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Tribunal Superior Eleitoral

PJe - Processo Judicial Eletrônico

18/02/2022

Número: 0600427-08.2020.6.24.0086
Classe: AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL ELEITORAL
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Superior Eleitoral
Órgão julgador: Ministro Luiz Edson Fachin
Última distribuição : 09/09/2021
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Cargo - Prefeito, Cargo - Vice-Prefeito, Abuso - De Poder Econômico, Ação de
Investigação Judicial Eleitoral
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT) - MUNICIPAL ARTUR ANTUNES PEREIRA (ADVOGADO)
(AGRAVANTE) CAROLINE MARIA VIEIRA LACERDA (ADVOGADO)
JOSE EDUARDO MARTINS CARDOZO (ADVOGADO)
MARCIO LOPES DE FREITAS FILHO (ADVOGADO)
MAYRA JARDIM MARTINS CARDOZO (ADVOGADO)
RENATO FERREIRA MOURA FRANCO (ADVOGADO)
JOAO PEDRO SANSAO (ADVOGADO)
FELIPE AUGUSTO DAMACENO DE OLIVEIRA (ADVOGADO)
LUCAS TAKAMATSU GALLI (ADVOGADO)
INGRID ROSSINI NUNES (ADVOGADO)
PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO (PSB) - MUNICIPAL ARTUR ANTUNES PEREIRA (ADVOGADO)
(AGRAVANTE)
PARTIDO VERDE (PV) - MUNICIPAL (AGRAVANTE) ARTUR ANTUNES PEREIRA (ADVOGADO)
LUCIANO HANG (AGRAVADO) VICTOR SANGIULIANO SANTOS LEAL (ADVOGADO)
MURILO VARASQUIM (ADVOGADO)
REGIANE MARIA SOPRANO MORESCO (ADVOGADO)
JOSE ARI VEQUI (AGRAVADO) LEONARDO MAESTRI (ADVOGADO)
PAULO DA SILVEIRA MAYER (ADVOGADO)
GILMAR DOERNER (AGRAVADO) LEONARDO MAESTRI (ADVOGADO)
PAULO DA SILVEIRA MAYER (ADVOGADO)
COLIGAÇÃO BRUSQUE MAIS FORTE (AGRAVADA) LEONARDO MAESTRI (ADVOGADO)
PAULO DA SILVEIRA MAYER (ADVOGADO)
Procurador Geral Eleitoral (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
15726 17/02/2022 17:56 Decisão Decisão
5097
TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL ELEITORAL (12626) Nº 0600427-08.2020.6.24.0086 (PJe) - BRUSQUE


- SANTA CATARINA

RELATOR: MINISTRO LUIZ EDSON FACHIN


AGRAVANTE: PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT) - MUNICIPAL, PARTIDO SOCIALISTA
BRASILEIRO (PSB) - MUNICIPAL , PARTIDO VERDE (PV) - MUNICIPAL

Advogados do(a) AGRAVANTE: ARTUR ANTUNES PEREIRA - SC0043280, CAROLINE MARIA VIEIRA
LACERDA - DF42238-A, JOSE EDUARDO MARTINS CARDOZO - DF54244-S, MARCIO LOPES DE
FREITAS FILHO - DF29181-A, MAYRA JARDIM MARTINS CARDOZO - DF59414-A, RENATO FERREIRA
MOURA FRANCO - DF35464-A, JOAO PEDRO SANSAO - SC59634, FELIPE AUGUSTO DAMACENO DE
OLIVEIRA - DF59848-A, LUCAS TAKAMATSU GALLI - DF61880-A, INGRID ROSSINI NUNES - DF67441
Advogado do(a) AGRAVANTE: ARTUR ANTUNES PEREIRA - SC0043280
Advogado do(a) AGRAVANTE: ARTUR ANTUNES PEREIRA - SC0043280
AGRAVADO: LUCIANO HANG, JOSE ARI VEQUI, GILMAR DOERNER
AGRAVADA: COLIGAÇÃO BRUSQUE MAIS FORTE

Advogados do(a) AGRAVADO: VICTOR SANGIULIANO SANTOS LEAL - PR0069684, MURILO


VARASQUIM - PR0041918, REGIANE MARIA SOPRANO MORESCO - SC0008009
Advogados do(a) AGRAVADO: LEONARDO MAESTRI - SC0054325, PAULO DA SILVEIRA MAYER -
SC0019063
Advogados do(a) AGRAVADO: LEONARDO MAESTRI - SC0054325, PAULO DA SILVEIRA MAYER -
SC0019063
Advogados do(a) AGRAVADA: LEONARDO MAESTRI - SC0054325, PAULO DA SILVEIRA MAYER -
SC0019063

DECISÃO

ELEIÇÕES 2020. AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL ELEITORAL. AÇÃO DE
INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL.
PREFEITO E VICE-PREFEITO. ABUSO DE
PODER ECONÔMICO. ALEGADA VIOLAÇÃO AO
ART. 37, CAPUT E § 4º, DA LEI Nº 9.504/1997.
MATÉRIA NÃO PREQUESTIONADA. SÚMULA
Nº 72/TSE. NECESSIDADE DE ROBUSTEZ
PROBATÓRIA. PROVAS INÁBEIS PARA
COMPROVAR A PRÁTICA DOS ILÍCITOS.

Assinado eletronicamente por: LUIZ EDSON FACHIN - 17/02/2022 17:56:43, LUIZ EDSON FACHIN - 17/02/2022 17:56:27 Num. 157265097 - Pág. 1
https://pje.tse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22021717564310400000155960741
Número do documento: 22021717564310400000155960741
GRAVIDADE. INOCORRÊNCIA. NEGATIVA DE
SEGUIMENTO.

Trata-se de agravo de instrumento interposto pelo Partido dos Trabalhadores (PT) – Municipal,
Partido Socialista Brasileiro (PSB) - Municipal e Partido Verde (PV) - Municipal de decisão que inadmitiu
recurso especial manejado contra acórdão do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE/SC) que, à
unanimidade, negara provimento ao recurso eleitoral por eles interposto, mantendo a sentença que julgara
improcedente a Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) ajuizada pelos ora agravantes e pelo Podemos
(PODE) contra a Coligação Brusque Mais Forte, José Ari Vequi, Gilmar Doerner e Luciano Hang, por entender
inexistente prova robusta para configuração do ilícito.
O acórdão regional foi assim ementado (ID 154785388):

ELEIÇÕES 2020 – RECURSO ELEITORAL – AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL


ELEITORAL – ABUSO DE PODER ECONÔMICO (LEI COMPLEMENTAR N. 64/1990, ART.
22) – PUBLICAÇÕES NO INSTAGRAM EXTERNANDO OPINIÃO IDEOLÓGICA E
CONTENDO APOIO POLÍTICO – ALEGAÇÃO DE UTILIZAÇÃO DE ESPAÇOS,
FUNCIONÁRIOS, FORNECEDORES E BENS DA EMPRESA EM BENEFÍCIO DE
DETERMINADA CANDIDATURA – SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA – ANÁLISE DAS
MÍDIAS PUBLICADAS NO INSTAGRAM – 28 VÍDEOS JUNTADOS COM A INICIAL, QUE
DEMONSTRAM O EXERCÍCIO DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO, INCLUSIVE COM
DECLARAÇÕES DE POSIÇÕES POLÍTICAS E OPINIÕES PESSOAIS DO ENVOLVIDO – A
CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O RETORNO DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO COM
A PLENITUDE DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO, POSSIBILITAM QUE INÚMERAS
PESSOAS, ENTRE ARTISTAS, CANTORES, ATORES E ATRIZES, DECLAREM SEU
APOIO POLÍTICO A CANDIDATOS OU A DETERMINADA CORRENTE IDEOLÓGICA – AS
OPINIÕES DIVERGENTES PODEM CAUSAR INCÔMODO E INQUIETAÇÃO, E ATÉ
INDIGNAÇÃO EM CERTOS MOMENTOS, MAS É DEVER DE TODOS RESPEITAR O
DIREITO À LIBERDADE DE EXTERNÁ-LAS – A PRÓPRIA LEGISLAÇÃO ELEITORAL
DISPÕE SER LIVRE A MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO, POR MEIO DA REDE
MUNDIAL DE COMPUTADORES (INTERNET), BEM COMO POR OUTROS MEIOS DE
COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL, MEDIANTE MENSAGEM ELETRÔNICA DURANTE A
CAMPANHA ELEITORAL (LEI N. 9.504/97, ART. 57-D) – O DIREITO À INFORMAÇÃO
TAMBÉM É ASSEGURADO AO ELEITOR, SENDO QUE, ATUALMENTE, NAS MÍDIAS
SOCIAIS, PARA SER IMPLEMENTADO, NECESSITA IMPRETERIVELMENTE DA AÇÃO
COMISSIVA E DO DESEJO DO PRÓPRIO USUÁRIO EM SEGUIR DETERMINADA
PESSOA – INEXISTÊNCIA DE CONJUNTO PROBATÓRIO HARMÔNICO E
CONVERGENTE PARA CONFIGURAÇÃO DE QUALQUER ILÍCITO ELEITORAL
DESCRITO NA EXORDIAL – IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO – PRECEDENTES.

A jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral é firme no sentido de que, para afastar


determinado mandato eletivo obtido nas urnas, compete à Justiça Eleitoral, com base na
compreensão da reserva legal proporcional e com fundamento em provas robustas, verificar
a existência de grave abuso de poder, suficiente para ensejar as rigorosas sanções de
inelegibilidade e de cassação do registro, do diploma ou do mandato. Precedentes. [TSE.
Ação de Investigação Judicial Eleitoral nº 060196795, Relator Min. Jorge Mussi, DJE
26.09.2019].

RECURSO DESPROVIDO.

Assinado eletronicamente por: LUIZ EDSON FACHIN - 17/02/2022 17:56:43, LUIZ EDSON FACHIN - 17/02/2022 17:56:27 Num. 157265097 - Pág. 2
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Número do documento: 22021717564310400000155960741
Nas razões do recurso especial, interposto com esteio nos arts. 121, § 4º, I, da Constituição
Federal e 276, I, a, do Código Eleitoral, os recorrentes sustentaram que o acórdão regional fora proferido em
contrariedade ao art. 237 do Código Eleitoral e frente a clara divergência de interpretação entre o Tribunal a
quo e a deste próprio Tribunal Superior Eleitoral, já que não há como não se classificar os atos dos recorridos
de outra forma, que não seja a de Abuso de Poder Econômico (ID 154785738, p. 6).
Relataram que Luciano Hang, um dos fundadores da loja Havan, utilizando estrutura, marca,
bens e funcionários da empresa, produzira diversos vídeos, os quais foram disparados nas redes sociais, com a
intenção de interferir no pleito de 2020 e beneficiar os candidatos recorridos, violando o princípio da igualdade.
Aduziram que, com o advento da Lei nº 13.165/2015, não é mais permitido aos candidatos o
recebimento em doação de valores e serviços provenientes de pessoas jurídicas, para que não haja
desequilíbrio entre os candidatos no pleito, de modo que seria proibido às empresas ceder seus espaços
físicos, sua estrutura, sua reputação, sua influência, seus funcionários e seus bens para, de algum modo,
participarem do processo eleitoral por meio de realização de propagandas eleitorais (ID 154785738, p. 7).
Afirmaram que o abuso cometido pelos recorridos estaria também estampado na violação ao art.
37, caput e § 4º, da Lei nº 9.504/1997, porquanto é vedada propaganda eleitoral nos bens de uso comum.
Assinalaram que, embora o art. 22 da Lei Complementar nº 64/1990 disponha que, para a
configuração do ato abusivo, não será considerada a potencialidade de o fato alterar o resultado da eleição,
mas apenas a gravidade das circunstâncias que o caracterizam, deve-se salientar que todos os atos abusivos
perpetrados em benefício da candidatura dos recorridos, certamente tiveram enorme potencial lesivo e
certamente alteraram e influenciaram o resultado da eleição, justamente porque, denota-se que todos os vídeos
ilegais tiveram enorme alcance na comunidade brusquense (ID 154785738, p. 27).
Acrescentaram que a gravidade das circunstâncias também estaria presente, tendo em vista a
quantidade de vídeos ilegais e a volumosa repercussão desses materiais que teriam afetado o princípio da
igualdade entre os candidatos, influenciando indevidamente o pleito, além do fato de que o empresário já teria
sido condenado na Representação nº 0601434-39.2016.6.00.0000 pela prática da mesma conduta.
Ao final, pugnaram pelo conhecimento e provimento do recurso especial para, reformando-se o
acórdão regional, (i) ser aplicada aos recorridos a sanção de inelegibilidade, (ii) serem cassados os respectivos
diplomas e mandatos, (iii) ser determinada a realização de nova eleição no Município de Brusque/SC, e (iv) ser
aplicada penalidade de multa ao recorrido Luciano, em montante que seja minimamente significativa e apta a
produzir efeito pedagógico e desmotivar a repetição dos atos aqui apontados (ID 154785738, p. 30).
O Presidente do Tribunal de origem inadmitiu o recurso especial sob o fundamento de que os
recorrentes, apesar de interporem o apelo com esteio no art. 121, § 4º, I, da Constituição Federal, não
demonstraram a violação a dispositivo de lei federal ou constitucional.
Esclareceu que o fato de haver interpretações dissonantes não é suficiente a ensejar a subida
do recurso especial: a afronta a embasá-lo deve ser direta e expressa, e não subjetiva, pessoal, de sorte que
o puro e simples inconformismo da parte com o veredicto não autoriza a sua admissão (ID 154785838, grifo no
original).
Adveio a interposição de agravo de instrumento, no qual a parte afirma que o apelo não se
fundou em interpretações dissonantes de uma disposição legal, mas sim em uma evidente, objetiva, expressa e
clara afronta à legislação eleitoral, em especial ao artigo 237 do Código Eleitoral, já que o acórdão atacado pelo
Recurso Especial dos agravantes, funda-se objetivamente na negativa de vigência à tal dispositivo legal, que é
o que representa a decisão do Tribunal a quo (ID 154786038, p. 7).
No mais, os agravantes reiteram os argumentos lançados no recurso especial e requerem, por
derradeiro, o provimento do agravo para destrancar o recurso especial, a fim de que seja apreciado e, ao final,
provido.
Instados a se manifestarem (ID 154786488), apenas a Coligação Brusque Mais Forte, Jose Ari
Vechi e Gilmar Doerner apresentaram contrarrazões (ID 154786638). Luciano Hang, por sua vez, deixou o
prazo transcorrer in albis (ID 154786738).
A Procuradoria-Geral Eleitoral manifesta-se pelo desprovimento do agravo (ID 157213220).
É o relatório. Decido.
O agravo não merece prosperar, ante a inviabilidade do recurso especial.

Assinado eletronicamente por: LUIZ EDSON FACHIN - 17/02/2022 17:56:43, LUIZ EDSON FACHIN - 17/02/2022 17:56:27 Num. 157265097 - Pág. 3
https://pje.tse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22021717564310400000155960741
Número do documento: 22021717564310400000155960741
Na espécie, o TRE/SC, por unanimidade, negou provimento ao recurso eleitoral interposto,
mantendo a sentença que julgara improcedente a AIJE ajuizada pelos ora agravantes e pelo PODE contra a
Coligação Brusque Mais Forte, José Ari Vequi, Gilmar Doerner e Luciano Hang, por entender inexistente prova
robusta para configuração do ilícito. Confira-se (ID 154785438):

Como se denota na inicial, em síntese, afirmam os autores que o recorrido Luciano Hang se
utilizou de espaços, funcionários, fornecedores e bens da empresa Havan em benefício da
candidatura dos investigados José Ari Vequi e Gilmar Doerner, agindo, assim, com abuso de
poder econômico.

Nessa linha de argumentação, afirmam que se comprova a ilegalidade narrada pelas


postagens feitas no Instagram dos recorridos, exemplificando que se pode verificar esse fato
pela publicação feita por Gilmar Doerner, na qual poderia se observar a realização de
campanha dentro do estabelecimento comercial de Luciano Hang.

Já a Coligação Brusque Mais Forte, Jose Ari Vequi e Gilmar Doerner afirmaram, em síntese,
que foram eleitos com 40,54% dos votos válidos, sendo que esse resultado representa o
dobro da votação do segundo colocado e demonstra que o pleito eleitoral foi legitimado pela
escolha popular e sem qualquer influência de outrem.

Quanto ao abuso de poder econômico, aduzem que é no mínimo desarrazoado o simples


argumento de que a manifestação da intenção de voto do Sr. Luciano Hang teria a
capacidade de influenciar em mais da metade dos votos recebidos pelos Requeridos –
apenas com vídeos gratuitos em suas redes sociais, concluindo que não é de hoje que o Sr.
Luciano Hang se manifesta contrário aos partidos de esquerda.

Nessa linha, esclareceram que não foi somente Luciano Hang que conclamou seu apoio a
candidatura, outros grandes empresários de Brusque, como por exemplo Ademar Sapelli –
Empresário da SANCRIS; Fernando Heil – Empresário do STOPSHOP; Adriano José
Benvenutti – Empresário da TRANSBEN, externaram seu apoio aos Requeridos. Isso sem
contar o apoio do Megaempresário Sr. Newton Patrício Crespi, dono do complexo de lojas
da FIP.

Já o recorrido Luciano Hang afirmou que suas manifestações foram espontâneas, sem
qualquer uso da máquina pública, elucidando que é de conhecimento público que possui
posição política altamente ativa e posicionamento rígido contra os chamados partidos de
esquerda, principalmente o Partido dos Trabalhadores, de forma que não poderia deixar de
manifestar seu apoio ideológico aos candidatos de direita de todo o País e não somente de
Brusque como pretendem fazer crer os Requerentes.

Finalizou sua defesa informando que manifestou sim, seu apoio à candidatura de Ari Vequi,
bem como sua posição totalmente contrária ao PT e aos demais partidos de esquerda, mas
em nenhum momento utilizou qualquer recurso financeiro de sua empresa, na candidatura ou
na campanha do mesmo.

Esses são os limites da controvérsia.

Primeiramente, reputo necessário tornar claro que a presente ação tem como objetivo
averiguar notícia de suposto abuso de poder econômico nas eleições municipais de
2020, na cidade de Brusque, tendo como dispositivo norteador a Lei Complementar n.
64/1990.

Faço tal missiva em virtude de que os recorrentes, em seu recurso, fazem um


comparativo equivocado do presente feito com a decisão exarada nos autos da RP n.

Assinado eletronicamente por: LUIZ EDSON FACHIN - 17/02/2022 17:56:43, LUIZ EDSON FACHIN - 17/02/2022 17:56:27 Num. 157265097 - Pág. 4
https://pje.tse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22021717564310400000155960741
Número do documento: 22021717564310400000155960741
0601434-39.2016.6.00.0000, que tramitou no Tribunal Superior Eleitoral.

Ocorre que a discussão naquele processo teve como tema de fundo a suposta prática
de propaganda irregular em bem de uso comum, nas eleições de 2018 (ID 13010105),
fato que não é objeto a ser discutido no presente caso.

Assim, o exame das postagens descritas na inicial não se dará sob a ótica da existência
ou não de uma propaganda eleitoral irregular, cingindo-se, estritamente, a apurar se
com essas publicações no Instagram e com as provas contidas nos autos houve a
prática de abuso de poder econômico.

Feitas tais explanações, aprecio o mérito da quaestio.

Relativamente ao abuso de poder, a Lei Complementar n. 64/1990 regula:

Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público Eleitoral
poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou Regional,
relatando fatos e indicando provas, indícios e circunstâncias e pedir abertura de
investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou
do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de comunicação
social, em benefício de candidato ou de partido político, obedecido o seguinte rito:

[...]

XIV – julgada procedente a representação, ainda que após a proclamação dos eleitos,
o Tribunal declarará a inelegibilidade do representado e de quantos hajam contribuído
para a prática do ato, cominando-lhes sanção de inelegibilidade para as eleições a se
realizarem nos 8 (oito) anos subsequentes à eleição em que se verificou, além da
cassação do registro ou diploma do candidato diretamente beneficiado pela
interferência do poder econômico ou pelo desvio ou abuso do poder de autoridade ou
dos meios de comunicação, determinando a remessa dos autos ao Ministério Público
Eleitoral, para instauração de processo disciplinar, se for o caso, e de ação penal,
ordenando quaisquer outras providências que a espécie comportar;

XVI – para a configuração do ato abusivo, não será considerada a potencialidade de o


fato alterar o resultado da eleição, mas apenas a gravidade das circunstâncias que o
caracterizam. (grifei).

Já o doutrinador José Jairo Gomes, nesse ponto, leciona:

Preocupou-se o legislador com os efeitos deletérios que a influência e o uso abusivo de


poder podem exercer no processo eleitoral. Daí a criação de um conjunto próprio de
normas com o fito de proteger a normalidade e a legitimidade das eleições,
notadamente contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de
função cargo ou emprego na administração direta ou indireta (CF, art. 14 § 9º).

Nesse sentido dispõe o artigo 237, caput, do Código Eleitoral: A interferência do poder
econômico e o desvio ou abuso do poder de autoridade em desfavor da liberdade do
voto serão coibidos e punidos. O processo eleitoral e as eleições assim viciadas são

Assinado eletronicamente por: LUIZ EDSON FACHIN - 17/02/2022 17:56:43, LUIZ EDSON FACHIN - 17/02/2022 17:56:27 Num. 157265097 - Pág. 5
https://pje.tse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22021717564310400000155960741
Número do documento: 22021717564310400000155960741
anuláveis conforme proclama o artigo 222 do mesmo Código.

[...].

Destarte a expressão abuso de poder econômico deve ser compreendida como a


realização de ações (ativas ou omissivas) que consubstanciem mau uso de recurso,
estrutura, situação jurídica ou direito patrimoniais em proveito ou detrimento de
candidaturas. A finalidade do agente é influenciar a formação da vontade política dos
cidadãos, condicionando o sentido do voto, e assim interferir em seus comportamentos
quando do exercício do sufrágio. Por terem um propósito de exercer indevida influência
no processo eleitoral as referidas ações não são razoáveis nem normais à vista do
contexto em que ocorrem, revelando a existência de exorbitância, desdobramento, ou
excesso no exercício de situação jurídica ou dos respectivos direitos e no emprego de
recursos. (In Direito Eleitoral, 16ª Edição, Editora Atlas, 2020) - grifei.

Como se observa, para que se constate o abuso de poder econômico é imperioso que
se tenha atos e ações desarrazoadas e anormais, com o uso exacerbado/vultoso de
recursos, a fim de exercer uma indevida influência em uma determinada candidatura.

E calha frisar que tal abuso deve ter elevada magnitude e gravidade, pois assim ter-se-
á o aviltamento da vontade do eleitor, obtido com a injeção de recursos econômicos no
pleito.

Contudo, ao fazer o cotejo das acusações com o acervo probatório produzido nos
autos, atendo-se aos limites e concepções legais para a tipificação desse ilícito
eleitoral, não é possível concluir pela prática de qualquer conduta eleitoralmente
abusiva ou ilegal, quiçá com gravidade suficiente para macular a regularidade do pleito
e o equilíbrio da disputa eleitoral.

Essa conclusão decorre do fato de que, ao analisar os 28 vídeos juntados com a inicial,
alguns duplicados, não detectei qualquer comportamento que pudesse ser enquadrado
como de elevada reprovabilidade e com o uso indevido de recursos financeiros.

Os vídeos contidos nos autos demonstram de forma inequívoca a posição política do


recorrido Luciano Hang, inclusive com crítica mordaz e direta às agremiações partidárias com
matriz ideológica de esquerda.

A título de exemplo, cito o vídeo farinha do mesmo saco (ID 13009305), no qual o recorrido
Luciano Hang retira as bandeiras dos partidos PV, PCdoB, PSB, PDT, PSOL e PT, de um
saco de farinha e faz alusão destas agremiações serem todas iguais.

Também vale mencionar o comentário cáustico de Luciano Hang ao Partido dos


Trabalhadores, quanto à alteração da forma da propaganda da agremiação, em especial em
virtude da modificação das cores anteriormente usadas pelo partido, fazendo menção que
apesar dessa inovação, os candidatos da referida grei partidária, usam a cor vermelha por
debaixo de suas roupas (ID 13009555).

Da mesma forma, verifiquei que nos vídeos mencionados há apoio explícito de Luciano Hang
ao investigado Ari Vequi (ID 13009705), sendo que, no caso, não vislumbrei em tal conduta o
excesso aos limites da lei, a fim de configurar abuso de poder econômico.

Ainda, ressalto que em momento algum do feito foi trazida qualquer prova ou indício
do emprego desproporcional de recursos patrimoniais, com gravidade suficiente para

Assinado eletronicamente por: LUIZ EDSON FACHIN - 17/02/2022 17:56:43, LUIZ EDSON FACHIN - 17/02/2022 17:56:27 Num. 157265097 - Pág. 6
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Número do documento: 22021717564310400000155960741
afetar o equilíbrio entre os candidatos e macular a legitimidade da disputa eleitoral no
município de Brusque.

Quanto à temática do abuso de poder econômico, rotineiramente enfrentada pelo Tribunal


Superior Eleitoral, reforço que é indispensável que se tenha elementos mínimos a serem
observados quanto à prova de sua existência, conforme arestos abaixo citados, verbis:

[...]

Como se denota, a Colenda Corte Superior Eleitoral, ampara inequivocadamente o direito


fundamental de liberdade de expressão, possibilitando ao indivíduo externar sua opinião de
maneira ampla nos moldes da Constituição.

Não há, portanto, no caso em apreço, maiores reflexões de cunho hermenêutico a


serem feitas, mas, a meu ver, merece citação o insigne Rui Barbosa quanto às
garantias constitucionais:

Garantias constitucionais se chamam, primeiramente, as defesas postas pela


Constituição aos direitos do indivíduo. Consistem elas no sistema de proteção
organizado pelos autores da nossa Lei Fundamental em segurança da pessoa humana,
da vida humana, da liberdade humana. Nele se contemplam a igualdade legal, a
consciência, a palavra, o ensino, a associação, o domicílio, a propriedade. Tudo o que
a essa região toca, se inscreve sob o domínio das garantias constitucionais, no sentido
mais ordinário desta locução. (Rui Barbosa, Tribuna Parlamentar – República, III, p.60).

Por fim, é preciso ponderar que a realização de publicação em rede social, ainda mais
em época de pandemia, externando posicionamento, declaração de voto ou linha
ideológica, durante o período de campanha, faz parte do regime democrático e não
pode ser reprimida quando não desrespeite as restrições impostas por lei.

Em conclusão, à vista dos precedentes e por inexistir nos autos indício ou substrato
probatório harmônico e conclusivo a demonstrar a efetiva ocorrência de quaisquer dos
ilícitos descritos na petição inicial, a questão como posta e decidida pela Juíza
Eleitoral não merece qualquer reparo.

Ante o exposto, voto pelo conhecimento e desprovimento do recurso, para manter a íntegra
da decisão que julgou improcedente a Ação de Investigação Judicial Eleitoral – AIJE proposta
pelo Partido Podemos (PODE) , Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Socialista Brasileiro
(PSB) e Partido Verde (PV), todos do município de Brusque, contra a Coligação Brusque
Mais Forte (DEM, MDB, DC e PSDB), José Ari Vequi, Gilmar Doerner e Luciano Hang.

É como voto. (Grifos nossos)

Inicialmente, no tocante à alegação de violação ao art. 37, caput e § 4º, da Lei nº 9.504/1997,
verifica-se que não foi objeto de análise pela Corte regional.

Assinado eletronicamente por: LUIZ EDSON FACHIN - 17/02/2022 17:56:43, LUIZ EDSON FACHIN - 17/02/2022 17:56:27 Num. 157265097 - Pág. 7
https://pje.tse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22021717564310400000155960741
Número do documento: 22021717564310400000155960741
Com efeito, a Corte regional esclareceu que o exame das postagens descritas na inicial não foi
realizado sob a ótica da existência ou não de uma propaganda eleitoral irregular, cingindo-se, estritamente, a
apurar se com essas publicações no Instagram e com as provas contidas nos autos houve a prática de abuso
de poder econômico (ID 154785438).
Dessa forma, quanto ao ponto, o recurso carece do pressuposto específico de admissibilidade
atinente ao prequestionamento, o que atrai a incidência da Súmula nº 72/TSE, cujo enunciado diz que é
inadmissível o recurso especial eleitoral quando a questão suscitada não foi debatida na decisão recorrida e
não foi objeto de embargos de declaração.
Quanto ao mais, depreende-se que a Corte regional, soberana na análise de fatos e provas,
consignou que não foi possível constatar a prática de nenhuma conduta abusiva ou ilegal que pudesse ser
enquadrada de elevada reprovabilidade ou com uso indevido de recursos financeiros, com gravidade suficiente
para macular a regularidade do pleito e o equilíbrio da disputa eleitoral.
Assentou, ainda, que os vídeos contidos nos autos demonstram de forma inequívoca a posição
política do recorrido Luciano Hang, inclusive com crítica mordaz e direta às agremiações partidárias com matriz
ideológica de esquerda (ID 154785438), manifestação que faz parte do regime democrático e não pode ser
reprimida, tendo em vista o direito fundamental à liberdade de expressão.
Observa-se, desse modo, que, para alterar o entendimento do TRE/SC e considerar que restou
cabalmente demonstrados a gravidade das condutas hábil a comprometer as eleições e o abuso de poder
econômico, seria necessário o reexame do conjunto fático-probatório dos autos, inviável em sede especial, por
força da Súmula nº 24/TSE: Não cabe recurso especial eleitoral para simples reexame do conjunto fático-
probatório.
Frise-se que esta Corte Superior possui entendimento consolidado no sentido de que, para a
caracterização do ilícito, é necessária a prova da gravidade das circunstâncias do caso concreto, suscetível a
adelgaçar a igualdade de chances na disputa eleitoral, o que não ocorreu na hipótese. Por pertinente, confiram-
se alguns precedentes:

ELEIÇÕES 2018. AGRAVO INTERNO EM RECURSO ORDINÁRIO. ABUSO DO PODER


ECONÔMICO. AUSÊNCIA DE CARACTERIZAÇÃO. NEGADO PROVIMENTO.

1. Esta Corte assentou que o advento do art. 932, IV, do CPC/2015 não retirou a
possibilidade de se negar seguimento monocraticamente ao apelo (AgR-RO nº 0600002-
04/PR, da relatoria do Ministro Luis Felipe Salomão, julgado na sessão, ocorrida por meio
eletrônico, de 25.9.2020 a 1º.10.2020).

2. Hipótese em que é incontroverso, nos autos do processo eletrônico, que, em 17.9.2018, na


Igreja do Evangelho Quadrangular Tabernáculo dos Milagres, localizada no bairro Marabaixo
IV, em Macapá, durante evento em comemoração ao aniversário do referido templo religioso,
o pastor Ronaldo de Azevedo Junior – no altar, diante da candidata Edna Auzier e de seu
esposo – proferiu o seguinte pronunciamento (ID 7909888): [...] A nós, como cristãos, nós
temos que votar com ideologia. Amém! Alguém que vai defender os nossos conceitos
cristãos (...) e aqui está homens e mulheres de Deus pra isso, amém?! Então eu quero orar
por eles agora, né?! Quero estar orando pela vida deles [sic] [...]. Igualmente, é incontroverso
que a primeira agravada se manifestou nos seguintes termos (ID 7909888): Não tem nada
mais importante do que a família! Não tem nada mais importante do que servir a Deus! E hoje
e venho aqui com muita alegria desejar a paz do Senhor a todos [sic]!.

3. A aplicação das sanções previstas no art. 22 da LC nº 64/1990 exige seja aferida a


gravidade da conduta reputada ilegal, levando em consideração se, ante as
circunstâncias do caso concreto, os fatos apurados são suficientes para gerar
desequilíbrio na disputa eleitoral ou evidente prejuízo potencial à lisura do pleito.
Precedente.

4. Os fatos apurados não são suficientes para desequilibrar a disputa eleitoral ou gerar

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evidente prejuízo potencial à lisura do pleito, de modo que meras presunções a respeito do
proveito eleitoral não se prestam a caracterizar o abuso do poder econômico, conforme o
entendimento desta Corte. Precedente.

5. Os argumentos deduzidos nas razões do agravo interno não se mostram suficientes para
afastar a conclusão da decisão agravada, devendo, portanto, ser negado provimento àquele.

6. Agravo interno ao qual se nega provimento.

(AgR-RO nº 0601537-62/AP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe de 12.11.2020 – grifos
nossos);

ELEIÇÕES 2018. AGRAVO INTERNO EM RECURSO ORDINÁRIO. GOVERNADOR E


VICE-GOVERNADOR. AIJE. SUPOSTOS ILÍCITOS CONFIGURADORES DE CAPTAÇÃO
ILÍCITA DE SUFRÁGIO E DE CONDUTA VEDADA, BEM COMO DE ABUSO DOS
PODERES POLÍTICO E ECONÔMICO E DE USO INDEVIDO DOS MEIOS DE
COMUNICAÇÃO. NÃO RECONHECIMENTO DA PRÁTICA ABUSIVA PARA FINS DE
INCIDÊNCIA DO ART. 22 DA LC Nº 64/1990. AUSÊNCIA DE PROVA ROBUSTA. NÃO
DEMONSTRAÇÃO DE DESEQUILÍBRIO DO PLEITO. GRAVIDADE DAS
CIRCUNSTÂNCIAS NÃO COMPROVADA. FALTA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA AOS
FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. DIALETICIDADE RECURSAL. INCIDÊNCIA
DO ENUNCIADO SUMULAR Nº 26 DO TSE. NEGADO PROVIMENTO AO AGRAVO
INTERNO.

1. Conforme destacado na decisão monocrática agravada, (a) inexiste, nos autos digitais,
prova indubitável que corrobore, com a necessária certeza, a prática de captação ilícita de
sufrágio imbricada com abuso do poder econômico relativamente à indigitada distribuição de
brindes; (b) não há falar em conduta vedada ou mesmo em abuso do poder político
decorrente da suposta propaganda em bem público, haja vista a ausência da necessária
relação de hierarquia entre o recorrido – não mais detentor da condição de agente público – e
os referidos servidores integrantes da Administração Pública estadual; (c) a confecção e a
distribuição de panfletos pelos recorridos, por meio do chamado voo da madrugada,
conquanto revele a prática irregular de propaganda eleitoral, não se revestiu da gravidade
imprescindível à caracterização do abuso do poder econômico pelo emprego
desproporcional de recursos financeiros, tal como compreendido pela jurisprudência
desta Corte Superior, tampouco se prestou a ensejar uma condenação com base no
art. 41-A da Lei nº 9.504/1997; e (d) a divulgação feita pelos recorridos – ora agravados – na
plataforma Facebook, no dia do segundo turno, não teve, tal como assentado pelo Tribunal
regional, o condão de configurar o uso indevido dos meios de comunicação social, haja vista
a ausência de provas robustas quanto à ocorrência de abuso em benefício de suas
candidaturas.

[...]

4. Negado provimento ao agravo interno.

(AgR-RO nº 0608856-37/RJ, Rel. Min. Og Fernandes, DJe de 1º.9.2020 – grifos nossos);

ELEIÇÕES 2014. RECURSOS ORDINÁRIOS. CONTRATAÇÃO DE SERVIDORES


TEMPORÁRIOS EM PROL DA CANDIDATURA DA IRMÃ DO PREFEITO. CONFIGURAÇÃO
DO ABUSO DE PODER E CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO. INSUFICIÊNCIA DO

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CONJUNTO PROBATÓRIO PARA A RESPONSABILIZAÇÃO DE CANDIDATO A
DEPUTADO FEDERAL. RESCISÃO DE CONTRATOS TEMPORÁRIOS APÓS AS
ELEIÇÕES E ANTES DA POSSE DOS ELEITOS. CONFIGURAÇÃO DE CONDUTA
VEDADA NO CASO CONCRETO APESAR DE NÃO PRATICADA NA CIRCUNSCRIÇÃO DO
PLEITO. IMPOSSIBILIDADE DE IMPOSIÇÃO DE MULTA AO NÃO CANDIDATO.

[...]

16. Com a alteração pela LC 135/2010, na nova redação do inciso XVI do art. 22 da LC
64/90, passou-se a exigir, para configurar o ato abusivo, que fosse avaliada a gravidade das
circunstâncias que o caracterizam, devendo-se considerar se, ante as circunstâncias do caso
concreto, os fatos narrados e apurados são suficientes para gerar desequilíbrio na disputa
eleitoral ou evidente prejuízo potencial à lisura do pleito (REspe 822-03/PR, Rel. Min.
Henrique Neves da Silva, DJe de 4.2.2015).

[...]

(RO nº 2229-52/AP, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de 6.4.2018).

Assim, diante da inexistência de prova inequívoca da gravidade dos fatos e das circunstâncias
que os cercam – quanto à influência na legitimidade e na isonomia do pleito –, ou mesmo de qualquer menção
ao elemento monetário na hipótese, não há falar-se em robustez probatória e, por conseguinte, em abuso de
poder econômico.
Ante o exposto, nos termos do art. 36, § 6º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral,
nego seguimento ao agravo.
Publique-se.
Brasília, 17 de fevereiro de 2022.

Ministro LUIZ EDSON FACHIN


Relator

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