Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
I - DOS FATOS
O Demandante, nascido em 18/02/1959, contando atualmente com 63 anos de idade,
requereu administrativamente, em 22/12/2020, a concessã o da revisã o de sua
aposentadoria por invalidez .
Sucede que, passados mais de 15 meses a Autarquia Previdenciá ria ainda nã o proferiu
decisã o administrativa quanto ao referido pedido, e até o presente momento o pedido
continua na situaçã o "em aná lise" (vide comprovante em anexo).
Com efeito, Excelência, é direito líquido e certo de todos ter seu requerimento analisado
dentro do prazo legal previsto no art. 49 da Lei 9.784/99. Dessa forma, nã o restando outra
alternativa ao segurado de obter a decisã o de seu benefício se nã o por meio deste Mandado
de Segurança.
II - DO DIREITO
a) DO CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA
Conforme o artigo 5°, inciso LXIX, da Constituiçã o da Repú blica Federativa do Brasil,
conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, nã o amparado
por " habeas-corpus " ou " habeas-data ", quando o responsá vel pela ilegalidade ou abuso
de poder for autoridade pú blica ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuiçõ es do
Poder Pú blico.
Nesse mesmo sentido é a redaçã o do artigo 1° da Lei 12.016 de 2009 ao assegurar que
conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, nã o amparado
por habeas corpus ou habeas data , sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder,
qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violaçã o ou houver justo receio de sofrê-la por
parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funçõ es que exerça.
No caso em tela, o direito líquido e certo está sendo violado por ato ilegal do INSS - na
figura do Nome da APS de Ribeirã o Preto - eis que até o presente momento nã o foi
analisado o pedido de concessã o da revisã o do benefício de aposentadoria por invalidez,
estando o direito do Segurado à razoá vel duraçã o do processo e à celeridade de sua
tramitaçã o violado.
Assim, considerando que o Impetrante está há 15 meses sem que o INSS tenha proferido
qualquer decisã o sobre seu requerimento, é notó ria a ilegalidade cometida pela autarquia,
juntamente com seu descaso na aná lise do benefício previdenciá rio.
Notadamente, a autarquia implantou o serviço do INSS digital para agilizar o atendimento e
aná lises de benefícios.
Todavia, o sistema foi implantado há mais de um ano, e até o presente momento nã o houve
melhoria na eficiência do ó rgã o pú blico em atender os requerimentos de benefícios
protocolados pelos segurados.
A omissã o do INSS em analisar o requerimento em tempo há bil ofende os princípios
constitucionais da eficiência (art. 37, caput, da CF) e da razoabilidade (artigo 5°, LXXVIII da
CF) a que a Administraçã o Pú blica deve obedecer.
O STF já estabeleceu que as decisõ es administrativas devem ser proferidas no prazo
"A Turma, por votação unânime, deu parcial provimento ao recurso ordinário em mandado de segurança,
concedendo a ordem para que a autoridade impetrada decida motivadamente o pleito do Recorrente (...) no prazo
máximo de trinta dias a contar da comunicação dessa decisão, nos termos do voto da Relatora (...)." (Recurso
Ordinário em Mandado de Segurança 28.172 / DF, Relatora: Ministra Carmen Lúcia, Julgado em 24/11/2015)
Assim, a indiferença da autarquia para analisar o requerimento previdenciá rio, que possui
cará ter alimentar, e a demasiada demora da mesma em apresentar decisã o no processo
administrativo, sob o protocolo de n° (00)00000-0000, de 22.12.2020 é notoriamente uma
ofensa ao direito líquido e certo do Impetrante, ensejando o presente Mandado de
Segurança.
Ante o exposto, requer seja concedida a segurança impetrada, determinando que o INSS
apresente de imediato a aná lise e conclusã o do pedido administrativo requerido pelo
Impetrante.
b) DO INTERESSE DE AGIR
No presente caso, o interesse processual do Impetrante assenta-se na omissã o do Nome da
APS que até o momento nã o analisou o pedido de revisã o do benefício de aposentadoria
por invalidez, tendo extrapolado o prazo de 90 dias para conclusã o do processo
administrativo, sem prestar qualquer justificativa para tanto.
Nessa esteira, evidente a presença do trinô mio necessidade-utilidade-adequaçã o que
caracteriza o interesse de agir, na medida em que o ato ilegal emanado pelo Administrador
somente poderá ser reparado pela atuaçã o do Poder Judiciá rio, por meio do processo,
instrumento ú til e adequado para persecuçã o deste fim.
Pelo exposto, denota-se que a omissã o e a inércia administrativa, implica grave prejuízo ao
seu direito, e assim configura o interesse de agir.
III - DO MÉRITO
No que se refere ao mérito da presente açã o, vislumbra-se que o processo administrativo
decorre do poder do INSS de administrar e manter benefícios
previdenciá rios, bem como da garantia de petiçã o constitucionalmente prevista,
assegurada aos segurados e dependentes.
Nesse contexto, a Lei 9.784/99 regulamenta o processo administrativo no â mbito da
Administraçã o Pú blica Federal, de modo que estabelece, em seu art. 49 , o prazo de trinta
dias para decisã o dos requerimentos efetuados, prazo esse prorrogá vel por igual período
mediante motivaçã o expressa:
Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para
decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada .
Aliado a isso, uma das garantias constitucionais aplicá veis ao processo administrativo
previdenciá rio é o princípio da celeridade ou da duraçã o razoá vel do processo, previsto no
art. 5°, inciso LXXVIII, da CF/88:
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo , são assegurados a razoável duração do processo e os meios
que garantam a celeridade de sua tramitação . (Incluído pela Emenda Constitucional n° 45, de 2004)
IV - DA LIMINAR
A concessã o de provimento liminar depende do preenchimento dos requisitos constantes
no art. 7°, inciso III, da Lei n° 12.016/2009, quais sejam: a) a relevâ ncia dos fundamentos e
b) a possibilidade de ineficá cia da medida, caso deferida apenas ao final da tramitaçã o do
processo.
A Lei n° 9.784/99, que regula o processo administrativo no â mbito da Administraçã o
Federal, concede à Administraçã o o prazo de até 30 (trinta) dias para decidir, contados da
conclusã o da fase instrutó ria. A demora na aná lise do pedido administrativo nã o se mostra
em consonâ ncia com a duraçã o razoá vel do processo.
A jurisprudência federal confirma:
MANDADO DE SEGURANÇA. PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE RECURSO ADMINISTRATIVO. DEMORA NA DECISÃO. A
demora excessiva na análise do pedido de recurso administrativo do pedido de concessão de benefício
previdenciário, para a qual não se verifica nenhuma justificativa plausível para a conclusão do procedimento, não
se mostra em consonância com a duração razoável do processo, tampouco está de acordo com as disposições
administrativas acerca do prazo para atendimento dos segurados . (TRF-4 - REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL:
50030899120204047114 RS 5003089-91.2020.4.04.7114, Relator: JULIO GUILHERME BEREZOSKI
SCHATTSCHNEIDER, Data de Julgamento: 07/10/2020, SEXTA TURMA) Grifei.
ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. DEMORA NA ANÁLISE DE PEDIDO ADMINISTRATIVO. RAZOÁVEL
DURAÇÃO DO PROCESSO. O prazo para análise e manifestação acerca de pedido administrativo submete-se aos
princípios da legalidade e da eficiência, previstos no art. 37, caput, da CF/88, bem como ao direito fundamental à
razoável duração do processo e à celeridade de sua tramitação, nos
termos do art. 5°, LXXVII, da CF/88 . (TRF-4 - AC: 50060136020154047111 RS 5006013-60.2015.404.7111, Relator:
VIVIAN JOSETE PANTALEÃO CAMINHA, Data de Julgamento: 29/06/2016, QUARTA TURMA). Grifei
EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA.CONCLUSÃO DO PEDIDO DE CONCESSÃO/REVISÃO DO
BENEFÍCIO. PRAZO RAZOÁVEL PARA ANÁLISE DO PEDIDO. 1. A demora excessiva na análise do pedido de
concessão/revisão do benefício previdenciário, para a qual não se verifica nenhuma justificativa plausível para a
conclusão do procedimento, não se mostra em consonância com a duração razoável do processo, tampouco está
de acordo com as disposições administrativas acerca do prazo para atendimento dos segurados, que é de 30 dias .
2. Mesmo concluído o exame do pedido no curso do processo não se verifica perda superveniente de objeto mas
sim reconhecimento do pedido no curso do processo. 3. Mantida concessão da segurança. (TRF4 5004343-
76.2018.4.04.7112, SEXTA TURMA, Relator JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA, juntado aos autos em 19/10/2018).
Grifei.
Dessa forma, presente a relevâ ncia nas alegaçõ es do Impetrante. O risco de aguardar toda a
tramitaçã o processual dos presentes autos até a sentença pode prejudicar ainda mais o
segurado que já aguarda há vá rios meses uma decisã o pela autarquia.
Portanto, requer seja determinada, liminarmente , a conclusã o do requerimento
administrativo pela Autoridade Administrativa, em prazo nã o superior a 30 dias ,
sobretudo tratando-se de direito líquido e certo, que nã o demanda dilaçã o probató ria e que
teve o prazo legal violado.
V - DO PEDIDO
ISSO POSTO , REQUER:
Seja concedida a medida liminar, intimando a autoridade impetrada para que analise e
profira decisã o administrativa acerca do requerimento sob o protocolo de n° (00)00000-
0000;
a) O recebimento e o deferimento da presente peça inaugural;
b) A concessã o de tutela de urgência em cará ter liminar, para
determinar a conclusã o do requerimento administrativo pela Autoridade Administrativa,
em prazo nã o superior a 30 dias ;
c) A notificaçã o da autoridade coatora, Sr. Nome-Executivo da
Agência da Previdência Social de Ribeirã o Preto, a ser encontrado na EndereçoCEP 00000-
000;
d) A CONCESSÃ O DA SEGURANÇA, a fim de confirmar a
tutela de urgência , mediante a determinaçã o para conclusã o do requerimento
administrativo pela Autoridade Administrativa, em prazo nã o superior a 30 dias .
e) Que seja concedida a parte autora os benefícios da gratuidade
da justiça, assegurado pela Constituiçã o Federal, artigo 5°, LXXIV e pelo Novo Có digo de
Processo Civil, nos termos do artigo 98 e seguintes, em razã o da parte autora se tratar de
pessoa pobre na mais lídima acepçã o jurídica do termo, nã o possuindo meios suficientes
para custear eventuais despesas processuais e/ou verbas de sucumbência sem o imediato
prejuízo do pró prio sustento e de seus familiares, vide declaraçã o firmada pela parte
autora que segue em anexo.
f) Seja intimado o digno Representante do Ministério Pú blico,
para, querendo, se manifestar no feito; e
g) Protesta, ainda, por todos os meios de prova em direito
admitidos e pela condenaçã o do impetrado nas custas judiciais e demais cominaçõ es de
estilo;
h) Requer a tramitaçã o prioritá ria, por tratar-se de pessoa idosa
atualmente com 65 (sessenta e cinco) anos de idade.
Dá -se a causa o valor de R$ 00.000,00 para fins processuais.
Termos em que,
Pede deferimento.
Batatais, 04 de março de 2022.
Nome Gonçalves
00.000 OAB/UF