é o facto de existirem pelo menos dois princípios
com assento constitucional que se opõem entre si:
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capacidade contributiva, p.e.: Se há o facto tributário A, que está previsto para dar origem
ao pagamento de imposto, então, caso se verifique o facto tributário A’, que é um facto
omisso, mas análogo ao primeiro, com base na ideia da igualdade na capacidade
contributiva, aplicar-se-á ao facto omisso a mesma solução do análogo.
2.2. Distinção entre lacunas na regulação normativa dos elementos essenciais do imposto e
lacunas na regulação normativa dos restantes aspetos da lei fiscal (vg, lançamento, liquidação,
cobrança) -
Tendo isto em conta, o legislador resolveu assumir uma posição (que na perspetiva do REO não
é a única que seria legítima à luz da CRP), resultante no artigo 11º/4 LGT: «As lacunas resultantes
de normas tributárias abrangidas na reserva de lei da AR não são suscetíveis de integração
analógica”- As normas tributárias referidas são a incidência do imposto, taxa do imposto,
garantias dos contribuintes e benefícios fiscais (art. 10º do estatuto dos benefícios fiscais)- e do
artigo 10º EBF.
Fundamento: pr. tipicidade, por estar vedada a analogia in malem partem, mas tb a in bonam
partem (que seria admitida pelo pr. segurança jurídica)
Assim, as lacunas que existam nas normas tributárias abrangidas na reserva de lei da AR, não
são passíveis de analogia, não sendo integradas/resolvidas, não sendo então em rigor lacunas
jurídicas, mas sim lacunas políticas, no sentido de que seria desejável que o legislador as
resolvesse, mas que o intérprete, incluindo o intérprete judicial dos tribunais, não as podem
integrar por analogia- voltando ao exemplo anterior: neste caso, o tal facto A’, análogo ao facto
A, não pagaria imposto.
No resto, em todo direito fiscal, é perfeitamente possível integrar lacunas por analogia.
Princípio da territorialidade- as leis fiscais (impostos) apenas se aplicam aos factos tributários
ocorridos no território do respetivo sistema jurídico que esteja em causa, independentemente
do fator da nacionalidade, domicílio ou residência do sujeito passivo. Este princípio está
presente no:
Artigo 13.º/1 LGT (Aplicação da lei tributária no espaço) - «Sem prejuízo de convenções
internacionais de que Portugal seja parte e salvo disposição legal em sentido contrário, as
normas tributárias aplicam-se aos factos que ocorram no território nacional.»
Contudo, assistimos a um pequeno desvio no nº2, que diz respeito a tributação pessoal, sendo
a regra neste caso diferente:
Artigo 13.º/2 LGT - A tributação pessoal (p.e. o IRS) abrange ainda todos os rendimentos obtidos
pelo sujeito passivo com domicílio, sede ou direção efetiva em território português,
independentemente do local onde sejam obtidos». Ou seja, nos:
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Contudo, este segundo pode levar a um problema de dupla tributação internacional, pois como
os outro sistemas têm os mesmos princípios, o rendimento seria tributado pelo país em que o
sujeito reside e pelo país onde o sujeito se encontra, recaindo sobre o mesmo facto dois
impostos similares oriundos de dois ou mais sistemas jurídicos (pode ser uma dupla, tripla…
tributação. Tendo isto em conta, o código do IRS, no artigo 81º apresenta o crédito de imposto:
aquilo que se tenha pagado no país de não residência, por conta dos rendimentos lá obtidos, é
descontado no país de residência pelo IRS português (remissão).
• Impostos sobre o património- A lex rei sitae (lei do local da situação dos bens patrimoniais)
-não foi mencionado em aula.
• Impostos sobre o consumo- A regra é a da tributação no país do consumo (dos bens ou
serviços) -não foi mencionado em aula.
Se todos os países têm estes sistemas, isto abre portas ao problema do treaty shopping, que se
traduz na deslocação da residência com o mero objetivo de seleção de um sistema fiscal mais
vantajoso, p.e. o que acontece com os idosos que se querem aposentar e vêm para Portugal por
ser mais vantajoso- paraísos fiscais.
1. O problema das “titularidades ativas” (em sentido amplo) da relação jurídica fiscal-Lado
ativo da relação jurídica fiscal-
O facto de haver um poder legislativo para criar o imposto não significa que a pessoa que o cria
seja o credor- isto será determinado por oura razão, que é a capacidade tributária ativa, que é
o que interessa para efeitos da relação obrigacional fiscal. Assim, tem capacidade tributária
ativa, o sujeito ativo da relação de crédito em que a relação fiscal se consubstancia. A pessoa
que tiver o direito subjetivo ao crédito do imposto (a prestação em que se materializa o
imposto), será o sujeito que ocupará o lado ativo da relação fiscal, sendo este o detentor do
poder de cobrar e receber o imposto. Sabemos quem é essa pessoa através da competência
tributária.
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Assim, o fator que determina a qualidade de credor da relação jurídica fiscal é a competência
tributária, ou seja, a competência para cobrar e liquidar o imposto- quem liquida é a pessoa que
tem a qualidade de exigir o pagamento do imposto, logo é o credor, que tem de ser sempre uma
pessoa. Tendo em conta os 3 conceitos, o primeiro não releva tanto para este efeito, o terceiro
é o determinante, mas só se encontra através do segundo- é através da entidade que tem
competência que se descobre quem é o credor.
Ex1: Se quem tem competência para liquidar o IRS é a direção geral dos impostos, que faz parte
do Ministério das finanças, sendo uma estrutura do governo. Tendo o credor de ser uma pessoa,
este será o Estado- administração).
Ex2: Se quem tem competência para liquidar o imposto é o diretor da repartição municipal fiscal,
o credor do imposto seria o município em causa.
• Titularidade da receita dos impostos (fora da relação jurídica fiscal) - Posição ou qualidade
da entidade a favor de quem está subjetivamente consignada (por imposição constitucional
ou legal) a receita de imposto e que não dispõe das outras “titularidades ativas fiscais”,
designadamente, a capacidade tributária ativa.
Dá origem a uma relação de crédito de direito público financeiro, não a uma relação de
direito fiscal
Relação entre os serviços de finanças de Estado (representante legal?) e o titular dessas
receitas fiscais (606º CC?)
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No caso do IMI, será a direção geral de impostos, logo, tem como credor o Estado. Este designa-
se como “municipal” porque a receita gerada por estes impostos (IMI e IMT) está
subjetivamente consignada a favor de uma entidade que não tem a qualidade de credora do
imposto.
Este conceito de titularidade da receita dos impostos existe/só tem autonomia quando a
entidade a favor de quem está subjetivamente consignada à receita do imposto não é a entidade
que é a credora do imposto, o que é o caso dos municípios, que não liquida o IMI, mas depois
tem direito a receita gerada por este, p.e. o Estado cobra 100 milhões de IMI em Lisboa,
entregando apenas 95 milhões à câmara, ficando com 5 milhões por conta das despesas que o
Estado teve com a gestão do imposto.
A lei permite que os municípios assumam a qualidade de credores destes impostos- IMI e IMT-,
mas isto não acontece, pois traria um lado negativo ao presidente da câmara, que ficaria
associado ao IMI e ao IMT, e assim quem fica é o Estado.
15/04/2021
1.1. Devedor de imposto em sentido estrito ou contribuinte- É a pessoa em cuja esfera jurídica
ou patrimonial, se verifica o facto tributário ou é o titular da manifestação de capacidade
contributiva e que deve, por causa disso, suportar o desfalque patrimonial inerente ao
imposto. Esta noção abrange duas realidade:
A realidade do contribuinte direto (contribuinte de direito) - A pessoa em cuja esfera
jurídica ou patrimonial, se verifica o facto tributário.
A realidade do contribuinte indireto (contribuinte de facto) - É a pessoa em relação a qual
não se verifica o facto tributário, mas é a pessoa que é titular da capacidade contributiva
que o lesador (?) pretende onerar com a carga do imposto, sofrendo este o desfalque
patrimonial, através do fenómeno da repercussão económica do imposto— em sentido
contrário, ver 18º/4/ a) LGT, embora se reconheça aí, ao contribuinte indireto, um direito
de reação.
Ou seja, no quadro dos impostos indiretos existe o fenómeno da repercussão legal do imposto,
bastando uma repercussão legalmente pretendida ou prevista, não tendo o legislador de impor
a repercussão, como acontece no IVA.
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Ex: Se tivermos um escritório de advocacia, quando estabelecemos o preço dos serviços, temos
em conta todas as despesas que temos para prestar tal serviço, e estabelecemos o preço dos
serviços acima do preço das despesas, para que haja lucro, ou seja, a lógica é saber a estrutura
dos custos e estabelecer uma estrutura de receitas que esteja acima da estrutura dos custos. Há
aqui uma espécie de repercussão, pois se repercute os custos para alguém, já que o custo do
serviço está incluso no preço do próprio serviço.
Isto também pode acontecer com os impostos, pois tendo em conta que uma empresa tem de
pagar impostos, e sabendo que estes fazem parte da sua estrutura de custos, a empresa (ou
pessoa obrigada ao pagamento do imposto) repercute através dos bens e serviços o custo do
imposto para outros sujeitos. Isto é normal e acontece no dia a dia.
Contudo, há casos em que se passa algo de diferente, havendo casos em que é a própria lei que
pretende que haja essa repercussão. Não obriga ou impõe, mas prevê ou pretende que haja
repercussão, o que acontece no caso do IVA:
Ex: Se formos a um restaurante, pode acontecer que o restaurante passe a fatura, reconhecendo
que houve ali um rendimento, mas não liquide/fature o IVA, ou seja, não cobra o valor do IVA
no preço dos seus serviços. Contudo, o que a lei pretende e prevê é que o valor do IVA seja
efetivamente incluído nesse preço, sendo pago pelo consumidor, e é nestes casos que se fala
em contribuinte indireto, pois existe um fenómeno de repercussão legal do imposto, e não
apenas um fenómeno de repercussão económica do imposto.
Art. 20º/1 LGT «A substituição tributária verifica-se quando, por imposição da lei, a prestação
tributária for exigida a pessoa diferente do contribuinte».
Há um contribuinte, mas quem está obrigado ao pagamento do imposto é outra pessoa, o tal
substituto, passando a ser o contribuinte o substituído. Por isso é que, nestes casos, o
pagamento do imposto é devido, em primeira linha, por pessoa diversa daquela em cuja esfera
jurídica se verifica o facto tributário.
Art. 34ºLGT «As entregas pecuniárias efetuadas por dedução nos rendimentos pagos ou postos
à disposição do titular pelo substituto tributário constituem retenção na fonte». Assim, a
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➢ Por outro lado, é necessário ter em atenção que há casos de substituição tributária em que
o legislador se socorreu da mesma técnica de retenção na fonte, dizendo que nesse caso
também terá substituição tributária. Contudo, será uma substituição tributária
completamente diferente da que será abordada agora. Temos então de saber 3 conceitos,
que serão aplicados em caso de dúvida (muito importante):
É o caso do regime dos rendimentos sujeitos a taxas liberatórias (71º/1 a 5 CIRS), onde o valor
de imposto que se aplica àquele rendimento é o valor da taxa liberatória, sendo todo o imposto
que o rendimento tem de pagar pago no momento de retenção na fonte.
Quando se diz que o IRS é um imposto único sobre o rendimento, não é porque não existem
várias categorias (até porque existem, p.e. categoria A, B…), mas sim porque o imposto “vai todo
para o mesmo saco”.
Art. 22º/1 CIRS «o rendimento coletável em IRS (ou seja, o rendimento que conta para efeitos
de aplicação das taxas do IRS) é o que resulta do englobamento dos rendimentos das várias
categorias auferidos em cada ano».
Durante cada ano temos vários rendimentos, que pertencem a várias categorias. Numa fase
inicial, terão o seu cálculo separado, contudo, haverá um momento que todos os valores serão
postos no “mesmo saco” para serem aplicadas as taxas do IRS, ao que se chama englobamento.
Contudo, há rendimentos que não são englobados, nomeadamente os rendimentos sujeitos à
taxas liberatórias, sendo essa a razão do nome da taxa, já que liberta o rendimento do dever de
englobamento (do dever de estar englobado com outros). O imposto fica então fora, não porque
não paga imposto, pois paga, mas sim porque pagou imposto quando foi disponibilizado ao
respetivo titular, ou seja, quando foi disponibilizado ao respetivo titular, a fonte deste
rendimento reteve consigo a parte do imposto que era devido (o montante de imposto que
aquele rendimento pagou é aquilo que deve ser retido)-por isso é que se chama retenção na
fonte a título definitivo.
Para ilustrar isto podemos pensar que a obrigação de imposto de IRS que nasceu por causa da
perceção daquele rendimento, morreu na mesma data em que esse rendimento foi colocado a
disposição quando houve retenção na fonte.
Isto acontece também no quadro dos depósitos bancários, art. 71º CIRS «Estão sujeitos a
retenção na fonte a título definitivo, à taxa liberatória de 28 %:
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estável a que deva imputar-se o pagamento e que disponham ou devam dispor de contabilidade
organizada;»
Os rendimentos de capitais são os juros que são devidos no quadro de instituições bancárias, ou
seja, os juros que nos são pagos pelo banco, sendo então uma fonte de rendimento, pagando
este rendimento imposto: a instituição bancária, quando deposita na conta da pessoa o valor
dos juros, retêm, deduzido do valor dos juros, o montante do imposto que esses juros pagam,
que é 28%.
Nota: Assim, quando se elabora a declaração de rendimentos do ano em causa, não se põe, na
parte dos rendimentos que concorrem para o IRS a pagar, o valor dos juros, pois já pagaram o
imposto que era preciso.
Isto traz um problema, pois a CRP diz que o IRS é um imposto único e progressivo, enquanto
que as taxa liberatórias são taxas proporcionais e, além disso, é difícil dizermos que o imposto
do IRS é único, quando há rendimentos que fogem a regra da unicidade/unidade. Quando o
legislador diz que o IRS é um imposto único, é porque pretende que todos os rendimentos
estejam sujeitos ao mesmo regime (e não que haja um código que trate de forma diferente os
rendimentos das pessoas).
A questão foi levada ao TC, que disse que não havia qualquer inconstitucionalidade, pois o
imposto do IRS é globalmente único, 1sendo poucos e justificados os casos sujeitos a taxas
liberatórias e 2há sempre a possibilidade de optar pelo englobamento, pois a propósito da
progressividade, há no CIRS no art. 71º/8 uma previsão, onde é dito que se as pessoas quiserem,
podem englobar aqueles rendimentos, para que fiquem sujeitos à taxa geral do IRS- alguém fará
isso quando souber que, se englobar o valor dos juros para efeitos de tributação dentro do
quadro geral do IRS, lhe vai ser aplicada uma taxa inferior a 28%, pois ao englobamento desse
rendimento de juros lhe seria aplicado um imposto mais baixo em relação aos 28% que pagaria
no quadro das taxas liberatórias.
Contudo, isto não vale muito, pois as pessoas que têm poucos rendimentos, ou não têm
conhecimento jurídico/contabilístico para fazer isso, ou não têm dinheiro para contratar alguém
que tenha esse conhecimento. E aqueles que têm rendimentos altos, que têm uma acessória
fiscal mais atenta, nunca o fazem, pois sabem que pagam sempre IRS a uma taxa muito superior
a 28% (28% apenas se aplicaria a rendimentos moderados de IRS e não a rendimentos muito
altos, tendo estes últimos taxas de 30%, 40% e até 50%). Assim, em rigor, o que parece ser uma
simpatia do legislador, é antes um pouco sínico, sendo uma forma de tributar a uma taxa mais
baixa, pessoas que têm rendimentos muito altos.
Mesmo assim, apesar dessa simpatia aparente que acaba por acarretar uma injustiça, isto não
se altera, não sendo eliminadas as taxas liberatórias para os residentes, devido a grande
mobilidade do capital. No mundo globalizado em que vivemos, o capital é o fator de produção
mais móvel, sendo possível facilmente abrir contas bancárias em outros países. Assim, as
pessoas que têm uma quantidade monetária no banco, grande o suficiente para que os juros se
façam notar, já que essa quantidade implica uma percentagem maior (numa conta bancária com
dinheiro normal, os juros não se sentem, pois a sua taxa anda por volta do 0,3%- 1%), estando
estas atenta ao seu dinheiro, caso a taxa imposto de juros bancários em Portugal passe de 28%
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p.e. para 50%, elas moverão o seu dinheiro, que se encontra em bancos portugueses, para
contas de bancos estrangeiros com uma taxa menor. Nem um governo, inclusive o mais a
esquerda, foi capaz de alterar esta situação, apesar de ter sido debatida em quase todas as
eleições, pois apesar de injusta, devido ao treaty shopping e a concorrência fiscal internacional,
o mercado acaba por falar mais alto, não havendo nada a fazer.
Outras realidades completamente distinta que, apesar de ter algumas parecenças, tem uma
natureza completamente diferente, é a substituição imprópria e o pagamento por conta.
O pagamento por conta (PPC)- É a entrega pecuniária antecipada efetuada pelo sujeito passivo
(pelo próprio contribuinte) no período de formação do facto tributário (33º LGT) – p.e:
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Nota: É necessário ter em atenção que são apenas entregas pecuniárias antecipadas, não
correspondendo ao montante de imposto a pagar. Enquanto na substituição em sentido próprio,
a taxa que incide sobre o rendimento corresponde ao montante de imposto a pagar, aqui isto já
não acontece- p.e. é como se sem sabermos muito bem quanto nos vai custar a casa que
queremos comprar, vamos entregando dinheiro ao vendedor e, depois do preço estar afixado,
descontamos do que já foi pago.
Ex: Um advogado recebeu 100 mil euros na categoria B no ano de 2020. Foi efetuando entregas
pecuniárias antecipadas: 3 de 20 mil euros cada uma. Quando ele vai inscrever o rendimento da
categoria B na cotação de rendimentos, ele coloca 100 mil euros. Não coloca 100 mil menos os
60 mil que pagou a título de rendimento por conta. Tem de pôr a totalidade, processando-se
tudo como se não tivesse havido pagamentos por conta, sendo que, depois de apurada a coleta,
se deduz o valor dos pagamentos por conta que tenham sido feitos.
1.2.1.3. Imprópria/ retenção na fonte não definitiva/pagamento por conta efetuado por
terceiro-
Na substituição imprópria há uma retenção na fonte, o que no caso anterior não acontece, pois
é o próprio contribuinte que faz as entregas pecuniárias antecipadas-
Pensando na lógica da simplicidade do processo de cobranças: o Estado sabe que, pedindo aos
advogados que façam pagamentos por conta, vai ter menos relações jurídicas fiscais, do que se
pedissem aos clientes dos advogados para que retivessem na fonte algum montante- há mais
clientes de advogados do que advogados. O Estado poderia perfeitamente pedir aos clientes dos
advogados que quando recebessem a nota de honorários retivessem na fonte um determinado
montante e entregassem esse montante ao Estado, mas isso não seria inteligente, pois iria
tornar mais complexo esse caso de antecipação de receitas. Portanto, pede aos contribuintes
que procedam a esse pagamento por conta (cliente como fonte do rendimento; contribuinte
sendo o advogado, titular do rendimento; pedindo o Estado que esse último realize o
pagamento por conta).
Colocando este tema na Categoria A, no quadro das relações de trabalho dependente- vínculo
laboral:
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Portanto, neste caso, tudo se passa da mesma forma como se passa no pagamento por conta,
sendo a diferença que nesta segunda hipótese, na substituição tributária imprópria, o
pagamento por conta é feito pela entidade empregadora, por um terceiro, através do
mecanismo da retenção na fonte.
Nota: É preciso ter em atenção que o valor retido na fonte não corresponde ao montante de
imposto a pagar, pois ainda não se sabe quanto é que o sujeito passivo/contribuinte irá pagar
de imposto, sendo esse valor sabido apenas no fim do ano, quando toda as contas forem feitas
(todos os rendimentos e despesas que a pessoa teve). É apenas uma entrega pecuniária
antecipada por conta do imposto que vai ser devido a final.
Razão de ser-
Restituição oficiosa do imposto pago a mais (art.96º CIRS) - Isto pode dar origem a fenómenos
de reembolso fiscal, havendo casos em que as pessoas até recebem dinheiro do Estado, quando
o valor das deduções, valor dos pagamentos por conta ou valor das retenções na fonte com a
natureza de pagamento por conta, é superior ao valor da coleta. P.e. se tenho de pagar 100
euros de imposto, mas fiz 3 entregas pecuniárias antecipadas ao abrigo da categoria B, ou caso
a faculdade tenha feito por mim X entregas pecuniárias antecipadas no valor de 120, ainda irei
receber 20- por isso há casos em que as pessoas ficam à espera do cheque do IRS.
Exemplo de substituição imprópria- 99º, 98º, 100º CIRS — há dever de englobamento dos
rendimentos sujeitos a retenção na fonte com a natureza de PPC, eles concorrem para a
determinação do rendimento coletável (sendo irrelevante o montante que tenha sido adiantado
ao Estado pelo terceiro, através do mecanismo da retenção na fonte) e, logo, para a
determinação da taxa aplicável, mas, depois de apurada a coleta, há lugar à dedução dos
montantes retidos (78º/2 «São ainda deduzidos a coleta os pagamentos por conta do imposto e
as importâncias retidas na fonte que tenham aquela natureza (ou seja, a natureza de pagamento
por conta)» e 97º/3 CIRS).
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Concluindo:
28º/1 LGT - «Em caso de substituição tributária, a entidade obrigada a retenção é responsável
pelas importâncias retidas e não entregues no cofre do Estado, ficando o substituídodesonerado
de qualquer responsabilidade no seu pagamento»
Se quantias foram retidas, mas não entregues ao Estado- O substituto é o único responsável e
substituído é desonerado
Seja qual for a modalidade de substituição tributária, seja a própria ou a imprópria, se houve
importâncias retidas pelo banco ou pela universidade, e que depois não foram entregues aos
cofres do Estado, o depositante ou o empregado ficam completamente desonerados de
qualquer responsabilidade.
28º/2 LGT- «Quando a retenção tiver a natureza de pagamento por conta do imposto devido
final (caso da categoria A do IRS- relações laborais privadas ou públicas), cade ao substituído (ao
empregado) a responsabilidade originária pelo imposto não retido, e ao substituto a
responsabilidade subsidiária»
Se quantias não foram retidas na retenção com natureza de pagamento por conta- O substituído
(o trabalhador, no caso da categoria A do IRS) é responsável originário e o substituto (a entidade
empregadora) é responsável subsidiário.
Ou seja, p.e. no quadro do prof. REO com a faculdade, se a faculdade não retiver o montante
de imposto que devia ter retido, entregando o seu vencimento em bruto, o responsável pelo
pagamento do montante do imposto será o prof. REO, a título principal, respondendo a
faculdade a título subsidiário.
28º/3 LGT- «Diferentemente, nos restantes casos (nos casos em que a retenção na fonte não
tiver a natureza de pagamento por conta do imposto devido a final, ou seja, quando a retenção
na fonte é a título próprio) o substituído (o depositante) é apenas subsidiariamente responsável
pelo pagamento da diferença entra as importâncias que deveriam ter sido retidas e as que
efetivamente o foram»
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Isto significa que o responsável tributário só pode ser chamado a pagar a dívida em causa depois
da prévia excussão/prévio esgotamento do património do devedor originário (153º/2 CPPT).
Primeiro o fisco dirige-se contra o devedor originário e, se ele não pagar voluntariamente,
executa o seu património, vendendo sua casa, carro… Se tendo vendido tudo, a dívida ficar
satisfeita para por ai. Mas, se o esgotamento do património do devedor originário não tiver sido
suficiente para a satisfação plena da dívida fiscal, o responsável tributário pode ser chamado a
responsabilidade, que só pode ser efetivada no quadro do processo de execução fiscal através
da chamada reversão da execução fiscal.
Se, porventura, a administração tributária constatar que o património do devedor originário não
foi suficiente, ela reverte a execução contra o responsável- reversão subjetiva de execução fiscal,
estava a correr contra uma pessoa e passa a correr contra outra). Existem algumas garantias
legais do revertido, da pessoa que é chamada a reversão, mas a verdade é que, se ao facto for
responsável tributário, vai ter de pagar a dívida que o fisco lhe demanda.
Oposição à execução [204º/1, b)], se entender que a reversão é ilegal por não se verificam
os pressupostos da reversão ou os pressupostos da responsabilidade tributária
Reclamação ou impugnação do ato tributário (da dívida tributária), se entender que há
ilegalidade (22º/5 LGT)
Pedido de revisão da matéria coletável
Art. 27º LGT- «os gestores de bens ou direitos de não residentes sem estabelecimento estável
em território português são solidariamente responsáveis em relação a estes e entre si por todas
as contribuições e impostos do não residente relativos ao exercício do seu cargo».
Se um dos responsáveis pagar a dívida do sujeito passivo fica com um direito de crédito sobre o
sujeito passivo e outro ou outros eventuais responsáveis.
Art. 24º LGT- «Os administradores, diretores e gerentes e outras pessoas que exerçam, ainda
que somente de facto, funções de administração ou gestão em pessoas coletivas e entes
fiscalmente equiparados são subsidiariamente responsáveis em relação a estas (as empresas) e
solidariamente entre si»
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Solidária (total)- caso em que a execução pode reverter contra qualquer um dos sujeitos,
que responde pela integralidade da dívida. Todos respondem pelo montante da dívida;
Subsidiária/conjunta (parcelar ou por “quotas”) - caso em que os responsáveis apenas
respondem individualmente por parte da dívida
24º LGT/1/a)- “Pelas dívidas tributárias cujo facto constitutivo se tenha verificado no período de
exercício do seu cargo ou cujo prazo legal de pagamento ou entrega tenha terminado depois
deste, quando, em qualquer dos casos, tiver sido por culpa sua que o património da pessoa
coletiva se tornou insuficiente para a sua satisfação” – Há aqui um ónus de prova da
Administração Tributária, que tem de provar nestes casos, que foi por culpa do
gestor/administrador que o património da empresa se mostrou insuficiente.
24º LGT/1/b) - “Pelas dívidas tributárias cujo prazo legal de pagamento ou entrega tenha
terminado no período do exercício do seu cargo, quando não provem que não lhes foi imputável
a falta de pagamento” - Por outro lado, neste caso há presunção de culpa pelo não pagamento
da dívida tributária, ou seja, só não serão responsáveis quando não conseguirem provar que não
lhes é imputável a fala de pagamento (que não foi por sua causa que não há pagamento),
havendo então ónus da prova do gerente.
Embora a Administração tributária tenha sempre o dever de provar que eles exerceram de facto
o cargo de administradores/gerentes, não havendo sem isso responsabilidade (AT, previamente,
tem de provar exercício efetivo da gerência, não sendo suficiente a prova da “gerência de
direito”).
«1 - O pagamento das dívidas tributárias pode ser realizado pelo devedor ou por terceiro.
2 - O terceiro que proceda ao pagamento das dívidas tributárias após o termo do prazo do
pagamento voluntário fica sub-rogado nos direitos da administração tributária, desde que
tenha previamente requerido a declaração de sub-rogação e obtido autorização do devedor ou
prove interesse legítimo».
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O terceiro assume, nas relações tributárias, o lugar que cabia à AT e passa a gozar das
correspondentes garantias públicas, nos termos do 92º CPPT.
Quais são os casos em que a lei geral tributária admite o recurso à avaliação indireta?
Art.87º LGT:
▪ Alínea a): regime simplificado de tributação, acontece, designadamente no caso da
categoria B dos rendimentos do IRS (art.28º a 31º CIRS - se se aplicar o regime da
contabilidade estamos no domínio da avaliação direta (alínea b) do art.28º), se se aplicar as
regras decorrentes do regime simplificado alínea a) do 28º) estamos no domínio da
avaliação indireta.
Nº2 do art.28º CIRS – se um advogado tiver recebido no quadro da categoria B menos de 200
mil euros, fica sujeito ao regime simplificado, se tiver recebido mais, fica sujeito ao regime da
contabilidade (este segue as regras do IRC, art. 32º, porque alguém nessas circunstâncias
funciona como uma empresa- tem, certamente, uma organização de produção eficiente tal
como têm as sociedades comercias).
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Nº3 do 87º - Se a pessoa ficar sujeita ao regime simplificado, o sujeito passivo pode optar pela
determinação dos rendimentos com base na contabilidade. Ou seja, a pessoa declarar a opção
pelo regime da contabilidade, tem de se pagar a um revisor oficial de contas- tem uma
desvantagem aparente; despesa acrescida (87º/4).
No quadro da avaliação da matéria tributável segundo o regime simplificado – art.31º CRIS – ex:
um advogado - 25% são a título de despesas, e só os 75% é que contam enquanto rendimento
líquido/lucro. Se tiver recebido 200 mil euros. Sujeito ao regime simplificado, significa que 50
mil são desde logo afastados a título de despesa.
Nota: de acordo com o Dr. Casalta Nabais o regime simplificado não é em rigor um verdadeiro
regime de avaliação indireta: em 1º lugar porque não é um caso de avaliação subsidiária (é um
caso de avaliação a título principal), e 2º porque não se trata de apurar o rendimento real a
partir de presunções, mas de tributar um rendimento presumido em função de uma presunção
de custos, ou seja, a ideia é não sobrecarregar os titulares de rendimentos mais baixos com
obrigações contabilísticas mais complexas. Isto significa que a maior parte dos advogados terá
um nível de despesa superior a 25%, e por isso teria mais vantagens em estar no regime da
contabilidade organizada, mas isso implica tanta complexidade que as pessoas acabam por não
o fazer.
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cabe ao sujeito passivo (art.89º A). O que se faz é inscrever na categoria G do IRS
(incrementos patrimoniais) o rendimento que é necessário para que a declaração de
rendimentos do sujeito atinja os valores do rendimento padrão.
Quando a matéria tributável tenha sido definida através de avaliação indireta, o contribuinte
pode sempre contestar os resultados a que chegou a administração tributária. É sempre possível
invocar erro nos pressupostos do recurso à avaliação indireta ou erro na quantificação indireta
da matéria coletável – se for isto que se quiser contestar, ou garantir que se poderá mais tarde
contestar em tribunal, então o contribuinte deve sempre formular, assim que é notificado da
avaliação indireta, um pedido de revisão da matéria tributável- no prazo de 30 dias (art.91º LGT).
Há aqui algo parecido com uma arbitragem/debate contraditório entre o perito do contribuinte
e o perito da AT. O perito de contribuinte é logo indicado no seu requerimento, a AT indica
também o seu perito. Se houver acordo entre os 2 peritos quanto ao valor da matéria coletável
que deve ser fixado, então o imposto será sempre liquidado de acordo com esse valor. Se não
houver acordo a AT fixa ela mesma o valor da matéria coletável, tomando em consideração as
posições dos 2 peritos, e o imposto será liquidado com base nisso. E depois de o imposto estar
liquidado, admite-se que o contribuinte impugne judicialmente a liquidação com fundamento
no tal erro nos pressupostos do recurso à avaliação indireta da matéria coletável ou ao erro na
quantificação indireta da matéria coletável. Se não tiver formulado aquele pedido de revisão da
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matéria tributável ele não poderá mais tarde impugnar o ato de liquidação com estes
fundamentos – mas poderá com outros fundamentos. Esta regra está no art. 86º/5 LGT.
• Atos puramente interlocutórios/preparatórios– são atos prévios dos atos tributários, que
aparecem na fase constitutiva do procedimento, que são relevantes para o conteúdo dos
atos tributários, mas que por não serem imediatamente lesivos, não são autonomamente
impugnáveis. Vale o princípio da impugnação unitária (art.54º CPPT) – estes atos
interlocutórios não são autonomamente impugnáveis, mas se forem ilegais a sua ilegalidade
comunica-se ao ato final do procedimento, e por isso, quando se impugna o ato final do
procedimento podem ser invocadas as ilegalidades que decorrem destes atos
interlocutórios. Por via de regra, impugna-se apenas o ato final do procedimento tributário,
que por via de regra é a liquidação. Contra a liquidação podem ser invocadas quaisquer
ilegalidades cometidas no procedimento.
• Atos em matéria tributária em sentido estrito – atos prévios da liquidação, mas que são
destacáveis do respetivo procedimento para efeitos de impugnação autónoma. Temos 2:
Os atos de fixação da matéria tributável que não dão origem a qualquer liquidação
(art.86º/3 LGT, e 97º/1/b CPPT) - o contribuinte pode pretender impugná-los porque, apesar
de ter apurado resultados tributários negativos, a lei permite muitas vezes que os prejuízos
de anos passados possam ser reportados a anos futuros;
Atos de fixação da matéria tributável com base no art.89ºA/7 - neste caso específico a lei
permite que este ato de fixação da matéria tributável por mecanismos indiretos seja
autonomamente impugnado. Ele é prévio à liquidação, mas ainda assim, o legislador
considera-o autonomamente impugnável.
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Nota: em todos se aplica sempre uma fase administrativa prévia à impugnação judicial,
porque a administração não foi autora. Como são casos em que a Administração não foi
autora, primeiro pede que o contribuinte lhe coloque a questão, e só se não concordar é
que vai para tribunal.
Atos deste tipo que não comportam a apreciação da legalidade de um ato de liquidação –
atos administrativos praticados no contexto de relações tributárias, ou seja, relações que
convocam a interpretação e aplicação de normas de direito fiscal, mas que estão inseridos
em procedimentos ou são conclusivos de procedimentos distintos do procedimento que
tem em vista a prática de um ato de liquidação. Ex: notificados de liquidação de um imposto.
Concordo com o valor, não pretendo levar a tribunal, mas faço um requerimento para pagar
o imposto em prestações. O ato que vier da administração tributária que defira ou indefira
o pedido, é um ato administrativo relativamente a questões tributárias que não comportam
a apreciação da legalidade de um ato de liquidação; outros exemplos: quando alguém pede
o reconhecimento de um benefício fiscal, ou quando se aplicam as normas anti-abuso, ou
quando há decisões de derrogação administrativa do dever de sigilo bancário. Em relação a
estes atos valem as regras que constam dos artigos 91º/1/d e 97º/2 CPPT. Ou seja, por via
de regra há lugar à sua impugnação judicial direta sem necessidade de prévia impugnação
administrativa, em regra são impugnáveis nos tribunais tributários, só que o processo da sua
impugnação regula-se não pelas normas do CPPT, mas pelas normas do CPTA – estes atos
aproximam-se muito do direito administrativo, e por isso são impugnáveis em tribunais
tributários mas a lei processual que os regula é a dos atos administrativos.
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Este ato de decisão/determinação da matéria tributável por avaliação indireta, não é, em regra,
passível de impugnação judicial autónoma. É um ato importante, mas preparatório, que a lei
não considera destacável do procedimento para efeitos de impugnação judicial, a não ser na
situação do art.89º-A/7, ao qual cabe recurso ao tribunal tributário (assim como no Direito
Administrativo, por via de regra, não é possível impugnar os atos preparatórios do
procedimento, só se podendo recorrer de atos administrativos com efeitos externos).
Há outro caso, que não é bem uma exceção, mas uma espécie de desvio, previsto no art.86º/4
LGT (vale para os casos a que não se aplica o art. 89º/a) /7), artigo da concretização do princípio
da impugnação unitária:
«Na impugnação do ato tributário de liquidação em que a matéria tributável tenha sido
determinada com base em avaliação indireta, pode ser invocada qualquer ilegalidade desta,
salvo quando a liquidação tiver por base o acordo obtido no processo de revisão da matéria
tributável regulado no presente capítulo».
Ou seja, podemos sempre imputar ao ato final do procedimento todas as ilegalidades que sejam
derivadas do procedimento (podemos sempre imputar ao ato final todas as ilegalidades que se
tenham verificado ao longo do procedimento) – princípio da impugnação unitária: A ideia é
concentrar a possibilidade de impugnação num ato apenas do procedimento, no ato
final/conclusivo do procedimento, mas permitir ao mesmo tempo, que todas as ilegalidades que
tenham sido praticadas ao longo do procedimento possam ser invocadas contra o ato final.
Ex: Estamos num procedimento administrativo disciplinar, onde nos termos da lei temos um
prazo de audiência prévia/defesa de 10 dias. Contudo, somos notificados pelo responsável pelo
procedimento que temos apenas 5 dias para nos pronunciarmos, o que é ilegal. Apesar de ilegal,
não podemos impugnar esse ato junto do tribunal (sendo possível, contudo, fazer uma
reclamação), pois só se pode recorrer de atos administrativo com efeitos externos e o ato em
causa tem efeitos internos no procedimento. Temos então de aguardar pelo ato final. Se o ato
final nos for completamente favorável, a ilegalidade passa a ser irrelevante, pois não iremos
impugnar um ato que nos é completamente favorável. Por outro lado, se o ato final for
desfavorável, e ainda que consideremos que ele é, do ponto de vista das afirmações que nele se
contêm, imaculado e que tudo que lá está é certíssimo (a imputação e descrição dos fatos; a
seleção da pena; a graduação da pena- tudo certo), impugnamos o ato, pois devido à ilegalidade,
existe uma grande probabilidade de ganharmos,, procedendo o tribunal à anulação do ato com
base em ilegalidade procedimental (não irá avaliar se o ato é bom ou mau, mas apenas constata
que há uma ilegalidade procedimental).
Teoria dos atos destacáveis – Começou-se ainda a construir esta teoria, em que os atos se
destacavam e se autonomizavam do procedimento para efeitos de impugnação judicial.
Contudo, houve muita evolução, sendo hoje a construção mais fina e sofisticada, no entanto o
princípio mantém-se, não havendo, por via de regra, impugnação judicial dos atos preparatórios
do procedimento, havendo, por outro lado, como dito anteriormente, exceções como o
art.89ºA/7 (que diz- desta decisão preparatória, cabe recurso para o tribunal tributário).
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Ou seja, estão aqui em causa dois erros. Erro na quantificação da determinação da matéria
tributável e erro nos pressupostos do recurso a avaliação indireta. Se estiverem em causa estes
dois vícios, a possibilidade de eles serem invocados à frente, a propósito da liquidação, depende
de se ter utilizado o mecanismo da prévia reclamação a propósito da avaliação indireta.
Esquematização:
Chegados aqui, o contribuinte ou se considera satisfeito, dizendo que não há motivos para
impugnar judicialmente, ou, querendo, pode impugnar a liquidação invocando um daqueles 2
vícios:
Assim, neste caso, o contribuinte pode sempre impugnar a liquidação com base nestes dois
erros. Se não tiver havido o 2º momento, o contribuinte pode impugnar sempre a liquidação,
mas não com base em erro na quantificação ou erro nos pressupostos. Ou seja, o 2º momento,
em que se presenta o pedido de revisão, é essencial nos termos do art. 86º/5, não para assegurar
que se possa impugnar a liquidação, mas sim para assegurar se pode impugnar a liquidação
também com fundamento em erro na quantificação e nos pressupostos. Se não tiver havido o
2º momento (pedido de revisão), pode-se sempre impugnar a liquidação, não com base nos dois
vícios mencionados, mas com base em outros vícios, p.e. falta de fundamentação; falta de
audiência prévia; incompetência do órgão…
Desta forma, em rigor, isto não é nenhuma exceção. Só seria uma exceção se fosse possível
impugnar o ato do 1º momento, onde o contribuinte seria notificado da avaliação indireta e iria
logo para tribunal, o que não acontece, sendo apenas possível impugnar a liquidação mais para
a frente.
Nota: É errado dizer que quando se quer impugnar a liquidação tem de se fazer um pedido de
revisão, pois o pedido de revisão é feito anteriormente, quando se é notificado da decisão da
avaliação indireta, não quando se é notificado da liquidação. O pedido de revisão se apresenta
no primeiro momento, não no quarto.
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(Não há nenhuma razão para nós termos este tipo de regras fiscais, é uma questão puramente
política- é o ministério das Finanças a mostrar a sua força política. Os fiscalistas e ao
administrativistas preferem, sentindo-se mais confortável com a existência dessa autonomia.
«imposto sobre o rendimento 1pessoal visa a diminuição das desigualdades e 2será único e
3progressivo, 4tendo em conta as necessidades e os rendimentos do agregado familiar».
Este é o impostos das pessoas singulares, deve ser único, o que significa que deve ser
globalmente sujeito a um mesmo regime, ou pelo menos a um regime que obedece aos mesmos
valores; progressivo, o que significa que as taxas aumentam à medida que aumenta a matéria
coletável.
Nota: Para o princípio da igualdade bastaria um imposto/uma taxa proporcional, pois esta trata
de forma diferente as pessoas que têm diferente capacidade contributiva, p.e. se num imposto
temos uma taxa de 10%, quem ganha 100 paga 10 e quem ganha 10 paga 1. Contudo, aqui
estamos num segmento mais apurado/fino do princípio da igualdade, que visa assegurar que
aqueles que têm maior capacidade contributiva paguem mais do que proporcionalmente
relativamente àqueles que têm menor capacidade contributiva. Não podemos dizer que a
progressividade é uma exigência do princípio da igualdade, pois apesar desta ideia soar bem,
mas isto implicaria a inconstitucionalização da maior parte dos impostos do sistema fiscal
português.
Quando se admite que haja maior desconto de despesas sociais, as despesas fiscais baixam, o
que nos leva a ter de fazer escolhas: Ou queremos um Estado não tão presente, o que leva a
uma redução do estado Social, ou queremos manter o Estado tão presente quanto ele está, o
que implica subir de outro modo as receitas fiscais (o que atualmente tem sido feito
essencialmente através de impostos indiretos, que são, de acordo com o REO, mais injustos,
sendo o imposto mais justo o IRS).
104º/2 CRP-
Há aqui um problema, pois no nosso vocabulário do dia a dia utilizamos o sentido de empresa
num sentido objetivo, mas não jurídico (quando falamos em empresa, referimo-nos às
sociedades comerciais), mas as empresas são coisas diferentes. Pode haver empresas individuais
ou coletivas, e pode haver pessoas coletivas que não são empresas (como as fundações e
associações). Uma empresa é uma estruturação organizada de fatores de produção com vista à
obtenção de um lucro.
Isto gera aqui alguma confusão, pois quando aqui falamos em empresa, está a pensar-se nas
pessoas coletivas, ou seja, o IRC incide sobre o rendimento das pessoas coletivas, sendo que
nesse rendimento das pessoas coletivas temos os rendimentos empresariais (os das sociedades
comerciais- todas são empresas), e temos os rendimentos associativos ou fundacionais.
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Portanto, o IRC não incide sobre as empresas em rigor, mas sobre as pessoas coletivas, sendo
algumas destas estruturam-se sobre forma empresarial e outras não. E ao IRS podemos ir buscar
a mesma coisa, pois incide também sobre algumas empresas, designadamente na categoria B,
onde estão os advogados, médicos, empresários agrícolas, etc. que a partir de certa dimensão
exercem a sua profissão de forma empresarial, o que não acontece com o trabalhador por conta
de outrem, que exerce sua profissão de forma laboral, sendo um dos fatores de produção da
empresa, diferindo-se assim dos rendimentos da categoria B, onde efetivamente existe empresa
enquanto estruturação organizada de fatores de produção.
O Dr. Casalta Nabais é um dos autores que tem defendido a ideia de uma tributação dos
rendimentos empresariais uniforme, sejam elas coletivas ou individuais– mas não é isso que
temos (temos um código sobre o rendimento das pessoas singulares e outro para as pessoas
coletivas).
No art. 1º/1 do código sobre o rendimento das pessoas singulares encontramos diferentes
categorias:
Quando vemos o IRS, percebemos que este, num primeiro momento, é completamente cedular.
ORAL: A cedularidade do IRS é o facto de numa fase inicial o IRS distinguir os diferentes
rendimentos. Ou seja, os rendimentos não chegam ao IRS todos da mesma forma, sendo
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Art.22º CIRS –
«O rendimento coletável em IRS é o que resulta do englobamento dos rendimentos das várias
categorias auferidos em cada ano, depois de feitas as deduções e os abatimentos previstos nas
secções seguintes».
Ex: Se formos advogados e declararmos no IRS que recebemos 20 mil euros e formos tributados
por esta via, seremos injustamente tributados, pois partir-se-á do princípio que este dinheiro
terá entrado na nossa conta para usufruto e proveito pessoal, correspondendo à nossa
capacidade contributiva, o que não é verdade, pois temos de ter em conta as despesas que
temos (p.e. pagar água, luz, livros, computadores, pagar assistentes, etc.).
Assim, a fase das deduções específicas é uma fase que visa libertar o rendimento das despesas
que foram necessárias realizar para a sua obtenção. As deduções específicas, em teoria, é uma
fase em que se visa libertar o rendimento bruto de todas as despesas que forem necessárias
efetuar para a sua obtenção, passando assim de um rendimento bruto para um rendimento
líquido. Dizem-se específicas porque estão previstas na lei especificamente para cada categoria,
tendo cada categoria as suas específicas deduções.
Nota: As deduções à coleta do art.78º não equivalem às deduções específicas (visam tornar o
rendimento líquido). As deduções à coleta são deduções que visam deduzir ao montante do
imposto a pagar as despesas que se tenham realizado com a satisfação de direitos sociais, de
forma a não tributar aquilo que se gastou com a realização de direitos sociais . São feitas já
depois de determinado o valor de imposto a pagar e têm essencialmente em vista o chamado
desconto pelas despesas com a realização de direitos sociais (encargos com lares, despesas de
saúde, despesas de educação, etc.).
13/05/2021
Quem é o contribuinte, art. 13º CIRS (artigo 16º e 17º- o que são residentes):
«Ficam sujeitas a IRS as pessoas singulares que residam em território português e as que, nele
não residindo, aqui obtenham rendimentos».
Temos ainda o tema da família, de acordo com o artigo 59º, que fala da tributação dos casados
e unidos de facto. A lei permite uma de duas coisas:
• Tributação separada de cada um dos cônjuges, onde cada um apresenta uma declaração da
qual constam os rendimentos de que um dos cogens é titular e ainda 50% dos rendimentos
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Cada categoria, ou maior parte delas, permitem deduções especificas, de forma a libertar os
rendimentos das despesas que foram necessárias à sua obtenção:
• Categoria B- Encontramos nos artigos 28º e ss. as deduções especificas que têm aqui lugar.
Como já foi dito no tema da avaliação indireta, há aqui duas formas de determinar o rendimento
líquido das atividades empresariais e profissionais:
Com base na aplicação das regras recorrentes do regime simplificado (art.28º/1/a);
Com base na contabilidade (art.28º/1/b).
Diz o art. 28º/2- «Ficam abrangidos pelo regime simplificado os sujeitos passivos que, no
exercício da sua atividade, não tenham ultrapassado no período de tributação imediatamente
anterior um montante anual ilíquido de rendimentos desta categoria de (euro) 200 000» -
Aqueles que ficam acima, ficam sujeitos ao regime da contabilidade, sendo que em observância
com o artigo 28º/3 «os sujeitos passivos que sejam abrangidos pelo regime simplificado podem
(querendo) optar pelo regime da contabilidade», embora isso não seja normal.
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art. 31º/1/b) CIRS- No caso das atividades profissionais dos advogados, o rendimento
líquido é de 75%, considerando-se que, normalmente, um advogado necessita apenas de
25% para obter o seu rendimento, abatendo-se esses 25%, sendo o seu rendimento líquido
de 75%. No caso de 1 milhão de euros, abatem-se 250 mil, ficando 750 mil euros para efeitos
de tributação.
No âmbito do regime da contabilidade (art. 32ºCIRS «não abrangidos pelo regime
simplificado»), tratam-se estes sujeitos passivos como se fossem verdadeiras empresas,
remetendo-se a determinação do seu rendimento líquido para as regras da contabilidade
comercial- as pessoas deduzem as despesas que são dedutíveis, podendo haver abusos, já que
as pessoas podem acabar por incluir como despesas para obtenção de rendimento algo que diz
respeito à sua vida pessoal, p.e. a pessoa compra um vinho para si própria, mas diz que foi para
oferecer à um cliente- no regime da contabilidade só são dedutíveis as despesas profissionais,
nunca as pessoais..
• Categoria E- Art. 40º, é a única categoria que, em rigor, não tem deduções específicas.
• Categoria F- Art. 41º- p.e. alguém é proprietário de um imóvel e paga condomínio; tem de
mandar arranjar o elevador; tem de fazer obras em casa. Todas estas são despesas que se
podem ir deduzindo ao chamados rendimentos prediais.
• Categoria G- Art. 42º- Apenas há lugar a deduções sobre as mais valias. Os outros
incrementos patrimoniais, como p.e. rendimentos do jogo, não estão sujeitos a deduções
específicas.
Ex: Art.43º/2- «O saldo referido no número anterior, respeitante às transmissões
efetuadas por residentes (por exemplo, na alienação onerosa de imóveis) ou caem na
alínea a), não sendo essa regra, ou, diz a alínea b) Apenas considera 50 % do seu valor,
nos restantes casos.»- Assim, se alguém vende um imóvel por mais um milhão do que
aquilo que tinha comprado (do custo de aquisição), só conta por metade, ou seja, os
outros 50% contam a título de dedução específica.
4º Englobamento (art. 22º) - É a soma dos vários rendimentos líquidos por categoria. Lembra
que nos termos do artigo 22º/3/b) não contam para efeitos do englobamento as retenções na
fonte a título definitivo, nos casos de substituição em sentido próprio.
5º Dedução de perdas (art. 55º) - Esta é uma fase eventual (nem sempre existe), onde podem
existir duas figuras. Estes institutos são: intercomunicabilidade horizontal dos custos das
diversas categorias de rendimentos e o reporte de prejuízos para anos futuros. Entre apenas se
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Ex: Se alguém tem um resultado negativo na categoria B, tendo uma perda, não poderíamos
deduzir esse resultado negativo da categoria B à um resultado positivo de outra categoria
qualquer.
Assim, não falamos do resultado dos mesmos anos, pois ninguém pode ter no mesmo ano, na
mesma categoria, um resultado líquido negativo e positivo- falamos de reporte para anos
futuros. P.e. o resultado líquido negativo apurado na categoria B só pode ser reportado aos 12
anos seguintes aquele a que respeita (art.55º/1/a)), ou seja, se eu tenho um resultado líquido
negativo de 100 mil euros na categoria B, tenho 12 anos para fazer o reporte de prejuízos, ou
seja, para imputar esse resultado negativo aos resultados líquidos positivos da mesma categoria.
Caso não consiga, esse valor perde-se para todos os efeitos
7º Aplicação das taxas (liquidação do imposto) art. 68º- Depois do rendimento coletável, temos
a aplicação das taxas, ou seja, o momento da liquidação do imposto. As taxas estão previstas no
artigo 68º/1(depois também há uma taxa adicional de solidariedade para quem ganha mais de
80 mil euros, mas as taxas gerais estão no 68º), onde existem duas tabelas A e B, sendo uma a
normal e a outra a média.
Art. 68º/2- «O quantitativo do rendimento coletável, quando superior a 7112 (euro), é dividido
em duas partes (não significa que sejam partes iguais), nos seguintes termos: uma, igual ao limite
do maior dos escalões que nele couber, à qual se aplica a taxa da coluna B correspondente a esse
escalão; outra, igual ao excedente (remanescente), a que se aplica a taxa da coluna A
respeitante ao escalão imediatamente superior».
Ex: Imaginando que nosso rendimento coletável é de 30 mil euros. Temos de partir o rendimento
em duas partes, tendo uma das partes de bater no limite máximo do maior escalão que esse
rendimento dividido em 2 pode caber. Será aplicada a taxa do b) de 24, 96, pois sendo 30 mil,
não é possível incluí-lo no teto do escalão seguinte que vai até 36 mil euros. Dividindo então 30
mil em duas partes, a 25,75 mil aplica-se a taxa da coluna B, de 24,967%, enquanto que ao
remanescente, aos outros 5 mil, aplica-se a taxa da coluna A do escalão imediatamente superior,
ou seja, 37%.
A razão de ser feito desta forma é evitar que depois de imposto alguém que ganhe mais fique
com menos que alguém que ganhe menos, ou seja, a lógica do IRS é aqueles que ganham mais
paguem mais, mas não podemos ir ao ponto de fazer com que alguém que ganha mais do que
outro, só por causa da taxa, fique a perder, pois isso seria um incentivo à não obtenção de
rendimentos (para não ficar um escalão acima tenta receber menos).
Ex: Se a 100 mil euros fosse aplicada uma taxa de 15% e a 101 mil euros fosse aplicada a taxa de
20%, essa pessoa, que ganhou mais, sairia, após liquidação, com menos rendimento disponível
do que alguém que ganhou menos- desincentivo à obtenção de rendimento.
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Direito Fiscal I 2020/2021
Existe ainda o cociente conjugal (art. 69º) – Este só vale para tributação conjunta, sendo o
rendimento divido em duas partes iguais- apura-se o rendimento global líquido dos cônjuges,
divide-se por dois, aplicam-se as taxas do artigo68º a uma das metades e depois multiplica-se
por 2.
Temos de considerar que as taxas são progressivas, e se o rendimento for repartido por dois, a
taxa que é aplicável a essa metade rendimento são mais baixas do que aquelas que se aplicariam
ao rendimento na totalidade- tem a vantagem de neutralizar os efeitos negativos fiscais da
tributação conjunta, (ninguém optaria pela tributação conjunta se não houvesse este cociente
conjugal, pois as taxas que seriam aplicáveis aos dois rendimentos das duas partes seria sempre
maiores do que aquelas que se aplicariam se eles partissem o rendimento).
• Dupla tributação jurídica internacional- Existe dupla tributação jurídica quando a a mesma
pessoa, porque praticou um certo facto, é tributada pelo mesmo facto a título/no quadro
de dois ou mais impostos similares. É internacional quando esses dois impostos em causa
são de diferentes estados.
O que acontece é que há alguém que é tanto tributado em Portugal como p.e. em Espanha, isto
acontece porque, normalmente, os estados têm consagrados os princípios (world wide income
e o source principle), o que significa que um português que reside cá paga IRS por aquilo que
recebe em Portugal em Espanha, e em Espanha mesmo não sendo lá residente vigorando o
princípio source principle, logo ele também paga IRS espanhol a título de não residente em
Espanha. O que leva a que esse rendimento espanhol pague IRS português e IRS espanhol, o que
dá origem à dupla tributação jurídica internacional.
O que se prevê no artigo 81º é um crédito de imposto, existe então a possibilidade de deduzir
o crédito de imposto por dupla tributação internacional que, por via de regra, esse crédito de
imposto corresponde ao montante de imposto que se tenha pago lá, por conta do imposto
estrangeiro.
Ex: Se um português pagou IRS espanhol no valor de 300 euros, ele em Portugal está obrigado
a declarar esse rendimento para efeitos de tributação em Portugal. Calcula-se as taxas nos
termos normais e no final faz-se uma dedução a coleta no valor de 300 euros, que foi o que
pagou em Espanha.
• Dedução à coleta por natureza (art. 78º/2) -Já falamos sobre os pagamentos por conta e
sobre as retenções na fonte que têm natureza de pagamento por conta (retenções a título
provisório).
Ex: As retenções na fonte efetuadas no quadro da categoria A- rendimentos do trabalho
dependente. Não existem pagamentos por conta na categoria A (ao contrário do que
acontece na categoria B, em que há 3 pagamentos por conta ao longo do ano civil), existindo
retenções na fonte, devido a quantidade de pessoas que são titulares de rendimento, p.e.:
Categoria B- a fonte de rendimento do advogado são os seus clientes, existindo mais clientes
do que advogados.
Categoria A- a fonte de rendimento dos empregados são as entidades empregadoras,
existindo mais empregados do que entidades empregadoras.
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Assim, para simplificar os processos, o legislador, em vez de impor aos trabalhadores que façam
rendimentos por conta, pede as entidades empregadoras que façam esses pagamentos por
conta e, para isso, quando colocam o ordenado do empregado a sua disposição, retêm na fonte
o montante que têm de entregar ao Estado a título de pagamento por conta do trabalhador (o
montante que é entregue pela entidade empregadora afeta o sujeito passivo, que é o
trabalhador). A ideia do rendimento líquido não faz assim sentido para os sujeitos da categoria
B, já que não têm retenção na conta, apenas para a categoria A.
Estas retenções na fonte não têm nada a ver com as outras, pois não são a título definitivo, são
uma mera antecipação de entregas pecuniárias antecipadas, por conta de um imposto que só
será devido depois, não se sabendo ao certo o seu montante. Ninguém está a dizer ao
empregado quando este recebe o rendimento líquido que o montante que ele irá pagar é o
montante correspondente ao valor da retenção, pois o provável é mesmo que isso não aconteça.
Nas retenções pecuniárias a título definitivo, p.e quando olhamos para a nossa conta bancária e
vemos “juros-2 euros; Imposto- 30 cêntimos”, o montante do imposto corresponde ao
montante dos juros, tanto que este rendimento não será englobado para efeitos de tributação,
estando fora do regime geral do IRS (as taxas liberatórias, por exemplo, não há dedução de
rendimentos, pois não há liquidação, pertencendo ao “regime especial do IRS”). As categorias A
e B encontram-se no regime geral do IRS
Ex: Se um advogado- categoria B- recebe 1 milhão de euros e faz 3 pagamentos por conta no
valor de 300 mil cada um, na sua declaração de rendimentos irá inscrever na mesma 1 milhão
de euros. O imposto calcula-se independentemente do facto de ele ter feito 3 pagamentos por
conta, pois o que se quer é meter todos os rendimentos de todas as categorias no mesmo saco,
depois se procederá as deduções específicas, ao englobamento, as taxas gerais do artigo 68º e
por fim a coleta, dando 800 mil. Agora, o advogado tem de deduzir a coleta os pagamentos por
conta no valor de 900 mil, tendo um reembolso de 100 mil euros.
➢ Rendimentos sujeitos a taxas liberatórias (art. 71º/8 CIRS)- O englobamento faz sentido
quando a pessoa sabe que, mesmo englobando estes rendimentos para efeitos de
tributação, a taxa que lhe será aplicável nos termos do artigo 68º será inferior a taxa de 28%
da taxa liberatória do artigo 71º- isto destina-se a proteger as pessoas que têm rendimentos
mais baixos (as pessoas que têm rendimentos mais altos, podendo pagar a taxa liberatórias
de 28%, nunca englobam, pois pagam taxas mais ou menos de 50% no IRS). Contudo, isto
não funciona, pois, as pessoas de menores rendimentos não costumam perceber sobre o
assunto.
IX. Impostos e Taxas (voltou atrás na matéria) -
Os impostos são uma prestação unilateral e a taxa é uma prestação/tributo bilateral. A taxa
insere-se sempre numa relação administrativa de troca (du ut es), há sempre uma contrapartida.
As 3 contrapartidas típicas das taxas são (art.4º/2 da LGT):
Destas 3 há uma que se reporta a um bem puramente jurídico que não tem materialidade na
vida dos factos, que é a remoção dos factos jurídicos, pois é relativamente fácil criar obstáculos
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jurídicos e depois dizer que pela sua remoção se paga uma taxa. O laboratório jurídico pode ser
facilmente manipulado para efeitos tributários, é muito fácil criar taxas que são devidas por a
remoção de um obstáculo jurídico, porque basta criar um obstáculo jurídico, depois removê-lo
e pedir o pagamento de uma taxa. Assim, em relação às taxas devidas as licenças, é preciso haver
2 requisitos-
• Critério do acesso a um bem semipúblico (Teixeira Ribeiro) – As taxas pagas por estas
licenças só são verdadeiramente taxas, e não impostos, quando viabilizem o acesso a um
bem semipúblico-bem que satisfaz simultaneamente interesses públicos e privados, p.e.
uma floresta do Estado, ou seja, se alguém pagar um bilhete para entrar numa floresta, será
uma taxa. Defendia que as licenças de uso porte de armas em si mesmas não dão acesso a
nenhum bem semipúblico, ficando a pessoa na disponibilidade de ser portadora de uma
arma, mas não tendo acesso a nada, devendo ser considerado um imposto e não uma taxa.
• Critério do interesse público real na criação do obstáculo (Casalta Nabais) – Este critério
não se centra naquilo que é permitido pela licença, mas sim nas razões que justificaram a
criação do obstáculo jurídico, devendo haver um interesse público real na criação do
obstáculo, e não motivos de interesses públicos reais onerosos (arrecadar receitas), sendo
já válida a criação da taxa nas licenças de uso e porte de armas. Não havendo o tal interesse
público real, não havendo então bilateralidade, devemos considerar que é um imposto, não
uma taxa.
Notas. Se porventura não se observar o critério que bilateraliza o tributo, então temos um
imposto, a que também se pode chamar licenças fiscais. As licenças fiscais são as licenças que
são dadas fora de uma relação de taxa, podendo ser legitimas ou ilegítimas, p.e. do ponto de
vista formal, se as licenças fiscais forem aprovadas por lei da AR ou decreto-lei autorizado do
governo, não haverá problemas.
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20/05/2021- (Leonor)
Resolução de um exame
Grupo I
1. (1 valor + 2 valores)
a) A distinção entre impostos periódicos e impostos de obrigação única é hoje uma distinção
apenas com valor teórico, sem relevo prático. Falso
É falso porque tem importância pratica nos prazos de necessidade, de direito à liquidação e da
prescrição das dividas tributarias (artigo 48 da lei geral tributaria) e também da caducidade do
direito de liquidação (matéria regulada no artigo 45 da lei geral tributaria).
O direito à liquidação em termos do direito civil é um direito na sua configuração é como se
fosse um direito potestativo, é então um direito cujo efeito jurídico se impõe imutavelmente à
contraparte, e esses efeitos jurídicos são então tornar certa, liquida e exigida a divida tributaria.
A diferença entre a caducidade do direito à liquidação e prescrição da divida tributaria é que a
caducidade vale para os direitos potestativos e a prescrição vale para os direitos de crédito
normais, uma vez liquidado o imposto (não é pagar o imposto) surge para o contribuinte o dever
de pagar, mas é certo que essa divida tributaria também pode prescrever, artigo 48.
b) Há, entre o direito fiscal e o direito administrativo, uma autonomia material plena. Falso
O direito Fiscal do ponto de vista organizatorio tem tanta autonomia como a saúde, pelo
ministério próprio, por exemplo. Mas mesmo do ponto de vista a material não tem plena
autonomia porque muitas das regras de direito fiscal têm a sua origem e compreensão no direto
administrativo. O ato de liquidação do imposto é um puro ato administrativo em matéria fiscal,
o procedimento tributário esta muito em linha com o direito administrativo os grandes
princípios informadores dos impostos e das taxas são os princípios informadores do direito
administrativo.
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c) O princípio da impugnação unitária é válido no direito fiscal, ainda que conheça algumas
exceções. Verdadeira
Existe um princípio da impugnação unitária que está incito no artigo 54 CPTP. Este é um princípio
que se vai buscar também ao direito administrativo vale a mesma regra. a regra de que provia
de não são impugnáveis os atos interlocutórios preparatórios da decisão final. Por exemplo, se
eu receber uma notificação que em vez de 10 dias da lei, me dá 5 dias para eu me pronunciar
em sede de audiência previa num procedimento qualquer, eu não posso impugnar esta decisão
tenho de aguardar pela decisão final do procedimento e se ela me for desfavorável eu posso
impugná-la invocando a ilegalidade formais ou procedimentais. Há então algumas exceções na
lei fiscal, avaliação indireta (artigo 89/4 nº7).
2. (1 valor + 2 valores)
a) Mesmo no caso da tributação dos não residentes em sede de IRS, pode dizer-se que
este imposto continua a ser essencialmente um imposto pessoal. Falso
O IRS só é um imposto pessoal em relação aos residentes porque em relação aos não residentes
não é possível tomar em consideração toda a sua riqueza e, portanto, continua a aplicar-se uma
taxa progressiva, mas a verdade é que não se conhece a situação global, pessoal e familiar dessa
pessoa, ela não é residente cá por isso ela só vai pagar cá sobre os rendimentos aferidos cá, ela
não pode deduzir despesas de saúde e educação mesmo que as tenha assumido cá. O IRS só é
um imposto pessoal na situação dos residentes.
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Nas contribuições financeiras são tributos pagos por determinados grupos de operadores
económicos a favor de certas entidades publicas, normalmente entidades reguladoras, pelo
facto de elas darem aso à existência dessas entidades reguladoras e delas sejam as principais
benificiárias da existência dessas entidades. Os principais beneficiadores em primeira linha os
próprios operadores económicos que atuam nesse específico setor e então em vez de se por o
contribuinte em geral os custos da regulação colocam-se os próprios operadores económicos e
nascem as contribuições financeiras. A relação de trica não é tao forte como na taxa, mas mesmo
assim é forte o suficiente para estas contribuições financeiras estre mais próximas das taxas do
que dos impostos e elas acabam por estar sujeitas aos mesmo princípios das taxas, a ideia de
bilateralidade e a ideia da proporcionalidade.
3. (1 valor + 2 valores)
a) A analogia é proibida no direito fiscal. Falso
A analogia só é proibida aos elementos essenciais dos impostos em todas as outras matérias a
analogia é permitida. Só em matéria de incidência, taxa, garantia dos contribuintes e benefícios
fiscais é que esta analogia é proibida.
b) Em caso de erro na autoliquidação o sujeito passivo pode sempre impugnar
diretamente a mesma nos tribunais, por força do princípio constitucional da tutela
jurisdicional efetiva. (não respondeu)
c) Se uma lei de novembro de 2020 aumentar as taxas gerais do IRS com efeitos
reportados a 1 de janeiro de 2020 não há, nessa hipótese, um caso de retroatividade
autêntica. Verdadeiro
Só há retroatividade autêntica quando se pretende regular um facto tributário que nasceu e já
se extinguiu ao abrigo da lei antiga, nos impostos períodos (caso do IRS) o facto tributário vai de
1 de janeiro a 31 de dezembro e, portanto, uma lei de novembro que pretendia regular todo o
ano seria um caso de retroatividade inautêntica. A retroatividade inautêntica não é
expressamente proibida pela constituição ao contrario ao que acontece com a retroatividade
autêntica desfavorável, mas isso não significa que ela seja permitida temos então de fazer o jogo
da balança e ponderar vários fatores. Primeiro saber que razão de interesse público justifica a
lei nova fiscal e depois temos de olhar para carga fiscal em causa. É um aumento ma sé um
aumento de 0,1% no IRS de todas as taxas ou é um aumento de 15% em todas as taxas. Temos
também de saber se os contribuintes podiam ou não confiar em que não haveria agravamento
de impostos durante o ano, depende de declarações políticas, ou referencia na lei do orçamento
de estado, discussões paramentares…
São então estes 3 os grandes fatores: razão de ser para a lei nova, medida da confiança e
medida lesão.
II Grupo (8 val.)
Maria é trabalhadora na empresa Cortiça, Lda., auferindo uma remuneração mensal líquida no
valor de € 800,00.
a) Imagine que, no ano de 2019, a Cortiça, Lda. reteve mensalmente a Maria os montantes que
a lei impunha a título de retenções na fonte, mas a uma taxa inferior à legalmente prevista.
Quem pode ser responsabilizado pelo valor de IRS correspondente à liquidação do ano de 2019
que não foi entregue nos cofres do Estado? Com que fundamento legal? (3 val.)
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Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra Samantha Melo
Direito Fiscal I 2020/2021
A cortiça limitada foi retendo os montantes, mas a uma taxa inferior e por isso veio a reter menos
do que devia, e a pergunta é, quem é que é responsável por isto, quem é responsável por o valor
de IRS que não foi entregue nos cofres do estado.
1º coisa a fazer: qualificar os institutos que são aqui em cauda de direito tributário
Substituição tributaria: porque neste caso nos termos do artigo 99/c e 100 do código de IRS,
impõe-se a pessoa diversa do contribuinte o dever de efetuar a prestação tributaria, isto é um tipo
caso de substituição tributaria nos termos do artigo 20. No artigo 34.
Temos então no caso pratico que a cortiça imitada reteve mensalmente a maria, mas é uma taxa
inferior, houve retenção, mas a uma taxa inferior. Fica a questão de saber quem é responsável. O
artigo 28 da lei geral tributaria aplica-se a qualquer caso de substituição tributaria quando haja
retenção, mas não haja entrega, o banco reteve na fonte, mas entregou (retenção definitiva), a
entidade empregadora reteve, mas não entregou (retenção não definitiva). Se houve retenção e
não houve entrega depois há aqui 3 caos possíveis: houve retenção e entrega, não há problema
nenhum; houve retenção, mas não houve entrega, está errado; não houve retenção logo não
houve entrega. O artigo 28/1 aplica-se então a todos os casos onde houve retenção, mas não
houve entrega. O 28/2 aplica-se à substituição tributaria provisoria ou não definitiva quando não
tenha havido retenção, seja ela total ou parcial. O artigo 28/3 é sedução tributaria definitiva
quando não tenha havido retenção. Isto vai se resolver pelo artigo 28/2, neste caso o substituído
é o empregado/trabalhador o substitui é a entidade empregadora e, portanto, cabe ao trabalhador
(maria) cabe a responsabilidade originaria sobre o imposto que não foi retido, é ela que tem de
responder em primeira linha. Não havendo pagamento do IRS em 2019, o estado tem de primeiro
tem de instaurar um processo de execução fiscal contra ela, se al não tiver património suficiente
para satisfazer a divida tributaria, o estado opera a reversão da execução fiscal e passa a correr
contra a entidade empregadora por tudo aquilo que devia ter retido e não reteve.
b) Imagine agora que a Cortiça, Lda entregou à Fazenda Pública as retenções na fonte num
montante de imposto superior ao retido em relação ao último trimestre de 2018. Como deve
agir para regularizar a situação? (1,5 val.)
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Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra Samantha Melo
Direito Fiscal I 2020/2021
O Governo aprovou, por intermédio do Decreto-Lei n.º x/2020, de 15 de junho, uma “taxa de
segurança alimentar” aplicável apenas às “grandes superfícies” (estabelecimentos de comércio
alimentar com áreas superiores a 2.000 m2). O valor da taxa, a definir por portaria, vai situar-se
entre os cinco e oito euros por metro quadrado e destina-se a financiar um Fundo Sanitário e de
Segurança Alimentar a ser criado pelo Governo, incumbido de garantir a execução do programa
nacional de saúde animal e a segurança dos produtos de origem animal e vegetal.
Em face destes elementos pronuncie-se sobre as seguintes questões:
a) Legitimidade da criação da “taxa de segurança alimentar” do ponto de vista jurídico-
constitucional (3 val.)
A taxa pressupõe uma contraprestação individualizada a favor decerto sujeito, a favor no
sentido porque o tem por destinatário concreto.
Aqui esta taxa de segurança alimentar não é manifestamente uma taxa e não é sequer uma
contribuição financeira porque não se trata aqui de um setor de atividade que beneficial
especialmente de uma entidade reguladora aqui quem beneficia são todos os estabelecimentos
que vendam este tipo de produtos. Aqui a lógica do governo era aquelas apanhar quem tem
maior capacidade contributiva, mas é certo que a capacidade contributiva é tipicamente do
imposto e não da taxa.
Se estamos então perante um imposto temos aqui dois problemas: foi definido pelo governo
sem previa intervenção parlamentar, violação do princípio da legalidade fiscal e ainda sendo
um imposto o valor da taxa podia ser definido por portaria e temos também uma violação do
principio da legalidade fiscal, porque de acordo com o principio da legalidade fiscal os
elementos essenciais do imposto devem estar descritos na lei não se permite que a lei depois
delegue em instrumentos regulamentares a sua concretização.
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Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra Samantha Melo
Direito Fiscal I 2020/2021
As vezes caem-se em exageros e para os evitar temos uma tese de Casalta Nabais, ele centra a
sua atenção para ver se há ou não bilateralidade, se a bilateralidade é apenas pela remoção de
um obstáculo jurídico, então torna-se simples, criamos obstáculos jurídicos para tudo e para
nada e temos então pressente a bilateralidade. O doutor Casalta Nabais(..) diz que só há
bilateralidade se o obstáculo jurídico tiver sido criado por ponderosas e reais razoes de interesse
publico. Se não houver razoes ponderosas de interesse publica para criar o obstáculo jurídico e
aquilo que estanavaem vista é tributar a manifestação da capacidade contributiva da pessoa
então diz-se que há uma licença fiscal. Esta licença fiscal é um imposto, licença dada porque
alguém revelou capacidade contributiva.
É importante saber quais são os vícios que a boa esperança pretende imputar à liquidação
adicional. Há dois que têm um regime especial: erro nos pressupostos e erro na quantificação.
Erro nos pressupostos é quando se considera que a administração lançou mão da avaliação
indireta sem se verificarem os pressupostos de que depende o recurso para a avaliação indireta.
Erro na quantificação é quando se considera que os resultados onde ela chegou estão errados.
Depois existem uma quantidade enorme de vícios: incompetência do órgão que liquidou, falta
de fundamentação, falta de audiência previa, caducidade do direito à liquidação, prescrição da
divida tributaria. Mas os outros dois têm um regime especial porque nos termos do artigo 86/5
da lei geral tributara a arguição em sede de impugnação destes dois vícios depende de previa
reclamação, esta previa reclamação é o regime da revisão da matéria tributável constante do
artigo 91 da lei geral. Não é possível impugnar diretamente a decisão de fixação da matéria
coletável por avaliação indireta, isso só é possível nos termos do artigo 87. A lei embora não
admita esta impugnação diz-nos que a futura impugnação da liquidação depende sempre de no
procedimento se ter utlizado o mecanismo do artigo 91, por ocasião da notificação da decisão
da determinação da matéria coletável por medos indiretos.
Quando o contribuinte é notificado da decisão se concordar com ele excelente, mas se discordar
deve usar logo ai o mecanismo do artigo 91, se no quadro deste artigo tudo ficar resolvido,
ótimo. Mas se não houver entendimento, o contribuinte pode reagir invocando todos os vícios
possíveis incluindo os de regime especial, se ele não tiver quando é notificado o artigo 91 pode
invocar contra a liquidação todos os vícios que quiser menos aqueles dois.
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