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JUSTIÇA ESTADUAL
Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins
Vara de Execuções Fiscais e Saúde de Palmas
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CUMPRIMENTO DE SENTENÇA Nº 0046775-75.2021.8.27.2729/TO

REQUERENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO
REQUERIDO: ESTADO DO TOCANTINS

DESPACHO/DECISÃO

Trata-se de pedido de cumprimento de sentença, no sentido de compelir o

requerido a fornecer à parte autora procedimento cirúrgico ortopédico, nos termos da sentença
constante do evento 23.

A multa cominatória (astreintes) tem a finalidade de pressionar o devedor a

cumprir obrigação de fazer que lhe é imposta e encontra amparo legal no art. 537 do Código
de Processo Civil:

Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de
conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja
suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento
do preceito.

Tal medida judicial não tem caráter indenizatório ou compensatório, razão pela
qual deve ser fixada em valor suficiente para garantir eficácia à tutela jurisdicional,
desestimulando a persistência no descumprimento das decisões judiciais.

Ocorre que a aplicação de multa se mostra adequada apenas se for o meio mais
vantajoso para o efetivo cumprimento da obrigação.

Nas obrigações de saúde pública, a multa só deve ser aplicada em situações

excepcionais, exatamente por ter outros meios mais adequados e de maior efetividade para
cumprimento da obrigação imposta na sentença. Além disso, é inegável que a imposição de
multa contra a Fazenda Pública nas obrigações de saúde pode onerar os cofres públicos e
paradoxalmente não ter o resultado prático de garantir o serviço requestado.

Nesse aspecto, orienta o Enunciado Nº 74 da Jornada de Direito da Saúde do

Conselho Nacional de Justiça:

"Não havendo cumprimento da ordem judicial, o Juiz efetuará, preferencialmente, bloqueio

em conta bancária do ente demandado, figurando a multa (astreintes) apenas como ultima
ratio".

Ademais, as medidas cominatórias para o cumprimento de decisão judicial

devem ponderar a menor onerosidade do devedor, preceito que deve ser maximizado quando
incidente sobre verba do Poder Público.

0046775-75.2021.8.27.2729 9943659 .V3

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Considerando que o caso da exequente requer atenção, o juízo pode assegurar o
cumprimento da obrigação mediante aquisição do serviço na rede privada, observado os
parâmetros mínimos exigidos para efetivação do bloqueio, mediante a apresentação do menor
orçamento e avaliação dos critérios da tese fixada no Tema 1033 do Supremo Tribunal
Federal, cujo teor segue em destaque:

"Tema 1033 – RE 666.094 / Recurso Extraordinário “O ressarcimento de serviços de saúde

prestados por unidade privada em favor de paciente do Sistema Único de Saúde, em
cumprimento de ordem judicial, deve utilizar como critério o mesmo que é adotado para o
ressarcimento do Sistema Único de Saúde por serviços prestados a beneficiários de planos
de saúde.”"

Assim, o bloqueio de verbas é medida substitutiva adequada a obtenção da

satisfação da obrigação, caso o executado não satisfaça voluntariamente a obrigação. De
maneira que cabe ao magistrado adotar as medidas possíveis, nos termos do que dispõe o art.
536/CPC.

INTIME-SE pessoalmente o SECRETÁRIO DA SAÚDE do ente requerido,

ou quem lhes faça as vezes no momento da intimação, bem como a Procuradoria via e-Proc,
para cumprir a sentença, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de bloqueio de valores.

Oportunizo ao Estado, no mesmo prazo acima, por meio da Procuradoria e das

áreas técnicas da SESAU - que informe nos autos o valor do procedimento segundo a
TABELA SUS, com aplicação do IVR, sem prejuízo de avaliação judicial quanto à
razoabilidade de aplicação dos parâmetros no tratamento em questão, consoante previsto no
TEMA 1033 do STF.

INTIMO, ainda, a parte executada para, caso queira, no prazo de 30 (trinta)

dias e nos próprios autos, IMPUGNAR A EXECUÇÃO, conforme dispõe o art. 535 do
CPC.

Por oportuno, INTIMO a parte exequente para apresentar 3(três) orçamentos

concernentes ao procedimento pretendido, para, se necessário, servir de referência em caso de
bloqueio de valores, na espécie, justificável para dar efetividade à ordem judicial.

Sirva este despacho como mandado, inclusive em regime de plantão.

Cumpra-se.

Palmas, data certificada pelo sistema.

Documento eletrônico assinado por GIL DE ARAÚJO CORRÊA, Juiz de Direito, na forma do artigo 1º, inciso III, da
Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Instrução Normativa nº 5, de 24 de outubro de 2011. A conferência da
autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.tjto.jus.br, mediante o preenchimento do
código verificador 9943659v3 e do código CRC d5553730.

Informações adicionais da assinatura:

Signatário (a): GIL DE ARAÚJO CORRÊA
Data e Hora: 21/11/2023, às 18:25:40

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