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Direito da Família – 1º semestre – 4º Ano – CASOS PRÁTICOS

03.11.2022

CASO PRÁTICO Nº11:

Adriano casa com Bárbara sendo esta doente mental. Adriano não se apercebeu disso. Todavia, no fim da cerimónia de
casamento ocorre uma explosão na conservatória e o casamento não é registado. No dia seguinte, Adriano apercebe-se da
doença de Bárbara. Contudo, recorda-se que o casamento não foi registado e fica satisfeito com a situação. Sai de casa e,
passados 10 meses, casa com Cátia.

Qual o valor do casamento entre Adriano e Cátia? Justifique legal e doutrinalmente a sua resposta.

Resposta:

Para aferir a valida do casamento entre Adriano e Cátia é necessário analisar as relações jurídicas que o antecedem e que podem
condicionar a sua eficácia.

Este caso leva a um problema de requisito de fundo que é a capacidade. Para que um casamento seja constituído de forma valida tem
de obedecer a requisitos de fundo, capacidade e consentimento e também requisitos de forma – capacidade de celebração e
posteriores à celebração. Para casar a lei exige a capacidade negocial de gozo porque estamos perante um negócio estritamente
pessoa, o art.º 1600 consagra a regra da capacidade.

O impedimentos matrimonias obedecem ao princípio da tipicidade art.º 1627, são apenas os que estão previstos na lei. O que é um
impedimento? Refere-se aquela circunstância que de algum modo, vai impedir a celebração do casamento, pode configurar uma
verdadeira incapacidade ou ilegitimidade. Quando se verificam estas circunstâncias o casamento não pode celebrar-se sob pena de
anulabilidade, no caso dos impedimentos dirimentes, ou então de ser objeto de consequências a nível patrimonial, no caso dos
impedimentos impedientes. Existem diferentes classificações de impedimentos nomeadamente impedimentos dirimentes e
impedientes, absolutos relativos, dispensáveis e não dispensáveis e do direito civil e direito canónico. No nosso caso estamos no
âmbito do casamento celebrado unicamente pela via civil obrigatório.

1º de analisar o casamento entre Adriano e a bárbara. Este casamento, parece que esta em causa uma demência notória, impedimento
dirimente absoluto. Art.º 1601 CC, temos três, e num desses temos o caso da demência notória e temos também a demência de
direito (decretada por uma sentença). (explicar sucintamente o conceito de demência de facto e notório.

O conceito de demência para o direito não coincide com um conceito psiquiátrico de demência, para o direito civil, demência é o
mesmo que anomalia mental/psíquica. Falamos de uma situação em que a pessoa noa tem capacidade para reger convenientemente
quer os seus bens mas também a sua própria pessoa.

Esta demência tem de ser notória e este conceito para efeitos matrimonias, não é igual ao conceito de notório do art.º 257 nº2 CC,
no caso do casamento os impedimentos matrimoniais não servem para proteger o incapaz, estes impedimentos, são justificados por
razoes de ordem social, moral, eugénica, não temos um tratamento igual.

Para este impedimento não interessa que a demência seja detetada por uma pessoa comum, interessa é que ela exista. Não interessa o
ato praticado mesmo em intervalo lucido. A demência para efeito de impedimento matrimonial tem de ser permanente, é certa e
inequívoca, não esta aqui uma mera incapacidade acidental.

É irrelevante que o Adriano não tenha reparado na situação de doença da Barbara, este impedimento devia ter sido detetado no
processo preliminar de casamento, porque é função deste verificar se os nubentes têm capacidade para contrair casamento sob pena
da responsabilidade que pode recair perante o conservador art.º 294 CRC.

Um casamento celebrado com um impedimento dirimente absoluto gera a anulabilidade art.º 1627 CC, art.º 1631 a) CC;

Quem tinha capacidade para intentar uma ação de anulação? Art.º 1632 CC, é necessário para que a anulabilidade produza efeitos.
Art.º 1639 (legitimidade); prazo: art.º 1643 nº1 a) CC, 3 anos a contar da celebração do casamento.

2º Este casamento não foi registado e decide casar com a Cátia

Há um impedimento dirimente absoluto neste caso o vínculo matrimonial anterior não dissolvido art.º 1601 c) CC, católico ou civil
ainda que o respeito assento não tenha sido lavrado no registo civil. Para efeitos de impedimento matrimonial não importa a falta de
registo nem importa a validade do casamento anterior não dissolvido. Este impedimento tem como objetivo a bigamia
assegurando a ideia de unidade, exclusividade matrimonial. Embora o casamento de A e B não tenha sido registado sabemos que
esta em causa um facto sujeito a registo obrigatória art.º 1 e 2 CRC, art.º 1669 CC, em regra enquanto não for registado não produz
efeitos, pode ser registado a todo o tempo e uma vez feito o registo terá eficácia retroativa nos termos do artº 1670 CC.

A exceção é do impedimento matrimonial art.º 1601 c), o casamento anterior na registado é impedimento de um novo casamento
inclusive se o Adriano quiser intentar a ação de anulação do 1º casamento em primeiro lugar terá de o registar. Como há um
impedimento matrimonial e é dirimente absoluto que obstava a que Adriano se cassasse com quem quer que fosse este impedimento
gera a anulabilidade do casamento art.º 1627 CC + art.º 1631 a) CC.

Legitimidade: art.º 1639 nº1 e nº2 CC

Prazo: intentada até 6 meses depois da dissolução do casamento art.º 1643 nº1 c) CC + art.º 1643 nº3 CC porque a ação de
anulação não pode prosseguir uma ação de declaração de nulidade ou anulação do 1º casamento de Adriano. Adriano vai ter de
registar o 1º casamento com a B, ao registar vai intentar a ação de anulação desse casamento com fundamento na demência notória.
Esta ação vai ser julgada procedente e assim temos a convalidação do 2º casamento

CASO PRÁTICO Nº13: pode sair no grupo 1

Pondere as seguintes hipóteses:

a) Andreia pretende casar com Henrique por via religiosa. Quais as diferenças e especificidades do casamento
celebrado nesta modalidade face ao casamento civil obrigatório?

O objetivo é a celebração do casamento não 1ª modalidade de casamento civil facultativo, sob a forma religiosa, modalidade que é
admitida pela lei da liberdade religiosa art.º 19, neste sistema matrimonial a principal diferença é ao nível da celebração do
casamento uma vez que quanto aos requisitos de fundo (capacidade e consentimento) este casamento é regido exatamente de forma
igual que o casamento civil obrigatório.

Os requisitos de forma, temos uma particularidade quanto ao processo preliminar de casamento, este corre também na conservatória
mas pode ser iniciada pelo ministro do culto, da igreja ou comunidade religiosa a fazer o pedido para iniciar o processo preliminar do
casamento art.º 135 nº4 CRC. E o conservador tem de verificar a qualidade do ministro do culto e a sua credenciação para o ato art.º
137 nº6 CRC, deve ser provada a radicação da comunidade religiosa em Portugal o conservador verificado que os nubentes têm
capacidade para contrair casamento e conhecem as normas gerais vai emitir o certificado de autorização para o casamento que é
remitido para o ministro do culto art.º 146 nº4 CRC.
A maior diferença esta na celebração do casamento, é celebrado perante o ministro do culto, é necessário de acordo com o art.º 19
nº4 da lei da liberdade religiosa, que esteja presentes os ministros do culto, os nubentes ou o procurador de um deles e 2
testemunhas.

quanto as formalidades posteriores, o assento do casamento é lavrado em suplicado num livro de registo ou artigo eletrónico desta
igreja e tem de ser remetido (prazo de 3 dias a contar da celebração) para a conservatória do registo civil para que se proceda ao
registo por transcrição.

b) Flávia e Luana, cidadãs brasileiras, pretendem casar em Portugal, país onde residem há́ cerca de dois anos. Qual a
forma a que deve obedecer este casamento?

Esta em causa o casamento de duas estrangeiras em Portugal, as formalidades do casamento podem variar consoante o sistema
matrimonial, forma do casamento, lugar da celebração e nacionalidade dos nubentes.

No nosso caso aplicamos as regras dos art.º 165 e 166 CRC + art.º 50 e 51 CC. A regra geral é que o casamento é celebrado de
acordo com a forma do lugar da celebração no entanto se estiverem verificadas algumas das situações previstas no art.º 51 o
casamento pode ser celebrado de acordo com a lei da nacionalidade de qualquer dos nubentes (lei brasileira) desde que seja celebrado
perante só agentes respeitos agente diplomáticos ou consulares e deste que igual competência seja reconhecida pela mesma lei aos
agentes ou diplomatas consulares portugueses.

c) Salvador e Maria, residentes em França há́ mais de uma década, pretendem casar naquele país de acordo com a
forma estabelecida na lei civil portuguesa. Podem?

Aplicamos os art.º 50 e 51 CC e 161 CRC. No caso de dois portugueses que queriam casar no estrangeiros as formas de celebração
que têm à disposição: podem casar perante o ministro do culto católico, podem casar perante os agentes diplomáticos ou consulares
portugueses no estrangeiro pela forma estabelecida na lei civil portuguesa. Ou pode ainda casar perante as autoridade locais
competentes de acordo com a forma da lei do lugar da celebração, art.º 50 CC. Pode casar de acordo com a lei portuguesa, este
casamento que será celebrado perante agentes diplomáticos portugueses, será inscrito o registo por inscrição, no consulado
competente art.º 52 e) CRC e art.º 54 e 184 nº1 e nº2 CC

d) Clara pretende casar com Diogo, pai do seu marido falecido há́ dois anos. Pode fazê- lo?

(esboço caderno)

Clara e Diogo tem um relação de afinidade me 1º grau da linha reta; definir afinidade art.º 1576 CC;

A afinidade é um efeito do casamento art.º 1584 CC – vínculo que liga cada um dos conjugues aos parentes do outro.

A clara e o digo são afins porque o Diogo era parente do marido. A contagem e graus de afinidade art.º 1535 CC, determinava-se
pelos mesmo graus que se definem o parentesco. Por isso eles são afins no 1º grau da linha reta, a afinidade não cessa com a morte e
por isso é que continua a existir um impedimento de natureza impedimento dirimente relativo art.º 1602 d) é dirimente porque obsta
à celebração do casamento e se este é celebrado gera a anulabilidade.

É relativo porque só impede a celebração do casamento entre aqueles dois sujeitos em específico. Se este impedimento não for
detetado no processo preliminar do casamento, ele era suscetível de anulação, legitimidade art.º 1639 CC prazo: pode intentar até 6
meses da dissolução do casamento.

Se a clara cassasse com F e se separasse depois podia casar com Diogo porque cessa a afinidade com o casamento de F.

e) Benedita e Duarte, ambos com 17 anos, casam sem o consentimento dos pais. Qual a validade deste casamento?

Têm capacidade negocial de gozo para contrair de gozo, mas para alem disso precisam de autorização dos dois ou tutor, e quanto
muito não havendo autorização dos pais precisam de pedir ao conservador a permissão da celebração deste casamento.
Estamos perante um impedimento impediente absoluto, falta de autorização dos pais ou tutor para o casamento do menor, art.º 1604
a) CC. É absoluto porque impede que os nubentes casem com qualquer pessoa sem que haja autorização e é impedimento impediente
porque se o casamento for celebrado sem autorização ou suprimento embora valido gera consequências a nível patrimonial. Se não
obtiveram a autorização não vão ficar emancipados pelo casamento art.º 132 e art.º 133 CC com o art.º 1649 CC o menor continua
a ser tratado como tal para efeitos de administração dos bens que tenha levando para o casamento, daqueles que possa receber a título
gratuito até que atinja a maioridade. A administração não é possível que seja confiável ao outro conjugue. Há uma limitação apenas a
nível patrimonial.

Se o menor tivessem obtido suprimento, se o conservador se tivesse substituído aos pais e autorizado a relação do casamento além de
valido não leva a consequências a nível patrimonial.

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