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09/09/2020 SEI/TJPR - 5523523 - Decisão

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ


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DECISÃO Nº 5523523 - GCJ-GJACJ-ELBFJ


SEI!TJPR Nº 0067977-35.2020.8.16.6000
SEI!DOC Nº 5523523

I. Trata-se de expediente de Consulta formulada pela Magistrada Dra. Rita


Lucimeire Machado Prestes, acerca do Acordo de Não Persecução Penal, nos seguintes termos:
"Considerando o novo instituto, incluído pela lei 13.964/19 que autoriza a
celebração de acordo de não persecução penal, surgiram algumas dúvidas por
parte do cartório criminal, como também deste juízo, assim, consulta-se a Vossa
Excelência, se é atribuição do cartório criminal ou Ministério Publico inserir o
acordo homologado na Vara de não persecução Penal.
Ainda, considerando o decreto da presidência, que suspendeu a expedição de
mandados não urgentes por conta da pandemia de coronavírus, consulta-se a vossa
excelência acerca da possibilidade e viabilidade de expedição de AR em mãos
próprias para cobrança das custas e multas processuais, já que o a expedição de
ofício mediante AR, dá a possibilidade de alegações de não recebimento.
Nestes casos, consulta-se a vossa excelência, se expede-se mandado, envia-se AR ou
aguarda o decurso do prazo da pandemia para cobrança.".
Ato contínuo, encaminhou-se ao Grupo de Monitoramento e Fiscalização do
Sistema Carcerário e de Medidas Socioeducativas do Estado do Paraná (GMF/PR), retornando
com manifestação pugnando:
“...para fins de esclarecimentos e auxiliar os juízos na solução de eventuais
dúvidas, seja divulgado um fluxo para os casos de propositura e homologação de
acordo de não persecução penal, com a respectiva expedição de ofício circular a
todos os magistrados para unificar os procedimentos e prevenir quanto a eventuais
danos nos dados estatísticos e nos antecedentes criminais das pessoas...”
Isto feito, a assessoria jurídica desta Corregedoria-Geral da Justiça acostou
parecer, bem como elaborou fluxograma acerca do trâmite para a propositura, homologação e
acompanhamento dos acordos de não persecução penal.
É o relatório do essencial, passo a análise.
II. O denominado Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) é uma medida de
implementação da consensualidade na seara penal, mitigando o princípio da obrigatoriedade da
ação penal, a luz de outras medidas. Tal instituto adveio da Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime-
art. 28-A) que, em síntese, confere ao Ministério Público a autonomia de propor ao polo passivo
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do inquérito policial um acordo que, mediante preenchimento de requisitos e cumprimento das


condições fixadas, obsta o seguimento da ação penal.
Inicialmente, cabe destacar que a Excelsa Presidência, no expediente nº 0016031-
24.2020.8.16.6000, acolheu o parecer desta Corregedoria-Geral da Justiça, para a definição
provisória do juízo de origem como competente pelo acompanhamento das condições
estabelecidas nos acordos de não persecução penal, o que fixa, portanto, o juízo de execução penal
para acompanhamento do ANPP, como anexo da Vara Criminal da Condenação:

“... No que toca à definição do Juízo responsável pela fiscalização das condições
impostas nos Acordos de Não Persecução Penal, demonstrou que a competência
para tal decisão, no âmbito deste Tribunal de Justiça, é do Órgão Especial.
Todavia, em face da suspensão temporária do trabalho presencial por força do
contido no Decreto Judiciário nº 172/2020-D.M, propôs o D. Corregedor-Geral de
Justiça que o ”acompanhamento das condições impostas nos acordos de não
persecução penal seja procedida no juízo de origem, ao menos em caráter
transitório, até ulterior edição de ato normativo pelo Colendo Órgão Especial.’’.
II. Ante os esclarecimentos prestados, ACOLHO o parecer do D. Corregedor-Geral
da Justiça, Desembargador José Aniceto...”

Para tanto, autuou-se o expediente nº 0005261-69.2020.8.16.6000, de modo a


promover adequações necessárias no Sistema Projudi, resultando na disponibilização de área
específica à todas as Varas Criminais do Estado do Paraná, consistente na Unidade de Execução
Penal denominada de “Vara Criminal – Acordo de Não Persecução Penal”, na qual deverão
tramitar os acordos de não persecução penal.
Em atendimento a sugestão do GMF/PR, a Assessoria Jurídica desta
Corregedoria-Geral da Justiça, com vistas a padronização, elaborou tal fluxo:
Conforme legislação vigente, a proposta de acordo deverá ser ofertada na Vara
Criminal competente, dentro dos autos principais, e, somente após a realização da
audiência para homologação do acordo (artigo 28-A, §4º do Código de Processo
Penal), será feita a autuação na Vara Criminal – Acordo de Não Persecução Penal
(artigo 28-A, §6º do Código de Processo Penal), como bem destacado na
manifestação do GMF de mov. 5484111.
Após a homologação, é o Ministério Público quem deverá promover a autuação do
Acordo na Unidade específica, sendo vedado o cadastro por Servidor do Judiciário
e sendo vedada a redistribuição dos autos principais e/ou a conversão da classe
processual.
Os Servidores deverão, após a homologação do acordo, nos autos principais,
promover a comunicação da decisão ao Instituto de Identificação e suspender o
feito principal pelo prazo determinado para cumprimento do acordo.
Verificado o cumprimento integral do acordo, o Ministério Público comunicará ao
Juízo de Origem e pedirá o arquivamento da ANPP, sendo vedada a remessa do
Acordo à Vara de origem. O Juiz da Vara Criminal é que extinguirá a punibilidade
do agente, conforme disposto no artigo 28-A, §13 do Código de Processo Penal.
De igual forma, caso haja o descumprimento do acordo, o Ministério Público
deverá comunicar ao Juízo de Origem para continuidade da Ação Penal, conforme
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§11 do artigo 28-A.


Necessário, todavia, estabelecer duas exceções às regras acima sugeridas:
a) No caso de imediato cumprimento do acordo, o juiz poderá extinguir a
punibilidade do agente, sem a necessidade de instauração do incidente. Contudo,
por “imediato” deve-se entender como o que pode ser cumprido de pronto, por
exemplo, a destinação de fiança depositada em conta judicial ou o pagamento de
prestação pecuniária no mesmo dia, entre outros. Qualquer hipótese que demande
espera, ainda que por curto lapso temporal, deve ser autuada em apartado.
b) Nas hipóteses em que o acordo celebrado tenha como cláusula o cumprimento
de prestação de serviço à comunidade ou outra assemelhada, e o agente
beneficiado altere o local de sua residência, o incidente deverá ser redistribuído,
sendo vedada a expedição de carta precatória com esta finalidade.
Outro ponto que merece atenção é a necessidade de cadastrar de maneira correta
todas as movimentações, comunicações, decisões e suspensões, relativas ao Acordo
de Não Persecução Penal, a fim de não acarretar erros estatísticos no sistema
PROJUDI.
A fim de melhor ilustrar o procedimento acima descrito, foi criado um fluxograma,
o qual está juntado no mov. 5509807.

Assim, neste particular, acolho o escorreito parecer elaborado pela Assessoria


Jurídica desta Corregedoria-Geral da Justiça (5521527 e 5509807), inclusive com as adequações
de nomenclatura.
III. Diante disso, encaminhe-se com a urgência que o caso requer ao DTIC para
as seguintes providências:
a) Substituição da nomenclatura “Vara Criminal – Acordo de Não Persecução
Penal” para “Vara de Execução Penal - Acordo de Não Persecução Penal”, mantendo-se o vínculo
com a Vara Criminal;
b) Criação de hipótese de suspensão do processo com o motivo “Acordo de Não
Persecução Penal”;
c) Criação de tipo de audiência “Homologação de Acordo de Não Persecução
Penal” com os resultados “Acordo Homologado” e “Acordo Não Homologado”;
d) Criação de movimento do Magistrado que classifique a sentença de extinção da
punibilidade como “Extinção da Punibilidade pelo cumprimento do Acordo de não persecução
penal”;
e) Vinculação do ANPP na árvore processual com a ação originária, tal como
ocorre com as cartas precatórias.
IV. Levando em conta a necessidade de uniformização do fluxo do Acordo de
Não Persecução Penal no âmbito deste Tribunal de Justiça, expeça, com urgência, Ofício-Circular,
acompanhado de cópia da presente decisão e das documentações constantes em 5521527 e
5509807, encaminhando-se a todos os Magistrados e Servidores, com competência criminal, para
conhecimento e aplicação.

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V. Por fim, acerca da Consulta quanto a possibilidade de expedição de carta AR


em mãos próprias para a cobrança de custas ou multas processuais, em consonância com os
pareceres do GMF/PR e da Assessoria Jurídica, não vislumbro óbice para sua aplicação, desde que
conforme bem pontuado pelo GMF/PR: "seja observado pelo Juízo a conveniência do uso desta
modalidade para a sua região, haja vista as diferentes características das cidades que impactam
na eficiência das entregas das correspondências".

Curitiba, data gerada eletronicamente.

DES. JOSÉ ANICETO


Corregedor-Geral da Justiça

Documento assinado eletronicamente por José Augusto Gomes Aniceto, Desembargador, em


04/09/2020, às 12:41, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site https://sei.tjpr.jus.br/validar informando o


código verificador 5523523 e o código CRC C4FD9C12.

0067977-35.2020.8.16.6000 5523523v11

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