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ATIVIDADE LETIVA – 11 out.

2023

Universidade Estadual de Goiás


Disciplina Direitos Humanos
Docente Ricardo Oliveira Rotondano
Discentes: Joelma R. S. Machado; Idê Magalhães e Christiane Simões.

Aspectos ligados à preservação ou violação dos direitos humanos dos grupos sociais
envolvidos no contexto da tese do marco temporal no Brasil.

O texto fornecido como referencial teórico para a análise dos aspectos ligados à
preservação ou violação dos direitos humanos dos grupos sociais envolvidos no contexto da
tese do marco temporal no Brasil, traz um reflexão importante que sustentará a tese
desenvolvida nesse texto, ao passo que demonstra como a concepção de direitos humanos
está intrinsicamente ligada ao pensamento ocidental, afirmando que os direitos humanos
teriam criado uma cultura de denúncia dos abusos do neoliberalismo sem confrontar as
condições estruturais que tornaram esses abusos possíveis. Isso significa dizer que, a
concepção que têm-se hoje por direitos humanos não é efetiva a partir do momento em que
a emancipação a que se propõe é baseada apenas na sua celebração, sem que se enfrente as
problemas estruturais que carrega.
Essa reflexão é importante para que se perceba como os direitos humanos dos
grupos sociais envolvidos na tese do marco temporal podem estar vulneráveis a decisões
menos justas, uma vez que a perspectiva ocidental de justiça não contempla os aspectos de
outras matrizes culturais.
O projeto de Lei votado na Câmara dos Deputados interfere nos critérios para
demarcação de novas terras e altera também políticas de isolamento de grupos não
contatados. A aprovação foi vista, tanto pela situação quanto pela oposição, como uma
vitória da bancada ruralista e uma derrota da agenda dos direitos dos povos indígenas. Entre
outras disposições, o texto aprovado permite que o poder público instale em terras
indígenas equipamentos, redes de comunicação e estradas, além das construções
necessárias à prestação de serviços públicos, especialmente os de saúde e educação. O
principal argumento dos deputados contrários ao texto é de que a proposta é
inconstitucional, pois a Carta Magna não reconhece esse fator temporal como um limite
para as demarcações. Já deputados favoráveis, entre os quais encontram-se integrantes da
bancada ruralista, argumentam que as demarcações ameaçam o estoque de terras
produtivas no país.
A partir disso, percebe-se com clareza que o litígio aqui discutido ocorre entre o
interesse econômico e a preservação da vida e tradições dos povos nativos. É conveniente
então, que se discorra sobre os aspectos negativos da aprovação desse projeto de lei, que
afeta não somente os povos nativos bem como a sociedade brasileira em geral.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 231, afirma que os direitos dos povos
indígenas são “originários” – ou seja, são anteriores à formação do Brasil e não se
enquadram numa linha ou recorte de tempo específico. A tese do Marco Temporal quer, na
prática, acabar com esse direito, estabelecendo uma data a partir de quanto esses direitos
poderiam começar a valer.
Diversos territórios indígenas que foram tradicionalmente ocupados e com os quais
os povos possuem vínculos não estavam sob o controle dos indígenas ou em disputa na data
da aprovação do texto constitucional, mas foram reocupados pelos povos originários em
anos seguintes. Essa tese ignora o longo histórico de esbulho possessório e violência
praticada contra os povos indígenas, acarretando a expulsão de seus territórios, além de
violar os direitos indígenas previstos na própria Constituição Federal e em tratados
internacionais dos quais o Estado brasileiro é signatário.
Convém também delilmitar como as terras indígenas desempenham um papel crucial
na conservação da biodiversidade e na proteção de ecossistemas frágeis. São áreas onde a
relação harmoniosa entre comunidades indígenas e meio ambiente se desenvolve há
séculos, resultando em uma convivência sustentável e na preservação de práticas
tradicionais de manejo ambiental.
Nas últimas décadas, o Brasil vive numa encruzilhada civilizatória. A corrida por
recursos naturais no período do capitalismo avançado neoliberal tem acentuado um
processo extrativo violento, de invasão e de espoliação dos territórios indígenas. A violência
contra os povos indígenas está alicerçada num projeto de governo neoliberal, cujo objetivo é
pôr à disposição suas terras e os bens comuns nelas contidos a empresários do agronegócio,
de mineradoras e madeireiras.
A construção de opinião para o desenvolvimento deste trabalho parte da premissa de
que uma das questões fundamentais no país atualmente é a defesa das terras indígenas e
sua relação com a crise sanitária, ambiental, econômica, geopolítica, social, institucional,
civilizacional e a violação dos direitos humanos. Isso se justifica pelas iniciativas estatais
etnocêntricas e a luta e rexistência por terra e território. O governo com ideiais neoliberais
atua para expandir e ampliar os “territórios corporativos do agronegócio globalizado
atacando toda forma livre de vida e anulando políticas públicas, dispositivos administrativos
e legislativos de defesa dos povos indígenas. De um lado, o grande capital financeiro,
extrativista e agroindustrial atua para explorar e privatizar as terras públicas e, de outro,
o lobby evangélico e militar procura descaracterizar, desterritorializar e precarizar os povos
indígenas para alterar a relação imanente entre povo e terra, povo e território - a relação
indissociável dos povos indígenas e sua autonomia. Esse ataque quer integrar o indígena à
sociedade nacional.

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