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Assinado eletronicamente por RENATO CALDAS DO VALLE VIANA, em 18/07/2023 às 09:26:12, conforme art.

1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.


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Poder Judiciário do Estado de Sergipe


18ª Vara Cível de Aracaju

Nº Processo 202311800763 - Número Único: 0024926-69.2023.8.25.0001


Autor: MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE SERGIPE
Réu: COMPANHIA DE SANEAMENTO DE SERGIPE (DESO)

Movimento: Decisão >> Concessão em parte >> Antecipação de Tutela

202311800763 (J) – Decisão sobre Tutela Antecipada

Autor: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SERGIPE

Réu: COMPANHIA DE SANEAMENTO DE SERGIPE (DESO)

Tipo: AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO LIMINAR

Decisão Liminar

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SERGIPE move ação civil pública em face


da COMPANHIA DE SANEAMENTO DE SERGIPE (DESO), pelos fatos e razões
expostos a seguir.

Narra que em decorrência de inúmeras denúncias formalizadas por consumidores,


moradores do conjunto Governador Antônio Carlos Valadares, no bairro Santa
Maria, tomou conhecimento dos problemas de interrupção constante de água, onde
os consumidores tem sofrido diariamente e por anos, chegando a água apenas
durante a madrugada, mesmo assim em gotejamento, inviabilizando os afazeres
regulares, forçando usuários a uma vida sem controle, direcionada pelo curto
período em que devem ficar acordados para abastecer vasilhames com a pouca
água disponibilizada.
Assinado eletronicamente por RENATO CALDAS DO VALLE VIANA, em 18/07/2023 às 09:26:12, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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Afirma que a DESO teria afirmado em resposta, que providências foram adotadas
para a solução do problema, apenas citando irregularidade na rua B18, nº 196,
aduzindo, como se o problema fosse apenas na unidade consumidora reclamante,
na oportunidade teria afirmado ainda que promoveu o envio de carros pipa a
localidade para suprir as necessidades da população, enquanto busca a solução
para restabelecer a normalidade do fluxo da água, aduzindo ainda que teria
identificado a entrada de ar na linha, de modo que, a formação desse bolsão de ar,
tem dificultado o abastecimento, razão pela qual a água só chega de madrugada na
localidade.

Pontua que, analisando as asserções apresentadas pela requerida, emergem


informações que confirmam o grave problema de desabastecimento contínuo do
conjunto Governador Antônio Carlos Valadares, afirmando a empresa que serão
necessárias obras na área para adequação e regularização do abastecimento e que
estão em fase de estudos ainda para identificação do problema, entretanto,
conforme informações da Noticiante, a descontinuidade do fornecimento de água já
existe há vários anos, sem solução.

Aduz que em audiência extrajudicial, realizada em 22 de maio de 2023, a DESO


formalizou proposta de 60 (sessenta) dias para conclusão dos estudos sobre o
problema existente no abastecimento irregular no bairro Valadares e ainda 90
(noventa) dias para finalização das obras necessárias, como se o problema fosse
novo. Mesmo assim, a proposta da empresa foi lançada aos usuários, todavia,
posteriormente rechaçada pela própria concessionária.

Pontua que inobstante todo o esforço da população, o que se nota atualmente é o


agravamento da situação, com diversas interrupções no sistema de abastecimento,
indigitando a DESO, através de seu preposto, em audiência extrajudicial, que a
motivação provavelmente é um grande bolsão de ar na tubulação, inviabilizando a
passagem do líquido, provocando as constantes interrupções, deixando ainda a
grande dúvida se o ar nas tubulações faz girar os hidrômetros das unidades
consumidoras, provocando os valores alterados das faturas.

Por fim, requer a concessão de tutela antecipada, para compelir a ré a:

a) Promover, no prazo máximo de 30(trinta) dias, a recuperação integral do sistema


de abastecimento de água do conjunto Antônio Carlos Valadares, localizado no
bairro Santa Maria, com manutenção corretiva e preventiva das tubulações e
equipamentos necessários para garantia do abastecimento sem interrupções,
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passando a executar o serviço público com adequação, eficiência, segurança,


continuidade e regularidade;

b) Promover, a suas expensas, a distribuição regular de água potável, através de


carros-pipas, para suprir o abastecimento interrompido, mantendo o fornecimento de
água a todas as unidades consumidoras do conjunto Antônio Carlos Valadares,
prejudicadas pelo vício do serviço, até completa regularização do abastecimento
com eficiência e continuidade;

c) Promover a apresentação de Relatório técnico, adunando aos autos, no prazo de


10(dez) dias úteis, identificando as ruas e as unidades consumidoras do conjunto
Antônio Carlos Valadares, localizado no bairro Santa Maria, que são servidas pela
rede de abastecimento público da Companhia de Saneamento de Sergipe – DESO
e que sofrem o desabastecimento contínuo;

d) Promover, a partir do mês de concessão da tutela de urgência, a emissão das


contas de serviço das unidades consumidoras do conjunto Antônio Carlos
Valadares, no bairro Santa Maria, atingidos pelo abastecimento irregular, em valores
correspondentes ao mínimo da tarifa social, até completa regularização do sistema
de distribuição de água, comprovando nos autos, como forma de minimizar os
prejuízos causados aos usuários, especialmente porque foi informado sobre a
existência de bolsão de ar na tubulação, ressaindo dúvidas quanto ao registro nos
hidrômetros e, caso não entenda Vossa Excelência, pela emissão das faturas com
valores correspondentes ao mínimo da tarifa social, em pedido subsidiário, que
sejam emitidas as contras de serviço com valores correspondentes à tarifa mínima
residencial , evitando maiores prejuízos à população;

e) Pagar multa diária na ordem de R$ 1.000,00 (hum mil reais) ou outro valor a ser
fixado por Vossa Excelência, a ser revertido para o Fundo Municipal de Defesa do
Consumidor, inserto na Lei 4.485/2013, pelo descumprimento dos itens
determinados na tutela antecipada.

Com a inicial de fls. 04-43, juntou documentos de fls. 44-61.

Intimada para se manifestar em 72 horas, a requerida manifestou-se em 19/06/2023


(fls. 74/95) com documentos (fls. 96/108) fundamentando que não existe indício de
que todos os imóveis da região estejam sofrendo a irregularidade de abastecimento
apontado na exordial, pois somente os imóveis com cotas mais altas teriam
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problemas com o abastecimento de água. Informa ainda, que produziu relatório


técnico onde foi constatada a existência de um número expressivo de imóveis com
situação irregular no Conjunto Valadares, sendo verificado desvios provocados por
condutas ilícitas comumente chamadas de “gatos”, havendo uma sobrecarga na
rede e um sub-dimensionamento da quantidade de água necessária a assegurar o
fornecimento de água ininterrupto a todos os usuários da concessionária, que são
aqueles com ligações regulares.

É o relatório. Decido.

I - Da tutela antecipada pleiteada

Inicialmente, ressalto que o despacho de fl. 64 não equipara a ré às Fazendas


Públicas, mas tão somente estendeu à concessionária o prazo para manifestação
prévia, previsto no art. 2º da Lei Federal nº 8.437/1992, nas ações públicas com
pedido liminar em face do Poder Público, uma vez que a ré é integrante da
administração indireta e presta serviço público. Trata-se de praxe da vara nas
referidas ações.

Ou seja, demais prerrogativas das Fazendas Públicas, como prazo em dobro, e


vedação processual à concessão de medida liminar que esgote no todo ou em parte
o objeto da ação, não se estendem à concessionária ré – nem foram estendidos no
referido despacho.

Como se sabe, a concessão da tutela provisória de urgência antecipada requerida


em caráter incidental, consubstanciada na forma de cominação de preceito de facere
ou non facere, pressupõe a demonstração de probabilidade do direito e do perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo, além da probabilidade de inexistência
do perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão, consoante prescreve o art. 300
do CPC e seus respectivos parágrafos.

Desta feita, a tutela específica antecipatória dá a possibilidade de antecipação da


providência de mérito, desde que haja, concomitantemente, os requisitos
indispensáveis ao seu deferimento, com o objetivo de entregar ao autor a própria
pretensão deduzida em juízo ou seus efeitos.

A tutela de urgência, visa dar concretude ao princípio da inafastabilidade do controle


jurisdicional, assegurando-se com isto o direito à tempestividade da tutela
jurisdicional.
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Quanto à probabilidade do direito (fumaça do bom direito), verifico que foi


demonstrada a deficiência do serviço de abastecimento promovido pela parte ré
junto aos moradores do Conjunto Valadares no Bairro Santa Maria. Cotejando os
autos, verifico que o Ministério Público promoveu audiências extrajudiciais,
buscando elidir a problemática narrada nos autos. Na oportunidade, os
representantes da concessionária reconheceram os problemas no serviço de
abastecimento de água na referida localidade, conforme depoimento de fl. 54:

“Dada a palavra à DESO, foi dito que no


Conjunto Governador Valadares a maior
parte das reclamações vem dos moradores
da parte alta. A Deso identificou que está
entrando ar na linha, dificultando o
abastecimento do conjunto Valadares.
Afirma que o Conjunto Padre Pedro é o
primeiro a receber do reservatório, que
depois segue para abastecimento do
Conjunto Valadares, entretanto, a
formação desse bolsão de ar tem
dificultado o abastecimento, razão pela
qual só chega de madrugada”.

Registre-se que a própria ré admite que há uma frequente interrupção no serviço de


abastecimento no Conjunto Governador Valadares, afirmando que constatou a
existência de um bolsão de ar na rede hidráulica, reconhecendo inclusive que o
fornecimento de água tem ocorrido apenas de madrugada.

O abastecimento de água tratando-se de um serviço público, ainda que sob o


regime de concessão, deve ele ser prestado de forma adequada, conforme disposto
no art. 6º da Lei nº 8.987/95:

“Art. 6º Toda concessão ou permissão


pressupõe a prestação de serviço
adequado ao pleno atendimento dos
usuários, conforme estabelecido nesta
Lei, nas normas pertinentes e no
respectivo contrato.
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§1º Serviço adequado é o que satisfaz


as condições de regularidade,
continuidade, eficiência, segurança,
atualidade, generalidade, cortesia na
sua prestação e modicidade das tarifas.

§2º A atualidade compreende a


modernidade das técnicas, do
equipamento e das instalações e a sua
conservação, bem como a melhoria e
expansão do serviço”.

Ademais, preconiza a lei n°11.445/07 que versa sobre as diretrizes nacionais para o
saneamento básico:

“Art. 1o Esta Lei estabelece as


diretrizes nacionais para o
saneamento básico e para a
política federal de saneamento
básico.

Art. 2o Os serviços públicos de


saneamento básico serão
prestados com base nos seguintes
princípios fundamentais:

I - universalização do acesso e
efetiva prestação do serviço;

II - integralidade, compreendida
como o conjunto de atividades e
componentes de cada um dos
diversos serviços de saneamento
que propicie à população o acesso
a eles em conformidade com suas
necessidades e maximize a
eficácia das ações e dos resultados;

III - abastecimento de água,


esgotamento sanitário, limpeza
urbana e manejo dos resíduos
sólidos realizados de forma
adequada à saúde pública, à
conservação dos recursos naturais
e à proteção do meio ambiente;
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(…)

XI - segurança, qualidade,
regularidade e continuidade;

(…)

Art. 43. A prestação dos serviços


atenderá a requisitos mínimos de
qualidade, incluindo a regularidade,
a continuidade e aqueles relativos
aos produtos oferecidos, ao
atendimento dos usuários e às
condições operacionais e de
manutenção dos sistemas, de
acordo com as normas
regulamentares e contratuais.

(…)

Art. 43-A. É obrigação dos


prestadores de serviço público
de abastecimento de água ,
conforme regulamento:

I - corrigir as falhas da rede


hidráulica, de modo a evitar
vazamentos e perdas e a
aumentar a eficiência do sistema
de distribuição; e

II - fiscalizar a rede de
abastecimento de água para
coibir as ligações irregulares.

O dispositivo acima transcrito, imputa de forma direta à prestadora do serviço


público de abastecimento de água, a obrigação de corrigir as falhas da rede
hidráulica, como também fiscalizar a rede para coibir ligações clandestinas.

Portanto, em que pese o argumento da concessionária ré quanto a eventual


dificuldade de sanear as falhas no serviço de abastecimento de água, em razão da
existência de ligações irregulares na região. O dispositivo normativo impõe à
concessionária, irrefutável obrigação de promover diligências efetivas no sentido de
regularizar a prestação do serviço.
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Quanto ao perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, também se


faz presente, na medida em que a continuidade dessas situações é prejudicial ao
usuário-consumidor.

Outrossim, não há que se falar em irreversibilidade dos efeitos, notadamente porque


a obrigação de fazer imposta não acarreta qualquer prejuízo à concessionária, que
já tem o dever de promover continuidade nos serviços de abastecimento de água
prestados à população.

Por fim, destaco apenas que, quanto ao pedido de item “A”, sua imposição acarreta
obrigação de fazer de complexa execução, não sendo razoável o prazo de 30 dias
para regularização definitiva do serviço de abastecimento, pois, conforme exposto
pela concessionária ré, a efetiva resolução do problema demandaria realização de
obras que são reguladas pelo trâmite licitatório, sendo o aludido pleito, matéria a ser
abordada durante a fase cognitiva do processo.

Outrossim, deve demonstrar a parte requerida, a realização de diligências efetivas


com o fito de extirpar a clarividente falha no serviço de abastecimento de água no
Conjunto Governador Valadares, remanescendo a obrigação de dirimir as
dificuldades enfrentadas pelos consumidores daquele bairro, tanto na distribuição de
carros-pipa mantendo de forma alternativa a prestação do serviço, como também
aplicando a tarifa social às faturas dos consumidores prejudicados, uma vez que a
existência de bolsões de ar na rede hidráulica precariza a leitura dos hidrômetros
afetados.

Com esses fundamentos, defiro parcialmente a tutela provisória vindicada,


determinando à ré que:

1) Promova, a suas expensas, a distribuição regular de água potável, através de


carros-pipas, para suprir o abastecimento interrompido, mantendo o fornecimento de
água a todas as unidades consumidoras do conjunto Antônio Carlos Valadares,
prejudicadas pelo vício do serviço, até completa regularização do abastecimento
com eficiência e continuidade;

2) Promova a apresentação de Relatório técnico, adunando aos autos, no prazo de


10(dez) dias úteis, identificando as ruas e as unidades consumidoras do conjunto
Antônio Carlos Valadares, localizado no bairro Santa Maria, que são servidas pela
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rede de abastecimento público da Companhia de Saneamento de Sergipe – DESO


e que sofrem o desabastecimento contínuo, como também deve informar as
medidas que estão sendo tomadas para resolução do problema;

3) Promova, a partir do mês de concessão da tutela de urgência, a emissão das


contas de serviço das unidades consumidoras do conjunto Antônio Carlos
Valadares, no bairro Santa Maria, atingidos pelo abastecimento irregular (listadas
conforme relatório do item 2), em valores correspondentes ao mínimo da tarifa
social, até completa regularização do sistema de distribuição de água, comprovando
nos autos, como forma de minimizar os prejuízos causados aos usuários,
especialmente porque foi informado sobre a existência de bolsão de ar na
tubulação, ressaindo dúvidas quanto ao registro nos hidrômetros.

II – Demais disposições

A petição inicial encontra-se de conformidade com o art. 319 do CPC.

Em que pese o disposto no art. 334, § 4º do CPC afirmar a necessidade de que


ambas as partes devem demonstrar expressamente o seu desinteresse na
composição consensual, a exegese dessa norma deve ser feita em harmonia com
outros princípios basilares da processualística pátria, pois uma interpretação literal
do texto normativo poderia ensejar afirmação equivocada de obrigação involuntária
da parte em se fazer presente, movimentando todo um aparato judicial e ensejando
maior conflito e beligerância entre os litigantes, sem que estejam aptos ao exercício
da transação, sendo a matéria bem aferida por Alexandre Câmara, in O Novo
Processo Civil Brasileiro, 2. ed., 2016, p. 201, quando leciona:

(…) Apesar do emprego, no texto legal,


do vocábulo “ambas”, deve-se
interpretar a lei no sentido de que a
sessão de mediação ou conciliação
não se realizará se qualquer das partes
manifestar, expressamente,
desinteresse na composição
consensual. Basta que uma das partes
manifeste sua intenção de não
participar da audiência de conciliação
ou de mediação para que esta não
possa ser realizada. É que um dos
princípios reitores da mediação (e da
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conciliação) é o da voluntariedade,
razão pela qual não se pode obrigar
qualquer das partes a participar, contra
sua vontade, do procedimento de
mediação ou conciliação (art. 2º, §2º
da Lei nº 13.140/2015). A audiência,
portanto, só acontecerá se nem o
autor, nem o réu, afirmarem
expressamente que dela não querem
participar (e o silêncio da parte deve
ser interpretado no sentido de que
pretende ela participar da tentativa de
solução consensual do conflito).

Desse modo, observo que, existindo insurgência de qualquer das partes, não há
como se aplicar, no caso concreto, o disposto no art. 334 do CPC, motivo porque
deixo de designar a audiência conciliatória em epígrafe, porquanto restada
impossibilitada a conciliação, mesmo existindo litisconsortes, uma vez que a medida
será inócua, tumultuará o processo, além do que ferirá as diretrizes norteadoras do
disposto no art. 334, § 6º do CPC, a dizer, a coesão dos princípios da cooperação
entre as partes, busca pela eficácia do processo, celeridade e economia
processuais, e, via de consequência faço prevalecer o princípio da duração razoável
do processo, previsto no art. 5°, inc. LXXVIII, da Constituição da República, à luz do
princípio da proporcionalidade, sobretudo por demonstrar a experiência a baixa
possibilidade de conciliação em feitos como o presente, afigurando-se, pois, muito
mais vantajosa a supressão de tal evento para a prestação jurisdicional.

Cite-se a parte ré para resposta em 15 dias, inclusive, se necessário e possível, por


meios eletrônicos, sob pena de revelia no que couber, advertindo-a que não sendo
contestada a ação, se presumirão aceitos pelo réu, como verdadeiros, os fatos
articulados pelo autor, ficando-lhe advertido também dos efeitos previstos pelos arts.
335 e 344 do CPC, bem como do prazo em dobro, em existindo litisconsórcio nos
moldes do art. 229 do CPC.

Observo que, nos termos do art. 183 do CPC, sendo parte ré qualquer daquelas ali
elencadas, o prazo contar-se-á em dobro para oferta da defesa e demais
manifestações processuais.

Após as providências acima, abrir imediata vista ao Ministério Público,


observando-se, no que couber, o art. 180 do CPC.
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