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1) Desenvolvimento

O período depois da Primeira Guerra Mundial foi marcado por uma intensa crise por
diversos países europeus. O sentimento ao final da guerra era de incerteza e falta de
perspectiva. O orgulho nacional estava ferido. Sendo assim, foi nesse contexto que surgiram
os discursos políticos nacionalistas que buscavam referências do passado a fim de
sustentarem uma identidade nacional e terem algo pelo que pudessem se orgulhar. Esse foi a
base do projeto da Alemanha nazista e da Itália facista do século XX. O nacionalismo nazista
se sustentava atráves das políticas de eugênicas, práticas de segragação e projetos de
disseminados na arquitetura, arte e na propaganda. Em suma, a ideia da nação alemã objeto
de orgulho foi forjada da exclusão do outro. Paralelamente, a Itália facista se caracterizou
pelo ultranacionalismo (apoiado na homogeneização das identidades, culto a um líder e
retomada de valores tradicionais), a repressão e perseguição de grupos opositores (violência,
monopartidarismo), e o apelo popular (propagandas). O Integralismo no Brasil também atraiu
muitos brasileiros através de um discurso nacionalista e anticomunista.
Nas décadas que antecederam a promulgação da Lei Áurea, Joaquim Nabuco, um
pensador da época, falava sobre como o abolicionismo deveria ter não só como finalidade o
fim da escravidão, mas também a superação de suas consequências. Para Nabuco a “obra da
escravidão” colaborou para construir no Brasil um Estado patrimonialista em que os valores
privados determinavam os valores públicos, fazendo com que os interesses públicos fossem
tratados como particulares. Ele via a escravidão como um “impedimento” para a constituição
da cidadania, pois não haveria cidadania no Brasil enquanto houvesse garantia ao direito
elementar à dignidade humana.
Sérgio Buarque de Holanda, historiador e autor brasileiro, é conhecido por sua
influente visão sobre o Brasil que se baseia em uma análise profunda da história e da cultura.
Ele trabalha conceitos como a cultura patrimonialista no Brasil, abordando a tendência do
país em adotar práticas patrimonialistas, em que os recursos e cargos públicos são
frequentemente usados para beneficiar amigos e familiares. Além disso, outro conceito
trabalhado por ele é do homem cordial, o qual utilizou para descrever a tendência dos
brasileiros em estabelecer relações pessoais e emocionais profundas, muitas vezes baseadas
em laços familiares. Segundo ele, os brasileiros são avessos à impessoalidade e sempre
buscam estabelecer intimidade com as pessoas. O autor Darcy Ribeiro também trará sua visão
do Brasil, buscando descrever e analisar a formação étnica e cultural do país. Para Ribeiro, a
formação do Brasil se caracteriza pelo contato cultural entre três matrizes étnicas: os
indígenas originários do território brasileiro, os portugueses colonizadores e as populações
trazidas do continente africano para serem escravizadas. Entretanto, essas três matrizes não
são três culturas. As matrizes podem ser intensamente muito diversas. Apesar de pensarmos
uma imagem estereotipada quando pensamos em “populações indígenas” e “populações
africanas”, esses grupos são compostos por diversos povos que por sua vez possuem
diferentes culturas. Na interpretação de Ribeiro, a miscigenação entre essas três matrizes é
acompanhada de um sentimento de ser ninguém, o qual derivou-se do esforço de criar a
própria imagem. E isso levou à criação étnico-cultural de um povo: o brasileiro.
2) Conclusão
Em síntese, durante os capítulos foi estudado o nascimento dos discursos políticos
nacionalistas e suas consequências. Compreender como aconteceu a sustentação dos regimes
totalitários e a legitimação da aniquilação do outro no século XX é fundamental para nos
mantermos atentos às condições que poderiam favorecê-los no presente e no futuro. Além
disso, foi visto também como a escravidão e o processo de miscigenação do país influenciram
no que ele é hoje. A partir desse estudo da formação cultural, econômica e étnica do Brasil, é
possível compreender a identidade nacional, as desigualdades sociais e raciais, e as raízes
históricas que moldaram a sociedade brasileira. Com isso, é possível construir uma reflexão
crítica e uma busca por soluções para desafios contemporâneos.

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