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DOUTO JUÍZO DA VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE

VIÇOSA/MG

PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO
SEGUNDO O ART. 71 DA LEI nº 10.741/03

NOME E QUALIFICAÇÃO COMPLETA, com mesmo endereço eletrônico que


seus advogados signatários e, por meio destes, com escritório profissional situado na Praça
Mário Del Giúdice, 38, sala 107, Centro, Viçosa, Minas Gerais, CEP 36570- 049, sendo seu
endereço eletrônico ___________, onde o Autor recebe cartas, e-mails e intimações de Lei,
vem, respeitosamente, perante este Digno Juízo, propor:

MANDADO DE SEGURANÇA COM TUTELA DE URGÊNCIA

Visando proteger direito líquido e certo seu, indicando como coator o Sr. Gerente-
Executivo da Agência da Previdência Social de Viçosa/MG, a ser encontrado
na ________________, pelos seguintes fundamentos fáticos e jurídicos que passa a
expor:

1. DOS FATOS

O Impetrante, no dia 24/03/2022, realizou o requerimento de revisão da vida


toda, com protocolo 1802578084, já que cumpria os requisitos impostos.

Porém, após quase um ano da entrada do requerimento, até então não se deu
nenhuma atualização ou andamento, indo contra ao prazo previsto na Lei nº. 9.784/99 sem
que tenha sido proferida decisão.

Por esse motivo, impetra-se o presente Mandado de Segurança, buscando o amparo


do direito líquido e certo à análise do seu requerimento administrativo.

2. DO DIREITO
2.1 DO CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA

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Conforme o Artigo 5º LXIX, da Constituição da República Federativa do Brasil,
conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por
“habeas-corpus” ou “habeas-data”, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder
for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público.

Nesse mesmo sentido é a redação do artigo 1º da Lei 12.016 de 2009 ao assegurar


que conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado
por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer
pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de
autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.

No caso em tela, o direito liquido e certo está sendo violado por ato ilegal
do INSS – na figura do Gerente da APS de Viçosa – eis que, após quase um
ano, o requerimento do Impetrante sequer fora analisado, estando o direito da
segurada à mercê da razoável duração do processo e à celeridade de sua tramitação.

2.2 DO INTERESSE DE AGIR

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No presente caso o interesse processual do Impetrante assenta-se na omissão do
Gerente da APS que até o momento não se manifestou acerca do pedido
administrativo formulado pela Impetrante, tendo sido ultrapassado o prazo previsto
na Lei nº. 9.784/99 sem que tenha sido proferida decisão.

Nessa esteira, considerando a decisão do Gerente do INSS, evidente a presença


do trinômio necessidade-utilidade-adequação que caracteriza o interesse de
agir, na medida em que o ato ilegal emanado pelo Administrador somente
poderá ser reparado pela atuação do Poder Judiciário, por meio do processo,
instrumento útil e adequado para persecução deste fim.

Pelo exposto, denota-se que a omissão e a inércia administrativa,


implica em grave prejuízo ao seu direito, e assim configura o interesse de
agir.

2.3 DO MÉRITO

No que se refere ao mérito da presente ação, vislumbra-se que o processo


administrativo decorre do poder do INSS de administrar e manter benefícios
previdenciários, bem como da garantia de petição constitucionalmente prevista, assegurada
aos segurados e dependentes.

Nesse contexto, a Lei 9.784/99 regulamenta o processo administrativo no âmbito da


Administração Pública Federal, de modo que estabelece, em seu art. 49, o prazo de trinta
dias para decisão dos requerimentos efetuados pelos administrados, prazo esse prorrogável
por igual período mediante motivação expressa:

Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração


tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorrogação por
igual período expressamente motivada. (grifado)

Aliado a isso, uma das garantias constitucionais aplicáveis ao processo


administrativo previdenciário é o princípio da celeridade ou da duração razoável do
processo, previsto no art. 5º, inciso LXXVIII, da CF/88:

LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a


razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade
de sua tramitação.

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Outro preceito a ser observado é o princípio da eficiência administrativa, constante
no art. 37, caput, da CF/88:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

Nesse sentido, caminha o entendimento do Tribunal Regional Federal da 4ª Região:

PREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. REQUERIMENTO


ADMINISTRATIVO. DEMORA INJUSTIFICADA NA IMPLANTAÇÃO DO
BENEFÍCIO CONCEDIDO NA ESFERA EXTRAJUDICIAL. 1. Trazendo a
apelação conteúdo diverso da sentença, ao pugnar por reforma de pontos por ela
não decidos, tem-se que não deve ser conhecida. 2. A excessiva demora tanto
para análise do processo administrativo quanto para a implantação
do respectivo benefício, sem justificado motivo, não se mostra em
consonância com o direito fundamental à razoável duração do
processo, e tampouco está em sintonia com os princípios da
razoabilidade e da eficiência da Administração Pública. (TRF4 5010842-
35.2020.4.04.7200, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DE SC,
Relator SEBASTIÃO OGÊ MUNIZ, juntado aos autos em 18/02/2021)
(grifos nossos)

PREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. RAZOÁVEL DURAÇÃO


DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. EXCESSO DE PRAZO.
CONCESSÃO DE ORDEM. LEGALIDADE. 1. A Administração Pública direta e
indireta deve obediência aos princípios estabelecidos na Constituição Federal, art.
37, dentre os quais o da eficiência. 2. A prática de atos processuais administrativos
e respectiva decisão encontram limites nas disposições da Lei 9.784/99, sendo de
cinco dias o prazo para a prática de atos e de trinta dias para a decisão. Aqueles
prazos poderão ser prorrogados até o dobro, desde que justificadamente. 3. Não
se desconhece o acúmulo de serviço a que são submetidos os
servidores do INSS, impossibilitando, muitas vezes, o atendimento dos prazos
determinados pelas Leis 9.784/99 e 8.213/91. Ressalte-se, porém, que
"independentemente dos motivos, o exercício dos direitos relativos à
saúde, à previdência e à assistência social não pode sofrer prejuízo
decorrente de demora excessiva na prestação do serviço público,
devendo a questão ser analisada com base nos princípios da
proporcionalidade e razoabilidade" (TRF4, 6ª Turma, Remessa Necessária
n. 5023894-74.2015.4.04.7200, Relatora Desembargadora Federal Salise Monteiro
Sanchotene). 4. Ultrapassado, sem justificativa plausível, o prazo para a decisão,
deve ser concedida a ordem. (TRF4

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5036441-28.2019.4.04.7000, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DO PR,
Relator LUIZ FERNANDO WOWK PENTEADO, juntado aos autos em
28/11/2019)

Diante da ausência de análise do requerimento protocolado pelo Impetrante, resta


caracterizada a ilegalidade da Autoridade Administrativa, ainda que a inércia não decorra de
voluntária omissão dos agentes públicos competentes. Vale ressaltar que a Autarquia não se
manifestou com objetivo de prorrogar o prazo, estando inerte até então.

Com efeito, o Impetrante está sendo prejudicado pela demora na análise de


seu pedido. Ademais, não é razoável exigir do Segurado a espera indefinida, sem qualquer
justificativa para tal.

Logo, requer seja concedida a segurança, para determinar que a Autoridade


Impetrada decida o requerimento administrativo em prazo não superior a 30 (trinta) dias,
sobretudo tratando-se de direito líquido e certo, que não demanda dilação probatória e que
teve o prazo legal violado.

3. DA TUTELA DE URGÊNCIA

O novo Código de Processo Civil estabelece em seu art. 300 que “A tutela de
urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”. No presente caso, o
direito está manifestamente comprovado, uma vez que fora ultrapassado e muito o prazo de
30 dias, prorrogáveis por mais 30, previsto no art. 49 da Lei do Processo Administrativo.

No que concerne ao perigo ou dano ao resultado útil do processo, há que se


atentar que nos benefícios previdenciários traduz-se um quadro de urgência que exige pronta
resposta do Judiciário, tendo em vista que o risco de ineficácia do provimento jurisdicional
final. A esse respeito:

O princípio constitucional da imediatidade tem a ver com a própria


finalidade da segurança social: remediar ou ajudar a superar situações
que ao serem produzidas por contingências sociais criam problemas ao
indivíduo. Para que o socorro seja verdadeiramente efetivo, é preciso
que a ajuda se realize em tempo oportuno, pois do contrário
perderia muito do seu

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valor. Se a resposta não for imediata, a missão da Seguridade será
cumprida de forma deficiente1. (g.n.)

Portanto, requer seja determinada, liminarmente, a conclusão do


requerimento administrativo pela Autoridade Administrativa, em prazo não
superior a 30 dias, sobretudo tratando-se de direito líquido e certo, que não demanda
dilação probatória e que teve o prazo legal violado.

4. DOS REQUERIMENTOS

Isto posto, requer:

a) O recebimento e o deferimento da presente peça inaugural, com a


concessão do benefício de gratuidade de justiça, considerando que o
Impetrante não possui condições de arcar com as despesas processuais, sem
prejuízo do seu sustento, nos termos da declaração inclusa;

b) Seja observada a PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO, visto o Impetrante já


possuir 74 anos, segundo art. 71 do Estatuto do Idoso e art. 1.048 do CPC

c) A concessão tutela de urgência em caráter liminar, para determinar a


conclusão do ato administrativo pela Autoridade Administrativa, em prazo não
superior a 30 dias;

d) A notificação da autoridade coatora, Sr. Gerente-Executivo da Agência da


Previdência Social de Viçosa/MG, a ser encontrado na Agência situada na
Rua Doutor Milton Bandeira, nº. 160, Vereda do Bosque, Viçosa/MG,
CEP 36570-172;

e) A CONCESSÃO DA SEGURANÇA, a fim de confirmar a tutela de


urgência, mediante a determinação para conclusão do requerimento
administrativo pela Autoridade Administrativa, em prazo não
superior a 30 dias.

Atribui-se à causa o valor de R$ 1.302,00 (um mil, trezentos e dois reais) para fins
fiscais.

1
Ruprecht apud Savaris. Direito Processual Previdenciário. Curitiba: Alteridade, 2018. p. 465/466.
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Nestes termos, Pede deferimento.

, data da assinatura eletrônica.

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