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Pablo Ruan S.

Guedes

Universidade Federal da Bahia

Pablo Ruan S. Guedes

ÍNDIOS NA CONSTITUIÇÃO
Análise do artigo

Salvador-Ba
2023
Pablo Ruan S. Guedes

ÍNDIOS NA CONSTITUIÇÃO

Orientadora: Maria Hilda Baqueiro da Cunha

Salvador-Ba
2023
Pablo Ruan S. Guedes

Resumo:
No artigo “Índios na Constituição” a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha analisou o
que as constituições brasileiras através trazia sobre os indígenas. O presente texto visa
discutir essa visão os dados que a antropóloga trouxe no artigo descrito, trazendo a
perspectiva história, social em que os indígenas viveram através da história no Brasil.

Palavras-chave: Indígena, Constituição Federal, Brasil, originários

Introdução:
Antes de tudo é imperioso apontar os detalhes técnicos do artigo “Índios na Constituição”
da antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, de uma forma bastante didática ela discutiu
sobre como os indígenas são representados juridicamente através dos tempos, retornando
até o Brasil colônia, passando pelo século XIX e chegando no século XXI, a autora ainda
detalha vários aspectos dos contextos sociais em que os agentes da história indígena no
Brasil estavam inseridos, sendo isso uma das principais características deste texto, pois
dessa forma o leitor terá uma dimensão dos acontecimentos que a autora discute. É
importante destacar também o papel que a autora e outros intelectuais tiveram durante o
período que antecedeu a constituinte:
E foram muitos esses atores, inseridos em instituições diversas. Entre eles, houve
uma divisão espontânea de atuação: todos se manifestaram na política e se
insurgiram contra violências feitas aos índios, mas uns se dedicaram mais à
documentação do presente, outros à presença junto aos índios, um terceiro grupo ao
apoio jurídico e às suas organizações, e outros ainda, em que me incluo, à pesquisa
histórica e, particularmente, da história da legislação indigenista.1
Dessa forma, fica explicita a importância desses intelectuais para que a Constituição Federal
de 1988 trouxesse pelo menos o mínimo de dignidade para os povos originários do Brasil.

Interpretação:
Diante do que foi exposto, o presente texto pretende discutir sobre o contexto social em
que esses intelectuais estavam dispostos durante a década de 1980 e 1990, apontando
ainda a importância dos mesmos para a causa indígena. Começando pelos antecedentes da
Constituição Federal de 1988, fica muito claro todos os anos de perseguição sofridos pelos
povos originários, indo desde a colonização até anos que antecederam a Assembleia
Constituinte de 1985.
Na colonização portuguesa são inúmeros casos de perseguição dos povos indígenas,
vindo especificamente dos portugueses, que além da busca por lucros no território recém
encontrado, visava também a assimilação do povo que aqui se encontrava, nesse caso os
indígenas, que já possuíam uma cultura própria e subjetividades, havendo inúmeras
tentativas de etnocídio dos povos indígenas:
Embora fossem mantidas as relações de escambo, ainda que, cada vez mais, restritas
á obtenção de determinados produtos, a escravidão tornava-se massiva. A imposição
de transformações culturais aos povos indígenas tornavam-se mais profundas,
visando à sua adequação e inserção compulsória como mão-de-obra nas atividades
da nascente produção agrário-exportadora.2
Sendo assim, fica clara a situação dos povos originários durante a colonização, sendo muitas
vezes perseguidos, e discriminados apenas por serem quem são. A partir dessa perspectiva,

1 Manuela Carneiro da Cunha, Índios na Constituição, 2018.


2 Maria Hilda Baqueiro Paraíso, Revoltas Indígenas, a Criação do Governo Geral e o Regimento de 1548.
Pablo Ruan S. Guedes

fica evidente que não houve durante a colonização uma instituição que zelasse pelo bem-
estar dos povos originários, o que gerou uma verdadeira dizimação dos povos indígenas no
Brasil.
Na República a situação dos povos indígenas não se alterou de forma concreta, houve
apenas a implementação desses povos em regimentos e códigos civis: “Os índios haviam
sido incluidos ad hoc no Código Civil de 1916, entre os “relativamente capazes”, equiparando
às mulheres casadas (mas não às solteiras) e aos menores de idade entre 16 e 21.” Manuela
Carneiro da Cunha, 2018.
Essa tutela que os povos indígenas recebiam era feita pelo SPI (Serviço de Proteção ao
Índio), órgão que durou de 1916 até 1967, sendo encontrados diversas irregularidades. Ainda
foram deflagrados escândalos de corrupção dentro do SPI, ficando evidente no famigerado
Relatório Figueiredo de 1967:
“A falta de assistência, porém, é a mais eficiente maneira de praticar o assassinato. A
fome, a peste e os maus tratos, estão abatendo povos valentes e fortes. A Comissão
viu cenas de fome, de miséria, de subnutrição, de peste, de parasitoses externa e
interna, quadros esses de revoltar o indivíduo mais insensível”.3
Após isso, ocorreu a extinção da SPI, havendo a criação de um novo órgão que tutelaria os
povos originários, à FUNAI (Fundação Nacional dos Povos Indígenas).
Assim como o SPI, a FUNAI também possuía problemas: “A FUNAI interpretava a figura
da tutela como um poder que se sobrepunha a vontade dos índios, E nos anos 1970, como
órgão do Ministério do Interior, que comandava a política de ocupação da Amazônia, ficou
inteiramente caudatário dessa política”. Manuela Carneiro da Cunha, 2018. É imperioso
apontar também que a FUNAI foi criada em plena ditadura militar, que foi um momento do
país em que os povos originários sofreram dura repressão, sendo muitas vezes perseguidos
de forma gratuita.
Após a Constituição Federal de 1988 e a implementação de politicas que visavam a
proteção dos indígenas a situação desses povos foi amenizada, contudo no século XXI
houve tentativas de retroceder esses direitos conquistados pelos indígenas, com movimentos
dentro das esferas dos três poderes contrários a causa indígena:
“No legislativo, Projetos de Lei e de Emendas Constitucionais anti-indígenas se
acumulam há vários mandatos e só fazem crescer. Tiveram uma especial bonança no
governo Temer, cujas rédeas eram detidas pelo agronegócio: o mesmo agronegócio
aposta em Bolsonaro para continuar nessa toada.” 4

Considerações finais:
A partir do que foi exposto, fica evidente que os indígenas sofreram através do tempo
diversas perseguições, não possuindo nenhum órgão ou instituição que zelasse de forma
verdadeira pelos seus direitos. A antropóloga Manuela Carneiro da Cunha demonstrou de
forma didática esse fato em seu artigo, apontando que muitas vezes as Constituições que
traiam a questão indígenas muitas vezes não foram cumpridas.

Referências bibliográficas

Carneiro da Cunha, M. Índios na Constituição, 2018.

3 https://encr.pw/oUciD. Ministério Público Federal.


4 Manuela Carneiro da Cunha, Índios na Constituição, 2018.
Pablo Ruan S. Guedes

https://acesse.dev/oUciD. Ministério Público Federal. Consultado em 11 de dezembro de


2023

Hilda Baqueiro Paraíso, M. Revoltas Indígenas, a Criação do Governo Geral e o Regimento de 1548.

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