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MANOEL UMBELINO NETO

OAB-SE nº 7.035
Rua Laranjeiras n° 532 – Centro - Aracaju, SE – CEP 49010-000
Tels. (079) 99990-6655
Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) de Direito do Juizado Especial Cível e
Criminal da Comarca de Nossa Senhora do Socorro, SE.

FALTA COLOCAR OS NÚMEROS DE ZAP


ROSILENE DE OLIVEIRA GÓIS, brasileira, maior, capaz,
merendeira, RG 108570-2 (SSP-SE), CPF nº 534.326.495-68, whatsapp/celular
(79) ..............., residente e domiciliada na Rua 02 de Janeiro nº 06, Loteamento Rosa
de Maio, Nossa Senhora do Socorro, SE, CEP 49160-000; MARCIEL MARQUES
DOS SANTOS, brasileiro, maior, capaz, madeireiro, RG 3839111-2 (SSP-SE), CPF nº
085.838.744-17, whatsapp/celular (79) ..............., residente e domiciliado na Rua 02 de
Janeiro n° 28, Loteamento Rosa de Maio, Nossa Senhora do Socorro, SE, CEP
49160-000; CILIA AROUCA FRANÇA MELO, brasileira, maior, capaz, promotora de
vendas, RG 069022593-8 (SSP-SE), CPF nº 806.629.275.91, whatsapp/celular
(79) ..............., residente e domiciliada na Rua 02 de Janeiro nº 46, loteamento Rosa
de Maio, Nossa Senhora do Socorro, SE, CEP 49160-000; e ROBSON FARIAS
SANTANA, brasileiro, maior, capaz, autônomo, RG 3083966-1 (SSP-SE), CPF nº
006.215.205-00, whatsapp/celular (79) ..............., residente e domiciliado na Rua 02 de
Janeiro nº 79, Loteamento Rosa de Maio, Nossa Senhora do Socorro, SE, CEP
49160-000, todos por intermédio de seus advogados, regularmente constituídos via
procuração em anexo, onde indicados seus endereços físico e virtuais, para onde
pedem também sejam endereçadas as intimações e demais atos processuais, sob
pena de nulidade, vêm perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 319, do
Código de Processo Civil (CPC) e arts. 186 e 927 do Código Civil, ajuizar a presente

AÇÃO PARA CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER


c/c INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
c/c PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA

em face de DESO – COMPANHIA DE SANEAMENTO DE SERGIPE, pessoa jurídica


de direito privado, organizada sob a forma de Sociedade de Economia Mista Estadual,
com CNPJ 13.018.171/0001-90, tel. 4020-0195, titular do site internet: https://www.deso-
se.com.br, com endereço empresarial na Rua Campo do Brito nº 331, Praia 13 de
Julho, Aracaju, SE, CEP 49020-380, pelos motivos e fatos que passa a expor:
DOS FATOS:

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1. De início, Excelência, insta salientar que os


Autores se encontram, há mais de três meses, sem o fornecimento regular e
intermitente de água, pela Demandada, à qual pagam pelos serviços e fornecimentos
que não lhes são prestados.

2. Acrescentem-se a tais fatos que:

a) o mundo enfrenta uma pandemia há mais de 02 (dois) anos, sendo que a


correta e constante higienização do corpo e de superfícies com água e
sabão, é indicação dos órgãos de saúde, incluindo-se a OMS, como sendo
a maneira mais eficiente de evitar a propagação da COVID-19;

b) o serviço da empresa-Ré, nas raras oportunidades em que é prestado, é


efetivado de forma descontinuada e irregular, ora com o fornecimento de
água, somente em algumas madrugadas e em pouca quantidade, ora
através de carros-pipas com até 500 litros de água, que não se mostram
suficientes para atender à comunidade em que residem os Autores e suas
famílias;

c) os Requerentes precisam desembolsar de suas próprias economias os


valores correspondentes à compra de água, ante a ausência de
abastecimento; e ainda:

d) os imóveis dos Autores são constantemente desvalorizados, pois não há


condições de habitação sem o fornecimento mínimo dos serviços e
fornecimentos que a DESO fora contratada para prestar.

3. Tamanha a repercussão do caso em apreço que


diversas entrevistas foram realizadas com os moradores locais, reforçando que a
DESO não está cumprindo adequadamente o contrato administrativo, deixando a
população carente quanto a esse serviço público essencial. A íntegra pode ser vista no
link: https://drive.google.com/drive/folders/1y1b5pNr70faUifNC3pB51eN2cwfVH6c?usp=sharing

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4. Em que pesem os insistentes contatos realizados
pelos Autores, a empresa queda-se inerte em resolver a situação.

5. Assim, resta evidente que os Requerentes não


possuem as informações e fornecimentos necessários, ante a falta de água no local
onde moram, assim como a DESO não indicou aos Demandantes, em qual prazo
poderiam ser resolvidos tais problemas, extremamente graves, nem tampouco
informou quais medidas teriam sido ou viriam a ser adotadas para que fosse honrado
o fornecimento mínimo de água e saneamento aos Autores, todos residentes, com
suas famílias, no Loteamento Rosa de Maio, em Nossa Senhora do Socorro.

6. Cuida-se de ausência de prestação do serviço de


fornecimento de água, causando discrepância no equilíbrio das relações de consumo,
vez que há pagamento pelo serviço que não é efetivamente prestado pela empresa-
Ré, permanecendo, igualmente, o prejuízo moral, agravado pelo fato d terem sido os
Autores forçados a buscar a cobertura do Poder Judiciário para verem sanados seus
prejuízos e preservada sua saúde.

7. De logo, procuram deixar bem claro que não


buscam ganhar qualquer coisa a que não tenham direito. Acreditam estarem evidentes
os danos morais e materiais sofridos e ainda existentes.

DO SERVIÇO ESSENCIAL:

1. O serviço de tratamento e abastecimento de água


é considerado serviço essencial, conforme aduz o art. 11 da Resolução n° 414 da
ANEEL, senão vejamos:

Art. 11. São considerados serviços ou atividades essenciais aqueles cuja interrupção
coloque em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população.
Parágrafo único. Para fins de aplicação do disposto neste artigo, classificam-se como
serviços ou atividades essenciais os desenvolvidos nas unidades consumidoras a seguir
indicados:
I – tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e
combustíveis;

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2. Deveras, sendo essencial à vida digna,
preservação da saúde e manutenção da segurança, a ausência de água impede a
continuidade de atividades mínimas de subsistência, tais como higienização pessoal,
cozimento de alimentos, limpeza de moradia etc. Nesse sentido, acaso viesse a se
procedido pela Ré o corte de tal fornecimento, só poderia ocorrer em situações
excepcionais, mantendo-se garantida a proteção de um bem maior.

3. Neste exato sentido, vê-se de grande importância


recente manifestação do Egrégio TJ/SE, quando assim decidiu:

ACÓRDÃO: 202214065
RECURSO: Apelação Cível
PROCESSO: 202100735609
RELATOR: RUY PINHEIRO DA SILVA

EMENTA:

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM


PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. AUSÊNCIA DE
ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM IMÓVEL RESIDENCIAL POR LONGO PERÍODO. PARTE
AUTORA SOLICITOU EM OUTUBRO DE 2018 A LIGAÇÃO DO FORNECIMENTO DE ÁGUA DE
SUA RESIDÊNCIA LOCALIZADA NO BAIRRO ALTO DA BOA VISTA EM LAGARTO/SE. A QUAL
FOI CONCRETIZADA, PORÉM O IMÓVEL PERMANECEU SEM ÁGUA AO MENOS ATÉ O
AJUIZAMENTO DA AÇÃO. CONCESSIONÁRIA DEMANDADA QUE SUSTENTA
IRREGULARIDADE NAS INSTALAÇÕES INTERNAS QUE NÃO FORAM REALIZADAS DE
ACORDO COM AS NORMAS TÉCNICAS QUE REGULAMENTAM OS SERVIÇOS PRESTADOS
PELA DESO. DOCUMENTOS CONSTANTES NOS AUTOS QUE DEMONSTRAM A
APROVAÇÃO SEM RESTRIÇÕES DO PROJETO HIDRÁULICO APRESENTADO PELA
CONSTRUTORA, ALÉM DE DECLARAÇÃO DE OFÍCIO, EMITIDOS PELA DESO,
INFORMANDO O CUMPRIMENTO DE TODAS AS CONDICIONANTES EXPOSTAS NO
ATESTADO DE VIABILIDADE TÉCNICA E EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS COM
ACOMPANHAMENTO FINAL DA DESO. LAUDO PERICIAL JUDICIAL COLACIONADO AOS
AUTOS QUE CONCLUI EXPRESSAMENTE SER DA COMPANHIA RÉ A RESPONSABILIDADE
PELO IMÓVEL DA AUTORA TER FICADO SEM O SERVIÇO DE ÁGUA. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA. ART. 14 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PRIVAÇÃO DE USO DE
SERVIÇO ESSENCIAL POR CONDUTA ILÍCITA DA RÉ. DANO MORAL CONFIGURADO E
PASSÍVEL DE INDENIZAÇÃO. QUANTUM REDUZIDO PARA 1.000,00 (HUM MIL REAIS).
OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE.
PRECEDENTES. ALTERAÇÃO DE OFÍCIO QUANTO A FORMA DE ATUALIZAÇÃO DA
CONDENAÇÃO. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

4. Portanto, o corte é manifestamente abusivo


devendo ser revisto.

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DA TUTELA DE URGÊNCIA

1. Nos termos do Art. 300 do CPC/15: "a tutela de


urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo."

2. No presente caso tais requisitos são perfeitamente


caracterizados, vejamos:

3. A PROBABILIDADE DO DIREITO resta


caracterizado diante da demonstração inequívoca da abusividade e ilegalidade no
corte, vez que os Autores têm recebido normalmente as faturas (documentos em
anexo) e têm cumprido com suas obrigações, quais sejam, o pagamento das próprias.
Contudo, a parte Ré em atitude de má-fé, suspendeu o fornecimento de água na
residência dos Requerentes.

4. Assim, conforme destaca a doutrina, não há razão


lógica para aguardar o desfecho do processo, quando diante de direito inequívoco:

"Se o fato constitutivo é incontroverso não há racionalidade em obrigar o autor a esperar o


tempo necessário à produção das provas dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos,
uma vez que o autor já se desincumbiu do ônus da prova e a demora inerente à prova dos
fatos, cuja prova incumbe ao Réu certamente o beneficia." (MARINONI, Luiz Guilherme.
Tutela de Urgência e Tutela da Evidência. Editora RT, 2017. p.284)

5. Já o RISCO DA DEMORA, fica caracterizado pela


necessidade imediata do restabelecimento de água para manutenção de um mínimo
de dignidade dos Autores, inclusive em momentos de pandemia como a ora
enfrentada (“COVID-19”), em que a população não pode prescindir desse serviço
público essencial, sob pena de comprometer (individual e coletivamente) às ações do
Poder Público e da sociedade na sua mitigação progressiva. Tal circunstância confere
grave risco de perecimento do resultado útil do processo, conforme leciona Humberto
Theodoro Júnior:

"Um risco que corre o processo principal de não ser útil ao interesse demonstrado pela
parte", em razão do "periculum in mora", risco esse que deve ser objetivamente apurável,

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sendo que é a plausibilidade do direito substancial consubstancia-se no direito "invocado
por quem pretenda segurança, ou seja, o "fumus boni iuris" (in Curso de Direito Processual
Civil, 2016. I. p. 366).

6. Por fim, cabe destacar que no caso ora


apresentado, SEU PEDIDO NÃO CARACTERIZA CONDUTA IRREVERSÍVEL,
deixando de conferir qualquer dano à Ré, tendo em vista ser obrigação contratual da
empresa manter o fornecimento adequado de água na residência dos Autores.

7. Diante de tais circunstâncias, é inegável a


existência de fundado receio de dano irreparável, sendo imprescindível o
restabelecimento imediato de água, nos termos do art. 300 do CPC.

8. Desta forma se pede que, em caráter de urgência


seja o dano reparado, sendo deferida os efeitos da tutela provisória de urgência,
determinando que a Requerida EFETIVE IMEDIATAMENTE A RELIGAÇÃO DO
FORNECIMENTO DE ÁGUA NO IMÓVEL DOS REQUERENTES, SITUADOS NOS
LOCAIS ABAIXO INDICADOS, sob pena de multa diária de R$ 500,00 reais, em favor
de cada um dos Autores, adiante listados, com seus dados residenciais:

a) ROSILENE DE OLIVEIRA GOIS, residente na Rua 02 de Janeiro nº 06,


Loteamento Rosa de Maio, Nossa Senhora do Socorro, SE, CEP 49160-000;

b) MARCIEL MARQUES DOS SANTOS, residente na Rua 02 de Janeiro n° 28,


Loteamento Rosa de Maio, Nossa Senhora do Socorro, SE, CEP 49160-000;

c) CILIA AROUCA FRANÇA MELO, residente na Rua 02 de Janeiro nº 46,


Loteamento Rosa de Maio, Nossa Senhora do Socorro, SE, CEP 49160-000;

d) ROBSON FARIAS SANTANA, residente na Rua 02 de Janeiro nº 79,


Loteamento Rosa de Maio, Nossa Senhora do Socorro, SE, CEP 49160-000.

DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR:

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1. A norma que rege a proteção dos direitos do
consumidor, define, de forma cristalina, que o consumidor de produtos e serviços deve
ser abrigado das condutas abusivas de todo e qualquer fornecedor, nos termos do art.
3º do referido Código.

2. No presente caso, tem-se de forma nítida a


relação consumerista caracterizada, conforme redação do Código de Defesa do
Consumidor:

LEI nº 8.078/1990 – CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR:

Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades
de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

3. No artigo anterior, já havia sido disciplinado que:

Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto
ou serviço como destinatário final.

4. Assim, uma vez reconhecidos as obrigações da


Ré e que os Autores devem ser os destinatários finais dos serviços contratados, tem-
se configurada a relação de consumo, conforme entendimento doutrinário sobre o
tema:

"Sustentamos, todavia, que o conceito de consumidor deve ser interpretado a partir de dois
elementos:
a) a aplicação do princípio da vulnerabilidade e
b) a destinação econômica não profissional do produto ou do serviço. Ou seja, em linha de
princípio e tendo em vista a teleologia da legislação protetiva deve-se identificar o
consumidor como o destinatário final fático e econômico do produto ou serviço."
(MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do Consumidor. 6 ed. Editora RT, 2016. Versão ebook.
pg. 16)

5. Com esse postulado, o Réu não pode eximir-se


das responsabilidades inerentes à sua atividade, dentre as quais prestar a devida
assistência técnica, visto que se trata de um fornecedor de produtos que,
independentemente de culpa, causou danos efetivos a seus consumidores.

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DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA:

1. No que se refere à inversão do ônus da prova, a


teor dos arts. 14, caput, e §1° e art. 17, ambos do CDC, equiparam-se a consumidores
as vítimas de evento danoso decorrente da prestação de serviço defeituoso. Assim,
em se tratando de relação de consumo, em que caracterizada a responsabilidade
objetiva da concessionária, perfeitamente cabível a inversão do ônus da prova. (AgRg
no AREsp 479.632/MS, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 25/11/2014, DJe 03/12/2014, grifei).

DO DANO MORAL:

1. Conforme demonstrado pelos fatos narrados e


prova testemunhal que será produzida no presente processo, o dano moral fica
perfeitamente caracterizado com a privação do fornecimento de água e a
irregularidade de tal serviço. Lesa não só o indivíduo prejudicado pela falta de bem
vital e pelo serviço deficiente, como também toda coletividade cujos diversos direitos
são violados: dignidade da pessoa humana, saúde pública, meio ambiente equilibrado.

2. O dano, portanto, decorre da própria circunstância


do ato lesivo e prescinde de prova objetiva do prejuízo individual sofrido, gerando o
dever de indenizar, conforme preconiza o Código Civil em seus arts. 186 e 927.

3. Nesse sentido, a indenização por dano moral deve


representar para a vítima uma satisfação capaz de amenizar de alguma forma o abalo
sofrido e de infligir ao causador sanção e alerta para que não volte a repetir o ato, uma
vez que fica evidenciado completo descaso aos transtornos causados.

4. Trata-se de proteção constitucional, nos termos


que dispõe a Carta Magna de 1988 que, em seu art. 5º:

Art. 5º - (omissis)

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X - são invioláveis a intimidade, (omissis) a honra, assegurado o direito a


indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

5. Indubitavelmente, feriu fundo à honra e à paz


íntima dos Requerentes que tiveram um fornecimento básico, qual seja, de água
restrito a ela por razões sequer esclarecidas.

6. No presente caso, o dano ocorre in re ipsa,


independente de comprovação, pelo simples corte abusivo. Nesse sentido:

ÁGUA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER.


ALEGADA VIOLAÇÃO AOS ARTS. 355, I, E 373, I, DO CPC/2015. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF. CONTROVÉRSIA RESOLVIDA, PELO
TRIBUNAL DE ORIGEM, À LUZ DAS PROVAS DOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE DE
REVISÃO, NA VIA ESPECIAL. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. I.
Agravo interno aviado contra decisão que julgara recurso interposto contra decisum
publicado na vigência do CPC/2015. II. Na origem, trata-se de ação de obrigação de fazer
c/c indenização por danos morais, proposta em desfavor de Águas de Guará Ltda. A parte
autora alega que a constante falta de água, provocada pela ineficiência do serviço prestado
pela concessionária, causou-lhe transtornos e constrangimentos. Pleiteia indenização por
danos morais e a condenação da Ré na obrigação de regularizar o serviço de fornecimento
de água em sua residência. O Tribunal de origem deu provimento à Apelação da parte
autora, para julgar procedente a ação e condenar a Ré ao pagamento de indenização por
danos morais, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). III. (...). IV. O Tribunal de origem,
com base no exame dos elementos fáticos dos autos, consignou que "o colapso hídrico foi
motivado pela ausência de planejamento, obras e investimentos para ampliação e
modernização do sistema de coleta, abastecimento, distribuição e reserva de água. A
responsabilidade por tal inércia não pode ser repassada ao consumidor". Assim, concluiu
pelo acolhimento do pedido inicial, condenando a agravante ao pagamento de indenização
por danos morais, pela suspensão do fornecimento de água na residência do autor, pelo
período de 14 dias. (...) V. Agravo interno improvido. - STJ, 2ª Turma, Minª Assusete
Magalhães, AgInt no AREsp 1301006/SP AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL 2018/0128063-1, DJe 06/03/2019.

7. Destarte Excelência, o que se pede é que a


requerida se responsabilize por seus atos ilícitos praticados, uma vez que violou
direitos fundamentais, interrompendo indevidamente o fornecimento de água e
mantendo irregularidade na prestação do serviço.

8. No que tange ao quantum indenizatório, esse


deve ser fixado de modo a não só garantir à parte que o postula a recomposição do

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dano em face da lesão experimentada, mas igualmente deve servir de reprimenda
àquele que efetuou a conduta ilícita, como assevera a doutrina:

"Com efeito, a reparação de danos morais exerce função diversa daquela dos
danos materiais. Enquanto estes se voltam para a recomposição do patrimônio
ofendido, por meio da aplicação da fórmula "danos emergentes e lucros cessantes"
(CC, art. 402), aqueles procuram oferecer compensação ao lesado, para atenuação
do sofrimento havido. De outra parte, quanto ao lesante, objetiva a reparação
impingir-lhe sanção, a fim de que não volte a praticar atos lesivos à personalidade
de outrem." (BITTAR, Carlos Alberto. Reparação Civil por Danos Morais. 4ª ed.
Editora Saraiva, 2015. Versão Kindle, p. 5423)

9. Em reforço, a lição da jurisprudência sobre o


tema:

"Importa dizer que o juiz, ao valorar o dano moral, deve arbitrar uma quantia que, de
acordo com o seu prudente arbítrio, seja compatível com a reprovabilidade da
conduta ilícita, a intensidade e duração do sofrimento experimentado pela vítima, a
capacidade econômica do causador do dano, as condições sociais do ofendido, e
outras circunstâncias mais que se fizerem presentes" (Programa de
Responsabilidade Civil. 6. ed., São Paulo: Malheiros, 2005. p. 116).

10. No mesmo sentido aponta a lição de Humberto


Theodoro Júnior:

[...] "os parâmetros para a estimativa da indenização devem levar em conta os


recursos do ofensor e a situação econômico-social do ofendido, de modo a não
minimizar a sanção a tal ponto que nada represente para o agente, e não exagerá-
la, para que não se transforme em especulação e enriquecimento injustificável para
a vítima. O bom senso é a regra máxima a observar por parte dos juízes" (Dano
moral. 6. ed., São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2009. p. 61). Complementando
tal entendimento, Carlos Alberto Bittar, elucida que "a indenização por danos morais
deve traduzir-se em montante que represente advertência ao lesante e à sociedade
de que se não se aceita o comportamento assumido, ou o evento lesivo advindo.
Consubstancia-se, portanto, em importância compatível com o vulto dos interesses
em conflito, refletindo-se, de modo expresso, no patrimônio do lesante, a fim de que
sinta, efetivamente, a resposta da ordem jurídica aos efeitos do resultado lesivo
produzido. Deve, pois, ser quantia economicamente significativa, em razão das
potencialidades do patrimônio do lesante" (Reparação Civil por Danos Morais, RT,
1993, p. 220). Tutela-se, assim, o direito violado. (TJSC, Recurso Inominado n.

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0302581-94.2017.8.24.0091, da Capital - Eduardo Luz, rel. Des. Cláudio Eduardo


Regis de Figueiredo e Silva, #33998272)

11. Ou seja: enquanto o Poder Jurisdicional não fixar


condenações que sirvam igualmente ao desestímulo e inibição de novas práticas
lesivas, situações como estas seguirão se repetindo e tumultuando o Judiciário.

11. Diante disso, tendo em vista a situação fática


apresentada, é justa a indenização no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais),
considerando-se individualmente cada um dos Autores, totalizando R$ 40.000,00
(quarenta mil reais), quantia que, não os enriquecendo, serve como advertência à
Ré.

DOS PEDIDOS:

1. Ante o exposto, requerem:

a) A adoção das regras aplicáveis ao “Juízo 100% Digital”, observados todos os


requisitos da Resolução nº 12/2021 do TJSE.

b) O deferimento da tutela de urgência para o restabelecimento imediato de


água nos endereços dos Autores, sob pena de multa diária R$ 500,00, em favor
de cada um dos mesmos;

c) A citação da Ré, na pessoa de seu representante legal, para, querendo responder


a presente demanda, sob pena de revelia;

d) A inversão do ônus da prova, nos termos dos arts. 14, caput, e §1° e art. 17,
ambos do CDC.

e) A procedência do pedido, com a confirmação da tutela de urgência, se deferida,


com o RESTABELECIMENTO E MANUTENÇÃO DO FORNECIMENTO DE
ÁGUA nos endereços dos Autores;

f) Cumulativamente, requerem a condenação da Ré a pagar aos Autores um


quantum, a título de INDENIZAÇÃO PELOS DANOS MORAIS, não inferior a R$

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40.000,00, individualmente sendo considerados R$ 10.000,00 para cada Autor,
considerando as condições das partes, principalmente o potencial econômico-
social da lesante, a gravidade da lesão, sua repercussão e as circunstâncias
fáticas;

g) Requer que as intimações ocorram contendo, obrigatoriamente, os nomes dos


advogados signatários desta peça, sob pena de nulidade.

2. Por fim, protesta provar o alegado por todos os


meios de prova em direito admitidas e cabíveis à espécie, especialmente pelos
documentos acostados; bem como, vem manifestar desinteresse na audiência
conciliatória, nos termos do Art. 319, inc. VII do CPC.

Dão à causa o valor de R$ 40.000,00 reais.

Termos em que, pedem deferimento

Aracaju, 20 de março de 2022.

MANOEL UMBELINO NETO


OAB/SE 7.035

ELISANDRA LOPES SANTOS SILVA


OAB/SE 13.892

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