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MARCO TEMPORAL: A INFLUENCIA DA PL N°2903/23 EM TERRAS

AMAZONENSES

Alunos: Hiago Viana, Hebny Meireles, Guilherme Duarte, Ícaro Costa e Giulia Goes. 3º serie
07

Resumo:

Este artigo aborda a desestruturação da política demarcatória no Brasil em


relação aos direitos territoriais das comunidades indígenas e sua relação com a
questão democrática envolvida no processo. Destaca-se a ameaça
representada pelo Marco Temporal, que coloca em risco direitos garantidos
desde a Constituição Federal de 1988. A aprovação do PL 2903/2023 é
apontada como um grave ataque aos direitos territoriais das comunidades
indígenas, colocando em risco sua cultura e modo de vida, além de aumentar a
tensão fundiária e os conflitos violentos. Isso representa um retrocesso nos
direitos e na segurança das comunidades indígenas no Brasil garantidos pelo
Estatuto do Índio. Sendo assim, a proposta de lei que visa restringir a
demarcação de terras indígenas tem complicações negativas impactando
diretamente terras amazonenses.

Palavras-chave: Território , Indígena, Amazonas

Abstract:
Key words:Territory, Indigenous, Amazon

INTRODUÇAO

O presente trabalho buscará analisar e compreender como vem sendo


desestruturada a política demarcatória no Estado brasileiro referente ao direito
a terra indígena e sua relação com a questão democrática e quais são os
impactos provocados pela proposta do Marco Temporal que ameaça direitos
garantidos desde a Constituição Federal de 1988, enfatizando o sentido
diferenciado de territorialidade para os povos indígenas.

Historicamente, pode-se afirmar que o desrespeito aos povos indígenas


integram conjunto de práticas iniciadas na colonização que se perpetua e
reverbera até os dias atuais, em pleno Estado democrático, que se impõem por
meio de colonialidades.

É fato que na base dos conflitos de terra no Brasil sempre esteve imposto os
interesses capitalistas da burguesia agrária que visava a exploração da riqueza
natural presente nas terras ainda ocupadas por indígenas.

Assim, a questão da disputa por terras e o monopólio da posse nas mãos de


classes economicamente poderosas são os principais impasses vividos pelas
populações originárias que residem em regiões ricas em recursos naturais,
especialmente quando essa classe dominante se encontra bem representada
em uma bancada ruralista no Parlamento brasileiro e em aparelhos privados de
hegemonia que atuam para legitimar os interesses dos "reis do agronegócio".
(FERNANDES, Emanuelle Cristina da Silva; AMARAL, Niedson do Nascimento;
SOUSA, Norma Benícia Pereira, 2023)

A aprovação do PL 2903/2023 configuram um grave ataque aos direitos


territoriais das comunidades indígenas, ameaçando à cultura e modo de vida
dessas comunidades. Além disso, aumentam a tensão fundiária e os conflitos
violentos, pois fragiliza os mecanismos de demarcação de terras e mantém as
populações indígenas e seus territórios em situação de instabilidade jurídica.
Isso representa um retrocesso nos direitos e na segurança das comunidades
indígenas no Brasil que estão previstos e assegurados pela Constituição de
1988 e pelo Estatuto do Índio. Estes, entre outros, fatores são os responsáveis
pela grave situação e, com a aprovação do PL, conferem a prerrogativa aos
invasores, normalizando a degradação das áreas observadas no presente
documento e potencialmente aumentando o risco de novas crises que
envolvam as populações indígenas do Brasil. A grave crise humanitária vivida
pelos povos Yanomami é um exemplo emblemático das consequências diretas
do garimpo ilegal e da pressão de setores econômicos dentro dos territórios
indígenas. Não há mais espaço para esse tipo de atividades predatórias com
drásticos impactos socioambientais no Brasil, é preciso se compreender que
para os povos indígenas a terra, o solo, a natureza têm um significado
diferenciado, simbólico, sagrado, no qual ocorrem rituais que precisa ser
respeitado e faz parte da cultura de seu povo, é na terra que é gerada toda
vida, é a terra que acolhe e põe no colo toda humanidade.

Objetivos

• Investigar o conteúdo e os principais aspectos da PL 2903/2023,


examinando suas diretrizes, metas e implicações legais para as terras
amazonenses.

• Avaliar os efeitos socioambientais da implementação da PL 2903/2023


nas terras amazônicas, considerando aspectos como desmatamento,
mudanças climáticas, biodiversidade e comunidades locais.

• Identificar estratégias e políticas públicas que possam promover o


desenvolvimento sustentável das terras amazonenses, levando em
consideração os desafios e as oportunidades apresentadas pela PL 2903/2023,
visando conciliar o crescimento econômico com a preservação ambiental e os
direitos das comunidades locais.
BASE CONCEITUAL

Os povos indígenas passaram a ter a garantia constitucional de seu direito às


terras que ocuparam historicamente . Isso é conhecido como a instituição
indígena . No entanto , a Supremo Tribunal Federal está restringindo esse
direito ao estabelecer o chamado marco temporal para a demarcação de terras
indígenas e, mais recentemente , pela aprovação do Parecer da AGU , que
busca vincular todo o Administração Pública Federal a esse entendimento.
Essas ações contrariam as conclusões da Comissão Nacional da Verdade, que
apontaram um quadro sistemático de remoções forçadas e expulsões em
período que antecedeu a Constituição de 1988 e negligenciam as ferramentas
transicionais para o restabelecimento da verdade e o resgate da memória,
representando uma implementação de verdadeira política de esquecimento por
parte do Estado brasileiro.

Muitas discussões e disputas acaloradas são provocadas pelo Marcador


Temporal dos povos indígenas brasileiros. A questão diz respeito ao
reconhecimento e demarcação das reivindicações territoriais dos povos
indígenas , considerando a data de ratificação da Constituição Federal , em 5
de outubro de 1988.

O debate sobre o Marco Temporal decorre da interpretação do governo e de


alguns setores sociais de que os povos indígenas só teriam direito de demarcar
as terras sob seu domínio na data da ratificação da Constituição. Organizações
indígenas e muitos setores da sociedade civil contestam essa interpretação ,
argumentando que o direito à terra é originário e não se limita em uma data
específica

Os defensores do Marco Temporal afirmam que é necessário estabelecer um


critério temporal para evitar possíveis abusos e conflitos fundiários. Eles
argumentam que a demarcação de terras indígenas em áreas ocupadas após
1988 poderia gerar insegurança jurídica, impactar a produção agrícola e
dificultar o desenvolvimento econômico de determinadas regiões.
Por outro lado, os críticos do Marco Temporal alegam que essa medida viola
os direitos dos povos indígenas, garantidos tanto pela Constituição Federal
quanto por tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário. Eles afirmam
que a fixação de uma data limite para demarcação das terras indígenas
desconsidera a história de ocupação ancestral desses povos e dificulta a
proteção de seus modos de vida tradicionais e sua relação com o meio
ambiente.

A polêmica em torno do Marco Temporal ganhou ainda mais destaque nos


últimos anos com a expansão da agroindústria e da mineração em áreas
reivindicadas pelos povos indígenas. Numerosos conflitos surgiram em todo o
país , resultando em violência e mortes. A situação desencadeou uma
conversa crucial sobre direito à terra, preservação ambiental e respeito aos
direitos humanos.

É fundamental ter em mente que a demarcação de terras indígenas é um


procedimento difícil que necessita de pesquisas técnicas, históricas e
antropológicas para fundamentar a ocupação tradicional desses povos em
determinadas regiões. Para a proteção dos direitos dos povos indígenas, a
preservação de suas culturas e do meio ambiente, é fundamental que essas
terras sejam reconhecidas.

O marco temporal é um princípio defendido por alguns setores da sociedade e


do sistema judiciário no Brasil em relação aos direitos territoriais dos povos
indígenas. A ideia central do marco temporal é estabelecer uma data-limite a
partir da qual os povos indígenas só teriam direito a terras que estivessem
ocupando de forma tradicional naquele momento. Isso significa que
comunidades indígenas que não estivessem ocupando suas terras na data do
marco temporal teriam seu direito de posse contestado.

O marco temporal é objeto de debate e controvérsia. Muitos povos indígenas


e organizações indigenistas argumentam que esse princípio é injusto e viola os
direitos estabelecidos na Constituição Federal de 1988, que reconhece e
protege os direitos territoriais dos povos indígenas, independentemente de
quando suas terras tenham sido tradicionalmente ocupadas.
É importante ressaltar que o Supremo Tribunal Federal (STF), em diferentes
ocasiões, já se manifestou em defesa dos direitos indígenas, reconhecendo a
validade das demarcações de terras indígenas independentemente da data do
marco temporal. No entanto, o assunto continua sendo objeto de discussões e
possíveis mudanças podem ocorrer no futuro.

PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

Considerando a espacialidade e particularidade da Geopolítica, esta pesquisa


tem como alicerce procedimentos empíricos, tais como levantamento de dados
que comprovem Investigar o conteúdo e os principais aspectos da PL
2903/2023, examinando suas diretrizes, metas e implicações legais para as
terras amazonenses; avaliar os efeitos socioambientais da implementação da
PL 2903/2023 em solo amazonense, considerando aspectos como
desmatamento, mudanças climáticas, biodiversidade e comunidades locais;
identificar estratégias e políticas públicas que possam promover o
desenvolvimento sustentável das terras amazonenses, levando em
consideração os desafios e as oportunidades apresentadas pela PL 2903/2023,
visando conciliar o crescimento econômico com a preservação ambiental e os
direitos das comunidades locais.

O artigo científico sobre o marco temporal teve uma duração total de um mês,
composto por seis integrantes. Os dados utilizados durante o artigo foram
coletados de artigos acadêmicos e de sites sobre o tema abordado, onde todos
mostram como o projeto de lei sobre o marco temporal pode impactar as tribos
indígenas localizadas no território demarcado pelo Estado como terras
indígenas.

CONSIDERAÇOES FINAIS
O artigo 6° da Constituição Federal traz a moradia como um dos direitos
inerentes a todo cidadão brasileiro, bem como o lazer e o bem estar(BRASIL,
2020). Mesmo tal fato sendo irrealidade no cenário brasileiro atual, tal
perspectiva associa-se com a problemática indígena. Mesmo antes de ser
promulgada a constituição de 1988, os indígenas já possuíam o direito
originário, que corresponde ao pertencimento de terras tradicionalmente
ocupadas. O Marco temporal surge como uma adversidade que ameaça um
direito que por séculos foi concebido aos indígenas; não só ameaça como
também invalida toda luta que os indígenas tiveram para possuírem um espaço
longe da violência, caos e ódio da civilização urbana.

. O sistema legislativo brasileiro é composto por representantes do povo, e


estes, são incubidos de colocarem em prática políticas públicas que visam
favorecer grupos minoritários e colocá-los em visibilidade. No entanto, não é o
que se observa quando há uma aprovação de um projeto de lei que visa retirar
um direito de demarcação de terras de uma população que vive revestida de
estereótipos e preconceitos, ocasionando, assim, uma política de
esquecimento, que favorece apenas os interesses dos políticos que aprovaram
a PL e dos grandes proprietários de terras, tornando os indígenas seres
invisíveis perante a lei. Caso a PL n°2903/23 efetivar-se em território nacional,
dará margem para empresas privadas extraírem recursos presentes em terras
indígenas, ocorrerá a perda de processos jurídicos em aberto que visavam a
então demarcação de terras e haverá também o total comprometimento da
cultura e os costumes dos povos tradicionais indígenas .

Os povos indígenas se tornarão mais vulneráveis, como também serão


vítimas frequentes de garimpeiros, haja visto que além da problemática da
demarcação de terras existem constantes atividades de garimpo ilegal em
territórios indígenas, onde garimpeiros ceifam a vida de indígenas, aliciam
crianças e mulheres e até mesmo são portadores de doenças; A exemplo, na
pandemia de covid-19, a porção de terra do povo Yanomami no Amazonas, foi
alvo de garimpeiros onde trouxeram a epidemia para as aldeias da tribo. Em
suma, a proposta de lei que visa restringir a demarcação de terras indígenas,
alem de ir à contramão dos dispositivos legais(BORJA,2021), tem
complicações bastante negativas, podendo ocasionar impactos ambientais,
exploração, conflitos sociais. É de suma importância o legislativo brasileiro
considerar os direitos e os interesses das comunidades indígenas não só no
Amazonas, mas como no Brasil, possibilitando o diálogo e o respeito no que se
diz respeito a autonomia na gestão de suas terras.

REFERENCIAS

ALBUQUERQUE, Evelyn Pinheiro Tenório de; SILVA, Carla Ribeiro Volpini. O


Direito ao

Território Ancestral e a Proteção dos Povos Indígenas: a decisão da Corte


Interamericana

de Direitos Humanos no caso do povo indígena xucuru e seus membros versus


Brasil.

Revista Direitos Culturais, v. 15, n. 36, p. 167-192, 2020

BORJA, Isaias dos Anjos; Reis, Matheus Favaro; Almeida, Helena Azevedo
Paulo de. O "marco temporal" e seus reflexos sobre povos indígenas em
etnogênese. p.34,2021.

Disponivel em
https://monografias.ufop.br/bitstream/35400000/3673/1/MONOGRAFIA_MarcoT
emporalReflexos.pdf

BRAGATO, Fernanda Frizzo; Neto, Pedro Bigolin. Conflitos territoriais


indígenas no Brasil:

entre risco e prevenção. Revista eletrônica. Direito e Práx., Rio de Janeiro, Vol.
08, N. 1,
2017, p. 156-195. Disponível em:
https://www.epublicacoes.uerj.br/index.php/revistaceaju/article/viewFile/21350/2
0001.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil


de 1988.

Brasília, DF: Presidência da República, [2020]. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.

FERNANDES, Emanuelle Cristina da Silva; AMARAL, Niedson do Nascimento;


SOUSA, Norma Benícia Pereira, 2023

LIPPEL, Alexandre Gonçalves. O conceito de terras indígenas na Constituição


Federal de

1988: Crítica à decisão do Supremo Tribunal Federal no caso RaposaSerra do


Sol. Curitiba:

Editora CRV, 2014

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