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Direito da Família – 1º semestre – 4º Ano – CASOS PRÁTICOS

02.11.2022

No teste é sempre casamento civil obrigatório, senão a prof refere se for casamento católico

Caso prático n.º 8

Bernardo, angolano, pretende casar com Celeste, portuguesa, com o único propósito de obter a nacionalidade
portuguesa. Celeste aceita, mas no dia do casamento arrepende-se. Perante a recusa de Celeste, Bernardo ameaça
contar aos pais de Celeste que a mesma não é virgem, pelo que esta, receosa pela reação dos pais, ultraconservadores,
acaba por casar.

Um mês mais tarde Celeste descobre que Bernardo já era casado com Dina.

Como poderá proceder Celeste?

Neste caso queremos saber o que a celeste poderá fazer para invalidar o casamento celebrado com bernardo em virtude de
existirem um conjunto de vicissitudes que esta relacionadas com a realização deste casamento. Para isso vamos ter de analisar
os diferentes fundamentos jurídicos em causa.

Estamos perante uma questão de validade do casamento, o casamento que é uma relação familiar consagrada no art.º 1576 e
art.º 1577 CC (noção de casamento) e para que o casamento seja validamente constituído, tem de obedecer a requisitos de
fundo, consentimento e capacidade e a requisitos de forma, respeito pelas formalidades preliminares de celebração e
posteriores à celebração. O cumprimento destes requisitos impõe-se independentemente da modalidade do casamento embora
possam existir algumas diferenças consoante o sistema matrimonial em causa.

No caso, como nada é indicado em contrário presumimos que testamos perante um casamento civil obrigatório.

Em concreto estamos perante três problemas que podem afetar a validade do casamento. Dois relativos ao requisitos
consentimento. Por um lado parece estar em causa uma falta de vontade porque o casamento foi celebrado com o único
objetivo da aquisição da nacionalidade por parte de Bernardo. Alem disso temos outro problema relacionado com o
consentimento que é a coação moral que a celeste foi vítima. Por fim temos um problema quanto ao requisito da capacidade
porque temos um casamento anterior não dissolvido, o Bernardo já era casado com Bina.

Começando pelo requisito do consentimento e pelo argumento que houve aqui uma falta de vontade. Será que estamos
perante um casamento simulado? Porque o único objetivo era atingir a nacionalidade? (explicar sobre o consentimento)
para que o casamento seja constituído de forma valida é necessário que os nubente prestem o seu consentimento de forma
expressa e não basta apenas a intensão/vontade de querer casar, art.º 1615.

São 5 as características que o consentimento deve constar para que possa ser considerado valido. a atualidade art.º 1617;
puro e simples art.º 1618; pessoal art.º 1619; perfeito art.º 1635 e tem de ser livre art.º 1636.

No caso em concreto, sendo a intenção de Bernardo casar com Celeste apenas com o objetivo de adquirir a nacionalidade
portuguesa, será que estamos perante uma falta de vontade? Se o único objetivo fosse este mas fizessem vida em comum
teríamos uma simulação absoluta. Mas no caso diz que não há intenção de fazer vida em comum, ou seja, estamos
perante uma falta de vontade que afeta a perfeição do consentimento, porque há uma divergência entre a vontade real e a
declarada. O Bernardo não tem intenção de casar (celebrar um contrato com todos os efeitos), o único objetivo é obter a
nacionalidade e a celeste apenas o quer ajudar. Para que um casamento seja válido, é necessário que o consentimento seja
perfeito, que as duas vontades sejam concordantes. A lei presume a concordância de vontades art.º 1634 CC.

Se o único objetivo é a obtenção da nacionalidade recusando a vida em comum, estamos perante uma falta de vontade elencada
no art.º 1635 d) CC, o casamento celebrado com falta de vontade invalido art.º 1631 b) e art.º 1627 CC. suscetível de
anulação.

Estando perante uma falta de vontade a celeste tem legitimidade para invocar a anulabilidade? Sim, pelo art.º 1640 nº1 CC,
que atribui legitimidade aos próprios conjugues no prazo de 3 anos, subsequente à celebração do casamento para intentar esta
ação, art.º 1644 CC. É necessário que ela intente esta ação para invocar os efeitos de anulabilidade art.º 1632 CC.

A prova judicial art.º 351 CC


Prova testemunhal art.º 392 e art.º 394 nº3 CC

Celeste acaba por casar porque foi ameaçada pelo Bernardo, parece que estamos perante um problema do consentimento.
(remeter para o que dissemos anteriormente.

Estamos perante a questão da liberdade do consentimento. Para que seja livre não pode existir vícios da vontade,, ou seja, noa
pode existir uma divergência entre a vontade hipotética e a vontade declarada. A vontade dos nubentes tem de ser formada,
com exato conhecimento das coisas, da realidade, ou seja, tem de ser esclarecido, não pode haver erro, e alem disso não pode
ser formada com ameaça ou por força, e portanto tem de existir liberdade exterior sob pena de estarmos sob um caso de coação
moral.

A lei também presume que o consentimento é prestado de forma libre art.º 1634 1ª parte, no caso, parece que estamos uma
coação moral art.º 1638 CC, se existir coação moral a consequência é a anulabilidade. Pelos art.º 1627, 1631 b) e 1638 CC.

À luz do art.º 1638, para que haja coação moral é necessário que seja grave, o mal que o nubente é ilicitamente ameaçado e
alem disto é justificado o receio da sua consumação.

No caso o B ameaçou contar aos pais de celeste, há portanto um ceio justificado eu a ameaça se venha a consumar, até porque
querendo tanto o B o casamento para obter o casamento, se a C se se recusasse, B iria contar aos pais de celeste. Aqui
consideramos que o receio é grave porque para a celeste que tem os pais ultraconservadores esta ameaça é considerada grave,
desta forma consideramos que estão preenchidos os requisitos do art.º 1638 tendo aqui a C outro elemento para anular o
casamento, e que intente a ação da anulação nos termos do art.º 1632 CC.

Legitimidade da celeste: art.º 1641 CC, no Prazos de 6 meses a contar da cessação do vicio art.º 1645 CC. Sob pena de se não
fizer nada, temos a convalidação objetiva pelo decurso do prazo onde o casamento é considerado validamente celebrado, e
ainda temos a possibilidade pelo art.º 288 CC, a confirmação do casamento por partes dos conjugues independentemente dos
vícios.

Haveria um outro problema quanto ao requisito da capacidade. Temos o casamento anterior não dissolvido. Esta relacionado
com um requisito de fundo, capacidade de contrair casamento, art.º 1600 CC, todos têm capacidade negocial de gozo para
contrair casamento a anoa ser que se verifique algum dos impedimento matrimoniais previstos na lei, a regra é da capacidade.

A aferição do impedimento é feita à data da celebração do casamento. Os impedimentos matrimoniais referem-se aquelas
circunstâncias que de algum modo impedem ou obstam à celebração do casamento, podem configurar verdadeiras
incapacidade ou meras ilegitimidades, quando se verifica uma dessas circunstâncias o casamento não pode ser celebrado sob
pena de anulabilidade se estivermos perante um impedimento dirimente, ou sob oena de consequências a nível patrimonial,
impedimentos impedientes.

Os impedimentos patrimoniais obedecem ao princípio da tipicidade, só são aqueles que estão previstos na lei, art.º 1627 CC,
existem diferentes classificações de impedimentos (podemos anunciar os tipos de impedimentos, mas não precisamos de
justificar todos, só o que esta neste caso)

No caso em concreto estamos perante um impedimento dirimente absoluto que é o casamento anterior não dissolvido, art.º
1601 c) CC, este impedimento refere-se ao casamento, que tenha sido celebrado católica ou civilmente e ainda que o respetivo
assento não tenha sido lavrado no registo civil.

O que a lei pretende com este impedimento é evitar a bigamia assegurando a proteção no plano do direito civil, da unidade
matrimonial. É um impedimento dirimente porque á partida impede a celebração do casamento em que há um verdadeira
incapacidade, e se este casamento chegar a ser celebrado a consequência é a anulabilidade. É absoluto porque o B está
impedido de casar com quem quer que seja, estamos perante uma verdadeira incapacidade. Este impedimento deveria ser
detetado no processo preliminar do casamento o qual tem a finalidade de verificar se os nubentes têm capacidade para contrair
casamento, não tendo sido detetado poderá levar à responsabilidade do conservador que tratou do processo art.º 294 e ssg. Se a
responsabilidade foi por parte do nubente que era estrangeiro aqui a responsabilidade era do nubente.

Qual a consequência? Gera anulabilidade art.º 1627 + 1631 a) CC; art.º 1632
A celeste tem legitimidade para intentar uma ação contra este assunto art.º 1639 nº1 CC. O prazo art.º 1643 nº1 c) + nº3 CC
teria o prazo de 6 meses apos a dissolução do casamento para intentar esta ação, no entanto esta ação não pode intentada nem
prosseguir enquanto estiver perante uma ação de anulação ou declaração de nulidade do primeiro casamento do bígamo.

Se o primeiro casamento vier a ser considerado anulado vamos ter a convalidação do segundo art.º 1633 nº1 c) CC.

A Dina teria legitimidade nos termos do art.º 1639 nº2 parte final.

A celeste teria três fundamentos validos que permitiriam anular o casamento com B, uma vez que não foram respeitados os
requisitos de fundo do casamento, o consentimento e a capacidade.

CASO PRÁTICO N.º 10

António, casado com Maria, apaixona-se por Teresa e mata a mulher, em Abril de 2020, tendo sido condenado em
Setembro do mesmo ano, pela prática de crime de homicídio doloso. António pretende casar civilmente, em Outubro,
com Teresa.
Quid iuris?

Estamos perante uma questão de capacidade, explicar se esta presente algum impedimento patrimonial.
Trata-se de saber se A pode casar validamente com teresa, para isso é necessário face à factualidade apresentada verificar se
existe algum impedimento matrimonial. A pretensão do caso pratico vai se focar no requisito de fundo capacidade opara
contrair casamento. Para que o casamento seja valido tem de obedecer a requisitos de fundo (capacidade e consentimento) e
forma.
No caso esta uma questão de capacidade para contrair casamento, a regra é a da capacidade negocial de gozo para casar.
Negócio pessoal, de acordo com o art.º 1600 todos tem capacidade para casar a não ser que se verifique um impedimento
previsto na lei.
Os impedimentos matrimoniais art.º 1627 CC. Noção de impedimento, identificar as classificações que temos de
impedimentos.

E no caso concreto António mata a mulher porque queria casar com a teresa, só que esta condenação só iria substanciar um
impedimento nos termos do art.º 1602 e) CC (impedimento dirimente relativo) se a T fosse cúmplice de A. efetivamente este
artigo estabelece um impedimento dirimente relativo porque impede a celebração do casamento por um lado sob pena de
anulabilidade. Alem disso é relativo porque apenas impede a celebração só casamento entre dois sujeitos em específico. No
entanto este impedimento diz respeito à condenação anterior de um dos nubentes como autoria ou cúmplice contra o conjugue
do outro e portanto se A matou a sua esposa e nada resulta no enunciado que a T seja cúmplice, não há impedimento
matrimonial, logo podem casar um com o outro validamente. Não há impedimento a obstar este casamento. Seria diferente se
teresa fosse cúmplice.

Caso prático n.º 12

Francisca e Duarte pretendiam casar em 30 de Agosto 2022, estando Francisca já grávida de sete meses. Contudo,
razões imprevistas fizeram com que Francisca tivesse de dar entrada de urgência na maternidade, tendo dado à luz o
filho às 5 horas da manhã do dia 15 de agosto.

O funcionário do registo civil competente chegou atrasado à maternidade, onde, precipitadamente, se celebrou o
casamento poucas horas depois no mesmo dia.
O casamento será válido? Justifique legal e doutrinalmente a sua resposta.

Para saber se o casamento será valido ou não termos de aferir as condições da sua constituição. O caso em concreto levamos
para a questão do casamento urgente, art.º 1622 e ssg, e art.º 156 CRC. Não sendo dito nada em contrário estamos perante a
modalidade do casamento civil obrigatório.

O casamento urgente é aquele que é celebrado ou sem processo preliminar do casamento, ou então sem intervenção do
conservador do registo civil. Pode acontecer em situações de haver um receio da morte próxima de algum dos nubentes ou em
situação de iminência de parto.

Basta a convicção seria que uma dessas situações se possa verificar.

As formalidades deste casamento de acordo com o art.º 156 CRC, temos formalidade preliminares que reconduz à
proclamação do art.º 156 a) CRC. Quanto à celebração é necessário a declaração expressa dos nubentes, perante 4
testemunhas, duas das quais não podem ser parentes sucessíveis dos nubentes, art.º 156 b) CRC. Quanto ao registo art.º 156
c).

Deve ser feita a ata do casamento por documento escrito sem formalidade especiais assinada por todos os intervenientes que
saibam e possa faze-lo. Apresentada a ata se já tiver sido iniciado o processo preliminar do casamento o conservador vai imitir
o despacho final no prazo de três dias a contar da data da ata art.º 159 nº2 CRC. O casamento urgente fica sujeito a
homologação do conservador se não houver inconformidade o casamento é homologado e procede-se ao registo. As causas da
não homologação art.º 1624 CC e art.º 160 CRC.

No nosso caso teríamos de ponderar que neste caso se ainda não tivesse iniciado o processo preliminar do casamento acham
que o conservador iria homologar este casamento? Não porque o casamento foi posterior ao parto. O casamento foi celebrado
depois da criança nascer logo já não há causa para a realização do casamento urgente.

Estaríamos perante uma das causas de homologação do casamento urgente art.º 1624 nº1 a) CC e art.º 160 nº1 a) CRC.

O casamento não homologado é juridicamente inexistente art.º 1628 b) CC.

O conservador tem de notificar os interessados que podem recorrer do despacho de recusa art.º 160 nº2 CRC. Cabendo
recurso nos termos do art.º 292 CRC.

Poderíamos ponderar que na hipótese de já ter sido iniciado o processo preliminar do casamento, e esse processo já ter
sido concluído, haverá problema quanto à validade? Não. O casamento pode ser realizado no hospital, só noa é um
casamento urgente, é um casamento civil na forma comum.

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