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28/02/2023
Número: 5011532-05.2020.8.13.0079
Classe: [CÍVEL] PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 6ª Vara Cível da Comarca de Contagem
Última distribuição : 04/11/2020
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Administração
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
CONDOMINIO RESIDENCIAL PARQUE FONTANA DE
MERIDE (AUTOR)
MENACLIA CARDOSO DE SA (ADVOGADO)
CRISTIANO DE OLIVEIRA FERREIRA (ADVOGADO)
VANIA LUCIA DE FATIMA LEITE PESSOA (RÉU/RÉ)
JOSE WANDERLEI DE MORAES (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Assinatura Documento Tipo
9737277692 27/02/2023 17:08 Sentença Sentença
1
ASSUNTO: [Administração]
SENTENÇA
Vistos, etc.
que o condomínio arcou com o pagamento efetivo desses débitos, repassando o prejuízo
aos demais condôminos;
que apesar de tentar obter a solução do impasse na via administrativa, não obteve êxito;
preliminarmente:
denunciação da lide;
no mérito:
que a carta de quitação foi expedida com a finalidade de informar que as inquilinas do
imóvel estavam em dia com o pagamento das taxas de condomínio;
que se o documento foi utilizado com outra finalidade, a síndica/ré teria sido induzida a
erro;
que a certidão de quitação não é válida porque foi assinada por pessoa incompetente e
sem o respeito das devidas formalidades.
Decisão estabilizada, nos termos do artigo 357, §1º do Código de Processo Civil.
É o relatório. Decido.
O dever de pagamento das despesas condominiais se encontra previsto no artigo 1.336, inciso
I do Código Civil.
Na hipótese em apreço em que houve a emissão de declaração pela parte ré, na qualidade de
síndica, na qual registrou a ausência de dívidas da unidade imobiliária descrita na peça
exordial, quando, na verdade, havia expressa comprovação de inadimplemento no pagamento
das despesas condominiais (ID113092458), resta patente a sua responsabilidade em ressarcir o
condomínio pelas despesas suportadas, na medida em que houve a falha na prestação de seus
serviços, na função exercida.
Assim, ainda que na modalidade culposa, o síndico responde pelos atos cometidos e
declarações firmadas, enquanto administrador do condomínio, nos termos dos artigos 186 c/c
927 e 1.348, incisos IV e VII do Código Civil, consoante jurisprudência pacífica do E.
Tribunal de Justiça de Minas Gerais:
Por outro lado, em estrita observância ao princípio da boa-fé processual, não cabe à parte
arguir a invalidade de um termo por ela confeccionado e assinado, quando a declaração nele
aposta não condiz com a verdade, uma vez que o ordenamento jurídico veda, de forma
veemente, o comportamento contraditório, também conhecido como venire contra factum
proprium.
Por conseguinte, uma vez que o condomínio arcou com o pagamento das dívidas
condominiais do apartamento 101, bloco 14 (ID113092454), faz jus ao ressarcimento por
parte da antiga síndica que emitiu declaração de “nada consta”, apesar da existência do débito
pela referida unidade imobiliária.
Saliento que a correção monetária e os juros de mora deverão incidir, desde a data do efetivo
prejuízo, nos termos da súmula 43 do Superior Tribunal de Justiça, o que, no presente caso,
consiste com a data do desembolso pelo condomínio autor.
Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido inicial, nos termos do artigo 487,
inciso I do Código de Processo Civil, para condenar a parte ré ao pagamento de R$3.316,37,
em favor do condomínio autor, corrigidos monetariamente pela Tabela da Corregedoria Geral
de Justiça do TJ/MG e juros de mora de 1% ao mês, desde a data do desembolso, no termos da
Súmulas 43, do Superior Tribunal de Justiça.
Juiz(íza) de Direito