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Caso 12

i)

Exequibilidade extrínseca (703º, 1, b). no caso em análise o contrato de garantia autónoma foi
celebrado por escritura pública. Para que a mesma constitua título executivo torna-se necessário
que o mesmo importe a constituição ou o reconhecimento de uma obrigação.

Nesta medida o credor pode intentar uma ação executiva contra o devedor para obter a reparação
efetiva do seu direito, i.e, a prestação de facto jurídico

Exequibilidade intrínseca: requisitos da obrigação exequenda (certa, exigível e líquida), devendo a


execução principiar pelas diligências destinadas a tornar a obrigação certa, exigível e líquida, quando
esta não o seja em face do título executivo (713º).

A obrigação diz-se certa quando está determinada em relação à sua qualidade, o que implica que o
objeto da prestação se encontre delimitado ou individualizado. No caso a obrigação exequenda é
certa, na medida em que está em causa a prestação pecuniária.

A obrigação exequenda diz-se exigível quando já se encontra vencida ou quando o seu vencimento
depende da simples interpelação do devedor. No caso não havia cláusula de garantia on first
demand, mas pode assumir-se que se trata de uma obrigação pura. Neste caso a obrigação torna-se
exigível por interpelação judicial (777º,1).

Por último a obrigação diz-se líquida quando se encontra determinada em relação à sua quantidade,
i.,e, quando se sabe exatamente quando se deve ou quando essa quantidade é facilmente
determinável através da operação de simples cálculo aritmético, com bases em elementos
constantes do próprio título.

ii )

confissão de dívida: nos termos do 458ºCC se alguém por simples declaração reconhecer uma dívida,
sem indicação da respectiva causa, fica o credor dispensado de provar a relação fundamental, cuja
existência se presume até prova em contrário.

 problema de exequibilidade extrínseca (703º)

 Título dado à execução é constituído por um documento, particular, com o reconhecimento


presencial da assinatura do declarante (formalidade).
 No caso: trata-se de um documento particular com reconhecimento notarial das
assinaturas nos termos do 375ºCC.
 Acórdão de primeira instância não aceitou documento particular autenticado intitulado
“confissão de dívida” subscrito pelo réu, executado, em que este se declarava devedor de
certa quantia, porque não se tratava de documento exarado ou autenticado por notário ou
profissionais com competência para tal, mas de um mero documento particular simples
(369º, 377º e 373º CC).
 Como tal, esse documento não constitui título executivo à luz do disposto no 703ºCPC.

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


 Exequibilidade intrínseca (713º)
 Obrigação é exigível;
 É certa (pecuniária, 550º e ss. CC)
 Líquida, o montante é determinado (200 000 00 eur).

iii)

 Exequibilidade extrínseca:

A ata da reunião da assembleia de condóminos que tiver deliberado o montante das contribuições
devidas ao condomínio ou quaisquer despesas necessárias à conservação e fruição das partes
comuns e ao pagamento de serviços de interesse comum, que não devam ser suportadas pelo
condomínio, constitui título executivo contra o proprietário que deixar de pagar, no prazo
estabelecido, a sua quota-parte

Norma: Nº 1 do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 268/94 de 25 de Outubro

1. A acta a que se reporta o artigo 6º, nº 1, do DL nº 268/94, e à qual se atribui força de


título executivo, é a da reunião da assembleia de condóminos que tiver deliberado o
montante das contribuições devidas ao condomínio (al. b) do artigo 1436º CC) –
deliberação de aprovação do orçamento anual e definição da quota-parte de cada um
dos condóminos – deliberação esta que é constitutiva da obrigação de pagamento da
contribuição de cada um dos condóminos.
2. Sendo esta ata uma formalidade ad substantiam relativamente à deliberação
constitutiva da obrigação ao condomínio, não poderá a mesma ser substituída por uma
Acta de uma posterior reunião onde se delibere quais os montantes até então em
dívida por determinado condómino.
3. O mencionado no artigo 6º, nº 1, não faz depender a força executiva da acta da
assembleia de condóminos da liquidação do montante concreto da divida de cada
condomínio, bastando que os dados da acta e demais documentos que a completem
permitam a determinação de tal valor.

 Acórdão que afirma que a ata que constitui título executivo à face da lei, é a ata da
reunião da assembleia de condóminos que documente a deliberação da qual nasce a
obrigação de pagamento da contribuição por parte do condómino e estipule prazo e
modo de pagamento e não já a que declare, tão só, o montante da dívida,
desacompanhada dos elementos que contenham a fixação da quota-parte devida a
título de contribuição de condomínio.
 Por outro lado, a nosso ver, o que a lei pretende ao atribuir força executiva à acta da
reunião da assembleia de condóminos é possibilitar ao condomínio um meio célere e
logo executivo para obter o cumprimento das suas deliberações quanto ao
pagamento dos montantes das quotas-partes a cargo de cada um dos condóminos
da aprovada quantia coletiva global necessária para executar as suas competências
de administração das partes comuns e não para, sem recurso à acção declarativa,

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obter o pagamento de indemnizações ou despesas, deliberadas pelo condomínio
contra o condómino relapso, por incumprimento da obrigação de pagamento das
quotas-partes.
 enquanto uns somente atribuem força executiva às Atas em que se proceda à
liquidação dos valores em dívida de condóminos concretos outros defendem serem
títulos executivos as Atas que definem  a fixação  dos montantes das contribuições
devidas ao condomínio em cada ano pelos condómino.

no caso o condómino não esteve presente, nem assinou a ata: art. 1432º nos termos do
qual é-lhe dada a possibilidade de discordar da deliberação e em que o silêncio tem valor de
aprovação.

Exequibilidade intrínseca:
 6º,3: força executiva da ata da assembleia de condóminos não depende da
liquidação do montante concreto da dívida de cada condómino, bastando que os
dados da ata e demais documentos que a completam permitam a determinação de
tal valor. (liquidez)
 Exigível: obrigação com prazo ou pura (777º,1 e 805º,2,a);
 Certa: obrigação pecuniária (555º e ss CC).

iv)
PROBLEMA SUSCITA-SE A NÍVEL DA EXEQUIBILIDADE EXTRÍNSECA

DOCUMENTO É AUTÊNTICO, FOI LAVRADO POR NOTÁRIO (363,2 CC E 369º E SS.).

EXIGIBILIDADE

LIQUIDEZ

CERTEZA

V)

exequibilidade extrínseca

 documento autenticado (703,1, b).

exequibilidade intrínseca

 vencimento: pura ou com prazo, sendo pura vence-se com a interpelação judicial, tendo
prazo com o decurso do prazo estabelecido.
 certeza: a prestação pecuniária não é certa, mas condicional, uma vez que a sua
determinação depende do valor das uvas colhidas nas vindimas daquele ano.
o quando a obrigação esteja dependente de condição suspensiva incumbe ao credor
alegar e provar documentalmente, no próprio requerimento executivo, que se
verificou a condição. No caso a colheita das vindimas.
 liquidez: a liquidez é afetada igualmente pela condição, uma vez que o montante da
obrigação fica dependente da colheita das vindimas. A obrigação é ilíquida e o exequente

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deve principiar por requerer as diligências destinadas a torná-la líquida (713º). Se uma parte
da obrigação for ilíquida e outra líquida, pode executar-se imediatamente.

vii )

exequibilidade extrínseca

Contrato de arrendamento, quando acompanhado do comprovativo de comunicação ao


arrendatário do montante em dívida, é título executivo para a execução para pagamento de
quantia certa correspondente às rendas, aos encargos ou às despesas que corram por conta
do arrendatário.

Artigo 14.º-A da Lei 6/2006, 27 de Fevereiro aditada pela Lei n.º 31/2012, de 14 de Agosto

ARTIGO 14.º-A
TÍTULO PARA PAGAMENTO DE RENDAS, ENCARGOS OU DESPESAS

1 - O CONTRATO DE ARRENDAMENTO, QUANDO ACOMPANHADO DO COMPROVATIVO DE COMUNICAÇÃO AO


ARRENDATÁRIO DO MONTANTE EM DÍVIDA, É TÍTULO EXECUTIVO PARA A EXECUÇÃO PARA PAGAMENTO DE QUANTIA
CERTA CORRESPONDENTE ÀS RENDAS, AOS ENCARGOS OU ÀS DESPESAS QUE CORRAM POR CONTA DO ARRENDATÁRIO.
2 - O CONTRATO DE ARRENDAMENTO, QUANDO ACOMPANHADO DA COMUNICAÇÃO AO SENHORIO DO VALOR EM
DÍVIDA, PREVISTA NO N.º 3 DO ARTIGO 22.º-C DO REGIME JURÍDICO DAS OBRAS EM PRÉDIOS ARRENDADOS, APROVADO
PELO DECRETO-LEI N.º 157/2006, DE 8 DE AGOSTO, É TÍTULO EXECUTIVO PARA A EXECUÇÃO PARA PAGAMENTO DE
QUANTIA CERTA CORRESPONDENTE À COMPENSAÇÃO PELA EXECUÇÃO DE OBRAS PELO ARRENDATÁRIO EM SUBSTITUIÇÃO
DO SENHORIO.

 Exigibilidade: comunicação ao arrendatário do montante em dívida como


interpelação, a qual torna a obrigação exigível.
 Certeza: obrigação determinada pecuniária;
 Liquidez: dez meses de renda em atraso, pode ser atingida por meros cálculos
aritméticos.
Caso 1

 No que concerne à exequibilidade extrínseca C estava munida de um título executivo: uma


sentença condenatória nos termos do 703º, 1, a, uma vez que a mesma impunha um
comando de atuação aos réus “condenados pelo tribunal a ressarcir celeste dos danos
patrimoniais e não patrimoniais resultantes do acidente”.
 No que diz respeito à exequibilidade intrínseca a problemática põe-se em relação à liquidez
da obrigação, uma vez que a sentença condenou-os a ressarcir C de acordo com os valores
que se viessem a apurar futuramente, atendendo à impossibilidasde de calcular, desde logo,
e, em termos definitivos, os danos sofridos por celeste.

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o Neste sentido, foi proferida uma condenação judicial genérica (609º,2) , não
dependendo a liquidação da obrigação pecuniária de simples cálculo aritmético.
 A liquidação que não depende de simples cálculo aritmético, embora
implique um cálculo aritmético, assenta em factos que, por não estarem
abrangidos pela segurança do título executivo, não serem notórios ou não
serem de conhecimento oficioso, sendo passíveis de controversão.
 (Professor dá o exemplo da obrigação de paga o preço de um para-
choques, a qual depende da indagação do seu preço).
 Factos que carecem de uma valoração judicial, a ter lugar em
processo declarativo incidental de simples apreciação do valor da
obrigação: o incidente de liquidação. Nesse incidente o credor tem
o ónus de indicar o valor que lhe parece adequado aos factos e o
devedor o ónus de contestar quer os factos, quer o valor concluiído.
o Deste modo, esta terá lugar em incidente do próprio processo declarativo (358º,2 e
704º,6), renovando-se a instância declarativa, entretanto extinta por força do
358º,2.
o (Contraparte pode deduzir oposição- juiz vai ter os dois articulados e em função
disso deduz uma sentença 292 e ss- resultado final é liquidação e só se vai para a
ação exequenda dps disso)
o A sentença só se torna exequível com a sentença de liquidação que a
complementa, completando a formação do título executivo.
o Tal não prejudica a imediata exequibilidade da parte da sentença de condenação
que seja já líquida (609º,2).
o Tratando-se de liquidação de indemnização em dinheiro, o valor liquidado rege-se
pela regra substantiva do 556º,2 CC: corresponderá à diferença entre a situação
patrimonial do lesado, na data mais recente que puder ser atendida pelo tribunal e a
que teria nessa data se não existissem danos. Normalmente a data mais recente a
ser atendida pelo tribunal é a do encerramente da discussão na ação condenatória
(611º,1), todavia no caso de a indemnização ser objeto de incidente de liquidação de
sentença aquele momento é o do encerramente da discussão do próprio incidente
ou do termo do facto danoso.
o Manda a segunda parte do 805º,3 CC que tratando-se de responsabilidade por facto
ilícito ou pelo risco o devedor se consitui em mora desde a citação para a ação
declarativa, mesmo antes da liquidação, a menos que já haja mora por a falta de
liquidez ser imputável ao devedor.- quando não há responsabilidade civil então ai e
desde a liquidação
 STJ, AC 2002 veio interpretar restritivamente a segunda parte do 805º,3CC
ditando que sempre que a indemnização pecuniária por facto ilícito ou pelo
risco tiver sido objeto de cálculo atualizado, nos termos do 566º, 2CC, i.,e
objeto de liquidação, vence juros de mora, por efeito dos disposto no 805º,3
e 806º,1 CC, a partir da decisão atualziadora, i.e, incidental e não a partir da
citação.- a partir da liquidação- oq decidir em contrario desta decisão é
suceptivel de recurso direto (?)

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Juro- 703 nº2- juros de mora abrangidos pelo titulo- obrigações que vencem juros-pecuniárias- juros
de mora- porque existem- compensar o prejuízo causado pelo não cumprimento- colocar o credor
na situação q estaria se houve cumprimento- vencem quando? Citação, sentença, liquidação do 358
ou

Caso 2

Saber a extensão que devemos dar a sentença condenatoria- diferença entre 10 e 703 há quem diga
q sentença condenatória e de condenação não são o mesmo

 Na doutrina atual, MTS defende que pode haver sentenças de simples apreciação ou
constitutivas (era o caso) que contenham de forma implícita, a condenação num dever de
cumprimento, podendo, nesse caso, servir de título executivo. A condenação implícita teria
lugar quando o pedido não tivesse utilidade económica distinta e por isso, se tivesse tido
lugar a sua efetiva dedução, estar-se-ia perante uma cumulação aparente.
 Posição de RUI PINTO:
 Assistente não concorda- efeitos resultam da lei, não há imprivisibilidade da sentença

Respostas são diferentes consoante natureza dos títulos executivos.

 No caso dos títulos extrajudiciais é manifesto que, em especial, ao 703º,1,b, basta que os
títulos materiais importem a constituição ou reconhecimento de uma obrigação. Essas
obrigações tanto podem ser típicas, como atípicas, fundadas na vontade das partes.
o Para executar a prestação de entrega do imóvel vendido é suficiente o respetivo
contrato de C/V, que tem por efeito a constituição dessa obrigação, ex vi do 879º,b,
bem como para executar a cláusula pela qual o vendedor se obriga a mandar fazer
obras no imóvel antes de o entregar.
o Um título recognitivo, maxime, a confissão de uma dívida, apenas serve para
executar as obrigações que reconhece.
o Nos exemplos dados, para efeitos do 703º, 1, b, o mesmo contrato de C/V importou
a constituição de ambas as obrigações, mas com uma diferença importante: a
obrigação típica não carece de enunciação expressa, enquanto a obrigação atípica,
naturalmente que sim.
 Quanto aos títulos judiciais: Devem ser excluídas as sentenças de que não decorre a
constituição de obrigações, mas apenas a constituição ou o reconhecimento de direitos.
Trata-se de sentenças de ações reais. Razões da sua exclusão são as mesmas de ordem
material que radicam nas escrituras constitutivas ou enunciativas de direitos reais.
 Quanto às demais sentenças não é correto falar em sentença de condenação implícita. O
que é rigoroso afirmar é que certas sentenças, constitutivas e de simples apreciação,
têm um efeito constitutivo não expresso, derivado da procedência do pedido
constitutivo ou de simples apreciação.
o Sentença de execução específica importa a constituição da obrigação de entregar o
imóvel vendido e de pagar o preço, sentença de preferência real; sentença de
declaração de nulidade do contrato importa constituição da obrigação de devolver
as prestações já efetuadas e a sentença de declaração de ilicitude do despedimento
importa a constituição da obrigação de reintegração do trabalhador.
o Portanto certas sentenças têm uma eficácia constitutiva implícita.
 As condenações implícitas são, afinal, efeitos constitutivos implícitos, pelo
que as respetivas sentenças não têm força executiva.

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


 Nenhuma vontade processual pode ser assacada ao tribunal, presumida ou tácita, de
imposição de um comando de atuação ao réu em certa obrigação constituída ex lege, e
que ele próprio nem enunciou. O tribunal limita-se a conhecer o que lhe é pedido, não
podendo, tampouco, condenar ou sequer declarar a obrigação.
 A lei tomou posição quanto aos juros de mora legais (703º,2), logo não admite teoria das
condições implícitas.
 Princípio do dispositivo: não há sentenças sobre pedidos não formulados.
 Princípio do contraditório: admitem-se condenações sem direito de resposta.
Especialmente agravado, sendo a forma sumária a regra.
 Admite-se alargamente das condenações in furum (552º), em regra excecionais.
 Professor refuta a tese e entende a necessidade da propositura de nova ação de
condenação.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL III

EXEQUIBILIDADE INTRINSECA E EXTRINSECA

CASO A

Nesta semana os jornais económicos e desportivos têm capas semelhantes: Xavier, futebolista e
antiga glória da seleção nacional, faz parte das listas de devedores de mais um Banco prestes a
rebentar (“BPR”) e pode ver os seus bens penhorados no âmbito de um processo de execução.
Segundo o notário que falou com os jornalistas, Xavier terá celebrado, na sua presença, dois
contratos:

(i) Um contrato de abertura de crédito com o BPR, que tinha sede em Lisboa, nos
termos do qual este se obrigava a disponibilizar ao cliente, durante um ano, um
montante máximo de 100.000,00 €, podendo Xavier solicitar a qualquer momento
os montantes que desejasse. O contrato teria comissões com uma taxa de 3,5% (que
incidiam sobre o montante imobilizado) e uma taxa de juro de 6,5% (sobre o
montante solicitado). Diz-se terem sido os valores solicitados utilizados para cobrir
as despesas que Xavier foi acumulando recentemente decorrentes de um vício na
aplicação para telemóvel Football Manager Mobile, que o parece ter prendido ao
seu telemóvel para constantemente;

(ii) Um contrato de compra e venda , também com o BPR, através do qual este vendeu a
Xavier um imóvel de que se queria desfazer, um pequeno terreno para este usar
como campo de futebol. O preço deste bem deveria ser pago em dez prestações
mensais de 10.000,00 €.
Xavier só terá assegurado o pagamento das três primeiras prestações.

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


Uns meses mais tarde, em entrevista exclusiva na televisão, olhos nos olhos, cheios de lágrimas,
Xavier declarou que já não tem dinheiro e afirmou muito assertivamente que não irá pagar o que
deve, nem juros, nem comissões – “estou pobre e aquele banco está cheio de malandros!” – apesar
das suas obrigações no âmbito do primeiro contrato ainda não se terem vencido. Os jornais já
haviam revelado que Xavier tinha solicitado “apenas” 75.000,00 €, prontamente disponibilizados
pelo BPR.

No dia seguinte, o BPR emitiu um comunicado em que afirmava que já tinha encarregado os seus
advogados de, tão rápido quanto possível, intentarem uma única ação executiva contra Xavier para
conseguirem recuperar todos os créditos em dívida.

Os jornalistas vêm falar consigo, especialista em Executivo e fazem-lhe as seguintes perguntas:

1. Haveria algum problema quanto à exequibilidade extrínseca e intrínseca desta ação


executiva? Se sim, que problemas? E quais as suas consequências?

Exequibilidade extrínseca: 703º,1, b + prova complementar documental

 Quanto ao primeiro contrato, contrato de abertura de crédito, é o contrato pelo qual a


entidade bancária se obriga a mutuar uma certa quantia a um cliente. Ainda não configura o
contrato prometido, que é o contrato de empréstimo. O contrato de crédito constitui
obrigação de emprestar dinheiro ao cliente. Quando o dinheiro for transferido para conta do
cliente, forma-se, automaticamente, o contrato de mútuo (contrato quod constituionem);
 havendo incumprimento, por parte do cliente, o contrato de promessa de mútuo pode ser
usado como título executivo nos termos do 707º. Sendo documento exarado ou autenticado
em que o banco reconhece/convenciona prestação fututra, usando-se este mesmo título
para executar obrigação que ele não reconhece, nem consititui.
 É contudo, nos termos do artigo, necessário prova complementar do título, i.e, é necessário
juntar ao título executivo do contrato de abertura de crédito documento que prove que
dinheiro chegou a ser levantado “desde que se prove, por documento passado erm
conformidade com as cláusulas dele constantes ou, sendo aqueles omissos, revestido de
força executiva própria, que alguma das prestações foi realizada para conclusão do negócio
ou alguma obrigação foi constituída na sequência da previsão das partes”.
 A prova complementar serve para demonstrar que a obrigação que futura se chegou a
constituir efetivamente.
 Trata-se de um título executivo complexo, já que o título é formado por dois ou mais
documentos.

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


o A mera junção de contrato de abertura de crédito, como título executivo, não
demonstra a efetiva concessão de crédito ao cliente, o aproveitamento por este de
qualquer parcela de capital, tornando-se necessário a junção de documentação
complementar bastante para que haja título executivo e assim a dívida exequenda
possa ser executada.

Exequibilidade extrínseca:

 Obrigação não se encontrava vencida nos termos do 713º; estando provavelmente sujeita a
prazo, só após o decurso do mesmo teremos obrigação exequenda.
 Liquidez: obrigação no valor de 75.000
 Certeza: obrigação pecuniária (550º).

2. Será que o Banco pode mesmo intentar uma única ação executiva, com base naqueles
dois contratos, contra Xavier?

 O CPC prevê a possibilidade de serem cumuladas execuções, i.e, de o credor deduzir


vários pedidos, referentes a créditos distintos, contra o mesmo devedor ou contra
devedores litisconsortes, podendo esses pedidos ter por base um único título executivo
ou dois ou mais títulos executivos (709º-711º).
 A cumulação de execuções não se confunde com a coligação de exequentes ou
executados, pois que naquela existe um único exequente e um único executado, com
pluralidade de pedidos, ao passo que a coligação pressupõe uma pluralidade de pedidos
e, simultaneamente, uma pluralidade de exequentes/e ou de executados.
 Nos termos do 709º pode verificar-se a cumulação de execuções, ainda que fundadas
em títulos diferentes, i.e, de natureza extrajudicial ou judicial, contra o mesmo devedor
ou contra vários devedores litisconsortes.
 No entanto, a cumulação de execuções não é permitida nos seguintes casos:
o Se ocorrer incompetência absoluta do tribunal para alguma das execuções, nos
termos do disposto do 96º
o Se as execuções tiverem fins diferentes nos termos do 10º,6;
o Se alguma das execuções corresponder processo especial diferente do processo
que deva ser utilizado quanto às outras, sem prejuízo do disposot no 37º,2 e 3,
ou seja, todas as execuções têm de correr sob a forma de processo comum ou
sob a forma de processo especial.
o Se a execução da decisão judicial correr nos próprios autos.

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


3. Imagine que, em vez de três meses, já tinham passado oito meses e que Xavier tinha pago
todas as prestações relativas ao segundo contrato. A sua resposta alterava-se?

4. Suponha que aqueles contratos não tinham sido celebrados na presença de um notário,
mas que ambos incluíam a seguinte cláusula: «O presente documento constitui título
executivo». Poderiam estes contratos ser executados?

Caso Prático n.º 4


(Versão 2022)

Em 2021, ano pandémico, Beatriz, hipocondríaca, redigiu, levando-o posteriormente a aprovação do


notário, um testamento nos seguintes termos:

“i) Deixo à Carolina a minha mansão em Vilamoura, a qual se encontra hipotecada a favor de
João. ii) Todos os meus restantes bens deverão ficar para a minha única herdeira, a minha
filha Eva. iii) Reconheço que a hipoteca que recai sobre a mansão em Vilamoura a favor de
João é garantia dos € 500.000,00 que lhe devo a título de pagamento do preço de uma
empreitada que executou.”
Beatriz vem a morrer em janeiro de 2022, tendo Carolina e Eva, aceitado o legado e a herança,
respetivamente. Já após a partilha da herança e atribuição dos legados, com receio de perder as suas
garantias, João decide intentar uma ação executiva para obter o pagamento nos € 500.000,00 que
Beatriz lhe devia.

1. Imagine que, exatamente por conhecer da aceitação do legado e da herança por Carolina e
Eva, João intentou ação executiva apenas contra Eva apresentando como título executivo o
testamento. Eva veio defender-se dizendo que sempre a ação executiva deve iniciar-se pelo bem
hipotecado, a mansão em Vilamoura. Quid iuris?
 Só os herdeiros respondem, nos termos da herança, pelas dívidas do falecido (2068ºCC),
logo só eva seria responsabilizada.
 Eva tinha legitimidade nos termos do 54º,1, uma vez que houve sucessão mortis causa na
obrigação, devendo a execução correr entre os sucessores das pessoas que no título figuram
como credor ou devedor da obrigação exequenda. No próprio requerimento para a
execução o exequente deduz os factos constitutivos da sucessão.
 Eva beneficiava do benefício da excussão real (697º): o devedor que for dono de coisa
hipotecada tem direito de se opor não só a que outros bens sejm penhorados na execução
enquanto see não reconhecer a insuficiência da garantia, mas ainda que, relativamente aos
bens onerados, a execução se estenda além do necessário além do necessário à satisfação
do direito do credor.

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


 Mas o bem era de carolina, legatária.

2. Já na pendência da ação executiva, João constata que os bens herdados por Eva serão
insuficientes para cobrir e satisfazer o valor total da obrigação exequenda, pretendendo agora
demandar também Carolina que se defende dizendo que ao ter executado apenas Eva, João
renunciou tacitamente à hipoteca. Terá Carolina razão?
 Se o exequente não pretender fazer valer a garantia colocará apenas a ação contra o
devedor, legitimado pelo 53º, 54º,1 ou 55º.
 Anselmo de castro afirmava que o credor não podia prescindir da garantia, contudo tal não é
conforme à disponibilidade substantiva de uma garantia real. O credor pode escolher não
exercer o direito de garantia real no ato processual devido.
 O não exercício da garantia real traduziu-se em o credor não indicar o terceiro (carolina)
garante como executado no requerimento executivo (724º,1, a).
 Por esta ausência de indicação o agente de execução não pode penhorar o bem do terceiro
onerado pela garantia real, pois a execução não foi movida contra ele (735º,2).
 Esta não execução do terceiro não constitui renúncia, i,e extinção unitária e voluntária da
garantia.
 Uma renúncia à garantia real só pode ser feita segundo os modos previstos na lei civil para
renúncia a direito real: declaração expressa, nos casos de hipoteca sobre imóvel (730º, d e
731ºCC)
o Uma renúncia válida e eficaz é a que foi feita extrajudicialmente, maxime, antes da
execução, segundo a forma válida, ou no próprio requerimento executivo quando a
forma legal o consinta

3. Aproveitando a circunstância, João pretende agora executar Eva, numa única ação, por uma
sua dívida própria por uma empreitada no valor de € 100.000,00 que nunca pagou e pela qual até já
foi devidamente condenada por sentença em ação declarativa, bem como pela dívida de Beatriz nos
termos já descritos. Pode?
 Não: o 711º apenas permite a cumulação de pedidos fundados numa mesma sentença.
 O objeto são os pedidos julgados procedente numa mesma sentença e não os
pedidos julgados por sentenças diferentes

4. Ainda na pendência da ação executiva, o Agente de Execução informa que os bens herdados
indicados à penhora não foram encontrados, até porque Eva terá, de má fé, alienado os mesmos a

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


Marta pelo valor irrisório de € 20,00. João executa, por isso, Marta que se arroga parte ilegítima.
Quid iuris?

 O 818ºCC prevê que o direito de execução pode incidir sobre bens de terceiro quando sejam
objeto de ato praticado em prejuízo do credo, que este haja procedentemente impugnado.
 Trata-se de terceiro contra quem tenha sido obtida com sucesso sentença de impugnação
paulina. Titulo executivo é a sentença.
 616ºcc autoriza a que o credor possa executar esses bens no património de terceiro sem
necessidade prévia de restituição ao património do executado.

Caso 11

 Fausto pode propor a ação executiva ao abrigo do 53º,1, o qual enuncia que a execução tem
de ser promovida pela pessoa que no título executivo figure como credor. É o caso, no
contrato foi aposta a assinatura de Fausto.
 Quando a Helga deve apelar-se à legitimidade aberta, estando-se perante um caso de
indeterminação do credor em face do título, uma vez que estamos em face de um contra a
favor de terceiros (443º).

 o título executivo em questão configura um documento autenticado nos termos do 793º,b.


 a celebração do casamento consubstancia a verificação da condição suspensiva a que o
contrato ficou sujeito e que deve ser alegada e provada pelo exequente documentalmente
no próprio requerimento executivo, nos termos do 715º,1.
 Foi estipulada uma obrigação alternativa(534º) cabendo a escolha a terceiro, este é
notificado para a efetuar juntamente com a citação do executado para se opor à execução,
para no mesmo prazo, declarar qual das prestações opta.
o A escolha é condição de certeza de uma obrigação exequenda nos termos do 713º;

Caso prático 14

Diga se o tribunal em causa é competente para as seguintes ações executivas, referindo ainda as
consequências de uma eventual incompetência:

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


i) Ação executiva proposta no Juízo de execução de Montemor-o-Novo, por Núria,
residente em Lisboa, contra Olga, residente em Évora, ambas magistradas, para a
execução de uma decisão judicial proferida no Tribunal da Relação de Évora que
condenou Olga a pagar 40.000 EUR a Núria;
Competência em razão da hierarquia
 Os tribunais superiores não têm competência executiva. São tribunais de rescurso e de
resolução de conflitos de jurisdição, nos termos do 42º,2, 52º-55º e 72º-74LOSJ. Em
consequência, no plano da hierarquia, apenas os tribunais de primeira instância têm
competência executiva.
 São executadas na primeira instância as decisões que em matéria declarativa são, a título
excecional, prolatadas pelas relações, é o nosso caso nos termos do 73º,b LOSJ.

Competência em razão da matéria


 Os tribunais judiciais ou comuns têm, em razão da matéria, competência primária
para a execução dos títulos relativos a direitos privados a uma prestação e
competência secundária residual para realizar a execução de todo e qualquer título
não reservado a um tribunal de outra ordem jurisdicional (40º,1 LOSJ).
 81ºLOSJ passou a determinar que os tribunais de comarca desdobram-se em juízos a
criar por DL, que podem ser de competência especializada, de competência genérica
ou de proximidade.
 Dentro dos juízos de competência especializada, a seção de execução designa-se
atualmente juízo de execução, conforme o art.81º,3, j LOSJ e tanto os juízos de
execução, como os de família e menores, trabalho e comércio, não viram alteradas
as suas competências.
 Decorre do 129º que nas comarcas onde existam juízos de execução toda e
qualquer execução da competência material dos tribunais judiciais, seja sentença,
seja título extrajudicial, deve ser colocada no juízo de execução, desde que não
esteja excluída da sua esfera de competência.

competência em razão do território


 Art.85º,1 enuncia regra cardinal: a execução de decisão proferida por tribunais
portugueses, corre nos próprios autos do processo em que foi proferida, salvo se
estiver pendente recurso, caso em que corre no traslado, sendo tramitada de forma
autónoma.
o Para tanto o requerimento executivo é apresentado no mesmo tribunal que
proferiu a condenação, que a tramitará até ao seu termo.
o Porém, se existir juízo de execução na comarca, após o início da execução
esta será remetida para o juízo de execução, com caráter de urgência,
composta por cópias da sentença, do requerimento executivo e documentos
que a acompanham (724º,4).

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


o Para a sentença proferida por tribunais superiores é competente o tribunal
do domicílio do executado, salvo o caso especial do 84º. É o nosso caso.
LRLOSJ- juízo de execução, com sede em Montemor-o-Novo
o Sendo aplicável o 84º é necessário atender à remissão que opera para o 84º,
o qual dispõe que para as ações em que seja parte juiz de direito e que
devessem ser propostas na circunscrição em que o juiz exerce jurisdição é
competente o tribunal da circunscrição judicial cuja sede esteja a menor
distância da sede daquela. 115º,1,a.
o

ii) Ação executiva proposta no Juízo de execução de Lousada, residente no Porto, contra
Óscar, residente em Viseu, para execução de uma decisão judicial da 1.ª secção cível do
Tribunal Judicial da Comarca do Porto (resultante de recurso interposto para o Tribunal
da Relação do Porto), que condenou Óscar a pagar 50.000 EUR a Nando;
iii) Ação executiva proposta no Juízo de execução de Lisboa por Móveis Luisinha, Lda., com
sede em Lisboa, contra Madeiras Pimpão, Lda., com sede em Vila Real, para execução de
uma sentença proferida na 1.ª Secção de comércio do Tribunal Judicial da Comarca de
Lisboa e cuja obrigação exequenda ascende a 500.000,00 EUR.
Competência em razão da hierarquia
 Os tribunais judiciais ou comuns têm, em razão da matéria, competência primária
para a execução dos títulos relativos a direitos privados a uma prestação e
competência secundária residual para realizar a execução de todo e qualquer título
não reservado a um tribunal de outra ordem jurisdicional (40º,1 LOSJ).
 Os tribunais superiores não têm competência executiva. São tribunais de rescurso e de
resolução de conflitos de jurisdição, nos termos do 42º,2, 52º-55º e 72º-74LOSJ. Em
consequência, no plano da hierarquia, apenas os tribunais de primeira instância têm
competência executiva.
 NO CASO A AÇÃO EXECUTIVA FOI PROPOSTA NA 1ªINSTÂNCIA DO JUÍZO DE EXECUÇÃO DE
LISBOA, PELO QUE NÃO HÁ INCOMPETÊNCIA EM RAZÃO DA HIERARQUIA.
Competência em razão da matéria
 79ºcompetência em razão da matéria, tribunais de comarca de primeira instância.
 81ºLOSJ passou a determinar que os tribunais de comarca desdobram-se em juízos a
criar por DL, que podem ser de competência especializada, de competência genérica
ou de proximidade.
 Dentro dos juízos de competência especializada, a seção de execução designa-se
atualmente juízo de execução, conforme o art.81º,3, j LOSJ e tanto os juízos de
execução, como os de família e menores, trabalho e comércio, não viram alteradas
as suas competências.
 Decorre do 129º que nas comarcas onde existam juízos de execução toda e qualquer
execução da competência material dos tribunais judiciais, seja sentença, seja título

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


extrajudicial, deve ser colocada no juízo de execução, desde que não esteja excluída
da sua esfera de competência
 NO CASO AÇÃO FOI PROPOSTA NO JUÍZO DE EXECUÇÃO DE LISBOA, PELO QUE NÃO
HÁ INCOMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA.
 Problematizar aplicação do 128º: compete a um juízo de comérico (competência
especializada) executar as decisões constantes do nr do mesmo artigo. Caso fosse o
caso, estar-se-ia perante uma incompetência absoluta (96º,a). Implica nos termos
do 99º,1 a absolvição da instância do réu ou indeferimento em despacho liminar.

Competência em razão do território


 A competência para a execução de sentença ou decisão judicial que imponha
obrigação é regulada nos 85º a 88º e 90º
 Art.85º,1 enuncia regra cardinal: a execução de decisão proferida por tribunais
portugueses, corre nos próprios autos do processo em que foi proferida, salvo se
estiver pendente recurso, caso em que corre no traslado, sendo tramitada de forma
autónoma.
o Para tanto o requerimento executivo é apresentado no mesmo tribunal que
proferiu a condenação, que a tramitará até ao seu termo.
o Porém, se existir juízo de execução na comarca, após o início da execução
esta será remetida para o juízo de execução, com caráter de urgência,
composta por cópias da sentença, do requerimento executivo e documentos
que a acompanham (724º,4).
o NO CASO EXISTE Juízo de execução de lisboa: DL 49/2014, NO QUAL FOI
INTERPOSTA AÇÃO EXECUTIVA, PELO QUE NÃO HÁ INCOMPETÊNCIA
TERRITORIAL.
o Caso se verificasse situação anterior, seria competente a 1ªseção de
comércio do tribunal judicial de lisboa. Nos termos do DL49/2014, 64º,L, que
prevê o tribunal de comarca de lisboa e o respetivo desdobramento no juízo
de comércio, com sede em lisboa. (84º,n).

iv) Ação executiva proposta no Juízo de execução do Porto por Eva, residente no Porto,
contra Fabiana, residente em Beja, para execução de um requerimento de injunção ao
qual foi aposta fórmula executória e cuja obrigação exequenda ascende a 5.000,00
EUR.
Competência em razão da hierarquia
 Os tribunais judiciais ou comuns têm, em razão da matéria, competência primária
para a execução dos títulos relativos a direitos privados a uma prestação e
competência secundária residual para realizar a execução de todo e qualquer título
não reservado a um tribunal de outra ordem jurisdicional (40º,1 LOSJ).
 Os tribunais superiores não têm competência executiva. São tribunais de rescurso e de
resolução de conflitos de jurisdição, nos termos do 42º,2, 52º-55º e 72º-74LOSJ. Em

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


consequência, no plano da hierarquia, apenas os tribunais de primeira instância têm
competência executiva.
 NO CASO A AÇÃO EXECUTIVA FOI PROPOSTA NA 1ªINSTÂNCIA DO JUÍZO DE EXECUÇÃO DE
LISBOA, PELO QUE NÃO HÁ INCOMPETÊNCIA EM RAZÃO DA HIERARQUIA.
Competência em razão da matéria
 79ºcompetência em razão da matéria, tribunais de comarca de primeira instância.
 81ºLOSJ passou a determinar que os tribunais de comarca desdobram-se em juízos a
criar por DL, que podem ser de competência especializada, de competência genérica
ou de proximidade.
 Dentro dos juízos de competência especializada, a seção de execução designa-se
atualmente juízo de execução, conforme o art.81º,3, j LOSJ e tanto os juízos de
execução, como os de família e menores, trabalho e comércio, não viram alteradas
as suas competências.
 Decorre do 129º que nas comarcas onde existam juízos de execução toda e qualquer
execução da competência material dos tribunais judiciais, seja sentença, seja título
extrajudicial, deve ser colocada no juízo de execução, desde que não esteja excluída
da sua esfera de competência
 NO CASO AÇÃO FOI PROPOSTA NO JUÍZO DE EXECUÇÃO DO PORTO, PELO QUE NÃO
HÁ INCOMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA.

Competência em razão do território


 A competência em razão do território é regulada nos 85º e ss. Os seus critérios têm
em linha de conta o tipo de título e algumas das suas circunstâncias.
 Títulos que não sejam sentença, rege o 89º:
 A primeira regra é a da conexão real: conforme resulta do nr.2, se a execução for
para a entrega de coisa certa ou por dívida com garantia real, são respetivamente
competentes o tribunal do lugar da coisa ou o tribunal da situação dos bens
onerados.
 Não se tratando de um desses casos especiais (É O CASO), há que buscas a regra
nos nr. 1 e 3:
o A regra primária- regra da conexão pessoal- é a de que é competente para a
execução o tribunal do domicílio do executado. Todavia o exequente pode
optar pelo tribunal do lugar em que a obrigação deva ser cumprida quando:
 O executado seja pessoa coletiva ou,
 Situando-se o domicílio do exequente na área metropolitana de
Lisboa ou do porto, o executado tenha domicílio na mesma área
metropolitana.
o A regra secundária volta a ser a da conexão real: se o executado não tiver
domicílio em Portugal, mas aqui tenha bens, a execução deve ser proposta no
tribunal da situação dos bens.
 NO CASO APLICAR-SE-IA O 89º,1- COMPETÊNCIA DO DOMÍCILIO DO EXECUTADO,
UMA VEZ QUE QUE A EXECUTADA NÃO É PC E O DOMÍCILIO DO EXECUTADO NÃO SE

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


SITUA NA MESMA AM DO EXEQUENTE. Incompetência relativa (102º), dá lugar à
remessa para o tribunal competente (105º,3).
Competência em razão da forma e do valor
 Nos termos da lei que regula a LOSJ não existe um juízo de execução em Beja, pelo que
releva atender ao valor da causa, o qual é inferior a 50000, pelo que nos termos do
130º,2LOSJ será competente a seção de competência genérica de instância local.

v) Ação executiva proposta no Juízo de execução de Lisboa por Take Away Custodio, Lda.,
com sede em Lisboa, contra Frangos Damião, Lda., com sede em Castelo Branco, para
execução de uma dívida titulada por contrato celebrado no Porto, cuja obrigação
exequenda ascende a 20.000 EUR e que tem como garantia uma hipoteca constituída
sobre um imóvel situado na
Guarda;

vi) Ação executiva proposta no Juízo de execução de Oeiras por Catarina Modista, Lda.,
contra Roupas Caló, ambas com sede em Lisboa, para execução de uma dívida titulada por
contrato de fornecimento, cuja obrigação exequenda ascende a 10.000 EUR, tendo sido indicado
à penhora no requerimento executivo um armazém da executada, sito em Almada;

i) Ação executiva proposta no Juízo de execução de Oliveira de Azeméis com apresentação


de uma livrança como título executivo, cujo local de pagamento era uma agência
bancária de Braga. A livrança serviu para garantir a dívida emergente de um contrato,
nos termos do qual as partes (exequente e executado) atribuíram competência aos
tribunais da comarca de Lisboa para dirimir todos e quaisquer litígios resultantes do
incumprimento do contrato;
ii) Ação executiva proposta no Juízo de execução de Lisboa, por Teresa, residente em
Lisboa, contra Samanta e Rubina, ambas residentes em Coimbra, para execução de uma
sentença judicial, proferida no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, que condenou
Samanta a pagar 50.000 EUR a Teresa e
Rubina a entregar-lhe uma autocaravana que, de momento, se encontra em
FARO; ix) Considere a hipótese anterior. A sua resposta seria igual se: a) fossem
apresentados, como títulos executivos, duas sentenças? e b) o título em causa fosse
extrajudicial?

Caso 18
4)

 Divisão consoante os fundamentos de oposição


1. Fundamentos que respeitam à concreta relação processual executiva e por isso não podem
produzir efeitos senão para essa mesma execução, nos termos do 620º,1. Assim a sentença
de embargos fará caso julgado formal quando os fundamentos são os relativos à
regularidade da relação processual executiva nos termos do 278º,1 (exceções dilatórias).
Sendo considerada procedente a arguição do vício formal, juiz decreta extinção da execução
e o executado é absolvido da instância executiva.
2. Fundamentos que respeitam à causa de pedir

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


a. Demonstração formal da causa de pedir (existência ou inequibilidade do título,
nulidades originárias ou supervenientes da sentença, etc);
b. Existência e caracteres do direito exequendo: factos impeditivos, modificativos e
extintivos da obrigação, certeza, liquidez e exigibilidade do direito.
 É amplamente discutido se a decisão que conheça de questões atinentes à relação de dívida
chega a alcançar valor de caso julgado.
o 732º,5: a decisão de mérito proferida nos embargos à execução constitui, nos
termos gerais, caso julgado quanto à existência, validade e exigibilidade da
obrigação exequenda”, valor de caso julgado aos fundamentos de defesa atinentes à
causa de pedir, em exceção ao 91º,2 e 621º.
 Sentença de procedência dos embargos à execução fundados em facto
modificativo, impeditivo ou extintivos, ou em inexigibilidade da obrigação
faz caso julgado material, determinando a absolvição do pedido e a extinção
da execução.
 A sentença de procedência dos embargos fundada em inexiquibilidade do
TE, incerteza ou iliquidez da obrigação exequenda, faz caso julgado formal,
determinando a absolvição da instância executiva, com consequente
extinção da execução.
o CASTRO MENDES: sentença de procedência por inexequibilidade do TE e por
incerteza e iliquidez da obrigação exequenda determinaria a absolvição da instância
executiva, com caso julgado formal. Já a inexigibilidade do direito e a aposição de
factos modificativos, impeditivos ou extintivos levariam à absolvição do pedido
executivo, com valor de caso julgado material.
o LEBRE FREITAS: o efeito preclusivo das exceções não deduzidas não se dissolve no
caso julgado: a exceção que o executado não invocou numa oposição pode ser
invocada noutra.
o RUI PINTO: nos embargos à execução o efeito pedido pelo executado é a extinção da
relação jurídica processual executiva, por certo fundamento de forma ou de fundo
nos termos do 732º,4. Os embargos de executado são uma ação destinada a fazer
uma simples apreciação de direitos. O executado não pede uma apreciação judical
para certo fundamento. Não é essa a função dos embargos. A consideração da sua
função de defesa leva a que se sujeitem a uma regra própria de um meio de
oposição a uma pretensão de uma parte ativa: a decisão sobre as questões
suscitadas como meio de defesa pelo executado não consititui caso julgado fora do
processo respetivo (91º,2).
5)
Quanto a Nuno não ter deduzido oposição à execução:
Estando o direito exequendo já certificado pelo título, nenhuma cominação probatória pode
decorrer da omissão processual do executado: ele não tem o ónus de oposição (como ónus de
contestação 567º), nem ónus de impugnação especificada do 574º. O executado não entra em
revelia, caso não embargue a execução, nem há que considerar a admissão de factos por confissão
ou acordo.

Quanto à não contestação de M à oposição à execução de N:


Revelia relativa,
Por força dos 732º,3 à falta de contestação é aplicável o disposto no 567º,1 e no 568º, i.e,
consideram-se confessados os factos articulados pelo opoente, sem prejuízo dos casos de revelia
inoperante.

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


Não se consideram confessados os factos que estiverem em oposição com os expressamente
alegados pelo exequente no RE.
Credor não precisa de contestar as impugnações dos factos que ele mesmo já alegara no RE.
Porém tem o ónus de contestar as exceções perentórias que o executado lhe tenha oposto.

7)
 Na execução sem citação prévia, seja do 727º, seja do 855º e ss., o exequente está sujeito a
responsabilidade civil, multa e responsabilidade criminal, nos termos do 858º e, por
remissão, do 724º,4. A finalidade destas sanções é a tutela do devedor que foi executado
com base na aparência de dívida decorrente de título, sem possibilidade de contraditório
prévio.
 Pressupostos comuns são a procedência da oposição à execução e dispensa de citação
prévia.
 Pressupostos especiais apenas da responsabilidade civil de exequente devem ser
considerados: o ato, a culpa, o nexo causal e o dano na esfera jurídica do executado.
o Esta sequência inicia-se com o requerimento executivo, mas não é suficiente para a
produção do dano, haverá ainda que ocorrer um ato concretamente causador de
dano: o ato de penhora será o ato mais potencialmente, mas também o poderá ser a
simples contituição do putativo devedor como executado, pela citação, dados os
gastos que este terá de fazer para se defender.
o Os danos devem emergir em nexo causal daquela sequência de atos.
o A culpa consiste em o executado não ter atuado com a prudência normal (858º). A
espécie de TE é um dos fatores a ponderar no juízo de culpa e na aferição da
prudência normal: quanto maior a segurança formal do título, menor o grau de
culpa.
 A ação de responsabilidade será colocada de modo autónomo?
o Por um lado, a ligação material e prejudicial com execução e com a oposição à
execução, sugeririam que a ação de indemnização corresse por apenso,
eventualmente aos autos de oposição à execução.
o Por outro lado, se os embargos ditaram a extinção total da execução, o julgamento
da ação de indemnização levaria a que se prolongasse uma execução despida de
causa. Alem do mais se corresse por apenso à oposição à execução ter-se-ia de
reabrir a instância dos embargos.
 Lesado deve fazer valer os seus direitos em ação condenatória autónoma à
semelhança do que sucede com o 374º,1.
 Apenas se os embargos extinguiram a instância executiva em parte, é que
pode ser colocada ação de indemnização como incidente da execução, não
já dos extintos embargos.depois de a execução se vier a extinguir, ação
prosseguirá autonomamente até ao seu termo.

Caso 20

Oposição à execução até à reforma de 2013

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


É controvertida a matéria dos fundamentos da respetiva oposição à execução: serão os da
sentença, dado ser um título substitutivo dos efeitos práticos do exercício do direito de
ação, produzindo em procedimento com audiência prévia, preclusão e possibilidade de
controlo jurisdicional, ou serão os fundamentos que assistem aos demais títulos, visto não
se estar perante uma sentença.

1. Primeiro entendimento procede à equiparação à sentença, pelo que, consequência,


vigoraria também na injunção um princípio de preclusão da alegação de factos não
superveninetes. Só poderiam ser suscitadas questões que não pudessem ter sido
suscitadas em sede de oposição ao requerimento de injunção ou que sejam de
conhecimento oficioso.
2. O segundo entendimento negava a aplicabilidade das restrições próprias da
execução de sentença, pelo que aplicar-se-iam os fundamentos irrestritos do atual
731º.
a. A solução contrária seria inconstitucional para Lebre de Freitas por violar o
direito de defesa. Concordância do TC: no sentido de julgar inscontitucional a
norma contida no art.814º, quando interpretada no sentido de limitar a
oposição à execução fundada em injunção à qual foi aposta formula
executória, por violação do princípio da indefesa, consagrado no 20º,1-
declaração de inconstitucionalidade com força obrigatória geral.

Reforma de 2013

Professor Rui Pinto não concorda com os acórdãos: a presença de uma preclusão associada
a um ónus de exercício do direito de defesa em tempo adequado implica equiparação à
sentença para efeitos de embargos de execução.

1. O cumprimento do direito de defesa é independente da eficácia final da medida de


tutela, i.e, da presença ou ausência de caso julgado, podendo ser sujeito a regras de
preclusão.
2. A não ser assim, dar mais um momento de defesa ao devedor é claramente violar o
direito de ação do credor, de modo desproporcionado.
3. A inexistência de processo jurisdicional e ausência de juiz não acarreta por si só uma
ausência de preclusão dos fundamentos de defesa.
4. Professor reconhece que o mecanismo da injunção padece de vícios sistémicos, que
tornam o exercício concreto do direito de defesa enfraquecido.
a. Desde logo, como primeira condição deve passar-se a garantir um efetivo
conhecimento da citação, por meio registal.
b. Cumpridas certas condições como esta, professor rui pinto perfilha
equiparação do requerimento de injunção à sentença.

Relativamente à reforma e à resolução do caso:

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


857º,1 enuncia como regra que se a execução se fundar em requerimento de injunção ao
qual tenha sido aposta fórmula executória, apenas podem ser alegados os fundamentos de
embargos previstos no 729º, i.e, relativos à sentença.

Por outro lado, passou a prever-se que os fundamentos de defesa podem ser alargados em
duas importantes exceções:

1. Tendo havido justo impedimento à dedução de oposição ao requerimento de


injunção, sob certos condicionalismos;
2. Independentemente do justo impedimento, o executado é ainda admitido a deduzir
oposição à execução com fundamento em questão material de conhecimento
oficioso que determine a improcedência total ou parcial do requerimento de
injunção (nulidade do contrato invocado) ou na ocorrência de forma evidente, no
procedimento de injunção de exceções dilatórias de conhecimento oficioso.
3. Interpretação conforme com constituição postula que artigo seja lido no sentido de
podem ser alegados todos os fundamentos de embargos, nomeadamente os
previstos no 731º.

a. Por conseguinte, por força da remissão do 857º,1 para o 729º o executado, podia
invocar, com as devidas adaptações, a falta ou irregularidade da notificação no
procedimento de injunção quando o requerido, ora executado, nele não tenha
intervindo. 729º,d.
 A falta de notificação do requerido no procedimento de injunção determina a nulidade de
tudo o que se processe depois do requerimento inicial, designadamente da fórmula
executória dada à execução. TR ÉVORA.
b. No que concerne à alegação de factos modificativos ou extintivos da obrigação, a lei
apenas permite que o executado invoque factos posteriores ao termo do prazo de
oposição no procedimento de injunção, ficando por isso impedido de alegar factos
modificativos ou extintivos da obrigação que fossem anteriores ou contemporâneos
do prazo de oposição à injunção e que não tenham sido invocados no respetivo
procedimento.
o Se o requerido podia e devia ter concentrado toda a sua defesa na oposição à
injunção e de forma voluntária não o fez, tal omissão não pode deixar de ser
sancionada com a preclusão da possibilidade de invocar mais tarde, em
embargos de executado, todos os fundamentos de defesa que fossem
admissíveis

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


Caso 21

a)

Dívida comum (1691º,1,a), ambos os devedores constam do TE, pelo que têm legitimidade passiva
nos termos do 53º,1.

No plano da responsabilidade objetiva há que distinguir o regime matrimonial de bens, em


ordem a concluir sobre que bens podem ser penhorados.

 Se os cônjuges estiverem casados em regime de separação de bens, não há bens


comuns, pelo que pondem ser penhorados os bens próprios de qualquer dos dois
cônjuges (1695º,2). Estes respondem de modo não solidário, nos termos do nr 2, i.e,
os bens de cada cônjuge pagam metade da dívida.
 Se os cônjuges estiverem casados em regime de comunhão de bens são
penhoráveis, em primeiro lugar os bens comuns e subsidiariamente, os bens
próprios de qualquer dos cônjuges (1695º,1).
o Falta ou insuficiência de bens de primeira linha pode ser relevada antes da
penhora de quaiquer bens, quando manifesta, em requerimento do
exequento ao abrigo do 745º,5. No requerimento será alegado que não há
bens comuns ou que se estima que não serão suficientes para pagar dívida.

A dúvida que se deverá colocar é se o credor que executa uma dívida comum em face do
título pode optar por propor a ação executiva apenas contra um dos devedores ou se deve
colocá-la sempre contra os dois consortes, por força do 34º,3 e do 1695º.

 A dívida comum pode ser executada singularmente ou em litisconsórcio voluntário


conveniente: Anselmo de Castro, Lebre de Freitas e Remédio Marques: não se
verifica na ação executiva a razão de ser do preceito, dirigido à salvaguarda de
ambos os cônjuges quanto está em causa a definição (mas não a execução) dum
regime de responsabilidade patrimonial comum.
 RP:
1. a responsabilidade comum para poder ser realizada nos exatos termos da lei
apenas o pode ser contra o casal. A não ser assim, gerar-se-ia uma responsabilidade

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


comum parcial que a lei não admite, a responsabilidade comum é indivisível. É-o
imperativamente: o credor não dispõe da aplicabilidade das normas da
responsabilidade objetiva do casal.
2. a demanda executiva de um só dos devedores não produz o efeito útil normal e
conforme à lei próprio de uma execução de dívida comum. Por isso, tendo em conta
que a própria letra do 34º,3,1ªP não distingue o tipo de ação, conclui que o preceito
impõe um litisconsórcio necessário legal qualquer que seja a espécie e objeto de
ação. Mister é que a ação emerja de facto praticado por ambos os cônjuges. Desse
modo, se decorrer do TE que a dívida foi contraída contra ambos, deverá a ação ser
colocada contra o casal.
3. Nos termos gerais a preterição deste litisconsórcio necessário legal redunda em
ilegitimidade passiva do cônjuge executado singularmente nos termos do 33º,1. A
falta do outro cônjuge poderá ser sanada por intervenção principal provocada no
prazo de sanação fixado no despacho liminar ou em despacho superveniente (734º).
Na falta desta intervenção, será proferido o devido despacho de inderimento liminar
ou extinção superveniente da instância, mas o credor poderá aproveitar a ação,
mediante renovação nos termos do 261º,2.

b)
Ambos os devedores constam do TE, pelo que têm legitimidade passiva nos termos do
53º,1. Em suma: à responsabilidade subjetiva comum corresponde uma legitimidade passiva
executiva comum

Ii
a)
dívida contraída por A, mas comunicável nos termos do 1691º,b

Nas dívidas comunicáveis apenas um dos cônjuges surge como devedor no TE, pelo que são
forlmalmente dívidas próprias. Por isso serão executadas como dívidas próprias, salvo se for
processualmente demonstrado que a dívida contraída singularmente preenche algum
pressuposto de comunicabilidade (1691º, a, 2ªP, b, e 2, 1693º,2 e 1694º,1.

B é parte ilegítima em face do TE: 53º,1; exceção dilatória A ilegitimidade singular é de


conhecimento oficioso. Tribunal que conheça de ilegitimidade deve proferir despacho de
indeferimento liminar do requerimento executivo (726º,2,b) ou, se conhecer mais tarde, ao
abrigo do 734º, deve absolver da instância o executado e extinguir a instância.

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


Não obstante, C poderia provocar a intervenção de B mediante incidente de
comunicabilidade previsto no 741º-

b)

O incidente tem dois pressupostos comuns, conforme os art. 741º,1 e 742º,1:

1. O primeiro pressuposto consiste em a dívida constar de título diverso de


sentença, assinado por um dos cônjuges, acrescenta o 724º,1, e
2. O segundo pressuposto é a execução ter sido movida apenas contra um dos
cônjuges.
3. No caso de alegação pelo executado é necessário que tenham sido executados
bens próprios seus, o que configura um específico interesse processual (742º,1).
 O pedido de comunicação da dívida que seja apresentado pelo exequente é feito por
requerimento dirigido ao juiz de execução e rege-se pelo 741º.
 O cônjuge executado é depois citado para, no prazo de 20 dias, declarar se aceita a
comunicabilidade da dívida.
 Perante esta citação o cônjuge pode: 1) declarar que aceita; 2) nada declarar o que
dita que a dívida seja considerada comum (741º,2); 3) impugnar a comunicabilidade
da dívida, em oposição. (é o caso).
 Quanto a esta última, se o pedido de comunicação da dívida foi deduzido pelo
exequente no RE, a oposição do cônjuge à comunicabilidade da dívida pode ser
deduzida de modo cumulado em oposição à execução ou de modo autónomo
(741º,3, a)-.
 Neste caso se o recebimento da oposição não suspender a execução (733º,1),
apenas poderão ser penhorados os bens comuns do casal, i.e, além dos bens
próprios do executado, nunca os bens próprios do cônjuge e a sua venda aguardará
decisão a proferir sobre a questão da comunicabilidade.
 Já se o cônjuge não pretender opor-se à execução deverá deduzir somemnte
oposição à comunicabilidade em articulado próprio.
 Deduzida a oposição a venda fica suspensa, quer dos bens próprios do cônjuge
executado que já se mostrem penhorados, quer dos bens comuns do casal, a qual
aguarda decisão a proferir, mantendo-se a penhora já realizada.

c)

Quanto a C pode alegar a comunicabilidade da dívida até ao início das diligências para venda
ou adjudicação, porém, não o tem de fazer (741º,1). O incidente de comunicabilidade é
facultativo e constando apenas A do TE, não haveria preterição do litisconsórcio necessário.

Também o executado pode deduzir pedido de comunicação da dívida na oposição à


penhora ao abrigo do 742º.

O cônjuge é então citado nos termos do 741º,2, no prazo de 20 dias, para declarar se aceita
a comunicabilidade da dívida, baseada no fundamento alegado.

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


Se este se opuser ou se o cônjuge impugnar a comunicabilidade a questão é resolvida pelo
juiz no âmbito do incidente de oposição à penhora.

Iii

Caso 23

1.

o título executivo da wortin é o contra de fiança (703º,1,b).

O fiador goza do benefício da excussão prévia, i.e, pode recursar o cumprimento enquanto o
credor não tiver excutido todos os bens do devedor sem obter satisfação integral do seu
crédito, salvo se tiver renunciado a esse benefício (628º e 640º, a CC).

Se for movida uma ação executiva apenas contra o devedor subsdiário e se este invocar, de
forma fundamentada, o benefício da excussão prévia, no prazo da oposição à execução, seja
negando a renúncia alegado pelo exequente, seja indicando bens do devedor principal, não
podem ser pennhorados os seus bens enquanto não estiverem excutido todos os bens do
devedor principal.

o Nessa eventualidade sendo instaurada execução apenas contra o devedor


subsidiário (641º,1 CC) e invocando este, na sua oposição à execução, o
benefício da excussão prévia, o exequente pode requerer, no próprio
processo, o chamamento do devedor principal, o qual será citado para
proceder ao pagamento integral da dívida exequenda e das demais custas de
execução ou deduzir oposição (745º,2).
o Correndo a execução contra devedor principal e o devedor subsidiário e
tendo os bens do devedor principal sido excutidos em primeiro lugal, pode o
devedor subsidiário fazer sustar a execução nos seus próprios bens,
indicando bens do devedor principal que hajam sido posteriormente
adquiridos ou que não fossem conhecidos.

3.

a. Excussão prévia: devedor subsidiário pode recursar o cumprimento enquanto o


credor não tiver excutido (executado) todos os bens do devedor sem obter
satisfação integral do seu crédito.
b. Insuficiência de bens: resultado apurado pelo credor que pretendia excutir o
património do devedor, antes de executar o património do devedor subsidiário.
Devedor principal não tem no seu património bens suficientes para satisfazer
integralmente o crédito do credor.
c. A excussão prévia é um mecanismo de que o devedor pode lançar mão para garantir
que o seu património só é penhorado subsidiariamente, i.e, quando haja
insuficiência de bens do devedor principal.

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


4.

745º,4: tendo os bens do devedor sido excutidos em primeiro lugar, pode o devedor
subsidiário fazer sustar a execução nos seus próprios bens, indicando bens do devedor
principal que hajam sido posteriormente adquiridos ou que não fossem conhecidos.

Oposição à penhora nos termos do 784º,b;

5.

Quid iuris se a obrigação do devedor afiançado beneficiar também da segurança de uma


garantia real? Como se relacionam o benefício da excussão prévia e o eventual benefício
da excussão real?

 Se for uma garantia real constituída por terceiro, contemporânea da fiança ou


anterior a ela, o fiador tem o direito de exigir a execução prévia dos bens sobre que
recai a garantia real, mesmo quando os bens do devedor principal se hajam
esgotado (639º,1).
 A contrario, esta proteção do fiador não pode ser invocada se a garantia for
posterior. É o nosso caso, uma vez que a hipoteca foi constituída dois dias depois da
constituição da fiança, pelo que em nada aproveita ao fiador.
 (Diversamente, se essa garantia incidir sobre bens do devedor principal, será
irrelevante para o fiador: este reclamará que se esgotem primeiro os bens do
devedor principal, onerados ou não, invocando o benefício da excussão prévia.
Penhorados os seus bens, caberá ao devedor principal invocar, em sede de oposição
à penhora, a faculdade que lhe é concedida pelo 697º.
 Se a garantia real foi constitída em bens do fiador este tem o direito a que na
execução dos seus bens, se comece pelos onerados, graças ao 697º-)

6.

 Diversamente, se essa garantia incidir sobre bens do devedor principal, será


irrelevante para o fiador: este reclamará que se esgotem primeiro os bens do
devedor principal, onerados ou não, invocando o benefício da excussão prévia.
Penhorados os seus bens, caberá ao devedor principal invocar, em sede de oposição
à penhora, a faculdade que lhe é concedida pelo 697º.

Caso 28

1.

Na penhora de direitos reais em titularidade singular e posse exclusiva, i.e, de móveis e


imóveis, os poderes de uso, fruição e administração passam para a responsabilidade do
agente de execução ou de depositário, quando aquele o não seja, a partir do momento da
entrega efetiva do bem, nos termos no 757º e 764º, no nosso caso.

Titularidade do direito:

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


Esta entrega efetiva não contende com a titularidade do direito real: a penhora não tem
efeitos translativos do direito de fundo. Esta eficácia é própria da venda, adjudicação e da
remissão, nos termos do 824º,1 e 826º.

Logo, clotilde conserva a titularidade do direito de propriedade apos penhora.

No plano da posse:

 Para Teixeira de sousa, a penhora impõe ao executado um desdobramento da


posse sobre os seus bens: ele permanece possuidor em nome próprio nos termos
do seu direito de que ainda é titular, mas vê constituir-se sobre eles uma nova
posse que é exercida pelo depositário e que tem o conteúdo que resulta dos
poderes que são concedidos a este último.
 Para lebre de freitas cessa a posse do executado e inicia-se uma nova posse pelo
tribunal: o depositário passa, em nome deste, a ter a posse do bem penhorado.
 Rui Pinto adere à tese de Teixeira de sousa: a penhora não tem efeito extintivo ou
translativo posse do executado.

No plano da detenção

o A posse do depositário é a posse que tem no Estado o seu titular, é uma posse
necessariamente precária ou temporária.
o depositário, agente de execução, ao apreender está a exercer poderes do estado: o
estado é possuidor em nome próprio e o depositário é detentor, enquanto
possuidor em nome do estado (1253º, c).

Em suma, o executado não perde a posse, acompanhando a titularidade do direito no


executado, o que não é incompatível com a cirscunstância de ficar sem os poderes de
gozo sobre a coisa. Mas enquanto a posse do executado passa a mera posse civil, a
posse do estado é efetiva.

Desdobramento da posse tem consequências práticas:

Do lado do executado, a manutenção da posse civil permite a concomitante manutenção da


legitimidade para usar dos meios de defesa da posse, mesmo na pendência da penhora, p.e,
se terceiro esbulhar o depositário. Além disso, a penhora não suspende a contagem do
tempo de posse para efeitos de usucapião.

Do lado do estado, a constituição de posse efetiva a seu favor é acompanhada da


trasnsmissão da responsabilidade pelo risco de perda ou deterioração do bem.

Lei consagrou a via da ineficácia relativa dos atos de disposição e oneração do direito
penhorado.

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


Esta regra está concretizada no art. 819º que prescreve que sem prejuízo das regras do
registo, são inoponíveis em relação à execução os atos de disposição, oneração,
arrendamento dos bens penhorados (é o nosso caso- âmbito de direitos reais) e 820º, o qual
determina que sendo penhorado algum crédito do devedor, a extinção dele por causa
dependente da vontade do executado ou do seu devedor, verificada depois da penhora, é
igualmente inoponível à execução (penhora de direitos de crédito e direitos de estrutura
relativa em geral).

 São inóponiveis os atos de disposição, oneração e arrendamento do executado


(sujeitos);
 A ineficácia recai sobre os atos posteriores à penhora, incluindo ao seu registo,
quando necessário. Esse efeito não recai sobre atos anteriores à penhora.

Qual a natureza jurídica desta inoponibilidade?

Trata-se de uma ineficácia. Os atos de disposição e oneração que o executado pratique não
têm efeitos enquanto os bens estiverem penhorados. A execução prossegue como se esses
bens ainda pertencessem ao executado.

MTS: é como se não tivesse havido qualquer disposição ou oneração do bem ou direito
penhorado ou se não tivesse verificado a extinção do crédito penhorado

Não está em causa uma invalidade: a penhora não retira ao executado os poderes de livre
disposição e oneração, pelo que os seus atos não são ilícitos. Por isso se a penhora for
levantada os efeitos suspensos terão lugar retroativamente à data do ato.

Ineficácia não é absoluta: decorre da letra do 819º e 820º que os atos de disposição ou de
oneração são ineficazes apenas em relação à execução. Os atos em questão produzem
efeitos perante quem não for parte na execução. Há uma eficácia externa dos atos de
disposição e oneração de bens penhorados praticados pelos executado, internamente
ineficazes.

Professor rui pinto ressalva necessida de interpretar a ineficácia à luz do critério da


proporcionalidade: interpretação restritiva da regra da inoponibilidade dos atos dispositivos
ou onerados do direito penhorado, o exequente não perde na totalidade poderes de
disposição, mas, na pendência da penhora e por seu efeito, esses poderes ficam limitados,
na medida em que haja colisão com o interesse do exequente.

4.

Natureza real

 Alberto dos Reis: entendida que a penhora produz um direito real de garantia a favor
do exequente e dos credores concorrentes. Estes beneficiam de um direito de
sequela, que os autoriza a fazer valer a garantia perante aqueles a quem os bens
forem transmitidos.

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


Natureza não real

 Teixeira de sousa: não encontra nela nem sequela, nem inerência, caracteres reais
que justificam que a garantia acompanhe a transmissão do bem e possa ser invocada
contra quem for o seu proprietário ou possuidor no momento da execução. Em vez
de acompanhar o bem transmitido e de sujeitar o adquirente à execução, a
penhora ignora a transmissão do bem e rejeita qualquer substituição do
executado. A penhora é fonte de uma preferência sobre o produto da venda dos
bens penhorados, todavia ela não é um direito real de garantia, porque embora seja
inerente a uma coisa e afete a execução desta à satisfação do crédito do exequente,
a sua função é conservatória, sendo esta função que justifica a regra de
inoponibilidade dos atos de disposição ou oneração posteriores a ela. A penhora
não é um direito real, mas uma situação em que são colocados certos bens e
direitos.
 Rui Pinto: quando falamos de natureza real da penhora estamos a falar:
o 1. Da ineficácia relativa dos atos de disposição ou oneração (819ºCC e
820ºCC);
o 2.Da preferência em relação a credor sem melhor causa de preferência
(822º)
o 3.Ou ambas?

A resposta assenta na consideração de que a penhora é um ato processual produtor de um


complexo de efeitos, pelo que há que distinguir entre efeitos conservatórios
correspondentes às indisponibilidades material e jurídica e o efeito de garantia servido pela
preferência derivada da penhora.

1-Os efeitos conservatórios têm a natureza de restrições pessoais às faculdades de gozo e


disposição do executado, mas não são direitos em si mesmos. O estado e o exequente não
têm direitos específicos sobre a possse ou sobre a disponibilidade dos bens penhorados.

2- é certo que há relações de prevalência entre os direitos dos credores reclamantees e do


exequente, mas não se trata de uma eficácia real: as relações de prevalência não têm de ser
reais. Também o privilégio creditório geral é tido como não sendo de natureza real e
contudo é levado à graduação de créditos na ação executivo.

Direitos legais de garantia de natureza não real

5.

Impugnação pauliana

Os atos que envolvam diminução da garantia patrimonial do crédito (1) e não sejam de
natureza pessoal (2) podem ser impugnados pelo credor, se concorrerem as seguintes
circunstânciais:

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


2.ser o crédito anterior ao ato ou, sendo posterior, ter sido o ato realizado dolosamente
com o fim de impedir a satisfação do direito do futuro credor

3.resultar do ato impossibilidade para o credor de obter satisfação integral do seu crédito
ou agravamento dessa impossibilidade

O ato oneroso só está sujeito à impugnação pauliana se o devedor e o terceiro tiverem


agido de má fé (612º,1). Parece não ser o caso pelo que não seria passível de impugnação
pauliana.

Embora a devedor C conste do título como executada, a adquirente pode nos termos do
818ºCC ser demandada “o direito de execução pode incidir sobre bens de terceiro, quando
sejam objeto de ato praticado em prejuízo do credor, que este haja procedentemente
impungado.

Caso 29

2)

iii)

embargos de terceiro:342

1.penhora, apreensão ou qualquer ato ordenado de apreensão ou entrega de bens

2. ofensa ou ameaça (350º autoriza que basta a ameaça de ofensa à posse ou direito de
terceiro).

o A penhora é ofensiva por força do seu âmbito quando a sua extensão formal,
maxime, a levada a registo, é subjetivamente mais vasta que o âmbito subjetivo
legalmente admitido
o A penhora é ainda ofensiva se apesar de o âmbito formal ser adequado, a penhora
for em concreto realizada contra terceiro.

3.aquisição da titularidade do direito

4. direito incompatível, ponto controvertido:

o MTS e LB: “são incompatíveis com a realização ou âmbito da penhora os


direitos de terceiros sobre bens penhorados que não devam extinguir-se com
a sua venda executiva”. Por força do 824º,2CC, extinguem-se com a venda
executiva “além de outros, os direitos reais de gozo que não tenham registo
anterior ao de qualquer arresto, penhora ou garantia, exceto aqueles, que,
constituídos em data anterior, produzam efeitos em relação a terceiros
independentemente do registo”, então “não pode embargar de terceiro o
titular de um direito real de gozo cuja constituição ou registo seja anterior ao

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


da penhora, do arresto convertido em penhora ou da garantia real exercida
na ação executiva”.
Simetricamente, já poderiam defender os seus direitos em embargos de
terceiro o titular de um direito real de gozo constituído ou registado antes do
arresto, penhora ou garantia real.
o RP: Deste modo “posse ou direito incompatível” são posse ou direito
licitamente oponíveis. A licitude dessa oponibilidade apenas pode ser
avaliada pelo direito material, pelo que a incompatibilidade é a qualidade
de oponibilidade material do próprio direito ofendido que cause um
desvalor de ilicitude à penhora ou apreensão cautelar”

Em relação a MAURO:

Trata-se de um direito de terceiro que goza de oponibilidade forte, i.e, é oponível erga
omnes. Direito real de propriedade oponível à penhra.

Bem penhorado não é da propriedade do executado

Em relação a JUVENAL:

Direito pessoal de gozo na titularidade de terceiro. Há que distinguir dois cenários:

1. Se incidem sobre propriedade penhorada do executado, a inoponibilidade material


determina que não são incompatíveis. À exceção da locação (1057ºCC).
2. Se incidirem sobre propriedade penhorada de terceiro não executado (é o caso,
MAURO), a ilegalidade subjetiva da própria penhora afasta o fundamento excecional
que impedia a invocação plena do direito de terceiro. Uma ilegalidade não pode
afastar um direito válido. O direito de terceiro é oponível à penhora na medida em
que é incompatível com a penhora.

IV)

E se Juvenal fosse usufrutuário?

são oponíveis à penhora os direitos de terceiro que gozam de oponibilidade forte, por
serem oponíveis erga omnes, mesmo ao tribunal. Direitos reais de gozo, garantia ou de
aquisição. Quanto aos direitos reais de gozo na titularidade de terceiro são sempre direitos
incompatíveis com a penhora:

1. Os direitos reais de gozo menores, quer os que incidam sobre a propriedade


penhorada do executado, quer os que incidem sobre a propriedade penhorada do
terceiro.

E se juvenal fosse um credor pignoratício a quem o computador, fora entregue depois de


empenhado por MAURO?

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


1. Direitos reais de garantia ou aquisição na titularidade de terceiro, há que separar :
a. Se incidem sobre a propriedade penhorada do executado falece o interesse
processual ao seu titular, porquanto a lei prevê modos específicos do seu
exercício na execução: reclamação de créditos, notificação dos preferentes e
venda direta. O direito de garantia é oponível à penhora, mas não é
incompatível com a mesma.
b. Se incidem sobre a propriedade penhorada de terceiro não executado, o seu
titular não tem legitimidade senão para embargar de terceiro (é o caso).

V)

Direitos sobre universalidades

Professor RUI PINTO: a simples circunstância de não serem da titularidade do executado


permite a sua oponibilidade, pois que qualquer posição jurídica subjetiva deve ser
respeitada pelos atos de autoridade do Estado.

Terceiro titular de estabelecimento.

O que temos em causa: sociedade unipessoal, em que executada é a belmira, logo


sociedade é Terceira.

Direito incompatível é o direito de propriedade. Protesto do ato da penhora em relação aos


bens móveis não sujeitos a registo.

Aula prática 23/5

Caso 40

O que é a reclamação de créditos? fase subsequente à penhora eventualmente, uma vez


que meios de reação à penhora não suspendem a penhora.

Duas fases:

1. Reclamação de créditos tout cour: credores vêm à ação executiva pedir registo dos
creditos
2. Sentença de graduação de créditos.

Ação executiva de F contra G, em que ação executiva é de 500.000.

Bens penhorados:

1. Direito de retenção
2. Salários
3. Direito de retenção
4. Casa- hipoteca

Como podem as pessoas intervir na ação em curso?

Requisitos da reclamação de créditos:

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


1. Só o credor que goze de garantia real pode reclamar respetivos creditos
2. Tem de ter por base titulo exequivel, deduzido no prazo de 15 dias
3. Titulo executivo contra executado
4. Credito certo e líquido. Tem de estar vencido? No próprio 788º está a resposta
“ainda que o crédito não esteja vencido”.

 Quanto à hipoteca: H tem legitimidade para reclamar o crédito? Tem garantia real,
tem titulo exequível, titulo contra executado, certo e líquido. Pode, logo tem
legitimidade. Como se processa? Como é que ela sabe que há ação executiva em
curso? São citados nos termos do 786º,1,b e 3.

O que acontece se credor reclamante não é citado? 786,6, bem como intervenção
espontânea.

Havendo citação, se se mantiver em revelia, problema dela= equiparada a réu revel.

 Salários: é admitida a reclamação de salários? Legislador determinou que não se


pode penhorar nos termos do 788,4,a; 333ºCT- privilégio creditório sobre bem
móvel e imobiliário especial, mas o número 4 do 788º só exclui os privilégios
creditórios gerais e não especiais. Logo, privilegio creditório geral pode ser objeto de
reclamação de créditos. Privilégio geral não justifica a reclamação de créditos.
 Direito de retenção sobre móvel: por que precisamos saber quem é o paulinho? Para
saber se é o executado. Só os credores do executado podem reclamar créditos.
Paulinho é um terceiro.
o Locação: 1057ºCC- equiparável aos direitos reais menores. , novos locadores
ficam na posição dos antigos, locatários vão atrás.
 Qual é o meio de reação de paulinho? Embargos de terceiro.
o Saber se a reclamação de créditos pode ser utilizada por credor que reclame
crédito que não seja devido pelo meu devedor. Não é crédito do executado.
Problema de crédito subjacente não ser do executado.

Aula teórica 25/5/22

Terminada a fase da penhora o agente de execução deve proceder à venda dos bens ou
qualquer outra forma de pagamento da obrigação.

No entando, a lei impõe que sejam citados os cônjuges nos termos do 786º,1,a e 5 e certos
credores. Nos casos de bem imóvel ou estabelecimento comercial ou havendo
comunicabilidade da dívida.

Qual é o estatuto processual do cônjuge?

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


 Se for citado para comunicabilidade da dívida é requerido na comunicabilidade da
dívida. 787º,2.
 Se for citado para separação de bens é mero interveninente processual (740º). Não
tem competência para deduzir oposição à penhora e é terceiro para efeitos de
embargos de terceiro.
 Cônjuge citado porque foi penhorado bem imóvel ou estabelecimento fica com
estatuto de parte principal, equiparado ao executado em termos de poderes
processuais (787º,1), pode deduzir oposição à execução superveniente, à penhora e
reclamação de créditos.
o Parte principal é aquela que pode iniciar e extinguir instância processual.
 Cônjuge não citado é tratado como o réu revel (786º).

Reclamação de créditos

Objeto da ação executiva=pagamento de quantia certa;

Património do devedor é o património que responde por qualquer dívida (601º CC), todos
os credores estão, em princípio, em pé de igualdade.

Que credores citar?

Estamos numa execução singular, diferente do processo de insolvência, o qual é um


processo universal. O primeiro tem por base presunção de que património vai pagar as
dívidas, contrariamente ao segundo.

 São citados os credores com direitos reais de garantia (788º,1 e 786,1, b e c).
credores vão à execução fazer valer a garantia. O credor reclamante executa o seu
direito de garantia, i.e, o direito a que se refere a garantia. Diferentemente do
credor exequente singular que pode executar qualquer bem para satisfazer o seu
crédito.
 A penhora está abrangida (794º): agente de execução susta a segunda execução
daquele bem e notifica o exequente que já existe outra penhora- Ou desiste da
penhora ou intervém na primeira penhora como credor reclamante, quando for feita
a graduação de créditos ficará em segundo lugar.
 O credor reclamante não é parte principal na AE. O que interessa é pagar a dívida
exequenda e não do credor reclamante.

Requisitos da reclamação de créditos:

1. Credor com garantia real;


2. Deve apresentar um título exequível (788º,2)= título executivo, documento
que tem força executiva. Há-de demonstrar direito a prestação.
3. Obrigação certa e líquida (788º,7), não tem de estar vencida. O fundamento
da execução não é o cumprimento, mas o exercício da garantia. A reclamação
de créditos provoca o vencimento antecipado.

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


Procedimento que permita que juiz verifique requisitos da reclamação, i.e, se terceiro é
credor e garante real. Juiz graduará os créditos. Credor deduz requerimento em que pede
que seja reconhecido como credor reclamante e veja o seu crédito reclamante.

Como é que o credor reclamante intervém?

 Intervém ou por intervenção provocada ou espontânea. O mais tardar até ao


momento da transmissão do respetivo bem. 788º,3.
o São em princípio citados pelo AE.
 Credor conhecido e que tenha registado, não foi citado? 786º,6. Se o bem não foi
vendido anula-se tudo. Se o bem foi vendido anula-se a venda, exceto se tiver
servido para pagar o credor exequente também.
o Arguição da nulidade por falta da citação, ou
o Pode reclamar espontâneamente o crédito.

Credor citado por AE tem 15 dias para fazer a reclamação de crédito (788º,2). São
notificados o exequente, o executado e os demais credores, o quais têm 15 dias para
impugnar a reclamação (789º), podendo haver resposta do reclamante (790º).

Procedimento

Findos os articulados ou não é necessário mais prova e produz-se sentença ou é necessário


mais prova e segue-se os termos do processo comum de declaração (despacho saneador).

Sentença declara quais os créditos que existem e não existem e vai graduá-los. A graduação
não é feita segundo a data dos créditos, mas segundo os critérios da lei substantiva. P.e: o
direito de retenção, mesmo que seja mais recente que a hipoteca prevalece sobre a mesma.

A sentença de graduação impõe ao AE a ordem pela qual distribuirá o produto da venda dos
bens.

796º- enquanto procede a reclamação de créditos, o AE promove a venda dos bens.

O executado pode pagar voluntariamente a dívida. Pagamento da obrigação exequenda,


juros vencidos e vincendos, juros compulsórios, onorários do AE, custas de parte que o
exequente teve com o AE, etc. 846º e 847º. A dívida pode ser paga voluntariamente por
terceiro, ficando subrogado nos direitos do credor.

Pode o executado pagar a prestações? Sim: 806º e ss.

Acordo com credor exequente e credores reclamantes: acordo global (810º).

Se executado não pagar, como se procede ao pagamento?

Pagamento em sentido amplo

Há mais do que uma maneira de satisfazer interesse do credor exequente:

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


1. Pagamento por entrega de dinheiro.
2. Consignação de rendimentos (803º)- extinta a execução renda passa a ser paga ao
credor exequente.
3. Adjudicação (795º): sistema de dação, credor exequente prefere, ao invés do
produto da venda do bem, o direito sobre o bem. Tem os mesmos efeitos da venda
executiva (824º e 826º).
a. Se houver credores reclamantes, credor exequente tem de lhes pagar.
4. Venda propriamente dita: transmissão onerosa forçado do direito a terceiro,
objetivo é obter liquider pecuniária de forma a ser entregue ao credor.
a. A entidade que dirige a venda é o AE: 812º, profere despacho, modalidade da
venda, valor base e lotes de bens. “despacho determinativo da modalidade
de venda”.
b. Modalidades:
i. Venda clássica: venda proposta por carta fechada.
ii. venda em mercados regulamentado:Penhora de ações ou valores em
mercados de valores. Aplica-se mutatis mutandis às outras
modalidades de venda.
iii. Venda direta: Se sobre o bem imóvel incidir contrato-promessa. com
eficácia real- venda direta ao promitente comprador.
iv. Venda por leilão; venda por leilão eletrónico, bens móveis e imóveis.
837º. Não sendo possível, recorre-se à venda residual, i.e, negociação
particular, podendo vender-se abaixo do preço base, mediante acordo
de todas as partes.
 Se houver direito de preferência, 823º diz que mesmo na venda em leilão eletrónico,
deve ser notificado o preferente para exercer o direito de preferência.
 Direito de remissão: direito de preferência qualificado dos familiares (842º). Se
houver dois direitos de preferência prevalece o direito qualificado.
 Se a venda tiver sucesso, AE emite título de transmissão de bem (827º).
 Natureza jurídica da venda:
o Venda contratual;
o RP: irreleva a vontade do dono da coisa, como tal não é voluntária.
Pagamento do preço não é efeito do contrato, transmissão do direito é dever
do AE, o qual o pode não cumprir. É uma venda administrativa.
 Efeitos da venda: 824ºCC
o Translativo
o Extinção das garantias reais
o Extinção dos direitos reais de gozo posteriores à primeira garantia
o Ac. 2/2021 sobre o direito de arrendamento.
o Extinção dos direitos reais de gozo por falta do objeto
o Efeito subrogatório
o Efeito respristinatório

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


Aula prática, 27/5/22

Sai até ao parag 115 para o exame.

Resolução do caso 42.

Modalidades da venda. A modalidade paradigmática é a venda por leilão eletrónico


(282/2013). Dentro da modalidade categoralizá-la. Parte geral fala sobre notificações,
consequências da não notificação. Dentro de cada regime há especificidades.

Meios de adjudicação do bem- em vez da venda, exequente em vez do produto da venda do


bem, fica com ele.

Reclamação de créditos- caso 40

 Casa de férias no algarve: quantos direitos em abstrato que justifiquem reclamação?


Hipoteca e direito de retenção. Existência de garantia real, TE, exequível (mecanismo
do 792- permite que o credor arranje o título no prazo devido), certeza e liquidez.
Não precisa de estar vencida, mas se não estiver vencida pode implicar desconto à
final, tem-se em consideração quando se faz pagamento. Regime da citação.
 Direito de retenção sobre a motorizada alugada a paulino:
o Direito retenção: direito de retenção exercido pelo mecanico pela mota do
executado, mas divida é de terceiro, porque foi o paulinho que a pos arranjar.
RP entende que não é possível reclamação de créditos neste caso.
Reclamação de créditos é a fase prevista para reclamar créditos do
executado, resta-lhe embargos de terceiro.
o Direito pessoal de gozo: autores que equiparam esta questão ao direito real
menor de gozo. 1057ºCC equiparação ao direito real menor de gozo, o qual
admite somente embargos de terceiro.

2.

Concurso de penhoras;

Susta-se a penhora posterior e o exequente posterior vai à AE anterior na qualidade de


credor reclamante, porque a penhora é uma garantia real para todos os efeitos.

Há quem entenda que se o credor reclamante é obrigado a ver parada a sua execução e a
execução anterior estiver parada, este pode substituir-se para a prática do ato processual
em falta.

RP: é adequada, mas leitura cum granus salis- não é sempre assim, há que distinguir o
motivo pelo qual ação está parada:

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


1. Acordo de suspensão, venda, pagamento: não pode praticar ato executivo em falta.
2. Está parada por inércia de alguma das partes: pode intervir e subsituir-se ao abrigo
do 763º,4, aplicação analógica

3.

O banco não foi citado.

Banco tem de ser ressarcido.

Das duas uma: ou se apercebe que não foi citado até às diligências da venda e pode intervir
espontâneamente ou se a venda já ocorreu, ressalva-se a venda executiva e ele tem direito
a ser ressarcido, seja através do executado, seja através dos credores reclamantes que
ficaram à frente.

4.

É uma necessidade, o crédito do banco não estava vencido. Na sentença de graduação de


créditos juiz vai descontar, p.e, valor dos juros (795º,3).

5.

Quer dividir a garantia: metade reclama e em relação a tudo o resto mantém a garantia.

824ºCC: ou reclama aquilo a que tem direito no momento oportuno ou caducam.

6.

Alguém pode vir impugnar créditos reclamados? Pode, 789º,1 e 3- qualquer pessoa
envolvida na AE nesta fase pode impugnar créditos.

7.

Discussão de que crédito era sobre terceiro.

No máximo intenta ação declarativa autónoma sobre devedor.

8.

Incorporava também crédito sobre terceiro.

9.

Sentença de graduação de créditos:

1. Legislação especial: código do trabalho, regime do CC (735º e ss.); especiais


prevalecem sobre gerais. Privilégios creditórios geralmente prevalecem sobre
qualquer tipo de direito ainda que seja de natureza real.
2. Direito de retenção: 756º e ss. 759º a mesma ordem de prevalencia do credor
hipotecário, mas em relação aos demais (penhor, penhora) prevalece.

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


3. penhor
4. Penhora (822º)- direito de ser pago sobre qualquer outro credor que não tenha
garantia real anterior. Só prevalece sobre direitos reais de garantia posteriores.
5.

Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022


Benedita Leal, 4º ano, 2021-2022

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