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Direito da Família – 1º semestre – 4º Ano

21.09.2022

 Avaliação: 2 frequências – 9 novembro (2 perguntas teóricas e 1 caso prático)


 Horário de atendimento: Quinta-feira

Livros: “Direito da família” de Guilherme de Oliveira


Jorge Duarte Pinheiro – “Direito da família contemporâneo”

Código Civil

1. INTRODUÇÃO:

FAMÍLIA: Conjunto de normas jurídicas que regulam a instituição da família.


No CC não existe definição de família, porque se entende que “família” é suscetível de alteração quer no tempo, quer
no espaço (ex.: o casamento entre o mesmo sexo antigamente não era aceite).
O conceito de família vai variando, por exemplo, surgiu o termo jurídico “famílias recombinadas” - A era casada e
divorciou-se, B era casado e divorciou-se, depois A e B casam. Outro exemplo recaí sobre o ano de 2016, que veio aceitar
filhos de pai anónimo. Assim sendo, direito da família é uma área do direito que é suscetível de ordem rural, moral, política,
etc. - tudo influencia o direito da família.
Embora não exista uma noção de família de acordo com o artigo 1576º CC que vem consagrar as fontes das relações
jurídicas familiares, conseguimos perceber que a família é entediada como um grupo de pessoas unidas entre si por
qualquer relação jurídica familiares que está prevista neste artigo.

FONTES DAS RELAÇÕES JURÍDICAS FAMILIARES:

 Casamento
 Parentesco: estabelecimento da filiação + responsabilidade parental
 Afinidade: não tem autonomia no CC
 Adoção: regime próprio

A família tem uma proteção constitucional muito importante – artigo 67º CRP – considera a família como um elemento
fundamental da sociedade. O próprio artigo 36º CRP consagra o direito de constituir família e casamento.

EVOLUÇÃO DO DIREITO DA FAMÍLIA:

Até ao CC de 66:
 Marido era o chefe da família
 Permitido o divórcio no casamento civil e na modalidade litigiosa
 Diferenças entre o filho nascido dentro do casamento e o filho fora do casamento (este era ilegítimo com tratamento
jurídico diferente)
Revolução do 25 de abril -> CC em 77:
 Eliminou-se a discriminação entre filhos legítimos e ilegítimos
 Alterou legalmente o nível do instituto de adoção -> alargou-se os requisitos quanto a quem podia adotar.
 Eliminou a figura do chefe de família - começou a vigorar o princípio da igualdade
 Permitiu o divórcio aos casados na modalidade de casamento católico
 Introduziu o divórcio por mútuo consentimento

Lei nº32/2016 da “procriação medicamente assistida”: veio regular a prática em Portugal das técnicas de PMA, estando
assente no princípio da subsidiariedade. Este procedimento só era permitido por motivos de infertilidade, casos de doenças
genéticas ou de outro tipo para evitar a transmissão da doença à criança que viesse a nascer.
Em 2016 temos duas alterações:

1. Permitiu-se que mulheres solteiras ou casais mulheres recorressem ao PMA


2. O legislador veio permitir que em determinadas situações mediante o preenchimento de certos requisitos se pudesse
recorrer ao método da mulher gestante com o seu consentimento gerar e dar à luz uma criança para beneficiários, esta
comprometia-se a renunciar ao estatuto jurídica de mãe daquela criança.

O modelo foi pensado para situações excecionais, mas não fora colocado limites para quem podia ser a gestora e os
beneficiários. Desta forma, 50 pedidos para esta prática provinham de estrangeiros. Outro problema, recaia sobre os direitos da
gestante que tinham o seu consentimento limitado, e tal não podia acontecer.
Só no final de 2021 saí uma alteração a esta lei. Porém, esta lei ainda não tinha regulamentação que deveria ter saído 30
dias depois da publicação da lei, mas até hoje ainda não fora publicado. – Estação de substituição.
Em novembro de 2021, devido a um caso verídico, o legislador veio admitir que era possível a inseminação pós-morte
se houver material e consentimento do falecido.

Lei nº09/2010 – veio permitir o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo
Reforma de 2008 – regime jurídico do divorcio
Reforma de 2015 – regime jurídico da adoção
Reforma de 2001 – regulação da união de facto (semelhante ao casamento)

Direito atual da família é um direito que não é apenas constituído pelas relações jurídicas consagradas
expressamente no CC – artigo 1576º - temos outras relações familiares (unia de facto, economia comum, etc.). Por outras
palavras, temos a constituição da família para além do núcleo tradicional, temos as novas famílias que podem ser as
recombinadas, monoparentais, etc.
Atualmente, o direito da família funda-se no sentimento mútuo de ligação entre as pessoas que constituem uma
determinada relação jurídica familiar, acabou por perder a função económica da família, ideia de que a família era vista como
sustento. A própria função educativa de existência tradicionalmente associada às famílias foi perdendo a sua força.

O direito da família é um ramo do direto civil. Este tem uma forte componente pessoal, mas também com
influência patrimonial, sobretudo pela questão dos efeitos patrimoniais do casamento. Tem, ainda, ligação com outros ramos
jurídicos, como o das sucessões, mas também direito fiscal, segurança social, etc.
O princípio da autonomia da vontade também está presente no direito da família, mas com menor intensidade e
maior limitações, porque está no direito das obrigações. Existe uma forte proteção de interesses públicos subjacentes ao direito
da família, que é demonstrado pela intervenção das autoridades judiciais em vários aspetos do direito da família (ex.:
constituição e extinção do casamento; adoção).

FONTES DO DIREITO CIVIL DA FAMÍLIA:


- Fontes nacionais:

 CRP
 Código civil
 Lei da união de facto
 Lei nº6/2001;
 CRC
 Lei da liberdade religiosa nº16/2001;
- Fontes internacionais: ???

22.09.2022

Direito da família na constituição da república portuguesa

- princípio da dignidade da pessoa humana art.º 1 CRP


 Art.º 26 CRP – direito ao livre desenvolvimento da personalidade (respeito pela vida privada e familiar)
 Art.º 36 CRP – direito a constituir família e contrair casamento
 Art.º 67 a 72 CRP – direitos sociais

Os direitos fundamentais consagrados na constituição tem assumido um papel relevante na formulação do direito da família,
não só no ordenamento jurídico português, mas também no contexto do direito comparado, cada vez mais as constituições
têm formulado novos direitos e sobre tudo tem dado novas interpretações ou dimensões aos direitos já consagrados.
A nossa constituição tem influenciado o direito da família contemporâneo.

→ Analisando individualmente cada uma desta normas e começando pela que se destaca mais:

Art.º 36 CRP: nº1 encontra-se consagrado o direito constitucional a contrair casamento e a constituir família, quando o art.º
36 diz que todos têm o direito a constituir casamento em condições de plena igualdade.

Será que todos têm direito a constituir casamento em plena igualdade?


Embora o art.º 36 consagre a igualdade de direitos quanto à constituição do casamento, não pode ser interpretado de forma
literal ou absoluta porque existem impedimentos matrimoniais, que podem ser absolutos e relativos. Os absolutos obstam à
celebração de casamento, independentemente da pessoa.

O que o art.º 36 CRP pretende essencialmente quando fala dessa igualdade é impedir que se verifique uma discriminação
que não seja justificada por um interesse de ordem publica EX: não pode haver limitações por motivo religioso, raça e
nacionalidade.

O direito a constituir casamento é autónomo do direito a constituir família, o art.º 36 nº1 primeira parte deve ser interpretada
num sentido amplo, pois esta pode ser aquela que é constituída por via do casamento, por via de união de facto, família
monoparentais etc.

Este conceito amplo decorre também de outros textos internacionais, este direito está presente no art.º 16 da declaração
universal dos direitos humanos, no art.º 12 da convenção europeia dos direitos do homem e no art.º 9 da carta dos
direitos fundamentais da EU.

O direito a constituir família engloba também o direito à reprodução ou procriação.

Há uma divergência na doutrina quanto a entender que exista um direito constitucional à união de facto, o que a doutrina
maioritária tem entendido é que existem interesses ou valores subjacentes à união de facto que merecem a tutela
constitucional embora não propriamente enquanto direito constitucional.

O art.º 36 nº2 CRP, atribui competência à lei civil para regular os requisitos e os efeitos do casamento independentemente da
modalidade, e também atribui competência à lei civil para regular a dissolução do casamento independentemente da forma que
este foi celebrado.

Vamos ver, no entanto, que quanto aos requisitos o art.º 36 nº2 CRP, atualmente vai entrar em contradição com o art.º 1625
CC, porque este atribui competência exclusiva dos tribunais eclesiásticos (da igreja), quanto à dissolução do casamento
católico. Esta norma decorre da concordata de 1940, da Santa Sé atribuía competência exclusiva aos tribunais eclesiásticos,
porém esta concordata foi alterada em 2004, que deixou de fazer referência à competência exclusiva dos tribunais
eclesiásticos.

Embora a santa Sé tenha feito esta alteração o legislador português não alterou o art.º 1625, o que isto significa? Será que
atualmente os tribunais da Santa Sé são só únicos que podem apreciar que têm competência exclusiva? Não! Temos de
conjugar o art.º 1625 CC com o art.º n2 da CRP e temos de entender que embora não se tenha entendido a alteração do CC,
deixou-se em aberto a possibilidade da mudança de um regime no sentido de atribuir competência também aos
tribunais civis.

Relativamente ao facto do nº2 do art.º 36 atribuir competência para a dissolução do casamento a preocupação foi permitir que
independentemente da modalidade do casamento, fosse admitido o divorcio. Este artigo pretende admitir de forma ampla e
absoluta o direito ao divórcio.

Art.º 36 nº3, consagra o princípio da igualdade, este princípio quanto à relação matrimonial, levou que fossem afastadas
todas as normas do CC que se fundamentavam num estatuto de desigualdade entre o marido e mulher.

Art.º 36 nº4, também no âmbito de um objetivo de igualdade estabelece o princípio da não discriminação dos filhos
nascidos fora do casamento, trata-se do direito dos filhos a um regime igualitário, isto significa que não podem ser usadas
expressões discriminatórias relativas à filiação. Em sentido material independentemente da forma do nascimento os filhos não
podem ser sujeitos a discriminação, não pode ser desfavorecido no que se refere às questões sucessórias.

Art.º 36 nº5 – consagra o reconhecimento do poder-dever de os pais educarem os filhos e assegurarem a sua
manutenção. O pai tem o dever de educar, art.º 1878 nº1 CC, este poder-dever deve ser exercido com respeito pela
personalidade dos filhos art.º 1874 nº1 e 1878 nº2 CC, embora este poder dever tenha algumas restrições EX: quanto à
matéria da liberdade religiosa art.º 1876 CC; poderá haver limitações na questão de saúde.

A criança não pode ser vista como um objeto. Os pais têm também o direito-dever de manter os filhos durante a menoridade e
dentro de certos limites depois da maioridade.

Manutenção de sustento é uma consequência, isto, quando os pais estão separados é chamado de obrigação de alimentos

Art.º 36 nº6 CC – vem-se estabelecer que é proibido a separação dos pais em relação aos filhos com exceção de situações
que justifiquem essa separação e mediante decisão judicial (os pais não podem ser separados dos filhos). Os pais só serão
afastados se não cumprirem a sua responsabilidade ou se houver outro motivo grave que justifique isso, art.º 1915 CC.

Art.º 36 nº7 CC – consagra a adoção do instituto de adoção, a doutrina maioritária entende que não existe um direito
constitucional à adoção. O que existe é uma relevância constitucional positiva da relação adotiva e que visa
essencialmente garantir o superior interesse da criança, reconhece que existem valores e interesses fundamentais que
justifiquem a adoção.

Outros direitos importantes vistos da CRP:

Art.º 67 CRP – consagra a proteção da família, considera a família como elemento fundamental da sociedade que merece a
proteção do estado.

Art.º 68 CRP – reconhece a paternidade e maternidade como valores sociais fundamentais e que conferem aos pais a
proteção do estado e da sociedade por exemplo através de medidas de parentalidade (no âmbito do direito do trabalho), de
apoios sociais

Art.º 69 CRP – consagra a proteção das crianças

Art.º 70 CRP – consagra a proteção da juventude

Art.º 72 CRP – proteção dos idosos

Art.º 26 CRP – consagra o direito ao livre desenvolvimento da personalidade no que se refere ao direito da família, uma
das vertentes mais importantes deste direito é o direito fundamental à identidade pessoal (direito ao nome, direito a conhecer
as suas origens). Temos também o respeito e conhecimento pelo direito ao respeito pela vida privada e familiar, isto tem vindo
a ganhar cada vez mais importância no âmbito de um contexto internacional, muitas decisões do tribunal europeu dos direitos
do homem, fundamenta-se neste direito
(pode sair para explicar este artigos na questão teórica)

Características do Direito da Família:

1ª característica: O direito da família é constituído essencialmente por normas imperativas, isto significa que não podem ser
alteradas pela vontade das partes. A existência de normas imperativas está associada a um interesse publico relacionado com a
organização da vida familiar em sociedade.

O facto de existirem tantas normas imperativas já levou a discutir-se se o direito da família não seria antes o aramo do
direito publico invés de direito privado. Não deveria ser publico porque o direito da família regula relações privadas
embora essas relações possam ter subjacente interesses de ordem publica, considerar o direito da família como um direito
publico seria colocar o estado no papel de sujeito ativo do direito da família. A imperatividade das normas do direito da família
acontece sobretudo no âmbito do casamento EX: questão dos impedimentos patrimoniais, também no que diz respeito ao
divorcio, também existem normas imperativas quanto ao estabelecimento da filiação, quanto à atribuição das responsabilidade
parentais.

Dento do direito da família a área ou parte em que existem menos normais imperativas será no âmbito das relações jurídicas
familiares patrimoniais. Neste âmbito há uma maior autonomia.

2ª característica: é um direito institucional e de prevalência de uma dimensão pessoal, a família já existia antes do direito,
e este veio consagrar normais que espelham valores que já existiam na sociedade e que são suscetíveis de serem adaptadas,
formuladas, face a novas realidades. O DF, visa regular os interesses comuns daqueles que estão unidos por laços
familiares embora não desconsidere os valores individuais.

3ª característica: no DF encontramos a coexistência da ordem jurídica civil com o direito canónico, esta característica não
é uma característica geral de todo o direito da família, é uma característica em concreto com o direito matrimonial português.
Vamos ter então duas ordens jurídicas a regular o casamento.

4ª característica: o DF é suscetível às alterações sociais, vai-se moldando à realidade social e as posições ideológicas uma
vez que o direito tem também um cariz pedagógico o legislador tem a obrigação e tem margem para apreciar e adaptar
o direito da família às mudanças que se vão verificando na sociedade e é, portanto, um direito que é alvo de frequentes
modificações

5ª característica: o DF é um direito que se relaciona com outras ciências humanas EX: psicológica, educação e sociologia
etc.

6ª característica: Temos também a atribuição de competência a tribunais especializados


7ª característica : a crescente internacionalização do direito da família que está relacionada, com as relações jurídicas
familiares transfronteiriças.

8ª característica: abertura do direito da família ao uso da mediação e de outros meios alternativos de resolução de litígios
para evitar a morosidade do tribunal.

(pode sair em questão teórica)

Características dos Direitos Familiares Pessoais:

Direitos enquanto direitos subjetivos que disciplinam situações jurídicas familiares.

1ª característica: Estes direitos são considerados poderes funcionais, poder-dever e é por isso que a noção de direito
subjetivo entendida como o poder ou faculdade de exigir de outrem um determinado comportamento positivo ou negativo não
se adequa totalmente as relações jurídicas familiares porque o sujeito ativo na relação jurídica familiar exerce esse direito
atribuído em relação a uma função a um determinado interesse para o qual foi criado que não propriamente em relação a
um sujeito passivo, as relações jurídicas familiares nascem de um estado, de uma ligação entre o individuo e um grupo.

2º característica: fragilidade da garantia (elemento da relação jurídica), segundo a doutrina tradicional os direitos familiares
pessoais têm uma garantia mais frágil comparativamente com os direitos de crédito porque não existe propriamente uma
consequência jurídica consagrada na lei em caso de incumprimento dos deveres respetivos.

O facto de não se acionar a possibilidade de indemnização dos poderes conjugais tem haver com limitarem. Não e pode acionar
uma indemnização porque varia a uma intervenção do tribunal no âmbito da vida familiar e não estamos a falar e um dever que
possa ser objeto de intervenção especifica.

A doutrina tem vindo a discutir que esta característica da fragilidade da garantia não tinha razão de ser, porque
Francisco Pereira Coelho defendia que na ação de divorcio poderia pedir-se uma indemnização pela violação dos deveres
conjugais com base na lei nº 61/2008 que veio alterar o regime jurídico do divorcio, veio esclarecer que no art.º 1792 CC, há
lugar à responsabilidade civil, mas esta não é pela violação em si dos deveres conjugais, ou seja, é totalmente irrelevante a
qualidade dos sujeitos enquanto marido ou mulher para a ação de responsabilidade civil prevista neste artigo, apenas é
relevante a sua qualidade enquanto qualquer cidadão que viu violado um direito de personalidade.

Há também uma fragilidade no âmbito das relações patrimoniais.

3ª característica: tendencial carácter duradouro destes direitos, falamos de direitos que configuram determinados estados
(estado de filho, casado, adotante etc.) daí que seja necessário uma segurança e certeza jurídica bem como a sujeição destes
estado a registo. Não estamos perante situações que estão sujeitas a termo ou condição, embora naturalmente em determinadas
relações jurídicas familiares este carácter duradouro é meramente aparente ou visual e pode-se modificar ao longo do tempo, é
o que acontece com o casamento.
Os direitos familiares pessoais apresentam uma estrutura completa, assume uma natureza mista entre os direitos relativos
e os direitos absolutos EX: para Guilherme de Oliveira, os direitos familiares devem ser entendidos como direitos
relativos porque apenas vinculam certas e determinadas pessoas, e não há uma obrigação passiva, universal de respeito
associada aos direitos absolutos, embora reconheça que em determinadas situações estes direitos possam assumir a natureza
de direitos absolutos EX: no âmbito das situações previstas no art.º 496 nº2 CC, 495 nº3 e art.º 2009 CC.

No sentido contrário, Jorge Duarte Pinheiro entende que este direitos são direitos absolutos porque qualquer pessoa tem
o dever de respeitar as relações jurídicas familiares.

4ª característica: Por fim a característica da tipicidade, só existem as relações judicias familiares previstas na lei seguindo
as regras aí estabelecidas.
Direito da Família – 1º semestre – 4º Ano

28/09/22- Diana

Fontes das relações jurídicas familiares:

Artigo 1576º consagra as fontes das relações jurídicas familiares que são 4:

1. Casamento- Artigo 1577º CC;

2. Parentesco- Artigo 1578º CC;

3. Afinidade- Artigo 1584º CC;

4. Adoção- Artigo 1586º CC;

O consagrar apenas estas 4 fontes de relações jurídicas, não é a maneira mais correta, porque apenas o casamento e a adoção
são atos jurídicos enquanto que o parentesco e a afinidade são relações jurídicas familiares derivadas da filiação, da
procriação. Era melhor o legislador ter consagrado a filiação como fonte, pois a afinidade não é um ato jurídico. Deriva do
casamento e da existência de uma relação de parentesco.
As 4 fontes que estão consagradas neste artigo são consideradas Fontes Nominadas.

Têm em comum, a presença de um ato estatal praticado pelo conservador do registo civil, por um juiz ou então um ato
praticado por entidade equiparada que pode ser um padre, um ministro do culto que respeita a aquisição ou à distinção da
qualidade familiar. EX: casamento tem de ser oficializado perante uma entidade competente.

Na falta desse ato, a relação jurídica familiar não se vai constituir ou não vai produzir os efeitos essenciais.

Exceção: Caso do casamento que pode ser dissolvido pela morte. Todas as demais situações para a extinção da relação
familiar são necessárias a presença de um ato estatal.

Estas relações obedecem as características das relações jurídicas familiares, dos direitos familiares pessoais.

RELAÇOES FAMILIARES:

 Ao lado destas relações nominadas, a doutrina atualmente fala de um conjunto de relações jurídicas familiares que são
chamadas de relações jurídicas para familiares.

Quais são? São relações jurídicas que se constituem e extinguem sem que se imponha a necessidade de uma intervenção
de autoridade pública ou equiparada, basta a vontade das partes para a respetiva constituição ou extinção. Não significa que
para determinados efeitos, não seja necessário a intervenção de uma autoridade publica, mas para a constituição e extinção não
é.

EX: Como é caso a união de factos. Esta é constituída por vontade das partes e extinta por essa vontade, no entanto para
beneficiar dos efeitos da união de facto é desde logo, necessário preencher os requisitos legais para que a união de facto seja
considerada como uma relação jurídica familiar e, além disso, em determinados momentos é necessário a intervenção de uma
autoridade, seja que a junta de freguesia tem de passar declaração para dizer que moram naquela casa há x tempo.

Além da união de facto é considerada também uma relação parafamiliar a convivência em economia comum e, também a
tutela.

TUTELA: O caso da tutela tem algumas particularidades. Esta é sempre sujeita a registo obrigatório e, em determinadas
situações, o tribunal pode intervir determinado a constituição ou extinção desta relação. Porém, embora haja esta
interferência do tribunal não é considerada uma relação nominada porque a tutela é apenas um meio de suprir as
responsabilidades parentais. É uma relação temporária. Portanto, as relações parafamiliares são aquelas que apresentam
algumas e, por vezes, significativas semelhanças com as relações nominadas, mas carecem das suas características essenciais.

 Recentemente alguma doutrina ainda fala da existência das relações jurídicas familiares inominadas. São relações
jurídicas que não possuem qualquer característica das relações nominadas nem se aproximam destas como acontece com as
parafamiliares.

Assumem caraterísticas próprias, não criam um vínculo jurídico em alguns casos, caso do apadrinhamento civil, é uma
figura criada em 2008 e não tem relevância sucessória e não substituiu as relações parentais que existem, há limitações como o
padrinho está limitado a adotar o afilhado.
PROCRIAÇÃO MEDICAMENTE ASSISTIDA: EX: A situação mais recente é a procriação medicamente assistida (PMA)
heteróloga. A mãe é a mulher que dá à luz. Em relação ao pai, a filiação pode ser constituída ou por mera declaração. Vigora
que o marido é o pai. A perfilhação é um ato voluntário em que o homem vem declara que é o pai da criança. Ao lado disto
temos o reconhecimento judicial, a averiguação oficiosa.

Ao lado disto, está o chamado ato de consentimento. O marido que tenha prestado o consentimento para o recurso de uma
técnica PMA heteróloga, é o ato do consentimento que vai fazer com que se estabeleça a filiação/paternidade em relação
aquele sujeito. É por causa do ato de consentimento. Nestas situações o marido que prestou consentimento não pode vir depois
dizer que não é o pai da criança.

Esta situação para alguns autores é considerada inominada porque o consentimento é que vale. Outros consideram que pode ser
nominado porque pode integrar a filiação em geral.

Parentesco:

 Artigo 1578º CC- Não é mais do que uma relação de sangue e que pode assumir 2 possibilidades:

 Porque alguém descende de outrem ou;


 Porque têm um progenitor comum.

EX1: O A tem um filho que, entretanto, também tem um filho. É uma relação jurídica de parentesco porque uma pessoa
descende da outra. Relação de parentesco por descendência.

Ao lado desta relação por descendência podemos ter uma relação de parentesco em virtude da existência do progenitor comum.
O nosso A tem 2 filhos.

Como se determina o parentesco?

 É através da contagem do parentesco que se torna possível definir, ordenar e estabelecer uma hierarquia entre as relações
jurídicas de parentesco. Vai haver alguma diferença entre os níveis de parentesco. O parentesco conta se por linhas e por
graus, ou seja, como diz o artigo 1579º, determina- se pelas gerações que vinculam os parentes um ao outro. Cada geração
forma um grau e a serie de graus constitui a linha de parentesco. A linha de parentesco pode ser reta/ direta ou colateral.

LINHA RETA E LINHA COLATERAL:

 A linha reta é aquela que está em causa quando um dos parentes descende do outro, ou seja, é o nosso exemplo 1. Vamos
ter a ligação entre pais e filhos, avós e netos, bisnetos e bisavós.

 A linha colateral é quando nenhum dos parentes descende do outro, mas ambos procedem de progenitor comum- exemplo
2. Aqui vamos ter irmãos, primos, sobrinhos.
LINHA RETA:

A linha reta divide- se em:

 Ascendente: quando se considera partindo do descendente para o progenitor.


 Descendente: quando se considera partindo do ascendente para o que dele procede (olhar de cima para baixo)

Artigo 1580º, nº2- consoante encaramos num sentido ou no outro.

Em concreto como fazemos a contagem de graus de parentesco? Na linha reta, de acordo com o artigo 1581º, há tantos
graus quantas as pessoas que formam a linha de parentesco excluindo o progenitor. EX: Pai e filho é parentesco em linha reta
de 1º grau. Avó e neto são parentes em 2º grau.

LINHA COLATERAL:

A linha colateral, os graus vão se contar da mesma forma. Vamos subir por um dos ramos e descer pelo outro, mas sem
contar o progenitor comum. EX: Inês e Afonso são parentes na linha colateral em 2º grau. Inês e Simão é uma relação de
parentesco em linha colateral e 4º grau.

A relação de parentesco mais importante é a relação de maternidade e paternidade. Em algumas situações a lei distingue ainda
entre a linha materna e a linha paterna. Se duas pessoas forem parentes na linha paterna e na linha materna fala se em duplo
parentesco.

Irmãos germanos ou bilaterais têm progenitor comum, são filhos da mesma mãe e do mesmo pai, portanto,
podemos dizer que têm relação de parentesco em 2 grau da linha colateral da linha materna e paterna.

Ao lado dos irmãos germanos temos os irmãos consanguíneos. Estes são aqueles que apenas filhos do mesmo pai. A
relação entre os irmãos é na linha paterna.

Por fim, temos os irmãos uterinos, são filhos da mesma mãe. o progenitor comum é a mãe. portanto, a relação entre
irmãos é de parentesco em 2 grau da linha colateral materna.

Quais são os principais efeitos do parentesco?

 O artigo 1582º, diz nos que os efeitos se produzem em qualquer grau da linha reta e até ao sexto grau da linha
colateral, com uma exceção que está prevista no artigo 2042º em matéria de direito sucessório que permite o direito
de representação independentemente do grau.
 Desde logo, efeitos ao nível do estabelecimento da filiação e consequente exercício das responsabilidades
parentais (direitos e deveres que recaem sobre os pais em relação aos filhos).
 Outro efeito é ao nível dos direitos sucessórios. Os parentes desde logo os descendentes e os ascendentes são
herdeiros legitimários. Além de, herdeiros legitimários são também herdeiros legítimos e, além desses outros parentes
também podem suceder a título de herdeiros legítimos.
 O parentesco também tem um outro efeito- estabelecimento de obrigação de alimentos quando está inserida no
âmbito dos deveres para com o filho.
 Exercício da tutela. Vem suprir uma situação de carência do progenitor. Ex: A falece e não tem esposa e deixa um
filho menos. É necessário suprir as responsabilidades do menor.
 Efeito a nível dos impedimentos para o casamento, não vai ser ao mesmo nível. – Artigo 1602º e ss. Ex: pai não
pode casar com o filho.

Afinidade:

 Está consagrada no artigo 1584º- é um efeito do casamento que vai estabelecer um vínculo que liga um dos cônjuges aos
parentes do outro.

Vai se determinar também pelos mesmos graus e linhas que definem o parentesco e conta se da mesma forma.

Ex: O A tem 2 filhos: B e C.

O B é casado com o X e o C é casado com o Y. O X e B têm um filho e os outros também têm um filho.

X em relação ao C: a relação entre X e C são cunhados em termos vulgares. Vamos contar a afinidade em linha colateral
porque é da mesma forma que se conta o parentesco. São afins no 2º grau na linha colateral.

Mas o X não é afim do Y porque a afinidade não gera afinidade. Não há relação jurídica familiar.

E a relação entre o X e o A? relação de afinidade em linha reta em 1º grau.

Como se extingue a relação de afinidade? A afinidade não se extingue pela dissolução do casamento por morte, só se
extingue pela dissolução do casamento por divorcio e, também, em caso de anulação ou declaração de nulidade do casamento.

Efeitos da afinidade:

São menos significativos do que os efeitos do parentesco.

 Os afins não têm direitos sucessórios.


 Existe um impedimento matrimonial relacionado com a afinidade.
 Só existe a obrigação de alimentos imposta ao padrasto ou madrasta relativamente a enteados menores que estejam ou
estivessem no momento da morte a cargos deste.
 Há a obrigação de exercer a tutela do menor

(CASO PRÁTICO Nº1: PASTA DOS CASO)


Direito da Família – 1º semestre – 4º Ano

29/09/22

Casamento:

 É uma das fontes das relações jurídicas familiares. Encontramos a noção de casamento civil no artigo 1577º.

No direito comparado não existe ou em raras legislações existe uma definição um conceito de casamento.

Vai adaptando-se às diferentes realidades, sociedades.

Há ideia comum nos diferentes sistemas jurídicas que o casamento se traduz num acordo entre duas pessoas que pretendem
constituir uma plena comunhão de vida que deve ser exclusiva, isto é, nenhum deles deve manter uma relação com outra
pessoa enquanto vigorar aquele casamento.
CASAMENTO CIVIL: No artigo 1577º encontramos a definição de casamento civil. A lei não define plena comunhão de
vida, mas entende-se que esta passa pelo respeito e cumprimento dos deveres pessoais, nomeadamente dever de respeito, de
coabitação, assistência, fidelidade, passa também pela tal exclusividade, e é por isso que vamos encontrar um impedimento
patrimonial – artigo 1601º c).

Além disso, uma outra caraterística que pode ser apontada ao casamento passa pela intervenção de uma autoridade judicial
para a extinção deste, a não ser que a dissolução seja por morte. Se quisermos extinguir esta relação matrimonial temos de
ir à conservatória ou intentar uma ação em tribunal. A procriação no caso do casamento civil não é considerada um fim
essencial do casamento civil. E por isso nem sequer está mencionado na definição.

CASAMENTO CATÓLICO: Quanto ao casamento católico, vamos ver que o casamento católico está, desde logo regulado
no código de direito canónico. A este casamento vão ser também aplicadas regras do direito civil, nomeadamente quanto à
capacidade, efeitos do casamento. No caso do casamento católico, a procriação é uma finalidade essencial. Passa também
pela relação de exclusividade. Para vermos que a procriação é um fim essencial do direito católico considera-se um
impedimento para o casamento a impotência, embora a infertilidade não anule um casamento. Se não ocorrer a
consumação do casamento à luz do direito canónico, há possibilidade de dissolução pela igreja católica.

 Vamos ver agora quais são os sistemas matrimonias existentes e aquele que vigora na nossa ordem jurídica:

1. Casamento civil obrigatório. No casamento civil obrigatório, o estado só reconhece efeitos a este casamento. Se os
nubentes quiserem casar por outra religião podem fazê-lo, mas têm de casar pelo civil primeiro. Só de forma religiosa
não produz qualquer efeito. Este sistema tem a de vantagem de fazer com quem todos fiquem sujeitos ao mesmo
sistema patrimonial. Tem a desvantagem de forçar uma dupla celebração para aqueles que querem casar
religiosamente. 
2. Casamento religioso obrigatório. No sistema do casamento religioso obrigatório, neste caso o estado vai-se
submeter à religião. Só produz efeitos o casamento religioso. Tem o problema desde logo de forçar os nubentes à
prática de um ato religioso e já não vigora em quase nenhuma ordem jurídica. 
3. Casamento civil subsidiário. No sistema do casamento civil subsidiário só pode casar pelo civil quem não possa
casar religiosamente. Só se existir algum impedimento à luz da ordem religiosa que impeça o casamento de
determinada religião é que se tem de casar pelo civil.
4. Casamento civil facultativo. Divide-se em duas modalidades:

I. Casamento civil e religioso. Nesta modalidade temos duas formas de celebrar o casamento. As formas
de celebração do casamento são diferentes, mas o regime jurídico é o mesmo. O casamento está sujeito à
lei civil para produzir efeitos. No fundo temos um casamento civil que é celebrado sob a forma religiosa.
II. Casamento civil e católico.  No casamento civil e católico a diferença não está só na forma de
celebração. Neste caso temos dois institutos jurídicos que são regidos por normas próprias, o direito civil
e o direito canónico, e o casamento será regulado por esses dois regimes. O nosso ordenamento jurídico
admite eficácia civil ao casamento católico. 

 Na prática, se quisermos casar em Portugal, qual sistema podemos seguir?

Sistema matrimonial em português em concreto. Quem quiser casar pela igreja católica para estas pessoas vigora o regime do
sistema casamento civil facultativo na segunda modalidade. Se não quisermos casar pela igreja católica, mas por outra
religião, para essas pessoas que querem casamento religioso vigora o regime do sistema do casamento civil facultativo
primeira modalidade. Tem de ser uma religião radicada em Portugal, ser reconhecida cá. Para quem não professa religião ou
não quer casamento religioso em nenhuma vertente, terá de se casar pelo sistema do casamento civil obrigatório. 

Evolução histórica sobre o regime do casamento:

Nascimento do casamento civil em França. Em Portugal no código de Seabra vigorava na ordem jurídica era o sistema de
casamento facultativo na segunda modalidade. Em 1910 implantação da república passou a vigorar na ordem civil portuguesa
o sistema de casamento civil obrigatório. Situação dificulta no estado novo, com a concordata da santa sé de 1940 até ao 25 de
abril de 74 passou a vigorar novamente o casamento civil facultativo na segunda modalidade. O estado atribuía efeitos
jurídicos ao casamento católico.

Não se admitia o divórcio de quem casasse pela igreja. Havia a competência exclusiva dos tribunais eclesiásticos. O código
civil de 66 não alterou nada quanto ao casamento. Posteriormente o protocolo adicional à concordata de 1975 veio alterar a
norma referente à proibição do divórcio de católicos, estas alterações entraram em vigor no código civil de 77. É de referir
nesta matéria a lei da liberdade religiosa criada em 2001 veio estabelecer no artigo 19º, o casamento por forma religiosa
estamos aqui a falar na primeira modalidade do casamento facultativo. Até então o primeiro casamento religioso que era
reconhecido era o católico.

A concordata de 2004 apenas deixou de atribuir aos tribunais eclesiásticos a competência exclusiva para aferir a validade do
casamento católico, embora o artigo 1625º do CC não sofreu alterações.

O facto de vigorar no nosso ordenamento jurídico o sistema matrimonial que atribui efeitos ao casamento católico foi visto
durante muito tempo por alguns autores como ferido de inconstitucionalidade, defendiam que o casamento católico deveria ser
relacionado nos mesmos termos das demais religiões. Invocavam a separação do estado da igreja, o princípio da liberdade
religiosa, segundo o qual cada pessoa tem o direito a casar pela sua religião e ninguém pode ser obrigado a casar
religiosamente.

Portanto, sustentavam que todas as religiões deveriam ser tratadas de forma igualitária. Em contraposição diz-se que ao
impor-se dois regimes a quem casa catolicamente não se está a afetar a liberdade religiosa porque na verdade só casa desta
forma quem quiser. Ninguém é obrigado a casar pela igreja católica. Também não há provoca uma questão de desigualdade
discriminação em relação a outras religiões porque a própria lei da liberdade religiosa reconhece que existem religiões
na nossa sociedade que têm uma força maior que outras. Tradicionalmente Portugal é um país católico.

Sistema do casamento civil facultativo segunda modalidade: Civil e Católico:

À promessa de casamento vai-se aplicar o direito civil- Artigo 591º e ss. 

Requisitos de fundo:

 Consentimento e Capacidade para contrair casamento. Consentimento regulado pelo direito canónico.
Relativamente à capacidade para contrair casamento é o direito civil e o direito católico.
 Impedimentos patrimoniais quer num quer noutro. O casamento católico está obrigatoriamente aos impedimentos
do direito civil. Se alguém à luz do direito civil n tem capacidade contrair casamento n pode casar pela igreja
católica. 
Requisitos de forma:

 Relativamente a estes, numa fase prévia preliminar ao casamento é regulado pelo direito civil quer pelo direito canónico. Há
um processo preliminar de casamento para aferir se há impedimentos à luz dos dois direitos. Quanto à celebração do
casamento, é o direito canónico que regula. Quanto a atos posteriores à celebração, nomeadamente a questão do registo do
casamento vamos ter a interferência numa fase inicial do direito canónico porque é este que vai regular a forma como deve ser
feito o registo. Numa fase posterior a interferência do direito civil porque o padre terá de enviar o duplicado do assento do
casamento para ser transcrito no registo civil.

Quanto às causas de invalidade deste casamento, é o direito canónico que regula as causas, mas uma vez declaradas é o
direito civil que regula os efeitos da nulidade e da eventual aplicação do instituto o chamado casamento putativo. 

Efeitos pessoais e patrimoniais: direito civil

 Modificação da relação matrimonial que é o caso da separação de pessoas e bens por exemplo é regulada pelo direito
civil.
 A dissolução do casamento é regulada pelo direito civil, o direito canónico só trata na dispensa do casamento rato e
não consumado.

06.10.2022

Qualificação do casamento:

 O casamento é um negócio jurídico bilateral porque temos 2 declarações de vontade com vista à obtenção de certos
efeitos jurídicos, trata-se de um negócio jurídico em que a liberdade e autonomia estão limitadas, face à existência de
normas imperativas. É também um contrato bilateral, temos duas declarações de vontade contrapostas, mas harmonizadas
entre si, em que vão produzir efeitos jurídicos que vão dar origem a obrigações para ambas as partes.

Durante algum tempo na doutrina discutiu-se se o casamento não seria antes um ato administrativo em virtude da existência de
um funcionário a celebrar o casamento em que o consentimento dos nubentes apensas constituiria um mero pressuposto da
declaração.

 Isso não faz muito sentido porque o consentimento dos nubentes é um dos requisitos essenciais para atribuir a
validade do casamento e não é pelo facto de existirem intervenção de uma autoridade pública que o casamento deixa de
ser um ato dos nubentes. A autoridade só vai verificar se existe ou não capacidade para contrair casamento, vai proceder à
celebração, mas não interfere na vontade de contrair casamento.
 Contrato celebrado entre duas pessoas atualmente independentemente do sexo, durante muito tempo a
heterossexualidade era uma característica do casamento.

 É um negócio pessoal no sentido que vai afetar o estado dosa nubentes, vai impor um conjunto de normas imperativas para
proteção e garantia da relação jurídica criada. Em regra, não há possibilidade de representação, salvo o caso do casamento por
procuração. É um negócio solene ou formal pois tem de cumprir um conjunto de formalidades legais em cas modalidade de
celebração.
 O casamento é também um estado matrimonial, como estado vai afetar desde logo o estado civil das pessoas, este pode
definir-se como a situação de uma pessoa em relação ao casamento. Ou se é casado, ou solteiro, viúvo, divorciado.

 O casamento enquanto estado tem subjacente a ideia de unidade ou exclusividade, que é traduzido num impedimento
matrimonial, ou seja, enquanto alguém estiver casado não pode casar novamente art.º 1601 alínea c) CC.

 Tem também o caracter de ser perpetuo, a relação só se extingue pela morte ou pelo divorcio, na questão da dissolução
do divorcio não depende da mera vontade das partes, elas podem se querer divorciar, mas vão precisar de uma entidade
publica.

Promessa de casamento:

Art.º 1591 a 1595 CC

A promessa art.º 1591 CC é o contrato pelo qual duas pessoas se comprometem a contrair casamento, não há exigência
de forma, ocorre de forma verbal, princípio da liberdade de forma art.º 219 CC.

É um contrato de promessa com características especificas naquilo eu não estiver regulado nos art.º 1591 a 1595 CC
podemos recorrer as regras gerais do contrato de promessa. Como decorrer do art.º 1591 este contrato não dá o direito a
exigir a celebração do casamento, está em causa uma obrigação pessoal. Embora tenha em vista aceleração do casamento
como estamos a falar de uma ação pessoal, não existe possibilidade de excução especifica pois falamos de uma promessa de
caracter pessoal.

Alem disso a promessa de casamento também não dá o direito de na falta de cumprimento exigir outras indemnizações a
não ser aquelas que estão previstas no art.º 1594 CC.

A lei estabelece limitações à promessa de casamento porque se esta fosse completamente eficaz o consentimento para contrair
casamento poderia ficar viciado, muitos prefeririam casar a pagar indemnizações ou o valor total de danos. Ora como o
consentimento para ser valido tem de ser livre, não pode estar condicionado por estas situações.

Se houver incumprimento da promessa vão ser indemnizações certos danos, vamos ter também restituições do art.º 1592
e 1593 CC.

Quanto à capacidade para celebrar a promessa há doutrina que defende que para além das regaras gerais em matéria de
capacidade para celebrar o negócio jurídico, devemos aplicar as regras especificas do direito da família sobre a capacidade de
contrair casamento.

EX: menor de 16 anos, tem 15 anos de idade e celebra um contrato de promessa de casamento. Desde logo, à luz das regras
gerais não tinha capacidade negocial nem tem capacidade para contrair casamento. Este casamento poderia ser atacado quer
pelas regras gerais quer pela capacidade para contrair casamento.

Porque alguns autores que as regras da capacidade para contrair casamento não devem ser aqui aplicadas?

Nós vamos estudar no art.º 1594 nº2 CC que a incapacidade dolosa é um dos motivos que pode fundamentar o pedido de
indemnização pelo cumprimento da promessa de casamento, ou seja, imaginemos que A é casado com B, mas o A mantem
uma relação extraconjugal com C, C não sabe de nada e A promete que vai casar com ela. A não tem capacidade para contrair
casamento porque já é casado com B, esta promessa que ele faz desde logo é ineficaz, mas o art.º 1594 nº2 CC vem dizer que
o nubente que celebra uma promessa de casamento com uma incapacidade se essa for dolosa, ele será obrigado a indemnizar
o outro nubente. O legislador inclui neste artigo a própria incapacidade como fundamento para o pedido de indemnização.

Quando é que podemos ter uma promessa de casamento? Temos de ter um ato de compromisso que é demonstrado de
alguma forma, tem de ter uma intenção seria, inequívoca de querer casar. Pode ser através do tradicional pedido de casamento
com a oferta do anel de noivado. Podem ser os preparativos para contrair casamento. Pode ser as convenções antinupcial, isso
já traduz uma vontade de contrair casamento. Isto significa que o simples namoro não significa que é um ato sério e
inequívoco.

Da promessa de casamento seguem:

1. duas obrigações de casar, ficando as partes vinculadas uma à outra, onde não há possibilidade e execução especifica
2. direitos a certas indemnizações (art.º 1594 CC) e à restituição dos donativos (art.º 1592 e 1593 CC)

Da promessa podemos ter o cenário do:

 Cumprimento da promessa – casamento


 Incumprimento da promessa – quem pode pedir a indemnização? Art.º 1594 nº1, pode ser pedida pelo nubente
inocente, pelos pais ou por outra pessoa que tenha atuado em representação dos pais EX: tutor; pode pedir contra o
nubente culpado nas seguintes situações:
o Rompimento da promessa – art.º 1594 nº1 a indemnização pode ser pedida ao nubente culposo que tenha
rompido a promessa sem justo motivo. Ou o rompimento em virtude de um dos nubentes ter tido um
comportamento culposo que levou o outro a retratar-se EX: A e B celebram promessa de casamento, mas A
tem um caso com C e B rompe com A, ou seja, rompe por A lhe dar motivo.
Justo motivo é um conceito indeterminado, a lei não define isto. Há justo motivo para romper a promessa
quando de acordo com as conceções que dominam a esfera social dos nubentes, a continuação do noivado e a
celebração do casamento não pode ser razoavelmente exigida a um ou ambos nubentes.

O rompimento pode ser feito pelo nubente culposo. Este rompe sem justo motivo, o nubente culposo pode ter de indemnizar
também em virtude de incapacidade dolosa.

O rompimento pode ser feito pelo nubente inocente, quando rompe por facto imputável ao outro

DIREITO À UNDEMNIZAÇÃO: Em qualquer uma das situações gera-se o direito à indemnização que é limitada as
despesas feitas e às obrigações contraídas na previsão do casamento.

RESTITUIÇÃO DOS FEITOS: Alem desta indeminizações quando há o incumprimento também vamos ter a restituição
feitos em virtude da promessa e da espectativa do casamento. Existindo o que restituir há sempre lugar à obrigação de
restituir, art.º 1592 impõe uma obrigação de restituir em termos amplos, ou seja, esta obrigação existe independentemente de
quem rompeu e do motivo do rompimento.

A restituição terá de ser feita por ambos, quer o nubente inocente como o nubente culposo, têm de restituir o que foi
doado entre eles como que o que receberam de outros.

O dever de restituir também abrange cartas e retratos pessoais, do outro apenas não abrange as coisas que foram consumidas
antes da retratação antes da verificação da incapacidade

INCUMPRIMENTO DA PROMESSA POR MOTIVO NÃO VOLUNTÁRIO: A promessa de casamento pode ser
incumprida por motivo não voluntario, pode não ser cumprida em virtude de morte, neste caso se o motivo para
incumprimento for a morte não há lugar a indemnização, mas há lugar às restituições art.º 1593 CC, neste caso o nubente
que sobreviveu ele tem duas opções:

1- Pode exigir aos herdeiros os donativos que tenha feito, restituído o que recebeu
2- Pode ficar com os donativos do falecido, perdendo neste caso o direito de exigir os donativos que tinha feito. Isto
quanto á generalidade, mas isto quanto as cartas, fotografias, o nubente sobrevivo pode reter e pode exigir a
restituição das cartas e retratos que tenham ficado com o falecido.
o Incapacidade dolosa – art.º 1594 nº2, equipara-se à falta de justo motivo dando origem ao direito à
indemnização EX: A casado com B, mas A tem uma relação as escondidas com C e promete casar com C.
isto é uma incapacidade dolosa.

Caducidade: Prazo para intentar a ação destinada a exigir a restituição dos donativos ou a indemnização prevista no 1594
caduca 1 ano a contar da data do rompimento da promessa ou da morte do promitente

Questão a se fazer para a resolução dos caso:

 Quem rompeu a promessa?


 Porque rompeu?
 Quem rompeu é considerado culposo ou inocente?
 Este rompimento foi com ou sem justo motivo?
 Foi por culpa do outro? Facto é imputável ao outro?
 Há incapacidade dolosa?

(CASO PRÁTICO 2)
Direito da Família – 1º semestre – 4º Ano

12/10/22

(CASO PRÁTICO Nº3 E Nº4)

Requisitos de fundo do casamento:

 Consentimento;
 Capacidade;

 Até 2010 só era permitido casamento entre pessoas de sexo distinto. A heterossexualidade era um requisito do casamento
civil português até à introdução da lei nº9/2010 de 31 de maio que veio alargar o casamento a todas as pessoas
independentemente do sexo, afastou o requisito da heterossexualidade por Ex, antes de 2010 o não cumprimento deste
requisito tinha como consequência a inexistência do casamento. Esta lei ao alargar o casamento a todas as pessoas veio alterar
alguns artigos do CC, nomeadamente a noção de casamento no artigo 1577º, o artigo 1591º, artigo 1690º, nº1. Todos estes
artigos que se referiam ao casamento enquanto casamento heterossexual.

Na versão original desta lei de 2010 determinava se que o alargamento do casamento a todas as pessoas não implicava a
admissibilidade legal da adoção por pessoa do mesmo sexo.

Veio- se colocar se esta restrição não veio colocar em causa o princípio da igualdade, da não discriminação e do próprio
superior interesse da criança o que levou a reformulação da lei no sentido de passar a admitir a admissibilidade legal da adoção
a casais hétero ou homossexuais.

O legislador, no entanto, não foi muito cauteloso e, embora tivesse alterado algumas normas do CC que falavam do casamento
heterossexual esqueceu- se de alterar normas do c. registo civil respeitante a celebração do casamento que continuam a fazer
menção apenas a marido e mulher. Ex: O artigo 155º do código de registo civil

Atualmente, só temos 2 requisitos. Quer um quer outro são exigidos em qualquer modalidade de casamento. O consentimento
e capacidade:

1.Consentimento:

Na modalidade de casamento civil facultativo católico, quanto à questão do consentimento para quem casa pela igreja católica,
este requisito do consentimento é regulado pelas regras do direito canónico.

Quais são as características principais a que deve obedecer o consentimento? Tem de obedecer a 5 características ou
requisitos.
 Atual;
 Pessoal;
 Puro e simples;
 Perfeito;
 Livre;

 Para casar é necessário o mútuo consentimento dos nubentes. Não basta a vontade /intenção de casar (isto é um elemento
interno). Essa intenção tem de ser manifestada de uma forma que é imposta pela lei. A própria lei até determina o que é
que as pessoas devem dizer. Sem a vontade de casar e sem que essa vontade tenha sido manifestada, o casamento não será
valido. Na verdade, é efetivamente consentimento que vai fazer nascer o vínculo patrimonial mais do que outros fatores como
por Ex coabitação entre os cônjuges.

13.10.2022
Requisitos do casamento: continuação

Requisitos do fundo (consentimento e capacidade)

1.CONSENTIMENTO:

1. Atualidade:

Tem de ser atual art.º 1617 CC, segundo esta característica o consentimento só é relevante aquando do ato de celebração do
casamento. É um contrato verbal, mas que é solene, formal. O consentimento é manifestado por palavras dos nubentes e a
própria lei vai ao ponto de dizer quais são as palavras que os nubentes devem exprimir para manifestar o seu consentimento,
embora a lei não diga que obrigatoriamente que essas palavras são imperativas, a doutrina entende que poderão ser substituídas
por outras, desde que sejam igualmente claras e que não prejudiquem a validade do casamento. No caso de algum dos nubentes
ser mudo, surdo-mudo ou não sabe falar a língua portuguesa, o art.º 41 e 42 CRC (código do registo civil) os mudos e surdos
mudo que saibam ler e escrever exprimem a sua vontade por escrito, aqueles que seja analfabetos ou que não conheçam a
língua portuguesa e caso o funcionário não consiga dominar a linga estrangeira deve ser nomeado um interprete para ajuda-los
na manifestação do consentimento, portanto não serão admitidas outras formas de manifestação da vontade de casar a não ser
por palavras, excecionalmente por escrito. Não é possível demonstrar o consentimento por uma carta, por email ou telefone.

2. Pessoal:

Art.º 1619 CC, negócio jurídico estritamente pessoal e, portanto, a vontade de contrair matrimonio tem de ser
manifestada pelos próprios nubentes, sãos os nubentes que tem de consentir, há apenas uma situação excecional que afasta
esta característica de ter de ser pessoal que é o casamento por procuração, neste caso a representação será licita constituindo
uma exceção à característica de pessoalidade. O cometimento tem de ser atual, o consentimento do nubente representado é
prestado no ato do momento do casamento embora prestado pelo procurador. No caso de uma casamento em que falta a
declaração de vontade de um ou de ambos ou do procurador este casamento terá como consequência a inexistência art.º 1628
c) CC. O art.º 1630 vem dizer que o casamento inexistente não vai produzir efeitos jurídicos, a inexistência pode ser invocada
por qualquer pessoa a todo o tempo. Em concreto sobre o casamento sobre procuração, surgiu porque como se percebia os
nubentes estavam longe um do outro e não havia a facilidade de estarem presentes no ato de celebração do casamento (era
frequente mais antigamente); está regulado no art.º 1620 CC + art.º 43 e 44 CRC. Estes artigo impõe exigências e limitações
ao casamento por procuração.

Temos exigência matérias e formais:

o Exigência formais: a procuração tem de ser imitida por documento assinado pelo representado e reconhecido
presencial de assinatura ou então pode ser um documento autenticado em termos do art.º 43 e 44 CRC. Se não
cumprir o requisito de forma será nulo pelo artigo 220º.

o Exigências materiais:
 só um dos nubentes pode fazer-se representar por procurador, Este consentimento é à luz do direito civil) - Artigo
1620º, nº1 CC e Artigo 44º, nº1 CRC.
 na procuração deve constar 3 situações: art.º 1620 nº2 CC e art.º 44 nº2 CRC
- deve estar conferido a atribuição de poderes especiais para o ato,
- Deve ser individualizada a pessoa do outro nubente
- Deve estar identificada a modalidade do casamento

Se a procuração não obedecer a estes requisitos a consequência ser a nulidade da procuração por falta de observância da lei,
art.º 294 CC

Se não cumprir o requisito de forma, é nulidade também mas é por força do art.º 220 CC

EX: Imaginemos que é imitida uma procuração que não cumpre os requisitos substancias/materiais, art.º 1628 c) e d)
CC, aqui podemos ter situações de inexistência de casamento, o casamento será inexistente quando é celebrado por
procuração, os dois nubentes estiverem representados, além disso também será inexistente quando é celebrado depois de
terem cessado os efeitos da procuração, ou ainda quando não tenha sido imitida procuração por quem nela figurava como
constituinte ou não esta seja nula por falta de concessão de poderes especiais para o ato, ou falta a designação do outro
contraente.

A falta de indicação da modalidade de casamento não parece determinar a existência do casamento pois não está incluída nas
causa do art.º 1628, deve tratar-se, portanto, de uma mera irregularidade.

Casamento por procuração: A procuração terá de ser clara e não pode atribuir os poderes de forma demasiado ampla
ou abstrato, ou seja, o A quer se casar não pode passar uma declaração demasiado ampla, mas isto não significa que o
procurado não tenha uma certa margem para decidir no lugar do representado, o procurador tem capacidade natural, está a
imitir uma declaração própria, mas em nome do representado.

EX: Imaginemos que o procurador horas antes do casamento descobre que o outro nubente tinha traído aquele que ele estava
a representar, tinha a procuração para imitir a declaração em nome do representante, será que ele deve continuar com o
casamento ou poderá agir nesta situação? Tem de ser dado ao procurado uma certa margem para decidir caso tome
conhecimento de alguma circunstância superveniente ou que ele considere que noa pode se ignorada pelo constituinte,
tem de ser de tal forma importante que se o constituinte soubesse provavelmente não casaria, nesta situações deve ser dada ao
procurador essa margem para apreciar.

Efeitos da procuração, art.º 1621 CC, diz que cessão os efeitos pela revogação, morte do constituinte ou procurador ou no
caso de algum deles ser declarado maior acompanhado quando a sentença determine que não têm capacidade. A revogação
da procuração pode ser feita a qualquer altura, mas tendo como limite o momento da celebração do casamento. Um vez
revogada por termo aos efeitos do casamento, não dependendo a eficácia extintiva da revogação do conhecimento do
procurador. No entanto o constituinte é responsável pelo prejuízo que causar se por culpa sua não fizer a revogação a
tempo de evitar a celebração do casamento art.º 1621 nº2 CC.

3. Puro e simples:

Art.º 1618 CC a vontade de contrair casamento importa a aceitação de toso efeitos legais do casamento exceto aqueles efeitos
que podem ser objeto de uma acordo antinupcial.

As estipulações dos nubentes que pretendam modificar os efeitos imperativos do casamento, ou a submeter o casamento a
uma condição, a um termo à pré- existência de algum facto serão totalmente irrelevantes. O casamento é valido e produz os
seus efeitos e entende-se que o consentimento prestado é prestado de forma pura e simples.

Isto no casamento civil

4. Perfeito:

Significa que não podem existir faltas de vontade, ou seja, não podemos ter uma divergência entre a vontade real e a
vontade declarada, as duas vontades têm de ser concordantes, para que o consentimento seja perfeito a vontade declarada
tem de corresponder à vontade real. A lei presume a concordância destas vontades art.º 1634 CC. Quando não se verificar
esta concordância o consentimento é imperfeito e neste caso, a consequência é a anulabilidade do casamento sendo que as
causas de anulabilidade estão previstas no art.º 1635 CC

Quais são as causas de anulabilidade que se vão traduzir em causas de vontade? Art.º 1635 CC

Temos desde logo, neste art.º 1635 CC o caso de o nubente no momento da celebração não tiver consciência por incapacidade
acidental ou por outra causa,

alínea a) – neste caso o casamento é sujeito à anulação.

alínea b) – Caso de o nubente estar em erro acerca da entidade física do outro contraente, pode ser nos casos de haver um
gémeo.

alínea c) – Art.º 1635 também nos diz que é uma causa de anulabilidade por falta de vontade a situação em que a declaração
por falta de vontade tenha sido emitida em virtude da coação física.

alínea d) – Situação mais frequente, a simulação, é simulado se apenas querem atingir um determinado fim e para atingir esse
fim necessitam do casamento. É equiparada à simulação absoluta a reserva mental de um dos nubentes que é conhecida do
outro art.º 244 nº2 CC. O casamento simulado é anulável, quem pode requerer à anulação? Por falta de vontade está prevista
no art.º 1640 sendo que há uma divisão porque no nº1 esta apenas a legitimidade para o caso do casamento simulado e no nº2
para todas as outras causas de falta de vontade. Art.º 1640 nº1 remeter para o art.º 1644. Prazo de 3 anos subsequente à
celebração do casamento ou se o casamento for ignorado pelo requerente. No prazo de 6 meses seguintes à data em que teve
conhecimento.

Art.º 1634º falta de vontade em geral

Art.º 1635º Causada da falta de vontade

Art.º 1640º Legitimidade


Art.º 1644º Prazos

5. Livre:

Significa que não podem existir vícios da vontade, isto é, não podemos ter uma divergência entre a vontade hipotética e a
vontade declarada. A vontade tem de ser formada com exato reconhecimento das circunstâncias, ou seja, a vontade tem de ser
esclarecida e para ser esclarecida não pode existir um erro e além disso a vontade não pode ser formada com ameaça ou força,
tem de ser formada com liberdade exterior, se não houver, estamos perante uma coação moral, para o consentimento, os vícios
da vontade, que vão ter relevância são apenas dois: o erro e a coação moral.

O erro, esta no art.º 1636 CC e a coação moral está no art.º 1638 CC.

O casamento celebrado com erro ou coação moral leva à respetiva anulabilidade. É anulável e só nestes dois casos do
vicio da vontade, não é automático, têm de obedecer a certos requisitos.

CASAMENTO CELEBRADO COM ERRO:

Ao erro art.º 1636, quais são só requisitos para o erro ter relevância e justificar a anulação do casamento?
 deve recair sobre a pessoa com quem se realizou o casamento

 deve incidir sobre uma qualidade essencial dessa pessoa, pode ser uma qualidade natural, pode ser uma questão de
qualidade física intelectual ou então jurídica (EX: estado civil)

 tem de ser um erro desculpável, não tem relevância o erro grosseiro. Um erro desculpável é quando no clima de
confiança entre os nubentes não era possível que o erro fosse detetado, mesmo tomando as diligência normais

 tem de ser próprio, este requisito não resulta do art.º 1636, significa que a circunstância sobre a qual o nubente
estava em erro não pode ser motivo de invalidade ou motivo de inexistência do casamento por outro fundamento, ou
seja, o erro tem de ser a única causa, único fundamento para invalidar o casamento porque se essa circunstância servir
de fundamento para outra situação que permitir invalidade do casamento já não é próprio.

EX: A casamento com B a pensar que B era solteiro, neste caso não se trata de um erro próprio só que o que está
casado ainda é uma causa que leva à invalidade do casamento. O erro tem de ser a única causa de invalidade do
casamento. (ver se o exemplo está bem apontado).

 o erro tem de ser determinante ou essencial, quer numa perspetiva subjetiva ou objetiva:
perspetiva subjetiva: a circunstância sobre a qual se está em erro foi determinante para prestar o consentimento pois
se soubesse nunca teria casado.

perspetiva objetiva: o erro tem também de ser relevante a nível objetivo, à luz da condição social que rodeia os
nubentes pegando no critério do homem medio, qualquer outra pessoa naquelas circunstâncias se soubesse só erro
também não casaria.

CASAMENTO CELEBRADO COM COAÇÃO MORAL:


Vicio da vontade- Artigo 1638º- O casamento será anulável quando celebrado por coação moral contando que se
verifiquem 2 requisitos:
 tem de ser grave o mal que o nubente é ilicitamente ameaçado e
 que tem de ser justificado o receio da sua consumação

 Além destes 2 requisitos, o nº2 deste artigo vem também abarcar na coação moral, o facto de alguém consciente e
ilicitamente obter do nubente uma declaração de vontade mediante a promessa de o libertar de um mal ocasional.

EX: Imaginemos que o A que estava de férias na Tailândia e encontra o B que já foi sua namorada. Entretanto a B foi vítima
de uma situação muito complicada e está a ser acusada de tráfico de droga. O A diz que o consegue a ajudar a sair da confusão,
mas tem de casar com ele.
Estamos perante uma coação moral em que o ameaçado vai manifestar a vontade de contrair casamento para ser libertado. A
coação é relevante mesmo que a ameaça tenha como finalidade interesses patrimoniais, não precisa de ser só ameaça do
nubente, pode estar em causa também a ameaça de uma pessoa próxima desse nubente. Todas estas situações comportam a
anulabilidade do casamento.

No caso da coação moral, junta- se ao artigo 1636º e artigo 1638º, o artigo 1641º (quem tem legitimidade) + artigo 1645º
quanto ao prazo para intentar a ação: 6 meses subsequentes à cessação do vicio.

Em alternativa à anulação do casamento, nestas hipóteses, vamos poder ter a confirmação dos nubentes.

(CASO PRÁTICO Nº5-CONSENTIMENTO)

19.10.2022

(CASO PRÁTICO Nº6 E Nº7)


Direito da Família – 1º semestre – 4º Ano
20.10.2022

Impedimentos matrimoniais:

CAPACIDADE PARA CONTRAIR CASAMENTO:

Esta no âmbito requisito de fundo capacidade, vamos analisar a capacidade para contrair casamento art.º 1600 e ssg

Esta em causa a capacidade negocial de gozo porque o casamento é um negócio pessoal, como em qualquer negócio jurídico
também para celebrar um casamento, é necessário que os nubentes tenham capacidade para o fazer, esta capacidade
negocial de gozo tem algumas particularidades comparado com a capacidade negocial em geral.

Quais são essas particularidades?

o O casamento exige a verificação previa da capacidade dos nubentes através do processo preliminar do casamento. E
este processo preliminar do casamento justifica-se pelo negócio jurídico em causa. Há um processo preliminar prévio
para aferir que tem ou não legitimidade para contrair casamento.

o Alem disso a capacidade no âmbito do casamento também apresenta diferenças em matéria de aferição da validade ou
invalidade do casamento. Porque em geral quando um negócio jurídico é celebrado com falta de capacidade a
consequência é a anulabilidade. Acontece que no caso do casamento embora exitam situações que serão sancionadas
com anulabilidade, o legislador prevê também soluções para evitar que o casamento uma vez celebrado seja
totalmente destruído. E como vai evitar isso? Vai evitar através da atribuição de efeitos jurídicos a um casamento
celebrado embora tenha subjacente uma invalidade vai atribuir determinado efeitos. Que é o chamado casamento
rotativo, que é a atribuição de efeitos jurídicos a uma casamento que é invalido.

o Alem disso, o legislador prevê um conjunto de situações que visam prevenir a celebração de um casamento com falta
de capacidade. Sobretudo no âmbito de processo preliminar de casamento.

No âmbito da capacidade para contrair casamento o art.º 1600 estabelece a regra geral. Em regra, todos tem capacidade para
contrair casamento a não ser que se verifique um impedimento matrimonial.

IMPEDIMENTO MATRIMONIAL: O impedimento matrimonial refere-se aquelas circunstâncias que de algum modo
pretendem impedir ou dificultar a celebração do casamento. Quando se verifique uma dessas circunstâncias à partida o
casamento não pode ser celebrado, sobre pena de anulabilidade, ou se uma sanção de outra natureza. Esta sanção será ao
nível sobretudo patrimonial (sobre o património) ou de responsabilidade civil disciplinar e ainda eventualmente penal do
funcionário do registo civil.

Qual o momento determinante para aferir a existência de um impedimento?

No processo preliminar, ou seja, na fase prévia ao casamento, portanto à data da celebração do casamento e não num processo
posterior.

E que tipos de impedimentos temos previsto na lei?


Temos 4 tipos de caracterização de impedimentos:

1. IMPEDIMENTOS DIRIMENTES VS IMPEDIENTES

IMEDIEMENTOS DIRIMENTES – são aqueles que tem por finalidade impedir a celebração do casamento, pirem se por
algum motivo esse casamento chegar a ser realizado, a consequência é a da anulabilidade do ato.

→ IMPEDIMENTOS DIRIMENTES ABSOLUTOS – art.º 1601, aqueles que impedem a celebração do casamento, se o
casamento for celebrado a consequência é a anulabilidade e alem disso como são absolutos significa que a pessoa não se
pode casar com ninguém.
Quais são essas situações:
 Alínea a) idade inferior a 16 anos; entendeu que com esta idade já haverá um certo discernimento para perceber o
alcance do ato que se está a provocar. Se o casamento for celebrado com idade abaixo desta, é a anulabilidade e
para a questão da legitimidade o art.º 1639 nº1 e 2 CC. O prazo está no art.º 1643 nº1 a) CC, diferente consoante
a pessoa que intentou a ação. Se foi o próprio menor ele tem a possibilidade de intentar a ação no prazo de 6 meses
apos atingir a maioridade. Se for qualquer outra pessoa o prazo é de 3 anos seguido à celebração do casamento,
mas nunca depois do menor atingir a maioridade.
Outra possibilidade é a da convalidação do casamento, o seja, a anulabilidade pode considerar-se sanada desde
a data da celebração, se antes do transito em julgado, da sentença de anulação o menor confirmar o casamento
perante funcionário do registo civil e duas testemunhas, depois de atingir a maioridade, art.º 1633 nº1 a) CC

 Alínea b): Demência notória e a decisão de acompanhamento, mesmo durante o intervalo lucido e a decisão de
acompanhamento quando a sentença assim o determina.
A demência pode ser de facto ou de direito. A demência de facto é a demência notória a demência de direito é a
demência decretada por sentença. O conceito jurídico de demência não tem de coincidir com o conceito
psiquiátrico de demência, para o direito civil, demência é o mesmo que anomalia mental, ou psíquica, portanto
esta demência que o art.º fala tem de ser uma demência certa, inequívoca, permanente, não pode ser uma
situação de uma mera incapacidade acidental. E não interessa que essa demência seja notória para todos porque as
razoes subjacentes a este impedimento não servem propriamente a proteção do incapaz, como acontece nos
negócio jurídicos em geral, mas têm subjacente razoes de ordem jurídica social, moral e também muitas vezes
razoes de ordem eugénica. A questão da demência notória não é um impedimento matrimonial, mas sim um
problema de consentimento. Remissão para o art.º 145 tem de determinar que é maior acompanhado, se a
sentença não determinar o maior acompanhado tem capacidade para contrair casamento.
Remissão para o art.º 1633, é possível a convalidação do casamento depois de verificada judicialmente a
cessação da causa, se for comprida que tem de ser judicialmente que s defesa notória se decidiu, pode haver a
convalidação desse casamento.

 Alínea c): é impedimento o vínculo matrimonial anterior não dissolvido, é um dos que tem mais relevância
pratica. Casamento anterior seja católico, seja civil, ainda que o respetivo acento não tenha sido lavrado no registo
civil.
Este impedimento tenta evitar a bigamia, assegurando a proteção da unidade patrimonial.
Não importa que o casamento anterior não tenha sido registado. É suficiente ele ter sido celebrado para ser
impedimento. O casamento anterior não dissolvido até pode estar deferido de uma causa anterior de invalidade, ou
seja, não interessa se o casamento anterior é valido ou não. EX: A casa com B e até não podia casar com B porque
tinha 15 anos, este casamento seria invalido, no entanto, o A passado alguns meses A quer casar com C, mesmo o
primeiro casamento ser invalido, há um motivo de impedimento matrimonial á luz do art.º 1601 c) CC. O que
teria de acontecer é que o A em 1º lugar devia intentar uma ação de anulação do 1º casamento e só depois dessa
anulação é que poderia casar com C.
Legitimidade art.º 1639, para esta situação específica estende a legitimidade ao conjugue bígamo.
Prazos art.º 1643 nº1 c), pode-se intentar a ação de anulação no prazo de 6 meses depois da dissolução do
casamento, mas esta ação não pode ser instaurada, nem pode prosseguir estando pendente uma ação de declaração
de nulidade ou de anulação do 1º casamento do bígamo, se a primeira ação for julgada procedente vamos ter a
convalidação do segundo casamento.

→ IMPEDIMENTOS DIRIMENTES RELATIVOS – art.º 1602, estes impedimentos não se aplicam a todas as pessoas,
mas os a determinados sujeitos na relação entre eles e geram ilegitimidade. Neste art.º temos impedimento
relacionado com o parentesco e afinidade. Dentro do parentesco e da afinidade são as seguintes situações:
Alínea a) parentesco na linha reta, pais e filhos
Alínea c) parentesco da linha colateral em segundo grau, irmãos
Alínea d) Afinidade em linha reta
Estas três situações geram ilegitimidade e são os únicos vínculos familiares que constituem impedimentos dirimentes.

 Relações familiares: alínea a) parentesco na linha reta (pais e filhos); alínea c) parentesco na linha do
segundo grau da linha colateral; - gera ilegitimidade e são os únicos vínculos familiares que constituem
impedimento dirimentes. Este visa proteger a verificação de uma situação d incesto. A questão da afinidade tem
subjacente questões de ordem moral e familiar. Os impedimento de parentesco e afinidade podem ser invocados
mesmo que a paternidade e maternidade não estejam estabelecidas – artigo 1603º CC. A lei admite que se possa
invocar a maternalidade paternidade não estabelecida para efeitos de impedimento matrimonias, mas só para esse
efeito.
- Legitimidade: artigo 1639º nº1 CC ;
- Prazos: artigo 1643º CC. Quando a afinidade é dissolvida pelo divorcio nesse momento cessa o impedimento
matrimonial.

 Relação anterior de responsabilidade parentais: introduzido pela lei 137/2015. Ex.: A casa com B, B tem um
filho, A passa a exercer a celebração parentais relativas ao filho de B. nestas situações exerceu as funções de pais
ou mães, ou nos casos de união de facto, vai se ficar impedido de se poder casar com esse filho.
- Legitimidade: artigo 1639º CC.
- Prazos: artigo 1643º CC.

 Condenação por homicídio: Alínea E) -» condenação anterior de um dos nubentes como autor ou cúmplice do
homicídio doloso ou tentativa contra o cônjuge do outro. Ex.: A quer casar com B, e vai matar o cônjuge de B. é
uma sanção imposta ao autor ou cúmplice, embora a lei também proeja a tentativa. Esta situação é controversa
porque se limita um direito pessoal em virtude da prática de um ato ilícito que é sancionado a luz do direito penal
no qual a pessoa cumpre já uma pena. Este impedimento só se aplica a partir da data do transito em julgado da
respetiva sentença, caso seja celebrado o casamento com este impedimento a consequência é anulabilidade.
- Legitimidade: artigo 1639º CC
- Prazos: artigo 1643º nº1 alínea b) CC.

IMPEDIMENTOS IMPEDIENTES – art.º 1604 CC tem por finalidade impedir a celebração do casamento porem se o
casamento for celebrado a consequência jurídica não é a anulabilidade, mas apenas uma consequência a nível patrimonial.
Casamento valido, mas temos consequências a nível patrimonial e também poderá haver a responsabilidade civil.

o Absoluto – art.º 1604 CC, consagra a falta de autorização dos pais ou tutor para o casamento do menor. Vai
abranger aquelas situações que o menor tem pelo menos 16 a 18 anos. neste caso, esta autorização pode ser dada
previamente ou no próprio momento da celebração do casamento quer pelos progenitores ou pelo tutor, no art.º 1604
nº1 a) remeter para o art.º 149 CRC e art.º 150 CRC – a autorização deve ser prestada pelas formas previstas no
art.º 150 CRC nomeadamente identificando o outro nubente tem de ser indicada a modalidade do casamento.
A falta de autorização pode ser suprida pelo conservador do registo civil nos termos do art.º 155 CRC. No caso de os
pais ou o tutor não terem dado autorização nem o conservador ter suprido a falta de autorização, o que acontece é que
até à data da celebração do casamento o conservador deve interpelar os pais ou tutor para que prestem o
consentimento. Prestar esse pessoalmente ou através do procurador, o menor tem ainda a possibilidade de pedir o
suprimento da autorização para casamento no caso de os pais ou tutor negarem essa autorização nos termos do art.º
255 a 257 CRC.
O casamento sem autorização leva a que o menor não fique emancipado, remissão art.º 132 CC, por força deste,
podemos remeter para o art.º 1649 CC – como o menor não se torna emancipado continua a ser tratado como menor
quanto à questão de administração dos seus bens que levou para o casamento ou que possa receber a título gratuito ate
atingir a maioridade. Não há possibilidade que esse bens serem administrador pelo outros conjugue art.º 1678 nº2 f)
CC.
A outra situação de impedimento impediente absoluto que é a alínea b) mas esta foi revogada pela lei 85/2019,
revogou também o art.º 1605 e ainda ao art.º 1650

o Relativo – art.º 1604 c), a relação de parentesco é a relação entre tio e sobrinhos, remissão art.º 1609 nº1 a),
porque este impedimento é um daqueles que é dispensável, é possível que esta seja solicitada pelo conservador do
registo civil (art.º 253 + 254 CC). A consequência está no art.º 1650 nº2 CC, neste caso se não houver dispensa e o
casamento foi celebrado, este artigo determina que nenhum deles pode receber benefício por doação ou testamento de
outro.
Alínea d) questão da tutela ou acompanhamento de maior ou administração legal de bens, constitui também um
impedimento matrimonial enquanto não tiver decorrido 1 ano sob o termo da incapacidade e enquanto não estiverem
aprovadas as respetivas contas se houver lugar a elas. Este artigo deve ser conjugado com o art.º 1608 CC, este
impedimento não se limita a abranger o tutor ou acompanhamento ou administrador de bens, abarca também
parentes ou afins na linha reta, irmão, cunhados e sobrinhos.

Há duas razoes para este impedimento ser estabelecido:


 por um lado o legislador pretendeu evitar que estes sujeitos fugissem à obrigação de prestar contas, e
portanto se quiserem casar podem mas primeiro tem de prestar contas.
 Por outro lado, a questão do impedimento também se relaciona com a necessidade do consentimento por parte
daquele que era incapaz, é necessário que seja um consentimento livre, que não haja pressões, e como o
tutor pode ter um poder ascendente sobre o outro, é necessário só depois decorrido algum tempo (1 ano) que
estejam reunidas as condições para se prestar o consentimento de forma mais livre.
O impedimento é dispensável desde que se apresentadas as contas art.º 1609 CC, a consequência é ao art.º 1650
nº2, não podem receber doações nem fazer doações entre eles.

No art.º 1604 remeter para a lei nº 103/2009 – apadrinhamento civil, e determinou que a relação entre padrinho e
afilhado constitui um impedimento impediente relativo à celebração do casamento – art.º 22 da lei (está no moodle).
É um impedimento que também é dispensável pelo conservador. Se for celebrado sem a dispensa vamos ter a
aplicação do art.º 1650 nº2 CC.

Alínea e) – pronuncia do nubente por homicídio doloso, ao ser um impedimento impediente se o casamento for
celebrado na fase até à condenação ou ate à absolvição, o casamento é válido, não existe qualquer consequência
jurídica para a celebração do casamento com base neste casamento, o art.º 1650 não se aplica neste caso. Os
impedimento dispensáveis estão no art.º 1609 remissão para o art.º 253 e 254 CRC. Este processo de dispensa
pode ser requerido em qualquer conservatória do registo civil na petição dirigida ao conservador, os
interessados deve, justificar os motivos da sua pretensão, organizado e instruído o processo o conservador vai proferir
a decisão quer consentindo a dispensa ou negando a dispensa se alguns dos nubentes for menor (16 e 18 anos) são
ouvidos os pais ou tutor, a decisão do conservador é notificada aos interessados e cabe recurso para o juiz da comarca
nº4.

2. IMPEDIMENTOS ABSOLUTOS VS RELATIVO:

Impedimento absolutos – art.º 1604 a) CC, são aqueles que geram verdadeiras incapacidades, ou seja, a pessoa não pode
casar com ninguém, este impedimento absoluto deriva de uma qualidade ou deficiência da pessoa que a impede de casar
sejam com quem for.

Impedimentos relativos – são aqueles que geram ilegitimidade porque apenas impedem a celebração do casamento entre
dois sujeitos específicos. Ou seja, os dois não podem casar um com o outro, mas podem casar com outras pessoas. Não estão
impedidos de forma absoluta.

3. IMPEDIMENTOS DISPENSÁVEIS VS NÃO DISPENSÁVEIS:

Impedimentos dispensáveis – estão previstos no art.º 1609, a dispensa é um ato mediante o qual uma autoridade atendendo
as circunstâncias do caso concreto, vai permitir a celebração do casamento apesar de existir um impedimento. A dispensa
compete ao conservador do registo civil e irá ocorrer quando existam motivos sérios que justifiquem a celebração daquele
casamento. Remissão para os art.º 253 e 254 CRC

Impedimentos não dispensáveis – serão aqueles que não admitem dispensa, acontece sobretudo no direito canónico, e
também não vai ser no direito civil quanto aos impedimentos dirimentes absolutos

4. IMPEDIMENTOS CIVIS VS IMPEDIMENTOS CANÓNICOS:

Impedimentos de direito civil – consagrados no CC

Impedimentos do direito canónico – quem casa pela igreja católica, esta duplamente vinculado ao cumprimento de requisitos
quanto à capacidade, só pode casar catolicamente desde logo quem tem a capacidade para casar pelo civil, mas alem disso terá
de ser aferida a capacidade à luz do direito canónico.
Direito da Família – 1º semestre – 4º Ano

26.10.2022

A matéria vai até aos casamentos urgentes.

Para o casamento ser valido ter se obedecer a requisitos de fundo e forma.

REQUESITOS DE FORMA DO CASAMENTO:

O casamento sendo um negócio formal e solene impõe o cumprimento de certos requisitos para evitar que as partes tomem
uma decisão precipitada e também impõe requisitos de forma por uma questão de prova do ato. Quanto à questão feral do
casamento ser um negócio forma e solene decorre do art.º 1615 CC, há um formalismo particular no momento da celebração,
mas também há particularidades em comparação com os outros negócio numa fase preliminar e também numa fase posterior.
Em resumo as formalidades do casamento podem ser divididas em três momentos:

1. Fase preliminar
2. Fase celebração
3. Fase posterior à celebração

Estas três fases vão variar consonante a modalidade do casamento, se é um casamento civil obrigatória, se é religiosa ou
católico, variam ainda consoante a forma do casamento (comum ou urgente). Varia também consoante o lugar da celebração
(em Portugal ou estrangeiro) e ainda pode variar consoante a nacionalidade dos nubentes.

Vamos falar sobre o casamento em Portugal sob a forma comum e na modalidade de casamento civil obrigatório:

1. FASE PRELIMINAR:

Para aferir a existência de impedimento patrimoniais a lei exige a verificação de um processo preliminar de casamento, art.º
1610 CC. O casamento celebrado sem o processo preliminar é considerado valido, mas há consequências. É valido mas é
considerado contraído sobre o regime imperativo da separação de bens, art.º 1720 nº1 a) CC. Para iniciar esta fase os nubentes
podem ir à conservatório do registo civil art.º 134 CRC, ou iniciar o processo através do portal civil online.

Em primeiro lugar deve ser imitida a declaração que esta prevista no art.º 135 CRC, quem pretende contrair casamento terá
de declará-lo pessoalmente ou por intermedio do procurador, em qualquer conservatória do registo civil e ainda requerer a
instauração do processo preliminar. De acordo com o art.º 135 nº5 CRC, os nubentes podem cumular o pedido de
instauração do processo de casamento com o pedido de dispensa de impedimentos, podem cumular com a autorização para
casamento do menor.

No caso do casamento católico este processo era iniciado pelo padre.

Quanto à forma e conteúdo desta fase – art.º 136 e 137 CRC,

Publicidade do processo – este processo é público em relação à declaração dos elementos previsto no art.º 136 nº2 a9, b), c)
e g). mas esta publicidade é garantida pelo direito de obtenção de copia certificada ou com mero valor de informação da
parte da declaração para o casamento que contem os elementos previstos no art.º 140 CRC.

Depois de apresentados os documentos o conservador vai verificar se está tudo em conformidade art.º 143 CRC, ou seja,
vai averiguar a identidade dos nubentes, averiguar a capacidade matrimonial dos nubentes, pode obter informação junto de
autoridades. Pode existir prova testemunhal e documental complementar. E ainda convocar os nubentes ou representantes
legais quando tal se mostre necessário.

Este processo preliminar termina com o despacho final do conservador, art.º 1604 e 1613 CC, o conservador deve no
prazo de 1 dia a contar da última diligencia efetuada, proferir o despacho de autorização de celebração ou então o despacho
que ordena o arquivamento do processo com indicação dos elementos previstos no art.º 144 CRC.

O despacho desfavorável pode ser objeto de recurso no prazo de 8 dias à notificação – art.º 144 nº4 e art.º 192 CRC.

Incidentes que podem ocorrer no processo preliminar:

o Quando estivermos a falar do casamento católico ou civil sob a forma religiosa, uma vez concluído é necessário que a
autorização do casamento seja remetida oficiosamente ao pároco ou ministro do culto religioso.

o Relativo à dispensa dos impedimentos matrimonias, no próprio processo preliminar do casamento sempre que se
verifique umas das situações do art.º 1609 CC, podemos ter juntamente com o processo preliminar o conservador a
ter de se pronunciar sobre se dispensa ou não o impedimento matrimonial, inclusive a não dispensa poderá levar
ao arquivamento do processo preliminar.

o Denuncia de um impedimento, a existência de um impedimento matrimonial pode ser feita por qualquer pessoa
até ao momento da celebração sendo que esta denuncia é obrigatória para o MP e funcionários do registo civil logo
que tenham conhecimento do impedimento têm de comunicar art.º 1611 CC e art.º 142 CRC. Feita a declaração do
impedimento, o conservador deve desde logo fazer constar do processo de casamento a indicação desse impedimento
e deve certificar-se que o impedimento realmente existe. Existindo um impedimento o processo fica suspenso até
que ele cesse caso o impedimento possa cessar. Se o impedimento não puder cessar, o que acontece é julgar
improcedente. O processo de impedimentos do casamento está regulado nos termos dos art.º 245 a 252 CRC.

2. FASE DA CELEBRAÇÃO

Imitindo o despacho final favorável o casamento terá de ser celebrado dentro dos 6 meses seguintes art.º 145 nº1 CRC e
art.º 1614 CC, se não for celebrado nesse prazo o processo pode ser reavaliado mediante a junção dos documentos que tenham
excedido o prazo de valida, o limite da revalidação é de1 ano a contar da data do despacho final.

Quanto ao dia hora e local, são acordados entre os nubentes e conservador art.º 153 CRC: o casamento pode ser celebrado
em casa, qualquer conservador do RC tem competência para a celebração do casamento independentemente da freguesia
concelho onde seja celebrado.

No dia da celebração têm de estar presentes os nubentes ou um deles e o procurados, o conservador. É ainda obrigatório a
presença de 2 testemunhas quando a entidade de qualquer dos nubentes ou do procurador não possa ser identificada por
qualquer uma das formas que estão no art.º 154 nº 3 CRC.

CASO PRESENÇA OBRIGATÓRIA TESTEMUNHAS: No caso em que é obrigatório a presença de testemunhas e


estas não estiverem presentes neste caso o casamento é anulável art.º 1631c) CC, remeter para o art.º 1642 CC e art.º 1646.
Esta ação pode ser intentada inclusive pelo MP, quanto a legitimidade art.º 1642 CC em que prazo art.º 1646 CC.

A falta de testemunhas pode ser sanada nos termos dos art.º 258 e 259 CRC.

A celebração do casamento é uma cerimónia que é publica e processa-se nos termos do art.º 155 CRC.

3. FASE APÓS A CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO

O registo do casamento é obrigatório, art.º 1 CRC, art.º 1651 CC, o registo em teoria, não afeta a validade nem a eficácia
daquele ato, no entanto em matéria de casamento o registo desde logo é importante para a questão de prova do casamento,
é a única prova legalmente admitida do casamento art.º 211 nº1 CRC, por isso, enquanto o casamento não for registado
não pode ser invocado, tudo se passa como não produzisse efeitos, não pode ser invocado pelos conjugues nem pelos seus
herdeiros nem representantes, art.º 1696 CC e art.º 2 CRC.

Esta regra tem duas exceções:

 O casamento que ainda que não tenha sido registado pode ser invocado para o efeito de impedimento matrimonial
art.º 1601 c) CC.
 A filiação não registada art.º 1603 CC também pode ser invocada.

O registo pode ser feito de duas formas:

 Por inscrição – art.º 52 e) CRC


 Transcrição – art.º 53 nº1 c) d) e e) CRC remeter art.º 1652 CC

No caso do casamento civil obrigatório o registo é feito por inscrição, o próprio conservador vai celebrar o casamento, vai
proceder à inscrição.

O por transcrição acontece no casamento religioso, católico, casamento celebrado no estrangeiro.

O registo faz-se nos termos dos art.º 180 e 181 CRC. Pode ser retificado, art.º 92 CRC. A omissão de registo só pode ser
suprida por decisão do conservador art.º 83 nº1 a) CRC.

O registo pode ser declarado inexistente ou nulo designadamente por falsidade aplicando-se as regras ferais, a inexistência
pode ser invocada a todo o tempo por qualquer interessado art.º 86 CRC.

Princípio da retroatividade, art.º 1670 nº1 CC + art.º 188 nº1 CRC. Os efeitos do casamento vão-se produzir desde a data
de celebração do mesmo, e não da data do registo. O casamento pode ser registado a todo o tempo e a eficácia retroativa tem
subjacente a segurança e a certeza jurídica.

Enquanto o casamento não for registado isso vai levar que em determinadas situações isso leve a que ele não exista. EX:
A casa com B mas não registam o casamento, A morre, e o B noa pode ser chamado para herdeiro legitimário. Porque como
não registaram é como se o casamento não existisse.

27.10.2022

CASAMENTO RELIGIOSO:

Sistema matrimonial do casamento civil facultativo na 1ª modalidade. Nesta modalidade vamos aplicar desde logo o que
estudamos nos termos do casamento civil. A questão da capacidade, consentimento vigora também nos termos do CC. As
particularidades que mudam são nas formas de celebração, os requisitos formais é que podem ser ligeiramente diferentes.

Lei da liberdade religiosa, reconhece efeitos civis ao casamento celebrado por forma religiosa, casamento que é celebrado
perante ministro do culto dessa igreja ou de comunidade religiosa que esteja radicada no nosso país, este ministro do culto tem
de ter nacionalidade portuguesa ou nacionalidade de um dos países da EU, se não tiver este tipo de nacionalidade, tem de ter
autorização de residência perante ou temporária em Portugal, art.º 19 da lei da liberdade religiosa.

No casamento religioso o processo preliminar (requisitos de forma) também decorre naturalmente na conservatória, mas o
pedido pode ser feito, pelo ministro do culto mediante requerimento por si assinado, art.º 135 nº4 CRC. O conservador terá de
aferir a qualidade do ministro do culto, terá ainda de verificar se aquela igreja ou comunidade religiosa esta radicada em
Portugal ao tempo necessário para que aquele casamento possa produzir efeitos, art.º 136 CRC.

O conservador deve ainda certificar-se que os nubentes têm conhecimento do disposto nos artigos 1577º CC (noção do
casamento), a questão da capacidade para contrair casamento, art.º 1600 CC, certificar que os nubentes têm conhecimento dos
direitos e deveres conjugais art.º 1672 CC. Tudo isto resulta do art.º 143 nº4 CRC.
Certificado de autorização do casamento é remetido oficiosamente ao ministro do culto, não havendo qualquer tipo de
problema o despacho final do conservador vai imitir um certificado do casamento que é emitido ao ministro do culto art.º 146
nº4 CRC

O que muda mais é a celebração do casamento religioso – art.º 4 lei da liberdade religiosa , tem de estar presente o
nubentes ou um deles e o procurador, tem de estar o ministro do culto credenciado e ainda 2 testemunhas. O acento de
casamento civil sobre a forma religiosa será lavrado em duplicado no livro de registo ou em arquivo eletrónico da igreja ou
comunidade religiosa, e remeter para a conservatória em termos de registo civil.

Ainda no âmbito da celebração do casamento temos duas situações:

o Casamento estrangeiros em Portugal:

As regras que se aplicam são os art.º 50 e 51 CC, isto quanto à forma do casamento. Art.º 165 + 166 CRC. Para a capacidade
aplica-se o art.º 49 CC

A regra geral do casamento é que tem de seguir a forma do lugar da celebração, ou seja, em Portugal teria de seguir as
formas previstas no CRC, mas o art.º 51 estabelece exceções à regra do lugar da celebração, no sentido de permitir que o
casamento de 2 estrangeiros em Portugal seja celebrado de acordo com a forma da lei da sua nacionalidade. Este casamento
tem de ser celebrado perante agentes diplomáticos ou consulares art.º 51 e tem de existir uma regra de reconhecimento
semelhante do mesmo direito a dois portugueses que queriam casar em pais estrangeiro, ou seja, para dois franceses poderem
casar em Portugal de acordo com a lei francesa é necessário que o mesmo seja demitido a dois portugueses que queriam casa
em França.

Em qualquer dos casos terá que haver um processo preliminar do casamento tem de ser aferida a capacidade patrimonial. Se
não conseguirem obter o certificado a lei admite que imitam um declaração de honra a atestar que não existe nenhum
impedimento nos termos do art.º 166 nº2 CRC.

o Casamento de portugueses no estrangeiro :

A regra é aplicar a lei do lugar da celebração, art.º 161 CRC, na pratica dois portugueses ou um estrangeiro que queriam casar
no estrangeiro podem casar o casamento de uma de três formas:

 Perante ministro do culto católico


 Perante os agentes diplomáticos ou consulares no estrangeiro de acordo com a forma estabelecida na lei portuguesa
art.º 51 nº2 CRC
 Perante autoridades locais competentes pela forma prevista na lei do lugar da celebração art.º 50 CRC

Em todas estas situações também será exigido um processo preliminar de casamento organizado nos termos dos art.º 134 e ssg
do CRC, este processos pode ser tratado pelos agentes diplomáticos ou consulares, ou podem iniciar o processo em Portugal
junta da conservatória do registo civil. Necessário um certificado a atestar a capacidade matrimonial art.º 163 CRC
No caso do casamento celebrado de acordo com a lei do lugar da celebração esse casamento terá de ser transcrito para o
registo, a transcrição pode ser feita no próprio consulado art.º 184 nº2 CRC, ou pode ser feita diretamente numa conservatório
do registo civil art.º 187 CRC

Quando o casamento é celebrado perante os nossos agentes diplomáticos o registo é feito por inscrição no consulado
competente art.º 52 e) CC e art.º 184 nº1 e 2 CRC

No caso do casamento católico contraído nos estrangeiro em harmonia com as leis da igreja católica será sempre considerado
como católico independentemente da forma legal de celebração do ato segundo a lei local, art.º 51 nº4 CC e art.º 151, 152 e
172 CRC.

CASAMENTO URGENTE:

Art.º 1622 e ssg CC

Art.º 156 CRC

É celebrado sem processo preliminar e/ou sem intervenção do funcionário do registo civil. Pode acontecer quando exista
fundado por receio de morte próxima de algum dos nubentes, art.º 1622 nº1 CC, ou em alternativa quando há
iminência de parto, art.º 1826 CC.

Formalidades deste casamento: art.º 156 CRC

Formalidade preliminares alínea a): basta um proclamação oral ou escrita feita à porta da casa onde se encontram os nubentes,
ou pelo funcionário do registo civil, ou na falta deste por qualquer das pessoas aí presentes que se vai celebrar o casamento.

Quanto à celebrado: art.º 165 CRC

Vai-se exigir uma declaração expressa do consentimento de um dos nubentes, tem de ser prestado perante 4 testemunhas e
dessas 4 duas não podem ser parentes sucessivas dos nubentes

Quanto ao registo:

Deve ser feita uma ata do casamento, esta ata é feita por documento escrito sem grandes formalidades, que terá de ser
assinada por todos os intervenientes que saibam ler e escrever.

Apresentada a ata, na conservatória do registo civil, se já tiver sido iniciado o processo preliminar o conservador vai proferir
o despacho final no prazo de 3 dias a contar da data da ata ou da última diligencia no processo. Art.º 159 nº2 CRC, nesta casa
como eles já casaram esta análise final noa foi para aferir a questão dos impedimentos.

Imaginemos que não havia processo, assim cabe ao conservador organizar oficiosamente esse processo, não para aferir se
há um impedimento que obsta á celebração do casamento mas sim à homologação do casamento. Se não houver qualquer tipo
de desconformidade, vai ser homologado e procede-se ao registo.
CASOS DA NÃO HOMOLOGAÇÃO: Não há homologação nas situações do art.º 1624 CC + art.º 160 CRC. o
conservador não vai homologar o casamento se não estivesse preenchido os requisitos. Também não vai ser homologado se
não tiverem sido cumpridas as formalidades do art.º 156 CRC, exigidas para a celebração.

Também não é homologado se houver indício serio de serem falsos os requisitos e as formalidades. Também não é
homologado se foi contraído com algum impedimento dirimente, se o casamento houver sido considerado como católico pelas
autoridade eclesiásticas e como tal se encontrar transcrito.

O casamento urgente que não foi homologado é juridicamente considerado inexistente art.º 1628 CC, não produz
qualquer tipo de efeitos nem mesmo os efeitos do casamento rotativo. Recusada a homologação o despacho será notificado aos
interessados que têm direito a recursos nos termos dos art.º 160 nº2 CRC e art.º 292 CRC e art.º 1624 CC.

O casamento urgente celebrado sem processo preliminar mesmo que seja valido é considerado contraído no regime de
separação de bens art.º 1720 nº1 a) CC.

A inexistência do casamento ocorre unicamente nas situações do art.º 1628 CC, a inexistência tem um regime particular, não
produz qualquer tipo de efeitos, pode ser invocada por qualquer interessado, pode ser invocada a todo tempo e
independentemente de declaração negocial art.º 1630 CC.

Quando a lei fala que o casamento pode ser nulo ou anulável, só o casamento católico pode ser nulo, o casamento civil ou
é inexistente ou anulável. A anulabilidade tem um regime especial, art.º 1627 CC diz que em regra todos os casamentos
são validos a não ser que se verifique uma das causas da inexistência (art.º 1628 CC) ou invalidade da lei. A anulabilidade
estão em geral no art.º 1631 CC, não pode ser invocada para qualquer efeito, seja judicial ou extrajudicial enquanto não for
reconhecida por sentença em ação especialmente intentada para esse efeito art.º 1632 CC.

Legitimidade art.º 1639 a 1642 CC, dentro dos prazos do art.º 1643 a 1646 CC.

Em alguns casos, art.º 1633 CC a anulabilidade pode ser sanada e assim o casamento ser valido.

(termina aqui a matéria para o 1º teste)

(CASO PRÁTICO Nº9 – pasta dos casos práticos)

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