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MONACO, MIRANDA e VEDANA

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ADVOGADOS ASSOCIADOS

Marcos Monaco Paulo Arthur Noronha Roesler


Rodrigo de Barros Vedana Lindomar Leite Lacerda
André Seabra Carvalho Miranda Juliana Nicolau da Silva

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR RELATOR DA 27ª


CÂMARA DE DIREITO PRIVADO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
PAULO

Agravo de Instrumento n. 0013716-17.2011.8.26.0000

CONDOMÍNIO PORTAL DA CIDADE, estabelecido à Rua Frederico Guarinon, 125, nesta


Capital, por seu advogado signatário, nos autos do AGRAVO DE INSTRUMENTO
interposto por JOSÉ ROBERTO CAVALHEIRO, com a presente, vem apresentar sua
CONTRA-MINUTA DE AGRAVO DE INSTRUMENTO, consubstanciado nas razões em
anexo, pelo que REQUER a sua juntada e regular processamento.

Termos em que,
Pede Deferimento.

São Paulo, 21 de fevereiro de 2011.

p.p. MARCOS MONACO p.p. ANDRE SEABRA CARVALHO MIRANDA


OAB/SP 62.937 OAB/SP. 222.799

Al. Joaquim Eugênio de Lima, 696 – 12º andar – CEP 01403-000 – São Paulo / SP
Pabx: (55 11) 2359.9600 – http://www.mmvadvogados.com.br
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CONTRAMINUTA DE AGRAVO DE INSTRUMENTO

PELO AGRAVADO: CONDOMÍNIO PORTAL DA CIDADE

AGRAVANTE: JOSÉ ROBERTO CAVALHEIRO

Egrégio Tribunal;

Colenda Câmara;

Nobres Magistrados;

1. O Agravante, José Roberto Cavalheiro, ingressou


com Agravo de Instrumento contra decisão proferida pelo MM. Juízo da 6ª. Vara Cível do
Foro Regional de Santo Amaro – Comarca da Capital - SP, que houve por bem
condenar o Agravante ao pagamento de multa de 20% sobre o valor atualizado do
débito em execução, por litigância de má – fé.

2. Em que pese os argumentos do ora Agravante,


suas razões não tem o condão de modificar a decisão do MM. Juízo de origem.

3. Eméritos Julgadores, o Agravado promoveu ação


de cobrança de despesas condominiais contra José Roberto Cavalheiro, perante a 6ª
Vara Cível do Foro Regional de Santo Amaro.

4. O Agravante, em 13/12/2010, peticionou à MM.


Juíza “a quo” requerendo prazo para suspensão da desocupação do imóvel pela
proximidades das festas natalinas, pedido esse deferido pela Juíza “a quo”.

5. Entretanto, quis o Agravante induzir a erro a


Magistrada, pois omitiu o fato de ter sido avisado pelo Senhor Oficial de Justiça da data
em que faria a desocupação do imóvel, deixando para pedir mais prazo um dia antes da
data combinada para desocupação, e foi mais além omitiu que o Oficial e o Agravado já
estavam no local realizando a desocupação do imóvel.

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6. Com o brilhantismo de costume, a MM. Juíza, “a


quo” através do r. despacho proferido às fls. 731, assim decidiu:

“Vistos. 1. Dante da petição e certidão retro, verifica


– se que o Executado quis aduzir em erro esta
Magistrada, em atitude que revela litigância de má
fé, nos termos do art.600, incisos II e III, do Código
de Processo Civil. Vã tentativa.
2. Omitiu o fato de ter sido avisado pelo Oficial de
Justiça da data em que faria a desocupação
(informalmente, o Executado teve mais prazo para
desocupação voluntário do que o permitido por lei);
deixou para pedir mais prazo um dia antes da data
combinada para a desocupação; e omitiu que o
Oficial e o Exequente já estavam no local
realizando a mudança.
3. Assim, revogo os itens 4 e 5 da decisão de fls.
737, indeferindo o pedido de fls. 721.722.
4. A imissão de posse deve continuar ainda hoje.
5. Ciência ao Oficial de Justiça por telefone e por
fax se possível.
6. Pela litigância de má fé, nos termos do art. 601
do Código de Processo Civil, condeno o Executado
no pagamento de multa fixada no montante de 20%
(vinte por cento) do valor atualizado do débito em
execução, multa essa que reverterá em proveito do
credor, exigível nesta própria execução.
7. Após, manifeste – se o Exequente sobre
prosseguimento do feito, em cinco dias. No
silêncio, aguarde – se provocação no arquivo. Int.
Dil. Com urgência”.

7. Nobres Magistrados, veja que a Litigância de má-


fé surge neste contexto como um ATO processual (volitivo da parte), que gera como
consequência, um FATO processual (que independe da manifestação da vontade) - o
dano, do qual decorre a condenação da parte responsável aos ônus estabelecidos pela
Lei, posto que não é possível ao Juiz simplesmente ignorar a existência deste dano.

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Este, conquanto em algumas oportunidades possa surgir camuflado sob as vestes da


defesa do direito de um dos sujeitos integrantes da lide, invariavelmente agride sem
qualquer piedade o próprio ordenamento jurídico e como consequência, em não sendo
adotadas as providências legais cabíveis, e que se destinam a corrigir tal rumo, chega
mesmo a corromper a integridade do processo como instrumento de justa composição
do litígio.

8. A Jurisprudência de nossos Tribunais caminham


no entendimento de evitar abusos protelatórios:

"A parte que, fugindo ao seu dever de verdade e


lealdade, cria incidente desnecessário baseado em
fato que sabe não ser verdadeiro, é litigante de má-
fé devendo receber a sanção respectiva" (TJSC, 3ª
c. Cív., Ap. nº 97.011995-0, Rel. Des. Nilton
Macedo Machado, AC. 18.08.1998) (THEODORO
JÚNIOR, 2007, p. 23). Grifo nosso.

“... Litigância de má fé. Não há nenhuma


imparcialidade em aplicar a pena de litigância de
má fé de oficio. O Juiz até deve fazê – lo para que
o processo não se torne instrumento contrário à
justiça, sendo usado apenas para protelar, com
manobras burocráticas e maliciosas, a efetivação
de direito subjetivo da parte. Apelação improvida.”
(TARGS – 4ª Câmara Cível – APC Nº 194003612
– Rel. Ari Darci Wachholz). Grifo nosso.

“Deslealdade processual. Caracterização. [...]. Não


merecem crédito alegações lastreadas em
documentos que provam o contrário do que se
afirma.” (Ac. de 25.9.2007 no EAMC nº 2.022, rel.
Min. Cezar Peluso.)

9. Nesse sentido manifestou-se nossa Doutrina:

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NELSON NERY JÚNIOR e ROSA MARIA


ANDRADE NERY, ambos do Ministério Público paulista, conceituam litigante de má-fé
como:
"a parte ou interveniente que, no processo, age
de forma maldosa, com dolo ou culpa,
causando dano processual à parte contrária. É
o improbus litigator, que se utiliza de
procedimentos escusos com o objetivo de
vencer ou que, sabendo ser difícil ou
impossível vencer, prolonga deliberadamente o
andamento do processo procrastinando o feito.
As condutas aqui previstas, definidas
positivamente, são exemplos do
descumprimento do dever de probidade
estampado no art. 14 do CPC" (Código de
Processo Civil e Legislação Processual
Extravagante em Vigor, RT Editora, 1994, pág.
248), lembrando PONTES DE MIRANDA que "a
indiferença às más consequências, se no caso
era de exigir-se cuidado, pode ser tida como
falta de boa fé".

O Professor da Universidade da Bahia


ADROALDO LEÃO, afirma que:
"há má-fé, quando ocorre procedimento doloso,
culposo, grosseiramente errado ou eivado de
espírito de aventura" (ob. cit.), levando a parte
adversa a ir a Juízo sem nenhum motivo plausível,
por "pirraça" ou com o espírito de levar alguém a
passar vexame nas barras dos Tribunais, fazendo
do acesso ao Judiciário uma brincadeira, devendo
a Justiça reprimir este tipo de expediente, conforme
entendimento do SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA: "O processo é instrumento de
satisfação do interesse público na composição
dos litígios mediante a correta aplicação da lei.
Cabe ao magistrado reprimir os atos

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atentatórios à dignidade da Justiça, e assim


poderá impor ao litigante de má-fé, no mesmo
processo e independentemente de solicitação
da outra parte, a indenização referida no art. 18
do CPC, que apresenta caráter nítido de pena
pecuniária" (Recurso Especial nº 17608-SP, Rel.
Ministro ATHOS CARNEIRO GUSMÃO, pub. "in"
DJU/Seção 1 de 03.08.1992)

PINTO FERREIRA, o último grande remanescente


do movimento intelectual-sociológico-jurídico-cultural denominado 'Escola do Recife',
com a erudição que lhe é peculiar, doutrina que:

"impõe-se aos litigantes temerários a


indenização por dano processual. A lide
temerária é o procedimento judicial que intenta
causar prejuízo ou ameaça alguém de tais
prejuízos. O litigante de má-fé fica com a
obrigação de compor os prejuízos ocasionados,
devendo também pagar os honorários de
advogados que a parte contrária constituiu,
bem como as despesas judiciais e extrajudiciais
que realizou para consolidar a sua defesa. A
indenização por dano processual torna-se
equivalente a uma indenização por ato ilícito.
Ela se liquida por arbitramento na execução”.

"Carvalho Santos, em Código de Processo


Interpretado (2. Ed. Rio de Janeiro 1940, vol. 1.
pág. 91), salienta que não se deve tolerar dos
litigantes a utilização de expediente em que se
procure arrancar do punho do juiz uma
sentença injusta, calcada na ignomínia e
distorção da vontade processual, com que se
disfarça a exteriorização da fraude e se exige
em princípio o prejuízo da injustiça."

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Por fim arremata o grande jurista pernambucano


Luíz Pinto Ferreira:

"A condenação deverá ser determinada no


próprio processo em que o litigante agiu com
má-fé, independentemente de ação autônoma"
(Código de Processo Civil Comentado, Ed. Saraiva,
1995, pág. 84).

10. Ademais, o processo não pode ser manipulado


para viabilizar o abuso de direito, pois essa é uma ideia que se revela frontalmente
contrária ao dever de probidade que se impõe à observância das partes, o litigante de
má-fé deve ter a sua conduta sumariamente repelida pela atuação jurisdicional dos
juízes e dos tribunais, que não podem tolerar o abuso processual como prática
descaracterizadora da essência ética do processo.

11. Por derradeiro, vale ressaltar que o


ordenamento jurídico brasileiro repele práticas incompatíveis com o postulado ético-
jurídico da lealdade processual.

12. Diante do acima exposto, e o que mais consta


dos autos, o Agravado pede a este E. Tribunal que seja negado total provimento ao
Agravo de Instrumento interposto, mantendo-se a r. decisão de primeiro grau, por
medida de inteira e merecida justiça.

São Paulo, 21 de fevereiro de 2011.

p.p. p.p.
MARCOS MONACO ANDRÉ SEABRA CARVALHO MIRANDA
OAB/SP. 62.937 OAB/SP 222.799

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