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Advocacia e Consultoria

OAB/PI 9329

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO


JUIZADO ESPECIAL CIVEL DA COMARCA DE GUADALUPE-PI.

Autos nº 0000033-96.2013.8.18.0053

ARMAZÉM ELDORADO - ALMEIDA ARAÚJO E CIA LTDA, já


qualificada nos presentes autos, que move em desfavor de GILBERTO
PEREIRA DA SILVA por intermédio de sua procuradora que esta
subscreve, vem à presença de Vossa Excelência se MANIFESTAR sobre
a decisão de ID- 38129715 pelos fatos e fundamentos a seguir.
O excelentíssimo juiz proferiu decisão requerendo o recolhimento
de custas processuais, por parte do exequente, em caso deste não ser
beneficiário da justiça gratuita, sob pena de extinção do processo. Após
a comprovação do recolhimento, seria dado prosseguimento da
execução, com a consulta e o bloqueio de veículos em nome do
demandado GILBERTO PEREIRA DA SILVA, CPF nº 015.834.233-03,
via sistema RENAJUD, conforme requerido pelo exequente.
Entretanto, a presente demanda foi distribuída e sempre
prosseguiu, desde 2013, há cerca de 10 (dez) anos, sob o rito dos
juizados especiais, o qual não exige o recolhimento de custas
processuais.
Veja excelência, tal ação foi protocolada no ano de 2013, onde
após saneamento, foi distribuída, no Rito do Juizado Especial, tendo
seu despacho inicial na data de 25.01.2013 pelo respeitável juiz Dr.
Marcus Antônio Sousa e Silva, onde foi designada audiência conforme
ID- 8425363 (pág. 19).
O réu foi citado em 25.01.2013, conforme certidão do Oficial de
Justiça anexa ao ID- 8425363 (pág.20), tendo ocorrido a audiência em
31.01.2013, onde compareceram o autor e o réu. Na ocasião houve
acordo, homologado em audiência.
Na data de 22/10/2013, foi requerido o desarquivamento dos
autos e o cumprimento da sentença pelo requerido. Em 21/07/2014, foi
proferido despacho nos autos, deferindo o pedido do Autor e
determinando o desarquivamento do processo.
Analisando o processo nota-se que não faz sentido que após 10
anos, o Requerente tenha que recolher custas processuais, sendo que
durante todo esse tempo não foi questionado o rito processual e nem
mesmo o recolhimento de custas para prosseguimento da ação, não
sendo este o momento para tal. Pois, se assim for, causará um enorme
prejuízo para o autor que já sofre com a morosidade deste processo,
pois o mesmo já se arrasta por 10 anos.
Além disso, nos casos em que o município não tem instalação de
Juizados Especiais, compete à justiça comum estadual julgar, conforme
prevê o artigo 17 da Lei 4.838/1996, senão vejamos:
Art. 17 - Enquanto não instalados os Juizados
Especiais nas Comarcas do Interior, compete aos
titulares dessas comarcas, as funções previstas
pela Lei Federal nº 9.099, de 26 de setembro de
1995.
No mesmo sentido temos o artigo 8º do PROVIMENTO CSM Nº
2.203/2014, vejamos:
Art. 8º. Nas Comarcas em que não foram instalados
os Juizados Especiais de Fazenda Pública ficam
designados para processamento das ações de
competência do JEFAZ:
III - os Anexos de Juizado Especial, nas comarcas
onde não haja Vara da Fazenda Pública e de Juizado
Especial, designados os Juízes das Varas Cíveis ou
Cumulativas para o julgamento.
Cabe observar que nenhum dos textos da lei citados acima,
condicionam a criação do Juizado Especial, mais sim, o simples fato de
não terem sido instalados na Comarca, o que já atribui competência a
justiça comum.
A jurisprudência é assente neste sentido, vejamos:
TRIBUTÁRIO. COMPETÊNCIA. AÇÃO
DECLARATÓRIA CUMULADA COM REPETIÇÃO DE
INDÉBITO. DETERMINAÇÃO DE REMESSA
DOSAUTOS AO JUIZADO ESPECIAL.
IMPOSSIBILIDADE. JUIZADO DA FAZENDA
PÚBLICA NÃO INSTALADO NA COMARCA.
AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA ABSOLUTA, NO
CASO. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. Nas
comarcas em que não instalados Juizados
Especiais da Fazenda Pública, pode a parte
autora optar pela propositura da demanda em
Vara Cível. (TJ-SP - AI: 20523636120228260000 SP
2052363-61.2022.8.26.0000, Relator: Botto
Muscari, Data de Julgamento: 17/05/2022, 18ª
Câmara de Direito Público, Data de Publicação:
17/05/2022)

EMENTA: CONFLITO DE COMPETÊNCIA - JUSTIÇA


COMUM E JUIZADO ESPECIAL - CAUSAS DE
MENOR COMPLEXIDADE - ESCOLHA DO
PROCEDIMENTO - FACULDADE DO AUTOR -
COMPETÊNCIA RELATIVA - CONFLITO ACOLHIDO.
Em se tratando de ações de menor complexidade, é
facultado ao autor ajuizar a demanda no Juizado
Especial ou Justiça Comum, consoante previsão do
§ 3º, do art. 3º, da Lei 9.099/95. Conflito acolhido.
(TJ-MG - CC: 10000211271879000 MG, Relator:
Amorim Siqueira, Data de Julgamento: 05/10/2021,
Câmaras Cíveis / 9ª CÂMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 13/10/2021).
Desse modo, requer a reconsideração do despacho de ID-
38129715, para que o processo ora mencionado continue no Rito do
Juizado Especial, sem recolhimento de custas, e para que o mesmo
prossiga com a execução no estado em que se encontra.
Quanto a determinação, em despacho retro, a fim de que se possa
efetuar o registro da penhora via RENAJUD, requer, a parte autora, que
após a localização de veículos a penhora, o valor deste seja avaliado por
oficial de justiça desta comarca, com base na tabela FIPE, uma vez que
o exequente não dispõe de conhecimento técnico para a avaliação de
bens.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Guadalupe - PI, 21 de junho de 2023.
Nathália Kiss A. A. dos Santos
Advogada
OAB-PI 9329
OAB-MA 12923-A

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