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RICARDO ROSÁRIO DE SOUZA

Advogado - OAB/RJ 202.083

AO JUÍZO DA __ VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ

CELY ALVES FERREIRA, brasileiro, estado civil casado, aposentado,


portador da Cédula de Identidade do Registro Geral nº 07.252.055-4 e inscrito no cadastro de Pessoa Física
nº: 426.183.477-49, residente e domiciliado na Estrada Agrovila, Campelo, s/n – km 8 Travessão de
Campos, vem, com o devido respeito, por meio de procurador que esta subscreve com endereço
profissional abaixo, perante Vossa Excelência, com fulcro artigo 29, I, da Lei 8.213/91, propor:

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE REVISÃO DA VIDA TODA

Em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, pessoa jurídica de direito público,
inscrita no CNPJ sob o nº 29.979.036/0001-40, com agência situada à Endereço à Rua Treze de Maio, nº
70 – centro, Campos dos Goytacazes/RJ CEP: 28010-260, pelos fundamentos fáticos e jurídicos que ora
passa a expor:

PRELIMINARMENTE
DA TEMPESTIVIDADE
A presente ação de revisão do benefício de aposentadoria por tempo de serviço é tempestiva, eis
que requerido dentro do prazo decadencial de 10 (dez) anos conforme previsão do artigo 103, inciso I da
Lei 8.213, in verbis:

Artigo 103. O prazo de decadência do direito ou da ação do segurado ou beneficiário


para a revisão do ato de concessão, indeferimento, cancelamento ou cessação de
benefício e do ato de deferimento, indeferimento ou não concessão de revisão de
benefício é de 10 (dez) anos, contado:

I - do dia primeiro do mês subsequente ao do recebimento da primeira prestação ou


da data em que a prestação deveria ter sido paga com o valor revisto; ou

(...)

Ed. Ninho das Águias, Praça do Santíssimo Salvador, 41, sala 1203, Centro, Campos/RJ. Tel:
(22)999550837- ricardo.rbadv@gmail.com-
RICARDO ROSÁRIO DE SOUZA
Advogado - OAB/RJ 202.083

Verifica-se que o benefício foi concedido em 22/01/2017, razão pela qual não se exauriu o prazo
decenal indicado na legislação. Resta, portanto, comprovada a tempestividade do presente requerimento.

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
De acordo com as disposições do artigo 98 do Código de Processo Civil, fará jus ao benefício da
justiça gratuita todo aquele que comprovar não possuir condições de arcar com as custas processuais e
honorários advocatícios, sem que para tanto sacrifique o seu próprio sustento e de sua família. Veja-se:
Artigo 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de
recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios
têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.

Ainda sobre a gratuidade a que tem direito o Requerente, o Código de Processo Civil dispõe, em
seu artigo 99, § 3º, que "presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por
pessoa natural".
Assim, basta a mera alegação de insuficiência de recursos, tendo para tanto anexada declaração
de dependência econômica que é mais lidima expressão da verdade, nos termos do parágrafo 1º da Lei nº
7.115/1983.
Preenchidos, pois, os requisitos exigidos para a concessão do benefício pleiteado, como medida
de justiça e de direito que se vislumbra neste momento, requer o deferimento do pedido, a fim de que
seja concedida a justiça gratuita, ante a comprovação de que a requerente faz jus ao benefício,
consoante os artigos 98 e seguintes do Código de Processo Civil.

DA PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO PROCESSUAL


O Requerente nasceu em 06/06/1940, possui 83 (oitenta e três) anos de idade , em razão disso,
possui direito a prioridade de tramitação da presente demanda, de acordo com o artigo 1.048, inciso I, do
Código de Processo Civil.
Outrossim, o direito a prioridade de tramitação também está disposto no Estatuto do Idoso (Artigo
71 da Lei 10.741), que aduz ser assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na
execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual
ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância.
Assim, tendo em vista que o Requerente tem direito a prioridade processual, em razão da
idade, requer seja-lhe conferido esse direito, nos termos da fundamentação apresentada.

DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO


Diante da natureza da presente demanda e em atendimento ao disposto no artigo 319, inciso VII
do Código de Processo Civil, informa o Requerente que não há interesse na realização de audiência
de conciliação ou de mediação, haja vista a iminente ineficácia do procedimento e a necessidade de que
ambas as partes dispensem a sua realização, conforme previsto no artigo 334, § 4º, inciso I, do Código de
Processo Civil.

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I. DOS FATOS
O Requerente recebe o benefício de aposentadoria por invalidez nº 617027637-5, desde
28/12/2016 (Data de Entrada do Requerimento), conforme a carta de concessão do benefício em anexo a
esta exordial.
No entanto, ao calcular o benefício de aposentadoria, tendo em vista que o segurado filiou-se ao
Regime Geral da Previdência Social antes de 29/11/1999, o Requerido efetuou o cálculo do benefício de
aposentadoria na forma do artigo 3º, caput e § 2º, da Lei 9.876/99, considerando no cálculo apenas os
salários de contribuição posteriores a julho de 1994 e aplicando o mínimo divisor que resultou na concessão
da aposentadoria com Renda Mensal Inicial - RMI - de apenas R$ 1.686,68 (mil seiscentos e oitenta e seis
reais e sessenta e oito centavos).
Ocorre que essa metodologia de cálculo não é adequada no presente caso, pois a regra prevista
no artigo 3º, caput e § 2º, da Lei 9.876/99 trata-se de regra de transição, motivo pelo qual deve ser
oportunizado ao segurado optar pela forma de cálculo permanente por ser esta mais favorável consoante
a planilha de cálculo abaixo colacionada:
E no caso em tela, constata-se que a aplicação da regra permanente do artigo 29, II da Lei
8.213/91 é mais favorável ao segurado (vide cálculo em anexo).
Por esse motivo o Requerente, vem postular a revisão de seu benefício.

II. DO DIREITO

DO INTERESSE DE AGIR - DESNECESSIDADE DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO


Primeiramente, deve-se anotar que a presente demanda prescinde da realização de prévio
requerimento administrativo perante o Requerido.
Isto porque se está diante de pedido de revisão de benefício, hipótese em que o prévio
requerimento administrativo é dispensado, nos termos do julgamento do Tema 350 pelo Supremo Tribunal
Federal:
I - A concessão de benefícios previdenciários depende de requerimento do
interessado, não se caracterizando ameaça ou lesão a direito antes de sua apreciação
e indeferimento pelo INSS, ou se excedido o prazo legal para sua análise. É bem de
ver, no entanto, que a exigência de prévio requerimento não se confunde com o
exaurimento das vias administrativas; II - A exigência de prévio requerimento
administrativo não deve prevalecer quando o entendimento da Administração for
notória e reiteradamente contrário à postulação do segurado; III - Na hipótese de
pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de benefício
anteriormente concedido, considerando que o INSS tem o dever legal de
conceder a prestação mais vantajosa possível, o pedido poderá ser formulado
diretamente em juízo - salvo se depender da análise de matéria de fato ainda não
levada ao conhecimento da Administração -, uma vez que, nesses casos, a
conduta do INSS já configura o não acolhimento ao menos tácito da pretensão;

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IV - Nas ações ajuizadas antes da conclusão do julgamento do RE XXXXX/MG


(03/09/2014) que não tenham sido instruídas por prova do prévio requerimento
administrativo, nas hipóteses em que exigível, será observado o seguinte: (a) caso a
ação tenha sido ajuizada no âmbito de Juizado Itinerante, a ausência de anterior
pedido administrativo não deverá implicar a extinção do feito; (b) caso o INSS já tenha
apresentado contestação de mérito, está caracterizado o interesse em agir pela
resistência à pretensão; e (c) as demais ações que não se enquadrem nos itens (a) e
(b) serão sobrestadas e baixadas ao juiz de primeiro grau, que deverá intimar o autor
a dar entrada no pedido administrativo em até 30 dias, sob pena de extinção do
processo por falta de interesse em agir. Comprovada a postulação administrativa, o
juiz intimará o INSS para se manifestar acerca do pedido em até 90 dias. Se o pedido
for acolhido administrativamente ou não puder ter o seu mérito analisado devido a
razões imputáveis ao próprio requerente, extingue-se a ação. Do contrário, estará
caracterizado o interesse em agir e o feito deverá prosseguir; V - Em todos os casos
acima - itens (a), (b) e (c) -, tanto a análise administrativa quanto a judicial deverão
levar em conta a data do início da ação como data de entrada do requerimento, para
todos os efeitos legais. (grifos nossos)

Portanto, presente o interesse de agir para o ajuizamento da presente ação.

DA ALTERAÇÃO NA FORMA DE CÁLCULO DO SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO - DIREITO DE OPÇÃO


PELA REGRA PERMANENTE DO ART. 29, I, DA LEI 8.213/91.
Inicialmente, importa destacar que na presente demanda não se está a discutir a
constitucionalidade da regra de transição prevista no art. 3º da 9.876/99.
O que se defende é que mesmo sendo constitucional, o referido dispositivo trata-se de norma de
transição, que somente pode ser aplicada para beneficiar o segurado, sendo possível a opção pela regra
permanente caso esta seja mais favorável, eis que esta é a "verdadeira" regra estipulada pelo legislador e
que melhor atende aos princípios da razoabilidade da proporcionalidade entre o custeio e o benefício, eis
que o valor do benefício será aferido através de todas as contribuições vertidas pelo segurado ao Instituto
Nacional do Seguro Nacional - INSS, conforme se demonstrará seguir.
A Lei 8.213/91 previa, em sua redação original, que o salário de benefício deveria ser calculado
através da média aritmética dos salários de contribuição imediatamente anteriores a concessão do
benefício até o máximo de 36 salários de contribuição encontrados nos 48 meses anteriores. Veja-se o
texto original do artigo 29 da Lei 8.213/91:
Artigo 29. O salário de benefício consiste na média aritmética simples de todos os
últimos salários de contribuição dos meses imediatamente anteriores ao do
afastamento da atividade ou da data da entrada do requerimento, até o máximo de 36
(trinta e seis), apurados em período não superior a 48 (quarenta e oito) meses.
(Redação original)

Assim, segurado poderia verter contribuições sobre valor inferior durante toda a vida laboral, e
elevar o valor destas nos últimos 36 meses anteriores à aposentadoria, garantindo um benefício de valor
elevado.
Buscando maior equilíbrio financeiro e atuarial, foi editada a Lei 9.876/99, que alterou
drasticamente a forma de cálculo do benefício determinando que o salário de benefício fosse calculado
através da média aritmética simples dos oitenta por cento maiores salários de contribuição existentes
durante toda a vida laboral do segurado, nos seguintes termos:

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Artigo 29. O salário de benefício consiste:

I - para os benefícios de que tratam as alíneas b e c do inciso I do art. 18, na média


aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a oitenta por
cento de todo o período contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário;

II - para os benefícios de que tratam as alíneas a, d, e, e h do inciso I do art. 18, na


média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a
oitenta por cento de todo o período contributivo. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de
26.11.99).

Dessa forma, considerando a necessidade de evitar prejuízos aos segurados que já eram filiados
a previdência social pelo alargamento do período básico de cálculo para todo o período contributivo, tornou-
se necessário introduzir uma regra transitória para ser aplicada àqueles trabalhadores que já estavam
próximos da aposentadoria e poderiam ter seu benefício reduzido pela drástica alteração na forma de
cálculo do benefício.
Tal regra de transição foi introduzida pela Lei 9.876/99, em seu art. 3º, in verbis:
Artigo 3º - Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de
publicação desta Lei, que vier a cumprir as condições exigidas para a concessão dos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício
será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de- contribuição,
correspondentes a, no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo
decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e II
do caput do art. 29 da Lei n. 8.213, de 1991, com a redação dada por esta Lei.

§ 1º Quando se tratar de segurado especial, no cálculo do salário- de-benefício serão


considerados um treze avos da média aritmética simples dos maiores valores sobre
os quais incidiu a sua contribuição anual, correspondentes a, no mínimo, oitenta por
cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994,
observado o disposto nos incisos I e II do § 6º do art. 29 da Lei no 8.213, de 1991, com
a redação dada por esta Lei.

§ 2º - No caso das aposentadorias de que tratam as alíneas b, c e d do inciso I do art.


18, o divisor considerado no cálculo da média a que se refere o caput e o § 1º não
poderá ser inferior a sessenta por cento do período decorrido da competência julho de
1994 até a data de início do benefício, limitado a cem por cento de todo o período
contributivo."

Frisa-se que esta norma possui caráter transitório como forma de resguardar o direito dos
segurados que já estavam inscritos na previdência social até 29/11/1999. Repisa-se que o caráter de norma
transitória fica evidente quando se considerar que a limitação temporal prevista no artigo 3º da Lei 9.876/99
deixará de ser aplicada a partir do momento em que deixarem de existir segurados filiados ao Regime Geral
da Previdência Social antes da edição da referida Lei.
E como norma de transição que é não pode o artigo 3º da Lei 9.876/999 prejudicar o
segurado que já possuía uma trajetória contributiva regular antes da edição da Lei 9.876/99.
Ressalta-se que até então o período básico de cálculo era restrito aos últimos 36 meses de
contribuição, nos termos da redação original do artigo 29 da Lei 8.213/91, e a regra de transição, ao
estipular o termo inicial do Período Básico de Cálculo em julho de 1994 permite que o número de salários
de contribuição utilizados no cálculo fosse elevado progressivamente, com o passar dos anos, até que
regra de transição deixe de ser aplicável.

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Ocorre que existem vários casos em que o segurado possui regularidade nas contribuições antes
de 1994 e muitas vezes com valores superiores aos dos salários de contribuição vertidos após julho de
1994. Nesses casos, a aplicação da regra permanente é mais vantajosa ao segurado.
Destaca-se que a regra de transição não pode impor ao segurado que possui muito mais
contribuições, por vezes em valor mais elevado que as vertidas após julho de 1994, uma situação pior do
que a regra nova.
Nesse ponto, destacamos a lição do de Melissa Folmann e João Marcelino Sores:
"As regras de transição existem para atenuar os efeitos das novas regras aos
segurados já filiados ao regime, que detinham expectativa de direito com base nas
regras anteriores. Quando nova regra surge, dividem-se os segurados em três grandes
grupos:

a) o segurado que preencheu os requisitos para determinado benefício com fulcro nas
regras revogadas - neste caso existe o direito adquirido, incidindo as regras revogadas,
se mais benéficas ao segurado.

b) o segurado que iria preencher os requisitos para determinado benefício com base
nas regras revogadas - nesta hipótese o segurado não tem direito adquirido, mas tão
somente, expectativa de direito.

c) o segurado que se filiou ao regime após a alteração - neste caso, aplica-se somente
as regras novas.”

É justamente para o segurado que não tinha direito adquirido, mas que tinha expectativa de direito,
é que as regras de transição são criadas. Trata-se de maneira diferente o segurado que se encontra em
uma situação intermediária, para que o mesmo não seja tratado da mesma forma que os segurados com
direito adquirido nem da mesma foram que os segurados que se filiaram ao regime após o advento da regra
alteradora.
Exemplo disso ocorreu com as alterações na aposentadoria por tempo de contribuição operadas
pela Emenda Constitucional 20/98. Quem preencheu 25-30 anos de serviço (se mulher ou se homem) até
15.12.1998, tem direito a aposentação pela regra anterior; quem se filiou ao regime a partir de 16.12.1998
terá direito a aposentar apenas com 30-35 anos (se mulher ou se homem); agora, quem já se encontrava
filiado antes de 16.12.1998 e que não preencheu os requisitos da regra anterior, aplica-se a
facultativamente as regras de transição do artigo 9º, § 1º, da EC 20/98. Assim, a regra de transição é
facultativa, pois existe para beneficiar o segurado e, em nenhuma hipótese pode ser retirado do segurado
a possibilidade de optar pela nova regra.
Portanto, deve ser facultada ao segurado a escolha pela aplicação da norma que lhe mais
vantajosa, no caso, a regra permanente.
O tratamento justo da questão depende da forma de interpretação que o magistrado dará a norma,
sendo que a interpretação teleológica da norma em apreço concederá um benefício de acordo com as
contribuições do segurado.
Veja-se que a ampliação do período básico de cálculo estipulada pela Lei 9.876/99 é socialmente
mais justa que regra anterior, pois assegura uma aposentadoria concernente com as contribuições
recolhidas durante a vida laboral, sendo que para resguardar a expectativa de direito daqueles que já se
encontravam próximos da aposentadoria a Lei 9.876/99 estipulou regra indicando que o termo inicial do
período de cálculo em julho de 1994.

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Todavia, por uma questão de justiça e proporcionalidade, deve ser assegurado ao segurado que
vertia contribuições em momento anterior a julho de 1994 optar pela inclusão destas contribuições no
Período Básico de Cálculo. Frisa-se que tal providencia não implicará em prejuízos ao equilíbrio financeiro
e atuarial, e ainda prestigiará o princípio da proporcionalidade entre a as contribuições e o valor do
benefício, eis que se utilizarão as contribuições vertidas pelo segurado a fim de alcançar o valor do salário
de benefício.
Nesse sentido, reconhecendo quanto à possibilidade de o segurado que tenha ingressado no
Regime Geral em momento anterior a edição da Lei 9.876/99 em optar pela aplicação da regra permanente
do artigo 29, I da Lei da 9.876/99, o Superior Tribunal de Justiça julgou a questão sob o manto dos recursos
repetitivos, por ocasião do deslinde do Tema nº 999:
Aplica-se a regra definitiva prevista no art. 29, I e II da Lei 8.213/1991, na apuração do
salário de benefício, quando mais favorável do que a regra de transição contida no art.
3o. da Lei 9.876/1999, aos Segurado que ingressaram no Regime Geral da
Previdência Social até o dia anterior à publicação da Lei 9.876/1999

Por outro lado, a regra do divisor mínimo se refere expressamente à regra de transição da Lei
9.876/99 (§ 2º do art. 3º), não sendo aplicável no caso da utilização da regra permanente do artigo 29 da
Lei 8.213/91.
Veja-se que a regra do divisor mínimo está presente apenas junto à regra de transição, de sorte
que o artigo referente à regra permanente nada diz sobre o divisor.
Á título argumentativo, o Supremo Tribunal Federal entende que "a superposição de vantagens
caracteriza sistema híbrido - que conjugue os aspectos mais favoráveis de cada uma das leis -, incompatível
com a sistemática de cálculo dos benefícios previdenciários" ( AI 739.087-AgR).
Ora, se não é possível unir vantagens de sistemáticas de cálculo diversas, muito menos seria
possível unir regras restritivas!
Portanto mostra-se inconcebível a utilização do comando normativo do § 2º do artigo 3º da Lei
9.876/99, incompatível com a regra permanente do artigo 29 da Lei 8.213/91.
Por todo o exposto, tratando-se as regras do artigo 3º, caput, e § 2º da Lei 9.876/99 de regras de
transição deve ser facultado ao segurado optar pela aplicação das regras permanentes do art. 29, I,
da Lei8.213/91, com a utilização de todo o período contributivo, incluindo as contribuições
anteriores a julho de 1994.

DA RELATIVIDADE DAS REGRAS DE TRANSIÇÃO.


Acerca da relatividade das regras de transição é imperioso citar que o artigo 9º, caput e § 1º, da
Emenda Constitucional 20/98 que trouxe as regras de transição.
Artigo 9º - Observado o disposto no art. 4º desta Emenda e ressalvado o direito de
opção a aposentadoria pelas normas por ela estabelecidas para o regime geral de
previdência social, é assegurado o direito à aposentadoria ao segurado que se tenha
filiado ao regime geral de previdência social, até a data de publicação desta Emenda,
quando, cumulativamente, atender aos seguintes requisitos: (Revogado pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)

§ 1º - O segurado de que trata este artigo, desde que atendido o disposto no inciso I
do "caput", e observado o disposto no art. 4º desta Emenda, pode aposentar-se com

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valores proporcionais ao tempo de contribuição, quando atendidas as seguintes


condições: (Revogado pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

I - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de: (Revogado pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)

a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e (Revogado pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)

b) um período adicional de contribuição equivalente a quarenta por cento do tempo


que, na data da publicação desta Emenda, faltaria para atingir o limite de tempo
constante da alínea anterior; (Revogado pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

II - o valor da aposentadoria proporcional será equivalente a setenta por cento do valor


da aposentadoria a que se refere o "caput", acrescido de cinco por cento por ano de
contribuição que supere a soma a que se refere o inciso anterior, até o limite de cem
por cento.

Assim como se tornou claro a todos os operadores do direito previdenciário que a regra do § 1º,
norma de transição, é relativa e deve ser aplicada apenas quando mais favorável ao segurado que a nova
regra, assim deve ser também quanto à aplicação do artigo 3º, da Lei 9.876/99, por analogia.
Trata-se de teoria oriunda da análise da regra implícita de que a norma de transição não pode ser
pior que a nova norma. Tal se deve porque o legislador, ao editar a nova norma, entendeu-a como melhor
para os sistemas jurídico, previdenciário e atuarial brasileiros.

DA CONSTITUCIONALIDADE DA REGRA DE TRANSIÇÃO E DA REGRA PERMANENTE


É importante ressaltar que o pedido do Requerente para aplicação da regra definitiva prevista no
inciso I do artigo 29 da Lei 8.213/91 no cálculo de sua Renda Mensal Inicial, não implica em declaração de
inconstitucionalidade da regra de transição, prevista no artigo 3.º da Lei 9.876/99.
Nesse sentido é o entendimento da 2ª Turma Recursal do Paraná, no julgamento do RC 5046377-
87.2013.404.7000/PR, Rel. JF Leonardo Castanho Mendes em 09/05/2014, a qual confirmou a
desnecessidade de que seja declarada a inconstitucionalidade da regra de transição para que seja aplicada
a regra permanente no cálculo da Renda Mensal Inicial do benefício concedido aos segurados inscritos no
Regime Geral de Previdência Social antes do advento da Lei 9.876/1999. Veja-se:
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.
CÁLCULO DA RMI. REGRA DE TRANSIÇÃO DO ART. 3º, § 2º, DA LEI 9.876/99.
INAPLICABILIDADE. REGRA DEFINITIVA MAIS FAVORÁVEL AO SEGURADO. 1. A
regra de transição prevista no art. 3º, § 2º, da Lei 9.876/99, no que considerada a
composição do PBC apenas pelas contribuições feitas (maiores 80%) no período de
julho de 1994 em diante, não pode ser aplicada em desfavor de segurado para
quem a regra definitiva, em que se computa todo o período contributivo, seja
mais favorável. 2. Recurso do autor a que se dá provimento. ACORDAM os Juízes
da 2a Turma Recursal do Paraná, por unanimidade, DAR PROVIMENTO AO
RECURSO, nos termos do voto do (a) Relator (a). (grifos nossos)

Logo, conforme exposto, em se tratando da regra definitiva que é mais favorável ao Requerente
em detrimento da regra de transição prevista no artigo 3º, § 2º da Lei 9.876/999, a primeira deve ser
aplicada ao segurado por ser mais favorável.

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DO DIREITO À REVISÃO E DA APLICAÇÃO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL AO SEGURADO.


A observância da norma definitiva prevista no inciso I do artigo 29 da Lei 8.213/91 no cálculo do
salário de benefício do segurado é claramente mais vantajoso que a aplicação da regra de transição
prevista no artigo 3.º da Lei 9.876/99.
Assim, é o entendimento fixado pelo Supremo Tribunal Federal, em 21/02/2013, no julgado do
Recurso Extraordinário nº 630.501, em suma, garantiu o direito do segurado à melhor forma de cálculo e
ao melhor resultado dentro de sua realidade individual, in verbis:
APOSENTADORIA – PROVENTOS – CÁLCULO. Cumpre observar o quadro mais favorável ao
beneficiário, pouco importando o decesso remuneratório ocorrido em data posterior ao
implemento das condições legais. Considerações sobre o instituto do direito adquirido, na voz
abalizada da relatora – ministra Ellen Gracie –, subscritas pela maioria. (RE 630501, Relator(a):
Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado
em 21/02/2013, DJe-166 DIVULG 23-08-2013 PUBLIC 26-08-2013 REPERCUSSÃO GERAL -
MÉRITO EMENT VOL-02700-01 PP-00057)

Do mesmo modo procedeu a corte constitucional quando do julgamento do Tema 334; veja-se:
"direito a cálculo de benefício de aposentadoria de acordo com legislação vigente à época do
preenchimento dos requisitos exigidos para sua concessão".
Na mesma linha de entendimento, o Superior Tribunal de Justiça também já se posicionou sobre
a possibilidade da aplicação da regra definitiva do artigo 29, I e II da Lei 8.213/1991, quando mais favorável
ao segurado, conforme o entendimento firmando no Tema 999:
Aplica-se a regra definitiva prevista no art. 29, I e II da Lei 8.213/1991, na apuração do
salário de benefício, quando mais favorável do que a regra de transição contida no art.
3o. da Lei 9.876/1999, aos Segurado que ingressaram no Regime Geral da
Previdência Social até o dia anterior à publicação da Lei 9.876/1999.

Ademais, o Supremo Tribunal Federal, recentemente, proferiu o julgamento do tema 1102 com
repercussão geral (leading Case: RE 1276977), na qual se discutia à luz dos artigos 2º; 5º, caput; 97; 195,
§§ 4º e 5º; e 201 da Constituição Federal, bem como do artigo 26 da Emenda Constitucional nº 103/19, a
possibilidade da aplicação da regra definitiva do artigo 29, incisos I e II, da Lei nº 8.213/91, na apuração do
salário de benefício, quando mais favorável ao segurado do que a regra de transição contida no artigo 3º
da Lei nº 9.876/99, aos segurados que ingressaram no sistema antes de 26/11/99, data da publicação da
Lei nº 9.876/99. Veja-se:
Possibilidade de revisão de benefício previdenciário mediante a aplicação da regra
definitiva do artigo 29, incisos I e II, da Lei nº 8.213/91, quando mais favorável do que
a regra de transição contida no artigo 3º da Lei nº 9.876/99, aos segurados que
ingressaram no Regime Geral de Previdência Social antes da publicação da referida
Lei nº 9.876/99, ocorrida em 26/11/99.

No caso em comento, faz jus o Requerente a revisão do valor da renda mensal inicial (revisão
da vida toda) com aplicação da regra definitiva tendo em vista ser mais vantajosa ao seu caso, para
inserir no computo do cálculo do valor do benefício todo o período contributivo.

DO JULGAMENTO DO TEMA 1.102 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.

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RICARDO ROSÁRIO DE SOUZA
Advogado - OAB/RJ 202.083

O Plenário do Supremo Tribunal Federal concluiu o julgamento sobre da denominada "revisão da


vida toda", em que, por maioria de votos, o colegiado considerou possível a aplicação de regra mais
vantajosa à revisão da aposentadoria de segurados que tenham ingressado no regime geral de previdência
social antes da Lei 9.876/1999, que criou o fator previdenciário e alterou a forma de apuração dos salários
de contribuição para efeitos do cálculo de benefício.
A matéria foi discutida no Recurso Extraordinário nº 1276977, com repercussão geral (Tema 1.102) e
prevaleceu o entendimento de que, quando houver prejuízo para o segurado, é possível afastar a regra de
transição introduzida pela lei, que exclui as contribuições anteriores a julho de 1994:
Tese - "O segurado que implementou as condições para o benefício previdenciário
após a vigência da Lei 9.876, de 26.11.1999, e antes da vigência das novas regras
constitucionais, introduzidas pela EC 103/2019, tem o direito de optar pela regra
definitiva, caso esta lhe seja mais favorável".

A tese, como bem sintetizada no voto do Ministro Relator Marco Aurélio, cingia-se em definir a
compatibilidade, ou não, com a Constituição Federal, do direito de o segurado escolher o melhor benefício,
considerada a mudança do regime previdenciário promovida pela Lei nº 9.876/1999.
O ponto central da controvérsia, como bem delimita o voto que conduziu o acórdão no Supremo
Tribunal Federal, é exatamente o reconhecimento da natureza protetiva das regras transitórias, o que
impede que seja ela - a norma - aplicada em detrimento do segurado. Reafirmando, assim, a garantia já
estabelecida no julgamento do Recurso Extraordinário 630.501, afirmando a prevalência do critério de
cálculo que lhe proporcione a maior renda mensal possível, a partir do histórico das contribuições.
Outrossim, o Requerente tem o direito de optar pela regra definitiva, pois esta lhe é mais favorável
do que a regra de transição, tendo em vista que, ao inserir no computo do tempo de contribuição os salários
percebidos anteriores a julho de 1994 a renda mensal inicial da sua aposentadoria (número do benefício –
617027637-5), corresponderá a R$ 2.292,47 (dois mil duzentos e noventa e dois reais e quarenta e sete
centavos), conforme a planilha de cálculos que instruem a inicial.

DOS RETROATIVOS.
Reunidos os requisitos necessários, o termo inicial dos efeitos financeiros da revisão deve
retroagir, de regra, à data da concessão do benefício, com o pagamento das parcelas vencidas e acrescidas
de correção monetária (IPCA-E, conforme decisão do Superior Tribunal de Justiça) e juros de mora na
forma da lei; respeitada a prescrição quinquenal na forma do artigo 103 da Lei 8.213/91, o que ora se
requer.

III. DOS PEDIDOS


Ante o exposto, requer:
a) A concessão do benefício da gratuidade da justiça, por ser a parte Requerente pobre no sentido da
lei, não podendo arcar com o pagamento das custas e honorários de sucumbência, sem com isso prejudicar
seu próprio sustento e de sua família, na forma dos artigos 98 e 99 do Código de Processo Civil;

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b) A citação do Requerido, na pessoa de seu representante legal, para querendo, contestar a presente
ação, dentro do prazo legal, sob pena de confissão e revelia;
c) A dispensa da audiência de conciliação prevista no artigo 334 do Código de Processo Civil;
d) A procedência da presente ação, a fim de:
d.1) Revisar o benefício para que o cálculo do salário de benefício seja efetuado na forma da regra
permanente do artigo 29, I, da Lei 8.213/91, com redação dada pela Lei 9.876/99, considerando todo
o período contributivo do segurado, incluindo as contribuições anteriores a julho de 1994;
d.2) Pagar as parcelas vincendas e as diferenças vencidas e não prescritas decorrentes da presente
revisão a partir da data do início do benefício, devidamente atualizadas até a data do efetivo
pagamento, observada a prescrição quinquenal das parcelas vencidas.
e) A condenação da autarquia federal Requerida ao pagamento de custas processuais e honorários de
sucumbência.

IV. DAS PROVAS


Requer provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, em especial a prova
documental, nos termos do disposto no artigo 369 do Código de Processo Civil.

VI. DO VALOR DA CAUSA


Confere-se à causa o valor de R$ 178.499,99 (cento e setenta e oito mil quatrocentos e noventa
e nove reais e noventa e nove centavos)
O Requerente renuncia desde já o valor excedente a 60 salários mínimos, conforme o artigo 3 da
Lei 10.259/01.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Campos dos Goytacazes/RJ, data da assinatura digital.

RICARDO ROSÁRIO DE SOUZA


Advogado – OAB/RJ 202.083

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