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Casos práticos fiscal corrigidos em aula

Direito Fiscal (Universidade de Lisboa)

A Studocu não é patrocinada ou endossada por alguma faculdade ou universidade


Descarregado por Catia Alves (sophsribeiro@gmail.com)
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CASOS PRÁTICOS DE DIREITO FISCAL


Caso prático nº1 (madeira- pedir MAFALDA)
Tema: tipo de tributos

Farto dos garridos reclamos e anúncios luminosos na cobertura de prédios lisboetas, que
segundo presidente da CML desarmonizavam a estética da cidade e afastavam os turistas,
o executivo camarário de Lisboa apresentou à respectiva Assembleia Municipal uma
proposta de criação de uma Taxa Especial a incidir sobre todo e qualquer objecto e
estrutura publicitária colocado na cobertura ou telhado dos imóveis sitos nos bairros
históricos do Castelo, Mouraria, Príncipe Real e Chiado.

1. Ainda de acordo com a proposta, o tributo deveria assentar sobre


(i) o valor tributário dos prédios e, sempre que este valor se revele manifestamente
desactualizado,
(ii) sobre uma ponderação da média dos rendimentos sujeitos a IRS declarados pelos
proprietários desses imóveis.

2. A referida proposta propunha também a criação de isenções específicas para


(i) os imóveis cujo valor patrimonial não excedesse os € 2500 e para
(ii) as sedes dos partidos políticos.

Estamos aqui perante a matéria dos tributos: os tributos são as receitas criadas pelo Estado
ou por outras entidades públicas para a satisfação de necessidades públicas sem função
sancionatória.

Em primeiro lugar, temos de classificar o tributo em causa: é um imposto, uma taxa ou uma
contribuição especial? Não é relevante qual é o nome dado no caso prático ao tributo: será
mesmo uma taxa especial? A resposta é negativa.

1. i)
Neste caso estamos perante um imposto oculto, o que exige a reserva de lei do art.
165º/1/i)). E é um imposto porque existe aqui uma valoração ad valorem. Ad valorem, quer
dizer conforme o valor. De acordo com o princípio da materialidade subjacente, tudo o que é
tributado ad valorem é sempre um imposto. Algo que seja cobrado de acordo com um
percentual de X é sempre um imposto. Quando diz que o imposto incide sobre o valor
patrimonial do prédio, o valor do imposto aumenta à medida que aumenta o valor do prédio.

O imposto distingue-se das taxas porque é marcado por ser uma prestação unilateral, não
lhe correspondendo qualquer contraprestação específica a favor do contribuinte, servindo
necessidades financeiras gerais. Portanto, quando pagamos o imposto não sabemos em
concreto quais os bens ou serviços públicos que aquele imposto visa financiar. E são ainda
marcados pelo princípio orçamental da universalidade, servindo para financiar todas as
despesas. Neste caso, não há bilateralidade porque é ad valorem. Ad valorem é sempre
unilateral: se não há sinalagma, é imposto. A delimitação é feita negativamente, ou seja, o
raciocínio não é: não há unilateralidade, logo é uma taxa. O raciocínio é o seguinte: não
existe bilateralidade, logo é um imposto, verificando-se uma tributação ad valorem.

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Para ser uma taxa, nunca poderia incidir sobre o valor tributário dos prédios, mas por
exemplo se dissesse que “pela remoção do obstáculo jurídico para colocarem reclames
publicitários a Câmara iria cobrar um X”, aí já é uma taxa. Não há sinalagma porque vai pagar
mais quando o imóvel tem o valor mais elevado.

Neste caso estamos perante um caso relacionado com reclames publicitários. No acórdão
nº313/92, o tribunal constitucional diz que mesmo nos casos em que a atividade dos
particulares sofra uma limitação, a atividade estadual consistente na retirada do obstáculo
àquela limitação mediante o pagamento de um tributo, é vista pela doutrina como uma
imposição de uma taxa somente desde que tal retirada se traduza na dação da
possibilidade de utilização do bem público ou semi-público. Se este condicionalismo não
ocorrer, estamos perante uma situação que é subsumível à existência de um encargo que se
aproxima da figura do imposto. Se não se puder afirmar que tal tributo confere um serviço
ou a possibilidade de se recorrer aos serviços ou atividades públicas, não pode ser visto
como uma contraprestação e por isso não é uma taxa.

Portanto, temos de verificar se este tributo incide sobre um bem público, semipúblico ou de
domínio público, caso contrário estamos perante um imposto oculto, sendo que a criação de
impostos ocultos é da reserva relativa de competência da AR (art. 165º/1/i) CRP). Para a
jurisprudência que considera que estamos perante um imposto oculto, temos de classificar o
imposto. É precisamente este o caso.

Surge uma divergência na jurisprudência tendo em conta que em acórdãos como o nº63/99
e o nº166/2008 e a 1ª posição defendida no acórdão nº117/2010, a remoção de obstáculos
jurídicos sobre bens privados (os prédios urbanos em causa são bens privados) foi designada
de licença fiscal1 e portanto as normas que alguns municípios tinham relativamente às taxas
devidas pela afixação de reclamos luminosos seriam consideras organicamente
inconstitucionais. O mesmo é dito no ac. 558/98, julgando inconstitucional o tributo exigido
pelo Município de Guimarães pela licença para a afixação de painéis publicitários em
veículos de transporte coletivo e em veículos particulares. No mesmo sentido vai o ac.
313TC.

Mas no acórdão nº117/2010, o TC considerou que as taxas sobre a remoção de obstáculos


jurídicos não são inconstitucionais, se os referidos obstáculos tutelarem interesses
públicos. Neste caso, a estética da cidade e o afastamento dos turistas podem ser
considerados interesses públicos. Esta ideia foi reiterada no acórdão 172/2010 em que, por
unanimidade, se considerou que estas licenças são taxas.

Portanto, o Tribunal Constitucional entendeu que a atividade publicitária assente em painéis


ou inscrições que se projetem visualmente no espaço público interfere na “configuração do
ambiente de vivência urbana das coletividades locais” e só os anúncios que são visíveis por
quem circula em espaços públicos podem ser tributados por taxas, cabendo aos municípios
a organização e preservação dos espaços públicos. Portanto, só são objeto de taxas os
anúncios que se divisem na via pública. A regente considera que isto faz sentido, mas se isto
é uma taxa como é que eu quantifico a cobertura dos custos? O tribunal apenas fala da
proporcionalidade manifesta.

1 Associada à artificialidade

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Depois de considerarmos que estamos perante um imposto, temos de aplicar o tapestandi


sistemático (modelo que deve ser sempre seguido quando concluímos que estamos perante
impostos):
 Objeto: património
 Função: imposto real
 Proporcional
 Modo como atinge o objeto: imposto direto
 Período temporal e da extinção: obrigação única
 Sujeito ativo: CML
 Sujeito passivo: dono do reclame publicitário
 Outras características dos impostos: valor tributário dos prédios
 Quanto à taxa/alíquota o caso é omisso

Se isto fosse uma taxa teriamos de ter:


 Sinalagma
 Bem ou serviço individualizável
 Presente

Estamos perante um imposto fiscal ou extrafiscal? Para Ana Paula Dourado é possível
existirem impostos fiscais e extrafiscais. Aqui está em causa uma finalidade extrafiscal,
porque visa evitar a desarmonização da estética da cidade e o afastamento de turistas. Já o
Tribunal Constitucional não considera os tributos extrafiscais impostos, logo, eles não estão
sujeitos a reserva de lei do art. 165º/1/i)CRP. De acordo com a regente, isto, associado ao
facto de o Tribunal Constitucional não usar o principio da cobertura dos custos resulta na
desproteção do contribuinte. Ao não ser imposto, estamos perante uma taxa, logo, é
bilateral. Esta posição está no ac. 70/92 e 7/84.

ii) Relativamente à ponderação da média dos rendimentos declarados em IRS temos de


considerar que não existe aqui nenhuma contraprestação específica. É um imposto, pois há
uma tributação ad valorem.

Tatbestand sistemático do imposto:


 Objeto: património
 Função: real
 Proporcional
 Modo como atinge o objeto: direto
 Período temporal e da extinção: obrigação periódica
 Sujeito ativo: CMLjg
 Sujeito passivo: dono do reclame
 Outras características do imposto: aferir a média dos rendimentos em sede de IRS
 Quanto à taxa/alíquota o caso é omisso

2.
1) O facto de ser feita aqui referencia às isenções significa que estamos a falar de benefícios
fiscais. Os benefícios fiscais são desagravamentos fiscais que introduzem exceções à
incidência tributária e que prosseguem finalidades não fiscais (extrafiscais). A situação da
vida recairia nas normas de incidência, mas estas são afastadas devido a uma lei que
introduz um regime mais benéfico. Um dos diversos tipos de benefícios ou técnicas de
atribuição de benefícios fiscais é a isenção, que pode ser total ou parcial, e que se encontra
referida no caso prático.

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O art. 2º/1 do Estatuto dos Benefícios Fiscais define os benefícios fiscais como “as medidas
de caráter excecional instituídas pela tutela dos interesses públicos extrafiscais relevantes
que sejam superiores aos da tributação que impendem.” Temos de concretizar o significado
de “interesses públicos extrafiscais relevantes superiores aos da tributação”. Para tal
podemos recorrer aos princípios materiais legitimadores dos benefícios fiscais. Esses
princípios são o principio do bem estar social como princípio geral, que deve estar sempre
presente como forma de controlar o arbítrio, o princípio da proporcionalidade em sentido
amplo (abrangendo os princípios da necessidade, adequação e proporcionalidade) e o
princípio do ganho ou do mérito.

Por serem exceções às normas de incidência, os benefícios fiscais violam o princípio da


igualdade. Assim, eles têm de ser justificados por princípios que se sobreponham à
igualdade e, em regra, devem ter uma duração limitada.

Portanto, tem de haver uma relação entre princípios fiscais legitimadores dos benefícios
fiscais e os princípios fiscais materiais. Deve ser avaliado se os princípios fiscais devem
prevalecer sobre a igualdade na vertente da capacidade contributiva, progressividade e
quaisquer outros limites fiscais materiais que sejam restringidos pelos benefícios fiscais.

Por estarmos a falar de benefícios fiscais importa referir o art. 14ºLGT, que considera que a
sua atribuição é concedida em função dos rendimentos do beneficiário ou do seu agregado
familiar e que depende do conhecimento da situação tributária global do interessado.

Como podemos verificar, não é possível considerar, no caso concreto, que existe algum
princípio que se sobreponha ao princípio da igualdade.

Para além disso, a Câmara Municipal não podia criar este beneficio fiscal: nos termos do art.
103º/2CRP, “os impostos são criados por lei, que determina a incidência, a taxa, os
benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes”. Ou seja, quem pode criar este benefício
fiscal é a Assembleia da República ou o Governo com a sua autorização.

Casal Canabais- especiais- unilaterais


Contribuições financeiras- bilaterais

ii) Também neste caso estamos perante um beneficio fiscal e aqui estamos no âmbito da
extrafiscalidade, porque os tributos têm como finalidade principal ou secundaria arrecadar
receita. Os objetivos extrafiscais são uma exceção à capacidade contributiva e, portanto, são
uma exceção ao principio da igualdade, o que significa que têm de ser justificados. O
princípio da igualdade é um principio constitucional, o que significa que deve existir um
controlo cuidadoso por parte do Tribunal Constitucional relativamente a este princípio.

Este beneficio fiscal, como é relativamente às sedes dos partidos políticos, tem caráter
objetivo. Seria subjetivo se apenas quisesse atribuir a isenção à sede dos partidos A, B ou C.

Temos de verificar se as razões extrafiscais são superiores às fiscais, ou seja, ao princípio da


igualdade. Neste caso, entendo que não há nenhum valor que seja superior ao da igualdade,
e portanto temos aqui um privilégio oculto a favor dos partidos políticos. Estes privilégios
são proibidos num Estado de Direito.

Na prática, acha-se que é justificável porque sem partidos políticos não há Democracia. Na
anterior redação do art. 44º/1/d) estatutos fiscais previa-se a isenção de IMI para a sede dos

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partidos políticos. Revogou-se esta alínea mas há outra que diz que tudo o que tenha caráter
público está isento, ou seja, os partidos políticos também estão. Temos é de averiguar onde
está o contributo para o bem-estar social.

Portanto, são admitidas as duas respostas, desde que fundamentadas.

Modelo de resolução do caso prático:


 Classificação do tributo e categorização (imposto);
 Identificar o tatbestand (imposto)
 Art. 165º/1/i), 103º, art. 4ºLGT
 Jurisprudência

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Caso prático nº2- Substituição e responsabilidade tributária

Deolinda Nunes, gerente da empresa 'Lagoas e Mares, Lda.', com sede em Faro, está muito
apreensiva relativamente aos meses de setembro e outubro, já que a empresa suportou
um valor elevado de juros para financiar a sua sucursal em Loulé e pagou diversas coimas
por infracções cometidas no trânsito com as viaturas da empresa. Nesse período, o
departamento financeiro da empresa não efetuou sequer as retenções na fonte aos
trabalhadores da empresa em relação aos seus salários. E, por outro lado, em face das
graves dificuldades financeiras da empresa, não foram entregues as quotizações dos
trabalhadores para a Segurança Social.

responsabilidade tributária- matéria

25.º/2: se não houver uma conduta diligente do gestor, não e uma avaliação de mérito, mas
sim de diligência.

27.º é solidária dado que e difícil não recuperar os montantes dos não residentes. Alem disso
em principio o não residente não terá muito património em Portugal.

24.º- responsabilidade tributária: substituto tributário é responsável pelo pagamento das


dívidas do substituído.

28.º/1: a titulo definitivo-solidariamente os dois. Por conta- subsidiária.

Direito regresso nos termos da lei civil.

Casos não presentes no art. 24º:

A entrega de um tributo por parte do substituto ao fisco sem ter existido a necessária
retenção do mesmo, o patrão entrega mas não chegou a reter, confere o direito de regresso
tao parte do substituto tao só a exercer pelo direito civil.
O tributo retido e pago pelo substituto ainda que indevidamente é considerado como tendo
sido pago em nome e por conta do substituído, com isto é por conta.

Surgimento das retenções na fonte e utilidade

Não é desproporcionadamente limitado o direito à livre iniciativa económica privada- art.


61.º CRP. Em tese poder-se-á considerar inconstitucional um procedimento que seja
burocrático em que uma entidade patronal gasta mais tempo e recursos a trabalhar para o
fisco do que a ter em atenção o objeto social da sociedade. A razão de ser da invenção disto
no sec. XIX no UK foi para evitar a invasão fiscal.

Responsabilidade tributária e culpa

Art. 24.º: como se ativia a resp solidaria dos gerentes e dos técnicos subsidiariamente em
relação as sociedade em geral. Em que e que consiste esse juízo da diligencia.

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SUCESSÃO TRIBUTÁRIA: 29.º/2 LGT

PRESTAÇÃO TRIBUTÁRIA DE DEVERES DE PRESTAÇÃO


 materiais: quem formalmente paga o impostos
 formais: natureza declarativa. As declarativas do IRC estão no art 67.º a 70.º CIRS; e
117.º/1 b) do CIRC

EXTINÇÃO DA RELÇÃO JURÍDICA TRIBUTARIA


 extingue-se pelo pagamento voluntário ou coercivo- 40.º RGT e 58.º do LCGT
 caducidade da liquidação (fisco tem que liquidar imposto e notificar o sujeito
passivo para o pagamento desse imposto. E a regra mas pode haver situações de
autoliquidação- recibos verdes) -45.º LGT
 prescrição da divida tributária- 49.º LGT- imposto foi liquidado e fomos notificados e
o Estado não quis saber mais da questão. Prazo é maior- 8 anos.

Tanto a prescrição como a caducidade pretendem adquirir a segurança e a paz fiscal.

Teto sistemático: vários autores utilizam uma nomenclatura diversa mas é o mesmo dos
elementos da relação tributária- fazem parte do tapistandi de garantia. Tem que constar
necessariamente da lei, ou do DL ou de DLR. Isto e uma garantia dos particulares:
previsibilidade das suas condutas.
Diferente são as obrigações meramente declarativas: essas fazem parte do Tapestandi
sistemático, mas não do Tapestandi de garantia. Tudo o que for: isto e o que tem que ser
pago, tem que estar na lei- Tapestanidi de garantia. O resto são regulamento administrativos
que definem como se procede a tributações de carater declarativo, fazendo parte do
sistemático e não de garantia.

 Resolução do caso:


Para averiguar a culpa do responsável tributário temos de seguir os seguintes passos:
 Identificação do responsável pela decisão de não cumprir o dever tributário de
retenção e de entrega.
 Culpa societária: se a empresa está bem organizada, para saber a quem podemos
atribuir a culpa. Devemos primeiro ver a forma de averiguar a falta de diligência e
para isso temos que olhar para a organização da sociedade para excluir a
responsabilidade. Se nada no caso nos diz de má organização, olhamos para os
sujeitos referidos no caso: gestor e departamento financeiro. Quando a empresa
está organizada passamos para o passo seguinte:
 Quem tomou a decisão de diminuir o património da sociedade. Começando pelo
gestor é necessário demonstrar se fazia ou não da sua competência o cumprimento
dessa obrigação. Se sim, então ver se houve violação dos deveres de diligência
através: risco. Diz juros elevados, dai que há uma assunção de um risco elevado, se
era arriscado não houve uma conduta diligente, e o gestor pode ser
responsabilizado. Art. 23.º/2 al.c) do CIRC- servem para o cálculo das despesas. Na
jurisprudência só em situações excecionalíssimas admite que não haja o pagamento
de impostos. Também em apenas situações exclusivas é que se retira a
responsabilidade do gestor:
 Fiel depositário: colocar numa instituição financeira de confiança

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 Pagar fornecedor com um crédito que terá de ser pago antes da entrega- risco
quase nulo, como quando compra uma obrigação de tesouro ao Estado
 Catástrofes naturais
O art. 64ºCSC diz que os gestores devem ser criteriosos e ordenados em prol da
sociedade, dos trabalhadores, dos clientes e pode-se retirar também, do fisco. Em ultima
análise, se não há uma adequada gestão, a culpa é do gestor.

 Deveres de diligência do gestor: Temos de atender ao facto de existirem atuações


arriscadas: neste caso os juros são elevados, e neste caso isto acontece porque há
uma assunção de um risco elevado. O empréstimo com juros elevados pressupõe se
existe um risco elevado, logo, não há uma conduta diligente, o que significa que o
gerente pode ser responsável.

Quanto as coimas, também não são exceção. São despesa não dedutível em sede de IRC
23.º-A/1 e). Coimas não resultam do normal exercício da atividade. No final do ano para
calcular a coleta, estas não são dedutíveis. Assim, isto não é justificável.

24.º/1 a)- presunção de culpa se o titular estava no exercício de funções aquando da entrega
do imposto, sendo que necessário sempre ver as deliberações societárias, para saber se ele
teve impacto na decisão. Primeiro se tinha competência, e depois se a tinha, se na
deliberação disse que não se devia votar.

2.º: Não ter sido retido

Deveria ser uma retenção por conta e não a titulo definitivo, porque é o pagamento do IRS
que é uma prestação periódica. Nos termos do art. 28.º/2: o primeiro responsável é o
substituído e subsidiariamente o substituto. Se não houve nem retenção, também não houve
entrega. Dizer ratio do artigo: não lhe foi retirado. Recebeu rendimento bruto. Professora
chama isto substituição impropria dado não haver nenhuma substituição concreta.

3.º: Retenção e não entrega do IRC da SS:

Contribuições para a SS: substituído contribuinte fica desobrigado a qualquer obrigação. Se


reteve e não entregou- 28.º/1. Há crime, e se há crime não se ilide a culpa- 107.º RGIT
remissão para o 105.º para a sanção. Crime que tenha haver com tributos: abuso de
confiança- geral 105.º; SS- 107.º: há retenção e não entrega; fraude- viciação de elementos
fiscalmente relevantes: ex: falsificação de contas 103.º

Suma do caso:

Se não for culpa societária, por ma organização e não saber quem é que tinha de cumprir
(não vai acontecer), ver quem é que tinha competência. Depois deveres de diligência, se foi
ou não arriscado. Se for arriscado, ver se se enquadram nas situações excecionalíssimas e
que justificam, porque não se não esta culpa não pode ser ilidida dado que este dinheiro não
é dele.
Caso prático nº3 - Substituição tributária

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A empresa de artigos religiosos, “A fé resolve tudo, Lda.” Encontra-se numa situação


financeira periclitante, devido ao número reduzido de encomendas que tem tido dos seus
clientes. Assim, os dois gerentes António e Bento, decidem que a empresa irá investir as
suas últimas poupanças numa estratégia de marketing, que no seu entender propiciará um
aumento das vendas da empresa.

Infelizmente, no final do mês de outubro de 2017 e aquando do pagamento dos salários


aos seus trabalhadores, ambos encontram-se num dilema: "temos uma encomenda que
nos será paga em novembro e que nos permitirá sanar a nossa situação financeira, mas se
não pagarmos os salários aos trabalhadores não a conseguiremos satisfazer!".

a) Decidem pagar os salários procedendo à retenção na fonte do valor de IRS, mas não
entregam esse mesmo valor ao fisco num total de 7000 euros;

b) Procedem à retenção dos valores devidos à Segurança Social, mas não os entregam;

c) Após uma inspeção tributária a AT descobre que o contabilista certificado da empresa


viciara a declaração de IRC relativa ao ano de 2016, para que não fosse tributado o pouco
lucro da mesma e sem o conhecimento dos gerentes;

d) A empresa acaba por receber o valor da encomenda de novembro que permite resolver
todos os seus problemas financeiros.

I - Quem são os sujeitos passivos e ativos? Identifique a situação de substituição tributária


e quem in casu é o substituto e o substituído?

II - Estamos perante uma situação de má organização ou gestão empresarial e porquê? Se


não estamos, quem poderá responder subsidiariamente pelas dividas tributárias da
empresa?

III - A estratégia de investir as poupanças em marketing poderia servir para ilidir a culpa
funcional dos gerentes nas situações a) e b), e tendo conseguido satisfazer a encomenda
que lhes permite sanar todos os problemas financeiros?

IV - Quem responde pela viciação da declaração de IRC e será possível ilidir a sua culpa?

I- Sujeito ativo, sujeito passivo, responsabilidade tributária: 18.º/1, 18.º/3, 20.º/1, 20.º/2,
34.º. Sujeito ativo e passivo. Art. 18.º/3 mais amplo; art. 20.º e 34.º

II-Não havia responsabilidade societária (temos que ver sempre antes) porque ambos
sabiam que tinham que pagar o imposto, ou seja, não havia má organização. Tinham
conhecimento que o tributo tinha que ser pago. Art 64.º CSC. Art. 24.º/1: subsidiariamente
Se o património é insuficiente ou inexistente pelo investimento do produto da empresa. Não
é nenhuma das situações excecionais e por isso não há exclusão da presunção de culpa.-
28.º/1: substituído fica desonerado e apenas responde o substituto que é a empresa e não
havendo responsabilidade societária, então quem responde são os gerentes.
Mas os 7000 já havia abuso de confiança- crime não dá para ilidir culpa.

SEGURANÇA SOCIAL

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Contribuições para a SS: substituído contribuinte fica desobrigado a qualquer obrigação.se


reteve e não entregou- 28.º/1. há crime, e se há crime não se ilide a culpa- 107.º RGIT
remissão para o 105.º para a sanção. Crime que tenha haver com tributos: auso de
confiança- geral 105.º; SS- 107.º: há retenção e não entrega; fraude- viciação de elementos
fiscalmente relevantes: ex: falsificação de contas 103.º.
É responsável penalmente e tributária: ele é que tem que pagar o tributo.

MAS HÁ EXCEÇAO À EXCECAO: consegue pagar- ilide apenas a primeira culpa quanto ao
risco- cumpre a o ónus de prova da exceção. Mas em relação à SS é crime não há hipótese.
Mas também quanto ao crime da al. a) já era ilidível.

24.º/3- responsabilidade do contabilista certificado que vícia a declaração de IRC, pode ser
responsabilizado pessoalmente (culpa funcional, nos termos do 24.º/3). No caso a culpa não
é ilidível porque cometeu um crime nos termos do art. 103.º/1 al. a).

Quanto ao IRC da própria sociedade, e mais simples, na análise do art 24: Temos uma
sociedade que devia pagar o IRC, e o gestor toma decisão de não pagamento do IRC. A
responsabilidade subsidiaria do gestor deve existir em caso de dissipação do património da
sociedade ou se o gestor fez aplicações de risco relativamente ao património da sociedade.
Esta situação é uma situação menos grave.

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Caso prático nº 4: Tributos e princípio da legalidade

Visando aproveitar o crescente afluxo de turistas ao país, o Governo cria, através de


decreto-lei simples, uma “Taxa sobre Turismo de Luxo”, que incide sobre o preço das
refeições e das estadias, respetivamente, em restaurantes e estabelecimentos hoteleiros
de luxo.
Poucos dias depois, uma Portaria:

i) define os critérios para a classificação de restaurantes e estabelecimentos hoteleiros como


“de luxo”, para efeitos da “Taxa sobre Turismo de Luxo”; e

ii) isenta da aludida taxa as refeições em restaurantes que se revistam de “manifesto


interesse para a preservação do património gastronómico português”.

Matéria em aula

Princípio da legalidade

Nas A.L, no art. 232.º/4 a lei define o poder tributário das AL, daí que seja derivada e não
originário. Aqui as duas leis essenciais a recordar: Lei das Finanças Regionais para as R.A e a
lei das finanças locais.

As regiões autónomas têm mesmo poder de criar impostos? É diminuto porque não pode
interferir com os impostos nacionais, em que o poder que lhes é dado acaba por ser
insignificante- mas os DL regionais não podem criar as leis nacionais, ou DL autorizado. Por
isso é difícil as AR criar um imposto que não tenha sido ainda criado pela lei nacional.

Benefícios fiscais que podem ser concedidos por benefícios fiscais- 16.º/3.

Princípio da tipicidade: 103.º/2 CRP- elementos essenciais do imposto têm que constar de
lei, e ninguém tem de pagar impostos que não estejam na lei com todos os seus elementos.
A vaguidade viola o princípio da tipicidade.

Mas será que ao densificar por portaria e regulamento um conceito indeterminado presente
na lei. Uma das exceções: elementos que não carecem de constar na lei. Densificação
progressiva da lei fiscal.
EX: tributação de bens de luxo. Pode vir uma portaria a densificar este conceito sem violar a
reserva de lei.

Também não viola a reserva de lei o cumprimento de obrigações meramente formais. Os


ministros não sabem o modo como funciona as repartições das finanças. Questões técnicas
compete à AT que lida diretamente com os contribuintes. Estando numa questão meramente
formal, declarações formais não têm que constar da lei.

Acórdão 127/04: regras que assumam o carater material ou substantivo estão sujeitas a
reserva de lei. As de carater procedimental ou processual, não. Sempre que tenha que ver
com a quantificação do imposto, tem que estar na lei. Se não, não tem que constar. TC
considera que há inconstitucional, mas a professora não.

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EX: lei remete a quantificação do quantum para uma norma externa ou algo que não seja
possível determinar no momento.
Professora não concorda porque é um imposto sobre o volume de vendas de bens de saúde.
O imposto recaia sobre o preço do mercado. Necessário olhar para o preço de mercado para
determinar o quantum do imposto. Este não cumpre a segurança jurídica porque pode ser
facilmente alterado. Particular não sabe a alteração e não consegue ter juízo de prognose. Já
não é indeterminação de conceitos, mas sim de lei. O próprio preço de mercado é algo que
não é possível quantificar.

Resumo

Lei: 135.º/1 i) e 103.º/2; fala da matéria em causa; questão da incidência e taxa do 103.º/2.

Autorização: 165.º/2; se for orçamental- 165.º/5. Acórdão do TC 358/92 e da tripla função.

DL autorizado: não simples. O DL se conforma com a autorização e não há problema; se


contraria: inconstitucionalidade orgânica porque vai para alem dos poderes que lhe foram
delegados.

Resolução do caso em aula:

Imposto em relação ao objeto é de consumo: 3.º/2 e 4 da LGT.

Não estamos perante um serviço público, ou seja, a restauração é um serviço privado (art.
4ºLGT), que significa que estamos perante um imposto oculto, tendo em conta que não se
verifica aqui a bilateralidade resultante da existência de uma contraprestação, pois o valor da
taxa acaba por ser superior ao da utilidade prestada, e porque aqui existe um elemento ad
valorem, que é o preço das refeições e das estadias. Se a refeição custar 30 euros paga-se X,
se custar 15 paga-se Y. Se estivéssemos perante uma taxa, estas não estão submetidas a
reserva de lei, porque ainda não foi criado um regime geral das taxas, o que significa que
podem ser criadas por quaisquer entidades públicas. Se não existe uma submissão a reserva
de lei, é necessário proteger o particular por outra via: o princípio do custo-benefício. Mas
neste caso, estamos perante um tributo unilateral: o imposto (art. 3º/2, art. 4º LGT).

Ad valorem porque incide sobre o preço.

Tapestandi:
 Sujeito ativo: AT
 Sujeito passivo: restaurantes e consumidores
 Objeto: consumo

Classificação:
 Objeto: imposto sobre o consumo
 Função: real e proporcional
 Modo como atinge o objeto: indireto
 Período temporal e extinção: imposto de obrigação única
 IEC- imposto especial sobre o consumo: incide sobre o consumo especifico de um
determinado bem ou serviço.

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QUANTO AO SENTIDO

DL simples- não autorizado. Necessária estar autorizado: conteúdo material bastante-


103.º/2; tripla função.
1. Conteúdo material bastante da autorização- cumprimento a 103.º/2 primeira parte
2. Elemento de informação genérica das inovações- cumprida se se cumprir com o
103.º/2 primeira parte
3. Linha de orientação do legislador: analisado na perspetiva do delegante, do
delegado e do particular:
 Perspetiva do delegante: deve contar da autorização o fim para que é
delegado a competência. EX: AR deverá dizer qual a finalidade para que dá a
autorização
 Perspetiva do delegado: Ar deve preencher uns fins genéricos específicos.
Chama-se na perspetiva de delegado porque não basta dizer que da os
poderes mas tem que haver um mínimo de delimitação do que pode ser
feito pelo governo
 Perspetiva do particular: permitir aos cidadãos ter uma perspetiva das
transformações que vão ser introduzidas.

Mas neste caso, nada disto é cumprido: nem a autorização por parte da Assembleia da
República nem sequer a tripla função desta autorização, porque o decreto-lei não é
autorizado mas sim simples, o que consubstancia uma inconstitucionalidade orgânica. Isto
acontece porque, neste caso, estamos perante um imposto, que carece de autorização
legislativa pela AR. Mas se estivéssemos perante uma taxa, o Governo poderia legislar,
porque como não existe reserva de lei, a defesa dos particulares apenas é feita pelo princípio
do custo-benefício.

poderia se transformar em taxa? António Costa para o incremento do turismo, decide


criar taxas sobre o turismo. O problema e que o tributo incidiria sobre todos os passageiros
que aterrassem no aeroporto da portela. Era inconstitucional porque não há muitos
aeroportos no pais, e que aterra na portela, fá-lo para ir para outras zonas do pais, e ai não
iam beneficiar de qualquer contrapartida do Município. Ou seja, não há sinalagma. Fizeram
alteração: cobrar 1 euro em cada noite num hotel que se passa em Lisboa. Diz respeito a
uma taxa turística. Há um sinalagma difuso, porque ao passar a noite em Lisboa desfrutaram
dos benefícios fornecidos pela CML, como a limpeza mais acentuada do lixo na cidade,
havendo assim um sinalagma difuso.

 se a recolha do lixo for uma competência da CML, mas e se for uma entidade de base
não territorial viola a reserva de lei?
Segundo o TC quando temos uma entidade de base territorial e o tributo prossegue fins
extrafiscais, o TC diz que a tributação destes tributos não se encontra na reserva de lei.
Sendo um serviço da CML que é autarquia, sendo entidade de base territorial, isto não
violaria a reserva de lei. – Acórdão 70/92 e 7/84
Mas se fosse uma empresa municipal ou qualquer outra entidade de base não territorial, se
o tributo prossegue fins extrafiscais o TC diz haver violação da reserva de lei. Ninguém
compreende esta contradição, mas é assim.

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 poder-se-ia criar uma taxa de contribuição económica: criar a taxa pela poluição que os
turistas criam em Lisboa. Para a regente as contribuições financeiras têm que constar de elei,
e as taxas de contribuição económica tem de definir o quantum máximo do imposto sob
pena de não haver limite à despesa.

PORTARIA

a) Abrir subhipóteses. É consensual na doutrina e jurisprudência que a mera


densificação de conceitos vagos e indeterminados não viola a reserva de lei. Se for
apenas densificação de um conceito vago e indeterminado não poe em causa nem a
reserva de lei nem o princípio da legalidade fiscal. Mas se olharmos na analise destes
critérios haver outros elementos que contribuem para a quantificação do imposto, já
haveria uma violação da reserva de lei. Na pratica isto acontece bastante. Necessário
ver a portaria e saber se estamos apenas a classificar o conceito ou não. Estamos
perante o que se denomina de progressiva densificação da reserva de lei fiscal.
Tudo que tenha um carater meramente técnico ou não material não viola a reserva
de lei e pode constar de portaria, regulamento, ou DL simples. Tudo o que tenha
um carater material ou que contribua para a quantificação do imposto terá que
caber na reserva de lei.

Uma remissão: a lei remete para outro ato normativo que não lei, apenas para aspetos
técnicos, mas se forem questões materiais ou quantificação do imposto, não e admitida esta
remissão. O modo como são cumpridas as obrigações, ou seja, questões procedimentais, não
tem que constar de reserva de lei.

Portanto, pode haver a densificação do conceito “luxo” na portaria, não se violando o


princípio da legalidade.

A lei que remete para outro ato normativo que não lei só pode remeter para aspetos
técnicos. Quanto a questões de caráter meramente técnico, essa remissão é permitida. Se se
remeter para outro ato normativo questões materiais ou de quantificação do imposto já não
é permitida a remissão.

PRAZOS
Quanto a prazos, se estes interferirem sobre as garantias dos contribuinte deverão de
constar de reserva de lei.

BENEFÍCIOS FISCAIS

Art. 2.º/1 do Estatuto dos benefícios fiscais. Procedem por exemplo por via de isenções.
2.º/2
Exceção as normas de incidência, e não prosseguem os objetivos essenciais de receita e
prosseguem sempre finalidades extrafiscais.
Por opção do legislador constituinte, estes encontram-se submetidos a reserva de lei:
103.º/2.
Há quem entenda que os benefícios fiscais, por não visarem a arrecadação de receitas,
consideram que não esta sujeito à CRP fiscal mas sim económica, devido ao desvio.

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e se tivesse sido criado por reserva de lei?

Se isto tivesse sido criado por lei, este beneficio fiscal era admissível? O afastamento dos
limites materiais constitucionais carece de justificação com base em princípios orientadores,
os quais devem sempre ser ponderados com os princípios materiais fiscais a restringir.

Concluindo, neste caso não foi respeitada a reserva de lei da Assembleia da República
presente no art. 103º/2 in fine CRP, e para além disso a existência deste beneficio constitui
uma violação ao princípio da igualdade, tendo em conta que os princípios que poderiam ser
superiores a este- princípio do bem estar social, o princípio da proporcionalidade em sentido
amplo (principio da necessidade, adequação e proporcionalidade) e o princípio do ganho ou
do mérito - não se encontram aqui preenchidos. Aqui o princípio ou o interesse será o da
preservação do património gastronómico português.

Isto deve ser analisado através de sopesar/balançar:


• Princípio da igualdade vs. princípio da preservação do património
gastronómico português.

• Princípio da proporcionalidade:
➢ Seria adequado? Sim.
➢ Seria necessário? Sim.
➢ Seria proporcional stricto sensu? Neste caso não nos é dito a isenção, não
precisando esta de ser total, e neste caso a isenção teria de ser balançada.

• Princípio do bem estar geral: qual é o aumento do bem estar geral? Parece
que não se verifica. Este princípio temos sempre de ver: é a forma de afastar a
arbitrariedade.

Tenho restaurante de luxo: devo ser descriminado quanto as outras pessoas? No âmbito do
DF europeu, não consta dos tratados que as instituições europeias possam dizer o que seja
sobre impostos diretos ou quaisquer outros impostos diretos que não o IVA. Mas na pratica
tem havido a existir uma harmonização fiscal indireta por via do TJUE, que quando a criação
de um tributo por um dos EM ponham m causa alguém das 4 liberdades fundamentais: livre
circulação pessoas, serviços, moeda, etc. haveria discriminação de um estrangeiro em
relação a um nacional.

Questão diferente seria por exemplo a livraria LELLO: seria possível descriminar
positivamente um negocio daqueles, mas não só pela venda de livros, mas também pela
arquitetura, havendo um beneficio fiscal pelo comercio regional, valorizando

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Caso Prático nº 5: Princípio da Legalidade

Após a outorga, por parte da Assembleia da República, de uma lei de autorização


legislativa, onde se permitia ao Governo «tributar em IRS todos os rendimentos pessoais
que decorram de uma relação de trabalho dependente», é aprovado um decreto-lei que
prevê:

«1 – As prestações a que o trabalhador tenha direito por efeito da lei ou do contrato de


trabalho, assim como as despesas cujo encargo a entidade patronal assuma no
predominante interesse daquele, serão tributadas em IRS.

2 – O valor tributável das prestações e despesas a que se refere o número anterior será o
seu valor nominal ou, na falta deste, o valor mais próximo das condições normais de
mercado.

3- As despesas do n.º 1 não serão dedutíveis para efeitos do apuramento do lucro


tributável em IRC e, acaso se mostrem excessivas, serão tributadas autonomamente à taxa
de 42%.

4 – Será fixada, por Portaria, a lista das prestações a que referem os n. os 1, 2 e 3, bem como
os critérios concretos para apuramento do seu valor.
5 – São isentados do pagamento do imposto os trabalhadores da construção naval.»

O Governo aprovou finalmente o decreto-lei que procede à alteração do imposto sobre a


venda de imóveis, pondo termo à imensa fraude que se tinha instalado no sector da
construção civil.
O imposto passa a ser calculado de acordo com o “valor objetivo” de cada imóvel, um valor
a fixar pelos serviços de finanças atendendo à sua “localização”, “equipamentos” e
“antiguidade”, bem como a “outros fatores relevantes” que a lei em si mesma não
especifica. Por portaria do Ministro das Finanças haver-se-ia de precisar melhor estes
elementos e o peso relativo de cada um no cálculo do valor tributável.
Ao valor assim determinado aplicar-se-ia uma taxa única de 2% nas grandes cidades,
podendo, fora delas, oscilar a taxa entre os 0,8% e 1%, consoante deliberação das
assembleias municipais, uma solução que a Federação dos Municípios Portugueses
sustenta ser inconstitucional por comprimir em demasia a autonomia financeira local.
A proposta da Federação era antes a de que na generalidade dos municípios a taxa
pudesse oscilar entre os 0,5% e os 5% e que por deliberação das assembleias municipais se
pudessem isentar de imposto todos os imóveis situados em “zonas degradadas”, tal como
os próprios municípios as definissem.

A reserva relativa de competência legislativa do Parlamento em matéria de criação de


imposto e sistema fiscal significa uma delimitação de competências legislativas entre a AR e
o Governo, em que este dispõe de competência legislativa parlamentar.

Segundo o art. 165.º/2 CRP, a autorização legislativa deve definir:


 objeto
 sentido- tripla vertente
 extensão
 duração da autorização

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Mas, quanto à sua duração da autorização, pode ser dispensada no caso do 165.º/5 em caso
de autorização orçamental porque caduca por si mesma.

O DL autorizado contém uma normação primária e não secundária (não são autorizações do
Governo para a emissão de regulamentos). As leis de autorização são linhas de conduta, não
criam uma fonte de direito aplicável às relações que pretende reger.

Se as leis de autorização legislativa devem definir o objeto e o sentido do DL autorizado, e


não podem ser meros cheques em branco, isso significa que elas devem ter uma
determinação mínima.

Segundo o Tribunal, os elementos constantes do preceito em causa, não encerram em si


mesmos nenhum critério orientador do uso dos poderes delegados. Conteúdo material
bastante da lei de autorização, linha de orientação do legislador delegado, elemento de
informação genérica das inovações a introduzir no ordenamento para os particulares. De
outra forma, estaríamos perante uma autorização em branco, esvaziando a função
habilitante que ao Parlamento cabe assumir num processo legislativo especial como é o das
autorizações legislativas.

No que respeita ao objeto o mesmo parece definido uma vez que visa a tributação em sede
de IRS de todos os rendimentos pessoais que decorram de uma relação de trabalho
dependente. Em relação à sua extensão, parece que o critério esta cumprido, pois apenas se
pretende tributar os rendimentos de trabalho depende e não outros, logo esta cumprido; no
que concerne à duração da autorização e com os dados que temos já não parece estar
definida, pelo que temos uma situação de inconstitucionalidade material por violação da
reserva de lei da al. i) do n.º1 e 2 do art. 165.º CRP.

Ainda o n.º2 do art. 165.º/2 da CRP a LAL deve determinar o sentido da autorização, sentido
esse definido pelo professor Antonio Vitorino:

Quanto ao sentido:
Lei de autorização legislativa tem que se encontrar conforme o 165.º/2 e o 103.º/2, no que
concerne ao objeto que esta determinado; à extensão, porque diz até onde o Governo pode
ir- no art. 2.º; também a sua duração está determinada- 3.º; no que concerne ao sentido,
deve ser interpretado na ótica da tripla vertente do professor António Vitorino plasmada no
acordao 358/92.

DL simples- não autorizado. Necessária estar autorizado:Conteúdo material bastante-


103.º/2; tripla função.
1. Linha de orientação do legislador: analisado na perspetiva do delegante, do
delegado e do particular:
 Perspetiva do delegante: deve contar da autorização o fim para que é
delegado a competência. EX: AR deverá dizer qual a finalidade para que dá a
autorização- fins gerais
 Perspetiva do delegado: Ar deve preencher uns fins genéricos específicos.
Chama-se na perspetiva de delegado porque não basta dizer que da os
poderes mas tem que haver um mínimo de delimitação do que pode ser
feito pelo governo- fins específicos
 Perspetiva do particular: permitir aos cidadãos ter uma perspetiva das
transformações que vão ser introduzidas.

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2. Conteúdo material bastante da autorização- cumprimento o 103.º/2 primeira parte


3. Elemento de informação genérica das inovações- cumprida se se cumprir com o
103.º/2 primeira parte

No que concerne ao conteúdo material bastante da lei de autorização (103.º/2 1ª parte) que
se retira da incidência e da taxa da primeira parte do 103.º/2- an+quantum= incidência em
sentido amplo). Não constatando do caso qualquer elemento que permita escortinar sobre o
que incida o imposto-

Na linha de orientação do legislador delegado: critério não se verídica pois não se


estabelecem fins específicos de autorização-ótica do delegado.

Em relação ao elemento de informação genérica das informações tirado do art. 103.º/2 1 ª


parte, o mesmo não se encontra cumprido, não podendo o particular efetuar um juízo de
prognose sobre que alterações serão introduzias num ordenamento jurídico- ótica do
particular.
Inconstitucionalidade material por violação do art. 165.º/2 e 103.º/2 1ª parte
Trata-se de uma inconstitucionalidade orgânica.

Isto faz com o DL mesmo autorizado seja inconstitucional, dada a invalidade e a


inconstitucionalidade da autorização legislativa

1- Aprovação do DL:

O DL necessariamente tem de ser um DL autorizado. Invocar expressamente a LAL ao abrigo


da qual é aprovada- 198.º/1 b) e 198.º/3 CRP

Caso pratico:

1- Governo diz que tributa os rendimentos da LAL, mas também as despesas, que
poderão não ser rendimentos- art- 2.º-A: delimitação negativa do que é rendimento:
ou seja, nem todas as despesas que incorre a entidade patronal mesmo no interesse
do trabalhador, não são rendimentos. Logo, as despesas cujo encargo a entidade
patronal assume no predominante interesse do trabalhador, não perfazem
necessariamente rendimento do mesmo. Logo, temos uma situação de
inconstitucionalidade orgânica por violação da autorização da AR pelo Gov.

2- Suscita duas questões: 1- valor nominal é um valor fixo (20 euros), sendo então
perfeitamente determinável - se tenho despesa de 20, são esses 20 que vão ser
tributados. Não há aqui nada que não seja determinável. Não há violação nenhuma
da reserva de lei. 2- Sempre que surja uma remissão para o valor de mercado, esse
valor de mercado e determinável ou não? O valor de mercado dos bens imoveis e
relativamente estável, razão pela qual a remisso para o valor de mercado de um bem
imóvel não viola a reserva de lei porque esse valor e determinável, dado que as
oscilações nesse mercado não são muito voláteis. Quanto aos ativos mobiliários (ex:
ações, obrigações), o valor desse ativo e de tal modo volátil que não cumpre com a
necessidade de determinabilidade do 103º/2 1.ª parte a remissão para o valor do

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mercado. A remissão do valor deste bem especifico para o valor de mercado e


determinável ou não? Logo, a resposta neste caso seria que o valor tributável se
afere pelo valor nominal das prestações ou despesas não há problema algum
quando há certeza jurídica (determinabilidade) referente ao mesmo (sendo nominal
esta cumprida com a determinabilidade). O mesmo já poderá não suceder quando
se remete a determinação do seu valor para as condições normais de mercados.
Estas vão sendo determináveis uma vez mais, desencanando uma situação de
inconstitucionalidade orgânica pelas razões induzidas no ponto anterior.

3- Lucro tributável será o rendimento liquido (a diferença entra os ganhos e as


despesas)- para saber como este e tributável não seria no CIRS, e a LAL apenas se
refere a tributação em sede de IRS e não em sede de IRC. O lucro tributável e
determinado nos termos do CIRC, logo temos novamente uma inconstitucionalidade
orgânica por violação da autorização legislativa. Quanto à taxa estabelecida. O
salario e seus rendimentos são sucedâneos da sua propriedade, logo uma tributação
autónoma de uma raxa superior a 40% poderá consubstancias uma situação de
confisco por violação do direito a propriedade privada do art. 62.º CRP. mas a taxa
máxima de IRS é de 45%, há confisco? Tributação autónoma é a que se paga e
acabou, ou seja é uma situação de imposto de obrigação única. (o IRS não é de única,
mas periódica, só no final do ano é que sabemos). Mas se for em sede de IRS já não
há confisco, uma vez que um é pessoal e outro é real. Com o IRS é periódica, e eu sei
se a pessoa é rica ou não. Nos impostos pessoais tenho em conta uma serie de
elementos pessoalizantes que tem que ver com a situação económica do sujeito
passivo em concreto já os reais não tem que em consideração elementos
pessoalizantes, logo seria uma situação de confisco.
4- Não só o que e tributado, ou seja, objeto e lista de tributações, como também os
critérios concretos para apuramento do seu valor. Incidência e taxa do art. 103.º/2
deverão sempre de constar de uma lei em sentido amplo e não de portaria, tendo
então uma inconstitucionalidade orgânica. Acórdão 127/04 TC, nos termos do qual
as regras que assumam o caracter material e substantivo estão sujeitos a reserva de
lei, em contraposição as de carater meramente procedimental ou processual e tao só
técnicas ou formais. Reme mas também os critérios para apuramento do sei valor.
Quer o an e o quantum são determinados por portaria,

5- Art. 2.º/1 definidos do Estatuto dos benefícios fiscais. Procedem nos moldes do art.
2.º, que no caso pratico é por via de isenções. 2.º/2
Exceção as normas de incidência, e não prosseguem os objetivos essenciais de
receita e prosseguem sempre finalidades extrafiscais.
Por opção do legislador constituinte, estes encontram-se submetidos a reserva de
lei: 103.º/2, fazem parte do direito da economia e não do direito fiscal prosseguindo
sempre finalidades extrafiscais, havendo assim uma inconstitucionalidade orgânica,
pois não havia autorização para criarem um beneficio fiscal. Alem dela, mesmo que
houvesse a autorização, haveria uma inconstitucionalidade material, pois não se
depara nenhum principio a ser conjugado com o princípio da igualdade, de forma a
se fazer um juízo de proporcionalidade e de mérito e ver se há conformidade à CRP
Há quem entenda que os benefícios fiscais, por não visarem a arrecadação de
receitas, consideram que não esta sujeito à CRP fiscal mas sim económica, devido ao
desvio

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O Governo aprovou finalmente o decreto-lei que procede à alteração do imposto


sobre a venda de imóveis, pondo termo à imensa fraude que se tinha instalado
no sector da construção civil.

Depois de considerarmos que estamos perante um imposto, temos de aplicar o tapestandi


sistemático (modelo que deve ser sempre seguido quando concluímos que estamos perante
impostos):
 Objeto: património
 Função: imposto real
 Proporcional
 Modo como atinge o objeto: imposto direto
 Período temporal e da extinção: obrigação única
 Sujeito ativo: CM- 1.º/1 CIMI
 Sujeito passivo: dono do reclame publicitário
 Outras características dos impostos: valor tributário dos prédios
 Quanto à taxa/alíquota o caso é omisso

Quem tem de estabelecer as finalidades é a AR e não o governo. Função de indirizzo, cabe à


AR.

Tripla vertente, inconstitucionalidade orgânica.

O imposto passa a ser calculado de acordo com o “valor objetivo” de cada imóvel,
um valor a fixar pelos serviços de finanças atendendo à sua “localização”,
“equipamentos” e “antiguidade”, bem como a “outros fatores relevantes” que a
lei em si mesma não especifica.

Se a portaria tão só for densificar a questão da localização e equipamentos, não se encontra


violada a reserva de lei, mas se não se tratar de uma mera densificação de conceitos, mas
sim na criação de critérios materiais por portaria, ai teremos uma inconstitucionalidade
orgânica, mas também material. Orgânica porque não cabe ao governo faze-lo, material
porque se viola o 103.º/2 1.ª parte.

Outros fatores relevantes não e um conceito vago e indeterminado. Isto é tout court uma
reserva de lei. Inconstitucionalidade orgânica porque não cabe ao governo faze-lo, e
material. Nem se coloca a questão de saber se e técnico ou não.

Neste caso estamos em matéria de an.

Por portaria do Ministro das Finanças haver-se-ia de precisar melhor estes


elementos e o peso relativo de cada um no cálculo do valor tributável.

A portaria define os elementos da quantificação do imposto, a portaria define o quantum.


Aqueles elementos ao serem precisados pela portaria violamos o an e na parte final o
quantum.

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Ao valor assim determinado aplicar-se-ia uma taxa única de 2% nas grandes


cidades, podendo, fora delas, oscilar a taxa entre os 0,8% e 1%, consoante
deliberação das assembleias municipais, uma solução que a Federação dos
Municípios Portugueses sustenta ser inconstitucional por comprimir em
demasia a autonomia financeira local.

Há autonomia local- 238.º/4 CRP, mas esta autonomia é derivada porque resulta sempre da
lei. A questão é saber de que lei é que resulta.
Art. 16.º da Lei da Finanças Locais, onde se estabelece que os impostos que sejam receitas
próprias dos municípios podem ser por estes mesmos municípios isentados ou adaptados. O
art. 14.º mostra quer o IMT e o IMI são receitas próprias, cuja adaptação e isenção se
estabelece no art. 16.º, significa que sim, poderia isentar. Mas por ser derivada as isenções
não podem violar a lei, não pode violar a margem de discricionariedade que resulta do art.
112.º/2 e 5 CIMI. Quanto ao IMI nem se encontra prevista qualquer discricionariedade.
Como passa a margem de discricionariedade que a lei lhe da quanto ao IMI então trata-se de
uma inconstitucionalidade orgânica. De acordo com o CIMT não se prevê de todo qualquer
margem de discricionariedade.
Inconstitucionalidade orgânica por não ser competência da Assembleia Municipal.

A proposta da Federação era antes a de que na generalidade dos municípios a


taxa pudesse oscilar entre os 0,5% e os 5% e que por deliberação e que por
deliberação das assembleias municipais se pudessem isentar de impostos todos
os imoveis situadas em “zonas degradadas”, tal como os próprios municípios as
definissem.

Diferente a iniciativa legislativa e iniciativa política. Podia propor o que quisessem, não
podiam era criar o imposto.

Os benefícios fiscais devem constar de lei e constam do art. 16.º/4 e 14.º LFL., e sendo
receita própria nos termos do art. 14.º, nos termos do 16.º/2 as Assembleias podem isentar
respeitando o princípio da igualdade e de forma não discricionária, podem criar isenções nas
suas receitas próprias ou seja IMI e IMT (14.º).
Assim, os municípios podem dispor de benefícios fiscais, relativamente aos impostos e a
outros tributos próprios, não podendo ser concedidos por mais de 5 anos- art. 16.º/4 LFL.

Havia que atender ao princípio da proporcionalidade nas 3 vertentes, como ao princípio do


bem estar social e do ganho ou do mérito

45.º/1 EBF

71.º/7 EBF

Dai não haver nenhuma inconstitucionalidade.

2ª parte do caso segundo a MAFALDA

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Em primeiro lugar, temos de classificar o tributo que está aqui presente: estamos perante um
imposto que incide sobre a venda de imóveis (art. 3º/2 e 4ºLGT), também designado de
Imposto Municipal Sobre Imóveis. Os impostos caraterizam-se por ser ad valorem, ou seja,
estão associados a uma percentagem, a um valor de tributação, que aumenta ou diminui
consoante “o valor objetivo” de cada imóvel, valor esse que depende da sua localização,
equipamentos e antiguidade. Portanto, quanto mais o imóvel tiver estas características,
maior será o preço do IMI. Para além disso, o imposto carateriza-se pela unilateralidade, ou
seja, são se sabe exatamente quais os bens ou serviços que a receita obtida com o
pagamento deste imóvel vai beneficiar.
Temos, assim, de proceder à classificação do tatbestand sistemático do imposto.

Classificado o imposto, temos agora de considerar que o Governo, através de decreto-lei,


alterou o IMI. Em primeiro lugar, temos de considerar que tem de ser respeitada a reserva
de lei relativa da Assembleia da República, presente no art. 165º/1/i)CRP, segundo a qual é
esta que tem competência para legislar quanto à criação de impostos, podendo delegar a sua
competência ao Governo, e nesse caso passa a existir uma competência partilhada. Portanto,
é necessária uma lei de autorização legislativa que cumpra os requisitos enunciados no art.
165º/2CRP para que a autorização não consista num cheque em branco passado ao
Governo. Mas neste caso nem sequer há uma autorização legislativa por parte da AR, o que
significa que estamos aqui perante uma inconstitucionalidade material por violação da
reserva de lei e, consequentemente, do princípio da legalidade.
Note-se que a reserva de lei prende-se não apenas com a criação do imposto mas também
quanto à sua criação e extinção.
Se tivesse existido uma LAL, esta teria de cumprir a tripla função enunciada por António
Vitorino e que consta do ac. do TC nº358/92, que tem de ser analisada na ótica do
delegante, do delegado e do particular:
 Conteúdo material bastante da lei de autorização: está aqui presente a ótica do
delegante, que nos leva a considerar que deve constar da autorização o fim para que
é delegada a competência, ou seja, na perspetiva da AR, esta deve dizer qual é a
finalidade a dar à autorização. Este conteúdo retira-se da incidência em sentido
amplo (an+quantum) e da taxa (art. 103º/2 1ª partr)
 Linha de orientação do legislador delegado: a AR deve estabelecer alguns fins
genéricos específicos, tendo de haver um mínimo de delimitação do que ode ser
feito.
 Elemento de informação genérica das inovações a introduzir no ordenamento para
os particulares (art. 103º/2/1ª parte). Deve permitir aos cidadãos ter uma perspetiva
das transformações a introduzir, não bastando a existência de limites mínimos e
máximos.
Como não existe uma LAL, esta tripla função não está cumprida, e para além disso, como a
AR não concedeu autorização, o decreto-lei do governo não pode dizer ao abrigo de que LAL
é que tem competência, o que significa que é apenas um decreto-lei simples e não
autorizado. Portanto, existe aqui uma inconstitucionalidade orgânica (art. 165º/1/i)n º2).

No que diz respeito à fraude fiscal, estamos perante a função de indirizzo da AR que permite
identificar o grau de determinação mínima exigível às leis de autorização ao abrigo do art.
165º/1/i) e nº2 CRP e, como reverso da medalha, o grau da margem de livre apreciação
governamental admissível. Da função de indirizzo decorre que o Parlamento, unilateralmente
ou com a colaboração do Governo, através de lei ou de autorização legislativa, deve definir
sempre as linhas de orientação política em matéria de impostos. O Governo não pode dizer
para que finalidade vai proceder à alteração. Se a competência é reservada ao Parlamento,
ele não tem de partilhá-la com o Governo, mas se o Parlamento a delegar, a orientação

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política deve ser partilhada, ou seja, a reserva de competência deve implicar sempre um
assentimento parlamentar dessa orientação, mesmo que ela seja proposta pelo Governo.
Cabe, normalmente, a este a iniciativa legislativa originária (e exclusivamente, no caso das
autorizações legislativas).

Quando é dito que o imposto passa a ser calculado segundo o valor objetivo de cada imóvel,
que é fixado pelos serviços das finanças atendendo à sua localização, equipamentos e
antiguidade bem como a outros fatores relevantes, estamos aqui no âmbito da incidência
do imposto. A incidência consta do art. 1ºCIMI, que considera, no nº1, que o imposto incide
sobre o valor patrimonial tributário dos prédios rústicos e urbanos situados no território
português. Note-se que quando é referida a palavra “imóvel” esta refere-se ao conceito de
prédio, nos termos do art. 2ºCIMI, podendo o prédio ser rústico (art. 3ºCIMI), urbano (art.
4ºCIMI) ou misto (art. 5ºCIMI).
Aqui temos de atender à incidência em sentido amplo. Temos aqui 4 elementos: localização,
equipamentos, antiguidade e outros fatores relevantes. Se a portaria tão só for densificada a
questão da localização dos equipamentos e da antiguidade, não se encontrará violada a
reserva de lei. Se, pelo contrário, não se tratar de uma mera densificação de conceitos mas
sim da criação de critérios materiais por portaria, aí temos uma inconstitucionalidade
orgânica (não cabe ao governo fazê-lo), em primeiro lugar, mas também material (viola-se o
art. 103º/2 1ª parte).
Outros fatores relevantes não é um conceito vago e indeterminado, sendo tout court uma
violação da reserva de lei, originando uma inconstitucionalidade orgânica (não cabe ao
governo fazê-lo) e material (art. 103º/2 1ª parte).
Relativamente ao peso de cada elemento, é a portaria a definir os elementos que
contribuem para a quantificação do imposto, ou seja, com aqueles elementos e ao serem
precisados pela portaria, violamos o an, mas com esta parte final violamos também o
quantum (incidência em sentido amplo).

An
 Objeto: localização, antiguidade e equipamentos

Quantum: peso relativo de cada um – cálculo do valor tributável

Relativamente ao facto de, fora das grandes cidades, a taxa poder oscilar entre 0,8% e 1%,
consoante deliberação das assembleias municipais. Temos de começar por invocar o art.
238º/4CRP a autonomia das autarquias locais é derivada porque resulta sempre da lei. A
lei em causa é a Lei das Finanças Locais, em que se estabelece, no art. 16º, que os impostos
que sejam receitas próprias dos municípios, possam ser por eles isentados ou adaptados. O
IMI é uma receita própria (art. 14ºLFL). Ou seja, sim, podemos isentar, mas as decisões não
podem contrariar a lei, porque o seu poder é derivado e não originário. Se a AM quiser
isentar, pode fazê-lo mas não pode violar a margem de discricionariedade do art.
112º/1CIMI. Quanto ao IMT não se encontra prevista qualquer discricionariedade.
Temos de considerar que os municípios, apesar de não terem poder de criação e de
adaptação em matéria de impostos, são-lhes conferidos alguns poderes em matéria fiscal:
um deles é fixar as taxas do IMI relativamente aos prédios urbanos, embora a moldura seja
fixada na lei: de acordo com o art. 112º/1CIMI, quanto aos prédios rústicos, a taxa é de
0,8% e quanto aos prédios urbanos varia entre 0,3% e 0,45%. Já nos termos do art.
112º/5CIMI, os municípios, mediante deliberação da assembleia da república, fixam a taxa a
aplicar em cada ano, dentro dos intervalos previstos no nº1/c), podendo esta ser fixada por
freguesia.

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Isto significa que não é possível estabelecer-se uma taxa única de 2% nas grandes cidades,
independentemente de os prédios serem rústicos ou urbanos, tal como não se pode
estabelecer que fora das grandes cidades a taxa pode variar entre 0,8 e 1%. E isto porque as
taxas são definidas consoante a natureza dos prédios. Assim, quanto aos prédios urbanos o
valor da taxa só pode variar entre 0,3 e 0,45%. Isto significa que é correto a Federação dos
Municípios Portugueses sustentar a inconstitucionalidade, mas não por ser comprimida em
demasia a autonomia financeira local: isso significaria que as autarquias locais poderiam
alargar os valores máximo e mínimo da taxa, o que não é o que se verifica neste caso: os
valores das taxas são muito comprimidos (03,%-0,45%). Como é ultrapassada a
discricionariedade dada em matéria de IMI, há uma inconstitucionalidade orgânica, pois
não é da competência da assembleia municipal. Para além disso, não dá para entender se
estamos a falar de IMI ou de IMT. De acordo com o IMT não se prevê qualquer margem de
discricionariedade.

Quanto ao facto de se dizer que a proposta da Federação era a de que na generalidade dos
municípios a taxa pudesse oscilar entre os 0,5% e os 5%: a iniciativa legislativa e política são
duas coisas distintas; as pessoas podem propor o que quiserem, não podem é criar o
imposto.

Já relativamente à questão de as assembleias municipais poderem isentar de imposto


todos os imóveis situados em zonas degradadas, estamos aqui perante a existência de um
beneficio fiscal, temos em primeiro lugar de atender à definição de beneficio fiscal presente
no art. 2º/1 do Estatuto de Benefícios Fiscais e no nº2, que considera que um tipo de
benefícios fiscais são as isenções, como é este o caso. Os benefícios fiscais são normas
extrafiscais que não prosseguem, em termos primários ou secundários, o objetivo de
arrecadação de receita, e portanto constituem exceções às normas de incidência.
Nos termos do art. 103º/2 in fine CRP, os benefícios fiscais devem ser criados por lei. Por
isso, neste caso, temos de começar por ver se as Assembleias Municipais têm competência
para conceder benefícios fiscais: nos termos do art. 16º/2 LFL + art. 14º LFL (é uma receita
própria), a assembleia municipal pode, por proposta da câmara municipal, através de
deliberação fundamentada que inclui a estimativa da respetiva despesa local, conceder
isenções totais ou parciais, objetivas ou subjetivas, relativamente aos impostos e outros
tributos próprios. Ou seja, as assembleias municipais têm competência para conceder
benefícios fiscais.
Mas no nº3 do mesmo artigo é dito que estes benefícios fiscais devem ter em vista a tutela
de interesses públicos relevantes e a sua formulação ser genérica e obedecer ao princípio da
igualdade, não podendo ser concedidos por mais de 5 anos, sendo possível a sua renovação
por uma vez com igual limite temporal. Isto significa que temos de atender à tutela de
interesses públicos relevantes e ao princípio da igualdade.
 Quanto aos interesses públicos relevantes: se o objetivo for a reabilitação urbana
dessas zonas degradadas, incentivando-se a compra desses imóveis para reabilitação
bem como manter as pessoas que já vivem neles, para não se deslocarem para
outras zonas, considero que existem interesses públicos relevantes: a atração das
pessoas para essas zonas para que estas tenham um novo potencial urbanístico,
melhorar a estética da cidade, ...
 Quanto ao princípio da igualdade, entendo que este deve ser balançado com 3
outros princípios: o princípio do bem estar social, o princípio da proporcionalidade
na sua tripla vertente (proporcionalidade em sentido estrito, adequação e
necessidade) e o princípio do ganho ou do mérito.
 Princípio da proporcionalidade:

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 Proporcionalidade em sentido estrito: não nos é dito de quanto seria


a isenção, ou seja, se seria total ou parcial.
 Adequação: é adequado? Sim.
 Necessidade: é necessário? Sim.
 Princípio do bem estar social: há um aumento do bem estar social, porque
esta isenção se destinar a prédios em zonas degradadas mas que vão ser
reabilitados. Por outro lado, não há qualquer aumento de bem estar social
se as zonas continuarem a estar degradadas.
 Princípio do ganho ou do mérito: se o objetivo fosse a reabilitação urbana,
haveria um ganho, mas se não fosse, não haveria qualquer ganho.
De acordo com nº 1 do artigo 45º do EBF ficam isentos de IMI os prédios urbanos objeto de
reabilitação urbanística, pelo período de três anos, a contar do ano da emissão da respetiva
licença camarária. “Esta isenção fica dependente de reconhecimento após a conclusão das
obras de reabilitação e da sua certificação urbanística e energética”, pode ler-se no
comunicado das Finanças. Quer dizer que apesar de o prazo de isenção começar no ano em
que for emitida a licença de construção, só terá lugar depois, quando a autarquia tiver
vistoriado as obras e emitido a respetiva certificação urbanística e energética.
O nº 7 do artigo 71º do EBF também prevê a isenção do IMI aos prédios que se incluam
dentro das áreas de reabilitação urbana, mas cujas obras já tenham terminado. Ou seja, a
isenção tem início no ano em que se concluem as obras e depende de deliberação da
Assembleia Municipal. Esta isenção tem uma duração de cinco anos, a contar do ano em que
se conclui as obras de reabilitação, mas pode ser renovada por um período adicional de
cinco anos.
Concluindo, se o objetivo for a reabilitação urbana dos prédios que se encontram em zonas
degradadas, considero que o princípio da igualdade não deve prevalecer relativamente aos
princípios do ganho e do mérito, da proporcionalidade mas sobretudo do bem estar social.
Por outro lado, se as zonas continuarem degradadas, não faz sentido existir qualquer
isenção, e nesse caso haverá uma violação do princípio da igualdade.

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Caso prático nº6: Princípio da Legalidade

O Governo da República e numa lógica de justiça redistributiva, pretende proceder a


algumas alterações no Código do IRS (CIRS) e atenta a melhoria da situação económica do
país. Assim, e por sua iniciativa, os partidos que apoiam o Governo na Assembleia da
República, decidem conceder uma autorização legislativa ao mesmo nos termos infra:

"Lei n.o ?/2017 de 25 de Outubro de 2017

A Assembleia da República decreta nos termos da alínea d) do artigo 161.o, da alínea i), do
n.o 1 do artigo 165.o e, do n.o 2 do artigo 165.o da Constituição, o seguinte:

Artigo 1.o Objeto

A presente Lei concede a autorização legislativa para: 1 - Reformar o Código do IRS.

Artigo 2.o Sentido e extensão

No uso da autorização legislativa referida no artigo anterior, pode o Governo:

1 - De modo a transformar o Imposto num tributo mais justo, poderá alterar os seus
escalões, mantendo inalterados os seus limites mínimos e máximos;

2 - De modo a facilitar a entrega da respetiva declaração de rendimentos, o mesmo poderá


alterar os prazos da sua entrega em formato papel.

Artigo 3.o Duração

A presente autorização legislativa tem a duração de 90 dias."

Nos termos da alínea b), do n.o 1 e, do n.o 2 do artigo 198.o da Constituição, o Governo no
âmbito da autorização legislativa concedida pela Lei n.o ?/2017 de 25 de Outubro de 2017,
decreta o seguinte:

"1 - Reduz-se os escalões do IRS de cinco para quatro, mantendo-se o valor aplicável ao
último e primeiro;

2 - Por Portaria o Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais determinará a alteração dos
prazos prevista no n.o 2 do artigo 2.o da Lei de autorização."

Quid iuris?

A iniciativa da alteração da reforma ou criação do imposto pode ser do governo, ou


inclusivamente (em exceção à lei travão do OE-167.º/2). Não confundir iniciativa política com
iniciativa legislativa, qualquer grupo parlamentar pode propor na AR a criação de uma lei. Na
esmagadora maioria dos casos, a iniciativa de reformas em matéria fiscal é tomada pelo
Governo, que tendo o poder executivo é quem se encontra mais informado nesta área.

Lei de autorização legislativa tem que se encontrar conforme o 165.º/2 e o 103.º/2, no que
concerne ao objeto que esta determinado; à extensão, porque diz até onde o Governo pode

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ir- no art. 2.º; também a sua duração está determinada- 3.º; no que concerne ao sentido,
deve ser interpretado na ótica da tripla vertente do professor António Vitorino plasmada no
acórdão 358/92.

QUANTO AO SENTIDO:

DL simples- não autorizado. Necessária estar autorizado: Conteúdo material bastante-


103.º/2; tripla função.
1. Linha de orientação do legislador: analisado na perspetiva do delegante, do
delegado e do particular:
 Perspetiva do delegante: deve contar da autorização o fim para que é
delegado a competência. o fim genérico e transformar num tributo mais
justo
 Perspetiva do delegado: Ar deve preencher uns fins genéricos específicos.
Chama-se na perspetiva de delegado porque não basta dizer que da os
poderes mas tem que haver um mínimo de delimitação do que pode ser
feito pelo governo: para saber os fins específicos da delegação- concede a
autorização para alterações escalões do IRS- está cumprido.
 Perspetiva do particular: permitir aos cidadãos ter uma perspetiva das
transformações que vão ser introduzidas.- não esta cumprido! Não basta
estabelecer limites mínimos e máximos. Tem que haver mais qualquer coisa,
uma vez que há muitos escalões no meio entre o máximo e o mínimo.

2. Conteúdo material bastante da autorização- cumprimento o 103.º/2 primeira parte-


se não cumpre a perspetiva do particular não cumpre este conteúdo material
bastante
3. Elemento de informação genérica das inovações- cumprida se se cumprir com o
103.º/2 primeira parte- se não cumpre a perspetiva do particular não cumpre este
conteúdo material bastante

Não se cumpre com os outros dois elementos da tripla vertente: o conteúdo material
bastante da lei de autorização e o elemento de informação genérica das inovações.

Quando se diz “de modo a facilitar a entrega da respetiva declaração de rendimentos, o


mesmo pode alterar os prazos da sua entrega em formato papel”, temos de atender à
garantia dos contribuintes (art. 103º/2CRP). No art. 103º/2, só a primeira parte é que se
aplica aos impostos, ou seja, os benefícios fiscais e a garantia dos contribuintes não tem de
cumprir com o an, quantum e taxa (tatbestand).

Com esta lei de autorização, que não estava conforme porque no que tem que ver com o
sentido, não cumpria com a ótica do particular na tripla vertente, com o conteúdo material
bastante e com o elemento de informação genérica das inovações.

No art. 2.º/2 fala de garantias dos contribuintes- quando se diz de modo a facilitar a entrega
da declaração de rendimentos, o mesmo pode alterar os prazos da sua entrega. Temos de
atender à garantia dos contribuintes- art. 103.º/2. Nesse artigo, só a primeira parte e que se
aplica aos impostos, ou seja, os benefícios fiscais e a garantia dos contribuintes, não tem de
cumprir com a an, quantum e taxa (tatbestand).

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Com esta lei de autorização que não estava conforme porque no que tem a ver com o
sentido não cumpria com a ótica do particular na tripla vertente, com conteúdo material
bastante e com o elemento de informação genérica das inovações.

O governo vem fazer um DL autorizado. Com o objetivo era a justiça redistributiva,


atendendo a capacidade retributiva de cada um, o governo, ao reduzir os escalões vai
colocar mais pessoas com diferentes capacidades económicas diferentes no mesmo escalão.
Há uma inconstitucionalidade orgânica por violação da reserva de lei do art. 165.º/1 i).

Se o imposto fosse proporcional cumprira o princípio da igualdade, uma vez que a mesma
taxa, alíquota seria igual para todos. A logica da progressividade tem haver com a diminuição
das desigualdades, por isso o IRS é progressivo para combater as desigualdades. E assim, 4
escalões não violam. Apenas reduz a progressividade. Consensual é que dois ou três violava,
porque havia condições completamente situações dispares no mesmo escalão. A regente
considera que só dois é que viola imperativamente. O assistente diz já com 3.
Sempre que se reduz escalões reduz-se a progressividade do imposto, quando se aumenta,
há mais escalões, e a CRP obriga que o IRS seja progressivo, ao contrario do que acontece
quanto ao IRC que é proporcional, o que garante a igualdade.

Se estivesse a criar o imposto todo novo, teria que colocar os impostos todos, como estou a
alterar o IRS, e se este já tem descrito quem o sujeito ativo ou passivo não tenho que na
alteração voltar a descriminar quem são os sujeitos. Isso apenas é necessário na criação de
um novo imposto.

Quanto à portaria é uma questão de garantia dos contribuintes. Esta esta sujeita a reserva
de lei, que apenas por fonte inferior poderá ser densificado e não introduzido novos
elementos como esta aqui presente. A alteração do prazo por portaria seria
inconstitucionalidade orgânica. A única questão

Mas e se houvesse uma alteração no sentido de progressão e ampliação das garantias dos
contribuintes?

Por portaria não! Garantias dos contribuintes tem que caber sempre, mas sempre em lei em
sentido formal. O dissenso na doutrina é que para a regente esta alteração tem que cumprir
com a reserva de lei mesmo que fosse mais benéfica. Havendo agravamento, como redução
do prazo não havia qualquer discordância, há reserva de lei. Mas sendo mais benéfico,
havendo desagravamento, a regente mantém a mesma solução porque considera que a CRP
quando fala em garantia dos contribuintes fala em sentido geral não especifico para melhor
ou pior. Também por logica da hierarquia das fontes: não faz sentido que o governo por DL
simples altere as garantias que foram consagradas numa lei da AR ou num DL autorizado. A
discordância é que Casalta Nabais e Vieira de Andrade defendem que se estivermos perante
a promoção ou ampliação das garantias dos contribuintes, estas podem ter lugar por DL
simples. Quando se previu a promoção da garantia dos contribuintes o objetivo era que os
contribuintes não ficarem desprotegidos, mas nunca uma portaria ou regulamento, porque
não e uma mera questão formal, mas material. Só por DL simples.

Quando se previu a questão da garantia dos contribuintes na CRP era de garanti-los para que
não ficassem desprotegidos, logo não faria sentido que aquando da promoção dessas
garantias o Governo não pudesse alterar. Jurisprudência não é constante.

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APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO

O Governo, na sequência da grave crise financeira, e tendo em vista cumprir as


obrigações de redução do défice público constantes no Programa de Estabilidade e
Crescimento para o período de 2011-2015, propõe, no dia 1 de abril de 2015, à
Assembleia da República as seguintes medidas legislativas:

1. Aumentar a taxa do IVA para 25% com efeitos a partir do dia 1 de maio de
2015;
2. Aumentar a taxa máxima de IRS para as duas categorias mais elevadas em
5% com efeitos nos rendimentos pessoais de 2015;

3. Aumentar a taxa de IRC para 27% para os rendimentos das pessoas coletivas
com efeitos no lucro tributável de 2015, e agravando a tributação autónoma
das despesas com veículos automóveis para 60%;

4. Estabelecer um adicional de 6% ao IRS apurado e liquidado em 2014;

5. Eliminar, com efeitos ao dia 1 de janeiro de 2014, os benefícios fiscais


relativos à contratação de jovens desempregados.

6. Prever a tributação imediata em IRS de todas as mais-valias mobiliárias,


independentemente do momento da aquisição das ações e do período de
detenção.

RESOLUÇÃO:

Governo propor à Assembleia da República: no âmbito da iniciativa política, toda a gente


pode propor o que quiser, mas a iniciativa legislativa só pode caber à Assembleia da
República e ao Governo com a sua autorização, em nome do princípio da legalidade fiscal
(art. 165º/1/i, nº2CRP).

1. Aumentar a taxa do IVA para 25% com efeitos a partir do dia 1 de maio de
2015;

Temos de começar por classificar o tipo de tributo em causa: estamos perante o aumento da
taxa de um imposto (art. 3º/2 e 4º/1LGT), desde logo porque se verifica a existência de um
elemento ad valorem na parte em que se refere ao “valor tributável das prestações”, ou seja,
existe aqui uma percentagem que varia consoante as prestações a que o trabalhador tenha
direito por força da lei ou do contrato de trabalho: as prestações e as despesas são
tributadas em função daquilo que é prestado e daquilo que é gasto- se é prestado mais, é
deduzido mais. Para além disso, verifica-se ainda aqui a caraterística da unilateralidade que
se distingue da bilateralidade típica das taxas, onde existe uma contraprestação. Já neste
caso não existe qualquer contraprestação: é consignada a receita, que será para o Estado, e
nós não sabemos exatamente ao que é que vai ser aplicada.

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Passemos agora para a identificação do tatbestand sistemático do imposto do IVA:


 Sujeito ativo: Estado
 Sujeito passivo: consumidores (art. 2.º CIVA)
 Taxa ou alíquota: 25%
 Objeto: sobre o consumo e a despesa (art. 104º/4 CRP)
 Função: real e proporcional
 Modo: indireto- art. 112.º e 113.º TFUE
 Período temporal de criação e de extinção: tem duas vertentes obrigação única.

Os arts. 112º e 113ºTFUE enquadram expressamente os impostos sobre o consumo (IVA e


impostos especiais sobre o consumo) nos impostos indiretos.

No que respeita à taxa do IVA, o art 18.º do CIVA determina as suas taxas aplicáveis.

Estamos aqui perante problemas de aplicação da lei no tempo, o que nos leva a referir o
princípio da não retroatividade da lei fiscal, segundo o qual a lei nova só se aplica para o
futuro, ou seja, a aplicação da lei nova a factos passados é proibida nos termos do art.
103º/3CRP.

No quadro do IVA o sujeito passivo não coincide com o consumidor final. Enquanto para o
consumidor final, o IVA é um imposto de obrigação única, para o sujeito passivo ele é um
facto tributário de formação sucessiva.

Como o IVA é suportada pelo consumidor final, a aplicação da lei nova no tempo, em
matéria de IVA, não pode colocar em causa o imposto já pago pelo consumidor final.
Assim, o aumento do IVA a meio do ano fiscal só se pode aplicar aos factos tributários
(consumo, prestação de serviços ou importação) futuros (que ocorram após a entrada em
vigor da lei nova), sob pena de se colocar em causa o montante de IVA cobrado
anteriormente em cada elo da cadeia.

No caso em apreço, uma vez que apenas se aplicaria a partir do dia 1 de Maio, isto é para
factos futuros, não se coloca a questão da sua aplicação retroativa, que seria proibida pelo
art. 12.º/1 da LGT, não existindo qualquer inconstitucionalidade material.

Implicitamente os diversos países da UE dizem que a taxa máxima de IVA deverá ser de 25%.
A verdade e quando veio a crise financeira houve países a aumentarem a taxa alem dos 25%.

2. Aumentar a taxa máxima de IRS para as duas categorias mais elevadas em


5% com efeitos nos rendimentos pessoais de 2015;

Temos de começar por classificar o tipo de tributo em causa: estamos perante o aumento da
taxa de um imposto (art. 3º/2 e 4º/1LGT), desde logo porque se verifica a existência de um
elemento ad valorem na parte em que se refere ao “valor tributável das prestações”, ou seja,
existe aqui uma percentagem que varia consoante as prestações a que o trabalhador tenha
direito por força da lei ou do contrato de trabalho: as prestações e as despesas são
tributadas em função daquilo que é prestado e daquilo que é gasto- se é prestado mais, é
deduzido mais. Para além disso, verifica-se ainda aqui a caraterística da unilateralidade que
se distingue da bilateralidade típica das taxas, onde existe uma contraprestação. Já neste

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caso não existe qualquer contraprestação: é consignada a receita, que será para o Estado, e
nós não sabemos exatamente ao que é que vai ser aplicada.
Passemos agora para a identificação do tatbestand sistemático do imposto do IRS:
 Sujeito ativo: Estado
 Sujeito passivo: trabalhadores dependentes
 Taxa ou alíquota: 5%
 Objeto: sobre o rendimento (art. 104º/1 CRP)
 Função: pessoal
 Modo: direto
 Período temporal de criação e de extinção: obrigação periódica.

O IRS trata-se de um imposto periódico, cujo facto tributário tem normalmente inicio no
primeiro dia do ano ou período fiscal e que só está concluído no último dia desse ano ou
periódico (factos tributários de formação sucessiva).

No caso dos IMPOSTOS PERIÓDICOS (EX: IRS e IRC quando se trate de residentes tributados
sobre o rendimento acréscimo) a proibição da retroatividade assume contornos próprios
relacionados com a formação sucessiva do facto tributário e com a existência de anos ou
períodos fiscais que separam as obrigações tributárias por períodos. A existência de factos
tributários de formação sucessiva, que só estão incluídos quando termina o ano ou período
fiscal, faz do ano ou período fiscal o parâmetro para ferirmos o próprio conceito de
retroatividade.

Assim, desde que o ano fiscal esteja em curso, a entrada em vigor de lei nova aplica-se
desde 1 de Janeiro.

Assim o sendo, neste caso não se coloca um problema de proibição da retroatividade


autêntica do art. 13.º/1, pois a proibição da retroatividade não abrange aquelas situações
em que a lei é aplicada a factos passados mas cujos efeitos ainda perduram no presente,
como sucede quando a lei é aprovada até ao final do ano a que corresponde o imposto e
mesmo que se aplique a todo o ano ou período fiscal em curso (ac. TC nº399/2010)- neste
caso estamos perante a retrospetividade, uma vez que esta determina a sua aplicação desde
o início do ano de 2005, ou seja o ano em curso.

O art. 13.º/2 determina que se o facto com inicio no passado, ainda estiver a decorrer, fala-
se em retrospetividade, e esta será também proibida se for violada a proteção da confiança.
Nestes termos carece de averiguação se neste caso a aplicação da Lei Nova ao início do ano
de 2005 violaria o princípio da confiança.

Dado que os factos tributários de formação sucessiva só estão concluídos no final de um ano
ou período tributário, cabe saber se as expectativas de que leis novas mais gravosas só
entrem em vigor depois de o período fiscal em curso estar concluído são protegidas
constitucionalmente.

Para analisar esta questão, o TC recorre ao principio da proteção da confiança, o qual parecia
indicar que as referidas expectativas dos contribuintes estariam protegidas por este princípio
da proteção da confiança.

Segundo o TC, para que o princípio da proteção da confiança seja tutelado, na ponderação
da eventual inconstitucionalidade de NORMAS DOTADAS DE RETROATIVIDADE

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INAUTÊNTICA, é necessário que se reúnam dois PRESSUPOSTOS ESSENCIAIS E


CUMULATIVOS:

 A afetação de expectativas, em sentido desfavorável, a qual será inadmissível


quando constitua uma mutação da ordem jurídica com que, razoavelmente, os
destinatários das normas dela constantes não possam contar;
 Quando a alteração não for ditada pela necessidade de salvaguarda de direitos ou
interesses constitucionalmente protegidos que devam considerar-se prevalecentes:
aqui deve recorrer-se ao princípio da proporcionalidade, explicitamente
consagrado, a propósito de direitos, liberdades e garantias no art. 18º/2CRP.

Desta forma no acórdão de 128/2009 enumera 4 requisitos para a aferição desta violação do
princípio da confiança no caso de retrospetividade:
Estes dois critérios são densificados através de 4 REQUISITOS:

1. É necessário que o Estado (mormente o legislador) tenha encetado comportamentos


capazes de gerar nos privados expectativas de continuidade:
2. Tais expectativas devem ser legítimas, justificadas e fundadas em boas razões;
3. Os privados devem ter feito planos de vida tendo em conta a perspetiva de
continuidade do comportamento estadual;

Primeiro, a lei fiscal está sempre em mudança, daí não serem legitimas expetativas de
congelamento das normas por parte dos contribuintes. Além disso, dada a situação de crise
e o conhecimento público dos objetivos impostos pelo PEC, não nos parece que houvesse
esta expetativa de continuidade, nem que fossem legitimas, justificadas e fundadas em boas
razões.

4. É necessário que não ocorram razões de interesse público que justifiquem, em


ponderação, a não continuidade do comportamento que gerou a situação de
expectativa (neste sentido- ac. 128/2009). O interesse público relevante é o
fundamento material, capaz de justificar a mutação operada na ordem jurídica, uma
mutação que se apresentaria como imprevisível e injustificada, não podendo os
cidadãos contar com ela. Temos que atender ao art 18.º/2 em que a ponderação
entre o interesse público e os restantes valores em causa seria segundo o princípio
da proporcionalidade em sentido ampo.

Neste caso parece-nos que dado o estado de grave financeira, e as obrigações impostas para
a redução do défice público que atenta ao interesse público, esta medida zelava em si o
interesse público.

Neste sentido, encontram-se cumpridos os requisitos para a retrospetividade do art. 12º/2


da LGT, não havendo qualquer inconstitucionalidade material.

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3. Aumentar a taxa de IRC para 27% para os rendimentos das pessoas coletivas
com efeitos no lucro tributável de 2015, e agravando a tributação autónoma
das despesas com veículos automóveis para 60%;

 Quanto ao AUMENTO DA TAXA DO IRC:

Temos de começar por classificar o tipo de tributo em causa: estamos perante o aumento da
taxa de um imposto (art. 3º/2 e 4º/1LGT), desde logo porque se verifica a existência de um
elemento ad valorem.
Passemos agora para a identificação do tatbestand sistemático do imposto do IRC:
 Sujeito ativo: Estado
 Sujeito passivo: Pessoas coletivas- art. 1.º e 2.º/1 CIRC
 Taxa ou alíquota: 27%
 Objeto: sobre o rendimento (art. 104º/1 CRP)
 Função: real- Ana Paula Dourado (pessoal só para Saldanha Sanches)
 Modo: direto
 Período temporal de criação e de extinção: obrigação periódica.

O IRC trata-se de um imposto periódico, cujo facto tributário tem normalmente inicio no
primeiro dia do ano ou período fiscal e que só está concluído no último dia desse ano ou
periódico (factos tributários de formação sucessiva).

No caso dos IMPOSTOS PERIÓDICOS (EX: IRS e IRC quando se trate de residentes tributados
sobre o rendimento acréscimo) a proibição da retroatividade assume contornos próprios
relacionados com a formação sucessiva do facto tributário e com a existência de anos ou
períodos fiscais que separam as obrigações tributárias por períodos. A existência de factos
tributários de formação sucessiva, que só estão incluídos quando termina o ano ou período
fiscal, faz do ano ou período fiscal o parâmetro para ferirmos o próprio conceito de
retroatividade.

Assim, desde que o ano fiscal esteja em curso, a entrada em vigor de lei nova aplica-se
desde 1 de Janeiro.

Assim o sendo, neste caso não se coloca um problema de proibição da retroatividade


autêntica do art. 13.º/1, pois a proibição da retroatividade não abrange aquelas situações
em que a lei é aplicada a factos passados mas cujos efeitos ainda perduram no presente,
como sucede quando a lei é aprovada até ao final do ano a que corresponde o imposto e
mesmo que se aplique a todo o ano ou período fiscal em curso (ac. TC nº399/2010)- neste
caso estamos perante a retrospetividade, uma vez que esta determina a sua aplicação desde
o início do ano de 2005, ou seja o ano em curso.
O art. 13.º/2 determina que se o facto com inicio no passado, ainda estiver a decorrer, fala-
se em retrospetividade, e esta será também proibida se for violada a proteção da confiança.
Nestes termos carece de averiguação se neste caso a aplicação da Lei Nova ao início do ano
de 2005 violaria o princípio da confiança, o que não ocorre.

 AGRAVAMENTO DA TRIBUTAÇÃO AUTÓNOMA

De difícil caracterização e qualificação. Para efeitos da aplicação da lei no tempo, deve


entender-se que os factos tributários objeto de tributação autónoma constituem factos

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tributários de obrigação única, pois a tributação autónoma incide sobre despesas avulsas
que não se prendem diretamente com a obtenção do rendimento acréscimo, apesar de
contribuírem para a concorrência da determinação do rendimento acréscimo. Isto significa
que uma lei nova só pode ser aplicada a factos tributários que ocorram após a sua entrada
em vigor, sob pena de ser retroativa e, por conseguinte, inconstitucional- proibição da
retroatividade e, neste caso a retrospetividade- 13.º/2.

Este entendimento é confirmado por jurisprudência do TC e do STA.


 Acórdão da 2.ª seção do STA de 21 de Março de 2012, n.º 830/11
 Acórdão na análise da constitucionalidade da Lei n.º 64/2008 de 5 de Dezembro, que
alterou a redação de uma disposição fiscal anterior, agravando a carga fiscal, através
do aumento da taxa. TC- acórdão n.º 617/2012, entendeu corretamente que na
tributação autónoma em IRC, o facto gerador do imposto é a própria realização da
despesa, não se tratando de um facto complexo de formação sucessiva ao longo de
um ano, mas de um facto tributário instantâneo típico dos impostos de obrigação
única (os impostos de obrigação única são aqueles cujo facto gerador se produz de
modo instantâneo, surge isolado no tempo, gerando sobre o contribuinte uma
obrigação de pagamento com carácter avulso).

Na tributação autónoma o facto tributário que dá origem ao imposto é instantâneo pois


esgota-se no ato de realização de determinada despesa que está sujeita a tributação
(embora, o apuramento do montante do imposto, resultante da aplicação das diversas taxas
de tributação aos diversos atos de realização de despesa considerados, se venha a efetuar no
fim de um determinado período tributário.)

Mas o facto de a liquidação do imposto ser efetuada no fim de um determinado período


não transforma o mesmo num imposto periódico, de formação sucessiva ou de caráter
duradouro. Essa operação de liquidação traduz-se apenas na agregação, para efeito de
cobrança, do conjunto de operações sujeitas a essa tributação autónoma, cuja taxa é
aplicada a cada despesa, não havendo qualquer influência do volume das despesas
efetuadas na determinação da taxa.

E esta distinção tem relevância, designadamente, para efeitos de aplicação da lei no tempo e
para a análise da questão da proibição da retroatividade da lei fiscal desfavorável prevista no
artigo 103.º, n.º 3, da Constituição.

Este acórdão veio por fim à polemica gerada pelo acórdão n.º 18/11 do TC que considerou a
tributação autónoma como uma tributação de rendimento. Este entendeu que a aplicação
de um a lei fiscal nova a partir de 1 de Janeiro de 2008, não caia no conceito de
retroatividade, porque os factos tributários em causa ainda não estavam concluídos. O TC
começou por distinguir a tributação autónoma das despesas não documentadas dos
restantes factos sujeitos a tributação autónoma.

A posição do TC no acórdão de 2011 (n.º18/11) foi contradita pelo o de 2012 (n.º310/2012),


que julgou inconstitucional o agravamento das taxas de tributação autónoma, por violação
do art. 103.º/3 CRP. tal contradição ficou ultrapassada pelo posterior acórdão do Plenário de
2012: n.º 617/2012.

Em conclusão, deve entender-se que a nossa legislação fiscal consagra as tributações


autónomas como factos tributários de obrigação única (acórdão CAAD 7-2011 da professora
Ana Paula Dourado), uma vez que a tributação incide sobre cada ato de despesa, e o facto

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de a tributação autónoma estar sistematicamente incluída nos códigos do IRS e do IRC não
torna uma tributação de factos de formação sucessiva. Assim sendo, as leis novas mais
onerosas devem aplica-se a facos tributários futuros.

Assim sendo, existe uma inconstitucionalidade material, uma vez que esta alteração,
tratando-se de uma obrigação única, sendo mais onerosa, apenas se poderia aplicar a factos
tributários futuros, e nunca haver uma retrospetividade, aplicando-se desde o início de 2015,
ou uma retroatividade autêntica, nos termos do art 103.º/3 da CRP e 12.º/1 da LGT.

4. Estabelecer um adicional de 6% ao IRS apurado e liquidado em 2014;

O IRS trata-se de um imposto periódico, cujo facto tributário tem normalmente inicio no
primeiro dia do ano ou período fiscal e que só está concluído no último dia desse ano ou
periódico (factos tributários de formação sucessiva).

No caso dos IMPOSTOS PERIÓDICOS (EX: IRS e IRC quando se trate de residentes tributados
sobre o rendimento acréscimo) a proibição da retroatividade assume contornos próprios
relacionados com a formação sucessiva do facto tributário e com a existência de anos ou
períodos fiscais que separam as obrigações tributárias por períodos. A existência de factos
tributários de formação sucessiva, que só estão incluídos quando termina o ano ou período
fiscal, faz do ano ou período fiscal o parâmetro para ferirmos o próprio conceito de
retroatividade.

Assim, desde que o ano fiscal esteja em curso, a entrada em vigor de lei nova aplica-se
desde 1 de Janeiro.

Todavia, neste caso, pretende-se aplicar ao ano de 2014, ou seja não se trata da
retrospetividade permitida pelo art. 13.º/2 aos impostos periódicos, mas sim uma
retroatividade autêntica proibida por lei nos termos do art. 13.º/1 e 103.º/3 CRP.

Será que para esta retroatividade existe algum juízo valorativo? Tribunal diz que não. Mas a
APD diz que o TC ao considerar a retroatividade autêntica mais gravosa, verdadeiramente já
esta a fazer o juízo valorativo que noa faz, e em casos mais difíceis continua-se a recorrer ao
princípio da confiança.

A posição da regente é diferente da do TC, que afirma em jurisprudência constante que o


art. 103º/3CRP introduziu novidades, argumentando que a proibição da retroatividade está
isenta de quaisquer análises valorativas e aproveitou essa alteração constitucional para
construir uma jurisprudência mais sistematizada sobre o assunto.

No ac. 129/09 do TC, o tribunal estabeleceu uma dicotomia entre a retroatividade autêntica
ou própria de normas fiscais novas mais gravosas e a retrospetividade.
A interpretação constante do TC é a de que o art. 103º/3CRP apenas consagrou a proibição
da retroatividade autêntica ou própria da lei fiscal (retroatividade forte). Como o TC
entende que a retroatividade autêntica é proibida pela constituição, sem ser necessário
avaliar se a proteção da confiança foi ou não violada, a análise da proteção da confiança é
relegada para as situações de retrospetividade.

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Neste sentido, existe uma inconstitucionalidade material por violação do princípio da não
retroatividade autentica do art 103.º/3 CRP e 12.º/1 LGT.

5. Eliminar, com efeitos ao dia 1 de janeiro de 2014, os benefícios fiscais


relativos à contratação de jovens desempregados.

 1.º EBF e 2.º/2 EBF


 quem concede o benefício fiscal são sempre concedidos pelo Estado

No que concerne ao princípio da proibição da retroatividade das normas fiscais é necessária


a determinação do tipo de normas fiscais que não podem ser retroativas: uma vez que a
proibição da retroatividade visa proteger a segurança jurídica e a confiança do sujeito
passivo, só as normas fiscais oneradas do sujeito passivo é que não podem ser retroativas e
pelo contrário as normas desoneradas podem sê-lo porque favorecem os sujeitos passivos e
a segurança jurídica não é afetada.2
As normas oneradoras afetam negativamente a posição do sujeito passivo, sendo aplicáveis
os princípios da proteção da confiança e a proteção da retroatividade. As normas
desoneradas, por serem mais favoráveis, não podem, por definição, colocar questões de
proteção da confiança. Isto é, se a lei nova desoneradora não era esperada, a confiança
existente não precisa de ser protegida, as razões subjacentes aos princípios da proteção da
confiança e proibição da retroatividade não se aplica, e o sujeito passivo agradece ser
surpreendido pela lei nova.

Neste caso há a extinção de um benefício fiscal, o que consubstancia um agravamento para


os jovens desempregados, que iriam passar a pagar impostos. Neste sentido, por estarmos
perante uma oneração, a lei nova só pode produzir efeitos para o futuro, sob pena de ser
inconstitucional nos termos do art. 103º/3CRP e 12º/1LGT, pelo que consubstancia uma
retroatividade autêntica ou em sentido forte.

A proibição aplica-se à retroatividade e retrospetividade. Nenhuma é permitida.

6. Prever a tributação imediata em IRS de todas as mais-valias mobiliárias,


independentemente do momento da aquisição das ações e do período de
detenção.

As mais valias fazem parte do CIRS, logo, teríamos um imposto sobre o rendimento, e
portanto em termos de aplicação da lei no tempo é um imposto periódico. Se houver uma
alteração a meio do ano, estamos perante uma situação de retroatividade em sentido
próprio. Apesar de ser um imposto periódico, temos de distinguir alguns dos regimes
contidos dentro do CIRS: o IRS não é um imposto unitário, embora a CRP diga que o imposto
pessoal deva ser único e progressivo. Na verdade, temos um imposto dual. Temos que olhar
para os factos tributários para poder concluir se estamos perante tributações periódicas ou
não.

2 Esta é uma diferença em relação à reserva de lei fiscal e ao princípio da tipicidade fiscal, pois a
reserva de lei abrange quer as normas oneradas quer as normas desoneradas relacionadas com o an,
quantum, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes.

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Temos de distinguir 2 tipos de mais valias:


 Mobiliárias: é o caso das obrigações de cupão zero.
 Imobiliárias.

Exemplo 1: mais valia potenciais- o valor das ações está a subir no mercado, ou seja, elas
valem mais do que o montante por que as comprámos. Para efeitos fiscais, tributam-se as
mais valias realizadas. Comprámos as ações numa empresa, comprámos por 100 e vendemos
por 140, no ano em que aumentou a tributação das mais valias. Vendemos as ações hoje e
entra em vigor a nova lei mais onerosa daqui a 5 dias, passando a abranger o facto tributário
decorrente da nossa alienação.

Exemplo 2: há um acórdão de uniformização de jurisprudência em que havia isenção e


depois as mais valias começaram a ser tributadas.

Em ambos os casos, há uma agravação de regime e temos de saber se esta constitui


retroatividade ou retrospetividade.

Não há retroatividade se estivermos perante imposto periódico. 2 argumentos em sentido


oposto:
 Mais valias no CIRS são de formação sucessiva, logo, há retrospetividade.
 Trata-se de um facto tributário único porque vendemos as ações, realizámos as mais
valias e portanto o facto tributário ficou concluído. Neste caso seria retroatividade.

Estes dois argumentos foram discutidos no nosso tribunal e há um acórdão recente que fez a
uniformização da jurisprudência dizendo que as mais valias são factos tributários de
obrigação única: na norma de incidência, o que o IRS nos diz é que há uma tributação
quando a mais valia ocorre.

As dificuldades relativamente a este assunto são: o nosso CIRS diz-nos, no momento da


liquidação, que as mais valias são tributadas pela diferença entre as mais e as menos valias,
ou seja, tributa-se o saldo apurado entre as mais valias que realizámos e se tivermos menos
valias estas serão deduzidas. Perante esta forma de tributação, a regente entende que as
mais valias, para efeitos do CIRS, constituem, tal como a maior parte dos rendimentos do IRS,
factos tributários de formação sucessiva. Se temos uma mais valia de 20 mas uma menos
valia de 30, temos direito ao reembolso de 10: só no fim do ano é que é apurado o saldo.
Podemos não ter menos valias ou não termos mais ações. A questão não é clara, existindo
vários litígios à volta da introdução de normas de incidência sobre as mais valias.

A regente discorda do acórdão de uniformização de jurisprudência. Havia acórdãos


anteriores do STA a dizer que havia retroatividade mas houve vários acórdãos do CAT
(tribunal arbitral) no sentido oposto, e como houve jurisprudência contraditória, sempre que
isso acontece tem de haver recurso para o STA para este uniformizar a jurisprudência. O STA
diz que a liquidação em si não interessa: o argumento para dizer que as mais valias são de
formação sucessiva por causa do saldo está relacionado com a forma de liquidação, que não
é o que determina a existência de um facto tributária de obrigação única ou sucessiva, o
importante é olharmos para a norma de incidência (art. 10ºCIRS).

A regente não concorda: se olharmos para as outras categorias de rendimentos, como


rendimentos de trabalho dependente- contrato de trabalho em que a remuneração é
mensal: em cada remuneração mensal há um facto tributário e retenção na fonte. Para o

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STA, também no caso de rendimentos de trabalho dependente, cada vez que é pago o
montante, tinha havido um facto tributário de obrigação única.

O caso da retenção na fonte, o saldo é feito no fim do ano. Por exemplo, há uma pessoa que
trabalha por conta de outrem de janeiro a abril, e durante esses 4 meses foi feita uma
retenção por conta. O sujeito passivo, no fim do ano, tem de apresentar a declaração, e se
não houve mais rendimentos até dezembro, a retenção que lhe foi feita muito
provavelmente vai ser reembolsada. Na lógica do STA, as retenções feitas mês a mês deviam
ter caráter definitivo e não haver reembolso. A regente acha que não basta olhar para a
lógica de incidência: não basta a norma dizer que o facto tributário é, por exemplo, a
prestação de serviços ou o CT. Isto é uma parte do tatbestand sistemático mas depois temos
de ver como é apurado o rendimento, e se este é apurado até ao fim do ano, então o facto
tributário só se constituiu até 31 de dezembro. Antes disso não sabemos se vai haver
reembolso. No caso das mais valias, pode já ter havido pagamento mas só no fim do ano é
que temos a certeza disso.

Temos depois duas situações diferentes das mais valias, para a regente:
No quadro do IRS, temos dois factos de obrigação única:
1. Retenções na fonte a titulo definitivo: constam do art. 71ºCIRS e aplicam-se a várias
situações:
 Aplicam-se aos não residentes que não desenvolvam a sua atividade com grau de
permanência em território português. Por exemplo, um professor de uma
universidade estrangeira que vem dar uma semana de aulas à nossa faculdade.
Neste caso, quando a faculdade lhe pagar, vai fazer uma retenção na fonte sobre a
sua remuneração e como ele não e residente, a retenção é a titulo definitivo,
portanto, ele fica desobrigado de qualquer obrigação em Portugal, pelo que a
faculdade retém e entrega ao estado. Apesar de ser IRS, trata-se de uma obrigação
única. Portanto, um facto tributário que se constituiu e extinguiu naquela semana.
 Residentes em Portugal: quando ao pagamento de rendimentos de capitais (ex:
juros), quando são pagos a um residente são retidos na fonte pela instituição
financeira e são retenções a titulo definitivo. Há uma opção dada ao sujeito passivo
para englobar mas a maior parte dos aforradores não tem vantagens em englobar.
Se ele não exerceu a opção de englobamento, a retenção foi a titulo definitivo e,
portanto, é única. No caso das mais valias, também há uma opção de englobamento,
mas o problema não é ser uma retenção a titulo definitivo ou por conta, mas sim a
questão do saldo, porque pode não haver rendimento. O significado de rendimento
coincide com o conceito de acréscimo patrimonial (diferença de património entre o
dia 31 de dezembro e 1 de janeiro).

As mais-valias tributáveis em IRS, cuja matéria tributável resulta da diferença entre as mais-
valias e as menos-valias no ano fiscal, apesar de as mais-valias não serem englobadas e de a
taxa de imposto ser proporcional (o saldo positivo entre as mais-valias e as menos-valias- art.
72.º/4 CIRS)

Pelo contrário, se as mais-valias forem tributadas autonomamente, em relação a cada ganho


realizado, isto é, se não se tributar o saldo positivo entre as mais e as menos-valias, não se
tributa o rendimento acréscimo num determinado ano fiscal, mas o rendimento acréscimo
respeitante a cada realização, o que significa que se trata de uma obrigação única.

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Em suma, o TC entende que a violação da proteção da confiança ocorre se foi “inadmissível,


arbitrária e demasiado onerosa”. Neste caso, considero que existe uma violação da proteção
da confiança, tendo em conta que esta lei, ao referir que a tributação imediata deve ocorrer
independentemente do momento da aquisição demonstra uma forte arbitrariedade, pelo
que neste caso não há a proteção da confiança e a retrospetividade é proibida.

Para o STA, após o acórdão de uniformização de júris, a mais valia deve ser tratado como um
facto de obirgaçao única que ocorre aquando do momento da alienação, ou seja, é quando
se vende que há a mais valia. A lei nova não se poderá aplicar a alienações que já tenham
ocorrido. Somente se aplica a alienações futuras. Logo, no entender do STA temos duas
possibilidades. Ou há aplicação da lei para o futuro- 12.º/2 LGT, se for para o passado há
sempre uma situação de retroatividade autentica proibida constitucionalmente no art.
103.º/3 CRP.

Em contraposição, a nossa regente e do professor Nuno Oliveira Garcia diz que o saldo das
mais valias tem lugar no final do ano. Ou seja, só sei se tenho mais valias ou não, no final do
ano. Posso ir vendendo coisas, e há um saldo que e feito no final. Se o saldo for negativo, não
tenho que me preocupar com as mais valias porque estas não têm de ser tributadas. Só há
mais valias se houver um incremente patrimonial. A diferença desta raciocínio, é que as mais
valias nem sempre se aplicam ao ano civil. Necessário aplicar os critérios de violação do
princípio da confiança, visto que se trata de uma retrospetividade.
EX: dia 1 de Janeiro, e dia 31 de Dezembro. A alienação ocorre a meio do ano (compra e
venda de ações ou de imovel). Seguindo a opinião do STA (acórdão 5/2017) e entrando a lei
nova em vigor após a alienação, não e permitido aplicar-se ao passado por haver
retroatividade autentica, mas para o futuro, o resto do ano é permitido- 12.º/1 LGT.
A professora diz que ao olhar para o art. 43.º percebemos que só no final do ano é que se faz
a subtração, e nesse sentido a mais valia só é apurada no final do ano. Imaginemos que no
dia 25 de Dezembro terei que pagar mais valias de 50 mil euros a 28% do Estado. O que eu
faço então é gastar os 50 mil para o meu saldo ser zero e não ter mais-valias para pagar. Ao
seguir o entendimento da professora, a lei nova pode-se aplicar ao ano em curso. Porque o
saldo só é apurado no final do ano, e assim sendo, temos uma situação de retrospetividade-
art. 2.º CRP e há que aferir a violação do princípio da confiança.
Para o assistente faz mais sentido a posição da professora regente. O problema do STA é que
aplico a lei antiga a um determinado período do ano, e a nova ao restante período, o que
pode se injusto porque sendo mais benéfica então posso ficar a espera que a lei mude, se for
mais prejudicial então deveria ter feito os meus investimentos logo no inicio do ano.

Mas no caso concreto, há uma desconsideração quer da doutrina do STA quer da doutrina da
regente, dado que nem atendem quando se a lei se aplica ou não retroativamente, apenas
diz que vai logo se aplicar as mais valias e assim sendo trata-se de uma retroatividade
autentica proibida pelo art 103.º/3 CRP.

CIRS

Primeira coisa a ver:

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 incidência objetiva- art. 1.º e ver qual a categoria de rendimento que está
em presença.

 incidência subjetiva- 13º

 Determinaçao da matéria coletável:

Rendimentos em si: conjugação do rendimento com a associação do art. 25.º e ss.


para aferir a matéria coletável. EX: mais valias- 4.º/3 (se nada é dito é o valor total,
mas nas mais valias é necessário ver os arts que dizem qual a meteria coletável.

 A que taxa vai ser tributada este rendimento?

Outro passo: art 71.º, 72.º e 73.º.


 71.º: taxas liberatórias
 72.º: taxas especais
 73.º: tributação autónoma

Quanto as taxas liberatória se tributação autónoma quando o rendimento surge ele


e tributado naquele momento em relação a taxa que vigorar naquele momento.

Quanto as taxas especiais, os rendimentos que estão no art. 72.º também são só
tributados no final do ano (necessário declaração, etc) e só ai e taxado à alíquota
que ai estiver. Estes são tributados a taxa que ai se encontra em vez de serem
tributados aa taxa geral do art. 68.º

 Sujeito a englobamento ou não?

Ultimo passo: em relação as taxas liberatórias e preciso ver se esse rendimento


pode ou não ser sujeito a englobamento. EX: juros do deposito a prazo- sujeito a
uma retenção da fonte a titulo definitivo, e a taxa liberatória faz com que esteja
liberando de qualquer outra tributação. O englobamento não é obrigatório, mas se
quiser posso englobar esse rendimento, pois o art 69.º só no segundo escalão é que
é mais gravoso. Assim possibilitasse as pessoas querendo, englobar ou não este
rendimento.

EXCEÇÃO A ESTE REGIME- quando há regime fiscal claramente mais favorável:

Ao ler o CIRS e aparecer o termo “regime fiscal claramente mais favorável”


devemos analisar a portaria 150/2004, ou seja a lista de paraísos fiscais que temos
em Portugal. Se for um rendimento com origem num desses países com certeza que
no código há uma taxa mais gravosa em algum artigo do código.

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Acrescento:
Quando é RENDIMENTO DE CATEGORIA B, é preciso identificar o CAE:

Ao estar no âmbito da categoria B-rendimentos de trabalho independente ou


prestação de serviços, o anexo A, tem a identificação dos CAE’s- códigos de
atividade económica (610.º para advogados). Caso não seja possível encaixar em
nenhum dos códigos expressos nesse anexo, então há o 15-19 que se aplica a
“outros”. Isto e relevante porque há regime diferentes de SS as diversas profissões ai
previstas e ainda questões concretas quanto a tributação.

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