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Direito Previdenciário | Mônica da Costa

Seguridade Social - Conceituação

A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos


Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à
saúde, à previdência e à assistência social (art. 194 da CF/88).

Assim, temos um sistema que consagra a proteção contra possíveis riscos sociais,
visando atender as necessidades básicas do cidadão, por meio dos sistemas da
saúde, previdência social e assistência social.

Dentro do sistema da seguridade social, portanto, existem dois subsistemas,


o contributivo – pressupõe o pagamento de contribuições para garantir a
proteção previdenciária; e o não-contributivo – saúde e assistência,
custeados pelos tributos em geral e disponíveis a todos.

Seguridade Social – Origem e evolução legislativa no Brasil

Evolução histórica

Marcos históricos mundiais:

1601 - Poor law/poor relief act – editada na Inglaterra, em plena revolução


francesa, quando os trabalhadores migraram da zona rural para a zona urbana,
na busca de emprego, em situações miseráveis, sem qualquer amparo social.
Consistia em uma assistência aos pobres, concedida pelo Estado, germinando as
ideias de proteção social.

1883 - A Lei dos Seguros Sociais – editada por Otto Von Bismarck, na Alemanha,
é considerada o marco inicial mundial da previdência social. A norma criou o
seguro-doença e foi seguida por outros regramentos que instituíram o seguro de
acidente do trabalho, seguro-invalidez, e seguro-velhice. Ficou conhecido como
sistema de capitalização, ou bismarckiano, já que era custeado por contribuições
dos empregadores e trabalhadores.

Constitucionalmente, a proteção previdenciária surgiu pela primeira vez na


Constituição do México (1917) e, após, na da Alemanha (1919), que foram
mundialmente pioneiras ao preverem a proteção previdenciária dos
trabalhadores.

No ano de 1942, a Inglaterra adotou o Plano Beveridge: sistema previdenciário


em que a previdência social era custeada com recursos dos tributos em geral,

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sem contribuições específicas de trabalhadores e empregadores. Ficou conhecido


como sistema inglês ou beveridgiano, com a vantagem de ser universal e solidário.

Marcos históricos no Brasil

1824 – A Constituição do Império tratou dos socorros públicos (espécie de santa


casa de misericórdia), e havia somente a previsão de que o Estado garantiria os
socorros públicos (acolhimento aos pobres - assistencialismo).

1891 - A CF de 1891 previu a aposentadoria por invalidez a funcionários públicos.

1919 - Foi editada a Lei de Acidentes de Trabalho.

1923 - A Lei Eloy Chaves de 24 de janeiro de 1923, é considerada o marco inicial


da Previdência Social no Brasil. A norma determinou a instituição das caixas de
aposentadorias e pensões para ferroviários (CAP), administradas pelas
empresas, em um sistema mutualista, com contribuição das empresas e
empregados, e não tinha gerência ou contribuição do Poder Público.

O dia 24 de janeiro é considerado o dia da previdência social.

Cuidado: não significa dizer que antes da Lei Eloy Chaves não existiu nenhuma
legislação que tratasse de seguridade social.

1930 - O sistema de CAP’s foi estendido a outras empresas e, a partir de 1930, as


CAP’s foram transformadas em IAP’s (Institutos de Aposentadorias e Pensões),
iniciando pelos dos marítimos. Eram mais abrangentes, pois se referiam a
categorias inteiras e não apenas a empregados de determinadas empresas, e
estavam sujeitos a controle e administração estatal.

1934 - Por meio da Constituição de 1934, foi estabelecido o tríplice custeio da


previdência: contribuições dos trabalhadores, empregadores e Estado.
Primeira vez em que foi utilizado o termo previdência. Em 1946, a Constituição
fala em previdência social.

1960 - é publicada a Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), que unificou o


plano de benefícios dos IAP’s.

1967 - A unificação da previdência ocorreu em 1967, com a criação do INPS –


Instituto Nacional de Previdência Social.

1971 - surge o Pró-rural (Programa de Assistência ao Trabalhador Rural, mantido


pelo FUNRURAL), e acontece a inclusão dos trabalhadores rurais como
segurados previdenciários. Em 1976 foi a vez dos trabalhadores domésticos.

1977 - é permitida a criação da previdência complementar privada, quando


surgiram os primeiros grandes fundos de pensão das estatais como o PREVI

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(Banco do Brasil) e a PETROS (PETROBRÁS). Nesse ano é instituído SINPAS, com


a unificação de vários órgãos criados para organizar a seguridade (DATAPREV,
INPS, FUNABEM, IAPAS, CEME, INAMPS e LBA)

*1988 - Com a promulgação da CF/88, é que surge um verdadeiro sistema da


proteção social (seguridade social), composto não só pela previdência, mas
também pela saúde e assistência social. Na Carta Magna, foram estabelecidas as
regras e princípios que regulam o tema. Nasce o SUS e o SUAS.

1990 - Foi criado o INSS (autarquia federal), decorrente da fusão do INPS + IAPAS
- Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social.

A primeira grande reforma da previdência foi aprovada pela EC N. 20/98, e a


segunda, pela EC 41/03.

2004 - No ano de 2004, a parte de custeio foi retirada das atribuições do INSS e
repassada à SRP (Secretaria da Receita previdenciária). Com a fusão entre a SRP
e a SRF (Secretaria da Receita Federal), surge a RFB (Receita Federal do Brasil) a
chamada super receita.

2019 - Com a EC 103/2019 Foram promovidas as maiores alterações no


regramento da previdência social no Brasil desde a CF/88.

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