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POVOS INDÍGENAS E O DIREITO Á TERRA NA REALIDADE BRASILEIRA

A LUTA DOS POVOS INDÍGENAS PELOS SEUS DIREITOS

Autores: Gabriel Oliveira Garcia; Gabriela Machado Dias; Jhessica Cristine Santana;
Júlio Cesar Dias Polesca; Kamila Ferreira de Araújo; Kauana Patrícia Coura De
Freitas; Luana Eloiza Ferreira Jacinto; Luciano Moreira Martins; Luiz Carlos Serafim
De Souza; Nicolas Ferreira Marques; Ricardo Leonardo Placides; Sarah Rebecca Lopes
de Carvalho.

Prof. Orientador: Óscar Alexandre Teixeira Moreira


Faculdades Doctum – Unidade de Caratinga
Direito (Período: 3º) – Trabalho de Projeto Integrador
Data: 27/10/2023

Resumo: Os povos indígenas e o direito a terras são uma questão histórica que envolve uma
série de problemas, bem como às violências sofridas pelos indígenas em conflitos com os
portugueses, preconceito de anos, escravidão, perseguição entre muitas outras causas.
Infelizmente, esses problemas têm consequências devastadoras para os povos indígenas que
ainda vivem no campo. A ocupação e exploração do solo brasileiro foram e continuam sendo
fatores determinantes para as transformações drásticas pelas quais os povos indígenas passaram
ao longo dos últimos cinco séculos. Um processo de devastação tanto física quanto cultural
resultou na eliminação de inúmeras etnias indígenas, causando um rompimento histórico entre
os índios e a terra que nelas habitavam.

Palavras chaves: exploração; constituição; indígenas; regime militar; conflitos.

Sumario
Introdução
1 Capítulo
2 Capítulo
3 Capítulo
4 Conclusão
Referências Bibliográficas

Introdução

Voltando a uma análise do processo histórico, vemos que nas últimas décadas os povos
indígenas passaram a enfrentar diversas lutas em torno da própria sobrevivência. Levando se
em conta que a demarcação de terras indígenas desencadeou conflitos pela luta de seus direitos,

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assegurado pela constituição Federal de 1988 o direito aos povos indígenas originários direito
as terras que antes de serem da União pertencia primeiro a eles.
Diante a essa luta de direito, o artigo 231 assegurou que são de reconhecimento aos
índios sua organização social, os costumes, línguas, crenças, e o direito originário sobre as terras
que ocupa, o que competiria a União proteger e fazer respeitar os seus bens, mas não foram
compridos, havendo expulsões de suas terras.

Capítulo 1

A questão fundiária no Brasil é um intricado emaranhado de histórias marcadas por


exploração, expropriação e concentração de terras, cujas raízes remontam aos tempos da
colonização. A brutal devastação das populações indígenas durante esse período, com
aldeamentos forçados e deslocamentos compulsórios, não apenas dispersou comunidades, mas
também pavimentou o caminho para a consolidação de grandes propriedades privadas,
estabelecendo, desde os primórdios do Brasil colonial, uma estrutura fundiária desigual.

O marco crucial nesse processo foi a Lei de Terras de 1850, que restringiu o acesso à
terra apenas por meio da compra, marginalizando as classes desfavorecidas e facilitando a
concentração de terras nas mãos de uma elite proprietária. A prática nefasta da "grilagem",
falsificação em massa de documentos de propriedade, exacerbou ainda mais essa desigualdade,
consolidando uma base legal para o avanço da concentração fundiária.

Na contemporaneidade, os conflitos fundiários persistem, evidenciando como essas


questões históricas continuam a moldar a realidade brasileira. A expansão do capitalismo no
campo trouxe novos desafios, à medida que interesses econômicos poderosos buscam explorar
os recursos naturais das terras ocupadas por populações indígenas, quilombolas e comunidades
tradicionais.

Surge a necessidade de transformação para construir um futuro mais equitativo. Isso


implica abordar a concentração de terras, proteger os direitos das populações tradicionais e
promover um desenvolvimento sustentável que respeite a dignidade humana e os valores
culturais dessas comunidades. O esforço contínuo para reformar as políticas fundiárias,
combater a violência e criar oportunidades econômicas justas é crucial para construir uma
sociedade mais justa e inclusiva.

No âmbito da questão indígena, o início do século XX trouxe dilemas entrelaçados aos


interesses econômicos sobre a propriedade da terra. A Constituição de 1891 mencionou
brevemente o reconhecimento de terras indígenas, mas não aprofundou a questão. Os povos
indígenas eram considerados obstáculos ao desenvolvimento nacional, barrando o progresso do
país.

Capítulo 2

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A Agência de Proteção aos Índios e a Localização do Trabalhador Nacional (SPILTN),
estabelecida em 1910, redirecionou seu foco para as reivindicações indígenas em resposta a
denúncias internacionais sobre condições locais e dos trabalhadores rurais. Ao longo do século
XX, mudanças institucionais foram implementadas para melhorar a condição dos povos
indígenas, refletindo uma evolução na abordagem normativa brasileira em relação às terras
indígenas.

A Constituição de 1934 foi pioneira ao tratar do princípio da não alienação das terras
indígenas, reconhecendo os direitos de propriedade dos silvicultores. Durante o século XX, a
questão indígena passou por transformações, com avanços legislativos e na organização política
dos próprios povos indígenas. A pesquisa detalhada destaca a evolução da abordagem brasileira
à questão indígena, contribuindo para uma compreensão mais abrangente dessa complexa
dinâmica.

Antecedentes e transformações nas leis sobre terras indígenas ocorreram nas décadas de
1970-1980. As Constituições de 1937 e 1946 garantiam a posse das terras pelos índios, mas
proibiam sua alienação. No entanto, as definições legais de "terras indígenas" e os critérios de
ocupação foram alterados ao longo do século XX, impactando as ações do Estado brasileiro na
demarcação e proteção dessas terras.

Antes do golpe militar de 1964, ganhava espaço na sociedade brasileira o


reconhecimento da responsabilidade histórica do Estado em relação aos índios e o desejo de
autonomia para suas terras. O período militar trouxe denúncias de torturas e massacres, levando
à criação da Funai em 1967, visando assimilar rapidamente os índios à sociedade brasileira.

A Constituição de 1967 conferiu à União a posse exclusiva das terras indígenas,


facilitando a demarcação. Em 1973, o Estatuto do Índio foi aprovado, regulamentando diversos
aspectos relacionados aos povos indígenas. A Funai foi designada para definir e demarcar as
terras indígenas, com homologação final pelo presidente.

Contudo, a Funai enfrenta tensões de setores conservadores que buscam reintroduzir


visões integracionistas. A questão indígena e a terra no sistema normativo brasileiro são
complexas e continuam em evolução. A Constituição de 1988 reconhece os direitos dos povos
indígenas à posse permanente de suas terras tradicionais, mas o processo de demarcação
enfrenta oposição, gerando conflitos.

O debate sobre o "marco temporal" é polêmico, refletindo diferentes interpretações


sobre os direitos à terra dos povos indígenas. Conflitos envolvendo terras indígenas são comuns,
gerando disputas entre indígenas, fazendeiros, mineradoras e outros interessados, levando a
tensões e violência.

O Brasil é signatário de acordos internacionais, como a Convenção 169 da OIT e a


Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, reforçando os direitos

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dos indígenas à terra e à autodeterminação. Em síntese, a questão indígena e a terra no sistema
normativo brasileiro envolvem uma interação complexa entre a Constituição, a legislação
internacional, disputas territoriais e a necessidade de equilibrar interesses econômicos com os
direitos dos povos indígenas.

Capítulo 3

Nas décadas de 1970 e 1980, testemunhamos retrocessos na interpretação da condição


de vida dos povos indígenas, enquanto as condições de trabalho do órgão de proteção
enfraqueciam sob o regime militar. A resistência ganhou força com a mobilização dos
movimentos sociais, possibilitando denúncias e críticas ao governo. Esse período foi marcado
pelo aumento dos debates sobre a questão indígena, com destaque para organizações como o
Cimi e o surgimento de associações indígenas em todo o Brasil.

A responsabilidade de proteger as comunidades indígenas e preservar seus direitos recai


sobre a União, estados, municípios e órgãos das administrações indiretas. Isso inclui garantir a
posse permanente das terras que habitam e reconhecer seu direito ao usufruto exclusivo das
riquezas naturais presentes nessas terras.

As reivindicações indígenas foram atendidas na Constituição brasileira de 1988, que


legalmente reconheceu seu modo de vida, formas de organização, costumes, línguas, crenças e
tradições. A perspectiva de integração à sociedade nacional foi abandonada, marcando uma
mudança significativa na orientação da ação do Estado em relação aos povos indígenas.

A Constituição de 1988 superou a concepção de tutela, reconhecendo a capacidade civil


dos índios e garantindo o direito à diferença sociocultural. Abandonando o interacionismo, a
Carta Magna reconheceu a autonomia societária dos povos indígenas e assegurou o direito ao
território, cultura, educação, saúde e desenvolvimento econômico de acordo com seus projetos
coletivos presentes e futuros.

A terra é a demanda central da vida indígena, essencial para a continuidade da vida,


saúde, autodeterminação e etnodesenvolvimento. Segundo a Constituição Federal de 1988, as
terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são definidas como aquelas habitadas por eles
permanentemente, utilizadas para atividades produtivas e essenciais à preservação dos recursos
ambientais necessários ao seu bem-estar.

As mudanças na legislação abrem novos horizontes para os povos indígenas,


enfrentando desafios diários com respeito à diferença e às necessidades para sua continuidade
humana e social. No século XXI, presenciamos avanços nos debates sobre a "indianidade" e a
promoção da política da diferença.

Os povos indígenas têm o direito à autodeterminação, podendo determinar livremente


sua condição política e buscar seu desenvolvimento econômico, social e cultural. Também têm

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o direito de não sofrer assimilação forçada ou destruição de sua cultura, conforme as Nações
Unidas.

Estamos vivenciando um momento histórico de afirmação política de uma nação


pluriétnica, rejeitando ideias evolucionistas e buscando garantir diferenças internas, direitos
territoriais e políticas indígenas com a efetiva participação dos povos.

Capítulo 4: Conclusão

As terras indígenas, elemento central da identidade cultural e do modo de vida dos povos
originários do Brasil, confrontam-se com adversidades consideráveis, especialmente diante da
influência da bancada ruralista no Congresso Nacional. Essa influência se reflete de maneira
notória nos processos de determinação, tornando a busca por demarcação e proteção territorial
uma jornada complexa.

A reestruturação da Funai, marcada por elementos como o sucateamento instit ucional,


a terceirização de responsabilidades e nomeações de militares para a presidência, não contribuiu
significativamente para avanços nos casos de demarcação de terras. Pelo contrário, fatores
como a pressão por interesses do agronegócio continuam a dificultar o processo e a gerar
códigos que abrem espaço para a exploração de recursos naturais nas terras indígenas.

Propostas de lei em curso no Congresso Nacional sinalizam uma ameaça às conquistas


históricas dos povos indígenas, visando criar circunstâncias propícias à exploração dessas áreas
por não indígenas. Esse contexto evidencia a constante tensão entre os direitos originários dos
povos indígenas e os interesses econômicos que permeiam o debate no cenário legislativo.

As atuais 462 áreas indígenas confirmadas, abrangendo 12,2% do território nacional,


representam não apenas um espaço físico, mas também um território de lutas históricas e
culturais. A distribuição geográfica dessas áreas destaca a predominância na Amazônia Legal,
com impacto significativo nas regiões sul, sudeste, norte, nordeste e centro-oeste do país.

A determinação e demarcação dessas terras são questões de extrema importância,


oferecendo segurança e certeza econômica às comunidades indígenas, alinhando-se aos
preceitos legais que visam preservar seus modos de vida e tradições.

Embora a legislação por si só não transforme a realidade de maneira completa, é crucial


destacar o avanço normativo referente aos direitos dos povos indígenas no Brasil. A
consideração das terras como "direitos originários" posiciona a responsabilidade sobre o capital
do agronegócio de forma mais explícita, reforçando a necessidade de indenizar os povos
indígenas por suas terras.

Em síntese, as reflexões finais sublinham os desafios substanciais enfrentados pelas


terras indígenas, destacando, ao mesmo tempo, os avanços normativos que buscam assegurar

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os direitos fundamentais dos povos indígenas no contexto brasileiro. O cenário atual é marcado
pela interação complexa entre a legislação, os interesses econômicos e a preservação das
identidades e territórios indígenas, em uma busca contínua por equilíbrio e justiça.

Referência bibliográfica:

ALMEIDA, Maria Celestino de. Os índios na história do Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV,
2010.

BANIWA, Gersem. A conquista da cidadania indígena e o fantasma da tutela no Brasil


contemporâneo. In: RAMOS, Alcida Rita. Constituições nacionais e povos indígenas. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 2012.

CALDART, Roseli Salete et al. (Orgs.). Dicionário da educação do campo. Rio de Janeiro:
Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, São Paulo: Expressão Popular, 2012.

CFESS. CFESS Manifesta: Dia da luta indígena. Conselho Federal de Serviço Social. Gestão
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Acesso em: set. 2016.

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<http://www.cimi.org.br/pub/relatorio2015/relatoriodados2015.pdf>. Acesso em: set. 2016.
FONTES, Virgínia. Brasil e o capital imperialismo: teoria e história. 2. ed. Rio de Janeiro:
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<http://www.funai.gov.br/>. Acesso em: set. 2016.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. O


estabelecimento de 1889 de fundamento para o ordenamento jurídico da dignidade humana
Brasília, DF: Senado Federal, 2016.

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