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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

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Disciplina: História da América (pós séc. XIX)


Prof.: Marcos Alexandre Arraes
Aluno: Larissa Patricio da Silva

COLONIALISMO, IDENTIDADE E MEMÓRIA NA AMÉRICA


LATINA

Larissa Patricio da Silva

RESUMO

Este trabalho busca analisar com objetivo de reflexão a leitura construída a respeito
da América-Latina associada abertamente ao que se foi alicerçado no imaginário social
partindo pincipalmete de uma visão colonialista a respeito do mundo latino. De certa
forma essas leituras transformaram o indivíuo latino no esteriótipo da pobreza, miséria e
dependencia, que até hoje é fortemente vinculado na visão o mundo a respeito dessa
região. Entendendo a América Latina e suas especificidades, buscaremos discutir os
espaços de memória no senso comum da sociedade.

PALAVRA-CHAVE: Colonialismo, identidade, América Latina, memória

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INTRODUÇÃO

O colonialismo, entendido como um sistema social, político e econômico pelo qual um


estado estrangeiro domina e explora uma colônia, é um dos fenômenos mais relacionados á
América Latina para explicar as consequencias desnvolvimentistas dos diversos países aqui
localizados, devido às suas profundas consequências para a formação do capitalismo global.
Em geral, a colonização implica a apropriação da terra, a expropriação dos recursos, a
exploração do trabalho, a submissão da população e o estabelecimento do domínio sobre uma
unidade política externa, habitada por diferentes culturas. Seguindo essa lógica, o
colonialismo se apresenta no imaginário moderno como algo construído de fora para dentro
das fronteriras geograficas, sociais e culturais de um lugar. O colonialismo na América Latina
tem tomado espaço dentro da maior parte das reflexões que fazemos a respeito desse tema,
como o debate a respeito do desenvolvimeto econômico, por exemplo. Há um certo
determinismo em tratar a trajetória latino americana passando pela colonialidade.
O próprio conceito de América Latina e identidade latino-americana tem sido objeto
de amplo debate e interpretação. Por um lado, os estudos acerca do tema se deram sobretudo
diante de uma perspectiva colonialista hegemônica que por sua vez interpretam a região de
forma negativa. Dessa forma engajar a discussão em torno da origem do conceito e da
legitimidade de uma identidade latino americana tornam-se temas relevantes para o
pensamento crítico contemporâneo, além do entrelaçamento com história de resistência pela
libertação de uma colonialidade opressiva nessa região.

O QUE É A AMÉRICA LATINA?

Segundo Bruiti (2005), a América Latina hoje corresponde a uma região com mais de
700 milhões de habitantes, envolvendo um total de 12 países da América do Sul, 7 países da
América Central e 14 países do Caribe, sendo os principais idiomas, o português, espanhol,
inglês e várias línguas indígenas. No tocante a origem conceitual do termo, não há apenas
uma única interpretação, mas sim, diversas existentes na literatura e na historiografia .
Contudo, é importante ressaltar que num primeiro momento, que grande parte da
históriografia estrangeira contemplava a região a partir de visão negativa e até mesmo
discriminatória em relação ao seu povo, sua cultura ou aspectos geográficos.

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O não reconhecimento da identidade da região pelos países colonizadoras era visto
como um problema por parte dos estudiosos que posteriormente vieram a de debruçar a
respeito desse assunto. Há indícios e que esss visão limitada a respeito dos povos latinos
persista na atualidade em países colonialistas, ora assumindo proporções mais singelas em
relação aos posicionamentos, ora mais enfáticos.

A IDENTIDADE LATINO-AMERICANA

A limação dos conceitos de identidade de um povo, representam entre outros


significados o reconhecimento e a valorização de sua cultura, modo de vida, língua, costumes
entre outras especificidades pertencentes a seu grupo social. Entretanto isso se torna cada vez
mais desafiador tendo em vista que a região em questão é composta por diversos países com
particularidades e também aspectos semelhantes no que diz respeito ao seu processo histórico
político e social. Esta região foi associada a concepções negativas relacionadas a vários
conceitos do mundo moderno, como características de pobreza e corrupção que por sua vez
eram vistas como inseparáveis do indivíduo latino.
Alguns escritores, tentaram reparar a imagem distorcida e até então lida de forma
verossimia pelo mundo a respeito dos povos latinos . Em meio as diferentes vertentes que
ecoam no século XX, houve teorias críticas que combateram certos equívocos na história de
reconhecimento da América Latina.

O “PERTENCIMENTO” DO BRASIL A AMÉRICA LATINA

Atualmente é consenso considerar que o Brasil é parte indissociável da América


Latina, porém, nem sempre foi assim entre os séculos XVIII e XX, segundo reporta
Bethell (2009), tal ideia não era compactuada entre os autores de países de língua latina e,
nem mesmo dos próprios brasileiros na época. O Brasil sob este contexto, somente passou
a fazer parte da América Latina a partir do momento em que se fora cunhada a expressão
“Latin América”. Ou seja, quando América Latina, conceito e identidade principalmente
os EUA, a Europa e o resto do mundo passaram a considerar o Brasil como parte
integrante da “Latin America” em meados dos anos 1920 e 1930, especificadamente
durante a segunda guerra mundial e guerra fria. Entretanto, muito emborra a América
Latina num primeiro momento fosse considerada sinônimo de América Espanhola, o
Brasil em contrapartida era tido como parte da América do Sul na visão de intelectuais e
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escritores hispano-americanos. Tal visão também era compartilhada por diversos escritores
e intelectuais brasileiros que viam certas diferenças no contexto geográfico e histórico que
os separavam da América espanhola.
Os países a qual compunha a América espanhola tinham intenções exclusivas e
visavam se fortalecer a partir da criação de uma confederação ou nação única. Tal
iniciativa era o pretexto para encontros entre os governantes dos países de língua
espanhola liderados inicialmente por Simon Bolívar em 1815. Todavia, as várias tentativas
de reunir os governos destes países não se confirmaram, dado a ausência de países
significativos para a concretização deste objetivo.

A CONSTRUÇÃO DE UMA MEMÓRIA COLETIVA

Maurice Halbwachs relata o processo chamado de “negociação” para conciliar as


memorias coletivas das memorias individuais: "Para que nossa memória se beneficie da
dos outros, não basta que eles nos tragam seus testemunhos: é preciso também que ela não
tenha deixado de concordar com suas memórias e que haja suficientes pontos de contato
entre ela e as outras para que a lembrança que os outros nos trazem possa ser reconstruída
sobre uma base comum". A construção (ou a reconstrução) de uma memória pode ser
recebida ou herdada com os contatos aos mais velhos, porém, podemos adicionar mais um
objeto nessa categoria, pois o que antes tínhamos os familiares como um dos principais
transmissores de memorias, hoje a mídia toma conta dessas novas construções de
lembranças, alterando nossas noções temporais. Halbwachs ressalta sobre os reflexos e
projeções:
“É difícil encontrar lembranças que nos levem a um momento em que
nossas sensações eram apenas reflexos dos objetos exteriores, em que não
misturássemos nenhuma das imagens, nenhum dos pensamentos que nos
ligavam a outras pessoas e aos grupos que nos rodeavam. Não nos lembramos de
nossa primeira infância porque nossas impressões não se ligam a nenhuma base
enquanto ainda não nos tornamos um ser social.” (Halbwachs, 1950/2006, p.
43).

Dessa forma, a proporção social dos indivíduos se configura na composição da


memória coletiva, utilizando como alicerce as construções de representações, dependendo
da: objetificação e ancoragem. Essas representações socias superam as relações humanas,
seja ela uma representação interpessoal, requerendo um componente coletivo, que à
medida que um fenômeno é construído coletivamente, pode ser levado a flutuações,
transformações e mudanças constantes. Quando falamos do caso latino-americano,
podemos analisar como os veículos de comunicção em massa edificaram as ideias
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exportadas para toda a população, fazendo entender que a realidade presente nessa região é
única.

CONCLUSÃO

A história da América Latina envolve polêmicas de diversas naturezas. O tratamento


da América Latina pelo muno é uma concepção que também passou por diferentes
interpretações e sentidos na literatura dominante colonialista deste seu surgimento. Do mesmo
modo, a ideia de uma identidade latino-americana que até hoje apresenta interpretações
distintas. A luz da teoria histórica a origem do conceito América Latina e a identidade
latinoamericana figura sob um cenário de amplas divergências apontando para o rico e
polêmico debate da história da região.
Desta forma, os contrastes da história revelam que a América Ibérica se mostra
heterogênea e invertebrada no sentido de um processo de sucessivas influências estrangeiras,
que se constrói como reação a uma civilização e cultura latino-americana. Assim, a cultura em
sua essência não se torna fruto de uma evolução homogênea própria, mas de uma evolução
que se forma segundo aos processos que vêm de fora.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BETHELL, Leslie. O Brasil e a ideia de “América Latina” em perspectiva histórica,


Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 22, nº 44, jul/dez, 2009, p. 289-321;

BRUITI, Hector. A invenção da América Latina, Doc. 2005, disponível:


http://www.ifch.unicamp.br/anphlac/anais/encontro5/hector5.htm;

CHASTEEN, John Charles. América Latina: uma história de sangue e fogo. Rio de
Janeiro: Campus, 2001;

DUSSEL, Enrique. América ibérica na história universal, Revista Occidente nº. 25, Madri,
1965, p. 85-95;

GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina, Paz e Terra, Rio de Janeiro,
1978;

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2006.

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