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UNIVERSIDADE CEUMA

CAMPUS RENASCENÇA, SÃO LUÍS

POVOS ORIGINÁRIOS

SÃO LUÍS-MA
2022
INTEGRANTES DA EQUIPE.

1. Kalliu Victor Lima Cutrim


RA: 030608

2. Angela Protazio Araujo


RA: 030500

3. Livia Silva Siqueira


RA: 030260

4 Vanessa Torres de Mendonça


RA: 030497

5. Thayra Vitória Santos Ferreira Pontes


RA: 030634

6 .Rhuanna Francisca Ferreira da Costa


RA: 030355

7. Mayane Amorim Lima


RA: 029072

8. Francisco dos santos do vale


RA: 030247

9. Mayra Monique De Sousa Pereira


RA: 026082

10. Itayná Borges Bezerra da Fonsêca


RA: 030262

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SUMÁRIO

1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL (ARTIGO 231) …………………….…………….3


2. VIOLAÇÃO DE DIREITOS E MARCO TEMPORAL…..………..….…….…..4
3. PROCESSOS HISTÓRICOS DE VIOLÊNCIA……………………………….....6
4. MORTES DURANTE A COVID …………………….…………………….………7
5. EDUCAÇÃO…………………….…………………………………………………..8
6. REGISTRO DE NASCIMENTO…………………….…………………………….8
7. COTAS RACIAS…………………….………………………..…………………….9
8. CIMI (CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO)…………….…………….9
9. VIOLÊNCIA NA ATUALIDADE …………………….………….……..………..10
10. INDÍGENAS NA POLÍTICA………………….…………………….……………11
11. REFERÊNCIAS…………………………………………………….……………..12

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CONSTITUIÇÃO FEDERAL

ART.231 DIZ O QUE?

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas,
crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
§ 2° As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse
permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos
nelas existentes.
Tendo como base a Carta Magna em seu Art. 231 e o documentário “Mulheres da
Floresta". A CF e o Governo continuam sendo falhos em trazer o Direito (ineficaz) da
demarcação de terras dos indígenas. Mesmo constando na Constituição sempre foram
necessárias lutas intensas para garantir esse direito, porque até mesmo no começo as
demarcações ocorriam sem nenhum consentimento dos indígenas e sem considerar o
resultado de estudos. No entanto, estes também demonstram seus problemas e limitações, já
que o Governo é dirigido pela classe burguesa, que inclui os proprietários de grandes terras e
donos de agronegócios. Como um Estado fundamentado na classe burguesa e na propriedade
privada dirigido pelos grandes proprietários de terras garantiria o direito às terras de povos
nativos? Como garantiria o não extermínio e o não aumento da separação? De fato, não foi
isso que ocorreu e não é o que ocorre no Brasil.

QUAIS OS PROBLEMAS AINDA ENFRENTADOS MESMO COM A ASSEGURAÇÃO


DESSE DIREITO CONSTATADO POR LEI?

A Constituição vigente é a que mais se preocupa com a proteção dos indígenas, pois
valoriza a ideia de um povo puro e que não tenha sido corrompido pela sociedade. Dessa
forma, pode-se dizer então que os indígenas são assim reconhecidos como uma comunidade.
Além disso, sua maior preocupação se dá com a preservação de suas terras, seus costumes,
línguas, crenças e tradições. No entanto, podemos perceber que na realidade não é assim que
funciona, um exemplo claro disso, são as invasões de garimpos nas terras indígenas, muitas
vezes, acompanhadas de violência, como aconteceu nos garimpos ilegais na terra indígena
dos Yanomami, tirando-lhes assim os direitos originários de suas próprias terras, que até
então deveriam ser inalienáveis.
Assim, outro ponto a ser explorado é o desrespeito ao que remete-se aos costumes e a
língua desses povos, que precisam, muitas vezes, abdica-los caso queiram se inserir na
sociedade que se considera “desenvolvida” em busca do seu direito. Então a partir disso,
podemos perceber que ainda existe uma grande falha no que a Constituição representa e
expressa.

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VIOLAÇÃO DE DIREITOS E MARCO TEMPORAL

Os direitos indígenas são o alvo do maior ataque de sua história. Desde 1988, as forças
dedicadas a enfraquecer e minar a democracia brasileira nunca deixaram de trabalhar para
reduzir esses direitos – inclusive com argumentos jurídicos que tentam relativizá-los ou
suprimi-los.
Sob o governo de Bolsonaro e suas políticas anti-indígenas, esses ataques se repetiram –
questionando amplamente os direitos dos povos indígenas às terras que tradicionalmente
ocupam. É aí que entra o argumento de Marco Temporal: seu objetivo final de demarcar mais
de 800 terras indígenas não reconhecidas; e o ceticismo de todas as outras terras indígenas
reconhecidas pelo governo brasileiro nas últimas décadas

O QUE DIZ A TESE DO MARCO TEMPORAL?

O marco temporal é um trabalho que propõe que somente as terras ocupadas por eles na data
da promulgação da Constituição Federal (5 de outubro de 1988) sejam reconhecidas aos
povos indígenas. Como sempre, o objetivo é limitar os direitos das pessoas em seus
territórios, especialmente aqueles onde ocorreram despejos ou realocações forçadas devido à
expansão das fronteiras agrícolas.
No entanto, alguns juristas, especialistas e juristas afirmam que essa ideia é inconstitucional.
O artigo 231 da Constituição Federal afirma que os direitos indígenas são “direitos
originários”, ou seja, são anteriores à formação do Estado brasileiro, o Brasil. Portanto, não é
possível discutir a normalização de datas ou períodos de tempo específicos.

POR QUE ISSO IMPORTA?

Se o prazo for reconhecido, os direitos dos povos indígenas a seus territórios serão limitados.
Segundo seus opositores, o argumento legitima a violência contra essas populações. Isso é
importante porque a manutenção e sobrevivência das culturas indígenas está vinculada ao
direito à terra desses povos.
Para especialistas e organizações que acompanham a discussão, o Marco temporal é injusto
porque ignora as muitas perseguições que os povos indígenas sofreram ao longo da história
do Brasil – e, em muitos casos, que forçaram essas populações a deixar suas terras de origem.
Também ignora o fato de que até 1988 os povos indígenas eram protegidos pelo Estado
brasileiro. Isso significa que eles não têm autonomia para agir judicialmente. A Constituição
de 1988 foi a primeira a reconhecê-los como sujeitos de direito.

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CONSEQUÊNCIAS DO MARCO TEMPORAL

Diversos povos indígenas sempre lutaram para terem seus direitos reconhecidos. Nesse
contexto de lutas e violência, entrou no Brasil a discussão sobre a importância da demarcação
das terras indígenas para esses povos. Afinal qual a relevância dessa temática? A demarcação
do território assegura a preservação dos direitos indígenas, garantindo a diversidade cultural,
étnica, econômica, social, etc. de seus respectivos povos.
Ademais, é dever do Estado atestar esses direitos, assim como ele afirma a posse e o uso
exclusivos das riquezas do solo para os povos originários, conforme o artigo 231 da
Constituição Federal de 1988. No entanto, ações do STF (Supremo Tribunal Federal) visam
limitar o proveito dessas terras.
Se o Marco Temporal for aprovado, o processo de demarcação de terras para muitos povos
será dificultado, podendo até mesmo ser anulado, pois determinam que as terras só serão
reconhecidas com a comprovação da ocupação a partir de 5 de outubro de 1988, quando foi
promulgada a Constituição Federal.
Essa conclusão ignora toda a história dos povos originários que foram perseguidos e
oprimidos durante décadas, tendo seus direitos violados. Desde épocas mais remotas como o
século XVI no contexto da colonização, quando os indígenas sofreram inúmeros ataques
pelos colonizadores europeus, até o século XXI com a expansão do agronegócio, diversas
tribos tiveram que sair de seus locais de origem para se proteger da violência e da
discriminação social.
No momento de aprovação dessa lei, o Estado não levaria em consideração que esses povos
também são dignos de direitos e de proteção por não conseguirem comprovar a sua posse em
5 de outubro de 1988. Além disso, ameaça até mesmo quem está em processo de demarcação
de terras, pois o pedido pode ser anulado.

A IMPORTÂNCIA DO MARCO TEMPORAL E A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS


INDÍGENAS

Afinal, qual a importância dessa ação para o Estado? Acredita-se que a imposição desse
ato garantirá maior segurança jurídica, pois terão maior justiça na distribuição de terras e os
conflitos territoriais cessarão. Houveram diversas tentativas, como por exemplo, a tentativa
de aplicar o projeto de lei (PL) 490 de 2007, quando o ex-deputado Homero Pereira (PR/MT)
dispôs em mudar a lei número 6.001, o Estatuto do Índio, que buscou estabelecer o Marco
Temporal, mas não obtiveram o sucesso e o projeto foi engavetado.
Além disso, diversos ruralistas defendem o marco, pois acreditam que: os indígenas estão
integrados na sociedade e não seguem mais as tradições, e consequentemente que há muitas
terras para “poucos indígenas” com cerca de 13,8% do território destinado para essa
população (dados da FUNAI – Fundação Nacional do Índio). Sem contar que auxiliará no
desenvolvimento econômico do país que aumentaria a pecuária e a agricultura.
No entanto, muitos indígenas acreditam que essa tese é considerada inconstitucional, violenta
e que ignora toda a história desses povos.
A própria Constituição assegura o direito dos povos originários em seu artigo 231, cujo
Marco Temporal desrespeita isso. Desse modo, ele fere também os direitos fundamentais,

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afetando uma das cláusulas pétreas (leis que jamais podem ser modificadas ou revogadas) da
Constituição no que diz respeito aos direitos e garantias individuais. Assim como afirma a
porta-voz da Campanha Amazônia do Greenpeace, Danicley de Aguiar: “os direitos
indígenas são direitos e garantias fundamentais – e por isso são cláusulas pétreas da nossa
Constituição. Não podem ser relativizados nem flexibilizadas”.
Além de banalizar a violência sofrida por esses povos e querer apagar diversos povos que
também desejam a demarcação territorial para a manutenção da sua cultura.
No que diz respeito a esses povos, temos como exemplo os Mundurukus que antes
dominavam o Vale dos Tapajós no Pará. Hoje, enfrentam guerras constantes para garantir
seus territórios, pois são constantemente ameaçados por atividades garimpeiras ilegais,
projetos hidrelétricos e a construção da hidrovia Tapajós.

OS PROCESSOS HISTÓRICOS DE VIOLÊNCIA

O genocídio dos povos originários começou desde o ano 1492 com a invasão dos
espanhóis que foram os primeiros colonizadores da América. Esse extermínio
continuou pelo continente com as colonizações portuguesas (1500), francesas (1534) e mais
tarde holandesas (1621) e inglesas (1733). O massacre indígena no continente americano foi
um dos piores genocídios da humanidade. Segundo as pesquisas da University College
London (UCL), a colonização exterminou cerca de 56 milhões da população indígena em um
século.
A violência contra os povos indígenas no Brasil, é muito extensa: envolve o racismo,
a discriminação, a negação da identidade dos povos originários, a invasão de seus
territórios, a exploração ilegal dos recursos naturais neles existentes e as diversas formas de
omissão do poder público em relação à saúde, educação e, especialmente, no que diz respeito
à regularização e à proteção das terras indígenas. Estas diferentes dimensões da violência,
nem sempre estão evidentes, mas continuamente danosas, estão reunidas e sistematizadas
como “Violência contra o Patrimônio”, “Violência contra a Pessoa” e “Violência por Omissão
do Poder Público”.
A violência contra o patrimônio trata-se dos conflitos relativos a direitos territoriais,
invasões possessórias, exploração ilegal de recursos naturais, danos ambientais e
biológicos em terras indígenas e aos descumprimentos de prazos de demarcação de terras
indígenas. A violência contra a pessoa refere-se aos assassinatos de
indígenas, tentativas de assassinato, homicídios culposos, ameaças de morte, lesões corporais,
racismo e discriminações étnico-culturais, violências sexuais praticadas contra indígenas no
Brasil, apropriações indébitas - retenção de cartões bancários.
Já a violência por omissão do poder público relaciona-se às tentativas de suicídio,
desassistência na área da saúde, mortes por desassistência à saúde, mortalidade
infantil, mortes de crianças indígenas por desnutrição, desassistência na área de
educação escolar indígena, disseminação de bebida alcoólica e desassistência à
produção agrícola.
Entre as diversas violências ao patrimônio indígena foi relatado o seguinte caso pelo
relatorio CIMI (Conselho Indigenista Missionário) a violência contra os povos
indígenas no Brasil (2003-2005); Terra Indígena: Cana Brava e Bacurizinho:

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Município: Grajaú; Povo: Guajajara; Tipo de Atividade: Casas foram queimadas;
Circunstâncias: Durante a invasão à aldeia, casas foram queimadas, o indígena
Wilson Araújo foi ferido com um tiro na cabeça e D.S., uma jovem de 16 anos, foi
estuprada. Ambas as vítimas são filhos do cacique João Araújo; Providências
adotadas: Milton Alves, conhecido como Milton Careca, foi preso.

MORTES NA COVID

Os impactos da pandemia de Covid-19 entre os povos indígenas no Brasil


De acordo com o monitoramento realizado desde o começo da pandemia pela
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), até o dia 18 de janeiro de 2022,
1.324 vidas indígenas foram levadas pela Covid-19. Segundo a compilação de
dados da Apib, feita pelo Comitê Nacional de Vida e Memória Indígena e pelas
Organizações de base da APIB, foram 75686 de casos confirmados, 1324 de
Indígenas mortos pela COVID-19 e 162 de povos afetados. Sem dúvida alguma,
esse número é resultado, principalmente, da negligência e do descaso do governo
em vacinar e oferecer assistência médica aos povos originários. Após dez meses, o
governo Bolsonaro vacinou apenas 44% dos indígenas contra COVID, com um ritmo
de aplicação mais lento comparado à população geral, se tornando um completo
descaso contra ao grupo prioritário do plano de vacinação do país.
Povos indígenas são mais vulneráveis a epidemias em função de condições sociais,
econômicas e de saúde piores do que as dos não indígenas, o que amplifica o
potencial de disseminação de doenças. Condições particulares afetam essas
populações, como a dificuldade de acesso aos serviços de saúde, seja pela
distância geográfica, como pela indisponibilidade ou insuficiência de equipes de
saúde.
O atendimento dos indígenas doentes se torna complexo quando a aldeia fica longe
dos centros urbanos. Se existe algum posto de saúde nas proximidades, ele
normalmente está equipado para cuidar apenas de doenças mais simples, que não
tenham complicações. Não é o caso da covid-19. Para o indígena ser internado num
hospital, pode ser necessário enfrentar uma viagem em barco que chega a durar
dois ou três dias. No caso das tribos ainda mais afastadas, o contato por avião com
a cidade grande pode estar disponível apenas uma vez por mês. Uma problemática
também é a diminuição do número de médicos, após a ruptura feita pelo governo do
programa Mais Médicos. Conta com mais de 8 mil médicos cubanos.
Com a onda de Fake News sobre os efeitos da vacina, os indígenas relataram ao
Ministério da Saúde que recusaram a vacina por medo de virar jacaré, mudar de
sexo, contrair o vírus HIV (causador da Aids) e até mesmo de morrer. A informação foi
revelada em documentos da CPI da Covid, em julho de 2021.
Exemplo disso é o que ocorreu entre os Tupinambá de Olivença, do estado da
Bahia (BA), logo que começou a vacinação dos povos indígenas. De acordo com a
cacica Valdelice Tupinambá, apesar de a maioria ter aceitado a imunização,
inicialmente alguns indígenas resistiram devido às falsas notícias. Reflexo da
negação da gravidade que o atual governo teve da pandemia.

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EDUCAÇÃO

A educação escolar indígena tem característica exclusiva, mantendo a língua indígena na


escola e dando continuidade a identificação e a cultura do índio, mas além disso também
ensinando aspectos do contexto em que vivemos. E na legislação está assegurado a eles ter a
comunidade e índio como protagonistas da
escolas indígena com isso eles têm o direito de escolher os seus próprios membros para a
função de professor. Mas a impressão que se tem na educação escolar indígena é que caminha
em passos lentos, tem inúmeros obstáculos quando se avança em algumas conquistas.
Deixou de ser temática secundária e a educação escolar virou pauta política importante aos
índios. Um dos problemas que podemos citar é sobre a falta de infraestrutura e material
didático, já que existe uma enorme diversidade cultural entre os indígenas brasileiros, assim
os materiais precisam equilibrar elementos com especificidade da cultura na qual a escola
está inserida e seus conhecimentos tradicionais. O censo aponta que menos da metade utiliza
material didático em língua indígena apesar da maioria ministrar aulas em língua indigena.

REGISTRO DE NASCIMENTO INDÍGENA.

O Registro de Nascimento Indígena tem uma particularidade específica e uma delas é o


nome, que é preservado direto ao nome dele conforme a cultura dele. Alguns nomes que não
poderiam ser registrados não indígenas com relação ao indígena não cabe esse tipo de
negativa, o cartório não pode recusar registrar a botar o seu nome indígena porque faz parte
da sua cultura. A sua etnia e nome da sua tribo tudo isso deve e pode estar registrado no
registro de nascimento. Esse registro traz sérios benefícios, é importante ter o registro de
nascimento porque sem ele não poderá ter carteira de identidade. CPF, conta no banco e
carteira de trabalho. O registro de nascimento em cartório não é obrigatório ao índio que é
integrado ou vias de integração.

COTAS INDÍGENAS

Nas últimas décadas, várias medidas foram tomadas para a efetivação de uma política pública
referente à educação escolar indígena que seja adequada para as comunidades em âmbito
nacional. No entanto, somente em 2012 foi criado uma lei que obriga as instituições de
ensino superior federais a reservarem vagas para índios que estudaram na rede pública. a
chamada LEI DE COTAS ( lei 12.711), Nessa lei também são beneficiários negros e pardos
de escolas públicas. As estatísticas mostram que a maioria dos estudantes indígenas cursam
ensino superior em instituições privadas. Cerca de 75 % ( INEP, 2016 ). Do total, apenas 37%
dos indígenas possuem bolsa de FIES ou PROUNI. A grande maioria não recebe benefício
algum do governo. A um certo paradigma em relação ao ingresso no sistema de ensino
superior para os indígenas que ainda vivem nas comunidades, devido o deslocamento para as
cidades, enfrentando assim as dificuldades de transporte, discriminação e inadequação nas
universidades. A política de cotas para indígenas universitários está longe de atender as
demandas apresentadas, pois, ainda que garanta a inserção na universidade, ainda não se

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privilegia a cultura deles. Podemos observar que as cotas sociais têm intuito de corrigir um
dano realizado no passado, têm intensão de compensar esses indivíduos dando igual
oportunidade para os mesmos, todas baseadas na desigualdade social as quais os negros,
pardos e índios sofrem na sociedade, em virtude de, via de regra, serem menos favorecidos
financeiramente e estarem sujeitos aos regimes de educação fundamental precária oferecida
pelo Estado, resultando em ausência de condições igualitárias de competir no mercado de
trabalho.

CIMI - CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO .

O Cimi é uma organização vinculada à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil),
que em sua atuação missionária conferiu um novo sentido ao trabalho da Igreja católica junto
aos povos indígenas. Há 48 anos o CIMI atua em defesa dos direitos dos povos indígenas.
Assim, serviu como uma âncora para as comunidades indígenas em combate às mortes e a
construção de estradas. Dessa forma, virando um movimento independente e contrapondo
com o estado brasileiro naquela época. Atualmente o Cimi está estruturado em 11 regiões
distribuídas pelo país e uma Secretariado Nacional, em Brasília. Por meio dos regionais, o
cimi atua junto a mais de 180 povos indígenas em 26 estados e nas
cinco regiões do Brasil. Cada unidade regional atua de forma autônoma, orientada pelo
estatuto, regimento interno, decisões da Assembleia Geral e encaminhamentos do Conselho
Diretor, e organiza-se em equipes locais de acordo com a diversidade geográfica e de povos
da área abrangida.

OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CONSELHO

Respeito à alteridade indígena em sua pluralidade étnico-cultural, histórica e a valorização


dos conhecimentos tradicionais dos povos indígenas. Protagonismo dos povos indígenas,
sendo o Cimi uma aliado nas lutas pela garantia dos direitos históricos. A opção de
compromisso com a causa indígena dentro de uma perspectiva mais ampla de uma sociedade
democrática, justa, solidária, pluriétnica e pluricultural. Existem várias Assessorias dentro do
Cimi, exemplo, como a Antropologia, Comunicação, Jurídica e Teológica. A assessoria
Antropológica tem por objetivo colaborar nas reflexões sobre os aspectos culturais, políticos,
sociais, econômicos, ecológicos e filosóficos. além disso, participa do processo de formação
dos missionários, oficinas e seminários, além de acompanhar as equipes de área em seu
trabalho junto a comunidades específicas. O Cimi serve como um portal de denúncias para os
indígenas, recentemente aconteceu um caso no Tocantins, negaram o transporte público
gratuito para as comunidades indígenas, na tentativa de comprar votos e fazer ameaças, esse
foi o cenário vivido pelos povos indígenas do Estado do Tocantins diante do período eleitoral
em 2022 . Diante disso, o Cimi Regional de Tocantins também decidiu levar as denúncias
relacionadas ao transporte público gratuito ao TRE do Tocantins e aos juízes das Zonas
Eleitorais onde os indígenas votam. De acordo com um procurador regional eleitoral do
Tocantins, a Polícia Federal já foi acionada para investigar os supostos crimes eleitorais.

RELATÓRIO SE VIOLÊNCIA, 2021.

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305 casos de invasão , exploração ilegal de recursos naturais e danos diversos ao patrimônio
indígena.
226 terras indígenas em 22 estados, sem identificação e demarcação.
176 assassinatos.
148 suicídios.
744 mortes de crianças de 0 a 5 anos de idade.
355 casos de violência contra a pessoa indígena.
5232 mortes indígenas em 2021 .

VIOLÊNCIA NA ATUALIDADE

O ETNOCIDIO NO BRASIL

A palavra etnocídio tem como significado destruição da civilização ou cultura de uma etnia
por outro grupo étnico, o dominante mediante ao oprimidos. Desse modo, em um contexto
brasileiro esse genocídio é do povo originario dessa terra, os povos indígenas. Sociedades
inteiras acabam sendo dizimadas de várias formas, tendo em vista que essa situação é um fato
histórico que teve o seu início em 22 de abril de 1500.
E estará sempre marcado nos livros de história com sangue inocente, encoberto e disfarçado,
por uma falsa descoberta de uma terra, onde já havia moradores. Uma população com a sua
própria língua materna, sua identidade, origem e cultura. Rica em ancestralidade e
conhecimentos do lugar, onde hoje nomeamos como Brasil, um país que mata diariamente e
silencia, o povo dono do lugar o qual lhe foi tomado. A descoberta é uma farsa, o nome dado
para o que aconteceu naquele ano, nada mais é que conquista, invasão e ocupação. Para
muitos foi o começo de uma história, e outros o fim de uma ancestralidade.

ETNOCÍDIO EM BELO MONTE

Diante desse cenário, a questão do direito à demarcação das terras ancestrais é assegurada
pela Constituição em seu art.231, em outras palavras, o Estado brasileiro reconhece que
aquelas populações indígenas têm suas próprias tradições, línguas, organização social e
crenças. Dessa forma, o direito às terras se tornou meio óbvio, pelo fato dessa sociedade que
ali vive há muito tempo. Todavia, os povos indígenas, mesmo com todas essas imposições
continuam sendo vítimas de massacres, quando isso não ocorre de maneira explícita, são
existentes outras maneiras de acabar com a sua existência, exemplo disso é a construção da
usina de Belo Monte, que afeta pelo menos 9 povos diferentes. Desse modo, a Carta Cidadã
de 1988 cita que sempre que houver a exploração de recursos naturais que afeta em terras
indígenas essas pessoas devem ser ouvidas, porém não foi o que ocorreu na construção dessa
hidrelétrica, o Ministério Público Federal entrou com uma ação contra o IBAMA e a
Eletronorte, para anular um decreto do Congresso Nacional, alegaram que as comunidades
deveriam ter sido ouvidas antes do decreto, pelo fato de que os danos ambientais que ali
acontecem podem matar toda as populações que habitam nesse território, porque são
dependentes dos rios florestas e animais para cultivarem a sua existência, não existiu o

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cumprimento da regulação do Senado Federal para a produção do decreto, não foi feita a lei
complementar e por último o licenciamento ambiental feito é inconstitucional.

EXTINÇÃO - ÍNDIGENA TANARU

O último sobrevivente da etnia desconhecida e símbolo da resistência dos povos indígenas,


morreu sem emitir som algum, nenhum ruído, palavras ou suspiro. Apenas esperava a sua
morte, vestindo roupas tradicionais e adereços feitos de penas de araras, deitando em sua rede
no interior de uma tapiri, nome dado a sua cabana feita com lascas e cascas de madeira,
palmeiras e troncos de pau, coberta com palha do chão ao teto. Conhecido popularmente
como "índio do buraco", dado a configuracao dos padrões arquitetônicos de seus moradias, o
indígena presenciou não só a extinção do seu povo no final da década de 60, como também o
genocídio de outros povos originários isolados, na floresta da região de Corumbiara, no sul de
Rondônia.
Leiloado pelo governo militar, para empresários paulistas, a área onde esses povos viviam foi
dizimadas, com a desculpa de que não existiam pessoas naquela terra, para desmatar a
vontade e massacrar definitivamente os povos daquele lugar. Antes mesmo de um novo 1500
começar, os chefes de fazenda que cercavam aquela região, instruíram seus peões a oferecer
açúcar envenenado, ao deixar ferramentas, para serem trocados por alimentos das roças
desses indígenas.
Devido a essa violência causada a esse povo, o contato insistente com o "índio do buraco",
não resultou em absolutamente nada. Não há registro etnográficos do seu povo, e nem mesmo
conseguiu emitir algum som, dada as tentativas de conhecimento. O indígena Tanaru morreu
solitário, depois de mais de duas décadas, na esperança que uma bala não o atingisse, e a
violência contra os povos originários acabasse.

INDÍGENAS NA POLÍTICA

Em uma sociedade do século 21, a intersecção entre machismo e cultura ainda prevalece.
Mulheres como Sônia Guajajara e Txai Suruí mostraram seu poder, usando não apenas suas
vozes, mas seus corpos e almas, para lutar pelo direito de seu povo existir. No entanto, eles
ainda são vistos como vulneráveis ​e devem se provar no ciclo social todos os dias e provar
seu valor.
Mesmo quando constantemente questionados sobre os fatores de desenvolvimento, se a velha
tribo de "índios tinham celular" era civilizada, eles não se deixavam influenciar por esse
frívolo preconceito social. Afinal, a tecnologia tornou-se sua arma por causa de sua
popularidade, denúncias de invasão de seus territórios, o que lhes permitiu se tornar e exercer
suas identidades indígenas, além de uma ferramenta para lutar por seus direitos.
Direitos que precisam ser reafirmados todos os dias.

REFERÊNCIAS

11
CONSTITUIÇÃO FEDERAL (Art. 231)

Os índios em face à Constituição Federal/88 | Reportagem. DireitoNet, 10 de Junho de 2004.


Disponível em:
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/1602/Os-indios-em-face-a-Constituicao-Federal-
88#:~:text=N%C3%A3o%20se%20amparar%C3%A1%20o%20direito,s%C3%A3o%20bens
%20da%20Uni%C3%A3o%20

Artigo 231 da Constituição Federal de 1988.


Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10643688/artigo-231-da-constituicao-federal-de-1988

Invasão do garimpo em terras indígenas deixa rastro de desmatamento e violência |


Reportagem. EPSJV/Fiocruz 14, Abril de 2022.
Disponível em:
https://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/invasao-do-garimpo-em-terras-indigenas-de
ixa-rastro-de-desmatamento-e-violencia

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 | Art. 231.


Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

A TENTATIVA DE VIOLAÇÃO E MARCO TEMPORAL

Ciscate, Rafael - Entenda o marco temporal e como ele afeta os direitos dos povos indígenas,
2000.. fundobrasil.org.br. Disponível em:
https://www.fundobrasil.org.br/blog/entenda-o-marco-temporal-e-como-ele-afeta-os-direitos-
dos-povos-indigenas/

O que é marco temporal de terras indígenas?, 2022. politize.com.br. Disponível em:


https://www.politize.com.br/marco-temporal/

O que é o Marco Temporal e como ele ameaça os direitos indígenas, 2022. greenpeace.org.
Disponível em:
https://www.greenpeace.org/brasil/blog/o-que-e-o-marco-temporal-e-como-ele-ameaca-os-dir
eitos-indigenas/
Terras indígenas: como são demarcadas, 2022. politize.com.br. Disponível em:
https://www.politize.com.br/demarcacao-de-terras-indigenas/

PROCESSOS HISTÓRICOS DE VIOLÊNCIA E MORTES DURANTE A COVID

BADUEL, Margot - “O genocídio indígena ainda não terminou?”. Poletize.com, 2022.


Disponível em: https://www.politize.com.brgenocidio-indigena/

CIMI, Relatório, “a violência contra os povos indígenas no Brasil”. Cimi.org.br, 2003-

12
2005. Disponível em:
https://cimi.org.br/wp-content/uploads/2020/02/relatorio-violencia-contra-povos-indigenas_2
003-2005-cimi-completo.pdf

Carneiro da Cunha, Manuela (org.). História dos índios no Brasil. São Paulo:
Companhia das Letras, Secretaria Municipal de Cultura, FAPESP, 1992.

Farage, N. Santilli, P. Estado de sítio: territórios e identidades no vale do rio Branco


in: Carneiro da Cunha, Manuela (org.). 1992. História dos índios no Brasil. São
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