Você está na página 1de 28

Direito das Sucessões

Noções:
 Herdeiro forçado – é aquele que não pode ser afastado pela vontade do
sucessor, porque lhe cabe uma quota (Artigo 2156º). O autor da sucessão é
designado de de cujus ou de autor da sucessão. O autor da sucessão tem um
património ou uma pulsação de bens do testador ou autor da sucessão. Se o
falecido morrer sem haver feito um testamento, a esta situação designa-se o
facto abi destato (sem haver testado).
 Herdeiro universal é o único herdeiro de todos os bens.

Sucessão

A sucessão é o chamamento de pessoas à titularidade de relações jurídicas


patrimoniais de uma pessoa falecida e a consequente devolução dos bens a que ela
pertenciam (Artigo 2024º). Se fizer testamento, dispor voluntariamente os bens, no
testamento não pode destinar certa pulsação de bens que é a legitima (Artigo 2157º).
Se o testador dispõe de bens que ferem a legitima, a sanção encontra-se no Artigo
2178º. As doações são relevantes para a conta legitima se tiver perecido (Artigo 2169º)
são redutíveis. A sucessão tenta sempre respeitar a vontade do autor da sucessão, em
tudo o que ela não contrariar a lei.

Abrange situações ativas e passivas, ou seja, o herdeiro sucede tanto em créditos ou


em débitos. A responsabilidade pelos encargos dos bens herdados, nunca excede as
forças da herança, quer haja ou não, inventário (Artigo 2071º). Forças da herança é
uma designação comum para designar os bens que a herança contém. No caso de
haver inventário, o ónus da prova é do credor. No caso de não existir inventário, é o
herdeiro que tem que provar que a herança não dispõe de mais bens. Mas em
qualquer dos casos, a responsabilidade pelos encargos da herança está limitada às
forças da herança. Ou seja, em nenhum caso, o património pessoal do herdeiro vai
responder por dividas do de cujus.

A liberalidade inoficiosa é a deixa testamentária que ofende o testamento (Artigo


2168º). À luz do Artigo 2169º, tal liberalidade pode ser reduzida pelos herdeiros
legitimários. Esta liberalidade terá que ser reduzida em tanto quanto for necessária
para reintegrar a legitima. A legitima dos legitimários encontra-se nos Artigos 2158º a
2161º. Por exemplo: A, autor da sucessão, casado com B, declara herdeiro universal Z.
À luz do Artigo 2158º, caso o cônjuge seja o único que preenche a classe dos
sucessíveis, a deixa testamentária dele será reduzida a 50%.

A sucessão legitima está consagrada no Artigo 2131º. Na sucessão legitima - e


utilizando o exemplo supra mencionado – a deixa a Z é válida mas não é eficaz
(2ªparte) porque os herdeiros legítimos são os cônjuges, os parentes e o Estado, por
ordem (Artigo 2132º).

Á luz do Artigo 2133º, os herdeiros legitimários são:

a) Cônjuge e descendentes – B,C,D (parente do 1º grau da linha reta)


b) Cônjuge e ascendentes – L (parentes do 1ºgrau da linha reta)
c) Irmãos e seus descendentes – M, N (parente do 2ºgrau da linha colateral; parente
do 3º grau da linha colateral).
d) Outros colaterais até ao quarto grau
e) Estado

Classe de sucessíveis:

Artigo 2133º

1) Cônjuge e descendentes – sobreviventes são chamados ao mesmo tempo;


2) Cônjuge e ascendentes – a lei não distingue a 1ª e 2ª classes, mas não são chamados
ao mesmo tempo devido á regra da preferência (Artigo 2135º). São chamados juntos
se não sobreviverem descendentes. Ver artigos 2144º e 2133º se apenas fosse
chamado o cônjuge.
3) Irmãos e seus descendentes – sobrinhos são os que descendem dos irmãos.
4) Outros colaterais até ao quarto grau – até ao 4º grau preenchem os primos;
5) Estado

1. A é autor da sucessão. É casado com B. A é pai de C e D. D é pai de E e F.

Resposta: Os descendentes de A são os seus dois filhos C e D, e os seus dois netos E e F


(Artigo 2133º). Porém, por força dos Artigos 2134º e 2135º tem que ser respeitado a
regra da preferência de classes e degrau de parentesco. A regra da preferência
significa que os graus de parentesco mais próximo preferem os de grau mais afastado.
Portanto, preferem-se B,C e D. Dado que se existem cônjuge e descendentes não são
chamados os ascendentes. Porém, cabem na 1ª classe de sucessíveis B,C,D,E,F.

A legitima do cônjuge e dos descendentes está consagrado no Artigo 2159º, em caso


de concurso, a legitima é de 2/3. A deixa a Z é reduzida a 1/3, porque 2/3 - 1/3 = 1/3.
1/3 – 2/3 = 1/3 x 3 = 3 (o três é denominador comum).

Segundo o Artigo 2136º (salvo as regras previstas no Código Civil, tais como as do
Artigo 2137º e seguintes), a sucessão por cabeça significa em partes iguais. Assim B =
2/3 : 3 = 2/3 x 1/3 = 2/9.
Assim, B recebe 2/9, C recebe 2/9, D recebe 2/9.

No caso de L ser pré-falecido e D repudiar e E e F aceitaram a herança, E e F


representaram sucessoriamente D. Assim, 2/9 : 2 = 2/9 x 1/2 = 2/18 = 1/9.

Como D repudia a sua parte da herança, segundo o Artigo 2137º (direito a acrescer), a
sua quota acresce os outros da mesma classe, que são B e C.

Por força da representação, se Z repudiar, a parte dele pode ir para o seu filho W ou
para descendentes (Artigos 2138º, 2039º e 2042º).

Sujeições

No estado passivo encontramos o estado de sujeição e do lado ativo está um direito


potestativo, por exemplo, uma servidão.

Numa proposta contratual, temos uma emissão de declaração de vontade (proposta)


que se torna eficaz quando a outra parte aceita (aceitação) e assim fecha-se/fica
completo o negócio (Artigo 224º). Por quanto tempo a proposta vigora? Artigo 228º. E
se o proponente falecer durante o período em que vigora a proposta? Se fizer uma
proposta e morrer antes de ela ser aceite, os herdeiros sucedem no estado de sujeição
aqui temos um exemplo de uma situação pessoal que é objeto de sucessão. Portanto,
sucessão no estado de sujeição do proponente que morra enquanto a proposta vigorar
(Artigo 226º). Os herdeiros do proponente sujeitam-se a que mediante mera aceitação
do destinatário da proposta do de cujus, o negócio fique celebrado.

Direito ao bom nome (Artigo 71º) algumas pessoas têm legitimidade para defender a
honra do falecido. Trata-se de legitimar à defesa de um bem alheio. Não são eles que
são titulares do direito ao bom nome. Relativamente aos casos de direito de
personalidade, o que está em causa é uma legitimação para a defesa de alguns deles,
por pessoas identificadas na lei.

Direitos pessoais de autor são direitos pessoais do autor, por exemplo, defesa da
integridade da obra. São declarados por lei, intransmissíveis, mas a lei acrescenta uma
disposição misteriosa “perpetuando-se após a morte do autor” (Artigos 56º e 57º
Código Autor). Aqui deve entender que o fenómeno é semelhante ao do Artigo 71º do
C.C. Ou seja, só há uma legitimação para a defesa da integridade e genuinidade da
obra e não uma verdadeira sucessão do direito do autor. Não há sucessão, há
legitimação para o exercício de direitos relativos a pessoa falecida.
Indemnização ao dano da morte (Artigo 496º, nº2) o dano em causa é o da morte e
não do sofrimento da pessoa em causa. Estamos perante uma situação de investidura
na titularidade do direito à indemnização por morte de outra pessoa das pessoas
designados no nº2. Ou seja, os familiares do de cujus veem ser-lhes originariamente
adquirido o direito á indemnização. Adquirem-no originariamente e não por sucessão.
A aquisição originária de um direito deriva de uma situação jurídica anterior, como por
exemplo, os direitos de autor; coisas e animais perdidos (Artigo 1318º). O professor Sá
e Mello entende que os direitos de autor e o de indemnização ao dano da morte, são
adquiridos originariamente pelos familiares do falecido, porque a sua situação jurídica
não deriva de qualquer direito.

Seguro de vida é um contrato a favor de terceiro. Em regra, o beneficiário adquire


direito a uma prestação independentemente de aceitação (Artigo 444º). Este contrato
a favor de terceiro só produz efeitos por mortis causa (Artigo 451º). O terceiro
beneficiário adquire o direito diretamente da seguradora, não da sucessão.

Designação sucessória

É a operação intelectual pela qual se determina quem são os sucessíveis de alguém. O


sucessível é aquele que é suscetível de vir a suceder. O sucessor é aquele que sucede.
Por exemplo, uma pessoa nasce, tem pais, tem logo um mapa de sucessíveis. A pessoa
cresce, casa e a hierarquia do mapa dos sucessíveis altera-se, tem filhos, morrem os
pais, faz testamento, etc, e assim sucessivamente.

Os títulos de vocação sucessória

A sucessão é o chamamento. Os títulos de vocação sucessória são três: (Artigo 2226º)

 Lei
 Contrato
 Testamento – é um ato unilateral, não depende de aceitação para vincular o
testador.(Artigo 2179º). Os herdeiros não participam na feitura do testamento.
É um ato singular, a lei não deixa que no mesmo testamento (Artigo 2181º). Já
é válido o testamento em que duas pessoas testam a favor de pessoas
diferentes, por exemplo, A testa a favor de B e C testa a favor de D. É um ato
pessoal, exclui-se a intervenção de representante na feitura do testamento
(Artigo 2182, nº2). Apesar de ser um ato pessoal, na prática, um notário ou um
advogado podem ser chamados a redigir um testamento (Artigo 2182º, nº2),
por exemplo: Alínea a) o testador A pode fazer testamento em benefício dos
seus sobrinhos, encarregando o seu advogado de distribuir os bens entres eles
(Artigo 2183º). No entanto, contrariando o caráter pessoal do testamento o
Artigo 2184º fala-nos do testamento per relationem.
1. A deixa os seus bens, em testamento, a um conjunto de pessoas que estão inscritas
num subscrito (envelope) fechado no seu cofre. É válido?

Resposta: É inválido à luz do Artigo 2184º, parte final. Só seria válido se o testamento
se reporta a documento particular autêntico.

Interpretação do Artigo 2184º, com exemplos: Não é válido o testamento que:

a) Que dependa para a sua execução, de instruções deixadas secretamente a outro;

b) Também é nulo o testamento que não se reporte a documento autêntico (não


precisa ser anterior);

c) É nula quando não se reporta a documentos escritos e assinados pelo testador


(particulares) que tenham data posterior, ou seja, é válido com data anterior. O
testador quando faz o testamento já sabe o que tem lá escrito. Se fosse um
documento com data posterior o testador diria “olhe é para um testamento que hei-de
escrever um dia”, na altura em que estava a fazer o testamento;

d) Em suma, a lei diz que não é válido se se reportar a documento escrito e assinado
que tenha data posterior, pois na altura em que escreva a carta, posteriormente, pode
já não estar no perfeito uso das suas capacidades e portanto, está a cometer a
execução/distribuição do bens a um momento ulterior , do qual o notário não pode
verificar. Isto se for um documento particular, porque se for um documento público,
tanto faz que seja anterior ou posterior, porque se o documento posterior é um
documento autêntico, quando for redigido está lá outra vez o notário para garantir
que o testador está no seu perfeito juízo;

e) O testamento exige sempre a intervenção de notário para garantir que a verdade e


a vontade se formaram livre e perfeitamente, para garantir que o testador sabe o que
está a fazer;

f) É nulo o testamento que determine que a distribuição dos bens será feita, de
acordo, com instruções secretas deixadas a advogado - isto porque o testamento é um
ato pessoal;

g) É válido o testamento que se reporte a documento autêntico ou para documento


particular, escrito e assinado com data anterior à do testamento.

A diferença entre herdeiro e legatário (Artigo 2030º).


Por exemplo: se eu fizer uma deixa testamentária em que deixo metade dos bens à
Maria, o meu carro à Bruna e o meu avião ao João, estou a instituir como herdeiros a
Maria porque lhe deixo metade da herança, ou seja, é uma quota dos bens. Quando
deixo o carro e o avião estou a nomear legatários.

Exemplo 2: Deixo à minha irmã uma casa, o carro ao meu primo e o resto fica para o
Carlos. O Carlos é um herdeiro porque deixei-lhe o remanescente (sobra) (nº3) O
usufrutuário é sempre legatário (nº4). Se eu disse que deixo ao Francisco um
automóvel e ele é meu herdeiro, ele não passa a ser a herdeiro porque eu designo
herdeiro, ele é um legatário, na medida em que a qualificação resulta da lei e não é a
qualificação que o testador dá que altera tal qualificação (nº5).

NOTA: Quando se refere a instituir estamos perante herdeiro; quando estamos a


nomear estamos perante legatário.

Substituição pupilar e quase pupilar

Pupilos são pessoas que estão ao cuidado de outrem.

Na substituição pupilar, o progenitor substitui-se na feitura do testamento ao filho


menor (Artigo 2297º). A substituição tem vigência, ou seja, vigora enquanto o filho for
menor deixa de vigorar/ perde eficácia, logo que o filho atinja a maioridade. O
testamento que os progenitores tenham feito em nome do filho perde o efeito e
também perde o efeito, se por morte do filho, ainda menor, lhe sobreviverem
descendentes ou ascendentes (nº2).

Na substituição quase pupilar, (Artigo 2298º) enquanto o filho for menor, o pai pode
fazer testamento por ele.

1. A é pai de B, filho menor. A faz testamento a dizer o seguinte: “por morte do meu
filho B, os meus bens vão para mim e para a minha namorada e não para a mãe dele”.
E se o filho atingir a maioridade?

Resposta: O testamento que os progenitores tenham feito em nome do filho perde o


efeito e também perde o efeito, se por morte do filho, ainda melhor, lhe sobreviverem
descendentes ou ascendentes Se o filho atingir a maioridade, tal testamento perde
eficácia (Artigo 2297º,nº2).

2. A é pai de B. B tem 16 anos de idade. B recebe uma herança de M. A faz o


testamento a dizer o seguinte: “os bens que recebeste da tua tia vão para mim, assim
que morras”.
Resposta: O testamento que o progenitor faz a favor do filho só pode dispor dos bens
que o filho venha a adquirir dele (Artigo 2300º). Ou seja, os únicos bens que o
progenitor pode incluir na substituição são aqueles que o substituído (B) receba dele
(A). A, faz testamento como substituto de B, filho menor ou incapaz, nos termos do
Código. Se A, substituto/pai morrer antes de B substituído/filho, os bens que B receba
de A serão destinados a Y,V,X - isto é ineficaz se B atingir a maioridade ou houver
outros ascendentes. A apresentasse como um sucessor testamentário para substituir
B. A, só pode adquirir os bens que venha a adquirir dele, por abrange os bens que o B
adquira a titulo de morte. Portanto, a cronologia dos factos é a seguinte: 1º momento
– B menor; 2º momento - A faz testamento por B em substituição de B; 3º momento –
A morre; 4º momento – B herda de A; 5º momento – B morre antes de fazer 18 anos;
6º momento – Y,V,X

Capacidade Testamentária

Não podem testar os menores não emancipados (Artigo 2189º). Se alguém que não
tenha capacidade para testar fizer testamento, a sanção é a nulidade (Artigo 2190º).
No caso de incapacidade acidental, a regra é a mesma, com exceção da sanção que é a
anulabilidade (Artigos 257º e 2199º). As pessoas coletivas não podem testar, visto que
o Artigo 2188º visa que “só os indivíduos”.

Ilegitimidades e indisponibilidades relativas

Testamento feito a favor de médico, enfermeiro se for feito durante a doença, para
não aproveitar situação de particular dependência (Artigo 2194º).

Indisponibilidades relativas:

· Em caso de adultério (Artigo 2196º);

· Artigo 2197º uma questão de autenticidade do ato, para evitar que um estrangeiro
faça

testamento e que o intérprete altere o que o estrangeiro quer escrito.

1. (Sai no teste) Um acompanhado por causa diversa de anomalia psíquica, beneficia


por testamento, uma pessoa a quem posteriormente é deferido o acompanhamento.
Este testamento é válido?

Resposta: O acompanhado não é incapaz. O Artigo 2192º, nº1 menciona que é nula a
disposição que beneficie o acompanhante. Se há data em que faz testamento, tivesse a
beneficiar o acompanhamento o testamento seria nulo, para evitar que o
acompanhante exerça influência sobre o acompanhado e a fraude e liberdade da
formação da vontade deste último. Contudo, o caso em questão refere o momento da
determinação do testador (Artigo 2191º). A doutrina diverge. Segundo o professor Sá e
Mello e Cunha Gonçalves, consideram este testamento inválido porque o testamento é
um ato de vontade pessoal, singular, unilateral. A liberdade de testar deve verificar-se
no momento da feitura do testamento e até à data da morte do testador, porque se no
momento em que ele faz o testamento a favor do acompanhante, este não o era, pode
dar-se o caso de ele se tornando acompanhante influenciar a liberdade já não de
testar, mas de revogar o testamento. A liberdade de testar deve permanecer até à
data do testamento, porque ele é revogável até à data da morte. Enquanto que,
Oliveira Ascensão considera válido, dizendo que a capacidade determinasse- na feitura
do testamento, à data da feitura do testamento, o beneficiado ainda não era
acompanhante, portanto, não há qualquer problema. Se o acompanhado fosse
incapaz, o testamento seria sempre nulo, a qualquer altura.

O testamento não copativo (testamento oral) e o testamento hológrafo (escrito e


assinado em documento particular) são inválidos. O testamento tem que revestir
forma especial, pode revestir uma de duas formas especiais, consoante seja:

· Testamento cerrado

· Testamento público

O testamento a bordo de aeronave ou barco, em tempo de guerra, no estrangeiro


(Artigos 2210º,2214º, 2219º, 2220º, 2223º)

Testamento 

As formas do testamento ordinário são duas:

· Testamento cerrado (Artigos 2204º e 2006º) - não está fechado a sete chaves, que só
pode ser visto pelo testador, tal só é permitido no sistema anglo-saxónico. É aquele
que é escrito e assinado a rogo do testador e por este assinado (o testador pode estar
incapacitado de escrever, ditando a sua vontade a outra pessoa e esta pode escrever).
Para que o testamento cerrado seja válido, é necessário também que seja aprovado
por notário, porque se não o for estaremos perante um testamento nulo por ser um
testamento hológrafo. O notário verifica a vontade do testador e se a mesma foi
formada livremente. Quando é o notário a redigir o testamento, verifica e tem a
certeza que é esta a vontade do testador. Mas quando não é o notário a redigir o
testamento e o mesmo é redigido pelo testador, o notário ao aprová-lo tem um
especial cuidado para verificar se o testador não foi influenciado ou ameaçado a
redigir aquele texto, e, portanto, esta intervenção do notário é de uma exigência
agravada. O testador pode: 1. conservador o testamento cerrado em seu poder, depois
de aprovado pelo notário; ou 2. confiá-lo à guarda de terceiros; ou 3. depositá-lo em
repartição notarial.

· Testamento público (Artigos 2204º e 2205º) - É aquele que é elaborado em


documento autêntico extraoficial. O documento autêntico encontra-se no Artigo 363º,
nº2. Não é de conhecimento público, ou seja, não é do conhecimento de todos. O
testador tem direito a que a sua vontade não seja conhecida por razões óbvias, no
sentido em que, pode ser conhecida de outras pessoas e o seu comportamento altera-
se para com o testador. Portanto, o testamento é público não porque seja do
conhecimento de todos, mas porque a autoria material é oficial. O testamento só é
dado a conhecer após a morte do testador e a partir daí há o conhecimento de todos.
Qualquer pessoa pode ir à Conservatória dos Registos e consultar o testamento de
pessoa falecida.

A data do testamento é a data da aprovação.

Testamento em circunstâncias especiais - testamentos feitos em aeronave, navio, etc.


O testamento pode ser feito num papel qualquer mas requer a assistência de um
notário, portanto, alguém com competência para certificar, não que o testamento é
feito por ele, mas sim para saber que a vontade daquele que testa é formada com
liberdade e com distinção.

Revogabilidade do Testamento

O testamento pode revogar-se de três formas:

 Revogação expressa – é aquela que é feita em testamento ou escritura pública


posterior. A declaração expressa encontra-se no Artigo 217º. Exemplo: A faz
um testamento, posteriormente, faz um novo testamento em que declara
expressamente que o testamento anterior está revogado ou então, faz o
testamento e depois faz em escritura pública a revogação do testamento
(Artigo 2312º).
 Revogação tácita – é a que opera pela elaboração de um testamento posterior,
incompatível com o primeiro, na parte em que foi incompatível. Exemplo: em
testamento, A deixa a sua casa a B, institui como herdeiro remanescente C. A
faz um segundo testamento em que deixa a casa a E. Para quem vão os bens de
A? A casa vai para E e o remanescente vai para C, na medida em que o
testamento só parcialmente é incompatível.
 Revogação real – é aquela que é feita pela prática de atos que inutilizam o
testamento, por exemplo, rasgar o testamento aos bocadinhos. É feita pela
inutilização física do testamento (Artigo 2315º).
A revogabilidade é uma caraterística importante do testamento porque é a aquela a
expressão da última vontade do testador. A capacidade para testar deve manter-se até
à data da morte, sob pena de estar a prejudicar a liberdade de testar (Artigo 2179º). É
irrenunciável a capacidade de revogar (Artigo 2311º).

1. Num primeiro momento (1º testamento) A institui como herdeiro universal, B. Num
segundo momento (2ºtestamento) A, institui herdeiro universal, C, deixando-lhe a sua
casa. Uma semana depois de testar, vende a casa a D. Para quem vai a casa?

Resposta: Artigo 2316º. Em ambas as hipóteses há uma revogação real do testamento,


dado que A faz outro testamento a revogar o primeiro. Ele pratica atos que são
incompatíveis com o que tinha deixado testado. A declaração negocial pode ser
expressa ou tácita (Artigo 217º). A revogação expressa do testamento é aquela que é
feita em testamento ou escritura pública posterior, ele faz um testamento e depois
deste faz outro em que declara que o testamento anterior está revogado ou faz um
testamento e em escritura pública faz a revogação do testamento anterior (Artigo
2312º).

A instituição de herdeiro universal difere-se da universalidade de facto e da de direito.


Universalidade de facto – é o conjunto de bens ligados entre si por uma destinação
comum, por exemplo: biblioteca, rebanho, enxame. Universalidade de direito – por
exemplo: estabelecimento comercial, conjunto de relações jurídicas ligadas a uma
mesma finalidade.

Revogação tácita (Artigo 2313º) CONTINUAÇÃO tal disposição fica sem efeito.

1. Em testamento: Num primeiro momento, A institui B como herdeiro universal. Num


segundo momento, A institui C como herdeiro universal. Num terceiro momento, A diz
que a deixa testamentária do 2º testamento está revogado. Para quem vão os bens de
A?

Resposta: Os bens de A vão para o Estado, porque A morre sem testamento. Estamos
perante uma revogação. A revogação do testamento revogatório só repristina que o
testamento revogatório tinha revogado, se o disser expressamente (Artigo 2314º, nº2).
Ou seja, a revogação do testamento revogatório só faz renascer o testamento que o
testamento revogatório tinha revogado, se este assim o declarar. Na prática, A faz um
testamento em que institui B como herdeiro universal, num segundo testamento A
institui C como herdeiro universal – o segundo testamento revoga o primeiro,
portanto, o segundo testamento é um testamento revogatório. A faz um testamento
em que diz que a deixa do 2º testamento está revogada, logo os bens de A vão para o
Estado, porque A morre intestado, sem deixar testamento. Revoga o primeiro e
segundo testamento não renascendo nenhum. O testamento é um ato gratuito.
2. A revogação da lei revogatória faz renascer a lei que a lei revogatória tinha
revogado? Não faz (Artigo7º).

Pactos sucessórios (Sucessão contratual)

O testamento proferido por contrato (Artigo 2026º)

Escolha a opção correta:

1. A faz um contrato com B, no qual estabelece o seguinte: “Eu deixo-te a minha casa,
por um preço simpático se tu renunciares à herança da tua tia”.

2. A faz um contrato com B, no qual estabelece “Se tu me emprestares dinheiro, eu


designo-te como meu herdeiro universal”.

3. A celebra contrato com B, no qual estabelece “Se tu me emprestares dinheiro,


deixo-te todos os bens que receber da herança do meu pai (o pai ainda está vivo)”.

Resposta: A segunda hipótese é a única válida (Artigos 2028º e 1756º, nº2).

Na primeira hipótese, em que alguém renúncia à sucessão de pessoa viva, estamos


perante um pacto sucessório renunciativo. Na segunda hipótese estamos perante um
pacto sucessório designativo, porque alguém dispõe da sua própria sucessão, é
admitido por lei. Na terceira hipótese alguém dispõe da sucessão de terceiro ainda não
aberta, não é admitido por lei, trata-se de um pacto sucessório dispositivo.

As doações por morte só podem ser feitas na convenção antenupcial (Artigo


1756º,nº2), sem prejuízo do Artigo 946º.

As doações por morte só produzem os seus efeitos após a morte do doador. São
proibidas as doações por morte, exceto aquelas que tem observado as formalidades
do testamento. Os pactos sucessórios só são admitidos quando forem designativos.
Um pacto sucessório designativo é aquele em que alguém dispõe da sua própria
sucessão. Podem designar qualquer dos esposados, ex: A e B vão casar e na convenção
antenupcial estabelecem “por minha morte, os bens vão para ti e por tua

morte os teus bens vem para mim” ou em que o pai da noiva estabelece “por minha
morte, os meus bens vão para vocês” (Artigo 1700º,nº1, alínea a)).
Os pactos sucessórios podem designar um terceiro, por exemplo: na convenção
antenupcial “por morte de um de nós, os nossos bens remeteram para o nosso filho já
nascido ou que há-de nascer” (Artigo 1700º, nº1, alínea b)).

Não se devem confundir os pactos sucessórios com a chamada partilha em vida, pela
qual alguém doa a totalidade ou parte dos seus bens aos presumíveis herdeiros
legitimários - isto não é um contrato de sucessões mas sim uma doação normal, a
pessoa antecipa a partilha que seria feita no âmbito da sucessão por morte e em vida
faz a distribuição dos bens pelos legitimários. A diferença entre a partilha em vida e os
pactos sucessórios é: ambos são doações, um tem efeito imediato e o outro só produz
efeitos após a morte (Artigo 2029º).

Os títulos de vocação

Artigo 2027º

 Legal
o Legitimaria (cônjuge, descendentes, ascendentes)
o Legítima (cônjuge, parentes e Estado)
 Voluntária
o Contratual
o Testamentária

O guia para todos os problemas de partilha são a hierarquia destes tipos.

Os títulos de vocação são formas de chamar os sucessores à sucessão. Os sucessores


podem ser chamados por lei ou por ato voluntário. Os que são chamados por lei são
legitimários ou legítimos (Artigo 2157º), sendo designadamente o cônjuge,
descendentes e ascendentes. Os legítimos são o cônjuge e os parentes, ou seja,
ascendentes e parentes ou aqueles que provêm de um progenitor comum tal como os
sobrinhos, irmãos, tios, e por fim, o Estado (Artigo 2132º). Os testamentários são
aqueles que são designados no testamento.

Quem é chamado primeiro?

1. Legitimários;
2. Contratuais;
3. Testamentários;
4. Legítimos (Artigo 2131º).
1. A é autor da sucessão. A é filho de M. A é pai de B e C; L é irmão de A; B não é nada
(não tem grau de parentesco), F é cônjuge. Instituiu D como herdeiro universal.

Resposta: Títulos de vocação: 1. vocação legitimária F,B,C,L (cônjuge, descendentes,


ascendentes); 2.vocação contratual - ninguém; 3.vocação testamentária D; 4.vocação
legitima F,B,C,M,L e Estado.

O Artigo 2152º aplica-se se houver sucessão do Estado.

À luz do Artigo 2157º, são herdeiros legitimários o cônjuge, descendentes e


ascendentes, logo são F,B,C,M. Porém, segundo as regras estabelecidas para a
sucessão legitima (Artigo 2157º, 2ªp), pelo Artigo 2133º ,nº1, alínea a) são chamados
primeiramente o cônjuge e descentes, logo são F,B,C.

Segundo o Artigo 2133º, nº1, alínea b), também são ambos chamados à sucessão, o
cônjuge e ascendentes, que seriam F e M. Contudo, o Artigo 2134º, refere uma regra
de preferência de classe, ou seja, os da primeira classe afastam o da segunda classe. A
segunda classe só é chamada quando a primeira classe não estiver preenchida (Artigo
2137º, nº1).

Nesta conformidade, na primeira classe temos o cônjuge e descendentes temos F,B,C;


na segunda classe temos F e M; na terceira classe temos só o cônjuge (Artigo 2134º);
na quarta classe temos L; na quinta classe teríamos que ter os primos, logo , não há; na
sexta classe temos o Estado.

A lei diz que a existência de uma classe, só se passa para a classe seguinte quando os
desta repudiarem. Portanto, se nesta hipótese fossem chamados os cônjuges e os
descendentes e ambos repudiassem, chamava-se o cônjuge com os ascendentes. Se os
ascendentes também repudiassem, chamava-se o cônjuge sozinho. Se o próprio
cônjuge também repudiasse íamos para os colaterais até ao 4º grau.

F,B e C estão no 1º titulo de vocação e dentro deste titulo, o Artigo 2157º diz que entre
os legitimários se ordena de acordo com as regras a sucessão legitima, portanto, quer
dizer que F,B e C levam tudo.

O princípio em Direito das sucessões é respeitar sempre a vontade do testador e tudo


o que ela não contrarie a lei. A vontade deste testador foi deixar tudo a D, visto que o
institui como herdeiro universal. Assim sendo, estamos perante uma liberalidade
inoficiosa (Artigo 2168º), a mesma ofende a legitima dos herdeiros legitimários. A
legitima é uma parte dos bens que o testador não pode dispor, que é destinada aos
herdeiros legitimários (Artigo 2156º). Neste caso, os herdeiros legitimários são F,B,C e
M, não são chamados todos na medida em que M não entra na 1ª classe mas apenas
na 2ª classe.

Para sabermos qual é a legitima recorremos aos Artigos 2158º e seguintes. A legitima
de F,B,C é de 2/3 (Artigo 2159º). A deixa da totalidade a D pode ser reduzida a
requerimento dos legitimários, para que a legitima seja reintegrada, ou seja, para que
a legitima volte á sua dimensão integral mínima (Artigo 2169º). A legitima de D será
reduzida a 1/3.

A partilha entre os cônjuges e os filhos fazem-se em partes iguais, ou seja, os 2/3 são
repartidos pelas três pessoas (Artigo 2139º). A repartição faz-se da seguinte maneira:

Ø 2/3 : 3 = 2/3 x 1/3

(são os 2/3 que a lei designa a dividir pelas 3 pessoas, logo cada pessoa fica com 2/3 da
herança, dentro da herança temos que dividir em três para cada um, dai o 1/3.
Estamos perante denominadores iguais, portanto, mantemos os denominares e
multiplicamos as frações).

Ø=2x1=23x3=9

(temos os numeradores 2 e 1, logo, 2x1=2; e 3x3=9)

Ø = 2/9

Logo B recebe 2/9, C recebe 2/9, F recebe 2/9 e D recebe 1/3 da herança.

Esta divisão que fizemos estará correta se somado der 1. Para somar frações temos
que ter um denominador comum. O denominar comum é o número mais pequeno
pelo qual ambos são divisíveis.

2. A é pai de B. A é casado com C. C foi casada com D (tem importância Artigo 2133º,
nº3), porém tem um filho X.

Resposta:

a) Quem sucede a A? B e C (Artigo 2133º)

b) Quem sucede a C? X e C (Artigo 2133º)


c) A e C vão a passear no automóvel que se despeita. Quem sucede a A e a C,
respetivamente? E se B repudiar? Trata-se de um caso de comoriência (Artigo 68º,nº2)
B sucede a A. X sucede a C. Quando não se sabe quem morreu primeiro, não sucedem
um ao outro. Um dos requisitos da sucessão é a sobrevivência, logo nem A nem C se
sucedem. Se B repudiar, a herança vai para o Estado. X não sucede a A , sendo seu
afim, não consta na classe de sucessíveis (Artigo 2133º).

Capacidade Sucessória

 Ativa
 Passiva

Os menores, os maiores acompanhados a quem o Tribunal tenha declarado que não


podem, pessoas coletivas não podem testar. Os menores só podem testar através da
substituição pupilar (Artigo 2297º).

Para suceder é preciso ter personalidade jurídica (Artigo 68º)

O nascituro é o ser que já foi concebido e ainda não nasceu, enquanto que o
concepturo é o ser que ainda não foi concebido, embora haja a esperança que venha
ser.

Na sucessão, tem capacidade sucessória as pessoas singulares que tenham


personalidade jurídica, incluindo os nascituros e concepturos. Os concepturos tem que
ser de pessoa viva, por exemplo: filhos ainda não concebidos do meu filho que já é
pessoa determinada e viva, se eu ainda não tiver filhos não posso. Por sucessão
testamentária - é aquela que é deferida por testamento - na qual podem suceder
pessoas coletivas, sociedades e nascituros ainda não concebidos (Artigo 2033º). As
pessoas coletivas que podem ser instituídas por testamento são as fundações (Artigo
185º).

Indignidades

Diz-se indigno, aquele que esteja numa situação em que tendo praticado um ato ilícito
tem como sanção, o afastamento da sucessão. As causas de indignidade integram
apenas dois grupos: são indignos os que pratiquem certos crimes contra o autor da
sucessão ou seus familiares e aqueles que pratiquem atos ilícitos que atinjam o
testamento ou a liberdade de testar (Artigo 2034º). A
indignidade tem que ser declarada em ação intentada ou pelo autor da sucessão ou
pelos legitimários. No entanto, a sentença tem efeito meramente declarativo. O
indigno pode ser reabilitado (Artigo 2038º).

Incapacidades

 Indignidade (Artigo 2034º) - É necessário que seja declarada a indignidade,


apesar da sentença ter valor meramente declarativo e não constitutivo. O
indigno pode ser reabilitado (Artigo 2038º).
 Deserdação - Tem requisitos restritos. É sempre e só de sucessíveis legitimários.
É uma ilegitimidade sucessória passiva; não é testamentária; é para qualquer
sucessão e tem que ser determinada em testamento (não podendo ser feita
verbalmente, nem por carta). Segundo o Artigo 2166º, a deserdação é feita
pelo autor da sucessão, em testamento, com expressa indicação da causa –
este elemento é muito importante porque o deserdado pode impugnar a
deserdação, com fundamento na inexistência de causa invocada. A diferença
entre indignidade e deserdação: a indignidade não opera de direito, na medida
em que tem que ser declarada, mas de qualquer maneira não é necessário um
testamento para que alguém seja declarado indigno. A deserdação tem os
mesmos efeitos que a indignidade, ou seja, gera uma ilegitimidade sucessória
passiva.

O título de vocação não atribui bens, atribui antes o direito de suceder. O conteúdo do
direito de suceder contém o direito de aceitar ou de repudiar.

1.  A é autor da sucessão, tem dois filhos, B e C. B tem um filho D.

a) D é indigno em relação a B. De onde advém a D o direito de suceder a A?

b) B é indigno em relação a A. Pode suceder?

Resposta: Por morte de A, são chamados à sucessão B,C,D,E (Artigo 2133º).

Temos como títulos de vocação: 1. vocação sucessória B,C,N; 2. vocação contratual


ninguém preenche; 3.vocação testamentária ninguém preenche; 4.vocação legitimária
B,C,D,E,N,Estado.

À luz do Artigo 2133º, nº1, alínea a) preenche a primeira classe de sucessíveis, o


cônjuge e descendentes, sendo N,B,C,D,E. Segundo o Artigo 2135º, N,B e C preferem,
dado que os parentes de grau mais próximo preferem os de grau mais afastado (regra
da preferência).
Segundo o Artigo 2137º, nº2, se apenas algum sucessor não puder ou não quiser
(como é o caso, se B repudiar), a parte de B acresce aos outros da mesma classe
(direito a acrescer). Contudo, o Artigo 2138º, o direito de acrescer não prejudica o
direito de representação. O direito de representação (Artigo 2039º), dá-se a
representação sucessória quando a lei chama os descendentes de herdeiro ou
legatário, a ocupar a posição deste quando não pode ou não quis (como é o caso).

O Artigo 2137º, nº2 diz que a parte de B vai para C e N, por acrescer. O Artigo 2039º
fala da representação. Estamos perante uma sucessão legal (Artigo 2042º), logo, existe
representação para os parentes da linha reta em benefício dos descendentes do filho
do autor da sucessão, que são D e F. Estando perante a representação sucessória e o
direito a crescer, prevalece a figura da representação (Artigo 2138º).

Na 1ª classe temos N,B,C,D,F.

 B é indigno em relação a A. Quem sucede a A?

Resposta: A indignidade de B gera uma incapacidade. D sucede em representação de B


(Artigo 2043º). O 1/3 do B acresce a C e N (Artigo 2137º, nº2). A parte de B vai para D.

 Se B repudiar. Quid Juris?

Resposta: O 1/3 do B é dividido metade para C e para D. 1/3 +½ x 1/3 = 1/3 + 1/6 = 2/6
+ 1/6 = 3/2 =2. Porém, B tem um filho e a sua parte não acresce a C e D. Assim sendo, a
quota de B vai para o seu filho D, por força da representação (Artigo 2042º). A
representação afasta o acrescer (Artigo 2138º). Portanto, C recebe 1/3, D recebe 1/3 e
N recebe 1/3.

 Que quota recebe cada um dos sucessores?

Resposta: Cada um recebe 1/3. 1/3 : 3 = 1/9 , porque 1/3 x 3/1 = 1/9.

 Se D e F não existirem. Quid Juris?

Resposta: Passa-se para a seguinte classe.

 O facto de D ser indigno em relação a B impede-o de suceder a A?

Resposta: Não o impede (Artigo 2043º). D não pode suceder a B por ser incapaz em
relação a este. Porém, D pode suceder a A em representação de B porque estamos
perante uma vocação indireta, o que está em causa é D não ser indigno em relação a A
(Artigo 2059º).

2. (Igual ao caso anterior) Se nenhum deles for indigno e B repudiar, quem sucede a A?
Entretanto, C morre sem aceitar nem repudiar a herança. Quando A morre,
sobrevivem-lhe os seus filhos B mas com o desgosto de saber que A morre, C tem um
ataque e fica em coma sem dar acordo de si. C morre sem recuperar a consciência.

Resposta: Ao serem chamados B,C e N recebem o direito de aceitar ou repudiar a


herança. Portanto, não obstante de C estar inconsciente e morrer sem recuperar a
consciência, nem aceita nem repudia e morre e assim não exerce o direito de suceder.
O direito de aceitar ou repudiar transmite-se aos herdeiros (Artigo 2058º). Assim, D, F
e N sucedem a A.

1. F é indigno em relação a C.

Resposta: Neste caso, esta indignidade não é relevante porque D recebe o direito de
suceder indiretamente de A (Artigo 2058º, nº1). F não é representante de C porque
este não aceitou nem é indigno a A. O direito de F suceder a A advém dos restantes
bens e direitos por sucessão de C. F não é indigno em relação a C portanto não recebe
(Artigo 2058º, nº2).

O direito de F suceder a A advém-lhe com a sucessão de C. Se F repudiar a sucessão de


C , e é incapaz de suceder a C já não recebe o direito de suceder a A.

Interpretação do Artigo 2058º: 1.“Se o sucessível C chamado à herança de A falecer


sem a haver aceitado ou repudiado a herança de A, transmite-se aos seus herdeiros o
direito de a aceitar ou repudiar.

1. “A transmissão só se verifica se os herdeiros aceitarem a herança do falecido C,


o que os não impede F de repudiar, querendo, a herança de A a que este fora
chamado.”

Portanto, a transmissão só se de se F aceitar a herança de C, mas para aceitar a


herança de C , F precisa de ser capaz em relação a C. F sendo indigno não tem
capacidade. Porém, a sua indignidade não o impede de repudiar. Quando C morre, F
recebe dois direitos de suceder, que são o direito de suceder a C e na herança de C
está lá o direito de suceder a A que era de C e diz o Artigo 2058º, nº2 para que F
suceda a A por via de transmissão do direito de suceder, é preciso que aceite a herança
de A. Se F repudiar a herança de C não lhe vem o direito de suceder a A, mas ele pode
querer o
direito de suceder a A apenas. Não pode repudiar a herança de C porque se o fizer não
sucede a A. Em suma, F não pode suceder a A porque tal direito advém da herança de
C. F não pode suceder a C porque é indigno em relação a este. Neste caso, para que C
suceda a A basta-lhe ser capaz em relação a C.

 F é indigno em relação a A mas não é indigno em relação a C, pode suceder a


A?

Resposta: Não, pois é indigno em relação a A (Artigo 2034º).

NOTAS

-Na sucessão legal, a representação afasta o acrescer

-O direito de suceder deve ser exercido no prazo de dez anos (Artigo 2059º)

Vocações volitivas
Morre o autor da sucessão - vocação - com a vocação adquire-se o direito de suceder.
Exerce o direito de suceder, aceita e com a aceitação torna-se proprietário (Artigos
2050º e 2051º).

A pré-condição para a representação sucessória é que o que que for chamado não
queira ou não possa. (Artigo2039º) Não poder, pode ser por incapacidade de pré-
morte ou não sobrevivência, indignidade, deserdação ou ausência. Nestas quatro
situações não pode suceder o ausente, o indigno, o deserdado e aquele que morre
antes do autor da sucessão.
A mesma constante, não puder ou não quiser, é também pré-requisito no direito a
crescer (Artigo 2137º, nº2)

1. C é autor da sucessão. C é filho de B. B é filho de A. A tem dois filhos, G e E. E


tem um filho F. G tem um filho H. C tem um filho D. D é indigno em relação a
C e A é pré-falecido. E é pré-falecido. Quem é chamado à sucessão de A?

Resposta: 1º classe D; 2º B e A , B seria o primeiro a ser chamado (Artigo 2135º); 3ª


ninguém preenche; 4º classe preenchem G, E, H,F, primeiro são chamados G e E por
força da regra da preferência de grau e porque os de grau mais próximo
afastam/preferem os de grau mais afastado (Artigo 2137º,nº1 e 2135º).
F não sucede porque não há representação em benefício de primos, só de
descendentes de filhos e de irmãos. F é descendente de tio (Artigo 2042º).
H e F só seriam chamados se G repudiasse a herança (Artigo 2133º)
2. A é autor da sucessão. A é pai de B e C. C é pai de D e E. C é pré-falecido.
Quem sucede a A?

Resposta: B,D,E sucessores de A. Na sucessão legal, existe representação em benefício


dos descendentes do filho C do autor da sucessão A (Artigo 2042º). A estirpe de C é
composta por D e E. B recebe ½ e D e F recebem metade da parte de C. Portanto, a
metade de ½ é ¼ (½ :2 = ½ x ½ = ¼)

NOTA
-A estirpe é composta por uma pessoa e seus descendentes.

 C é pré-falecido. Tem dois filhos D e E. D repudia. D tem dois filhos, L e Z. L


repudia.

Resposta: D ao repudiar, a sua quota transmitisse para os seus filhos L e Z. Porém, L


também repudia, logo, a quota de D transmitisse apenas para C. A quota de D. Assim
sendo a quota de L acresce à quota de C e E, pois são da mesma classe (Artigo 2137º).
C recebe 1/8 e E recebe 1/8 da herança.

Vocações anómalas

Podem ser:
 Indiretas – casos em que alguém é chamado à sucessão, não apenas em
atenção à relação existente entre o sucessível e o de cujos, mas também em
função da sua posição em face de um terceiro que não entra na sucessão, mas
serve de ponto de referência para a devolução (entrega dos bens).
o Substituição vulgar ou direta (Artigo 2281º) - o sucessível não quer ou
não pode aceitar. Exemplo: A é autor da sucessão e deixas bens a B,
sendo que este se não quiser ou não puder aceitar, vão para F.

o Acrescer (Artigo 2301º) - o sucessível não quer ou não pode aceitar.


Exemplo: A tem como herdeiros, B e C. C repudia e a sua quota acresce
à de B.

o Representação (Artigo 2039º) - o sucessível não quer ou não pode


aceitar. Exemplo: A tem como herdeiro B, que tem um filho C. B repudia
a herança de A. C irá representar sucessoriamente o pai B.

 Sucessivas – aquelas que são chamados sucessivamente (primeiro um e depois


outro); é repartida por momentos diferentes em benefício de cada sujeito ou
de cada categoria de sujeitos.
o Substituição fideicomissária (Artigo 2286º) - quando uma pessoa atua
como cuidador dos bens. Exemplo: A é autor da sucessão e institui B
como herdeiro universal. Mas no testamento estabelece que por morte
de B, os bens vão para C. Aqui há uma substituição fideicomissária, em
que B é fiduciário e C fideicomissário.

1. A é autor da sucessão e institui como seus herdeiros B e C. C tem um filho, E.


A estabelece no testamento que se C não aceitar os bens dele, estes vão para
F. C repudia. Quid Juris?

Resposta: A substituição vulgar afasta tanto a representação testamentária (Artigo


2041º,nº2) como acresce (Artigo 2034º). Assim, os bens de A irão para F.

NOTA: Não aceitar =repudiar


Não poder aceitar =é um não poder jurídico e não de facto ou físico, pois se for este o
caso, aplicamos a transmissão (Artigo 2058º); este dá-se quando a pessoa é indigna,
deserdada, ausente ou pré-morta.

Efeitos das convocações indiretas


Atribuição ou chamado indiretamente dos mesmo direitos e obrigações que deveriam
pertencer ao sucessível afastado.

Direito de representação
Artigos 2039º a 2045º
É o chamamento por lei dos descendentes de um herdeiro ou legatária a ocupar a
posição daquele que não pode ou não quis aceitar a herança ou legado.
A representação dá-se em qualquer espécie de sucessão legal (legitima ou
legitimária) e voluntária (testamentária ou contratual).
A representação dá-se tanto para a instituição de herdeiro, como na nomeação de
legatário.
A representação dá-se em todos os casos em que o chamado não pode ou não quis
aceitar.
Só há representação para descendentes de filho e descendentes de irmão falecido
(Artigo 2042º).
Aquele que é representado entra na sucessão.
Da representação não há sucessão do autor da sucessão para o representado.
O representante tem que ter legitimidade em relação ao autor da sucessão, mas não
ao representante (Artigo 2043º).
Os beneficiários da vocação representativa são os descendentes do sucessível faltoso.
A representação é aplicada independentemente do grau de parentesco (Artigo
2042º).

1. A morre. Tem um filho B e um neto C. Tem dois irmãos, M e L e o seu pai é E,


que tem outro filho, H. F é pai de E. Quem sucede a A? Tendo contra que B
repudia.

Resposta: Apesar de J ter sido instituído herdeiro universal, este só irá receber 1/3 da
herança, dado que temos de respeitar a chamada legitima (Artigo 2156º), atribuída
aos filhos B e C. Contudo, B repudia, o que faz com que D e E recebam a parte de B, de
acordo com a representação sucessória (Artigos 2039º e 2042º). Assim, o total de
quota de C,D e E será de 2/3, em que C recebe 1/3 e D e E recebem 1/6 cada um
(Artigo 2159º,nº2).

Na sucessão testamentária, não poder ou não querer aceitar é só nos casos de não
sobrevivência ou repúdio, se for afastada por indignidade não se abre a representação,
ao contrário do que acontece na sucessão legal (Artigo 2037º, nº2):
a) Substituição vulgar;
b) Pelo fideiocomisso;
c) No caso dos direitos pessoais;

-O representante deve ter capacidade em relação ao autor da sucessão.


-É indiferente a situação dos representantes em relação aos representados (Artigo
2043º)
Exemplo: A morre com dois filhos, B e D. B tem um filho, C. D tem um filho, E. Todavia,
B é indigno em relação a A e C é indigno em relação a B. D morre sem aceitar ou
repudiar a herança do pai. E é indigno em relação a D.

Representação Sucessória

Dá-se a representação sucessória quando é chamado o sucessível prioritário, este não


pode ou não quer aceitar obrigando a que se chame o seu representante (Artigo
2039º). As situações a que se reportam são:
 Pré-morte
 Indignidade
 Deserdação
 Ausência
O “não pode” refere-se a estas quatro situações. É um não poder jurídico e não um
poder de facto. Não querer aceitar manifesta-se repudiando a sucessão.

O pressuposto é o herdeiro não puder ou não querer aceitar.


Os representantes sucessórios são, ou estamos a falar de:
1.sucessão legal – abre-se em dois casos, em sucessão legitimaria para os legitimários
(Artigo 2156º e ss) e sucessão legitima (Artigo 2131º e ss) quando o autor da sucessão
não tenha disposto valida e eficazmente da totalidade ou de parte dos seus bens.
2.Também se dá na Sucessão testamentária (o título de vocação chamamento dos
sucessores é o testamento) .

A representação também se dá na sucessão testamentária. Gozam de direito de


representação os descendentes do que faleceu ou do que repudiou (Artigo 2041º).

Em benefício de quem se dá a representação na sucessão legal (Artigo 2042º). A


representação dá-se sempre na linha reta. São chamados os descendentes, em
representação daquele que repudia. Portanto, na sucessão legal dá-se em benefício
daquelas alíneas. Por exemplos:
i. A é autor da sucessão, designa como herdeiro universal B. B tem um filho C. B
repudia. É chamado o seu descendente (Artigo 2041º);
ii. A institui como herdeiro universal B. B é pré-falecido. B tem um filho C. Dá-se a
representação sucessória de C (Artigo 2041º);
iii. A institui como herdeiro universal B. B tem um filho C. B é indigno m relação a
A. Para quem vão os bens de A? Na sucessão testamentária, a representação só
se abre em benefício dos descendentes do sucessível designado nos casos de
não sobrevivência ou repúdio. Na sucessão legal, a representação dá-se em
benefício dos descendentes do autor da sucessão. Ou seja, em todas as
hipóteses de não puder ou não querer (Artigos 2041º e 2042º).

1. A é autor da sucessão. A tem dois filhos, B e C. C tem dois filhos, D e E. C


repudia. Quid Juris?
2. Resposta: Por morte de A são chamados à sua sucessão filhos B e C como
sucessíveis prioritários.
Repudiando C, a regra do Artigo 2137º,nº2, determinaria que a sua quota acrescesse
à de B. Nos termos do Artigo 2137º, nº2 já que B é o outro sucessível da mesma classe
e do mesmo grau, chamado como C.
No entanto, C tem 2 filhos que são D e E. Segundo o Artigo 2042º que determina que
em caso de o descendente filho, chamado à sucessão, não puder ou não querer aceitar
é sucessoriamente representado pelos seus filhos. Nesta medida, temos duas regras
que apontam em sentido diferente, uma que determina o acrescer e outra que
determina a representação. Nos termos do Artigo 2138º, a representação afasta o
acrescer, pelo que sucedem D e E.
D e E sucederam em partes iguais a quota de C (Artigo 2044º). D e E sucedem em
partes iguais na quota de C (Artigo 2136º).
Em conclusão, B recebe metade, D recebe 1/4 e E recebe ¼.
3. A é autor da sucessão. Institui como herdeiro universal B. no testamento
estabelece que se B repudiar, a sua quota vai para C. B tem um filho D. B
repudia. Quid Juris?

Resposta: Por morte de A, é chamado à sucessão B, instituído como seu herdeiro


universal. B tem um filho, D. Por morte de A, acrescenta no testamento que se B não
puder ou não quiser aceitar, sucederá em seu lugar, C. Pela regra da representação,
por morte do sucessível prioritário devia suceder-lhe o seu representante (Artigo
2041º,nº1), ou seja, D, descendente de B. No entanto, o Artigo 2041º,nº2, alínea a)
estabelece que se o sucessível prioritário na sucessão testamentária, repudiar a
herança, é chamado o seu substituto em detrimento ou prejuízo do seu representante
sucessório, já que a substituição direta afasta a representação. A representação não
prevalece sobre a substituição direta.
A figura que temos em presença é a substituição direta ou vulgar (Artigo 2281º).
Porém, B tem um filho, que goza do direito de representação (Artigo 2041º).
Este caso reporta a dois artigos entre si em conflito. Ou seja, pela regra do Artigo
2281º, a porção de B ia para C e pela regra do Artigo 2041º, que é aplicado por
estarmos perante sucessão testamentária, a porção de A ia para C. Assim, a figura que
iremos aplicar é a do Artigo 2041º,nº2, alínea a), C sucede a A.

4. A é autor da sucessão. Institui como seu herdeiro universal B, mais estipula


no testamento que se B não puder aceitar, é substituído por C. B tem um filho
D. A tem um filho M. QJ?

Resposta: O princípio é respeitar a vontade do autor da sucessão em tudo que não


contrarie a lei. A pode deixar tudo a B, a lei não o proíbe. Porém, segundo o Artigo
2156º menciona a legitima da qual o testador não pode dispor certos bens, por estes
serem legalmente destinados aos seus herdeiros legitimários. Os herdeiros legitimários
são cônjuge descendente e ascendente. (Artigo 2157º). O testador pode dispor dos
seus bens por contrato e testamento.
Há uma porção de bens de A, tendo ele um filho M, de que ele não pode dispor. A lei
não proíbe que A deixe tudo a B, o que a lei diz é que o herdeiro legitimário que seja
lesado pode requerer a redução da liberdade inoficiosa (Artigos 2168º e 2169º). M diz
que não podem os bens de A irem todos para B, apesar de ser a vontade A porque B
tem direito à sua legitima. Em caso de a A sobrevir um filho, a legitima de M é metade
da herança (Artigo 2158 e 2159º, nº2). A quota de B seria reduzida para metade.

 B repudia
Resposta: Tendo D um filho, representaria B (Artigo 2041º, nº1). B é um sucessor
testamentário. A substituição afasta o acrescer, (Artigo 2041º, nº2, alínea a)) logo,
sendo vontade de A, que em caso de B não puder aceitar ou querer os seus bens
reverteriam para C, esta vontade afasta a representação, na medida em que a
substituição direta prevalece sobre a representação.
M recebera metade e C receberá outra metade.

1. A é autor da sucessão. A é filho de B. B tem um filho, irmão de A, que se


chama C. B tem ainda um terceiro filho, irmão de A, que se chama D. D tem
dois filhos, F e G. G tem dois filhos, H e I. B é pré-falecido. Quem é chamado à
sucessão? (Sucessão por estripes).

Resposta: Sendo B (pai) pré-falecido, abre-se a sucessão legitima, já que não há


testamento (Artigo 2131º). Os sucessíveis são chamados pela ordem do Artigo 2133º:
primeira classe não há, segunda classe não há (pai pré-falecido), terceira classe está
preenchida, são chamados os irmãos de A, C e D. A quota de cada um será de ½ , ou
seja, cada um recebe metade da herança (Artigo 2136º).

 D repudia.

Resposta: São chamados C e os filhos de D, F e G por força do direito de representação


(Artigo 2142º).C tem preferência de grau, e assim, o Artigo 2137º, nº 2 diria que a
parte de D vai toda para C. Porém, o Artigo 2138º diz que este acrescer do Artigo
2137º,nº2 é prejudicado pela representação. O artigo 2042 esclarece isso mesmo. F e
G são descentes de irmão, cabem no Artigo 2142º. Há representação em benefício dos
descendentes do irmão do falecido (Artigo 2142º). A quota de D reverte para F e G.
Cada um dos filhos, F e G, receberá ¼.

 G é pré-falecida

Resposta: São chamados H e I, por força direto de representação. São descendentes


de irmão (D). H e I recebem a parte de G , logo, ¼: 2 = ¼ x ½ = 1/8.
Estamos a falar da sucessão por estirpe, que é composta por uma pessoa e os seus
descendentes.
A é autor da sucessão. B e G são pré-falecidos. D repudia. Como G é pré-falecido, são
chamados em representação os filhos H e I.
F,,H,I compõem a estirpe de D e sucedem representativamente em seu lugar. F,H,I
recebem no seu conjunto metade, que é a quota de D. Quem compõe a estirpe de D é
composta por F,H,I. A estirpe de Diogo compreende dois ramos ou subestirpes, a
subestirpe de F e a subestirpe de G. Portanto, H e I devem receber naquilo que G
sucederia. H e I representam Graça (Artigo 2042º, 2ªparte). Assim, C receberá metade,
F recebe ¼, H recebe 1/8 e I recebe 1/8.
1. A é autor da sucessão, institui como herdeiros universais B, C e D. Quem
sucede A?

Resposta: B,C,D. Cada um recebe 1/3. A herança a dividir por 3 = 1/3.

 C repudia.

Resposta: A quota de C acresce aos outros herdeiros instituídos (Artigo 2301º). A


quota de C é distribuída e acresce a B e D (Artigo 2301º). B receberia 1/3 (a que já
tinha direito) mais a metade do terço de C, logo, 1/3 x (1/2x1/3)= 1/3 + 1/6 = 2/6 +1/6
= 3/6 = ½.

1. A é autor da sucessão, institui como herdeiros B,C,D, deixa a B metade (½), a


C ¼ e a D ¼. D repudia.

Resposta: Artigo 2301º, nº2. A quota de D vai para B e C. A quota do D não será
repartida em partes iguais, ficando B com o dobro que C fica.

1. A é autor da sucessão. A é filho de B. B tem outros dois filhos, C e D. B é pré-


falecido. Quem é chamado primeiro à sucessão?

Resposta: C e D por força do 2133º, nº1, alínea c). Como não há testamento, abre se a
sucessão legitima (Artigo 2131º). Não há primeira classe, na segunda há um
ascendente B mas é pré-falecido. Sendo B pré-falecido diz o Artigo 2137º, nº1, B não
pode aceitar porque não preenche o requisito da sobrevivência (é pré-falecido), são
chamados os da classe seguinte os imediatos sucessores. O Artigo 2134º também diz
que os herdeiros de cada uma das classes preferem aos das classes imediatas, que é o
caso. Passa-se à segunda classe onde estão o cônjuge e ascendentes, como B é pré-
falecido não sucede. Passamos à terceira classe, não está indicado, mas resulta do
Artigo 2134º, o cônjuge é chamado à totalidade da herança. Portanto, na 3ªclasse é
chamado o cônjuge sozinho. Não há cônjuge, portanto, também não é chamado o
cônjuge sozinho. Assim, passa-se à classe seguinte (4ªclasse), onde estão irmãos e seus
descendentes. Logo, C e D receberam metade da herança.
 C também é pré-falecido
Resposta: Sendo C pré-falecido a sua parte não acresce à de D, sendo chamados em
representação de C, os filhos que são D e E. Segundo o Artigo 2137º, nº2, refere que D
receberia a parte de C. contudo, o direito de representação não é prejudicado. Logo, à
luz do Artigo 2138º, a regra do acrescer do artigo anterior não prejudica o direito de
representação. Sendo D e E pertencem à estirpe de C e repartem entre si a quota de C
(Artigo 2044º, nº1). Os representantes de cada estirpe sucedem naquilo que sucederia
o ascendente respetivo. Assim, D recebe ¼ e E recebe ¼. A representação afasta o
acrescer (Artigo 2137º, nº1)
1. A é autor da sucessão, tem dois filhos B e C. B tem um filho, D. C tem
como filhos, E ,F, I, G e H. Considerando que B repudia e C é indigno em relação a
A. Quem sucede e quais são as quotas?
Resposta: São chamados à sucessão de A, o B e C. Como B repudia, sobrevivendo-lhe
um filho, não se dá o acrescer de C sobre a parte de B, já que há representação. Na
quota de B sucede como seu representante, D (Artigo 2042º). Quanto à quota de C,
sendo ele indigno não pode suceder a A, dir-se-ia que C e os seus descendentes
acresceriam na quota de B, mas não é assim, nos termos do Artigo 2138º, os
representantes de C representá-lo-ão na sucessão de A. assim cada um deles receberá
1/5 da quota de C, ou seja, 1/10 da herança de A (Artigo 2045º).

Substituição

Substituição Direta

O testador pode substituir outra pessoa ao herdeiro instituído, para no caso deste não
puder ou não querer aceitar é o que se chama substituição direta (Artigo 2281º, nº1).
A substituição prevalece sobre a representação (Artigo 2041º, nº2, alínea a)). A
substituição afasta o acrescer (Artigo 2304º). A substituição tanto pode ser plural,
quando o testador indica vários substitutos para o caso de o sucessível não puder ou
não querer aceitar, por exemplo: A institui como herdeiro universal, B, e estabelece
que se B não aceitar, é substituído por C, D e E. A substituição também pode ser
recíproca (Artigo 2283º).

1. A é autor da sucessão. A institui como seus co-herdeiros B e D. B tem um filho


M. A mais estipula no testamento que se B não puder ou não quiser aceitar, é
substituído por C. B repudia. Quem é chamado A à sucessão e qual a quota?
Resposta: Por morte de A, seriam chamados B e D. B ao repudiar, a sua parte não
acresce à quota de D (Artigo 2301º) porque o testador dispôs outra coisa (Artigo
2304º). Pelo repudio de B, também não representação em benefício de M, por força
do Artigo2041, nº1, porque a substituição afasta sobre a representação (Artigo 2041º,
nº2, alínea a)). D ficaria com tudo por força do Artigo 2301º. Porém, não acresce,
porque a substituição afasta o acrescer (Artigo 2304º).
2. A institui como herdeiro universal, B, e estabelece que se B não aceitar, é
substituído por C, D e E. B repudia. Quem sucede a A?
Resposta: Recebe C,D,E. Cada um recebe 1/3 (Artigo 2282º).
3. A é autor da sucessão. A institui como seus co-herdeiros, B e C. No
testamento estabelece se B ou C não aceitarem são substituídos por D. Se B
repudia, a sua quota vai para quem?
Resposta: A quota de B vai para D. Não acresce a C, porque nos termos do Artigo
2301º, a substituição afasta o acrescer.
4. A é autor da sucessão. Institui como co-herdeiros B e C. A estabelece no
testamento que se B não aceitar a sua parte vai para C. Se C não aceitar, a sua
parte vai para B.
Resposta: Aqui a substituição é recíproca (Artigo 2283º).

Substituição Fidiocomissária

(Artigo 2286º) Por exemplo: A é autor da sucessão. Institui como seu herdeiro
universal B. A mais determina que B deve conservar os bens recebidos durante toda a
sua vida, para que por sua morte eles revertam para C. Assim, por morte de A é
chamado B à totalidade da herança. B deverá conservar os bens e por sua morte, fazê-
los chegar a C. B chama-se fiduciário. C é fideicomissário.
Só é admitido o fideocomisso num grau, ou seja, não é lícito a A instituir B como
fiduciário e determinar que morte de B, os seus bens reverteram para C e também que
por morte de C, os seus bens reverteram para D. E também, por morte de D os seus
bens reverteram para E - não é permitido (Artigo 2288º).
O fiduciário disfruta dos bens, mas está sujeito à reversão. Ele tem o gozo e a
administração dos bens como o usufrutuário. No entanto, o fiduciário é um verdadeiro
titular dos bens (Artigo 2290º).
A fiducia significa confiança, por morte passar a outra pessoa.

1. A é autor da sucessão, institui como herdeiro universal B, determinando que


B deve conservar os bens, para que eles revertam para C. B tem um filho, D. B
repudia. Para quem vão os bens?
Resposta: Teríamos aqui uma situação de representação (Artigo 2041º). Logo, B seria
substituído por D. B ao repudiar, aplica-se não o Artigo 2041º, mas o artigo 2293º,
nº3. Porém, os bens vão para C. C recebe os bens com a morte de B.
2. A é o autor da sucessão. A institui como herdeiro universal B, tendo este o
encargo de conservar os bens, para que eles revertam para sua morte para C.
C repudia a herança. C tem um filho D.
Resposta: B é fiduciário. C é fideocomissário. Estando perante uma vocação
testamentária, seria chamado D (Artigo 2041º, nº1). É afastada a representação (Artigo
2041º, nº2b). Mas, segundo o Artigo 229º, nº2, B ficaria com os bens a título definitivo.

Você também pode gostar