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Lava Jato
Irregularidades e confusões
A maior investigação anticorrupção do mundo, como a chamou
um magistrado sênior, tornou-se o maior escândalo jurídico da
história do país. Depois de mais de sete anos de processos, o
próprio cerne da Justiça brasileira acaba de se retrair tanto na
substância quanto na forma, abrindo um abismo de
questionamentos sobre seus métodos, seus meios e suas
escolhas.
Medo do terrorismo
É verdade que, no mundo da cooperação judiciária
internacional, a luta contra a corrupção, a lavagem de dinheiro
e o terrorismo ocupa um lugar especial. Após os ataques de 11
de setembro, os Estados Unidos estavam procurando por
todos os meios neutralizar ataques futuros, em particular
visando as redes financeiras dessas organizações. Porém, no
Brasil, a inteligência americana estava preocupada com a
presença, na tríplice fronteira entre Argentina, Paraguai e
Brasil, de possíveis células do Hezbollah, entidade apoiada
pelo Irã e colocada por muito tempo na lista negra americana.
Espionagem ilegal
Por enquanto, o governo petista não vê nada chegando. Três
meses depois da reunião de Fortaleza, em vez de fazer uma
reforma política para acabar com o financiamento ilegal de
campanhas eleitorais, o partido prefere fazer promessas à
opinião pública apresentando um projeto de lei anticorrupção.
Espera, assim, responder às críticas recorrentes desde que o
PT assumiu o poder e ganhar influência na cena internacional
ao cumprir, em particular, os padrões da OCDE, onde o grupo
de trabalho contra a corrupção (Grupo de Trabalho da OCDE
sobre Suborno em Transações Comerciais Internacionais),
fortemente influenciada pelos Estados Unidos, está
pressionando o Brasil a reformar sua legislação nessa área.
Ameaças do Exército
Quando Lula foi condenado por “corrupção passiva e lavagem
de dinheiro” em 12 de julho de 2017, poucos jornalistas
relataram que essas acusações foram pronunciadas “por fatos
indeterminados”. O argumento é, no entanto, explicitamente
declarado no documento de 238 páginas detalhando a decisão
do Sr. Moro. Nos anexos à condenação, o magistrado esclarece
que “nunca afirmou que os valores obtidos pela empresa OAS
com os contratos com a Petrobras foram usados para pagar
vantagens indevidas ao ex-presidente”.
Um denunciante preso
Eleito Bolsonaro, a imprensa internacional não demora a se
distanciar do “vigilante de Curitiba”. Vem sublinhar a sua
inconsistência ética ao aliar-se, assim, a um presidente de
extrema direita, membro, há décadas, de uma pequena
formação especialmente conhecida por ter estado envolvida
em inúmeros casos de corrupção.