Você está na página 1de 49

Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região - 1º Grau

PJe - Processo Judicial Eletrônico


Consulta Processual

23/05/2017
Número: 0024365-50.2016.5.24.0007
Data Autuação: 08/03/2016
Classe: AÇÃO TRABALHISTA - RITO ORDINÁRIO
Valor da causa: R$ 40.000,00
Partes
Tipo Nome
AUTOR ROBSON SANTOS MEDRADO - CPF: 021.932.681-93
ADVOGADO CORINI ADRIANA MALJAARS - OAB: MS18760
RÉU DIPALMA COMERCIO DISTRIBUICAO E LOGISTICA DE PRODUTOS ALIMENTICIOS LTDA.
- CNPJ: 07.721.579/0001-20
ADVOGADO Elton Luis Nasser de Mello - OAB: MS5123
Documentos
Id. Data de Juntada Documento Tipo
dcd84 08/03/2016 11:34 Petição Inicial Petição Inicial
15
513b6 08/07/2016 14:41 contestação Contestação
1a
b75f7 17/08/2016 16:04 Impugnação Manifestação
74
c0e25 11/05/2017 20:38 Ata da Audiência Ata da Audiência
1e
EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA __ª VARA DO TRABALHO DE CAMPO
GRANDE-MS.

ROBSON SANTOS MEDRADO, brasileiro, casado, auxiliar


administrativo, CPF n°021.932.681-93, residente nesta cidade na Rua Rodolfo Garcia, nº
58, Bairro Universitário, CEP nº 79.071-312, vem por sua advogada que esta assina
digitalmente propor:

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

Em face de DIPALMA COMERCIO DISTRIBUICAO E


LOGISTICA DE PRODUTOS ALIMENTICIOS LTDA., com sede nesta cidade na
Rodovia BR 163, nº 7389, Bairro Cidade Morena, CEP nº 79.060-000, CNPJ nº 07.721.579-
0004-73, estribado nas razões de fato e de direito que a seguir passa a articular:

Assinado eletronicamente. A Certificação


Rua José GarciaDigital pertence
Veloso, 828 – Zé Pereira,
a: CORINI ADRIANA Grande, MS – CEP 79107-422
MALJAARS
Campo – Tel. (67) 9134-1726/(67) 9255-7707
ID. dcd8415 - Pág. 1
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16030811083520600000004812363
Número do documento: 16030811083520600000004812363
I. DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA

Nos termos do art. 14, parágrafo 1° da Lei 5.585/1970, das Leis


1.060/1950 e 7.115/1983, bem como do art. 790, parágrafo 3° da CLT, o reclamante
declara para os devidos fins e sob pena da Lei, ser pobre, encontrando-se desempregado e
não tendo como arcar com o pagamento de custas e demais despesas processuais sem o
prejuízo de seu sustento, pelo que requer os benefícios da justiça gratuita.

II. CONTRATO DE TRABALHO.


O autor foi admitido em 16.06.2010 exercendo por último a função de
auxiliar administrativo.

Foi demitido em 16.02.2016. O reclamante pleiteia reversão da


demissão por justa causa para dispensa sem justa causa por não terem sido preenchidos os
requisitos do art. 482 da CLT.

A última remuneração recebida pelo autor foi no valor de R$ 1.549,95,


por mês.

III. REVERSÃO EM JUÍZO PARA DISPENSA SEM JUSTA


CAUSA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.

Conforme minuciado, o autor foi demitido por justa causa em


16.02.2016.

No dia 08.02.2016 ao chegar para laborar o autor fora surpreendido ao


receber uma notificação, informando que este seria afastado de suas atividades pelo período
de oito dias, com o intuito de averiguação de irregularidades em recibos emitidos.

Ao retornar ao trabalho no dia 16.02.2016 recebeu notificação de sua


demissão por justa causa, com a justificativa de desviar valores referentes à descarga de
mercadorias.

Assinado eletronicamente. A Certificação


Rua José GarciaDigital pertence
Veloso, 828 – Zé Pereira,
a: CORINI ADRIANA Grande, MS – CEP 79107-422
MALJAARS
Campo – Tel. (67) 9134-1726/(67) 9255-7707
ID. dcd8415 - Pág. 2
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16030811083520600000004812363
Número do documento: 16030811083520600000004812363
Em momento algum o autor fora informado do andamento de suposta
investigação e no momento da dispensa, não fora demonstrado quais supostos valores
foram desviados, nem quando isso ocorreu, ou seja, o autor fora demitido “às cegas”.

Sabe-se que a mais grave das penas aplicáveis ao trabalhador é a


dispensa por justa causa. Enfocada por diversos preceitos celetistas, a penalidade conduz à
extinção do contrato sob ônus do trabalhador faltoso. Com isso, a pena não somente
autoriza o descumprimento do princípio trabalhista geral da continuidade da relação de
emprego, como extingue o pacto, negando ao trabalhador quaisquer verbas rescisórias
previstas em outras modalidades de rompimento do contrato.

Segundo orientação de Amauri Mascaro do Nascimento, é necessário


que haja uma gradação nas penalidades antes da aplicação da justa causa, como por
exemplo, a advertência, a suspensão e somente após a demissão por justa causa, o que não
ocorreu no caso em tela.

Como medida excepcional que é, a dispensa do empregado por justa


causa deve ter lastro probatório seguro, a cargo do empregador, a fim de comprovar a
prática de ato grave por parte do obreiro, que torne impraticável a continuidade do vínculo
de emprego, com a quebra definitiva da fidúcia que deve nortear o liame empregatício.

In casu, a tese empresária é de que o reclamante foi dispensado por justa


causa por motivo de desviar valores referente a descarga de mercadorias. Todavia, o
conjunto probatório não permite concluir com segurança que o autor tenha desviado de
qualquer valor.

Desta maneira, a aplicação da justa causa foi arbitrária, pois, não foi
devidamente fundamentada e não foi feita de forma criteriosa, pois a ré sequer apontou de
forma objetiva o enquadramento da justa causa nos itens do artigo 482, da CLT.

Assim, deverá ser desconsiderada a dispensa por justa causa,


reconhecendo-se a dispensa imotivada, com o pagamento das verbas correspondentes,
inclusive, o aviso prévio com integração no tempo de serviço (OJ SBDI nº 82 do TST),
diante da inexistência da prática da conduta elencada no artigo 482, da CLT.

Assinado eletronicamente. A Certificação


Rua José GarciaDigital pertence
Veloso, 828 – Zé Pereira,
a: CORINI ADRIANA Grande, MS – CEP 79107-422
MALJAARS
Campo – Tel. (67) 9134-1726/(67) 9255-7707
ID. dcd8415 - Pág. 3
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16030811083520600000004812363
Número do documento: 16030811083520600000004812363
A ré não expediu carta de recomendação ao autor, sendo que tal
documento é vital para a continuidade de sua vida profissional.

O afastamento por justa causa trouxe repercussão negativa na vida


pessoal e, em consequência, na esfera íntima do reclamante. O dano moral evidenciado, no
caso, não resultou propriamente do uso do poder disciplinar pela reclamada na aplicação da
justa causa, mas na exacerbação desse poder de que derivaram danos à imagem, à honra e à
dignidade do reclamante.

A forma como se deu a rescisão do contrato de trabalho, causou ao


reclamante sofrimento, humilhação e constrangimento, pois foi injustamente taxado com
empregado negligente e irresponsável, que reiteradamente faltava ao trabalho.

Ressalte-se que pelo fato de ter sido dispensado por justa causa, ficou
impedido de levantar os depósitos do FGTS e receber o seguro desemprego, além de perder
algumas verbas rescisórias.

Diante dos requisitos da obrigação de indenizar presentes no caso em


tela, diga-se, o ato ilícito da reclamada, o dano moral experimentado pelo reclamante
(danum in re ipsa) e o nexo de causalidade entre a conduta e o dano, e com fundamento nos
artigos 186 e 927 do CCB e no artigo 5º, inciso V, da CF/88, deverá a reclamada ser
condenada a reparar o dano moral causado ao reclamante.

IV. DA MULTA DO ARTIGO 477, § 8º DA CLT.

Afastada a dispensa por justa causa e, por consequência, reconhecida a


dispensa imotivada e deferidas as verbas rescisórias, deverá a reclamada ser condenada ao
pagamento da multa prevista no artigo 477, § 8º, da CLT.

Sobre tema, é o entendimento do TST:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO – MULTA DO ART. 477, §8º, DA


CLT – REVERSÃO JUDICIAL DA DISPENSA POR JUSTA CAUSA – A
multa prevista no artigo 477, § 8º, da CLT é devida ainda que as verbas
rescisórias sejam deferidas em juízo. Precedentes. Agravo de Instrumento a que se

Assinado eletronicamente. A Certificação


Rua José GarciaDigital pertence
Veloso, 828 – Zé Pereira,
a: CORINI ADRIANA Grande, MS – CEP 79107-422
MALJAARS
Campo – Tel. (67) 9134-1726/(67) 9255-7707
ID. dcd8415 - Pág. 4
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16030811083520600000004812363
Número do documento: 16030811083520600000004812363
nega provimento.” (TST – AIRR 440-21.2012.5.15.0070 – Rel. Min. João
Pedro Silvestrin – DJe 05.11.2013 – p. 407)

V. ACÚMULO DE FUNÇÃO.

O autor exercia a função de auxiliar administrativo. Nesta função, era


responsável pelo lançamento de notas e recibos de carga e descarga de mercadorias da ré e
lançamento destas no sistema.

Todavia, o autor acumulava as funções de auxiliar financeiro e


balancistas, funções estas diversas da que fora contratado.

O art. 468 da CLT aduz:

Art. 468 – Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das


respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não
resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade
da cláusula infringente desta garantia.

É evidente que uma sobrecarga de trabalho foi imposta ao reclamante,


havendo assim, uma alteração unilateral prejudicial ao empregado.

Desta maneira, exercendo o empregado dupla atividade de forma


simultânea, a empresa fica desobrigada de contratar novo empregado, gerando assim
prejuízos não só de ordem financeira ao empregado, mas também de origem orgânica.

É o entendimento do TST:

Ementa: RECURSO DE REVISTA - 1. ACÚMULO DE FUNÇÃO.

“O Tribunal Regional, soberano na análise do conjunto fático-probatório,


concluiu que incide, na hipótese, o princípio da equivalência salarial, segundo o
qual se preserva o caráter sinalagmático do contrato de trabalho. Se as tarefas ou
as responsabilidades do empregado são ampliadas de tal forma a violar o
equilíbrio havido entre as partes, deve o julgador restabelecê-lo mediante a
elevação do valor do salário- e que deve ser -acrescido à condenação o pagamento

Assinado eletronicamente. A Certificação


Rua José GarciaDigital pertence
Veloso, 828 – Zé Pereira,
a: CORINI ADRIANA Grande, MS – CEP 79107-422
MALJAARS
Campo – Tel. (67) 9134-1726/(67) 9255-7707
ID. dcd8415 - Pág. 5
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16030811083520600000004812363
Número do documento: 16030811083520600000004812363
de acréscimo salarial equivalente a 10% do salário do autor, a partir de outubro
de 2010, data em que, por certo, passou a cumular as funções de instalador e
encarregado, conforme prova testemunhal-. Assim, para se chegar a conclusão
contrária, seria necessário o revolvimento dos fatos e da prova, o que é vedado
nesta esfera extraordinária, nos termos da Súmula nº 126 do TST. Ora,
exercendo o empregado dupla atividade de forma simultânea, a empresa viu-se
desobrigada de contratar novo empregado, gerando assim prejuízos não só de
ordem financeira ao empregado, mas também de origem orgânica. Indo mais
além, a conduta da empresa lesa inclusive a coletividade como um todo, pois os
encargos sociais deveriam ser recolhidos com base em dois contratos e não apenas
sobre o do autor. A formalização do contrato de emprego depende do ajuste de
vontade das partes, pelo que, o que for pactuado, tem caráter de imutabilidade,
ressalvando-se a alteração permitida por mútuo consentimento, desde que a
modificação do contrato, é claro, não resulte em prejuízos diretos ou indiretos ao
empregado segundo o disposto no art. 468 da CLT . Com efeito, o reclamante
teve o seu contrato modificado apenas ao alvedrio do empregador, que lhe
atribuiu uma carga maior de trabalho sem a devida contraprestação salarial,
reputando-se tal alteração em desequilíbrio à natureza comutativa e onerosa
decorrente da relação de emprego. Exsurge desta forma, o direito do autor em
receber as diferenças salariais advindas do acúmulo de funções a que foi obrigado
pela reclamada. Recurso de revista não conhecido.” (RR 4677320115050019 –
Relator: Valdir Florindo. Data de publicação: 22/11/2013) (destacamos)

Assim, o autor faz jus ao “plus” salarial, como modo de restabelecer o


caráter sinalagmático do pacto laboral, consistente na reciprocidade e no equilíbrio das
obrigações contratuais entre empregado e empregador.

VI. JORNADA EXTRAORDINÁRIA DE TRABALHO.

Inicialmente, cumpre informar que a ré possui mais de 10 empregados


em seu quadro, motivo pelo qual deve ser invertido o ônus da jornada de trabalho realizada
pelo autor, conforme S.338 TST.

Assinado eletronicamente. A Certificação


Rua José GarciaDigital pertence
Veloso, 828 – Zé Pereira,
a: CORINI ADRIANA Grande, MS – CEP 79107-422
MALJAARS
Campo – Tel. (67) 9134-1726/(67) 9255-7707
ID. dcd8415 - Pág. 6
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16030811083520600000004812363
Número do documento: 16030811083520600000004812363
O autor laborava de segunda-feira a sexta-feira das 07h00min às
18h45min/19h00min.

O reclamante usufruía de intervalo intrajornada de 1h10min.

Não laborou aos sábados, domingos e feriados.

Como exposto anteriormente, o autor realizava diariamente horas


extras. A prestação habitual de horas extras descaracteriza o acordo de compensação de
jornada de trabalho, conforme previsão da S. 85 do TST.

VII. MULTA POR INFRAÇÃO À CCT.

A ré descumpriu as cláusulas 12ª, 14ª, 36ª, 37ª e 44ª da CCT, sendo


devido o pagamento da multa estatuída na cláusula 61ª.

VIII. DA INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS.


HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

A reparação dos danos causados pela ré à autora deve ser levada a efeito
na sua maior amplitude possível, inclusive no que toca aos honorários advocatícios que o
obreiro ajustou com suas patronas para promover a lide e assegurar os seus direitos, como
expressamente determinam os artigos 389 e 404 do Código Civil.

Não obstante a possibilidade de postular em juízo sem a assistência de


advogado, devido ao princípio do jus postulandi, admitido na Justiça do Trabalho, é certo
que a busca da tutela jurisdicional sem o apoio do advogado, não raro, torna ineficaz a
busca pelos direitos violados e fraudados pela ré.

Nesse sentido, o Enunciado nº 53 da 1ª Jornada de Direito Material e


Processual na Justiça do Trabalho:

“ENUNCIADO 53, ANAMATRA. REPARAÇÃO DE DANOS -


HONORÁRIOS CONTRATUAIS DE ADVOGADO. Os artigos 389
e 404 do Código Civil autorizam o Juiz do Trabalho a condenar o

Assinado eletronicamente. A Certificação


Rua José GarciaDigital pertence
Veloso, 828 – Zé Pereira,
a: CORINI ADRIANA Grande, MS – CEP 79107-422
MALJAARS
Campo – Tel. (67) 9134-1726/(67) 9255-7707
ID. dcd8415 - Pág. 7
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16030811083520600000004812363
Número do documento: 16030811083520600000004812363
vencido em honorários contratuais de advogado, a fim de assegurar ao
vencedor a inteira reparação do dano”.

IX. DEVOLUÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA E


ASSISTENCIAL.

A ré efetuou os descontos da contribuição confederativa e assistencial do


autor sem sua autorização legal para tal.

Frise-se que o autor não assinou qualquer termo de filiação a qualquer


sindicato, motivo este que requer a devolução de todos os descontos realizados em seu
salário a tais títulos.

Ademais, cláusulas da CCT que obriguem ao desconto a título de taxa


para custeio do sistema confederativo, sindical ou constitucional, é nula de pleno direito,
em face de ofensa ao preceito constitucional que assegura o direito de livre associação e
sindicalização, conforme já definido pela Res. 82 do TST., pelo precedente normativo 199
do TST, que os empregados que não são sindicalizados, não estão obrigados à contribuição
confederativa ou assistencial.

Em que pese à existência desta cláusula nas convenções coletivas a


mesma é inválida, sobretudo quando há estipulação abrangendo todos os integrantes da
categoria, não assegurando o direito de oposição ou quando assegurado, a fazendo de
forma mais onerosa possível, haja vista a necessidade de protocolização da carta
oposicionista de forma individualizada pelo trabalhador dentro de certo prazo.

A falta de autorização expressa para tais descontos torna os descontos


ilícitos. Assim, a autora não compareceu a qualquer sindicato, bem como nunca filiou-se,
não concordando com tais descontos.

A contribuição confederativa tem por objetivo precípuo o custeio do


sistema confederativo, do qual são integrantes os sindicatos, federações e confederações,
tanto da categoria profissional (trabalhadores) como da econômica (empregadores), sendo
fixada por assembleia geral com base legal no art. 8º, IV, da Constituição.

Assinado eletronicamente. A Certificação


Rua José GarciaDigital pertence
Veloso, 828 – Zé Pereira,
a: CORINI ADRIANA Grande, MS – CEP 79107-422
MALJAARS
Campo – Tel. (67) 9134-1726/(67) 9255-7707
ID. dcd8415 - Pág. 8
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16030811083520600000004812363
Número do documento: 16030811083520600000004812363
O artigo. 545 da CLT aduz:

Art. 545. Os empregadores ficam obrigados a descontar, na folha de pagamento


dos seus empregados, desde que por eles devidamente autorizados, as
contribuições devidas ao sindicato, quando por este notificados, salvo quanto à
contribuição sindical cujo desconto independe dessas formalidades. (grifo nosso)

Verifica-se que primeiramente não há estipulação de prazo para a


oposição, mas somente para o repasse do valor descontado e, por segundo, pela necessidade
da anuência expressa do empregado autorizando o desconto, nada mencionando quanto à
autorização tácita.

Ademais, o artigo 8º, V da CF, serve de base inclusive para solidificar o


posicionamento dos Tribunais Superiores, conforme Precedente Normativo nº 119 do TST,
OJ 17 da SDC e Súmula 666 do STF, a saber:

Contribuições Sindicais – Inobservância de Preceitos Constitucionais. "A


Constituição da República, em seus arts. 5º, XX e 8º, V, assegura o direito de
livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade de liberdade
cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa
estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para
custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento
sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados.
Sendo nulas as estipulações que inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de
devolução os valores irregularmente descontados."

OJ-SDC-17 Contribuições para Entidades Sindicais. Inconstitucionalidade de


sua Extensão a não associados. Inserida em 25.05.1998 As cláusulas coletivas
que estabeleçam contribuição em favor de entidade sindical, a qualquer título,
obrigando trabalhadores não sindicalizados, são ofensivas ao direito de livre
associação e sindicalização, constitucionalmente assegurado, e, portanto, nulas,
sendo passíveis de devolução, por via própria, os respectivos valores eventualmente
descontados.

Assinado eletronicamente. A Certificação


Rua José GarciaDigital pertence
Veloso, 828 – Zé Pereira,
a: CORINI ADRIANA Grande, MS – CEP 79107-422
MALJAARS
Campo – Tel. (67) 9134-1726/(67) 9255-7707
ID. dcd8415 - Pág. 9
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16030811083520600000004812363
Número do documento: 16030811083520600000004812363
STF Súmula nº 666 - Contribuição Confederativa - Exigibilidade - Filiação a
Sindicato Respectivo. A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da
Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo.

X. ROL DE PEDIDOS:

1. Requer os benefícios da justiça gratuita, nos termos da


declaração anexa.
2. Requer seja declarada a reversão da demissão por justa causa
para demissão pela ré sem justa causa.
3. Requer seja a ré condenada a retificar a baixa da CTPS com a
projeção do aviso prévio e ao pagamento de todas as verbas rescisórias: aviso prévio
proporcional e seus efeitos, 13º salário, férias+1/3, saldo de salário, FGTS e multa
rescisória, seja expedido alvará para liberação do saldo em conta, multas do art. 467 da
CLT, à entrega de guias CD/SD ou o pagamento de indenização substitutiva e o FGTS
sobre todas as verbas salariais deferidas nestes autos, corrigidos monetariamente (súmula
381 do TST) e com juros de 1% a.m. (artigo 883 da CLT e súmula 15 do TRT da 3ª Reg.).
4. Requer seja a ré condenada a entregar a carta de referência ao
autor.
5. Requer seja a ré condenada ao pagamento de indenização pelos
danos morais por todas as ofensas à honra narradas na causa de pedir do tópico III desta
peça, a ser fixada pelo juízo, respeitado o teto mínimo de R$ 10.000,00.
6. Requer seja a ré condenada a pagar a multa do artigo 477 da
CLT, conforme causa de pedir.
7. Requer seja declarada a alteração unilateral e prejudicial da
função do autor pela ré e requer seja a ré condenada a pagar 40% do salário de auxiliar
administrativo, conforme narrado na causa de pedir e seus reflexos em 13º salário,
férias+1/3, aviso prévio, horas extras, RSR e todos no FGTS+40%.
8. Requer seja declarada a nulidade do sistema de compensação de
jornada de trabalho, bem como de banco de horas por ventura instituída pela ré.

Assinado eletronicamente. A Certificação


Rua José GarciaDigital pertence
Veloso, 828 – Zé Pereira,
a: CORINI ADRIANA Grande, MS – CEP 79107-422
MALJAARS
Campo – Tel. (67) 9134-1726/(67) 9255-7707
ID. dcd8415 - Pág. 10
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16030811083520600000004812363
Número do documento: 16030811083520600000004812363
9. Requer seja a ré condenada a pagar ao autor as horas
trabalhadas superiores à 8ªh diária, como horas extras, ou superiores à 44ªh semanal, o que
for mais benéfico, durante todo o período de trabalho, com adicional convencional e seus
respectivos RSR.
10. Requer seja revertido o ônus da prova da jornada de trabalho do
autor para que passe a ser da ré, nos termos da S. 338 do TST.
11. Requer seja a ré condenada a pagar os reflexos das horas extras
acima pleiteadas sobre o 13º salário, férias+1/3, aviso prévio e todos no FGTS+40%.
12. Requer sejam as rés condenadas ao pagamento da multa
estatuída na cláusula 61ª pela infração às cláusulas 12ª, 14ª, 36ª, 37ª e 44ª.
13. Requer seja a ré condenada a reembolsar à autora a
contribuição sindical descontada em holerite.
14. Requer se proceda à notificação da ré, para que compareça à
audiência a ser designada e contestar a ação, querendo, sob pena de revelia e confissão à
matéria de fato, e que ao final seja JULGADA PROCEDENTE A RECLAMAÇÃO,
condenando-as em todas as verbas e direitos acima pleiteados, com os devidos acréscimos
de juros legais e correção monetária, custas processuais, perícias e demais cominações
legais.
15. Pretende provar o alegado por todos os meios de provas em
direito admitidos, especialmente pelo depoimento das rés, o que desde já requer sob pena de
confesso, oitiva de testemunhas, juntada de documentos, perícias e vistorias.

DÁ –SE À CAUSA PARA FINS FISCAIS E DE ALÇADA O VALOR DE R$


40.000,00.

Nesses termos, pede deferimento.

Campo Grande-MS, 08 de março de 2016.

CORINI ADRIANA MALJAARS

OAB/MS 18.760

Assinado eletronicamente. A Certificação


Rua José GarciaDigital pertence
Veloso, 828 – Zé Pereira,
a: CORINI ADRIANA Grande, MS – CEP 79107-422
MALJAARS
Campo – Tel. (67) 9134-1726/(67) 9255-7707
ID. dcd8415 - Pág. 11
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16030811083520600000004812363
Número do documento: 16030811083520600000004812363
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO TRABALHO DA 7ª. VARA DO
TRABALHO DE CAMPO GRANDE - MS

DIPALMA COMÉRCIO DISTRIBUIÇÃO E LOGÍSTICA DE


PRODUTOS ALIMENTÍCIOS LTDA., empresa já qualificada nos autos da reclamação
trabalhista n. 0024365-50.2016.5.24.0007 que lhe promove ROBSON SANTOS
MEDRADO, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar
CONTESTAÇÃO, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:

I - DA AÇÃO PROPOSTA

O reclamante ajuizou reclamação trabalhista em desfavor da reclamada, alegando


em síntese que, foi admitido em 16.06.2010 exercendo por último a função de auxiliar administrativo.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Elton Luis Nasser de Mello ID. 513b61a - Pág. 1
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16070814284169800000005793764
Número do documento: 16070814284169800000005793764
Foi dispensado sem justa causa em 16.02.2016. O reclamante pleiteia a reversão
da demissão por justa causa para dispensa sem justa causa sob alegação de não terem sido preenchidos os
requisitos do art. 482 da CLT.

A última remuneração recebida pelo autor foi no valor de R$1549,95.

Postula, em síntese: reversão da dispensa por justa causa em dispensa sem justa
causa e consequente retificação da CTPS, pagamento de verbas rescisórias, indenização por danos morais,
multa do art. 477 da CLT, plus salarial por acúmulo de função, horas extras e reflexos, multa de infração
a CCT, honorários advocatícios, devolução de contribuição confederativa e assistencial.

Atribuiu à causa o valor de R$ 40.000,00.

Conforme restará evidenciado, nenhuma razão assiste a demandante.

II - PRELIMINARMENTE

PRECRIÇÃO QUINQUENAL

A reclamante ajuizou a presente reclamação trabalhista em 08.03.2016 postulando


verbas que retroagem a data do início do contrato de trabalho, ou seja, 16.06.2010.

Nos termos do art. 7º, inciso XXIX da CF/1988 e art. 11, inciso I da CLT, o direito de
ação quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em cinco anos para o trabalhador
urbano, contados do ajuizamento da ação (súmula 308 do TST).

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Elton Luis Nasser de Mello ID. 513b61a - Pág. 2
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16070814284169800000005793764
Número do documento: 16070814284169800000005793764
Diante do exposto requer a extinção do processo com resolução do mérito quanto às
parcelas postuladas anteriores a 08.03.2011, nos termos do art. 487,inciso II do CPC/2015.

III - NO MÉRITO

CONTRATO DE TRABALHO

O reclamante foi contratado em 16.06.2010, para laborar na função de auxiliar de


serviços gerais, foi promovido em 01.08.2010 para auxiliar de escritório e por fim foi promovido em
01.08.2013 para auxiliar administrativo, ficando neste cargo até o fim do contrato de trabalho, qual seja
16.02.2016, data a qual foi dispensado por justa causa, por desvio de valores referente descarga de
mercadorias.

O reclamante sempre cumpriu as atribuições para as quais fora contratado. Jamais


se ativou em atividades estranhas à sua função, ficando desde logo impugnada as alegações de acúmulo
de função.

Ressalte-se que foi devida a aplicação da demissão por justa causa do reclamante,
não sendo devida a reversão para dispensa sem justa causa. Antes da demissão por justa causa, foi
realizada uma apuração sobre os fatos praticados pelo reclamante, ou seja, ficou comprovado que o
mesmo desviava de valores referente descarga de mercadorias.

O reclamante jamais se ativou em sobrejornada, sempre foi respeitada a jornada


máxima diária de 08 horas e semanal de 44 horas, ficando impugnado desde já o pleito de horas extras e
reflexos.

Ante o exposto, em relação às postulações da exordial, passa a reclamada a


impugnar as alegações, na forma que segue:

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Elton Luis Nasser de Mello ID. 513b61a - Pág. 3
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16070814284169800000005793764
Número do documento: 16070814284169800000005793764
REVERSÃO EM JUÍZO PARA DISPENSA SEM JUSTA CAUSA. INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. IMPROCEDÊNCIA.

O reclamante alega que:

"Conforme minuciado, o autor foi demitido por justa causa em 16.02.2016.

No dia 08.02.2016 ao chegar para laborar o autor fora surpreendido ao receber uma notificação,
informando que este seria afastado de suas atividades pelo período de oito dias, com o intuito de
averiguação de irregularidades em recibos emitidos.

Ao retornar ao trabalho no dia 16.02.2016 recebeu notificação de sua demissão por justa causa,
com a justificativa de desviar valores referentes à descarga de mercadorias.

Em momento algum o autor fora informado do andamento de suposta investigação e no momento da


dispensa, não fora demonstrado quais supostos valores foram desviados, nem quando isso ocorreu,
ou seja, o autor fora demitido "às cegas".

Sabe-se que a mais grave das penas aplicáveis ao trabalhador é a dispensa por justa causa.
Enfocada por diversos preceitos celetistas, a penalidade conduz à extinção do contrato sob ônus do
trabalhador faltoso. Com isso, a pena não somente autoriza o descumprimento do princípio
trabalhista geral da continuidade da relação de emprego, como extingue o pacto, negando ao
trabalhador quaisquer verbas rescisórias previstas em outras modalidades de rompimento do
contrato.

Segundo orientação de Amauri Mascaro do Nascimento, é necessário que haja uma gradação nas
penalidades antes da aplicação da justa causa, como por exemplo, a advertência, a suspensão e
somente após a demissão por justa causa, o que não ocorreu no caso em tela.

Como medida excepcional que é, a dispensa do empregado por justa causa deve ter lastro
probatório seguro, a cargo do empregador, a fim de comprovar a prática de ato grave por parte do
obreiro, que torne impraticável a continuidade do vínculo de emprego, com a quebra definitiva da
fidúcia que deve nortear o liame empregatício.

In casu, a tese empresária é de que o reclamante foi dispensado por justa causa por motivo de
desviar valores referente a descarga de mercadorias. Todavia, o conjunto probatório não permite
concluir com segurança que o autor tenha desviado de qualquer valor.

Desta maneira, a aplicação da justa causa foi arbitrária, pois, não foi devidamente fundamentada e
não foi feita de forma criteriosa, pois a ré sequer apontou de forma objetiva o enquadramento da
justa causa nos itens do artigo 482, da CLT.

Assim, deverá ser desconsiderada a dispensa por justa causa, reconhecendo-se a dispensa
imotivada, com o pagamento das verbas correspondentes, inclusive, o aviso prévio com integração
no tempo de serviço (OJ SBDI nº 82 do TST), diante da inexistência da prática da conduta elencada
no artigo 482, da CLT.

A ré não expediu carta de recomendação ao autor, sendo que tal documento é vital para a
continuidade de sua vida profissional.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Elton Luis Nasser de Mello ID. 513b61a - Pág. 4
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16070814284169800000005793764
Número do documento: 16070814284169800000005793764
O afastamento por justa causa trouxe repercussão negativa na vida pessoal e, em consequência, na
esfera íntima do reclamante. O dano moral evidenciado, no caso, não resultou propriamente do uso
do poder disciplinar pela reclamada na aplicação da justa causa, mas na exacerbação desse poder
de que derivaram danos à imagem, à honra e à dignidade do reclamante.

A forma como se deu a rescisão do contrato de trabalho, causou ao reclamante sofrimento,


humilhação e constrangimento, pois foi injustamente taxado com empregado negligente e
irresponsável, que reiteradamente faltava ao trabalho.

Ressalte-se que pelo fato de ter sido dispensado por justa causa, ficou impedido de levantar os
depósitos do FGTS e receber o seguro desemprego, além de perder algumas verbas rescisórias.

Diante dos requisitos da obrigação de indenizar presentes no caso em tela, diga-se, o ato ilícito da
reclamada, o dano moral experimentado pelo reclamante (danum in re ipsa) e o nexo de
causalidade entre a conduta e o dano, e com fundamento nos artigos 186 e 927 do CCB e no artigo
5º, inciso V, da CF/88, deverá a reclamada ser condenada a reparar o dano moral causado ao
reclamante."

NÃO ASSISTE RAZÃO AO RECLAMANTE.

Não é verdade que o autor não fora informado do andamento da investigação e que no
momento da dispensa, não fora demonstrado quais supostos valores foram desviados, nem quando isso
ocorreu. Não sendo verdade que o autor fora demitido "às cegas". Veja-se da documentação anexa que
o autor foi suspenso do trabalho para averiguação do ocorrido, tendo o autor assinado o termo de
afastamento, não sendo verdade que não foi informado sobre a investigação.

Ressalte-se que a reclamada não possuía interesse algum em dispensar o reclamante,


pois o mesmo fora admitido em 16.06.2010 e somente foi dispensado em 16.02.2016 por praticar falta
grave contra seu empregador.

Foram constatadas irregularidades por parte do reclamante o qual emitia recibos para
desvio de valores referente a descargas de mercadorias, após prévio aviso ao reclamante de que seriam
realizadas apurações.

Segue em anexo relatório da sindicância realizada pela reclamada que confirma as


irregularidades praticadas pelo reclamante, o qual descreve que o reclamante recebia um valor X dos
fornecedores e lançava recibos com valores menores, retendo assim as diferenças, ou recebia tais valores
e sequer lançava no sistema.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Elton Luis Nasser de Mello ID. 513b61a - Pág. 5
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16070814284169800000005793764
Número do documento: 16070814284169800000005793764
Ressalte-se que no presente caso foi praticado pelo reclamante falta gravíssima que não
comportava nenhuma outra sanção que não fosse à dispensa por justa causa. Não era o caso de
advertência, nem suspensão, visto o prejuízo financeiro que causou à reclamada.

Não é verdade que o conjunto probatório não permite concluir com segurança que o
autor tenha desviado de qualquer valor. Conforme documentos anexos ficam comprovadas as diligências
necessárias para apuração de falta grave praticada pelo empregado, nos termos do art. 482 "a" e "b" da
CLT. Não é verdade que a aplicação da justa causa foi arbitrária, que não foi devidamente
fundamentada e que não foi feita de forma criteriosa, não sendo verdade também que a ré sequer
apontou de forma objetiva o enquadramento da justa causa nos itens do artigo 482, da CLT.

Devido à correta aplicação da dispensa por justa causa, não é devida a reversão do
pedido de demissão em dispensa sem justa causa, bem como o pagamento de verbas rescisórias.

A reclamada não é obrigada a fornecer carta de recomendação ao reclamante, inclusive


no presente caso, o qual o reclamante comente falta gravíssima contra a reclamada, ficando impugnado o
referido pleito.

Não existe dano moral na presente demanda, visto que a única prejudicada na história é
a própria reclamada, que sofreu prejuízo financeiro em virtude das condutas do reclamante.

O afastamento por justa causa somente ocorreu por culpa exclusiva do reclamante.

Ressalte-se que pelos atos praticados pelo reclamante pode a reclamada representar
contra o mesmo na esfera criminal para as devidas procedências. Não há que se falar em dano moral
evidenciado, conforme provas anexas aos autos resta comprovada a atitude ilícita do reclamante. A
penalidade de demissão por justa causa não resultou da exacerbação do uso do poder disciplinar da
reclamada na aplicação da pena, pois esta procedeu a todas as averiguações possíveis antes de tomada da
medida.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Elton Luis Nasser de Mello ID. 513b61a - Pág. 6
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16070814284169800000005793764
Número do documento: 16070814284169800000005793764
NÃO HÁ QUE SE FALAR EM DANOS À IMAGEM, À HONRA E À
DIGNIDADE DO RECLAMANTE.

Não se encontram presentes os requisitos autorizadores da responsabilidade civil,


previstos nos arts 186 e 927 do CC, quais sejam: culpa, dano e nexo. Observe-se: No presente caso não há
dano, o reclamante não sofreu qualquer humilhação, dano a sua imagem ou honra. O mesmo foi
dispensado por justa causa após procedimento de investigação próprio que apurou irregularidades, sendo
devida portando a dispensa. Desta maneira não que se falar culpa ou nexo da reclamada, visto ausência de
dano.

Quem sofreu dano com toda a situação foi à própria reclamada, que deu oportunidade de
emprego ao mesmo, e lhe confiava importante atribuição, porém causou prejuízo financeiro a ora
contestante.

Muito embora o reclamante tenha sido dispensado por justa causa, jamais foi ofendido,
humilhado, ou injustamente taxado como empregado negligente e irresponsável, e que reiteradamente
faltava ao trabalho.

A reclamada preza pelo bom convívio, pela paz e harmonia, desta maneira jamais
destratou o reclamante, ou lhe submeteu a tratamento degradante ou humilhante. Sempre foram
respeitados todos os direitos do reclamante não havendo que se falar em danos morais.

O fato de ficar impedido de levantar o FGTS e receber o seguro desemprego são


situações previstas na legislação trabalhista como forma de punição contra aquele que pratica falta grave
contra o empregador, desta maneira não há que se falar em liberação de guias de FGTS e seguro
desemprego.

Veja-se que é necessária prudência na avaliação da caracterização de dano moral, sob


pena de banalização e desvirtuamento do instituto. A vida moderna a todos impõe certa medida de
descontentamentos, insatisfações, desagrados, o que, ao certo, é inerente às relações intersubjetivas. Os
meros aborrecimentos, todavia, não se configuram dano moral, não estão sujeitos à reparação, porquanto,
à evidência, não representam violação dos direitos da personalidade, segundo inteligência do art. 5º, X, da
CF/88. Não houve infringência dos art.5 º, incisos III, V e X da CF/1988, 927 e 186 do CC.
Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Elton Luis Nasser de Mello ID. 513b61a - Pág. 7
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16070814284169800000005793764
Número do documento: 16070814284169800000005793764
Para que exista dano moral é imprescindível que o reclamante tenha sofrido algum dano
a sua personalidade, humilhação, prejuízo a sua honra e dignidade.

Este é o entendimento dos tribunais:

"DANO MORAL - CONDUTA ILÍCITA - NÃO COMPROVAÇÃO - INDENIZAÇÃO


INDEVIDA. A indenização por danos morais é devida quando o trabalhador tenha sofrido,
por parte do empregador, tratamento que cause prejuízo à sua honra e à sua dignidade.
Não demonstrada a conduta patronal ilícita capaz de ensejar dano à moral do
empregado, indevido o deferimento da indenização pleiteada. (TRT 24ª região,
PROCESSO Nº 0000898-80.2012.5.24.0072-RO.1; 2ª TURMA; RELATOR: NICANOR
DE ARAUJO LIMA; Publicado: 18/07/2013)."

"DANO MORAL TRABALHISTA. CARACTERIZAÇÃO. O dano moral trabalhista só se


caracteriza quando provada a ocorrência de ação lesiva ao trabalhador, que atente
contra sua honra e dignidade. (TRT- 5º região; RO00004438720125050511 BA
0000443-87.2012.5.05.0511; 5ª TURMA; RELATOR: PAULINO COUTO; Publicado:
15/05/2015)."

"DANO MORAL TRABALHISTA. CARACTERIZAÇÃO. Para que se caracterize o dano


moral trabalhista é necessário que a lesão causada ao obreiro abale sua dignidade,
causando-lhe turbação de ordem moral. (TRT 5ª região; RO 1407120105050017 BA
0000140-71.2010.5.05.0017; 5ª TURMA; RELATOR: PAULINO COUTO; Publicado:
10/06/2011)."

No presente caso não ficou demonstrado nenhum tipo de humilhação, prejuízo à sua
honra ou personalidade e nenhum outro tipo de abalo psíquico, não existindo qualquer dano moral. A
mera alegação de dano moral sem especificar um abalo concreto não da direito a tal pleito.

Dessa feita, o pedido de danos morais merece ser rejeitado, seja diante da
improcedência, seja porque o valor pleiteado de teto mínimo de R$10000,00 apresenta-se nitidamente
Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Elton Luis Nasser de Mello ID. 513b61a - Pág. 8
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16070814284169800000005793764
Número do documento: 16070814284169800000005793764
como exagerado e desproporcional, o que desde logo requer, com base no princípio da eventualidade, seja
reduzido o montante para R$ 500,00.

Requer a improcedência do pleito de reversão da demissão por justa causa para


demissão sem justa causa. REQUER AINDA A IMPROCEDÊNCIA do pleito de retificação da
baixa da CTPS e a condenação da reclamada ao pagamento de aviso prévio e ao pagamento de
todas as verbas rescisórias: aviso prévio proporcional e seus efeitos, 13º salário, férias+1/3, saldo de
salário, FGTS e multa rescisória, bem como INDEFERIMENTO de expedição de alvará para
liberação do saldo em conta, do pagamento da multa do art. 467 da CLT, e indeferimento da
entrega de guias CD/SD ou o pagamento de indenização substitutiva e o FGTS sobre todas as
verbas salariais.

DA MULTA DO ARTIGO 477, § 8º DA CLT. IMPROCEDÊNCIA.

Também não é o caso de aplicação da multa do art. 477 da CLT, considerando não
serem devidas nenhuma das parcelas requeridas pelo reclamante na presente demanda. Restou
demonstrado que todas as verbas rescisórias foram devida e oportunamente pagas, além do fato de
que toda a situação apresentada na inicial é controversa. Deste modo resta improcedente a aplicação
da referida multa.

ACÚMULO DE FUNÇÃO. IMPROCEDÊNCIA.

O reclamante alega que:

"O autor exercia a função de auxiliar administrativo. Nesta função, era responsável pelo
lançamento de notas e recibos de carga e descarga de mercadorias da ré e lançamento destas no
sistema.

Todavia, o autor acumulava as funções de auxiliar financeiro e balancistas, funções estas diversas
da que fora contratado.

O art. 468 da CLT aduz:


Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Elton Luis Nasser de Mello ID. 513b61a - Pág. 9
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16070814284169800000005793764
Número do documento: 16070814284169800000005793764
Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições
por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos
ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.

É evidente que uma sobrecarga de trabalho foi imposta ao reclamante, havendo assim, uma
alteração unilateral prejudicial ao empregado.

Desta maneira, exercendo o empregado dupla atividade de forma simultânea, a empresa fica
desobrigada de contratar novo empregado, gerando assim prejuízos não só de ordem financeira ao
empregado, mas também de origem orgânica.

É o entendimento do TST:

Ementa: RECURSO DE REVISTA - 1. ACÚMULO DE FUNÇÃO. "O Tribunal Regional, soberano


na análise do conjunto fático-probatório, concluiu que incide, na hipótese, o princípio da
equivalência salarial, segundo o qual se preserva o caráter sinalagmático do contrato de trabalho.
Se as tarefas ou as responsabilidades do empregado são ampliadas de tal forma a violar o
equilíbrio havido entre as partes, deve o julgador restabelecê-lo mediante a elevação do valor do
salário- e que deve ser -acrescido à condenação o pagamento de acréscimo salarial equivalente a
10% do salário do autor, a partir de outubro de 2010, data em que, por certo, passou a cumular as
funções de instalador e encarregado, conforme prova testemunhal-. Assim, para se chegar a
conclusão contrária, seria necessário o revolvimento dos fatos e da prova, o que é vedado nesta
esfera extraordinária, nos termos da Súmula nº 126 do TST. Ora, exercendo o empregado dupla
atividade de forma simultânea, a empresa viu-se desobrigada de contratar novo empregado,
gerando assim prejuízos não só de ordem financeira ao empregado, mas também de origem
orgânica. Indo mais além, a conduta da empresa lesa inclusive a coletividade como um todo, pois os
encargos sociais deveriam ser recolhidos com base em dois contratos e não apenas sobre o do
autor. A formalização do contrato de emprego depende do ajuste de vontade das partes, pelo que, o
que for pactuado, tem caráter de imutabilidade, ressalvando-se a alteração permitida por mútuo
consentimento, desde que a modificação do contrato, é claro, não resulte em prejuízos diretos ou
indiretos ao empregado segundo o disposto no art. 468 da CLT . Com efeito, o reclamante teve o
seu contrato modificado apenas ao alvedrio do empregador, que lhe atribuiu uma carga maior de
trabalho sem a devida contraprestação salarial, reputando-se tal alteração em desequilíbrio à
natureza comutativa e onerosa decorrente da relação de emprego. Exsurge desta forma, o direito do
autor em receber as diferenças salariais advindas do acúmulo de funções a que foi obrigado pela
reclamada. Recurso de revista não conhecido." (RR 4677320115050019 - Relator: Valdir Florindo.
Data de publicação: 22/11/2013) (destacamos)

Assim, o autor faz jus ao "plus" salarial, como modo de restabelecer o caráter sinalagmático do
pacto laboral, consistente na reciprocidade e no equilíbrio das obrigações contratuais entre
empregado e empregador."

NÃO ASSISTE RAZÃO AO RECLAMANTE.

Não é verdade a alegação do reclamante de que acumulava funções de auxiliar


financeiro e balancistas, atividades diversas da que fora contratado.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Elton Luis Nasser de Mello ID. 513b61a - Pág. 10
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16070814284169800000005793764
Número do documento: 16070814284169800000005793764
Não é verdade que uma sobrecarga de trabalho foi imposta ao reclamante, havendo uma
alteração unilateral prejudicial ao empregado.

Não é verdade que o empregado realizava dupla atividade de forma simultânea, ficando
a empresa desobrigada de contratar novo empregado. Também não sendo verdade que gerava assim
prejuízos não só de ordem financeira ao empregado, mas também de origem orgânica.

Não há que se falar em plus salarial, o reclamante sempre se ativou nas atribuições
inerentes as suas funções, sendo a última de auxiliar administrativo.

O reclamante foi contratado como auxiliar de serviços gerais em 16.06.2010, sendo


promovido para auxiliar de escritório em 01.08.2010, e por fim em 01.08.2013 foi promovido para
auxiliar administrativo, desempenhando esta função até o término do contrato de trabalho.

Ademais excelência o auxiliar administrativo possui várias atribuições típicas de sua


função, ficando impugnada a alegação de acúmulo de função.

O reclamante somente se ativou nas atividades inerentes as suas funções,


quais sejam, auxiliar de serviços gerais, auxiliar de escritório e de auxiliar administrativo, jamais
laborou em atividades estranhas as suas funções, não sendo devido qualquer plus salarial sob este
título.

Segue em anexo sentença paradigma que dispõe não ser devido o acúmulo de
função (processo n. 0024449-28.2014.5.24.0005, autora Priscila Silva de Souza - 5ª vara do trabalho
TRT 24ª região.)

Fica impugnada a alegação de acúmulo de função, pois a empresa conta com


quadro de funcionários com hierarquia, para realização de cada atividade e que não retrata o
alegado acúmulo. NÃO É VERDADE QUE O AUTOR LABOROU COMO AUXILIAR
FINANCEIRO E BALANCISTA. SEQUER CITA PARADIGMA, SEQUER APONTA QUAIS
ATIVIDADES SUPOSTAMENTE EXERCEU, HORÁRIOS, TESTEMUNHAS.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Elton Luis Nasser de Mello ID. 513b61a - Pág. 11
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16070814284169800000005793764
Número do documento: 16070814284169800000005793764
AS ALEGAÇÕES SÃO IMPROCEDENTES E MERECEM REJEIÇÃO!!!

Há que se ressaltar que não houve acúmulo de função. O que ocorre é que o autor
sempre laborou na conformidade do Jus Variandi poder diretivo do empregador e tem como finalidade
adequar o labor do empregado às transformações sociais e econômicas em que a empresa passa. Assim,
há que se considerar, ainda, que o reclamante sempre laborou dentro do jus variandi, contratualmente
estabelecido, atuando sempre nos limites das funções sem ocorrer desvios.

Assim, requer seja julgado improcedente o pleito do autor, uma vez que a função
desempenhada pelo mesmo foi verdadeiramente registrada em sua CTPS.

O Egrégio TRT da 8ª. Região já decidiu:

"ACÚMULODE FUNÇÕES. DIFERENÇA SALARIAL. O acúmulo de tarefas


relacionadas à mesma função e dentro da mesma jornada, não gera acréscimo salarial,
já que tais atividades decorrem da manifestação do jus variandi do empregador,
consoante art. 456, parágrafo único, da CLT. Provimento negado".[1]

Não é verdade que o reclamante exercia além das atribuições de auxiliar


administrativo, a de auxiliar financeiro e a de balancista ou outras atribuições que não eram inerentes a
sua função.

O reclamante não mencionou quais seriam as funções laboradas na empresa,


sequer especificou em que consistia o acúmulo de função, em quais funções desempenhadas que
estariam presentes o alegado acúmulo.

Apenas houve alegação de maneira genérica de que acumulava funções, não


citou quais eram realmente as funções laboradas que pudessem dar ensejo ao adicional de acúmulo
de função.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Elton Luis Nasser de Mello ID. 513b61a - Pág. 12
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16070814284169800000005793764
Número do documento: 16070814284169800000005793764
Ressalte-se que nos termos do art. 818 da CLT e 373, I do CPC/2015, a prova dos
fatos incumbe ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito, não existindo no presente caso qualquer
prova de que acumulava funções.

Os documentos acostados aos autos comprovam que o reclamante sempre laborou


nas funções de auxiliar de serviços gerais, auxiliar de escritório e auxiliar administrativo, desta maneira
jamais se ativou em atribuições diversas da contratada.

Por tais razões, vem requerer o indeferimento do pedido de pagamento do plus


salarial e declaração de alteração unilateral e prejudicial da função do autor, e a condenação da ré a pagar
40% do salário de auxiliar administrativo, e bem como seus reflexos em 13º salário, férias+1/3, aviso
prévio, horas extras, RSR e todos no FGTS+40%.

JORNADA EXTRAORDINÁRIA DE TRABALHO. IMPROCEDÊNCIA.

O reclamante alega que:

"Inicialmente, cumpre informar que a ré possui mais de 10 empregados em seu quadro, motivo pelo
qual deve ser invertido o ônus da jornada de trabalho realizada pelo autor, conforme S.338 TST.

O autor laborava de segunda-feira a sexta-feira das 07h00min às

18h45min/19h00min.

O reclamante usufruía de intervalo intrajornada de 1h10min.

Não laborou aos sábados, domingos e feriados.

Como exposto anteriormente, o autor realizava diariamente horas extras. A prestação habitual de
horas extras descaracteriza o acordo de compensação de jornada de trabalho, conforme previsão
da S. 85 do TST."

NÃO ASSISTE RAZÃO AO RECLAMANTE.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Elton Luis Nasser de Mello ID. 513b61a - Pág. 13
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16070814284169800000005793764
Número do documento: 16070814284169800000005793764
Nos termos do art. 818 da CLT e 373, I do CPC, o ônus de prova incumbe ao autor
quanto ao fato constitutivo de seu direito, desta maneira resta ao reclamante a comprovação da alegação
de jornada extraordinária, não havendo que se falar em inversão do ônus da prova.

Não é verdade que o reclamante laborava de segunda a sexta-feira das 07h00min às


18h45min/19h00min.

A jornada do reclamante basicamente era:

a) Do início do pacto laboral até 29.10.2012, de segunda a sexta-feira das 07h30min às 17h00min, com 02h
de intervalo para descanso e refeição, quando eventualmente laborou aos sábados foi das 07h30min às
15h10min, com 01h10min de intervalo para descanso e refeição.

b) De 30.10.2012 até 17.04.2014, de segunda a sexta-feira das 07h30 às 17h28min, com 01h10min de
intervalo para descanso e refeição.

c) De 18.04.2014 até 30.05.2014, de segunda a sexta-feira das 06h00min às 15h58min, com 01h10min de
intervalo para descanso e refeição.

d) De 31.05.2014 até 18.08.2015, de segunda a sexta-feira das 07h30 às 17h28min, com 01h10min de
intervalo para descanso e refeição.

e) De 19.08.2015 até o fim do contrato de trabalho, de segunda a sexta-feira das 07h00min às 16h58min,
com 01h10min de intervalo para descanso e refeição.

Registre-se que o reclamante sempre laborou dentro da jornada máxima semanal,


de 08 horas diárias e 44 semanais. Não se ativava em jornada extraordinária, e, quando
eventualmente laborou houve a devida compensação dentro da semana, ou o devido pagamento.

A reclamante não prestava diariamente e habitualmente horas extras. Ressalte-se


que não se ativava em sobrejornada, quando eventualmente laborou em regime de horas extras, as
mesmas foram devidamente compensadas, não havendo que se falar em descaracterização do acordo de
compensação de jornada de trabalho, não sendo caso de incidência da súmula 85 do TST.

Pela análise dos holerites em anexo, observa-se que o limite constitucional de 44


horas, com intervalo de 1 hora, da jornada sempre foi respeitado. Aliás, dentro desta perspectiva,
registre-se que raras foram as horas extras (portanto não habituais) e, quando ocorreram foram
devidamente compensadas.
Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Elton Luis Nasser de Mello ID. 513b61a - Pág. 14
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16070814284169800000005793764
Número do documento: 16070814284169800000005793764
Desta análise emerge que:

a) Durante toda a vigência do contrato de trabalho, a jornada de trabalho da


reclamante foi devidamente e corretamente registrada (o que rechaça por completo o registrado na
exordial), conforme se depreende dos cartões de ponto juntados.

b) Há autorização expressa na convenção coletiva da categoria prevendo a


possibilidade de compensação de todo o período excedente ao da jornada regular de trabalho por meio do
instituto do Banco de Horas. Deste modo, todo excesso, eventualmente prestado, sempre foi devidamente
compensado durante a vigência do pacto laboral por meio de acordo de prorrogação por compensação,
operacionalizada com Banco de Horas implantado pela reclamada, conforme convencionado, com
respaldo no art. 7º, XXIII, da CF/88.

Da análise dos registros contidos nos cartões de ponto, percebe-se que todas as
horas excedentes à jornada da reclamante foram compensadas (frisa-se que as compensações estão
inscritas nos cartões de ponto com a letra "C"). Ou seja, cada hora extraordinária foi registrada nos
controles de jornada , bem como a hora destinada à compensação, de maneira a permitir a aferição e a
fiscalização do saldo existente. Cumpre destacar que a reclamada observou integralmente todo o
arcabouço normativo referente ao sistema de compensação de jornada, conforme se pode observar dos
documentos juntados à defesa, inclusive no tocante ao acréscimo de tempo de 20%, coletivamente
convencionados, não havendo, ainda, o que se cogitar de habitualidade, pois as horas extras, quando
ocorreram, foram de forma eventual.

Desta forma, fica impugnada a inicial em relação ao presente tópico.

Registra-se que em recentíssima decisão em acórdão proferido pelo relator Tomas


Bawden de Castro Silva, a Egrégia Primeira Turma do TRT da 24ª Região validou a compensação
mediante banco de horas em processo movido também contra empresa do mesmo grupo econômico da
recorrida, nos seguintes termos:

2.1 - HORAS EXTRAS - INTERVALO DO ARTIGO 384 DA CLT Sustenta a


reclamante que o banco de horas é nulo pois a reclamada não demonstrou a regular
contabilização das horas prorrogadas e compensadas. Busca, dessa forma, o
deferimento de diferenças de horas extras. Caso reconhecido o direito a horas extras,
requer o pagamento do período do intervalo do art. 384 da CLT. Analiso. O contrato
de trabalho da reclamante perdurou de 5.8.2013 a 12.3.2014, na função de repositora
(TRCT com ID 17cd9d1, p.1). A sentença indeferiu as horas extras com base na
validade do banco de horas. Com efeito, os cartões de ponto são incontroversamente
válidos e há nos autos instrumento coletivo prevendo 44 horas semanais de trabalho e
a adoção de banco de horas, com prazo para compensação de sessenta dias. Verifica-se
que havia prestação de horas extras de forma eventual e consta a contabilização das
horas trabalhadas, compensadas e o saldo do mês, sendo ônus da reclamante
demonstrar, portanto, ser credora de diferenças (art. 818 da CLT), do que não se
desincumbiu. Nesses termos, nego provimento ao recurso. (processo n.
0024790-48.2014.5.24.0007, reclamante Pamela Generosa dos Santos)
Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Elton Luis Nasser de Mello ID. 513b61a - Pág. 15
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16070814284169800000005793764
Número do documento: 16070814284169800000005793764
Ainda, decisão em acórdão proferido pelo relator MARCIO VASQUES THIBAU
DE ALMEIDA, a Egrégia Primeira Turma do TRT da 24ª Região também validou a compensação
mediante banco de horas em processo movido também contra empresa do grupo econômico da recorrida,
nos seguintes termos:

2.1 - HORAS EXTRAS

Insurge-se a reclamante em face do indeferimento das horas extras, sob o argumento


de invalidade do banco de horas. Afirma que não havia a compensação das horas
extras laboradas e que os dias que foram abonados se referem a atestados médicos.
Seus argumentos não se sustentam. Com efeito, os cartões de ponto de ID 561584 e os
extratos do banco de horas de ID 561579 evidenciam a prática do banco de horas, cuja
implementação por negociação coletiva ficou comprovada nos autos (ID 290331,
290326 e 290320).

Em que pese as alegações obreiras acerca da invalidade do banco de horas adotado, a


realidade que emerge dos autos demonstra o contrário.

Da simples análise dos registros de ponto é possível verificar a concessão de folgas


em diversas oportunidades, em dias diversos das faltas justificadas por atestados
médicos. A título de exemplos, citam-se as datas de 8.6.2012, 22.6.2012, 24.7.2012,
além de outras. Também é possível verificar o correto lançamento no banco de
horas, em conformidade com as negociações coletivas entabuladas (proporção de 1
por 1,20) e, ainda, a observância do período compensatório (90 dias).

Denoto que a reclamante não se desincumbiu a contento de seu ônus de demonstrar


irregularidades na adoção do instituto em comento e, ainda, diferenças a serem
quitadas (art. 818 da CLT c/c art. 333, I, do CPC). Desta feita, a sentença de primeiro
grau não merece retoques.

Nego provimento. (processo n. 0024094-49.2013.5.24.0006, reclamante LORIENE


VIEIRA DE OLIVEIRA)

Deste modo, não há que se falar no pagamento de verbas a título de horas extras
ou de quaisquer reflexos que delas, supostamente, pudessem advir, sendo improcedente a pretensão
autoral na sua totalidade.

Por tais razões, requer o indeferimento do pedido de declaração de nulidade


do sistema de compensação de jornada de trabalho e do banco de horas, bem como o indeferimento
do pleito de condenação da reclamada ao pagamento de horas extras superiores à 8ª diária ou à 44ª
semanal, durante todo o pacto de trabalho com adicional convencional e demais reflexos (13º
salário, férias com 1/3, aviso prévio e todos no FGTS com multa de 40%).
Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Elton Luis Nasser de Mello ID. 513b61a - Pág. 16
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16070814284169800000005793764
Número do documento: 16070814284169800000005793764
MULTA POR INFRAÇÃO À CCT. IMPROCEDÊNCIA.

O reclamante alega que a ré descumpriu as cláusulas 12ª, 14ª, 36ª, 37ª e 44ª da CCT,
sendo devido o pagamento da multa estatuída na cláusula 61ª.

Não é verdade que a reclamada descumpriu a cláusula 12ª da CCT, visto que sempre
pagou os 13º salários nos prazos em conformidade com a legislação vigente, não existindo qualquer
infração a CCT.

Não houve infração à cláusula 14ª da CCT, pois conforme consta nos holerites do
reclamante, era oferecido o vale transporte e as refeições.

Não houve infração à cláusula 36ª da CCT, visto que o reclamante jamais laborou aos
domingos.

Não houve infração a cláusula 37ª da CCT, pois a reclamada sempre controlou a jornada
do reclamante e sempre houve o fornecimento de cópia dos registros ao trabalhador até a data do
pagamento da remuneração referente ao período em que estava sendo aferida a frequência.

E por fim não houve infração à cláusula 44ª da CCT, visto que não houve descontos de
contribuição confederativa, como se pode verificar pelos holerites acostados aos autos.

Na presente CCT juntada aos autos sequer há cláusula 61ª, ademais requer o
indeferimento da reclamada ao pagamento de qualquer multa, visto que não houve infração à CCT.

DA INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.


IMPROCEDÊNCIA.

Na exordial, mais uma vez, foi declinado pleito que se verá ser improcedente.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Elton Luis Nasser de Mello ID. 513b61a - Pág. 17
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16070814284169800000005793764
Número do documento: 16070814284169800000005793764
Diante do "jus postulandi" que vigora na Justiça do Trabalho, não procede o
pleito pela contratação de advogado, não havendo o que se cogitar de indenização por perdas e danos.

Não são aplicáveis na Justiça do Trabalho os artigos 389 e 404 do Código Civil,
conforme manso entendimento jurisprudencial, não se aplicando referidos dispositivos,
independentemente de exibição ou não de contrato de prestação de serviços.

Ademais, foi instituída recentíssima Súmula n. 18 do TRT da 24ª Região:

SÚMULA Nº 018 RA QUE INSTITUIU: 109/2015 de 15/12/2015


PERDAS E DANOS. CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO.

O entendimento consubstanciado na Súmula 219 do TST impede


deferimento de indenização por perdas e danos decorrentes da contratação de advogado.
PRECEDENTES: 0024967-45.2013.5.24.0072 0000907-09.2013.5.24.0007

Ficando impugnado o presente tópico.

DEVOLUÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA E ASSISTENCIAL.


IMPROCEDÊNCIA.

O reclamante alega que:

"A ré efetuou os descontos da contribuição confederativa e assistencial do autor sem sua


autorização legal para tal.

Frise-se que o autor não assinou qualquer termo de filiação a qualquer sindicato, motivo este que
requer a devolução de todos os descontos realizados em seu salário a tais títulos.
Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Elton Luis Nasser de Mello ID. 513b61a - Pág. 18
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16070814284169800000005793764
Número do documento: 16070814284169800000005793764
Ademais, cláusulas da CCT que obriguem ao desconto a título de taxa para custeio do sistema
confederativo, sindical ou constitucional, é nula de pleno direito, em face de ofensa ao preceito
constitucional que assegura o direito de livre associação e

sindicalização, conforme já definido pela Res. 82 do TST., pelo precedente normativo 199 do TST,
que os empregados que não são sindicalizados, não estão obrigados à contribuição confederativa
ou assistencial.

Em que pese à existência desta cláusula nas convenções coletivas a mesma é inválida, sobretudo
quando há estipulação abrangendo todos os integrantes da categoria, não assegurando o direito de
oposição ou quando assegurado, a fazendo de forma mais onerosa possível, haja vista a
necessidade de protocolização da carta oposicionista de forma individualizada pelo trabalhador
dentro de certo prazo.

A falta de autorização expressa para tais descontos torna os descontos ilícitos. Assim, a autora não
compareceu a qualquer sindicato, bem como nunca filiou-se, não concordando com tais descontos.

A contribuição confederativa tem por objetivo precípuo o custeio do sistema confederativo, do qual
são integrantes os sindicatos, federações e confederações, tanto da categoria profissional
(trabalhadores) como da econômica (empregadores), sendo fixada por assembleia geral com base
legal no art. 8º, IV, da Constituição.

O artigo. 545 da CLT aduz:

Art. 545. Os empregadores ficam obrigados a descontar, na folha de pagamento dos seus
empregados, desde que por eles devidamente autorizados, as contribuições devidas ao sindicato,
quando por este notificados, salvo quanto à contribuição sindical cujo desconto independe dessas
formalidades. (grifo nosso)

Verifica-se que primeiramente não há estipulação de prazo para a

oposição, mas somente para o repasse do valor descontado e, por segundo, pela necessidade da
anuência expressa do empregado autorizando o desconto, nada mencionando quanto à autorização
tácita.

Ademais, o artigo 8º, V da CF, serve de base inclusive para solidificar o posicionamento dos
Tribunais Superiores, conforme Precedente Normativo nº 119 do TST, OJ 17 da SDC e Súmula 666
do STF, a saber:

Contribuições Sindicais - Inobservância de Preceitos Constitucionais. "A Constituição da


República, em seus arts. 5º, XX e 8º, V, assegura o direito de livre associação e sindicalização. É
ofensiva a essa modalidade de liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou
sentença normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para
custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da
mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados.

Sendo nulas as estipulações que inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os
valores irregularmente descontados."

OJ-SDC-17 Contribuições para Entidades Sindicais. Inconstitucionalidade de sua Extensão a não


associados. Inserida em 25.05.1998 As cláusulas coletivas que estabeleçam contribuição em favor
de entidade sindical, a qualquer título, obrigando trabalhadores não sindicalizados, são ofensivas
ao direito de livre associação e sindicalização, constitucionalmente assegurado, e, portanto, nulas,
sendo passíveis de devolução, por via própria, os respectivos valores eventualmente descontados.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Elton Luis Nasser de Mello ID. 513b61a - Pág. 19
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16070814284169800000005793764
Número do documento: 16070814284169800000005793764
STF Súmula nº 666 - Contribuição Confederativa - Exigibilidade - Filiação a Sindicato Respectivo.
A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição, só é exigível dos filiados ao
sindicato respectivo."

NÃO ASSISTE RAZÃO AO RECLAMANTE.

Não merecem prosperar os pedidos exordiais, uma vez que os recibos de


pagamento revelam ausência dos referidos descontos a título assistencial. Os únicos efetuados, foram no
meses de março/2011, março/2012, março/2013 e março/2014 e março/2015, relativo à contribuição
sindical, de incidência obrigatória, porquanto decorrente de lei.

Não é verdade que a reclamada efetuou descontos de contribuição confederativa.


Os únicos descontos efetuados, foram a título de contribuição sindical.

Nos holerites acostados aos autos, verifica-se que não houve descontos de
contribuição confederativa, ficando impugnado portanto o presente pleito.

DESCONTOS INDEVIDOS. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL E ASSISTENCIAL. DEVOLUÇÃO.


IMPROCEDÊNCIA

Pede a Reclamante o ressarcimento de descontos efetuados sob a rubrica de


contribuição sindical e assistencial.

Não merecem prosperar os pedidos exordiais, uma vez que os recibos de


pagamento revelam ausência dos referidos descontos a título assistencial. Os únicos efetuados, no
mês de agosto/2012 e março/2013, foi o relativo à contribuição sindical, de incidência obrigatória,
porquanto decorrente de lei.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Elton Luis Nasser de Mello ID. 513b61a - Pág. 20
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16070814284169800000005793764
Número do documento: 16070814284169800000005793764
JUROS, CORREÇÃO MONETÁRIA, CUSTAS PROCESSUAIS E PERICIAIS.
IMPROCEDÊNCIA.

Considerando a improcedência de todas as postulações da inicial, os acessórios


devem ter o mesmo caminho, ou seja, da improcedência, de modo que não há o que se cogitar de
incidência de juros e correção monetária, custas processuais e periciais, ficando impugnada, em relação
aos pleitos indenizatórios, em eventual condenação, juros e correção monetária só devem incidir a partir
do arbitramento, respectivamente, sendo que em relação aos juros, se devidos forem, como pedido
alternativo, após a citação inicial e a correção monetária.

III - DO PEDIDO

Requer-se, o acolhimento da preliminar de mérito para reconhecimento da


prescrição quinquenal e no mérito que seja julgada totalmente improcedente a pretensão da autora.

Protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas, sem exceção,


especialmente pelo depoimento pessoal da autora, pena de confesso, oitiva de testemunhas.

Declara a autenticidade dos documentos relativos à representação processual, na


conformidade do artigo 830 da CLT.

P. Deferimento

Campo Grande, MS, 08 de julho de 2015.

Elton Luís Nasser de Mello Caroline Polastrini Claro

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Elton Luis Nasser de Mello ID. 513b61a - Pág. 21
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16070814284169800000005793764
Número do documento: 16070814284169800000005793764
OAB/MS 5.123 OAB/MS 20.613

[1]TRT 8ª R.; RO 0000120-10.2012.5.08.0120; Quarta Turma; Rel. Des. Fed. Walter Roberto Paro; DEJTPA 31/01/2013; Pág. 78

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Elton Luis Nasser de Mello ID. 513b61a - Pág. 22
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16070814284169800000005793764
Número do documento: 16070814284169800000005793764
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 7ª VARA FEDERAL DO
TRABALHO DE CAMPO GRANDE/MS.

Reclamatória Trabalhista nº 0024365-50.2016.5.24.0007

ROBSON SANTOS MEDRADO, qualificado nos autos em epígrafe que


move em desfavor de DIPALMA COMERCIO DISTRIBUICAO E LOGISTICA DE PRODUTOS
ALIMENTICIOS LTDA,, também já qualificadas, por seu advogado infra-assinado, vem,
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar sua IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO
de fls. apresentadas pela Reclamada, respectivamente, embasado na legislação em vigor e, para tanto,
passa a expor o que segue.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: CORINI ADRIANA MALJAARS ID. b75f774 - Pág. 1
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16081716041692700000006101780
Número do documento: 16081716041692700000006101780
O Reclamante vem por esta e na melhor forma do direito, à presença de
V. Exa., IMPUGNAR ESPECIFICADAMENTE as defesas acostadas de forma conjunta, tendo em
vista a identidade de argumentos de defesa e impugnativos.

1 - DOS FATOS INCONTROVERSOS.

Inicialmente, cumpre salientar que a Reclamada, em sua peça contestatória,


admitiram ou não contestaram especificadamente os seguintes fatos, os quais, por serem incontroversos,
não serão impugnados pelo Autor:

a) A Reclamada admitiu que o Reclamante lhe prestasse serviços durante


todo o período alegado;

b) Que o autor fora demitido por justa causa;

c) Que a reclamada conta com mais de 10 funcionários;

Portanto, por se tratarem de fatos afirmados pelo Autor e admitidos


e/ou não impugnados pelas partes contrárias, tem-se que tais matérias de fato são
INCONTROVERSAS, de modo que não dependerão de prova, nos termos do artigo 334 do Código
de Processo Civil[1].

2 - DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL - EXCEÇÃO AOS RECOLHIMENTOS DO FGTS


DEVIDOS NO CURSO DO CONTRATO DE TRABALHO.

Argui a Reclamadas a ocorrência da prescrição quinquenal das verbas


eventuais anteriores a 08/03/2011. Contudo, a distribuição da presente reclamatória dentro do biênio legal
garantiu ao Reclamante o direito de cobrar as parcelas correspondentes aos depósitos do FGTS pelo
período total de trinta anos anteriores à data da distribuição.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: CORINI ADRIANA MALJAARS ID. b75f774 - Pág. 2
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16081716041692700000006101780
Número do documento: 16081716041692700000006101780
Deveras, o artigo 23, parágrafo 5º, da Lei nº 8.036/90, preceitua ser
trintenária, e não quinquenal, a prescrição aplicável aos recolhimentos do FGTS devidos no curso do
contrato de trabalho.

Nos termos da Súmula 362 do C. TST, é trintenária a prescrição do direito


de reclamar contra o não recolhimento da contribuição para o FGTS, observado o prazo de 2 (dois) anos
após o término do contrato de trabalho.

Assim, em que pese a prescrição quinquenal alcance as verbas anteriores a


08/03/2011, o mesmo não ocorre em relação aos recolhimentos fundiários, porquanto a prescrição é
trintenária. Portanto, impugna-se a contestação nesse tocante.

4 - DO MÉRITO

4.1 - DA RESCISÃO CONTRATUAL.

Diferentemente do que alega na contestação, o reclamante NUNCA realizou


qualquer tipo de desvio de valores da empresa, bem como NUNCA cometeu qualquer ato de improbidade
durante todo o vínculo empregatício.

Alega a reclamada que foram constatadas irregularidades por parte do


reclamante o qual emitia recibos para desvio de valores referente a descargas de mercadorias.

Aduz que foi realizada uma sindicância para averiguação dos fatos, ocorre
que conforme vistos em sindicância, o autor não era o único responsável pelos valores recebidos, que tais
valores eram encaminhados e fiscalizados pelo Sr. Airton (assessor administrativo da ré). Conforme
consta no relatório os valores aduzidos pela ré foram encaminhados pelo autor via malote financeiro.

Como visto, tal sindicância foi feita de forma totalmente unilateral, sem
qualquer prova concreta do fato alegado, sendo o autor responsabilizado por ato que não cometeu, por
total desorganização da ré.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: CORINI ADRIANA MALJAARS ID. b75f774 - Pág. 3
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16081716041692700000006101780
Número do documento: 16081716041692700000006101780
Inobstante, todos os recibos passavam pelo crivo do então assessor
administrativo, Airton Verga.

Portanto, falta com a verdade a reclamada quando acusa o reclamante de ato


de improbidade e pleiteia a reversão da demissão imotivada para sem justa causa, não se encontrando
presentes os requisitos contidos no artigo 482 da CLT, autorizadores da rescisão por justa causa,
sobretudo quando já aperfeiçoado o ato de demissão sem justa causa.

4.2 DANOS MORAIS. DAS ACUSAÇÕES LEVIANAS POR ATO DE IMPROBIDADE.


VIOLAÇÃO DE ATO JURÍDICO PERFEITO.

De fato, a atitude da Contestante em imputar ao Reclamante o suposto ato


de improbidade, de modo leviano, sem substrato probatório convincente, revelou-se insensata,
configurando a prática de ato de conteúdo ofensivo à reputação e à imagem do empregado, ensejando
indenização por danos morais.

Tem-se por impugnada a defesa nesse tocante.

4.3 - DO ACÚMULO DE FUNÇÕES.

In casu, houve inegável substancial aumento da complexidade e


responsabilidade sem, contudo, o correspondente acréscimo da sua remuneração.

Assim, pleiteia o reclamante o reconhecimento da acumulação das funções


auxiliar administrativo e balancista com o consequente pagamento de um plus salarial não inferior a um
terço do seu salário, mais as vantagens decorrentes do exercício da função.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: CORINI ADRIANA MALJAARS ID. b75f774 - Pág. 4
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16081716041692700000006101780
Número do documento: 16081716041692700000006101780
O acúmulo de funções evidencia-se quando há modificação unilateral das
funções inicialmente ajustadas, passando o empregador a exigir do empregado atividades alheias ao
contrato de trabalho, concomitantemente com as funções anteriormente contratadas.

Portanto, restou incontroversa a novação contratual proveniente da


cumulação das atividades sendo devido um acréscimo salarial ao Reclamante.

Por outro lado, o fato de inexistir previsão do adicional de acúmulo de


função não transmuta a conduta da Reclamada em justa, porquanto viola o princípio da inalterabilidade
lesiva (art.468, CLT), da vedação ao enriquecimento sem causa (Art. 884, CC.) bem como o princípio da
dignidade da pessoa humana (Art. 5º, III, CF/88).

Portanto, impugnam-se as alegações de defesa.

4.4 - DA JORNADA EXTRAORDINÁRIA.

A reclamada alega que "(...) o reclamante sempre laborou dentro da jornada


máxima semanal, de 08 horas diárias e 44 semanais. Não se ativava em jornada extraordinária, e, quando
eventualmente laborou houve a devida compensação dentro da semana, ou o devido pagamento."

A reclamada, em sua defesa, alega que o Reclamante sempre laborou com


respeito ao limite de 44 horas semanais, durante todo o contrato de trabalho. Contudo, ao se compulsar as
folhas de ponto, é possível verificar que houve prestação habitual de horas extras, sem o respectivo
pagamento.

Desde já ratifica-se o horário de trabalho declinados na inicial, por ser a pura


expressão da realidade da relação de emprego, sendo certo que, conforme o anteriormente informado, não
eram todas as horas de trabalho registradas em cartões de ponto.

Como existe registro de ponto, cumpre ser feita amostragem de diferenças


de horas extras:
Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: CORINI ADRIANA MALJAARS ID. b75f774 - Pág. 5
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16081716041692700000006101780
Número do documento: 16081716041692700000006101780
No documento de pág. 146 consta o apontamento da jornada do Reclamante
de 23/04/2014 a 22/05/2014, sendo que o total de 23h35min de horas extras. Inobstante, ao se compulsar
o holerite do referido mês em que laborou em desoras, nada consta a título de pagamento de horas extras.

No período de 23/05/2014 a 22/06/2014, houve a prestação de horas extras


no total de 37h31min. Contudo, ao se compulsar o holerite do referido mês em que laborou em desoras,
nada consta a título de pagamento de horas extras.

Conforme podemos constar em cartões de ponto, o autor por vezes chegou a


laborar até às 19h30min (dia 10/06/2014), 19h16min (dia 07/08/2014). Todavia, igualmente, ao se
compulsar os holerites, nada consta a título de pagamento de horas extras.

Ainda que se aceite o sistema de compensação adotado pela reclamada,


havia a prestação habitual de horas extras o que tornaria nulo de pleno direito o sistema, de acordo com
disposição da Súmula 85, IV, do C. TST.

Portanto, conforme pode se demonstrar, o Reclamante faz jus à indenização


pelas horas extras realizadas com acréscimo mínimo de 50% (cinquenta por cento), bem como seus
reflexos no aviso prévio indenizado (S. 94 do TST), DSR (S. 172 do TST), gratificação natalina (S. 45 do
TST), férias e terço constitucional (§5º do artigo 142 da CLT) e depósitos do FGTS (S. 63 do TST), de
todo o período laborado.

Tem-se por impugnada a defesa nesse tocante.

DAS PERDAS E DANOS.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: CORINI ADRIANA MALJAARS ID. b75f774 - Pág. 6
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16081716041692700000006101780
Número do documento: 16081716041692700000006101780
A Reclamada alega em sua defesa que, no âmbito da Justiça do Trabalho, o
deferimento de honorários advocatícios está condicionado ao benefício da justiça gratuita e à assistência
por sindicato.

Com razão, somente nesse tocante, a Reclamada.

De fato, na Justiça do Trabalho, é predominante na jurisprudência o


entendimento de que a condenação ao pagamento de honorários advocatícios, nunca superiores a 15%
(quinze por cento), não decorre pura e simplesmente da sucumbência, pois deve a parte estar assistida por
sindicato e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em
situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva
família.

Contudo, não se trata de pedido de condenação em honorários de


sucumbência, esses limitados a 15%; e sim, de honorários contratuais, esteado no princípio da restituição
integral.

Deveras, o Código Civil de 2002 consagra de modo expresso o princípio da


reparabilidade plena, o qual prevê que o não-cumprimento da obrigação impõe ao devedor a obrigação de
responder por perdas e danos, incluindo nestas, os honorários de advogado, conforme preconiza os artigos
389 e 404 do Código Civil.

Assim, é clarividente que os honorários abrangidos pelas perdas e danos não


são os sucumbenciais, devidos ao advogado, mas os contratuais, devidos ao credor, ora Reclamante, que
como qualquer cidadão, tem a liberdade de contratar um profissional de sua confiança para perseguir o
seu crédito (alimentar) e assegurado o direito de ser ressarcido integralmente pelos danos que
experimentou.

De fato, há inequívoca distinção entre honorários sucumbenciais,


inexistentes na Justiça do Trabalho por conta do Jus Postulandi (Art. 791, CLT), e os contratuais, sendo
complementares e sucessivos, não opostos.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: CORINI ADRIANA MALJAARS ID. b75f774 - Pág. 7
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16081716041692700000006101780
Número do documento: 16081716041692700000006101780
Quanto ao argumento da Reclamada de que, na Justiça do Trabalho, vige o
Jus Postulandi, s.m.j., de duvidosa constitucionalidade, é de bom alvitre salientar, que o próprio Colendo
Tribunal Superior do Trabalho relativizou sua aplicação ao aprovar a Súmula 425 [2], na qual estabelece a
presença obrigatória do advogado naquela Corte, o que demonstra uma tendência à universalização da
representação por advogado na Justiça do Trabalho.

Por outro lado, a observância do artigo 791 da Consolidação das Leis


Trabalhistas (Jus Postulandi) não obsta o direito do Reclamante em haver do vencido a indenização do
valor comprometido com a contratação de advogado, pois tal instituto prejudica apenas e tão somente a
condenação da parte contrária em honorários sucumbenciais, não os contratuais.

Bem se vê, portanto, que resta superada, neste particular, a jurisprudência do


C. TST no que pertine ao Jus Postulandi. Ademais, O fundamento para a concessão dos honorários de
advogado repousa nos artigos 5º incisos XVIII LXXIV; 8º, inciso V e 133 da Constituição Federal.

Portanto, nos termos dos artigos. 389 do CC e 133 da Constituição Federal,


o advogado é indispensável à administração da justiça, devendo aquele que deu causa à propositura da
ação responder pelos honorários do advogado, sob pena de ofensa ao princípio da restituição integral. Este
é o entendimento do Tribunais Trabalhistas Pátrios, in verbis:

INDENIZAÇÃO PELA CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO. Pelo


princípio da reparabilidade plena, o não-cumprimento da obrigação impõe ao devedor a obrigação de
responder por perdas e danos, as quais abrangem os juros, a atualização monetária, custas e honorários de
advogado, sem prejuízo de pena convencional (artigos 389 e 404 do Código Civil). Recurso da reclamada
não provido. (TRT 24ª R.; RO 1339-32.2010.5.24.0072; Segunda Turma; Red. Desig. Des. Fed. Ricardo
G. M. Zandona; Julg. 25/01/2012; DEJTMS 06/02/2012; Pág. 30);

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. RECLAMANTE HIPOSSUFICIENTE


NÃO ASSISTIDO PELO SINDICATO PROFISSIONAL. POSSIBILIDADE. Ainda que vigente o jus
postulandi nesta justiça especializada (artigo 791/CLT), à parte hipossuficiente não pode ser negado o
direito à contratação de advogado de sua confiança, a fim de patrocinar seus interesses, até porque tal
despesa se deve à inadimplência patronal no cumprimento de suas obrigações contratuais. Os artigos 389
e 404 do novo Código Civil dispõem acerca da obrigação de o devedor responder por perdas e danos,
juros e correção monetária além de honorários advocatícios. Consequentemente, tendo o trabalhador de se

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: CORINI ADRIANA MALJAARS ID. b75f774 - Pág. 8
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16081716041692700000006101780
Número do documento: 16081716041692700000006101780
valer da contratação de um advogado, para propor ação judicial com o intuito de receber direitos legais,
que não foram pagos durante o período contratual, deve ser ressarcido nos gastos havidos que,
certamente, resultarão em prejuízo ao patrimônio auferido por força sentencial (artigos 186, 389, 404 e
944 do Código Civil). (TRT 3ª R.; RO 346-46.2010.5.03.0048; Quarta Turma; Relª Juíza Conv. Adriana
G. de Sena Orsini; DJEMG 23/01/2012; Pág. 57);

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. DEFERIMENTO. O fundamento para a


concessão dos honorários de advogado repousa nos arts. 5º incisos XVIII LXXIV; 8º, inciso V e 133 da
Constituição Federal. (TRT 7ª R.; RO 182-42.2010.5.07.0025; Segunda Turma; Rel. Des. Emmanuel
Teófilo Furtado; DEJTCE 17/02/2012; Pág. 5).

Assim, indiscutível que o novel Código Civil, ao cuidar das perdas e danos,
viabilizou o Reclamante busque em juízo a recomposição dos valores que despendeu com a contratação
de advogado.

Por outro lado, quanto ao argumento impeditivo por conta da existência das
Súmulas 219 e 329, do C. TST, ainda sim a verba honorária é devida, em decorrência da revogação dos
artigos 14 e 16 da Lei nº 5.584/70, que conferiam supedâneo legal às estas Súmulas, restando superada,
neste particular, a jurisprudência sumulada do C. TST [3].

Assim, tendo em vista que não há na legislação laboral qualquer previsão


acerca dos honorários contratuais, aplica-se subsidiarimente o direito comum "ex vi" do parágrafo único
do artigo 8º da Consolidação Trabalhista.

Portanto, a fim de que a reparação do inadimplemento da obrigação


trabalhista seja completa, em homenagem ao princípio da "restitutio integrum", necessário se faz a
reparação dos prejuízos sofridos pelo Reclamante, que perfazem o percentual de 30% sobre o valor bruto
da condenação ou eventual acordo, percentual cobrado de acordo com a Tabela de Honorários
Advocatícios no âmbito da OAB/MS.

CONCLUSÃO.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: CORINI ADRIANA MALJAARS ID. b75f774 - Pág. 9
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16081716041692700000006101780
Número do documento: 16081716041692700000006101780
DIANTE DE TODO O EXPOSTO, IMPUGNA na íntegra todos os
termos da contestação, fls., e documentos juntados, com a sua consequente rejeição, tudo em
conformidade com a exposição de motivos e fundamentos acima lançados.

Requer, respeitosamente a V. Exa., que seja a presente Reclamatória


Trabalhista julgada TOTALMENTE PROCEDENTE com a condenação do Reclamado ao pagamentos
dos pedidos formulados na peça inicial mais perdas e danos.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Campo Grande, 16 de agosto de 2016.

André Luiz de Jesus Fredo,

OAB/MS 14326.

[1]

[2] JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE - O


jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais
Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os
recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

[3] Honorários advocatícios. Concessão. A verba honorária é


hodiernamente devida em decorrência da revogação dos arts. 14 e 16 da Lei nº 5.584/70, que conferiam
Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: CORINI ADRIANA MALJAARS ID. b75f774 - Pág. 10
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16081716041692700000006101780
Número do documento: 16081716041692700000006101780
supedâneo legal às Súmulas nºs 219 e 329, restando superada, neste particular, a jurisprudência sumulada
do c. TST. Assim, hoje no campo justrabalhista é bastante para a concessão de honorários tão-somente a
existência de sucumbência e ser o trabalhador beneficiário da justiça gratuita. (...). Recurso ordinário
adesivo conhecido e parcialmente provido. (TRT 7ª R.; RO 154800-45.2009.5.07.0003; Primeira Turma;
Rel. Des. José Antonio Parente da Silva; DEJTCE 10/02/2012; Pág. 75).

[1] "Art. 334. Não dependem de prova os fatos: (…) II - afirmados por uma parte e confessados pela parte
contrária; III - admitidos, no processo, como incontroversos;"

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: CORINI ADRIANA MALJAARS ID. b75f774 - Pág. 11
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=16081716041692700000006101780
Número do documento: 16081716041692700000006101780
ATA DE AUDIÊNCIA

PROCESSO: 0024365-50.2016.5.24.0007
AUTOR(ES): ROBSON SANTOS MEDRADO
RÉU(RÉ): DIPALMA COMERCIO DISTRIBUICAO E LOGISTICA DE PRODUTOS
ALIMENTICIOS LTDA.

Em 11 de maio de 2017, na sala de sessões da MM. 7ª VARA DO TRABALHO DE CAMPO


GRANDE/MS, sob a direção do Exmo(a). Juiz BORIS LUIZ CARDOZO DE SOUZA, realizou-se
audiência relativa ao processo identificado em epígrafe.

Às 16h16min, aberta a audiência, foram, de ordem do Exmo(a). Juiz do Trabalho, apregoadas as


partes.

Presente o(a) autor(es), acompanhado(a) do(a) advogado(a), Dr(a). CORINI ADRIANA


MALJAARS, OAB nº 18760/MS.

Presente o preposto do(a) réu(ré), Sr(a). ALEX SANDRO E SILVA BARBOSA,


acompanhado(a) do(a) advogado(a), Dr(a). GABRIELA FERNANDES FERREIRA RODRIGUES, OAB
nº 5123/MS.

Presente a acadêmica de direito, Gabriella Bianqini (RG 1.890.835).

CONCILIAÇÃO RECUSADA

Dispensado o depoimento pessoal da reclamada.

DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE: inquirido, respondeu:

1. trabalhou na reclamada de 16/6/2010 a fevereiro/2016, inicialmente como auxiliar de


serviços gerais, passando por todos os setores, estando por último na guarita;

2. na guarita fazia digitação e conferência das notas fiscais, realizava também a pesagem dos
caminhões. Após um ano que trabalhava no local foi implantada uma cobrança que era feita
dos fornecedores e da transportadora para cada descarga de material realizada nos depósitos
da reclamada. Era o depoente e outro colega que faziam o recebimento de tais valores e
repassavam para o setor financeiro;

3. passou a fazer as pesagens nos caminhões um ano depois que estava na guarita, pois antes
disso a balança estava quebrada, não existindo funcionário que fizesse a pesagem;

4. o depoente trabalhava das 7h às 17h30, com 1h10 de intervalo para almoço. Todos os
horários trabalhados constavam nos espelhos de ponto;

5. no início trabalhava de segunda a sábado e depois de segunda a sexta-feira;

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: BORIS LUIZ CARDOZO DE SOUZA ID. c0e251e - Pág. 1
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=17051117203732500000007998660
6.
Número do documento: 17051117203732500000007998660
6. trabalhava junto com o Sr. João Salviano que realizava as mesmas atividades que o
depoente;

7. depois de um ano que estavam trabalhando no setor passaram a receber os valores das
transportadoras, mediante recibos manuais que preenchiam de acordo com a tabela
estabelecida pela reclamada. Posteriormente lançavam esses valores no sistema da empresa
e entregavam o numerário direto no setor financeiro que fazia a conferência com os
lançamentos no sistema;

8. ao retornar das férias no mês de janeiro, o setor estava passando por uma auditoria realizada
pelo chefe do setor de perdas, um auditor chefe e mais um chefe de segurança chamados
Pascoal, Oséias e Santana;

9. durante a auditoria foi chamado para explicar como era a rotina detalhada do serviço e
posteriormente para que justificasse diferenças entre o que estava lançado no sistema e os
recibos preenchidos manualmente. Esclarece que o recibo apresentado ao depoente não
constava no relatório lançado no sistema e nem o numerário entregue no financeiro;

10. o recibo mencionado no item anterior foi preenchido pelo depoente;

11. não soube explicar como ainda não sabe por qual razão não consta no sistema o lançamento
e no financeiro os valores apontados no recibo manual apresentado;

12. afirma ter efetuado o lançamento e ter entregue o dinheiro no financeiro, crendo que o
sistema tenha sido alterado por terceiros uma vez que era vulnerável, não existindo senhas
no computador que trabalhava;

13. após os esclarecimentos prestados para a auditoria, tanto o depoente quanto João Salviano
foram afastados preventivamente enquanto era realizada a investigação interna para
tentativa de esclarecimento dos fatos. Como não encontraram outro local onde existia
divergência entre o valor do recibo manual preenchido pelo depoente e o que constava no
sistema e no setor financeiro, foram ambos os empregados dispensados por justa causa.

14. Nada mais.

Tratando-se de matéria referente ao término do contrato de trabalho, ônus pertencente


à reclamada, inverto a ordem da oitiva das testemunhas, passando a ouvir primeiramente a prova
da demandada.

1a. TESTEMUNHA APRESENTADA PELA RECLAMADA: Sr(a). Airton Verga,


RG nº 252256 SSP/MS, nascido(a) aos 27/2/1963, brasileiro(a), divorciado, assistente
administrativo, residente na Rua das Laranjeiras, 491, Bairro Noroeste, nesta Capital.

A testemunha, devidamente advertida e compromissada, respondeu:

1. trabalha para a reclamada desde 2001, atualmente como assistente administrativo no setor
financeiro;

2. o autor trabalhava na guarita e tinha por atribuição receber as mercadorias e as notas, emitir
recibo dos valores que recebia dos motoristas para as descargas, fazendo o lançamento no
sistema e a prestação de contas no dia seguinte com o depoente;
Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: BORIS LUIZ CARDOZO DE SOUZA ID. c0e251e - Pág. 2
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=17051117203732500000007998660
Número do documento: 17051117203732500000007998660
3. o depoente fazia uma planilha constando todos os valores recebidos dos caminhões,
devendo este valor ser idêntico ao que se pagava "aos chapas", para o descarregamento.
Contudo, passaram a constar diferenças ao que era pago aos chapas e ao que era recebido
das transportadoras;

4. o autor não efetuava o pagamento aos chapas, apenas repassava os valores que recebia das
empresas para pagamento do descarregamento;

5. ao constatar que havia as diferenças mencionadas, o gerente pediu uma auditoria para
verificar o que estava acontecendo, pois o valor que era cobrado das transportadoras, de
acordo com a tabela da reclamada, era o mesmo valor pago aos chapas;

6. a auditoria constatou que entrou dinheiro a menos do que foi pago aos chapas, concluindo a
empresa que a diferença tinha origem nos recebimentos feitos na guarita;

7. não sabe informar se a auditoria constatou a divergência entre os recibos manuais e os que
foram lançados no sistema, pois sua atividade consistia apenas em fazer a conferência do
relatório lançado com os recibos apresentados e o dinheiro repassado;

8. reafirma nunca ter faltado dinheiro na conferência realizada diariamente como o reclamante
e com o João Salviano. Esclarece que fazia a conferência do que fora lançado no sistema
pelo pessoal da guarita, com os recibos apresentados e com o numerário repassado para o
setor financeiro. Espontaneamente afirma não ser possível saber no seu setor se havia recibo
que não foi lançado;

9. a divergência que levou à auditoria era específica com relação a diferença existente entre os
valores recebidos das transportadoras e os valores pagos aos chapas.

10. Nada mais.

A reclamada não tem outras testemunhas.

1a. TESTEMUNHA APRESENTADA PELO RECLAMANTE: Sr(a). Ambrozio


Aparecido de Medeiros, RG nº 360794 SSP/MS, nascido(a) aos 7/12/1966, brasileiro(a), casado,
residente na Rua do Bandolin, nº 297, nesta Capital.

Contradita sob argumento de que move ação em face da reclamada. O depoente


esclarece que trabalhou na reclamada de 1999 a 2015, como gerente de operações e que saiu de lá
por reformulação da empresa, bem como que move ação em face da empresa pedindo desvio de
função e equiparação salarial, comprometendo-se em falar a verdade. Rejeita-se a contradita uma
vez que o exercício do direito de ação não representa óbice à oitiva do depoente como
testemunha, conforme entendimento da súmula 357 do TST. Protestos.

A testemunha, devidamente advertida e compromissada, respondeu:

1. trabalhou na reclamada até 2015, sabendo dos fatos que levaram a dispensa do autor pelo
próprio relato do reclamante. Também ouviu comentários na própria empresa, pois mesmo
depois do seu desligamento continuou a prestar serviços de distribuição e entrega de
mercadorias por mais seis meses;

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: BORIS LUIZ CARDOZO DE SOUZA ID. c0e251e - Pág. 3
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=17051117203732500000007998660
2.
Número do documento: 17051117203732500000007998660
2. o autor foi dispensado por justa causa sob a alegação de ter desviado valores que recebia
das entregas das transportadoras. Os valores eram cobrados de acordo com a tabela da
empresa;

3. ao que sabe pela narrativa do autor é que houve diferenças pela prestação de contas
realizada pelo reclamante;

4. o reclamante era bem comprometido com o serviço, não havendo nada que desabonasse sua
conduta.

Nada mais.

O autor não tem outras testemunhas.

As partes declaram que não têm outras provas a produzir, pelo que resta encerrada a
instrução processual.

Razões finais remissivas pelas partes.

Sem êxito a derradeira proposta conciliatória.

Julgamento dia 31/5/2017.

Cientes as partes.

Encerrada às 17:18 horas.

BORIS LUIZ CARDOZO DE SOUZA

Juiz do Trabalho

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: BORIS LUIZ CARDOZO DE SOUZA ID. c0e251e - Pág. 4
https://pje.trt24.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=17051117203732500000007998660
Número do documento: 17051117203732500000007998660

Você também pode gostar