Você está na página 1de 2

A repressão policial às religiões de matriz afro-brasileiras no Estado Novo (1937-

1945)

A dissertação inicia-se com um relato em relação a objetos apreendidos pela polícia civil do
Rio de janeiro no ano de 1938, onde João Alfredo, negro, viúvo e pai de 5 filhos foi preso
em flagrante sendo acusado de infringir os art. 157 e 158 do código penal de 1980, que se
referiam a prática do espíritismo, magia, e curandeirismo. João foi solto dois anos depois de
sua prisão. Logo, dentre várias dúvidas questiona-se: Por que as religiões afro-brasileiras
eram deprimidas nas décadas de 1930 e 1940? Por que a prática do candomblé e umbanda
foram criminalizadas pelo estado? Afinal, qual era o papel da polícia civil neste contexto?

Durante esse período, a polícia civil do Rio de janeiro, criou uma espécie de acervo para
guardar os objetos apreendidos, a qual se denominou como "Museu da Magia Negra". Uma
marca do Estado Novo é a "construção de uma política cultural que tinha como objetivo
principal a criação de uma identidade e cultura que representasse o povo brasileiro."

O Estado Novo é um período da história do Brasil que se inicia após o fim da ditadura
militar. Buscou-se nessa época constituir um estado forte, centralizador e imtervencionista
sob o comando de um líder carismático. De acordo com a dissertante, ao analisar a via
autoritária expressa nos países europeus por meio do nazismo e fascismo, os governos da
região que angariavam as classes populares como os trabalhadores, denominaram-se
"populistas". No contexto latino-americano, este conceito passou a ser utilizado para
evidenciar os governos que buscavam a transição econômica de modo agroexportador para
uma economia moderna, urbano-industrial. No Brasil, a partir da década de 1970, ocorre um
desconforto em relação a este conceito que por hora, passou a ser estigmatizado, já que,
retirava das classes trabalhadoras o poder de sujeitos sócias e às condenava a
manipulação por parte do Estado, conforme afirma…….

Conceitos como "Trabalhismo" e "Varguismo" no âmbito do Estado Novo, surgem com o


intuito de substituir o populismo. No Brasil, o medo das revoluções socialistas fez com que
as elites intelectuais e políticas defendessem a via autoritária como meio de conter a
desordem e promover o progresso. Em meio a crises economicas e políticas, o sistema de
oligarquias passou a ser criticado. A instauração do governo de Getúlio Vargas promoveram
a construção de um Estado forte e imtervencionista. A inclusão de uma política de massas
passou a ter o objetivo de legitimar o regime com o apoio da classe trabalhadora. Seguindo
essa perspectiva, houve uma reformulação em torno do conceito de trabalho.

Como no Estado Novo havia o impedimento da lógica do individualismo, emerge a ideia de


coletividade. A "Democracia Social" se relacionava a ampliação do usufruto do direito no
âmbito coletivo, instituindo legalmente os direitos sociais, construindo a ideia de "cidadania
e trabalho" onde para se ter o status de cidadão brasileiro, bastava ser trabalhador. De
certo modo, a criação da legislação social, foi importante para a população negra e mestiça
no sentido de garantir certa cidadania a estes. Nesse contexto, as cidades passaram a ser
espaços de exclusão e de construção de desigualdades devido o processo de urbanização
e industrialização por volta de 1930. As modificações ocorridas no âmbito das relações de
trabalho, não alcançaram a população negra, que foi forçada a assumir espaços de
exploração e submissão, semelhantes ao período escravocrata. Aos que ficaram
desempregados, eram considerados ociosos, ou vagabundos. Assim, a vadiagem tornou-se
a preocupação das elites brasileiras que entendiam que está era a causa para o
cometimento de crimes contra a propriedade individual.

O Estado Novo também pois em debate a questão cultural, destacando-se a amplitude e a


importância dentro da lógica autoritária. Foi marcada por uma transformação na relação
entre a intelectualidade e a política. Até 1930, houve um afastamento entre política e
intelectualidade, estando respectivamente, uma responsável por explicitar os aspectos
materiais da vida e a outra, relacionada aos valores tidos como superiores. Mas, com a
propagação do novo regime, a intelectualidade passa a se inserir nas estruturas
burocráticas do Estado, tornando-se parte importante na popularização da ideologia do
Estado Novo. Esta relação, é vista nesse trabalho, como uma "via de mão dupla", onde
ambos foram beneficiados.

Você também pode gostar