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DIREITO

PREVIDENCIÁRIO:
ORIGEM, EVOLUÇÃO
HISTÓRICA E
PRINCÍPIOS
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Profª FERNANDA ARRUDA

@fernandatalcoelho
SEGURIDADE SOCIAL
ORIGEM – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS
SISTEMAS DE PROTEÇÃO SOCIAL

➢ 1ª FASE: ASSISTÊNCIA SOCIAL

ASSISTÊNCIA PRIVADA: LEI DOS ASSISTÊNCIA PÚBLICA:


PROTEÇÃO AOS NECESSITADOS POBRES FINANCIADA A PARTIR DAS
EXERCIDA NO ÂMBITO FAMILIAR Poor Relief CONTRIBUIÇÕES OBRIGATÓRIAS
OU COMUNITÁRIO Act, 1601, PARA FINS SOCIAIS
Inglaterra

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SEGURIDADE SOCIAL
ORIGEM – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS
SISTEMAS DE PROTEÇÃO SOCIAL

➢ 1ª FASE: ASSISTÊNCIA SOCIAL


➢ Até a “Lei dos Pobres” (Poor Relief Act, 1601, Inglaterra) a proteção
aos necessitados era exercida no âmbito familiar ou comunitário
(Assistência Privada);
➢ Após a “Lei dos Pobres” surgiu a fase da assistência pública,
financiada a partir de contribuições obrigatórias para fins sociais;
➢ O programa de assistência social era responsabilidade da Igreja,

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sendo destinado às crianças, velhos, inválidos e desempregados.
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SEGURIDADE SOCIAL
ORIGEM – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS
SISTEMAS DE PROTEÇÃO SOCIAL

➢ 2ª FASE: SEGURO SOCIAL


➢ 1883: O Chanceler alemão Otto Von BISMARCK instituiu o primeiro
sistema de seguro social (origem da Previdência Social)
➢ Fruto da pressão popular em face das precárias condições de
trabalho existentes à época (Revolução Industrial);
➢ Seguro-doença, seguro de acidentes do trabalho, seguro de invalidez
e proteção à velhice;

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➢ Financiado por contribuições dos empregados e empregadores.
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SEGURIDADE SOCIAL
ORIGEM – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS
SISTEMAS DE PROTEÇÃO SOCIAL

➢ 3ª FASE: SEGURIDADE SOCIAL


➢ 1941: O economista inglês William Henry BEVERIDGE instituiu um plano de
proteção social de caráter universal (“do berço ao túmulo”);
➢ Plano Beveridge não atendia apenas aos trabalhadores, mas a toda a sociedade;
➢ Tríplice fonte de custeio (Estado, trabalhador e empregador).

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SEGURIDADE SOCIAL
ORIGEM – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS
SISTEMAS DE PROTEÇÃO SOCIAL

ASSISTÊNCIA SEGURO SEGURIDADE


SOCIAL SOCIAL SOCIAL

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SEGURIDADE SOCIAL
EVOLUÇÃO LEGISLATIVA NO BRASIL

➢ 1543: é criada a primeira Santa Casa (Assistência Social);


➢ 1824: Constituição passa a prever os socorros públicos enquanto ação de natureza
assistencial (art. 179, XXXI);
➢ 1835: MONGERAL (previdência privada, sistema mutualista);
➢ 1891: a Constituição prevê a aposentadoria por invalidez decorrente de acidente em
serviço do servidor;
➢ 1919: 1ª Lei de Acidentes do Trabalho (seguros privados);

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SEGURIDADE SOCIAL
EVOLUÇÃO LEGISLATIVA NO BRASIL

➢ 1923: Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo 4.682):


➢ Surgimento da Previdência Social no Brasil (Seguro Social);
➢ Criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões – CAPs nas ferrovias
(organizadas por empresas);
➢ Natureza privada (contribuição das empresas e trabalhadores).

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SEGURIDADE SOCIAL
EVOLUÇÃO LEGISLATIVA NO BRASIL

➢ 1926: Lei n° 5.109 estende as CAPs aos portuários e marítimos;


➢ 1928: Lei n° 5.485 estende as CAPs aos trabalhadores dos serviços telegráficos e
radiotelegráficos;
➢ 1933: Governo Getúlio Vargas:
➢ Início da estatização do sistema previdenciário;
➢ Criam-se os Institutos de Aposentadorias e Pensões – IAPs (não mais por
empresa mas sim por categoria profissional*);

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➢ Marítimos, bancários, industriários, etc.

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SEGURIDADE SOCIAL
EVOLUÇÃO LEGISLATIVA NO BRASIL

➢ 1934: Constituição prevê a tríplice forma de custeio


➢ governo, empresa e trabalhador
➢ 1937: Constituição usa a expressão “Seguro Social”;
➢ 1960: Lei 3.807 (Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS) unifica a legislação dos
IAPs;
➢ 1966: IAPs são unificados formando o Instituto Nacional de Previdência Social –
INPS;

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SEGURIDADE SOCIAL
EVOLUÇÃO LEGISLATIVA NO BRASIL

➢ 1967: Lei 6.439 cria o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social –


SINPAS
➢ 1988: Constituição Federal institui a Seguridade Social
➢ 1990: Decreto 99.350 criou o INSS, mediante a fusão do Instituto de Administração
Financeira da Previdência e Assistência Social (IAPAS), com o Instituto Nacional de
Previdência Social (INPS).

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SEGURIDADE SOCIAL E O REGIME
JURÍDICO DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS
➢ CONCEITO DE SEGURIDADE SOCIAL
➢ Art. 194, CF. A seguridade social compreende um conjunto integrado
de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade,
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à
previdência e à assistência social.

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SEGURIDADE SOCIAL E O REGIME
JURÍDICO DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS
SEGURIDADE
SOCIAL

PREVIDÊNCIA ASSISTÊNCIA
SAÚDE
SOCIAL SOCIAL

Arts. 201 e
Arts. 203 e Art. 196 a 200,
202, CF –
204, CF CF
RGPS

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Art. 40, CF -
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SEGURIDADE SOCIAL
➢ ETIMOLOGIA
➢ Do espanhol seguridad = segurança.
➢ Melhor opção terminológica: “Segurança Social”

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SEGURIDADE SOCIAL
➢ “SEGURANÇA” NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
➢ Preâmbulo: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em
Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático,
destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a
liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a
justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e
sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na
ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias,
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA

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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL”.

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SEGURIDADE SOCIAL
➢ “SEGURANÇA” NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
➢ “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: (...)”.

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SEGURIDADE SOCIAL
➢ “SEGURANÇA” NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
➢ “Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição”.
➢ Transição entre a segurança jurídica do Estado liberal/abstencionista e a
segurança social do Estado Social intervencionista.

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SEGURIDADE SOCIAL NA
PERSPECTIVA DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS

TÍTULO II –
DIREITOS E
GARANTIAS
FUNDAMENTAIS

CAPÍTULO I CAPÍTULO II CAPÍTULO III CAPÍTULO IV CAPÍTULO V

Direitos e deveres

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individuais e Direitos sociais Nacionalidade Direitos políticos Partidos políticos
coletivos

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SEGURIDADE SOCIAL
➢ DIREITOS SOCIAIS
➢ Os direitos à Previdência Social, Assistência Social e Saúde são espécies de
direitos sociais, que, por sua vez, são espécies de direitos fundamentais
➢ REGIME JURÍDICO-CONSTITUCIONAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
➢ Só é possível realizar uma interpretação constitucionalmente adequada desses
direitos (Previdência, Assistência e Saúde) atribuindo-lhes o regime jurídico-
constitucional dos direitos fundamentais

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SEGURIDADE SOCIAL
➢ Art. 5º, § 2º, da Constituição Federal de 1988: “Os direitos e garantias expressos
nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por
ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do
Brasil seja parte”.
➢ Assim, mesmo considerando que a regulamentação específica da Previdência Social,
Assistência Social e Saúde esteja fora do Título II da Constituição (especialmente
nos artigos 194 a 204), ainda são direitos fundamentais e, como tais, merecem uma
interpretação coerente com essa natureza jurídica.

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CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA
CONCEPÇÃO DO DIREITO À SEGURIDADE
SOCIAL COMO DIREITO FUNDAMENTAL

➢ PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE


➢ A interpretação desses direitos deve ser realizada à luz do princípio da máxima
efetividade em matéria de hermenêutica de direitos fundamentais.
➢ Art. 5º, § 1º, CF/88: “As normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata”.

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CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA
CONCEPÇÃO DO DIREITO À SEGURIDADE
SOCIAL COMO DIREITO FUNDAMENTAL

➢ PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE
➢ Constitui objetivo da RFB construir uma sociedade SOLIDÁRIA (3º, I, CF/88);
➢ Caráter de proteção coletiva (socialização dos riscos);
➢ Fundamenta:
➢ o regime de Repartição Simples (x Capitalização);
➢ a compulsoriedade do sistema;
➢ Justifica:
➢ A aposentadoria por incapacidade permanente (invalidez) no 1º dia de trabalho;

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➢ cobrar contribuição dos aposentados que retornam ao trabalho, mesmo sem direito a nova
➢ aposentadoria (desaposentação/reaposentação).
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PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE
➢ PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE CONCESSÃO DE AUXÍLIO-ACIDENTE. OS
PLEITOS PREVIDENCIÁRIOS ENVOLVEM RELAÇÕES DE TRATO SUCESSIVO E ATENDEM NECESSIDADES DE
CARÁTER ALIMENTAR, RAZÃO PELA QUAL A PRETENSÃO À OBTENÇÃO DE UM BENEFÍCIO É IMPRESCRITÍVEL.
NÃO OCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO. RECURSO ESPECIAL DO SEGURADO PROVIDO. 1. O
Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 626.489/SE, Rel. Min. ROBERTO BARROSO, DJe 23.9.2014, com
repercussão geral reconhecida, firmou entendimento de que o direito fundamental ao benefício previdenciário pode ser
exercido a qualquer tempo, sem que se atribua consequência negativa à inércia do beneficiário, reconhecendo que
inexiste prazo decadencial para a concessão inicial de benefício previdenciário. 2. De fato, o benefício previdenciário
constitui direito fundamental da pessoa humana, dada a sua natureza alimentar, vinculada à preservação da vida. Por essa
razão, não é admissível considerar extinto o direito à concessão do benefício pelo seu não exercício em tempo que se
julga oportuno. A compreensão axiológica dos Direitos Fundamentais não cabe na estreiteza das regras do processo
clássico, demandando largueza intelectual que lhes possa reconhecer a máxima efetividade possível. Portanto, no
caso dos autos, afasta-se a prescrição de fundo de direito e aplica-se a quinquenal, exclusivamente em relação às
prestações vencidas antes do ajuizamento da ação. 3. Não se pode admitir que o decurso do tempo legitime a violação de
um direito fundamental. O reconhecimento da prescrição de fundo de direito à concessão de um benefício de caráter
previdenciário excluirá seu beneficiário da proteção social, retirando-lhe o direito fundamental à previdência social, ferindo
o princípio da dignidade da pessoa humana e da garantia constitucional do mínimo existencial. 4. Recurso Especial do
Segurado provido.
➢ STJ - REsp: 1576543 SP 2015/0327185-8, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Data de Julgamento:

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26/02/2019, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 12/03/2019)

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CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA
CONCEPÇÃO DO DIREITO À SEGURIDADE
SOCIAL COMO DIREITO FUNDAMENTAL

➢ PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO AOS PODERES PÚBLICOS


➢ A compreensão dos direitos à Previdência Social, à Saúde e à Assistência Social
como direitos fundamentais atrai a aplicação, para essas questões, do princípio
da vinculação aos poderes públicos.
➢ Os Poderes Públicos estão vinculados ao que determina a Constituição Federal
(típica Constituição dirigente).

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INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO E
SEGURIDADE SOCIAL COMO DIREITO
FUNDAMENTAL

➢ INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
➢ É o ato de retirar o sentido da Constituição;
➢ É o ato de desvendar o sentido e o alcance das normas constitucionais;
➢ Não se usa os mesmos critérios da legislação infraconstitucional (literal, lógico,
histórico, etc.);
➢ Isto porque as leis devem seguir a Constituição: a interpretação das leis deve ser
feita em face da Constituição;

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➢ A interpretação da Constituição deve ser feita a partir da própria Constituição;

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INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO E
SEGURIDADE SOCIAL COMO DIREITO
FUNDAMENTAL
➢ INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
➢ A interpretação deve ser sistemática
➢ O artigo nem sempre é igual à norma;
➢ O artigo é o suporte fático da norma;
➢ Um artigo pode conter várias normas;
➢ Uma norma pode constar de vários artigos;
➢ ex.: art. 1º da Constituição: um artigo e várias normas (República, Federação, Estado
Democrático, Fundamentos);
➢ ex: direito de propriedade: art. 5º, caput (propriedade); art. 5º, XXII (direito de propriedade);

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art. 5º, XXIII (função social); art. 5º, XXIV (desapropriação); arts. 182 e 184 (função social
das propriedades urbana e rural);
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INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO E
SEGURIDADE SOCIAL COMO DIREITO
FUNDAMENTAL
➢ PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
➢ NORMAS JURÍDICAS
➢ REGRAS
➢ PRINCÍPIOS
➢ Tanto as regras quanto os princípios são normas jurídicas e produzem efeitos
jurídicos; o que pode variar é a intensidade ou qualidade desses efeitos jurídicos.

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REGRAS PRINCÍPIOS

Realizam a disciplina direta de uma relação jurídica Alicerces, vigas mestras do edifício jurídico
específica; Estruturam outras regras
As regras têm uma alta carga normativa e, Têm baixa carga normativa e alta carga valorativa
simultaneamente, uma baixa carga valorativa (ou
axiológica).
Sim ou não Não pretendem disciplinar diretamente uma
Tudo ou nada situação (relação jurídica). São vetores para
soluções interpretativas (interpretação, integração
e aplicação do direito)
Ex.: art. 201, § 7º, I, da Constituição Federal, que Ex.: artigo 193 da Constituição Federal: “A ordem
assegurava a aposentadoria, no Regime Geral de social tem como base o primado do trabalho, e
Previdência Social – RGPS, a quem alcança 35 anos como objetivo o bem-estar e a justiça sociais”
de contribuição, se homem, ou 30 anos de
contribuição, se mulher (regra anterior à EC nº
103/2019) – agora foi acrescentada a regra de
pontos – idade + tempo de contribuição: 86/96 –

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m/h, aumentando um ponto por ano, a partir de
01.01.2020, até chegar a 100/105).
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INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO E
SEGURIDADE SOCIAL COMO DIREITO
FUNDAMENTAL
➢ Título I da CF: Dos princípios fundamentais
➢ Art. 1º a 4º da CF
➢ PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
➢ Orientam a interpretação, a integração e a aplicação do direito.
➢ Defesa contra o legislador (ordinário ou constitucional)
➢ Reformas previdenciárias?
➢ Princípio da constitucionalidade
➢ Princípios são vetores

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
ESPECÍFICOS DA SEGURIDADE SOCIAL
(ART. 194)
➢ PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE DA COBERTURA E DO
ATENDIMENTO
➢ Universalidade de cobertura: universalidade em seu aspecto objetivo, indicando
uma pretensão de que todas as contingências que gerem uma situação de
desamparo devam merecer previsão legal.
➢ Universalidade de atendimento, ou universalidade em seu aspecto subjetivo:
“todos aqueles que forem atingidos por uma contingência social que lhes retira a
capacidade de trabalhar ou acarreta um aumento de despesas, a qual se revela
apta a desencadear um desequilíbrio no orçamento familiar”.

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Objetivos

Riscos sociais
Universalidade de
protegidos pela
cobertura:
seguridade social
Idade avançada,
morte do trabalhador
em acidente de
Contingências sociais
trabalho, prisão do
a serem tuteladas
PRINCÍPIO DA segurado,
UNIVERSALIDADE incapacidade,
DA COBERTURA E maternidade
DO ATENDIMENTO
Subjetivos

Universalidade de Pessoas destinatárias


atendimento da proteção social

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Segurados
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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
ESPECÍFICOS DA SEGURIDADE SOCIAL
(ART. 194)
➢ PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE DA COBERTURA E DO
ATENDIMENTO
➢ E o auxílio-reclusão – “dependentes do segurado de baixa renda”: limite máximo
de renda do segurado (EC 20/98)?
➢ STF: Tribunal Pleno, RE 587.365, Rel. Ricardo Lewandowski, DJe 07.5.2009.
➢ Requisito da “baixa renda” – inserido no artigo 80 da Lei nº 8.213/91 pela Lei nº
13.846/2019. - § 4º A aferição da renda mensal bruta para enquadramento do
segurado como de baixa renda ocorrerá pela média dos salários de contribuição
apurados no período de 12 (doze) meses anteriores ao mês do recolhimento à prisão

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➢ Renda abaixo do limite estabelecido pela Portaria Interministerial MPS/MF nº 26, de
10 de janeiro de 2023, a qual está estipulada em R$ 1.754,18.
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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
ESPECÍFICOS DA SEGURIDADE SOCIAL
(ART. 194)
➢ PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE NOS SUBSISTEMAS DA
SEGURIDADE SOCIAL
➢ Saúde: AMPLA. É direito de todos e um dever do Estado (art. 196),
independentemente de contribuição;
➢ Assistência: LIMITADA. Serviços são acessíveis apenas àqueles
que necessitarem do amparo estatal, independentemente de
contribuição;
➢ Previdência: LIMITADA. Sistema contributivo restrito aos

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beneficiários da Previdência Social.
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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
ESPECÍFICOS DA SEGURIDADE SOCIAL
(ART. 194)
➢ PRINCÍPIOS DA UNIFORMIDADE E DA EQUIVALÊNCIA DOS BENEFÍCIOS E
SERVIÇOS ÀS POPULAÇÕES URBANAS E RURAIS
➢ Art. 195, §8º, CF: O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o
pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas
atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes,
contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o
resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da
lei.

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
ESPECÍFICOS DA SEGURIDADE SOCIAL
(ART. 194)
➢ PRINCÍPIOS DA UNIFORMIDADE E DA EQUIVALÊNCIA DOS BENEFÍCIOS E
SERVIÇOS ÀS POPULAÇÕES URBANAS E RURAIS
➢ Decorre do princípio geral da isonomia;
➢ Antes da CF/88 havia um tratamento diferenciado entre urbanos e rurais (tutela
assistencial aos rurais);
➢ Uniformidade: plano único de benefícios;
➢ Equivalência: isonomia financeira das prestações.

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PRINCÍPIOS DA UNIFORMIDADE E DA EQUIVALÊNCIA
DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS ÀS POPULAÇÕES
URBANAS E RURAIS
➢ TRATAMENTO ESPECIAL PARA RESGATAR A DESIGUALDADE HISTÓRICA
➢ § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os
respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados
permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o
resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei.
➢ Art. 11, VII, Lei 8.213/91: como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em
aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda
que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de...
➢ Art. 143, Lei 8.213/91. O trabalhador rural ora enquadrado como segurado obrigatório no Regime Geral de
Previdência Social, na forma da alínea "a" do inciso I, ou do inciso IV ou VII do art. 11 desta Lei, pode
requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contados a partir
da data de vigência desta Lei, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua,

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no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à
carência do referido benefício.

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PRINCÍPIOS DA UNIFORMIDADE E DA EQUIVALÊNCIA
DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS ÀS POPULAÇÕES
URBANAS E RURAIS
➢ PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APOSENTADORIA POR IDADE NA MODALIDADE
HÍBRIDA. CONDIÇÃO DE TRABALHADOR RURAL AO TEMPO DO REQUERIMENTO
ADMINISTRATIVO. TEMPO DE SERVIÇO RURAL ANTERIOR À LEI Nº 8.213/91. OMISSÃO E
CONTRADIÇÃO INEXISTENTES. 1. Os embargos de declaração são cabíveis nas hipóteses de omissão,
contradição ou obscuridade, não tendo sido concebidos, em regra, para viabilizar às partes a possibilidade
de se insurgirem contra o julgado, objetivando simplesmente a sua alteração. 2. Não há, à luz dos
princípios da universalidade e da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações
urbanas e rurais, e bem assim do princípio da razoabilidade, como se negar a aplicação do artigo 48, § 3º,
da Lei 8.213/91, ao trabalhador que exerceu atividade rural, mas no momento do implemento do requisito
etário (sessenta ou sessenta e cinco anos), está desempenhando atividade urbana. Entendimento em
consonância com o voto condutor, não havendo que se falar em contradição. 3. Não se aplica o art. 55, §
2º, da Lei nº 8.213/91, quando o período de serviço rural anterior a este diploma legal não necessita ser
considerado para efeitos de carência, o que efetivamente não ocorreu no acórdão, podendo ser
computado o tempo de serviço referido para fins do art. 107, da Lei de Benefícios, inexistindo, portanto,
omissão no ponto. 4. Embargos de declaração rejeitados.

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➢ (TRF-4 - APELREEX: 104183320144049999 SC 0010418-33.2014.4.04.9999, Relator: SALISE
MONTEIRO SANCHOTENE, Data de Julgamento: 19/10/2016, SEXTA TURMA)
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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
ESPECÍFICOS DA SEGURIDADE SOCIAL
(ART. 194)
➢ PRINCÍPIOS DA SELETIVIDADE E DISTRIBUTIVIDADE NA
PRESTAÇÃO DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS
➢ Visa harmonizar o conflito entre as ilimitadas demandas sociais e a escassez dos
recursos públicos, priorizando as prestações de maior essencialidade e as pessoas
mais necessitadas.
➢ Com fundamento na “Reserva do Possível”, acaba por limitar a “Universalidade”.
➢ Seletividade: Aspecto objetivo (prestações sociais mais relevantes);
➢ Distributividade: Aspecto subjetivo (pessoas mais necessitadas.

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
ESPECÍFICOS DA SEGURIDADE SOCIAL
(ART. 194)
➢ PRINCÍPIOS DA SELETIVIDADE E DISTRIBUTIVIDADE NA
PRESTAÇÃO DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS
➢ SELETIVIDADE:
➢ A Constituição Federal impõe ao legislador que selecione as prestações e as
contingências sociais que serão cobertas, à vista das possibilidades financeiras
do Estado;
➢ DISTRIBUTIVIDADE:
➢ As necessidades mais prementes devem ser satisfeitas em caráter de

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prioridade.

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
ESPECÍFICOS DA SEGURIDADE SOCIAL
(ART. 194)
➢ PRINCÍPIOS DA IRREDUTIBILIDADE DO VALOR DOS BENEFÍCIOS
➢ Nominal
➢ Real?
➢ STF: RE 199.994: “a Constituição Federal assegurou tão-somente o direito ao
reajustamento, outorgando ao legislador ordinário a fixação dos critérios para a
preservação do seu valor real” (Rel. p/ acórdão MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal Pleno,
julgado em 23.10.1997, DJ 12.11.1999, p. 112).
➢ A preservação do valor real é garantida pelo art. 201, § 4º, CF/88, que prevê reajustes
periódicos para os benefícios previdenciários;
➢ A definição dos índices de reajuste é uma decisão política, por meio de Lei Ordinária;

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➢ Os benefícios previdenciários são corrigidos anualmente pelo INPC (41-A, LBPS), na
mesma data do Salário-Mínimo.
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PRINCÍPIOS DA IRREDUTIBILIDADE DO
VALOR DOS BENEFÍCIOS
➢ PREVIDENCIÁRIO. CONVERSÃO DE AUXÍLIO DOENÇA EM APOSENTADORIA POR
INCAPACIDADE PERMANENTE APÓS A ENTRADA EM VIGOR DA EC103/2019.VALOR NOMINAL
DO BENEFÍCIO NÃO PODE SER REDUZIDO SOB PENA DE AFRONTA AO PRINCIPIO DA
IRREDUTIBILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. 1. Hipótese em que o segurado teve
transformado o seu auxílio-doença em aposentadoria por incapacidade permanente após a entrada
em vigor da EC 103/2019, em 13/11/2019.2. Embora a legislação aplicável ao benefício seja a do
momento da constatação do caráter permanente da incapacidade, o valor nominal do amparo
previdenciário por incapacidade, após a sua conversão de auxílio-doença em aposentadoria por
incapacidade permanente, sob as novas regras trazidas pela EC 103/2019, não pode ser reduzido,
sob pena de afronta ao princípio da irredutibilidade, previsto no artigo 194, parágrafo único, inciso
IV, da Constituição Federal de 1988, bem como ao princípio da proporcionalidade, ante o caráter
definitivo da restrição laboral.3. Recurso parcialmente provido.

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➢ (TRF-4 - RECURSO CÍVEL: 50150211920194047112 RS 5015021-19.2019.4.04.7112, Relator:
MARINA VASQUES DUARTE, Data de Julgamento: 05/07/2021, QUARTA TURMA RECURSAL DO
RS) Sample Footer Text 41
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
ESPECÍFICOS DA SEGURIDADE SOCIAL
(ART. 194)
➢ PRINCÍPIOS DA EQUIDADE NA FORMA DE
PARTICIPAÇÃO NO CUSTEIO
➢ Garante a isonomia material no custeio (capacidade contributiva).
➢ Fundamenta:
➢ regimes diferenciados de contribuição e a progressividade das alíquotas dos
segurados;
➢ Fator Acidentário de Prevenção - FAP. - a contribuição patronal diferenciada
em face da atividade econômica

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
ESPECÍFICOS DA SEGURIDADE SOCIAL
(ART. 194)
➢ PRINCÍPIOS DA DIVERSIDADE DA BASE DE FINANCIAMENTO
➢ Identificando-se, em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e
as despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social,
preservado o caráter contributivo da previdência social; (redação da EC nº
103/2019).
➢ Pressupõe a pluralidade das fontes de custeio da Seguridade Social, visando
assegurar a sustentabilidade financeira do sistema

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
ESPECÍFICOS DA SEGURIDADE SOCIAL
(ART. 194)
➢ PRINCÍPIO DO CARÁTER DEMOCRÁTICO E DESCENTRALIZADO
DA ADMINISTRAÇÃO
➢ Decorrência do art. 10 da CF/88: “É assegurada a participação dos
trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus
interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e
deliberação”;
➢ Garante a participação da sociedade no gerenciamento da seguridade social;
➢ Gestão quadripartite: Governo, trabalhadores, empregadores e aposentados;

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➢ Órgãos colegiados (CNS, CNAS, CNPS, CNPC – Prev. Complementar, etc.).

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