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Fiscal
1.Espécies de Tributos
Farto dos garridos reclamos e anúncios luminosos na cobertura de prédios
lisboetas, que segundo o presidente da CML desarmonizavam a estética da cidade e
afastavam os turistas, o executivo camarário de Lisboa apresentou à respetiva
Assembleia Municipal uma proposta de criação de uma Taxa Especial a incidir sobre
todo e qualquer objeto e estrutura publicitária colocado na cobertura ou telhado dos
imóveis sitos nos bairros históricos do Castelo, Mouraria, Príncipe Real e Chiado. Ainda
de acordo com a proposta, o tributo deveria assentar sobre (i) o valor tributário dos
prédios e, sempre que este valor se revele manifestamente desatualizado, (ii) sobre uma
ponderação da média dos rendimentos sujeitos a IRS declarados pelos proprietários
desses imóveis. A referida proposta propunha também a criação de isenções específicas
para (i) os imóveis cujo valor patrimonial não excedesse os € 2500 e para (ii) as sedes
dos partidos políticos.
Quid iuris?
Pode a CML criar esta taxa especial? Sim, segundo o art.º8/1 RGTAL ( Regime Geral
das Taxas das Autarquias Locais)
É patente que o tributo tem uma finalidade pública/ interesse público: uma vez que
pretende melhorar a estética da cidade e resolver a problemática do afastamento de
turistas – tributo extrafiscal
Conclusões:
1) Tributo extrafiscal
2) Diz-se taxa, mas é ad valorem, logo não é taxa.
3) Estamos perante um imposto extrafiscal. Tem em conta a capacidade
contributiva, logo, é imposto ( art.º 165 CRP e 254/2 , arts.º 3 e 4 LGT)
4) Tanto os impostos como as contribuições não podem ser criadas por autarquias
locais – art.º 165/1/ alínea i) CRP e 165/1/ alínea g) CRP , art.º 8/1 RGTAL,
logo, estaríamos perante uma inconstitucionalidade orgânica.
Sobre a questão dos benefícios fiscais: Art.º 2/1 EBF ( Estatuto Benefícios Fiscais) –
estamos perante uma exceção às normas de incidência tributária, os benefícios fiscais
são sempre uma exceção ao princípio da igualdade ( art.º 13 CRP)- são consideradas
despesas fiscais ( art.º 2/3 EBF).
i) Isenção para imóveis cujo valor não exceda os 2500 € - eventual direito à
habitação ou proteção das famílias de rendimento e património
Juízo de proporcionalidade – não passa na adequação , uma vez que não
existem imóveis com o valor de 2500 € em Lisboa, logo, a isenção não teria
qualquer utilidade.
ii) Isenção às sedes dos partidos políticos – interesse público que os partidos
prosseguem ( art.º 10/2 CRP)
É possível argumentar que o principio do ganho ou do mérito é respeitado,
na medida em que se pretende premiar quem se envolve na política.
Caso 2
Deolinda Nunes, gerente da empresa “Lagoas e Mares, Lda”, com sede em Faro, está
muito apreensiva relativamente aos meses de setembro e outubro, já que a empresa
suportou um valor elevado de juros para financiar a sua sucursal em Loulé e pagou
diversas coimas por infrações cometidas no trânsito com as viaturas da empresa. Nesse
período, o departamento financeiro da empresa não efetuou sequer as retenções na fonte
aos trabalhadores da empresa em relação aos seus salários. E, por outro lado, em face
das graves dificuldades financeiras da empresa, não foram entregues as quotizações dos
trabalhadores para a Segurança Social.
Quid iuris?
Sujeitos Ativos: Segundo art.º 18/1 LGT - Fisco/ Autoridade Tributária; são titulares das
retenções na fonte dos salários dos trabalhadores ( IRS);
A retenção opera por retenção na fonte, segundo os arts.º 20/2 e 34 LGT . Contudo, as
retenções na fonte não são todas iguais ( neste caso, a retenção iria varia consoante o
escalão de IRS).
No caso em concreto, não há retenção na fonte nem entrega por parte do substituto da
respetiva retenção.
IRS: não houve retenção, nem entrega – a entidade empregadora não efetuou nem
sequer a retenção, pelo que , logicamente, também não houve entrega. Segundo o art.º
28/2 LGT, responde em primeiro lugar o substituído e só subsidiariamente o substituto.
Quotizações: houve retenção, mas não houve entrega. Neste caso, temos de aplicar o
art.º 28/1, ou seja, é responsável a entidade obrigada à retenção, ficando o substituído
desonerado de qualquer responsabilidade.
RGIT: possível crime de abuso de confiança no que diz respeito à retenção e não
entrega das quotizações ( art.º 105, 107 e
Cobrança
Embora tenha inicio com a extração do título da dívida e citação do executado ( art.º
188 CPPT), a execução fiscal materializa-se com a penhora ( art.º 215 CPPT) e a venda
da totalidade ou parte do património do sujeito passivo
Caducidade
A caducidade do poder de liquidar por decurso do prazo, decorre dos princípios gerais
de Direito, destinados a assegurar que as situações de incumprimento de obrigações não
fiquem eternamente pendentes. A segurança e a paz jurídica recomendam harmonização
de prazos de caducidade e que estes não sejam demasiado longos.
Prescrição
O prazo da prescrição começa a correr a partir do momento em que tem lugar o facto
tributário, e quando atingido o limite do prazo, a prescrição abrange a dívida, juros
compensatórios e juros de mora. Segundo o art.º 48 LGT “ As dívidas tributárias
prescrevem, salvo o disposto em lei especial, no prazo de oito anos…”
representantes parlamentares. A lei também serve a igualdade, por ser geral e abstrata,
embora não seja suficiente para garanti-la. Na CRP de 1976, o princípio da legalidade
fiscal é objeto de cinco artigos que abrangem:
A aprovação final deverá passar pelo plenário ou então a autorização legislativa deverá
passar pelo plenário.
2) O objeto da reserva de lei, que inclui a criação de impostos e sistema fiscal (de que
fazem parte os elementos essenciais dos impostos, benefícios fiscais e garantias dos
contribuintes), e o regime geral das taxas e demais contribuições financeiras a favor
das entidades públicas (arts. 165º/1 i) e 103º/2).
3) A vertente material, no sentido das exigências de densificação da lei fiscal quanto aos
elementos essenciais de imposto – exigências estabelecidas na primeira parte do art.
103º/2 (incidência e taxa), garantindo um princípio de legalidade substancial ou
princípio da tipicidade fiscal.
Direito de Resistência
i. Quando não seja possível recorrer à autoridade pública (art. 21º CRP);
ii. ii. Em situações de impossibilidade de recurso às autoridades em tempo útil
para evitar a lesão de direitos. Este direito pressupõe ainda a gravidade e a
evidência da ofensa.
i. A função garantista tem ainda hoje razão de ser, pois está associada à
previsibilidade e calculabilidade da obrigação de imposto e dos seus elementos
essenciais, e assim também à segurança jurídica. Esta exige discussão,
desacordo e consentimento parlamentares em plenário. Postula ainda uma
densificação normativa progressiva, para a qual contribuem Parlamento,
Governo, administração e tribunais.
ii. É o princípio democrático que fundamenta e postula a reserva de lei
parlamentar, não sendo suficiente a reserva de lei formal (no sentido de ato
legislativo). Manifestação deste princípio é o procedimento legislativo
parlamentar, que permite a discussão pública da lei e o contributo da oposição
(desacordo ou consentimento).
cada contribuição financeira pode ser feita por lei em sentido material (ex:
através de regulamentos).
Problema: atualmente, em Portugal, em relação às taxas, existe uma lei geral das taxas
quanto às autarquias locais (taxas municipais), mas não foi aprovada mais nenhuma lei
geral das taxas; e também não existe nenhuma lei geral das contribuições financeiras.
Isto significa que, na ausência de intervenção do legislador, o TC deveria aplicar um
crivo de constitucionalidade com base nos elementos substantivos destes tributos. Ou
seja, há duas opções constitucionais quanto à criação das taxas e contribuições
financeiras:
O art. 165º/2 CRP é uma densificação do art. 165º/1: prevê o conteúdo da autorização
legislativa para que esta não consubstancie um “cheque em branco”. A autorização
legislativa deve assim definir o objeto, o sentido, a extensão e a duração da autorização,
a qual pode ser prorrogada:
O Ac. do TC n.º 358/92 veio densificar o conceito de sentido (para que não haja um
“cheque em branco”) afirmando que o preceito autorizador tem de cumprir uma tripla
função:
Na prática, esta tripla função serve para os benefícios fiscais e garantias dos
contribuintes, uma vez que, no caso dos impostos, tem-se por cumprida esta tripla
vertente se se cumprir com os requisitos do art. 103º/2 1ª parte (incidência e
taxa/alíquota que é o quantum).
Este artigo diz respeito à competência legislativa das assembleias legislativas das RA.
Foi a revisão constitucional de 1982 que introduziu o poder tributário próprio das RA, e
a revisão de 1989 desdobrou as competências legislativas regionais em matéria fiscal:
Nos anos 80 foi muito discutido o alcance do poder tributário próprio das RA, e havia
duas posições que correspondiam à Escola de Coimbra e à Escola de Lisboa:
ii. Coloca em causa a reserva de lei? Não. O facto de as RA poderem criar impostos não
põe em causa a reserva de lei. A reserva de lei está relacionada com o princípio da
representatividade. Um Parlamento nacional representa os nossos interesses (de cada
um de nós) e, por isso, votamos no programa de governo que mais se aproxima das
nossas preferências (em relação às despesas orçamentais). Este argumento também é
aplicável às RA dado que elas têm parlamentos que são eleitos direta e
democraticamente. Assim, sempre que existe uma representação popular, o princípio da
legalidade fiscal encontra-se preenchido. Há ainda um argumento de política fiscal que
explica que não temos que ter receio que as RA criem impostos, porque a tendência
relativamente às regiões infraestaduais não é a de aumentar a carga fiscal, antes pelo
contrário: tendem a entrar em concorrência com o Estado fiscal para atraírem residentes
e investimentos.
Assim, o receio que muitos autores, nos anos 80, demonstraram quanto à possibilidade
de as RA criarem impostos, mostrou-se infundado.
O art. 57º/3 LFR (Lei das Finanças Regionais) veio resolver a controvérsia,
estabelecendo quais os tributos que as ALR podem criar: contribuições de melhoria e
tributos extrafiscais de caráter ambiental. Em teoria, as RA podem criar quaisquer tipos
de impostos, desde que não incidam sobre matéria objeto de incidência por impostos
nacionais; ou seja, se conseguirem descobrir uma manifestação de riqueza que ainda
não seja tributada pela AR, podem criar o tributo. Mas na prática isto é muito difícil,
dada a amplitude da panóplia de tributos criados pela AR. Além disso, as RA podem
dispor das receitas provenientes de impostos nacionais e que tenham conexão com o
território daquelas.
NOTA: é no poder de adaptação que reside o grande poder tributário das regiões
autónomas, porque podem adaptar praticamente todos os tributos da AR.
Acrescente-se que o poder tributário próprio das RA não abrange o poder de extinguir
impostos nacionais
O poder tributário das RA é originário? Art. 227º CRP – quer o poder tributário da AR,
do Governo e das RA é originário, porque resulta diretamente da CRP. Em
contraposição, as autarquias locais têm poder derivado, na medida em que o seu poder
deriva de lei da AR ou do Governo (art. 238º/4).
O que acontece se, no caso português, as receitas das RA forem inferiores àquilo que é
recomendável?
Mas o TJUE veio dizer que se a RA em causa decidiu diminuir os impostos, não pode
depois vir a beneficiar de uma parcela do orçamento geral (orçamento de Estado), pois
nesse caso já estaria em causa um auxílio de Estado.
No âmbito da CRP de 1976, tem sido reconhecido aos municípios o poder de criar taxas,
mas já não poderes em matéria de impostos – seja de criação seja de adaptação. Ainda
assim, lembre-se que os municípios têm alguns poderes em matéria fiscal:
Lei das finanças locais nº 13/2013 – ainda pode ser dado algum grau de
discricionariedade às autarquias locais. Mas essa margem tem de ser estreita sob pena
de descaracterização da reserva de lei.
Neste caso, apesar de se referir a existência de uma “taxa sobre turismo de luxo”, temos
de analisar se estão preenchidos os elementos caracterizadores da taxa: desde logo
considero que não está preenchido um primeiro aspeto:
O Governo, ao criar este IEC, por decreto-lei simples, está a violar o principio da
legalidade fiscal, na sua vertente de reserva de lei, uma vez que a AR tem , nos termos
do disposto no art.º 165/1/alínea i), a reserva de competência relativa na criação de
impostos e sistema fiscal e regime geral das taxas e demais contribuições financeiras a
favor das entidades públicas.
Convém , a este respeito, fazer referencia ao art.º 165/2 CRP, que refere a necessidade
de a autorização legislativa definir o objeto, a extensão , a duração e o sentido da
mesma, ou seja, as leis de autorização legislativa devem ter uma determinação mínima,
sob pena de não se passar um “ cheque em branco “ ao Governo.
No caso em análise, nada disto é cumprido: não existe autorização legislativa por parte
da AR, porque o decreto-lei não é autorizado, mas simples, o que se consubstancia
numa inconstitucionalidade orgânica.
Para estarmos perante uma taxa, esta teria que ter um sinalagma ( que não tem), ter uma
contraprestação ( que não tem), ser divisível e ser presente.
O facto de ter sido posteriormente emitida uma portaria onde se definem os critérios
para a classificação de restaurantes e estabelecimentos hoteleiros como de “luxo”, para
efeitos da “ Taxa sobre Turismo de Luxo “levanta a questão do principio da tipicidade
fiscal.
indeterminado fosse feita por portaria, regulamento, etc, sem violar o principio da
legalidade.
Tudo o que tenha um caráter meramente técnico não viola a reserva de lei e pode
constar de portaria, regulamento, ou decreto-lei simples. Por outro lado, tudo o que
contribua para a quantificação do imposto ou tenha caráter material viola a reserva de
lei.
A CRP submete os benefícios fiscais a reserva de lei no art.º 103/2 CRP, por opção do
legislador constituinte: tal justifica-se, uma vez que a reserva de lei nos estados sociais
de Direito não se deve limitar à administração ablativa, mas também evitar equívocos
ou dificuldades de interpretação, sobretudo se se tiver em contra que os benefícios
fiscais são, em regra, medidas extrafiscais, às quais se recusa a aplicação pura e simples
da constituição fiscal. No caso em análise, o beneficio fiscal não foi criado por lei ou
decreto-lei autorizado, mas sim por portaria.
Os benefícios fiscais restringem a aplicação dos princípios matérias fiscais, pelo que
devem estar sujeitos à reserva de lei da AR, ou seja, a sujeição à reserva de lei justifica-
se, porque os benefícios fiscais restringem o principio do Estado Fiscal e desviam-se do
principio da igualdade.
Se o beneficio fiscal tivesse sido criado por lei era admissível? O afastamento dos
limites materiais constitucionais carece de justificação com base em princípios
orientadores, os quais devem sempre ser ponderados com os princípios materiais fiscais
a restringir.
Concluindo, no caso em análise, não foi respeitada a reserva de lei da AR que consta no
art.º 103/2 CRP. Para além disso, a existência deste beneficio constitui uma violação ao
principio da igualdade, tendo em conta que os princípios que poderiam ser superiores a
este principio, tais como o principio do bem-estar social, o principio da
proporcionalidade em sentido amplo ( principio da necessidade, adequação e
proporcionalidade) e o principio do ganho ou do mérito- não se encontram aqui
preenchidos.
Caso 4
Em primeiro lugar, temos de classificar o tributo que está aqui presente: estamos perante
um imposto que incide sobre a venda de imóveis ( art.º 3/2 e 4 LGT), também
designado de Imposto Municipal Sobre Imóveis ( IMI) . Os impostos caracterizam-se
por ser ad valorem, ou seja, estão associados a uma percentagem, a um valor de
tributação, que aumenta ou diminui consoante o “ valor objetivo” de cada imóvel, valor
esse que depende da sua localização, equipamentos e antiguidade.
Portanto, quanto mais o imóvel tiver essas características, maior será o valor do IMI.
Para além disso, o imposto caracteriza-se pela unilateralidade, ou seja, não se sabe
exatamente quais os bens ou serviços que a receita obtida com o pagamento deste
imóvel vai beneficiar.
Quando se refere que o imposto passa a ser calculado segundo o valor objetivo de cada
imóvel , que é fixado pelos serviços das finanças atendendo à sua localização ,
equipamentos e antiguidade, bem como a outros fatores relevantes, estamos no âmbito
da incidência do imposto.
A incidência consta do art.º 1 CIMI, que refere, no seu n.º 1, que o imposto incide sobre
o valor patrimonial tributário dos prédios rústicos e urbanos situados no território
português.
A localização e a antiguidade são determináveis, pelo que não é possível que, por
portaria, se densifiquem estes elementos, sob pena de violação do disposto no art.º
103/2 CRP e consequente inconstitucionalidade material ( art.º 103/2 CRP).
No que diz respeito ao peso relativo de cada um dos elementos objetivos de incidência
do imposto , a portaria não pode determinar qual a quantificação que deve ser atribuída
a cada elemento, porque não se trata aqui de critérios técnicos ou da determinação de
conceitos vagos ou indeterminados, mas determináveis, pelo que há uma violação do
disposto no art.º 103/2 CRP e consequente inconstitucionalidade material ( art.º 103/2
CRP).
Finalmente, no que diz respeito aos equipamentos, deve-se entender que a remissão não
é possível, uma vez que estamos perante um conceito que é vago, mas que não é
determinável, mas sim indeterminável.
Em relação à taxa única de 2% nas grandes cidades etc: Segundo o disposto no art.º 238
e 254/2 CRP, as autárquicas locais gozam de autonomia fiscal e financeira.
Contudo, convém não esquecer que os poderes tributários das autarquias locais não é
originário, mas sim derivado, ou seja, surgem da lei e não da CRP. A AR e o Governo
com autorização legislativa podem atribuir aos municípios este poder, contudo, estamos
perante uma inconstitucionalidade orgânica , porque o Governo não tinha poderes para
autorizar isto.
O IMI é uma receita própria das Autarquias, de acordo com o disposto no art.º 14/ alínea
a) da LFL . Contudo, a margem de discricionariedade atribuída às autarquias, não pode
ser muita ampla, sob pena de descaracterização do principio da reserva de lei ( tem sido
este o entendimento da doutrina e do TC).
Ora, ao determinar-se que a taxa que se ia aplicar nas grandes cidades iria ser 2%, não
há qualquer problema com a questão da discricionariedade. Contudo, ao determinar-se
que a taxa que se ia aplicar fora das grandes cidades poderia oscilar entre 0,8% e 1%,
não se concede uma margem grande de discricionariedade , respeitando-se deste modo,
o principio da reserva de lei.
No que diz respeito à proposta da Federação dos Municípios Portugueses: a taxa oscilar
entre 0,5% e 5%: é evidente que a margem de discricionariedade é demasiado ampla e
para haver o respeito pela reserva de lei a margem de discricionariedade tem de ser mais
restrita.
Os benefícios fiscais são regulados pelo Estatuto dos Benefícios Fiscais. O Art.º 2/1
EBF ( Estatuto Benefícios Fiscais) – refere que estamos perante uma exceção às
normas de incidência tributária, os benefícios fiscais são sempre uma exceção ao
princípio da igualdade ( art.º 13 CRP)- são consideradas despesas fiscais ( art.º 2/3
EBF).
Caso 5
Neste caso está em causa uma retroatividade inautêntica/ retrospetividade, uma vez que
o facto tributário ( rendimentos do ano em curso), ainda se está a formar. Estando o
facto tributário ainda em formação, resta aos contribuintes ainda alguma margem para
compensar o sacrifício adicional que a lei inesperadamente lhes impõe.
Para a professora Ana Paula Dourado, o 1.º e o 4.º requisito conjugados têm tornado
rara a probabilidade de aplicação do principio da proteção da confiança e a proibição de
retrospetividade, portanto, na prática, o TC não tem aceite como relevante o principio da
proteção da confiança para julgar inconstitucional a retrospetividade.
No caso em apreço, o Governo decidiu aumentar a taxa máxima de IRS para as duas
categorias mais elevadas em 5% com efeitos nos rendimentos pessoais de 2015 na
sequencia de uma grave crise financeira e tendo em vista a cumprir as obrigações de
redução do défice publico , pelo que estando em causa um estado grave das finanças
públicas, parece que ocorreram razoes de interesse público que justificam e legitimam a
retrospetividade.
Contudo, importa verificar que o último escalão de IRS tem uma alíquota de 48%,
querendo o Governo aumentar este escalão em 5%, o ultimo escalão de IRS ficaria com
uma alíquota de 53%.
A alíquota de 53% poderá configurar uma situação de confisco, que contende com o
direito à livre iniciativa económica privada e com o direito de propriedade, cfr. os
artigos 61.º e 62 da CRP, bem como o Acórdão do TEDH Gáll vs Hungria.
Neste caso está em causa uma retroatividade inautêntica/ retrospetividade, uma vez que
o facto tributário ( rendimentos do ano em curso), ainda se está a formar. Estando o
facto tributário ainda em formação, resta aos contribuintes ainda alguma margem para
compensar o sacrifício adicional que a lei inesperadamente lhes impõe.
Para a professora Ana Paula Dourado, o 1.º e o 4.º requisito conjugados têm tornado
rara a probabilidade de aplicação do principio da proteção da confiança e a proibição de
retrospetividade, portanto, na prática, o TC não tem aceite como relevante o principio da
proteção da confiança para julgar inconstitucional a retrospetividade.
No caso em apreço, o Governo decidiu aumentar a taxa de IRC para 27% para os
rendimentos das pessoas coletivas com efeitos no lucro tributável de 2015 ,na sequencia
de uma grave crise financeira e tendo em vista a cumprir as obrigações de redução do
défice publico , pelo que estando em causa um estado grave das finanças públicas,
parece que ocorreram razoes de interesse público que justificam e legitimam a
retrospetividade.
4- O IRS trata-se de um imposto periódico, cujo facto tributário tem normalmente inicio
no primeiro dia do ano ou período fiscal e que só está concluído no último dia desse ano
ou periódico (factos tributários de formação sucessiva). No caso dos IMPOSTOS
PERIÓDICOS (EX: IRS e IRC quando se trate de residentes tributados sobre o
rendimento acréscimo) a proibição da retroatividade assume contornos próprios
relacionados com a formação sucessiva do facto tributário e com a existência de anos ou
períodos fiscais que separam as obrigações tributárias por períodos. A existência de
factos tributários de formação sucessiva, que só estão incluídos quando termina o ano
ou período fiscal, faz do ano ou período fiscal o parâmetro para ferirmos o próprio
conceito de retroatividade. Assim, desde que o ano fiscal esteja em curso, a entrada em
vigor de lei nova aplica-se desde 1 de janeiro.
Todavia, neste caso, pretende-se aplicar ao ano de 2014, ou seja, não se trata da
retrospetividade permitida pelo art. 13.º/2 aos impostos periódicos, mas sim uma
retroatividade autêntica proibida por lei nos termos do art. 13.º/1 e 103.º/3 CRP.
Será que para esta retroatividade existe algum juízo valorativo? TC diz que não. Mas a
APD diz que o TC ao considerar a retroatividade autêntica mais gravosa,
verdadeiramente já esta a fazer o juízo valorativo que noa faz, e em casos mais difíceis
continua-se a recorrer ao princípio da confiança. A posição da regente é diferente da do
TC, que afirma em jurisprudência constante que o art. 103º/3CRP introduziu novidades,
argumentando que a proibição da retroatividade está isenta de quaisquer análises
valorativas e aproveitou essa alteração constitucional para construir uma jurisprudência
mais sistematizada sobre o assunto. No ac. 129/09 do TC, o tribunal estabeleceu uma
dicotomia entre a retroatividade autêntica ou própria de normas fiscais novas mais
gravosas e a retrospetividade. A interpretação constante do TC é a de que o art.
103º/3CRP apenas consagrou a proibição da retroatividade autêntica ou própria da lei
fiscal (retroatividade forte). Como o TC entende que a retroatividade autêntica é
proibida pela constituição, sem ser necessário avaliar se a proteção da confiança foi ou
Para a professora Ana Paula Dourado, o 1.º e o 4.º requisito conjugados têm tornado
rara a probabilidade de aplicação do principio da proteção da confiança e a proibição de
retrospetividade, portanto, na prática, o TC não tem aceite como relevante o principio da
proteção da confiança para julgar inconstitucional a retrospetividade.
6- As mais valias fazem parte do CIRS, logo, teríamos um imposto sobre o rendimento,
e, portanto, em termos de aplicação da lei no tempo é um imposto periódico. Se houver
uma alteração a meio do ano, estamos perante uma situação de retroatividade em
sentido próprio. Apesar de ser um imposto periódico, temos de distinguir alguns dos
regimes contidos dentro do CIRS: o IRS não é um imposto unitário, embora a CRP diga
que o imposto pessoal deva ser único e progressivo. Na verdade, temos um imposto
dual. Temos que olhar para os factos tributários para poder concluir se estamos perante
tributações periódicas ou não.
Imobiliárias.
Exemplo 1: mais-valia potenciais- o valor das ações está a subir no mercado, ou seja,
elas valem mais do que o montante por que as comprámos. Para efeitos fiscais,
tributam-se as mais valias realizadas. Comprámos as ações numa empresa, comprámos
por 100 e vendemos por 140, no ano em que aumentou a tributação das mais valias.
Vendemos as ações hoje e entra em vigor a nova lei mais onerosa daqui a 5 dias,
passando a abranger o facto tributário decorrente da nossa alienação.
Neste caso seria retroatividade. Estes dois argumentos foram discutidos no nosso
tribunal e há um acórdão recente que fez a uniformização da jurisprudência dizendo que
as mais valias são factos tributários de obrigação única: na norma de incidência, o que o
IRS nos diz é que há uma tributação quando a mais valia ocorre. As dificuldades
relativamente a este assunto são: o nosso CIRS diz-nos, no momento da liquidação, que
as mais valias são tributadas pela diferença entre as mais e as menos valias, ou seja,
tributa-se o saldo apurado entre as mais valias que realizámos e se tivermos menos
valias estas serão deduzidas. Perante esta forma de tributação, a regente entende que as
mais valias, para efeitos do CIRS, constituem, tal como a maior parte dos rendimentos
do IRS, factos tributários de formação sucessiva. Se temos uma mais valia de 20 mas
uma menos valia de 30, temos direito ao reembolso de 10: só no fim do ano é que é
apurado o saldo. Podemos não ter menos valias ou não termos mais ações. A questão
não é clara, existindo vários litígios à volta da introdução de normas de incidência sobre
as mais valias. A regente discorda do acórdão de uniformização de jurisprudência. Havia
acórdãos anteriores do STA a dizer que havia retroatividade mas houve vários acórdãos
do CAT (tribunal arbitral) no sentido oposto, e como houve jurisprudência contraditória,
sempre que isso acontece tem de haver recurso para o STA para este uniformizar a
jurisprudência. O STA diz que a liquidação em si não interessa: o argumento para dizer
que as mais valias são de formação sucessiva por causa do saldo está relacionado com a
forma de liquidação, que não é o que determina a existência de um facto tributária de
obrigação única ou sucessiva, o importante é olharmos para a norma de incidência (art.
10ºCIRS). A regente não concorda: se olharmos para as outras categorias de
rendimentos, como rendimentos de trabalho dependente- contrato de trabalho em que a
remuneração é mensal: em cada remuneração mensal há um facto tributário e retenção
na fonte. Para o STA, também no caso de rendimentos de trabalho dependente, cada vez
que é pago o montante, tinha havido um facto tributário de obrigação única. O caso da
retenção na fonte, o saldo é feito no fim do ano. Por exemplo, há uma pessoa que
trabalha por conta de outrem de janeiro a abril, e durante esses 4 meses foi feita uma
retenção por conta. O sujeito passivo, no fim do ano, tem de apresentar a declaração, e
se não houve mais rendimentos até dezembro, a retenção que lhe foi feita muito
provavelmente vai ser reembolsada. Na lógica do STA, as retenções feitas mês a mês
deviam ter caráter definitivo e não haver reembolso. A regente acha que não basta olhar
para a lógica de incidência: não basta a norma dizer que o facto tributário é, por
exemplo, a prestação de serviços ou o CT. Isto é uma parte do tatbestand sistemático
mas depois temos de ver como é apurado o rendimento, e se este é apurado até ao fim
do ano, então o facto tributário só se constituiu até 31 de dezembro. Antes disso não
sabemos se vai haver reembolso. No caso das mais valias, pode já ter havido pagamento
mas só no fim do ano é que temos a certeza disso. Temos depois duas situações
diferentes das mais valias, para a regente: No quadro do IRS, temos dois factos de
obrigação única: 1. Retenções na fonte a titulo definitivo: constam do art. 71ºCIRS e
aplicam-se a várias situações: Aplicam-se aos não residentes que não desenvolvam a
sua atividade com grau de permanência em território português. Por exemplo, um
professor de uma universidade estrangeira que vem dar uma semana de aulas à nossa
faculdade. Neste caso, quando a faculdade lhe pagar, vai fazer uma retenção na fonte
sobre a sua remuneração e como ele não e residente, a retenção é a titulo definitivo,
portanto, ele fica desobrigado de qualquer obrigação em Portugal, pelo que a faculdade
retém e entrega ao estado. Apesar de ser IRS, trata-se de uma obrigação única. Portanto,
um facto tributário que se constituiu e extinguiu naquela semana. Residentes em
Portugal: quando ao pagamento de rendimentos de capitais (ex: juros), quando são
pagos a um residente são retidos na fonte pela instituição financeira e são retenções a
titulo definitivo. Há uma opção dada ao sujeito passivo para englobar mas a maior parte
dos aforradores não tem vantagens em englobar. Se ele não exerceu a opção de
englobamento, a retenção foi a titulo definitivo e, portanto, é única. No caso das mais
valias, também há uma opção de englobamento, mas o problema não é ser uma retenção
a titulo definitivo ou por conta, mas sim a questão do saldo, porque pode não haver
rendimento. O significado de rendimento coincide com o conceito de acréscimo
patrimonial (diferença de património entre o dia 31 de dezembro e 1 de janeiro).
EX: dia 1 de Janeiro, e dia 31 de Dezembro. A alienação ocorre a meio do ano (compra
e venda de ações ou de imovel). Seguindo a opinião do STA (acórdão 5/2017) e
entrando a lei nova em vigor após a alienação, não e permitido aplicar-se ao passado por
haver retroatividade autentica, mas para o futuro, o resto do ano é permitido- 12.º/1
LGT. A professora diz que ao olhar para o art. 43.º percebemos que só no final do ano é
que se faz a subtração, e nesse sentido a mais valia só é apurada no final do ano.
Imaginemos que no dia 25 de dezembro terei que pagar mais valias de 50 mil euros a
28% do Estado. O que eu faço então é gastar os 50 mil para o meu saldo ser zero e não
ter mais-valias para pagar. Ao seguir o entendimento da professora, a lei nova pode-se
aplicar ao ano em curso. Porque o saldo só é apurado no final do ano, e assim sendo,
temos uma situação de retrospetividadeart. 2.º CRP e há que aferir a violação do
princípio da confiança. Para o assistente faz mais sentido a posição da professora
regente
Ponto de partida- Art.º 103/3 CRP “ Ninguém pode ser obrigado a pagar impostos que
não hajam sido criados nos termos da Constituição , que tenham natureza retroativa
ou cuja liquidação e cobrança se não façam nos termos da lei.
Retroatividade VS Retrospetividade
Caso 6
No que diz respeito a estes métodos diretos, estes estão previstos no artigo.º 83/1 da
LGT, que refere que a avaliação direta visa a determinação real dos rendimentos ou
bens sujeitos a tributação .
No que diz respeito ao IRC, importa atentar ao disposto no artigo.º 17/1 do CIRC, que
acaba por ser uma concretização do artigo.º 104/2 da CRP, que refere que o lucro
Questão da coleta mínima: estamos perante um valor fixo igual e a pagar por todas as
empresas, que não tributa o rendimento real como refere o artigo.º 17/1 do CIRC.
Retrospetividade: estamos perante um imposto período, o IRC, que não se conclui nem
se extingue com um único facto jurídico, tem como parâmetro o ano fiscal ( que só
termina em 31 de dezembro).
Para a professora Ana Paula Dourado, o 1.º e o 4.º requisito conjugados têm tornado
rara a probabilidade de aplicação do principio da proteção da confiança e a proibição de
retrospetividade, portanto, na prática, o TC não tem aceite como relevante o principio da
proteção da confiança para julgar inconstitucional a retrospetividade.
Tal significa que os gastos relacionados com a obtenção de rendimentos pelas empresas,
sejam gastos para obter ou garantir os rendimentos, ou gastos indispensáveis para obter
esses rendimentos podem ser dedutíveis ( artigo.º 23 do CIRC), a não ser que haja
outros princípios fiscais que exijam ou recomendem o oposto ( como por exemplo, o
princípio do abuso fiscal).
Os artigos 9.º e 10.º do CIRC isentam de IRC algumas entidades: as pessoas coletivas
de utilidade pública, onde se podem incluir as cooperativas, fundações e instituições de
utilidade pública.
Estamos perante, portanto, um beneficio fiscal que era concedido a estas entidades e que
agora foi revogado.
Para a professora Ana Paula Dourado, o 1.º e o 4.º requisito conjugados têm tornado
rara a probabilidade de aplicação do principio da proteção da confiança e a proibição de
retrospetividade, portanto, na prática, o TC não tem aceite como relevante o principio da
proteção da confiança para julgar inconstitucional a retrospetividade.
O artigo 81.º LGT refere que a matéria coletável é avaliada ou calculada diretamente
segundo os critérios de cada tributo. A avaliação indireta por parte da Autoridade
Tributária só deve ocorrer nos casos e condições expressamente previstos na lei.
Segundo o disposto nos artigos 83.º/1 e 2 LGT a avaliação direta visa a determinação do
valor real dos rendimentos ou bens sujeitos a tributação e a avaliação indireta visa a
determinação do valor dos rendimentos ou bens tributáveis a partir de indícios,
presunções ou outros elementos que a administração tributária disponha.
Importa chamar à colação o artigo 85.º/1 LGT, pois este artigo estabelece como
subsidiária a avaliação indireta.
Nos termos do artigo 89.º-A /1 LGT , há lugar a avaliação indireta da matéria coletável
quando falte a declaração de rendimentos e o contribuinte evidencie as manifestações de
fortuna constantes da tabela prevista no artigo 89.º- A/4 LGT ou quando o rendimento
liquido declarado mostre uma desproporção superior a 30%, para menos, em relação ao
rendimento padrão resultante da referida tabela.
Estas manifestações de fortuna e desvios do rendimento padrão são indícios legais que
há uma ocultação material de informações.
A aplicação do artigo 89.º- A LGT não pode ocorrer sempre que os contribuintes
possuam determinados sinais exteriores de riqueza, só se pode recorrer ao rendimento
presumido quando não seja possível recorrer à avaliação direta, visto que a avaliação
indireta é subsidiária. Para além do mais, é necessário que exista uma falta de
declaração de rendimentos e ainda é necessário que haja uma violação dos deveres de
contabilidade e declaração.
O segundo problema tem que ver com a própria determinabilidade de alguns conceitos ,
tais como o conceito de viagens ou de telemóvel
O legislador entendeu que se há capacidade contributiva, não há razão de ser para que
os rendimentos provenientes ilícitos não sejam tributados. Se os rendimentos
provenientes de atos ilícitos não fossem tributados seria quase como conferir uma
vantagem a quem obtenha rendimentos de forma ilícita.
No caso em apreço, como a esmagadora maioria das despesas ilícitas não são
documentadas, o caso prático não acrescenta nada de novo. Deste modo, não podem ser
deduzidas ( artigo 23.º- A/ alínea b) CIRC)
No nosso regime fiscal , a ausência de prova documental que é exigida para efeitos
fiscais implica não apenas a sua indedutibilidade , mas também a sua tributação
autónoma.
Caso 7
A Maria e o António são sujeitos passivos de IRS, pois não só residem em território
português como aqui obtêm rendimentos, cf. os artigos 13.º, n.º 1 e 16.º, n.º 1, alínea a)
do CIRS (pois trabalhando ambos em Portugal, também aqui terão residência), sendo
então tributados pelo seu rendimento mundial (“worlwide income”), cf. o artigo 15.º, n.º
1 do CIRS.
Quanto à retenção na fonte, é a entidade empregadora que é obrigada a reter, nos termos
dos artigos 98.º, 99.º - C e 99.º -F
Por fim , teríamos de ver as deduções à coleta constantes dos artigos 78.º e seguintes do
CIRS.
Portanto, Maria pode optar pelo regime simplificado, que está regulado no artigo 31.º do
CIRS. De acordo com o disposto neste artigo, a alínea b) do seu número 1 referem que a
determinação do rendimento tributável obtém-se através da aplicação dos seguintes
coeficientes: 0,75 aos rendimentos das atividades profissionais especificamente
previstas na tabela a que se refere o artigo 151.º do CIRS. Da conjugação do artigo
151.º do CIRS e da Portaria n.º 1011/2001, de 21 de agosto, resulta que o código de
atividade será o 6010.
Convém referir que, de acordo com o disposto no artigo 28,º/8 do CIRS, reunidas
determinadas condições, Maria pode optar pela tributação de acordo com as regras
estabelecidas para a categoria A:
- os serviços não tenham sido prestados pelo sócio a sociedade de profissionais sujeita
ao regime da transparência fiscal.
Nesse caso, de acordo com o plasmado no artigo 25.º/1 do CIRS , aos rendimentos
brutos da categoria A deduzem-se, até à sua concorrência, e por cada titular que os tenha
auferido, os seguintes montantes: alínea a) 4104 euros.
Por outro lado, se Maria tiver contabilidade organizada, de acordo com o disposto nos
artigos 28.º/1/ alínea b) e 32.º do CIRS, o rendimento líquido da Categoria B será
determinado nos termos do CIRC.
Em principio, Maria é livre de optar por um regime ou pelo outro, salvo se auferir um
rendimento igual ou superior a 200 mil euros ( artigo 28.º/2 CIRS).
Em relação à taxa a aplicar, esta seria, nos termos do artigo 68.º do CIRS, a taxa geral.
Aqui estava em causa, o 22º nº2 a), que nos diz que tratando-se de rendimentos da
categoria B, cada contitular engloba a parte do rendimento que lhe couber, na proporção
das respetivas quotas. Neste caso, segundo o artigo 68º fala-nos das taxas gerais do IRS.
Mas, aqui parece-me estar em causa o art.69º, presumindo que A e M são casados pelo
nº1, tratando-se de sujeitos passivos casados e não separados judicialmente de pessoas e
bens ou unidos de facto, nos casos em que haja opção pela tributação conjunta as taxas
aplicáveis são as correspondentes ao rendimento coletável dividido pelos 2. E como diz
o nº3, deste artigo, as taxas fixadas, no art.68º, aplicam-se ao quociente de rendimento
coletável, multiplicando-se por 2 o resultado obtido para se apurar a coleta do IRS.
Sendo que a taxa seria de 68% (?). Quanto as formas de pagamento, temos o art.98º nº1
que nos diz que 1 - Nos casos previstos nos artigos 99.º a 101.º e noutros estabelecidos
na lei, a entidade devedora dos rendimentos sujeitos a retenção na fonte, as entidades
registadoras ou depositárias, consoante o caso, são obrigadas, no ato do pagamento, do
vencimento, ainda que presumido, da sua colocação à disposição, da sua liquidação ou
do apuramento do respetivo quantitativo, consoante os casos, a deduzir- lhes as
importâncias correspondentes à aplicação das taxas neles previstas por conta do imposto
respeitante ao ano em que esses atos ocorrem. 3 - As quantias retidas nos termos dos
artigos 99.º a 101.º devem ser entregues até ao dia 20 do mês seguinte àquele em que
foram deduzidas. 6 - Os titulares dos rendimentos das categorias A, B e H podem optar
pela retenção do IRS mediante taxa inteira superior à que lhes é legalmente aplicável em
declaração para o efeito a apresentar à entidade pagadora dos rendimentos. E também,
estamos perante o art.101º nº1 b) e c) 1ª parte, 1 - As entidades que disponham ou
devam dispor de contabilidade organizada são obrigadas a reter o imposto, mediante a
aplicação, aos rendimentos ilíquidos de que sejam devedoras e sem prejuízo do disposto
nos números seguintes, das seguintes taxas: b) 25 %, tratando-se de rendimentos
decorrentes das atividades profissionais especificamente previstas na tabela a que se
refere o artigo 151.º; c) 11,5 %, tratando-se de rendimentos da categoria B referidos na
alínea b) do n.º 1.
(ii)Em relação aos juros de um depósito a prazo e dividendos de ações da PT que
compraram há alguns anos: estes são rendimentos de Categoria E ( rendimentos de
capitais), de acordo com o disposto nos artigos 1.º/1 e 5.º/1/2/ alínea b) e 4 do CIRS.
No que diz respeito à taxa a aplicar, esta será uma taxa liberatória de 28%, de acordo
com o disposto no artigo 71º/1 alínea a) do CIRS.
Se os juros fossem provenientes de um paraíso fiscal: artigo 71.º/ 16/ alínea b) do CIRS
– sujeitos a retenção na fonte a título definitivo, à taxa liberatória de 35%.
No que diz respeito às despesas de saúde dos filhos, estas , podem ser deduzidas à
coleta, nos termos do artigo 78.º/1/ alínea c) que refere que podem ser deduzidas as
despesas de saúde e com seguros de saúde. Contudo, esta dedução tem limites, pois, de
acordo com o disposto no artigo 78.º - C/ 1 “ À coleta de IRS devido pelos sujeitos
passivos é dedutível um montante correspondente a 15% do valor suportado a título de
despesas de saúde por qualquer membro do agregado familiar, com o limite global de
1000 euros”.
No que diz respeito às despesas de educação dos filhos, estas, podem ser deduzidas à
coleta, nos termos do artigo 78.º/1/ alínea d) que refere que podem ser deduzidas as
despesas de educação e formação. Contudo, esta dedução tem limites ,pois, de acordo
com o disposto no artigo 78.º - D /1 do CIRS “ “ À coleta de IRS devido pelos sujeitos
passivos é dedutível um montante correspondente a 30% do valor suportado a título de
despesas de formação e educação por qualquer membro do agregado familiar, com o
limite global de 800 euros.
Cumpre analisar o disposto no artigo 78.º - A/ alínea a) que refere que será deduzido à
coleta devida pelos sujeitos passivos residentes em território português o montante fixo
de 600 euros por cada filho, salvo o disposto na alínea b) do mesmo artigo
No que diz respeito às despesas com o pai de António, o artigo 78.º/1/ alínea do CIRS
refere que podem ser deduzidas à coleta as despesas com os ascendentes que vivam em
comunhão de habitação com o sujeito passivo. Portanto, embora os ascendentes não
pertençam ao agregado familiar ( artigo 13.º do CIRS), as regras constantes do CIRS
sobre deduções à coleta permitem deduzir as despesas de um ascendente não
pertencente ao agregado familiar, se este não auferir um rendimento superior à pensão
mínima ( artigo 78.º - A/ 1/ alínea c) do CIRS). Logo, tendo em conta que o pai de
António apenas recebe a pensão mínima, é deduzível à coleta o montante fixo de 525
euros.
A sociedade H é um sujeito passivo de IRC, de acordo com o disposto nos artigos 1.º e
2.º/1/ alínea a) do CIRC. O IRC incide sobre os rendimentos obtidos, mesmo quando
provenientes de atos ilícitos (artigo 1.º do CIRC).
Tendo em conta que a Sociedade H é uma sociedade anónima, o IRC vai incidir sobre o
seu lucro (artigo 3.º/1/ alínea a). A determinação do lucro tributável vai ser aferido
através da soma algébrica do resultado líquido do período e das variações patrimoniais
No que diz respeito ao período de tributação, refere o artigo 8.º/1 do CIRC que o IRC é
devido por cada período de tributação, que coincide com o ano civil, sem prejuízo das
exceções previstas neste artigo. Em relação à definição da matéria coletável, nos termos
do disposto no artigo 15.º/1/ alínea a) do CIRC, relativamente às pessoas coletivas e
entidades referidas na alínea a) do n.º1 do artigo 3.º, a matéria coletável obtém-se pela
dedução ao lucro tributável , determinado nos termos dos artigos 17.º e seguintes, dos
montantes correspondentes a:
Mais ainda, o artigo 23.º/6 do CIRC refere que quando o fornecedor de serviços ou
prestador dos serviços esteja obrigado à emissão de fatura ou documento legalmente
equiparado nos termos do Código do IVA, o documento comprovativo das aquisições de
bens ou serviços previstos no número 4 deve obrigatoriamente assumir essa forma.
Ora, o recibo é uma quitação, nos termos do artigo 787.º do CC. Nesse artigo, não são
previstos requisitos nenhuns, tais como o NIF, data em que as rendas foram pagas, etc.
caso o modelo 22), sem prejuízo do controlo pela administração fiscal, de acordo com o
disposto no artigo 16.º/1 do CIRC.
O artigo 57.º/1 do CIRC refere que a aplicação de métodos indiretos efetua-se nos casos
e condições previstos nos artigos 87.º a 89.º da LGT.
Tendo em conta os elementos do caso, poderia aplicar-se o disposto nos artigos 87.º/1/
alínea b) e 88.º/1/ alínea a) do CIRC, em virtude do número de correções detetadas, o
que nos remeteria para a determinação da matéria tributável por métodos indiretos
previsto no artigo 90.º da LGT.
Também se poderia aplicar os artigos 87.º/1/ alínea c) e 89.º da LGT, uma vez que a
matéria tributável do sujeito passivo se afasta, sem razão justificada, mais de 30% para
menos do volume de receitas face ao ano anterior.
A margem aplicada pela AT corresponde a 30% sobre o valor bruto das vendas
registadas em empresas concorrentes nesse ano, que se situavam, em média, em 200
milhões de euros. Se a margem da Sociedade H for, efetivamente, 30% e o seu resultado
líquido corresponder a 60 milhões de euros não há qualquer ilegalidade. Contudo, se a
margem for maximalista, estaremos perante uma situação de confisco, passível de
pedido de revisão da matéria tributável, nos termos dos artigos 91.º e seguintes da LGT.
Caso 10
Ponto 3 - Nos termos do disposto no artigo 63.º/1 do CIRC, nas operações efetuadas
entre um sujeito passivo e qualquer outra entidade, sujeita ou não a IRC, com a qual
esteja em situação de relações especiais, devem ser contratados, aceites e praticados
termos ou condições substancialmente idênticas aos que normalmente seriam
contratados, aceites e praticados entre entidades independentes em operações
comparáveis.
Estamos perante duas sociedades que se encontram numa situação de relação especial,
mais especificamente, sociedades que se encontram em relação de domínio, nos termos
do artigo 486.º do CSC (segundo o disposto no artigo 63.º 4/ alínea f) do CIRC).
As operações a que se referem o artigo 63.º/1 do CIRC, abrangem, entre outras, nos
termos do artigo 63.º/2 do CIRC, operações que tenham por objeto bens tangíveis (é o
caso, dado que a maquinaria industrial é um bem tangível).
Conjugando o disposto nos artigos 63.º/1, 62.º/2 e 63.º/3 do CIRC, podemos retirar que
nas operações financeiras ou comerciais efetuadas pelo sujeito passivo a qualquer outra
entidade, com o qual esteja em relação de domínio, devem ser contratados, aceites e
praticados termos ou condições idênticas aos que normalmente seriam contratados, ora,
no caso em apreço, a maquinaria industrial foi adquirida pelo dobro do preço de
mercado.
Posto isto, nos termos do artigo 63.º/9 do CIRC, a Autoridade Tributária pode efetuar as
correções na determinação do lucro tributável, pelo montante correspondente ao que
teria sido obtido se as operações se tivessem efetuado numa situação normal de
mercado.
Ponto 4 – Quanto a compra de joias, temos que atender ao disposto no artigo 23.º/1 do
CIRC, que refere que para a determinação do lucro tributável, são dedutíveis todos os
gastos e perdas incorridos ou suportados pelo sujeito passivo para obter ou garantir os
Uma vez que a compra de joias não está expressamente prevista em nenhuma das
alíneas do artigo 23.º/2 do CIRC, teremos que recorrer ao requisito do business purpose
test. O critério hoje relevante é, portanto, o da exigência de uma relação entre o gasto e
a atividade societária. Assim, a generalidade dos gastos, ainda que não obrigatórios,
excessivos, desrazoáveis e improdutivos podem ser fiscalmente aceites, desde que
motivados pela prossecução do fim empresarial. Na atual redação da lei fica, por isso,
essencialmente excluído um grande conjunto de despesas: aquelas cuja efetivação não
se pode imputar aos interesses societários, mas aos interesses pessoais dos sócios ou de
terceiros. E isso implica que, quanto a um conjunto muito vasto de despesas, onde se dá
a interseção entre a esfera pessoal e a societária ou entre diversas esferas societárias, se
deva concluir que, em regra, não existe um interesse coletivo da empresa. No caso em
apreço, este requisito não está preenchido, dado que oferecer joias às esposas de 3
administradores, não tem conta a vida da sociedade, nem os interesses societário, nem a
prossecução do fim empresarial, mas sim meramente em conta os interesses pessoais
dos sócios ou de terceiros.
Em relação à tributação das joias, segundo o disposto nos artigos 1º e 2.º/3/ alínea b) do
CIRS, as mesmas poderiam ser consideradas rendimentos da Categoria A (Rendimentos
do Trabalho dependente) , uma vez que são consideradas remunerações acessórias, dado
que são auferidas devido à prestação de trabalho ou em conexão com esta e constituem
para o respetivo beneficiário uma vantagem económica, mais especificamente, nos
termos do artigo 2.º/11 do CIRS, para efeitos da alínea b) do n.º 3, consideram-se
rendimentos do trabalho do sujeito passivo os benefícios ou regalias atribuídos pela
respetiva entidade patronal a qualquer outra pessoa do seu agregado familiar ou que a
ele esteja ligado por vínculo de parentesco ou afinidade até ao 3.º grau da linha
colateral, ao qual se equipara a relação de cada um dos unidos de facto com os parentes
do outro.
As joias são consideradas uma remuneração em espécie, uma vez que não
correspondem a um pagamento ou colocação à disposição de numerário, mas sim à
oferta de um bem. Neste caso, é necessário recorrer ao artigo 24.º do CIRS, para efeitos
da determinação da respetiva equivalência pecuniária.
Contudo, analisando o artigo 2.º/3 do CIRS, não encontramos nenhum número ou alínea
em que seja subsumível as joias para efeitos de tributação.
Portanto, cabe analisar o artigo 38.º/2 da LGT a fim de verificarmos se estamos perante
um abuso fiscal.
Assim, a ineficácia, para efeitos fiscais, dos atos ou negócios praticados é acompanhada
pela requalificação segundo a norma que seria aplicada se não tivessem sido adotados
os esquemas artificiosos ou fraudulentos (artigo 38.º/2 da LGT).
Logo, requalifica-se o negócio em causa e aplica-se a regra que seria aplicada se não
fosse aquele negócio artificioso, neste caso, aplica-se o disposto no artigo 2.º do CIRS e
as joias são sujeitas a tributação.
Nos termos do disposto no artigo 63.º/1 do CIRC, nas operações efetuadas entre um
sujeito passivo e qualquer outra entidade, sujeita ou não a IRC, com a qual esteja em
situação de relações especiais, devem ser contratados, aceites e praticados termos ou
condições substancialmente idênticas aos que normalmente seriam contratados, aceites e
praticados entre entidades independentes em operações comparáveis.
Estamos perante uma sociedade que compra aos seus sócios, ações próprias pelo valor
de 150 milhões de euros. Nos termos do disposto no artigo 63.º/ 4/ alínea c) do CIRC,
considera-se que existem relações especiais entre uma entidade e os membros dos seus
órgãos sociais.
As operações a que se referem o artigo 63.º/1 do CIRC, abrangem, entre outras, nos
termos do artigo 63.º/2 do CIRC, operações financeiras (é o que sucede no caso em
apreço, dado que a compra de ações é considerada uma operação financeira).
Conjugando o disposto nos artigos 63.º/1, 62.º/2 e 63.º/3/ alínea a) do CIRC, podemos
retirar que nas operações financeiras ou comerciais efetuadas pelo sujeito passivo a
qualquer outra entidade, com o qual exista uma especial relação , devem ser
contratados, aceites e praticados termos ou condições idênticas aos que normalmente
seriam contratados, ora, no caso em apreço, num primeiro momento a Sociedade
compra as ações aos sócios pelo preço de 150 milhões de euros e no mesmo ano
compromete-se a vender as mesmas pelo valor de mil euros, o que dá entender que não
foi praticado em nenhuma das operações financeiras o preço de mercado.
Posto isto, nos termos do artigo 63.º/9 do CIRC, a Autoridade Tributária pode efetuar as
correções na determinação do lucro tributável, pelo montante correspondente ao que
teria sido obtido se as operações se tivessem efetuado numa situação normal de
mercado.
De acordo com o disposto no artigo 2.º/1/ alínea a) do CIVA “ São sujeitos passivos do
imposto, as pessoas singulares ou coletivas que, de um modo independente e com
caráter de habitualidade , exerçam atividades de produção, comércio ou prestação de
serviços, incluindo as atividades extrativas, agrícolas e as das profissões livres, e, bem
assim, as que, do mesmo modo independente, pratiquem uma só operação tributável,
desde que essa operação seja conexa com o exercício das referidas atividades, onde quer
que este ocorra, ou quando, independentemente dessa conexão, tal operação preencha os
pressupostos de incidência real do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares
(IRS) ou do imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas (IRC)”. Ora, tendo em
Diferentes taxas para o IVA (taxas reduzidas, taxas medias e taxa geral de 23%).
Teresa e Tiago são casados e têm três filhos que estudam num colégio luso-francês
no Porto. Este ano, e em plena pandemia, Teresa foi nomeada pelo Estado
Português para o exercício de funções no Consulado Geral de Portugal em
Zurique. Já Tiago, um advogado de sucesso, permaneceu em Portugal, tendo
auferido rendimentos da sua atividade profissional no montante de 300 mil euros.
Teresa e Tiago receberam ainda rendas de uma casa que têm em Menorca, bem
como juros de um depósito a prazo que fizeram num banco em Santa Lúcia e
ainda venderam a sua casa de férias em São Martinho do Porto, tendo reinvestido
na aquisição de outra casa de férias na Ericeira.
Maria Ana, irmã de Tiago, trabalha no Departamento Financeiro de uma editora
que está a passar por fortes dificuldades financeiras e não tem como pagar aos seus
fornecedores. Como tal, Maria Ana decidiu que as contribuições para a Segurança
Social retidas aos trabalhadores deveriam ser canalizadas para o pagamento das
dívidas aos fornecedores.
Não bastando o cenário de pandemia que está a assolar o País, o Governo decidiu
ainda por Decreto-Lei simples o aumento imediato da taxa de IRC de 21% para
55% para o corrente ano e também para o ano de 2019, bem como a tributação de
todas as mais-valias mobiliárias à taxa de 50% com efeitos a 1 de janeiro
independentemente da data da sua obtenção. O Governo decidiu ainda aumentar
as propinas de frequência nas universidades para valores que oscilam entre três a
oito vezes o valor anteriormente pago, tendo em conta a capacidade contributiva
de cada agregado familiar.
Resolução:
Tiago é sujeito passivo de IRS, pois não só reside em território português como aqui
obtém rendimentos (artigos 13.º/1 e 16.º/1/ alínea a) do CIRS). Tiago será tributado pelo
seu rendimento mundial (“worldwide income”), de acordo com o disposto no artigo
15.º/1 do CIRS.
Teresa é sujeito passivo de IRS, pois de acordo com o disposto no artigo 16.º/1/ alínea
d) do CIRS, considera-se residente em território português. Posto isto, aplica-se também
o artigo 13.º/1 do CIRS. Teresa será tributado pelo seu rendimento mundial
(“worldwide income”), de acordo com o disposto no artigo 15.º/1 do CIRS.
Uma vez que Tiago e Teresa são casados podes efetivamente optar pela “entrega
conjunta da sua declaração de IRS” (artigo 13.º/2 e 3 do CIRS), caso em que se aplicará
o quociente familiar do artigo 69.º/1 e 3 do CRIS, fazendo ambos parte do mesmo
agregado familiar ( artigo 13.º/4/ alínea a) do CIRS.
Teresa, no exercício de funções no Consulado Geral de Portugal em Zurique, aufere um
rendimento da Categoria A ( Rendimentos de Trabalho Dependente), de acordo com o
artigo 1.º/1 e 2.º/1 alínea c) do CIRS, cujo rendimento líquido da Categoria será
determinado nos termos do artigo 25.º/1/ alínea a), rendimento esse que se encontra
sujeito a englobamento , de acordo com o disposto no artigo 22.º/1 do CIRS, bem como
cometido à alíquota que resultar da aplicação da tabela do artigo 68.º do CIRS, estando
igualmente sujeito a retenção na fonte ( artigo 99.º/1/ alínea a do CIRS).
Tiago, enquanto advogado, aufere um rendimento da Categoria B, cf. o artigo 3.º, n.º 1,
alínea b), bem como o CAE 6010 «da tabela de atividades do artigo 151.º», todos do
CIRS. O rendimento líquido da Categoria será determinado nos termos do artigo 28.º e
ss. do CIRS, com base no «regime simplificado» em que se aplicará um coeficiente de
despesa de 0,75, cf. o artigo 28.º, n.º 1, alínea a) e 31.º, n.º 1, alínea b) do CIRS, ou por
opção, «com base na contabilidade» e uma vez que auferiu «no período de tributação
imediatamente anterior um montante anual ilíquido de rendimentos desta categoria» de
300.000,00 €, caso em que se vai aplicar as regras do CIRC e por remissão do artigo
32.º do CIRS, cf. o artigo 28.º, n.º 1, alínea b) e n.º 2 do CIRS. O rendimento em causa
encontra-se sujeito a englobamento, cf. o artigo 22.º, n.º 1 do CIRS, bem como
cometido á alíquota que resultar da aplicação da tabela do artigo 68.º do CIRS, estando
também sujeito a retenção na fonte, ex vi artigo 101.º, n.º 1, alínea b) e ss. do CIRS.
Em relação às rendas de uma casa que têm em Menorca, as mesmas são consideradas
um rendimento da Categoria F (Rendimentos prediais), de acordo com o disposto no
artigo 1.º/1 e 8.º/2/ alínea a do CIRS), que pode estar sujeito às deduções previstas no
artigo 41.º do CIRS. Os rendimentos prediais estão sujeitos a uma taxa autónoma de
28%, de acordo com o disposto no artigo 72.º/1/ alínea e) do CIRS, podendo os sujeitos
passivos optar pelo seu englobamento, de acordo com o disposto no artigo 72.º/ 13 e
22.º/3/ alínea a) do CIRS.
Em relação aos juros de um depósito a prazo que fizeram num banco em Santa Lúcia, os
mesmo são considerados rendimentos da Categoria E (Rendimentos de Capitais), de
acordo com o disposto no artigo 1.º/1 e 5.º/1 e 5.º/2/ alínea b) do CIRS. Uma vez que os
juros proveem de uma entidade com sede em Santa Lúcia (paraíso fiscal listada na
Portaria n.º 150/2004, de 13 de fevereiro, ex vi artigo 63.º - D /1 da LGT, os mesmos
estão sujeitos a uma alíquota agravada de 35%, de acordo com o disposto no artigo
72.º/17/ alínea a) do CIRS. Neste caso, não há possibilidade de opção pelo
englobamento (a contrário do artigo 72.º/13 do CIRS).
No que diz respeito à venda da casa de férias em São Martinho do Porto, a mesma é
considerada um rendimento da Categoria G (Incrementos Patrimoniais), de acordo com o
disposto nos artigos 1.º/1, 9.º/1/ alínea a) e 10.º/1/ alínea a) do CIRS. O ganho sujeito a
IRS é constituído pela diferença entre o valor de realização (valor da venda) e o valor de
aquisição do imóvel, aplicando-se, se for o caso, a correção monetária ao valor de
aquisição, prevista no artigo 50.º do CIRS. Quando o valor de aquisição é superior ao
valor da realização não há lugar a uma mais-valia, mas sim a uma menos valia. As
menos-valias não são, per si, tributadas, salvo se o saldo entre as mais-valias e menos-
valias apurado no final do ano for positivo (artigo 10.º/4 / alínea a e artigo 43.º/1 do
CIRS).
Uma vez que Tiago e Teresa são residentes em Portugal, o saldo positivo entre as mais
valias e as menos valias apenas será considerado em 50% do seu valor (artigo 43.º/2 do
CIRS), encontrando-se sujeito a englobamento (artigo 22.º/3 do CIRS), aplicando-se as
taxas gerais previstas no Artigo 68.º do CIRS.
No que diz respeito à posterior aquisição de outra casa de férias na Ericeira, a mesma
não pode servir para excluir de tributação os ganhos provenientes da transmissão
onerosa de imóveis, uma vez que não se trata de imoveis destinados a habitação própria
e permanente (artigo 9.º/ 5 do CIRS).
No que diz respeito à substituição tributária, nos termos do art.º 20 LGT “a substituição
tributária verifica-se quando, por imposição da lei, a prestação tributária for exigida a
pessoa diferente do contribuinte, sendo a mesma “efetivada através do mecanismo da
retenção na fonte do imposto devido”.
Quotizações: houve retenção, mas não houve entrega. Neste caso, temos de aplicar o
art.º 28/1, ou seja, é responsável a entidade obrigada à retenção, ficando o substituído
desonerado de qualquer responsabilidade.
RGIT: possível crime de abuso de confiança no que diz respeito à retenção e não
entrega das quotizações (artigo 107.º e 105.º/1 e 5 do do RGIT).
II
A sociedade agrícola SVG Lda. dedica-se à criação de gado, sendo parte integrante de
um grupo de sociedades agrícolas. No âmbito da sua atividade, disponibiliza
automóveis aos seus trabalhadores, ora para uso pessoal, ora para uso profissional. Os
administradores da sociedade gostam muito de iates à vela e este ano resolveram alugar
um para oferecer aos seus melhores clientes um passeio pelas margens do Rio Douro.
Este passeio incluiu ainda uma simpática estadia num hotel para os clientes.
Como a sociedade SVG Lda. teve muito proveitos este ano, decidiu celebrar um
contrato de prestação de serviços com uma sociedade no Belize por 250 mil euros.
Aproveitou ainda para vender máquinas agrícolas a uma das sociedades do grupo por
metade do preço de mercado das mesmas.
Por outro lado, e como pretende continuar a desenvolver a sua atividade agrícola, a
sociedade SVG Lda. decidiu fundir-se com outra sociedade agrícola do Grupo que tinha
um conjunto de terrenos bons para pastagem, mas que apresentava prejuízos fiscais
elevadíssimos.
Resolução:
Nos termos do disposto no artigo 63.º/1 do CIRC, nas operações efetuadas entre um
sujeito passivo e qualquer outra entidade, sujeita ou não a IRC, com a qual esteja em
situação de relações especiais, devem ser contratados, aceites e praticados termos ou
condições substancialmente idênticas aos que normalmente seriam contratados, aceites e
praticados entre entidades independentes em operações comparáveis.
Estamos perante duas sociedades que se encontram numa situação de relação especial,
mais especificamente, sociedades que se encontram em relação de domínio, nos termos
do artigo 486.º do CSC (segundo o disposto no artigo 63.º 4/ alínea f) do CIRC).
As operações a que se referem o artigo 63.º/1 do CIRC, abrangem, entre outras, nos
termos do artigo 63.º/2 do CIRC, operações que tenham por objeto bens tangíveis (é o
caso, dado que a maquinaria industrial é um bem tangível).
Conjugando o disposto nos artigos 63.º/1, 62.º/2 e 63.º/3 do CIRC, podemos retirar que
nas operações financeiras ou comerciais efetuadas pelo sujeito passivo a qualquer outra
entidade, com o qual esteja em relação de domínio, devem ser contratados, aceites e
praticados termos ou condições idênticas aos que normalmente seriam contratados, ora,
no caso em apreço, a maquinaria industrial foi adquirida pelo dobro do preço de
mercado.
Posto isto, nos termos do artigo 63.º/9 do CIRC, a Autoridade Tributária pode efetuar as
correções na determinação do lucro tributável, pelo montante correspondente ao que
teria sido obtido se as operações se tivessem efetuado numa situação normal de mercado