JUIZADO ESPECIAL CIVEL DA COMARCA DE GUADALUPE-PI.
Autos nº 0000033-96.2013.8.18.0053
ARMAZÉM ELDORADO - ALMEIDA ARAÚJO E CIA LTDA, já
qualificada nos presentes autos, que move em desfavor de GILBERTO PEREIRA DA SILVA por intermédio de sua procuradora que esta subscreve, vem à presença de Vossa Excelência se MANIFESTAR sobre a decisão de ID- 38129715 pelos fatos e fundamentos a seguir. O excelentíssimo juiz proferiu decisão requerendo o recolhimento de custas processuais, por parte do exequente, em caso deste não ser beneficiário da justiça gratuita, sob pena de extinção do processo. Após a comprovação do recolhimento, seria dado prosseguimento da execução, com a consulta e o bloqueio de veículos em nome do demandado GILBERTO PEREIRA DA SILVA, CPF nº 015.834.233-03, via sistema RENAJUD, conforme requerido pelo exequente. Entretanto, a presente demanda foi distribuída e sempre prosseguiu, desde 2013, há cerca de 10 (dez) anos, sob o rito dos juizados especiais, o qual não exige o recolhimento de custas processuais. Veja excelência, tal ação foi protocolada no ano de 2013, onde após saneamento, foi distribuída, no Rito do Juizado Especial, tendo seu despacho inicial na data de 25.01.2013 pelo respeitável juiz Dr. Marcus Antônio Sousa e Silva, onde foi designada audiência conforme ID- 8425363 (pág. 19). O réu foi citado em 25.01.2013, conforme certidão do Oficial de Justiça anexa ao ID- 8425363 (pág.20), tendo ocorrido a audiência em 31.01.2013, onde compareceram o autor e o réu. Na ocasião houve acordo, homologado em audiência. Na data de 22/10/2013, foi requerido o desarquivamento dos autos e o cumprimento da sentença pelo requerido. Em 21/07/2014, foi proferido despacho nos autos, deferindo o pedido do Autor e determinando o desarquivamento do processo. Analisando o processo nota-se que não faz sentido que após 10 anos, o Requerente tenha que recolher custas processuais, sendo que durante todo esse tempo não foi questionado o rito processual e nem mesmo o recolhimento de custas para prosseguimento da ação, não sendo este o momento para tal. Pois, se assim for, causará um enorme prejuízo para o autor que já sofre com a morosidade deste processo, pois o mesmo já se arrasta por 10 anos. Além disso, nos casos em que o município não tem instalação de Juizados Especiais, compete à justiça comum estadual julgar, conforme prevê o artigo 17 da Lei 4.838/1996, senão vejamos: Art. 17 - Enquanto não instalados os Juizados Especiais nas Comarcas do Interior, compete aos titulares dessas comarcas, as funções previstas pela Lei Federal nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. No mesmo sentido temos o artigo 8º do PROVIMENTO CSM Nº 2.203/2014, vejamos: Art. 8º. Nas Comarcas em que não foram instalados os Juizados Especiais de Fazenda Pública ficam designados para processamento das ações de competência do JEFAZ: III - os Anexos de Juizado Especial, nas comarcas onde não haja Vara da Fazenda Pública e de Juizado Especial, designados os Juízes das Varas Cíveis ou Cumulativas para o julgamento. Cabe observar que nenhum dos textos da lei citados acima, condicionam a criação do Juizado Especial, mais sim, o simples fato de não terem sido instalados na Comarca, o que já atribui competência a justiça comum. A jurisprudência é assente neste sentido, vejamos: TRIBUTÁRIO. COMPETÊNCIA. AÇÃO DECLARATÓRIA CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO. DETERMINAÇÃO DE REMESSA DOSAUTOS AO JUIZADO ESPECIAL. IMPOSSIBILIDADE. JUIZADO DA FAZENDA PÚBLICA NÃO INSTALADO NA COMARCA. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA ABSOLUTA, NO CASO. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. Nas comarcas em que não instalados Juizados Especiais da Fazenda Pública, pode a parte autora optar pela propositura da demanda em Vara Cível. (TJ-SP - AI: 20523636120228260000 SP 2052363-61.2022.8.26.0000, Relator: Botto Muscari, Data de Julgamento: 17/05/2022, 18ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 17/05/2022)
EMENTA: CONFLITO DE COMPETÊNCIA - JUSTIÇA
COMUM E JUIZADO ESPECIAL - CAUSAS DE MENOR COMPLEXIDADE - ESCOLHA DO PROCEDIMENTO - FACULDADE DO AUTOR - COMPETÊNCIA RELATIVA - CONFLITO ACOLHIDO. Em se tratando de ações de menor complexidade, é facultado ao autor ajuizar a demanda no Juizado Especial ou Justiça Comum, consoante previsão do § 3º, do art. 3º, da Lei 9.099/95. Conflito acolhido. (TJ-MG - CC: 10000211271879000 MG, Relator: Amorim Siqueira, Data de Julgamento: 05/10/2021, Câmaras Cíveis / 9ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 13/10/2021). Desse modo, requer a reconsideração do despacho de ID- 38129715, para que o processo ora mencionado continue no Rito do Juizado Especial, sem recolhimento de custas, e para que o mesmo prossiga com a execução no estado em que se encontra. Quanto a determinação, em despacho retro, a fim de que se possa efetuar o registro da penhora via RENAJUD, requer, a parte autora, que após a localização de veículos a penhora, o valor deste seja avaliado por oficial de justiça desta comarca, com base na tabela FIPE, uma vez que o exequente não dispõe de conhecimento técnico para a avaliação de bens. Nestes termos, Pede deferimento. Guadalupe - PI, 21 de junho de 2023. Nathália Kiss A. A. dos Santos Advogada OAB-PI 9329 OAB-MA 12923-A