Você está na página 1de 7

EXMO(A). SR(A). DR(A).

JUIZ(A) FEDERAL DA 11ª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA


DE SANTANA DO IPANEMA – AL.

Vanda Maria dos Santos, brasileiro(a), solteiro(a), autônomo(a), portador(a) do RG nº


2099770 SESP/AL e CPF nº 118.395.127-25, residente e domiciliada na R. Tavares Bastos,
s/nº, Bom Sossego, Delmiro Gouveia /AL, vem a presença de Vossa Excelência, impetrar o

MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR


presente

Visando proteger direito líquido e certo seu, indicando como coator o Sr. Gerente-Executivo
da Agência da Previdência Social de Delmiro Gouveia - AL, a ser encontrado na R. Sete de
Setembro, 135, Delmiro Gouveia - AL, 57480-000, pelos seguintes fundamentos fáticos e
jurídicos que passa a expor:

PRELIMINARMENTE – PEDIDO DE HIPOSSUFICIÊNCIA

Em primeiro plano cabe aquilatar, que o(a) Impetrante não detém condições
financeiras suficientes, para arcar com as custas advindas do presente procedimento, sem
afetar a sua subsistência.

Pois, requer-se, desde já o benefício da gratuidade na forma legal ao art. 1.124-


A, do CPC, §3º.

I – DOS FATOS

Excelência, o(a) impetrante solicitou administrativamente um benefício de


auxílio por incapacidade temporária em 20/09/2022 (protocolo nº 29454024),
considerando ter preenchido os requisitos exigidos pela legislação atinente à matéria.
Ocorre que, para sua surpresa, a data para realização da sua perícia ficou
agendada para 21/07/2023 às 10h10min, ou seja, mais de 10 (dez) meses após o
agendamento, tendo sido extrapolado (e muito) o prazo previsto na Lei nº. 9.784/99 (Lei do
Processo Administrativo) e demais entendimentos jurisprudenciais.

No que tange a qualidade de segurado(a) este se comprova através do CNIS que


segue anexo.

Referente a sua incapacidade para o trabalho, o(a) impetrante sofre de CID 10 M


51.8 (Outros transtornos especificados de discos intervertebrais) e CID 10 M79.7
Fibromialgia portador de fibromialgia), o que o(a) torna incapaz para o seu trabalho
habitual, uma vez que este desenvolve atividade de CONTRIBUINTE INDIVIDUAL, ficando
impossibilitado(a) de desenvolver com totalidade e eficiência, devido as enfermidades que
possui.

Por este motivo impetra o presente Mandado de Segurança, buscando o amparo


do seu direito líquido e certo ante a morosidade para à análise e manifestação acerca do seu
pedido administrativo.

II - DO CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA

Conforme o Artigo 5º LXIX, da Constituição da República Federativa do Brasil,


conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado
por “habeas-corpus” ou “habeas-data”, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de
poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Poder Público.

Nesse mesmo sentido é a redação do artigo 1º da Lei 12.016 de 2009 ao


assegurar que conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso
de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la
por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que
exerça.

No caso em tela, o direito líquido e certo está sendo violado por ato ilegal do
INSS – na figura do Gerente da APS de Delmiro Gouveia - AL - eis que o prazo agendado para
realização da perícia médica não condiz com o prazo fixado no acordo realizado pelo INSS no
Tema 1.066/STF foi cumprido, não tendo ocorrido a implantação automática do benefício.

III - DO INTERESSE DE AGIR

No presente caso o interesse processual do(a) Impetrante assenta-se na


morosidade infundada cometida pelo Gerente da APS que não obedece aos prazos legais
estabelecidos para análise e apreciação do benefício do Impetrante.

Nessa esteira, considerando a decisão do Gerente do INSS, evidente a presença


do trinômio necessidade-utilidade-adequação que caracteriza o interesse de agir, na medida
em que o ato ilegal emanado pelo Administrador somente poderá ser reparado pela atuação
do Poder Judiciário, por meio do processo, instrumento útil e adequado para persecução
deste fim.

Pelo exposto, denota-se que a ilegalidade, que implica em grave prejuízo ao seu
direito, e assim configura o interesse de agir.

IV DO MÉRITO
4.1 Da Morosidade do INSS para Realização Da Perícia

Buscando concretizar o direito fundamental à razoável duração do processo e à


celeridade de sua tramitação, a Lei n. 9.784/99, que regula o processo administrativo no
âmbito federal, dispôs, em seu art. 49, um prazo de 30 (trinta) dias para a decisão dos
requerimentos veiculados pelos administrados (prorrogável por igual período mediante
motivação expressa).

A Lei de Benefícios (Lei nº 8.213/91), por sua vez, em seu art. 41-A, §5º (incluído
pela Lei n.º 11.665/2008), dispõe expressamente que o primeiro pagamento do benefício
será efetuado até 45 (quarenta e cinco) dias após a data da apresentação, pelo segurado, da
documentação necessária a sua concessão, disposição que claramente tem o escopo de
imprimir celeridade ao procedimento administrativo, em observância à busca de maior
eficiência dos serviços prestados pelo Instituto Previdenciário.

Ressalte-se, porém, que "independentemente dos motivos, o exercício dos


direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social não pode sofrer prejuízo
decorrente de demora excessiva na prestação do serviço público, devendo a questão ser
analisada com base nos princípios da proporcionalidade e razoabilidade" (TRF4, 6ª Turma,
Remessa Necessária n. 5023894-74.2015.4.04.7200, Relatora Desembargadora Federal Salise
Monteiro Sanchotene, juntado aos autos em 09-06-2017).

O atraso injustificado do INSS, devidamente comprovado, ofende os princípios da


razoável duração do processo e da eficiência administrativa, violando direito líquido e certo.
A inércia administrativa, na hipótese vertente, afronta inequivocamente o carácter alimentar
do benefício previdenciário requerido, da dignidade humana.

A diminuição no quadro de servidores ativos do INSS, greves, aumento do


número de pedidos, não podem ser enquadrados como motivos aptos a justificar a demora
na análise do pedido ou demora para realização da perícia.

Nesse contexto, no âmbito da Ação Civil Pública nº 50042271020124047200 foi


fixado o prazo de 45 dias para realização de perícia médicas, sob pena de obrigação do INSS
implantar automaticamente o benefício até a realização da mesma:

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. REEXAME NECESSÁRIO.


PEDIDO DE BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. PRAZO PARA A REALIZAÇÃO DE
PERÍCIA MÉDICA. ACORDO HOMOLOGADO NO RE 1171152/SC. UNIDADE
CLASSIFICADA COMO DE DIFÍCIL PROVIMENTO. CONCESSÃO DA SEGURANÇA
POSTULADA.
1. Hipótese em que o agendamento da perícia médica afrontou o acordo firmado
no RE 1.171.152/SC, originado da ACP n. 5004227-10.2012.404.7200 e
referendado pelo STF em 17-02-2021, uma vez que decorrido mais de noventa dias
entre o requerimento de concessão e a data designada para a realização de perícia
médica, considerando a agência de São Miguel do Oeste/SC unidade de perícia
médica classificada como de difícil provimento.
2. Mantida a sentença que concedeu parcialmente a segurança, para
determinar à autoridade impetrada que cumpra os prazos estabelecidos no acordo
firmado no RE 1171152/SC, agendando a perícia médica dentro do prazo de 90
dias, contados da data do requerimento, na agência de São Miguel do Oeste/SC, ou
implantando o benefício, de forma provisória, a contar do 91º dia, até a realização
do exame pericial.
(TRF4 5002692-98.2021.4.04.7210, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DE SC,
Relator CELSO KIPPER, juntado aos autos em 18/04/2022) (grifo nosso)

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. REQUERIMENTO


ADMINISTRATIVO. DEMORA NA DECISÃO. AGENDAMENTO DE PERÍCIA MÉDICA.
PRINCÍPIOS DA EFICIÊNCIA E DA RAZOABILIDADE. DIREITO FUNDAMENTAL À
RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO E À CELERIDADE DE SUA
TRAMITAÇÃO. ORDEM CONCEDIDA.
1. Não se desconhece o acúmulo de serviço a que são submetidos os servidores do
INSS, impossibilitando, muitas vezes, o atendimento dos prazos determinados pelas
Leis 9.784/99 e 8.213/91. Não obstante, a demora excessiva no atendimento do
segurado da Previdência Social ao passo que ofende os princípios da razoabilidade
e da eficiência da Administração Pública, bem como o direito fundamental à
razoável duração do processo e à celeridade de sua tramitação, atenta, ainda,
contra a concretização de direitos relativos à seguridade social
2. A Lei n. 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito federal,
dispôs, em seu art. 49, um prazo de 30 (trinta) dias para a decisão dos
requerimentos veiculados pelos administrados (prorrogável por igual período
mediante motivação expressa). A Lei de Benefícios (Lei nº 8.213/91), por sua vez,
em seu art. 41-A, §5º (incluído pela Lei n.º 11.665/2008), dispõe expressamente
que o primeiro pagamento do benefício será efetuado até 45 (quarenta e cinco)
dias após a data da apresentação, pelo segurado, da documentação necessária a
sua concessão, disposição que claramente tem o escopo de imprimir celeridade ao
procedimento administrativo, em observância à busca de maior eficiência dos
serviços prestados pelo Instituto Previdenciário. Ademais, deve ser assegurado o
direito fundamental à razoável duração do processo e à celeridade de sua
tramitação (art. 5º, LXXVIII, da CF).
3. Mantida a sentença, que determinou à autoridade coatora que promova a
antecipação da perícia médica referente ao processo da parte impetrante.
(TRF4 5015342-10.2021.4.04.7201, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DE SC,
Relator CELSO KIPPER, juntado aos autos em 15/12/2021) (grifo nosso)

Vejamos ainda uma decisão que desta Subseção Judiciária a respeito do tema em
comento:

“Por tais razões, DEFIRO a liminar para cominar à autoridade impetrada a


obrigação de antecipar a data de realização da perícia médica, no bojo do processo
administrativo em apreço e no âmbito da sua esfera de atribuições, dentro do
prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, sob pena de multa cominatória de R$
100,00 (cem reais) por dia de descumprimento, a lhe ser pessoalmente aplicada;
além da multa diária de R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais) a ser aplicada ao
INSS.” (autos de nº 0800590-43.2022.4.05.8003)

No caso concreto, a parte impetrante protocolou requerimento administrativo


de benefício por incapacidade em 20/09/2022, e a perícia médica visando a concessão de
benefício previdenciário foi agendada somente para 21/07/2023, ou seja, mais de 10 (dez)
meses após o requerimento, ocasião em que já se encontravam extrapolados os prazos
anteriormente referidos.

Diante desta situação, faz jus a parte impetrante à segurança pleiteada, haja
vista que a demora excessiva no andamento do pedido formulado pelo segurado da
Previdência Social, ao passo que ofende os princípios da razoabilidade e da eficiência da
Administração Pública, bem como o direito fundamental à razoável duração do processo e à
celeridade de sua tramitação, atenta, ainda, contra a concretização de direitos relativos à
seguridade social.

Afinal, tratam-se de verbas de caráter alimentar! Sendo indiscutível a urgência e


importância do seu deferimento.

Assim, não observado o prazo estabelecido para o agendamento, tem-se por


urgente a concessão do benefício ora pleiteado.

4.2 Do Benefício de Auxílio por Incapacidade Temporária

No que se refere ao mérito da presente ação, é desnecessário grandes debates


acerca do tema, na medida em que o art. 59 da Lei n.º 8.213/91, que regula o RGPS, é muito
clara ao estabelecer os requisitos para concessão do benefício.

Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando
for o caso, o período de carência exigida nesta Lei, ficar incapacitado para o seu
trabalho ou para a sua atividade habitual; por mais de 15 (quinze) dias
consecutivos.

V – DA TUTELA DE URGÊNCIA

O novo Código de Processo Civil estabelece em seu art. 300 que “A tutela de
urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”.

No presente caso, o direito está manifestamente comprovado, uma vez que o


INSS não obedece aos prazos estabelecidos, afrontando ofende os princípios da
razoabilidade e da eficiência da Administração Pública, bem como o direito fundamental à
razoável duração do processo e à celeridade de sua tramitação, atenta, ainda, contra a
concretização de direitos relativos à seguridade social.

O periculum in mora, de outra banda, se dá pelo caráter alimentar do benefício,


sobretudo no presente caso, em que está acometida de graves enfermidades e não possui
renda para sua mantença, dependendo de ajuda de terceiros.

Portanto, imperioso seja determinada, liminarmente, o imediato


restabelecimento do benefício por incapacidade temporária.

VI – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

ISSO POSTO, requer:


1. O recebimento e o deferimento da presente peça inaugural;
2. O deferimento do benefício da Gratuidade da Justiça, por ser o(a) Impetrante pobre
na acepção legal do termo;
3. A concessão liminar de tutela de urgência para determinar a concessão imediata do
benefício por incapacidade temporária do(a) Impetrante;
4. A notificação da autoridade coatora, Sr. Gerente-Executivo da Agência da Previdência
Social de Delmiro Gouveia - AL, a ser encontrado na R. Sete de Setembro, 135,
Delmiro Gouveia - AL, 57480-000;
5. A CONCESSÃO DA SEGURANÇA a fim de determinar confirmar a tutela de urgência,
sendo concedido o benefício por incapacidade temporária.

Nestes termos,
pede e espera deferimento.

Dá à causa o valor de R$ 1.302,00 (um mil trezentos e dois reais).

Delmiro Gouveia – AL, 2 de abril de 2024.

RENATO DAVID TORRES DE OLIVEIRA


Advogado - OAB/AL nº 8.025

ROBERTA ASSIS CALIXTO TORRES


Advogada – OAB/AL n° 12.895

SERGIO DAVID TORRES DE OLIVEIRA


Advogado – OAB/AL nº 9.904

Você também pode gostar