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POPULISMOS E MILITARI-
ZAÇÃO NA AMÉRICA
NACIONALISMOS,
POPULISMOS E MILITARI-
ZAÇÃO NA AMÉRICA
Copyright © UVA 2019
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer
meio sem a prévia autorização desta instituição.
REVISÃO DIAGRAMAÇÃO
Marcia Glenadel UVA
Maria Lucia Daflon
Theo Cavalcanti
Lydianna Lima
SUMÁRIO
Apresentação 6
Autor 7
UNIDADE 1
Nacionalismos na América 8
• Nacionalismos na América Anglo-Saxônica
UNIDADE 2
UNIDADE 3
UNIDADE 4
O objetivo e o sentido das tradições inventadas são o seu caráter invariável. As práticas
devem se repetir e se inserir em uma formalidade. A tradição tal como Hobsbawm imagi-
na é distinta da convenção rotinizada: esta deve possuir uma função simbólica que pode
ser ritualizada. Os argumentos pragmáticos desprovidos de função simbólica demons-
tram a fraqueza da tradição.
6
AUTOR
ELISA GOLDMAN
7
UNIDADE 1
Nacionalismos na América
INTRODUÇÃO
Essa unidade possui significativa importância para que possamos identificar aspectos
históricos da trajetória do nacionalismo no continente americano e a formação dos es-
tados nacionais no século XIX. Devemos chamar atenção para os diferentes debates
que são reconhecidos nos cenários intelectuais que abordam o ethos nacional, ou seja,
percebemos dois movimentos paralelos; a saber: o debate intelectual sobre o naciona-
lismo e a formação do estado nacional após a emancipação na América Anglo-Saxô-
nica, América Espanhola e América Portuguesa.
OBJETIVO
9
Nacionalismos na América Anglo-Saxônica
O que nos interessa debater tem relação com o lugar reservado ao nacionalismo no percur-
so histórico da América Anglo-Saxônica. Para a realização do desenvolvimento dessa te-
mática, é necessário situar alguns dos principais debates em torno da questão do naciona-
lismo e as análises historiográficas que posicionam os autores em relação a essa temática.
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O nacionalismo pode ser definido como uma declaração de pertencimento a
um lugar, a um povo e a uma herança cultural.
Importante
Na luta anticolonial existem dois lados, duas nações em combate, ou seja, eri-
ge-se a alteridade da ruptura, do conflito e da batalha.
11
Otto Bauer, líder político austríaco. Otto Bauer procurou definir a nação a partir da cate-
goria de caráter nacional, entendida como um conjunto
de características físicas e mentais que distinguiam
uma nação de outra. O caráter nacional vai se modifi-
cando no decorrer da história. A comunhão do caráter
nacional é feita e refeita a cada contingência. A ciência,
ao afirmar o caráter mutável dessa comunhão coletiva,
enuncia um problema e não o soluciona.
Bauer responde que sua origem tem relação com a determinação diferencial da von-
tade. A nação é vista como uma comunhão de destino, ou seja, o compartilhamento
da experiência.
12
Para Bauer, a expansão e a consolidação da consciência nacional é con-
sequência histórica da nossa sociedade capitalista.
Nacionalismo norte-americano
Nacionalismo imperial
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Os americanos endossavam as crenças e convicções inglesas predominantes e incorpo-
ravam as principais correntes do pensamento político inglês. A idealização do comércio
e da liberdade caminhava em conjunto, parte de uma nação que se sentia integrando o
império britânico em expansão.
Nacionalismo revolucionário
Quando a crise do sistema colonial começou a se manifestar por meio do rigor fiscal
— aumento dos preços dos produtos mediados pela Inglaterra, houve uma progressiva
erosão da lealdade imperial. A surpreendente constatação de que os americanos não
eram considerados irmãos britânicos criou um ambiente de conversão do nacionalismo
imperial em nacionalismo revolucionário.
Nacionalismo republicano
14
Exaltava-se um novo Estado no qual se destacava um regime formado
por proprietários rurais masculinos.
MIDIATECA
15
Nacionalismos na América Espanhola
• língua;
• etnia;
• conjunto de critérios, como: território comum e alguns
Eric Hobsbawm, principal
historiador marxista. traços culturais.
A nação tal como identificada pelo nacionalismo pode ser reconhecida “a posteriori” ou
como origem histórica da ideologia nacionalista.
Saiba mais
16
Hobsbawm se apropria do conceito de nacionalismo, tal como desenvolvido na obra de
Ernest Gellner. O nacionalismo significa “fundamentalmente um princípio que sustenta
que a unidade política e nacional deve ser congruente.” Com Gellner, Hobsbawm ressal-
ta o conceito de invenção.
Segundo o autor, as nações são fenômenos duais, construídos do alto, porém compreen-
didas pela aceitação das massas. Gellner identifica, com destaque, a modernização feita
pelo Estado.
A chamada visão de baixo significa a nação vista sob a ótica de quem é objeto da ação
e da propaganda nacionalista.
17
Saiba mais
Nacionalismo
Patriotismo
estatal
18
Quando Hobsbawm (1990) reflete sobre os nacionalismos do Terceiro Mundo proces-
sados no período da descolonização, ele conclui que essas são experiências coladas à
referência europeia.
Nacionalismo latino-americano
Falar do nacionalismo latino e falar de latinidade com um viés mais cultural, de uma “mes-
tiçofilia” indigenista, afro-americana no seu aspecto mais social ou de um nacionalismo
anti-imperialista com ênfase no econômico teve profundo impacto nos anos 1920/30.
Esse último teve o seu ponto alto nos anos 1920 com reações à invasão norte-americana
na Nicarágua, revigorando um certo pan-americanismo.
Exemplo
Nacionalismo boliviano
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O caráter anti-imperialista na sua dimensão dual político-econômica aparece na revolu-
ção mexicana
Exemplo
Como exemplo, se, por um lado a revolução mexicana atualiza a agenda te-
mática da soberania nacional e do caráter anti-imperialista, por outro lado,
Rodó e sua obra Ariel representava a obra mais lida pela juventude universi-
tária latino-americana.
No arielismo haveria certa latinidade nostálgica, antimoderna, cuja ideia de América seria
um contraponto ao utilitarismo norte-americano.
Curiosidade
Ariel, do uruguaio José Enrique Rodó, talvez seja o texto mais influente de
toda a história do aparato educacional latino-americano. Na primeira metade
do século XX, dificilmente se encontrará, na América Hispânica, prática peda-
gógica na área de ciências humanas intocada, de alguma forma, pelo breve
opúsculo de Rodó. Dirigido à “juventude” da América, o título tem como mote
A Tempestade, de Shakespeare. O escravo de Próspero, Caliban, seria o perso-
nagem preso aos interesses materiais, enquanto Ariel seria a figura espiritual,
capaz de ir além dos interesses pragmáticos. A operação central do texto de
Rodó é associar aquele ao materialismo anglo-saxão e este à vocação “cultural”
da América Latina. Para Rodó, os povos anglo-saxões teriam se enclausurado
em um materialismo estreito, em um cálculo pragmático e instrumental. Os
povos latino-americanos estariam em condições de contrapor a isso a herança
genuína das civilizações clássicas. Rodó desenvolve um conceito aurático de
cultura, ligado à “experiência verdadeira” da arte, por oposição à brutalidade
massificada do cotidiano capitalista.
Há, portanto, uma crítica ao capitalismo em Rodó, mas ela é feita de um ponto
de vista aristocratizante e culturalista. Rodó tem horror à “multidão” e à “vul-
garidade”. Seu grande adversário é o utilitarismo, que ele via encarnado nos
Estados Unidos.
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O texto é uma nítida reação à modernização, uma tentativa de determinar um
novo espaço para o intelectual “desinteressado” e “estético”, em meio à massi-
ficação moderna. Daí os insistentes chamados de Rodó a uma existência total,
na qual o indivíduo fosse um exemplar não mutilado da humanidade, em que
nenhuma faculdade do espírito ficasse obliterada. (AVELAR, I. Revista Fórum
– 2011) (https://revistaforum.com.br/noticias/biblioteca-latino-americana-ariel-
-1900-de-jose-enrique-rodo/)
Nacionalismo revisionista
Uma outra forma de nacionalismo aparece na faceta revisionista que reivindica o passa-
do colonial como aquilo que é característico do americano. Muitas vezes, o revisionismo
funda uma idade do ouro primordialista que dá ênfase à origem nacional e pode, em
última instância, culminar com o conservadorismo político.
São postulados nacionalistas que vigoraram desde o século XVIII até o início do século
XX, a saber:
Além dos elementos citados, há a forte presença da ideia de que a nação está em perigo
contra forças avassaladoras de um inimigo externo.
Nacionalismo conservador
• Conservadorismo chileno.
• Integralismo brasileiro da AIB nos anos 1930.
• Hispanismo peruano.
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Nesse contexto, a modernidade seria representada como a degeneração, o que poderia
afetar a identidade básica americana.
Os países que integram a América Latina são dotados de grande diversidade cultural, o
que não permite uma abordagem única ou conclusões definitivas sobre a questão da
identidade. Rever o processo histórico que deu origem à concepção de identidade que
temos hoje é determinante, pois ela não é algo acabado e imutável.
22
MIDIATECA
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Nacionalismos na América Portuguesa
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Smith sinaliza para o potencial nacionalista e a sua disseminação provocada pela resso-
nância entre as massas. Nesse sentido, Eric Hobsbawn e Ranger destacam o conjunto
de “tradições inventadas”. A questão do artifício e da sobrevivência ou assimilação em
contextos culturais ou políticos diferentes aparecem em destaque.
Curiosidade
25
Saiba mais
Anderson afirma que o que tornou possível as novas comunidades foi a vivência intera-
tiva entre, a saber:
• Modo de produção.
• Relações de produção características do capitalismo.
• Tecnologia de comunicação (a imprensa).
• Desenvolvimento da diversidade linguística.
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Anderson remete à ampliação do estado colonial e à formação de lideranças nativas
bilíngues, inseridas nas repartições públicas e educadas nas escolas do capitalismo co-
lonial. Essas lideranças formadas nas salas de aulas dos modelos caóticos e turbulentos
da história americana e europeia se distinguiam e se dissociavam da burguesia local.
A nação imaginada sofre uma adaptação, uma transformação social com o advento da
consciência nacional. A superação da armadilha em torno do projeto do nacionalismo
derivativo infere a reflexão sobre o caráter de invenção do nacionalismo e da revolução.
No capítulo Censo, mapa e museus o autor escreve uma justificativa, retificando a sua
colocação sobre o nacionalismo nas ex-colônias, nas edições anteriores do livro Co-
munidades imaginadas. Anderson, nas edições anteriores do livro , identificava que as
políticas de construção nacional das ex-colônias eram miméticas e inspiradas nos esta-
dos europeus. O autor assume posteriormente que a genealogia desses nacionalismos
deveria ser procurada nos estados coloniais e nas respectivas trajetórias históricas.
27
Curiosidade
Contou com o patronato do imperador d. Pedro II, a quem foi dado o título de
Protetor, o qual incentivou e financiou pesquisas, fez doações valiosas, cedeu
sala no Paço Imperial para sede do Instituto, em seus passos iniciais, e presidiu
mais de 500 sessões. (IHGB)
O IHGB tinha como foco de orientação dos seus integrantes a organização de uma His-
tória Nacional pautada pelo ideal de unidade territorial e política. Sob a tutela do im-
perador, a tarefa da escrita da história era encarada como tarefa oficial e obra magna
intelectual.
O Brasil era uma sociedade marcada pelo trabalho escravo, pela presença das popula-
ções indígenas e com uma população marcadamente mestiça e, no entanto, os historia-
dores do IHGB imaginavam um Brasil refletido no espelho civilizatório europeu.
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Como afirmamos anteriormente, é no mesmo movimento de definição
da Nação brasileira que se está definindo também o outro em relação a
ela. Movimento de dupla face, tanto para dentro quanto para fora. Cabe-
-nos, aqui, perguntar quem é definido como o ‘outro’ desta Nação, seja no
plano interno, seja no plano externo. (GUIMARÃES, 1988)
Pensar uma nação nesse contexto do século XIX, em pleno regime monárquico, diz res-
peito à idealização de uma nação predominantemente branca gestada no campo restrito
do universo de letrados.
O processo de formação da nação no século XIX tem relação intrínseca com os efeitos
do processo revolucionário na Europa. Entre a consolidação do estado nacional pós-inde-
pendência e a gestação da nação como unidade territorial, haveria uma lacuna de quase
um século. Paralelamente, essa dinâmica histórica abarca o prolongamento da escravi-
dão e a permanência da monarquia.
Mesmo tendo se divorciado de uma possível associação popular, o projeto nacional as-
sumia como prioridade máxima o nacionalismo na América e a integridade territorial.
Sem assumir o povo no projeto nacional, o ideário de nação se apoiava na elite ociosa da
manutenção de uma hierarquia social baseada na liberdade em contraponto ao cativeiro.
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O curioso é que o Brasil não teria que firmar a unidade nacional com base na variante da
existência de um inimigo externo. Apesar dos inúmeros conflitos externos ao longo do pe-
ríodo monárquico, como a Guerra da Cisplatina e a Guerra do Paraguai, o orgulho nacional
foi explorado por meio do apego ao território e das características internas do “povo”.
Por fim, embora algumas interpretações racialistas insistissem nas visões negativas
acerca da experiência da mestiçagem, essa marca da brasilidade seria retomada inúme-
ras vezes. A tarefa de construir a ideia de nação brasileira seria um projeto não só ideoló-
gico, mas especialmente político, encaminhado pelo Estado monárquico e retomado em
diversas outras conjunturas históricas ao longo da trajetória histórica brasileira.
MIDIATECA
NA PRÁTICA
30
Resumo da Unidade 1
Podemos entender o nacionalismo como um conceito que define uma experiência histó-
rica baseada em um tipo de narrativa que pressupõe a existência de um começo, meio e
fim, cuja linearidade encaminha o movimento por meio do progresso e que o seu ápice
é projetado no tempo futuro. A narrativa é a forma mais adequada dos tipos de relatos
históricos em que o elemento nacional fornece as fronteiras, enquanto a principal trama
histórica narra o surgimento, a expansão e o sucesso dos movimentos nacionais. Ao
definirmos o nacionalismo como um fenômeno moderno, o conceito precisa levar em
conta as doutrinas, as políticas de Estado e os sentimentos de pertencimento. Quanto
mais a modernização política se torna solidamente desenvolvida, mais intensamente são
constituídas as oposições nacionalistas. As três experiências nacionalistas podem ser
levadas em conta no interior da perspectiva comparativa inserida na temporalidade.
CONCEITO
A nação pode ser vista como um sistema de significação cultural ou como uma
narrativa portadora de fronteiras culturais.
31
Referências
DOYLE, D.; PAMPLONA, M. A. (org.) Nacionalismo no Novo Mundo: a formação dos es-
tados-nação no século XIX. Rio de Janeiro: Record, 2008.
HOBSBAWM, E.; RANGER, T. A invenção das tradições. São Paulo: Paz e Terra, 1984.
KARNAL, L. et al. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo:
Contexto, 2007. Biblioteca Virtual.
32
MIGNOLO, W. D. (org.) Capitalismo y geopolítica del conocimento: el eurocentrismo y la
filosofia de la liberación en el debate intelectual contemporâneo. Buenos Aires: Ediciones
del Signo, 2001.
PINSKY, J. et al. História da América através de textos. 11. ed. São Paulo: Contexto, 2010.
QUIJANO, A. Dom Quixote e os moinhos de vento na América Latina. Dossiê América La-
tina. In: Revista Estudos Avançados do Instituto de Estudos Avançados, (IEA) da USP,
São Paulo, v. 19, n. 55, p. 9-31, dez. 2005.
RINKE, S. História da América Latina: das culturas pré-colombianas até o presente. Por-
to Alegre: EdiPUCRS, 2017.
TODOROV, T. O medo dos bárbaros, para além do choque das civilizações. Petrópolis:
Vozes, 2010.
TULCHIN, J. S. América Latina × Estados Unidos: uma relação turbulenta. São Paulo:
Contexto, 2016.
33
UNIDADE 2
Populismos e projetos de
modernização na América
INTRODUÇÃO
OBJETIVO
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Projetos de modernização e Guerra Fria na
América anglo-saxônica
36
Em 1924, foi criada uma lei da imigração que limitava a entrada nos EUA a 150.000
imigrantes por ano, estabelecendo cotas raciais e étnicas como critério de entrada. Eu-
ropeus e asiáticos eram limitados com base em uma nova definição de cidadão com
critérios excludentes e racistas.
37
Curiosidade
A Ku Klux Klan – KKK foi uma organização racista secreta que nasceu no final
do século XIX nos Estados Unidos. Ela foi fundada em 1866, no Tennessee,
como um clube social que reunia veteranos confederados, ou seja, soldados
que haviam lutado pelos estados do Sul, o lado derrotado na Guerra Civil Ameri-
cana (1861-1865). As duas palavras iniciais do nome da organização, “Ku Klux”,
aparentemente vêm da palavra grega kyklos, que significa “círculo”. Já o termo
“Klan” teria sido acrescentado para dar melhor sonoridade à expressão, além de
fazer uma referência aos velhos clãs, grupos familiares tradicionais. Muito mais
do que um clube, a KKK se transformou em uma entidade de resistência à polí-
tica liberal imposta pelos estados do Norte após a Guerra Civil, que assegurava,
entre outras coisas, que a abolição da escravatura fosse mesmo cumprida. Na
defesa da manutenção da supremacia branca no país, o grupo promovia atos
de violência e intimidação contra os negros libertados. Seus militantes adota-
ram capuzes brancos e roupões fantasmagóricos para esconder a identidade
e assustar as vítimas. A partir de 1870, o governo americano decidiu enfrentar
a organização, e, em 1882, a Suprema Corte do país declarou inconstitucional
a existência da KKK. “Ela parecia ter desaparecido durante os últimos anos da
década de 1880, mas foi revivida em meados do século XX”, diz a historiadora e
jornalista americana Patsy Sims, da Universidade de Pittsburgh.
Fonte: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-foi-a-ku-klux-klan-ela-
-ainda-existe/.
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Cinco mil bancos faliram e houve queda na produção industrial, diminuição do produto
interno bruto, além de declínio do poder aquisitivo da população em geral. O desemprego
ficou em torno de 20% ao longo de uma década, além da expressiva redução salarial.
Fonte: www.historyextra.com.
39
• O controle do sistema financeiro.
• O empreendimento de obras públicas associadas à assistência social.
Fonte: www.estudopratico.com.br.
40
A “ameaça vermelha”. A década de 1930 é chamada de década vermelha por
esforços persistentes de sindicalistas e radicais, es-
pecialmente do Partido Comunista norte-americano.
O final da Segunda Guerra representou para os EUA uma centralidade militar e o cresci-
mento econômico. No contexto da Guerra Fria, os Estados Unidos empreenderam uma
política fortemente anticomunista que resultou em patrulhamento e perseguição ideo-
lógica contra as vozes dissidentes.
41
Curiosidade
Harry S. Truman foi o 33º presidente dos Estados Unidos, o último que con-
correu com Franklin D. Roosevelt em 1944. Truman assumiu a presidência em
1945 após o falecimento de Roosevelt.
MIDIATECA
42
Populismos na América espanhola
O antiliberalismo ganhou espaço atrelado a uma política de massas que se esforçaria por
impedir uma revolução popular: o chamado avanço do comunismo.
43
Estado forte legislação social beneficiária de uma parcela da classe trabalhadora
modelo de governo.
• Varguismo no Brasil.
• Peronismo na Argentina.
• Cardenismo no México.
A cultura política populista se manifesta por meio de uma cultura política originária em
uma intervenção de Estado e novas formas de controle social.
44
Saiba mais
45
Estudar as relações entre classe trabalhadora, Estado e classes dominantes é importan-
te. Vamos entender o porquê! Observe um exemplo:
Exemplo
• Alguns apostam na leitura da origem agrária dos trabalhadores urbanos, o que ex-
plica a limitada capacidade política de articulação e a imatura consciência de classe.
• Outros fazem uma leitura da coexistência de traços tradicionais e modernos na
organização das massas.
46
• Algumas leituras mais contemporâneas insistem em uma abordagem mais vol-
tada para a representação do trabalhador como protagonista, e não como massa
cooptada, manipulada como se fosse um ator passivo nas relações com o Estado
beneficiário. O trabalhador integra uma classe social assimilando as relações so-
ciais e políticas.
O movimento peronista releu a noção de cidadania na Argentina nos anos de 1930 com
ênfase no caráter autoritário do regime.
O indivíduo estava limitado pela deman- Os sindicatos seriam vistos como ins-
da dos direitos trabalhistas, e o Estado trumentos do Estado para organizar a
cerceava os direitos políticos mais massa na perspectiva do controle social
amplos. e político.
O paradoxo do peronismo pode ser ilustrado pela efetiva ampliação da cidadania e dos
direitos sociais, mas junto com a introdução do controle social e de um viés autoritário.
Cardenismo
• A legislação trabalhista.
• A reforma agrária.
47
Cárdenas criou uma nova cultura política com:
Nesse contexto histórico, houve a reforma industrial, que passava por três eixos:
Consolidação
das redes
sindicais
Política Previdência
industrial social
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Esse regime promoveu alterações como:
No caso mexicano, a liberdade política esteve mais presente do que na Argentina, embo-
ra devamos considerar que a máquina burocrática do Estado autoritário foi gestada no
governo cardenista.
É necessário lembrar que a agenda de realizações trabalhistas não foi inaugurada pe-
los regimes populistas da Argentina e do México. A cultura política inaugurada por
esses regimes associava direitos sociais e trabalhistas com políticas autoritárias de
controle social.
MIDIATECA
49
Populismos e modernidade na América
portuguesa
Foto: CPDOC/FGV
Para F. Weffort, o populismo pode ser lido como um estilo de governo sensível a uma
política de massas que deve ser entendido em um contexto de: crise política e do man-
donismo local associado a um desenvolvimento econômico que se inaugura contextual-
mente com a Revolução de 30.
50
A crise da oligarquia e o advento do liberalismo foram vividos no âmbito do autoritarismo,
tanto em sua acepção institucional como vinculado a um personagem expressivo, caris-
mático e paternalista. A temporalidade do populismo segundo Weffort obedece a uma
primeira etapa, que seria marcada pela origem do populismo e pelo tempo da consolida-
ção da república populista (1945-1964), no âmbito da redemocratização.
Com a crise do liberalismo oligárquico, surgiu uma necessidade de ampliação das bases
sociais do poder do Estado.
As camadas populares seriam vistas como massa de manobra, estabelecendo uma de-
pendência reduzida com o tempo no processo de amadurecimento da democracia e de
uma cidadania mais ativa.
A redemocratização contou com uma maior participação das massas urbanas no ce-
nário político. O movimento operário recrudesceu buscando novas formas de represen-
tação. O governo Dutra consolidou uma aliança conservadora imprimindo uma atuação
repressora direcionada ao movimento operário, com intervenção dos sindicatos.
A volta ao poder
1951-1954
51
O segundo governo Vargas, eleito pela força do voto e pela representatividade legitima-
da pelos trabalhadores urbanos sindicalizados, reforçou a organização das massas. O
nacionalismo e o reformismo sindical reforçavam a expressividade cada vez maior dos
movimentos sociais e suas manifestações.
Governo Jango
O governo de Jango foi execrado pela direita e esvaziado pela esquerda, ou seja, o iso-
lamento político seria um desdobramento do compromisso social que desagradava os
grandes proprietários, a burguesia industrial e os interesses estrangeiros. O capital nor-
te-americano, mediante a operação “Brother Sam”, estava interessado em apoiar o golpe
civil-militar de 1964.
52
Saiba mais
A operação “Brother Sam” foi articulada entre militares e civis de direita tendo
o apoio americano por meio do diplomata Lincoln Gordon e da CIA. Como não
houve resistência aos militares, a operação não precisou sair de solo americano.
Fonte: https://www.infoescola.com/ditadura-militar/operacao-brother-sam/.
Saiba mais
Portanto, dos anos 1940 aos 1960, o populismo teria como que duas faces ab-
solutamente indissolúveis: a econômica, traduzida pelo processo de industriali-
zação em curso, reconhecido como exitoso, no país; e a política, mais complexa
e ambígua em termos de diagnósticos, materializada pela experiência de demo-
cracia (relativa, porém ímpar), exemplificada pelos anos JK. O início da década
de 1960, com a emergência da figura do presidente João Goulart, o herdeiro de
Vargas, e de seus competidores, Leonel Brizola e Miguel Arraes em particular,
eleva o tom do debate, que, como todos os demais, sofrerá o impacto do movi-
mento militar de 1964. O fenômeno do populismo passa, então, a integrar, com
destaque, a nova agenda de investigações que visava responder a uma grande
e crucial questão: quais foram as razões do golpe? É nesse contexto intelectual
e político que uma associação fundamental é traçada: as causas do golpe deita-
riam raízes no esgotamento da experiência populista, que passa a possuir uma
clara periodização. Ela tem início em 1930, quando eclode o movimento militar
liderado por Vargas, e se conclui em 1964, quando do movimento militar que
depõe João Goulart. Dessa forma, tanto o tema como o período se transformam
53
em um imperativo de pesquisa na área das ciências sociais. De 30 a 64, vive-se
o “ciclo populista”, e esse adjetivo passa a se estender a diferentes substantivos.
GOMES, A. C. O populismo e as ciências sociais no Brasil: notas sobre a trajetória
de um conceito. Tempo, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, p. 31-58, 1996.
MIDIATECA
NA PRÁTICA
54
Resumo da Unidade 2
CONCEITO
55
Referências
FERREIRA, J. (org.). O populismo e sua história: debate e crítica. Rio de Janeiro: Civiliza-
ção Brasileira, 2001.
KARNAL, L.; FERNANDES, L. E.; MORAIS, M. V.; PURDY, S. História dos Estados Unidos:
das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2007. Biblioteca Virtual.
PINSKY, J. et al. História da América através de textos. 11. ed. São Paulo: Contexto,
2010.
56
QUIJANO, A. Dom Quixote e os moinhos de vento na América Latina. Dossiê América
Latina. In: Revista Estudos Avançados do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP,
São Paulo, v. 19, n. 55, p. 9-31, dez. 2005.
RINKE, S. História da América Latina: das culturas pré-colombianas até o presente. Por-
to Alegre: EdiPUCRS, 2017.
TODOROV, T. O medo dos bárbaros, para além do choque das civilizações. Petrópolis:
Vozes, 2010.
TULCHIN, J. S. América Latina X Estados Unidos: uma relação turbulenta. São Paulo:
Contexto, 2016.
WEFFORT, F.. O populismo na política brasileira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
57
UNIDADE 3
Militarização, ditaduras
e intervenções
INTRODUÇÃO
OBJETIVO
59
Autoritarismo e democracia na América
anglo-saxônica no contexto da guerra fria
Por outro lado, as dificuldades de combate ao racismo acabaram por provocar a eclosão
de diversos movimentos sociais com o objetivo de empreender a luta pelos direitos civis.
As palavras de ordem eram: progresso, cidadania e liberdade.
60
A crise mundial do petróleo nos anos 1970, em decorrência do aumento do preço do
barril pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo – OPEP, após a derrota dos
países árabes na guerra do Yom Kipur, impôs dificuldades para a promoção do cresci-
mento econômico mundial.
A gestão do presidente Johnson foi marcada por reformas sociais e econômicas que
envolveram iniciativas tais como os chamados programas da grande sociedade, que
mobilizaram esforços voltados para programas populares de saúde direcionados aos
idosos e desfavorecidos.
A decadência econômica norte americana nos anos 1970 enfraqueceu sua hegemonia
e a experiência dos anos dourados do capitalismo norte-americano no pós-guerra. A
dependência do petróleo do Oriente Médio atingiu a economia americana com força. A
recessão pós-crise do petróleo foi duramente sentida na sociedade americana, diminuin-
do a certeza da prosperidade do American way of life.
61
Quer conhecer mais um pouco sobre Revolução Cubana? Leia a reportagem abaixo.
Saiba mais
Revolução cubana
O conflito entre EUA e Cuba teria uma evolução dramática nos anos 1960, com
repercussões não apenas regionais, mas também internacionais. Os pontos
culminantes foram a tentativa fracassada de invasão da ilha, por parte de exila-
dos cubanos apoiados pela CIA, através do desembarque na Baía dos Porcos;
o bloqueio econômico de Cuba decretado pela OEA em 1962; e, finalmente, a
Crise dos Mísseis, em outubro de 1962, que quase levou a um confronto militar
direto entre EUA e URSS.
62
Nos anos 1960 e 1970 os EUA viviam um cenário onde importantes organizações políti-
cas negras atuavam em nome de mensagens de liberdade. Vários líderes se destacavam
nos protestos bem-sucedidos contra segregação nos estados do sul.
Paralelo ao movimento pela luta dos direitos civis dos negros, houve outros movimen-
tos, como:
63
O apogeu dos movimentos pela luta dos di-
reitos civis dos negros aconteceu em 1963,
quando realizou-se uma passeata denomi-
nada Marcha de Washington, que trouxe
até 200.000 participantes para aclamar Lu-
ther King e seu discurso centrado na ideia
“eu tenho um sonho”.
Esse movimento provocou uma reação conservadora por parte das autoridades políti-
cas, intelectuais de direita e cidadãos do sul, inconformados com os rumos da mudança
política e social. Lideranças foram assassinadas, militantes foram espancados e presos
em passeatas. Luther king falava em ação afirmativa para os negros pobres.
Os Panteras Negras defendiam a autodefesa armada para lutar contra a violência ar-
bitrária dos policiais contra a população negra. Paralelo ao movimento negro surgiram
vários movimentos sociais de protestos que questionavam a sociedade de consumo
norte-americana.
64
Militarização, ditaduras e intervenções: a
América espanhola
Os anos 1960 e 1970 marcam um alto grau de mobilização política em países como Ar-
gentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Peru e Uruguai, nos quais se articulavam sindicatos
e partidos de esquerda, ligas camponesas, a luta armada e o movimento estudantil.
Os golpes militares empreendidos nos anos 1960 e 1970 desmobilizaram esses setores
e movimentos sociais, além de terem implementado políticas sociais excludentes.
Exemplo
65
As ideologias eram vistas como antipatriotas. Uma preocupação no discurso e
na mentalidade era a questão da integração nacional.
Nos anos 1970, foi estabelecida uma lei geral das indústrias que definia o papel do
estado no desenvolvimento industrial e um controle mais estrito sobre a indústria
básica. O general Velasco Alvarado tinha como objetivo:
O autoritarismo se fez experiência na Argentina nos anos 1960 e 1970. Houve um movi-
mento de neutralização das massas pelo peronismo. Entendia-se esse ímpeto popular
como uma ameaça à ordem nacional e à estabilidade política. No final da década de
1950, percebemos uma aproximação da esquerda com os diversos grupos peronistas.
Perón estava exilado na Espanha, após seu afastamento em 1955 e o peronismo am-
pliou suas posições sendo difícil definir apenas uma corrente.
66
Curiosidade
Ingressou no Colégio Militar de la Nación em 1911, saindo dois anos depois sub-
tenente de infantaria. Mais tarde, cursou a Escola Militar de Guerra, graduando-
-se em 1929. No ano seguinte, participou do golpe militar que derrubou o pre-
sidente Hipólito Yrigoyen, sendo designado secretário particular do ministro da
Guerra. Posteriormente, tornou-se professor titular de História Militar na Escola
Superior de Guerra. Adido militar na embaixada da Argentina no Chile em 1936,
três anos depois foi enviado à Itália em missão de estudos, onde especializou-
-se em infantaria de montanha. Regressou à Argentina em 1941.
67
mandato presidencial. A morte de Evita em 1952, as dificuldades econômicas
e as reivindicações dos trabalhadores enfraqueceram sua posição e, em 1955,
ele foi deposto pelos militares, exilando-se no Paraguai. Mais tarde, instalou-se
na Espanha, onde, em 1961, casou-se com a ex-dançarina argentina Maria Es-
tela Martínez. Durante os anos de exílio, continuou exercendo um importante
papel na política argentina.
Curiosidade
68
eles sequestravam esse antigo inimigo do peronismo, um dos líderes do movi-
mento que retirou Juan Domingo Perón em 16 de setembro de 1955 e presidiu a
Argentina nos anos seguintes. A complexidade da organização Montoneros está
na conjunção de elementos ideológicos que ela congregou. Tem-se o elemento
do cristianismo militante, que se aproximou dos ideais de esquerda através da
Teologia da Libertação e que, no contexto latino-americano, se radicalizou com a
visão de que a guerrilha seria a solução para o problema da pobreza, que muito
os tocava, inspirados pela figura de Camilo Torres, sacerdote colombiano que
morreu em 1966 com as armas em punho enquanto praticava a guerrilha arma-
da em seu país. Somado a isso tem-se o socialismo trazido pelo caso cubano,
não os levando a uma aproximação com o comunismo marxista clássico, ou à
ortodoxia do Partido Comunista Soviético, e sim à ação revolucionária imediata
através do foquismo, inspirado pela estratégia de Che Guevara. E, por último, o
elemento do peronismo, explicado pelo fato de as massas populares, a grande
maioria dos trabalhadores, enxergarem em Perón seu representante e salvador.
Por esta razão vão seguir esse clamor e defender o peronismo enquanto via ao
socialismo. O fato de Perón ter sido deposto em 1955 e substituído por um regi-
me militar claramente reacionário, somado ao imenso apoio popular de que ele
gozava, fez com que parcelas da esquerda fizessem uma autocrítica e enxergas-
sem na resistência peronista um caminho revolucionário.
Após Illia, Juan Carlos Ongania chegaria ao poder, iniciando a chamado Revolución
Argentina.
69
Intervenção das Instável e ineficaz
universidades política econômica
Dissolução Defesa do
dos partidos anticomunismo
Constituição Catolicismo
invalidada conservador
Revolución
Argentina
A reação popular foi violenta e gerou profunda divisão nos grupos de apoio ao governo.
Perón voltou do exílio da Espanha e recuperou a popularidade apoiando o governo de
Hector José Campora, que se elegeu em 1973. Campora renunciou em meio ao caos
social e a um episódio conhecido como o massacre de Ezeiza, onde multidões de dife-
rentes vertentes do peronismo se enfrentaram, gerando conflitos e instabilidade.
Com o falecimento de Perón assumiu sua viúva Maria Estela Martinez de Perón. A
gestão de Isabelita, como era conhecida, foi marcada pela ação do movimento parami-
litar de extrema direita, Triple A, que promovia atentados e confrontos abertos contra
a esquerda.
Estima-se que, nos três primeiros anos, o número de mortos tenha chegado a 30.000.
O terrorismo de Estado sequestrava, torturava e matava. A economia passou a seguir
as regras do livre de mercado. Com a entrada franqueada ao capital estrangeiro, várias
indústrias nacionais foram a falência.
70
Os excessos da ditadura argentina são co-
nhecidos e divulgados pelo grupo das Mães
da Praça de Maio, que estiveram à frente
das denúncias sobre desaparecidos, tortu-
rados e mortos.
A guerra das Malvinas no ano de 1982, uma campanha para recuperar a posse argen-
tina das ilhas das Malvinas, sensibilizou a esquerda e outros setores do país com o dis-
curso anti-imperialista. Com a derrota no conflito, a ditadura argentina se viu fragilizada.
A renúncia do general Leopoldo Galtieri pôs fim ao regime e projetou a imagem de Raúl
Alfonsín do partido União Cívica Radical.
No Chile as eleições presidenciais de 1970 foram vencidas pelo candidato socialista Sal-
vador Allende, da Unidade Popular, defensor do socialismo com democracia. Seu gover-
no procurou estatizar o sistema bancário, alguns setores da indústria e a exploração do
cobre, responsável por oitenta por cento da exportação chilena. A reforma agrária expro-
priou 35% das terras e as redistribuiu entre camponeses. A via chilena do socialismo ins-
pirava resistência: pecuaristas se opunham a nacionalização, proprietários suspendiam
investimentos na produção, havia remessas de dólares para o exterior e escassez de
mercadorias. Os Estados Unidos patrocinaram uma greve dos caminhoneiros que estag-
nou o país, ao tentar derrubar os preços do cobre no mercado externo para desestabilizar
a economia chilena.
Um grupo de extrema direita, Pátria y Libertad, chegou a conspirar para derrubar Allende
e se envolveu em atividades terroristas. A instabilidade chegou ao seu apogeu quando
setores radicais da Unidade Popular, entre eles grupos do MIR (Movimento de Esquerda
Revolucionária) decidiram tomar as fábricas e invadir as propriedades rurais, desorgani-
zando os setores agrários e promovendo desabastecimento.
71
A situação econômica do Chile se mostrava grave em 1971: recessão, aumento de pre-
ços, escassez de mercadorias e esgotamento de reserva das moedas estrangeiras.
A nacionalização das empresas exigiu esforços financeiros com sobrecarga do estado.
Allende era impopular entre as camadas médias e inspirava forte desconfiança por parte
da direita. Enfrentava a concorrência do partido democrata cristão e sofria críticas da
extrema esquerda.
72
Articulador da Operação Condor, Pinochet manteve uma integração com outros regimes
ditatoriais da América Latina, com o intuito de consolidar a cooperação entre os regimes
autoritários (Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina).
Entre 1973 e 1980, a Operação Condor definiu uma cooperação entre as ditaduras do
cone sul para reprimir o que esses regimes consideravam elementos subversivos.
73
Militarização, ditaduras e intervenções
Vamos iniciar o tópico apresentando, em linhas gerais, alguns aspectos históricos sobre
a militarização, ditaduras.
Leonel Brizola, no Rio Grande do Sul, tentava organizar a resistência, apelando para a
manutenção da legalidade. O presidente do Congresso declarou vago o cargo de presi-
dente da república. O projeto dos golpistas era retirar Jango do poder e adiar o processo
de democratização.
74
Havia um projeto ideológico em curso baseado na doutrina de segurança nacional da
Escola Superior de Guerra.
Durante o regime ditatorial, o Executivo exercia poder sobre o Judiciário e direitos e ga-
rantias individuais foram extintos. Também foram suspensas algumas ações:
• A vigência da vitaliciedade.
• Estabilidade dos servidores públicos civis e militares.
• Possíveis e arbitrárias demissões.
• Dispensas.
• Aposentadorias ou transferências para a reserva, no caso dos militares.
Diferente do senso comum, a violência do regime militar não tardou a expressar a brutali-
dade da ditadura, que começou a se manifestar desde o dia 02 de abril quando incendia-
ram o prédio da UNE e a sede do ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros).
O Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), as ligas camponesas e diversas outras organi-
zações ligadas aos movimentos sociais foram declaradas ilegais. A repressão foi violenta
e militantes comunistas, como Gregório Bezerra, foram espancados. A Universidade de
Brasília (UNB) foi invadida e várias manifestações coletivas foram duramente reprimidas.
75
Logo no início da ditadura foi criado o Serviço Nacional de Informação – SNI com o obje-
tivo de coletar informações sobre segurança nacional e a chamada “subversão inter-
na”. No nível estadual criou-se o Departamento de Ordem Política e Social – DOPS. Esses
órgãos criados no âmbito do estado de repressão implantado desde o início da ditadura
compunham a tríade de pilares repressivos: censura, propaganda e polícia política.
No entanto, durante o regime militar foi promulgada uma nova constituição que aca-
bava por referendar as medidas excepcionais e os atos institucionais de desrespeito à
democracia no contexto nacional. As eleições para presidente e governador se tornaram
indiretas e o executivo alcançou um poder extenso que lhe permitia:
• Decretar leis.
• Definir prerrogativas sobre segurança nacional e finanças públicas.
Após a posse do presidente Costa e Silva, no ano de 1967, houve intensificação das ma-
nifestações nas ruas, com a realização de passeatas e comícios.
Fonte: une.org.br.
76
ataques violentos da polícia militar. O poder executivo manteve o fechamento do con-
gresso, a cassação de mandatos políticos e precipitou a decretação do estado de sítio.
Nesse mesmo contexto houve mais prisões políticas dirigidas à opositores do regime.
Com o endurecimento do regime militar foi criada a pena de expulsão e banimento do
país, além do retorno da pena de morte ou prisão perpétua no contexto de “subversão”.
Saiba mais
77
Quanto às principais personalidades envolvidas com a política econômica no
período, cabe recordar que, no início de 1967, Castelo Branco foi sucedido por
Costa e Silva na presidência da República. Delfim Neto foi então nomeado mi-
nistro da Fazenda e Hélio Beltrão recebeu a pasta do Planejamento. Em 1969,
com a doença e a morte de Costa e Silva, após o breve período de transição da
junta militar, Garrastazu Médici assumiu a presidência e João Paulo dos Reis
Veloso, o cargo de ministro do Planejamento.
Fonte: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/milagre-econo-
mico-brasileiro.
78
Depois do golpe de 1964 multiplicaram as entidades que se organizaram em torno de
projetos de resistência ao regime militar a partir da luta armada, em função do descon-
tentamento com os rumos da resistência pacífica empreendida pelo PCB (Partido Comu-
nista Brasileiro). Alguns projetos se inspiravam na revolução cubana, outros, na revolução
maoísta empreendida pela China em 1949.
A luta armada no Brasil teve duas áreas de atuação: o campo e a cidade, sendo a guerri-
lha urbana a mais conhecida. Há registro de várias organizações como:
1. A reconstituição da VPR.
2. A Dissidência da VAR-Palmares – DVP.
Ainda, da dissidência gaúcha do PCB, que se fundiu ao que restou da POLOP, surgiu:
79
As ações guerrilheiras no Brasil transitavam em três áreas de atuação:
A guerrilha rural, porém, também se destacou. Nesse caso, havia um projeto de luta
pelo comunismo por meio de uma “guerra popular”, estabelecida por focos guerrilhei-
ros. Nesse ponto, o contexto internacional influenciou a esquerda brasileira, embora
não a ponto de comandá-la. O mundo dos anos 1960 vivia um turbilhão de mudanças
e a vitória de Fidel Castro, Che Guevara e seus companheiros na ilha de Cuba, com
a derrubada de Fulgêncio Batista em 1959 e sua adesão ao socialismo soviético em
1961, levou à euforia a esquerda latina, fazendo com que muitos aderissem à sua tática
de guerrilha: o foquismo 6.
80
O Movimento Nacional Revolucionário –
MNR aderiu a essa teoria e formou o pri-
meiro foco guerrilheiro no Brasil contra a
ditadura militar, na região do Caparaó (fron-
teira entre os Estados do Espírito Santo e
de Minas Gerais), no período de 1966-1967.
Seus membros, em grande maioria, eram
ex-militares.
Fonte: altocaparao.mg.gov.br.
Para uma parte das camadas intelectualizadas de orientação política à esquerda havia
uma distância entre seus ideais radicalmente democráticos e a realidade do regime
civil-militar. O final dos anos 1970 e a década de 1980 assistiram, por toda a América
Latina, a um intenso movimento de redemocratização, com a substituição das dita-
duras militares que desde várias décadas dominavam o panorama político continental.
O Brasil não era um caso único ou modelar do processo de transição democrática,
embora, é claro, guarde, como veremos inúmeras especificidades.
Saiba mais
Golpe de 1964
81
insistência de Brizola, Jango desistiu de um confronto militar com os golpistas
e seguiu para o exílio no Uruguai, de onde só retornaria ao Brasil para ser sepul-
tado, em 1976.
Fonte: <https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/Golpe1964>.
82
MIDIATECA
NA PRÁTICA
83
Resumo da Unidade 3
Para além dos objetivos descritos devemos incluir a identificação de uma especificidade
política no período que se inicia com o golpe de 1964 e termina com a crise do regi-
me autoritário, no início da década de 1980, no caso brasileiro. No contexto da América
Latina, estivemos atentos a ascensão de regimes autoritários e suas práticas políticas
populistas. Por meio de alguns estudos de caso, analisamos, da gestação ao ocaso, o
autoritarismo e o estabelecimento de estados de repressão no continente. Em relação
aos Estados Unidos da América, procuramos identificar o contexto político de reformas
e da política intervencionista na Guerra Fria, por meio da guerra do Vietnã, bem como dos
movimentos sociais originários das lutas por direitos sociais.
CONCEITO
84
Referências
KARNAL, L. et. al. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo:
Contexto, 2007. Biblioteca Virtual.
PAES, M. H. A década de 60: rebeldia, contestação e repressão política. São Paulo: Ática,
1997.
PINSKY, J. et al. História da América através de textos. 11 ed. São Paulo: Contexto, 2010.
RINKE, S. História da América Latina: das culturas pré-colombianas até o presente. Por-
to Alegre: EdiPUCRS, 2017.
85
SOARES, G. A. D.; D’ARAUJO, M. C. (org.). 21 Anos de Regime Militar: balanços e pers-
pectivas. Rio de Janeiro: FGV, 1994.
TODOROV, T. O medo dos bárbaros, para além do choque das civilizações. Petrópolis:
Vozes, 2010.
TULCHIN, J. S. América Latina X Estados Unidos: uma relação turbulenta. São Paulo:
Contexto, 2016.
86
UNIDADE 4
Redemocratização na América
contemporânea: características
históricas e perspectivas
INTRODUÇÃO
OBJETIVO
88
Democracia e crise econômica na América
anglo-saxônica contemporânea
Uma nova direita passou a regular a vida cultural, o cenário intelectual e o contexto
político, principalmente depois da derrocada do socialismo real e da queda do muro de
Berlim. O capitalismo norte-americano envolvia intervenções políticas como no Iraque ou
no Afeganistão, especialmente depois do episódio do 11 de setembro.
89
O neoliberalismo parecia uma proposta na forma de resposta à crise econômica dos
anos 1970. Em primeira instância, houve uma crise de acumulação com perda da mar-
gem de lucro:
stocklight / Shutterstock.com
O dirigente verbalizava que a “era do governo grande havia acabado”. Houve um ataque
frontal aos direitos trabalhistas e aos sindicatos, e uma progressiva eliminação de direi-
tos e perdas salariais foram duramente sentidas pelos trabalhadores.
90
A Era Reagan/Thatcher (Grã-Bretanha) ficou conhecida como uma segunda
Guerra Fria. A política externa e belicosa contra a União Soviética – URSS
tinha como objetivo restaurar o quadro de bipolaridade entre EUA e URSS.
91
As empresas em geral criavam obstáculos a campanhas de sindicalização
com a intimidação de ativistas. As grandes organizações se utilizavam de
greves longas para desestabilizar os sindicatos. Com a fragilidade de enti-
dades sindicais, “o exército de reserva” dos trabalhadores urbanos aceitava
trabalhar em situações degradantes, com salários miseráveis.
92
As agências financeiras (FMI e Banco Mundial) pressionavam os países da América La-
tina a um ajuste estrutural em troca do abrandamento das dívidas. A hegemonia norte-
-americana enfatizava uma política externa interventora e exaltadora do neoliberalismo.
Na nova ordem mundial permaneceram alguns direitos políticos adquiridos nos anos
1960 e 1970 por negros, mulheres e imigrantes. Nesse contexto, várias manifestações
ocorreram em protesto contra a nova ordem mundial e seus princípios neoliberais.
O envelhecimento da
As políticas públicas população atribuía ao
pareciam contemplar Estado mais gastos
as minorias raciais e de com previdência e
gênero. saúde pública.
Os estímulos para
imigração para
O progresso em substituir a mão de
direitos sociais e a obra que envelhecia
consolidação das foram ampliados.
liberdades pareciam Entre os imigrantes
oscilar nas décadas de mais expressivos
1980 e 1990. estavam os latino-
americanos e asiáticos.
93
Saiba mais
Fonte: http://www.zonacurva.com.br/o-mundo-despertou-pesadelo-neoliberal-em-seattle/
94
Redemocratização e neoliberalismo na
América espanhola contemporânea
O final dos anos 1970 e a década de 1980 assistiram por toda a América Latina a um
intenso movimento voltado para a redemocratização, com a substituição das ditaduras
militares que predominaram no panorama contemporâneo.
95
As eleições gerais de 1983 foram vitoriosas para Raul R.
Alfonsín. Durante sua gestão, foi revista a lei de autoanis-
tia que perdoava os militares por excessos cometidos
no regime militar, além disso foram assinados decretos
que viabilizaram julgamentos de militares que comete-
ram crimes de lesa-humanidade.
30%
votos da capital
Frente ampla
Estrutura tripartidária
20%
votos do país
Quer saber mais sobre o movimento Frente Ampla? Leia o ícone Curiosidade logo a seguir.
96
Curiosidade
Frente Ampla
A manutenção do regime militar por 21 anos não foi realizada a partir do consen-
so popular, nem mesmo das elites. Diversos movimentos se destacaram na luta
contra a ditadura, e um deles foi a Frente Ampla, composta por figuras públicas
bastante conhecidas: Juscelino Kubitschek, João Goulart e Carlos Lacerda.
A Frente Ampla realizou entre os anos de 1966 e 1968 diversos comícios e ma-
nifestações de rua.
A curiosa aliança entre antigos inimigos — Carlos Lacerda e aqueles que tanto
criticou em seus artigos, João Goulart e Juscelino Kubitschek — iniciou-se a
partir do afastamento de Lacerda da direita após a edição do AI-1, que anulou
as esperanças de Lacerda sobre as eleições de 1965, que seriam realizadas
pelo voto indireto. A partir desse momento, Lacerda, que antes era visto como
uma das principais lideranças civis do Golpe de 1964, passa a ser um de seus
maiores críticos.
Fonte: https://www.infoescola.com/historia-do-brasil/frente-ampla/.
97
rais — de que eles estariam diante de uma sociedade enferma, como tal
merecedora de tratamentos de choque e de um empenho de regenera-
ção sob direção das Forças Armadas. (WEFFORT, 1989)
98
Esvaziado de legitimidade perante amplos se-
tores sociais, o regime militar tentava fortalecer
sua imagem com o recrudescimento e a inten-
sificação do envolvimento da Argentina na re-
cuperação das Malvinas. Essa ação seria uma
expressiva estratégia para recuperar uma ima-
gem positiva perante a opinião pública.
Com a derrota nas Malvinas, o governo militar expunha suas fraturas e acelerava sua der-
rota. O general Galtieri renunciou e abriu espaço para a redemocratização do país. Raul
Alfonsín venceu as eleições de 1983 com o desafio de consolidar o regime democrático
com uma sociedade de memória recente.
Alcançar metas de
Melhorar a qualidade
Desenvolver a cidadania. desenvolvimento
de vida da população.
econômico.
Promover ações
Responder aos desequilí- Coibir a corrupção com vista a
brios ambientais. e a violência. consolidar
a justiça.
Reparar os crimes
contra a humanidade
perpetrados
pela ditadura.
99
Na Era da Globalização, as economias nacionais buscaram se fortalecer com a forma-
ção dos blocos de mercado comum. Uma das tônicas que acompanharam a afirmação
dos regimes democráticos na América Latina foi:
100
Crise da ditadura militar: propostas de aber-
tura, redemocratização ou reconstitucio-
nalização? A Nova República: perspectivas
para a democracia na América portuguesa
A opção pela “abertura lenta, gradual e segura” não criou obstáculos para que parte da
comunidade de informações operasse no controle diário das pessoas que organizavam
uma oposição ao regime autoritário vigente desde 1964.
O primeiro ano do governo Geisel (1974), reconhecido pela historiografia como o início
da distensão, contou com o número de 54 desaparecidos e uma morte oficial. Longe de
uma aparente normalidade institucional, o governo Geisel marcou:
A continuidade das torturas e das ações realizadas pelo estado de terror im-
plantado nos governos reconhecidos como de linha dura (Costa e Silva e Mé-
dici). As mortes de Vladimir Herzog e Manoel Fiel Filho nas dependências do
DOI-Codi ilustraram esse contexto.
101
Em 1976, foi aprovada
a Lei Falcão, que definia
que a campanha dos
partidos na televisão O pacote de abril no ano
e no rádio deveria se de 1977 editou reformas
limitar à aparição dos institucionais que objetivavam
nomes e das imagens impedir o avanço político do
dos candidatos. MDB, oposição consentida a
possibilitar a vitória da Arena
nas eleições subsequentes.
Nesse mesmo período ganhava força a bandeira da anistia, movimento popular que
abrangia lideranças de esquerda, estudantes e intelectuais, além de uma corrente estran-
geira de solidariedade.
Nesse sentido, é possível supor que a abertura política não foi baseada
em um projeto de redemocratização coerente e previamente articulado.
Segundo Maria Celina D’Araújo, “podemos caracterizar a abertura como
um projeto, que se iniciou pelo alto, com importantes passos liberalizan-
tes, mas que logo virou processo, cujo rumo foi determinado por muitas
forças”. Dessa maneira, Geisel assumiu a Presidência tendo que enfrentar
não apenas a crise política e econômica herdada dos governos anterio-
res, mas também a crise interna deflagrada dentro do próprio regime por
setores que viam na abertura política uma forte ameaça à sua perma-
nência no poder. As Forças Armadas, como é possível supor, tinham em
sua composição uma série de divergências de posturas, comportamen-
tos e alinhamentos, sendo essa característica um dos maiores desafios
enfrentados por Geisel durante seu mandato. (RESENDE, 2014, p. 38)
A anistia incluía uma agenda que pressupunha uma parcela de apoio ao projeto da di-
tadura que previa uma anistia ampla, geral e irrestrita na perspectiva compreensiva da
existência de um grupo de revanchistas que se distanciavam da reconciliação nacional,
demanda do país segundo os militares. Com o fim do AI-5, da censura surgia um reforço
pela polaridade: anistia parcial versus anistia ampla, geral e irrestrita.
102
Em 1979, a ditadura percebia um movimento plural com diversas demandas, além da
perspectiva da alta do custo de vida e do descontentamento com o milagre econômico,
que “fazia o bolo crescer, mas não dividia”, ou seja, a concentração de renda era alarmante.
As greves se
multiplicavam.
A bandeira O movimento
da anistia se estudantil se
fortalecia. rearticulava.
O movimento
negro ganhava
expressão.
103
Dica
O governo Carter já representou uma virada na estratégia americana com o objetivo de re-
cuperar uma imagem chamuscada pelo desrespeito aos direitos humanos e se fortalecer
para retomar o confronto com a URSS. Nos anos 1970, percebemos os primeiros sinais de
esgotamento que apontam para um processo de abertura que representa uma dimensão
fluida e múltipla das forças sociais, e alguns ensaios de reconstitucionalização foram
esboçados, a saber:
Geisel, como sucessor de Médici, fez uma dupla com Golbery com o objetivo de organizar
a reconstitucionalização do país. A meta era:
104
• A vitória da oposição desestabilizou o projeto original de abertura inerente aos militares.
• A linha dura se organizou em torno da comunidade de informações, os Cies e os
DOI-Codis.
• A violência da repressão aumentou e prolongou as casas de tortura e o assassinato
dos opositores.
No governo Figueiredo, a
campanha da anistia se Essa sabotagem se ma-
No governo Geisel, su-
concretizou, o que pro- nifestou no atentado ao
primiram o AI-5 e houve
vocou, por parte da linha Riocentro (1981) e, por
o fim da censura e da
dura atrelada ao estado consequência, na demis-
imprensa.
de terror, um processo de são do Golbery.
sabotagem à abertura.
• A inflação.
• A limitada produção industrial.
• Os altos índices de desemprego.
• Alguns dos problemas que continuaram rondando o país.
1. Ampliar a cidadania.
2. Melhorar a qualidade de vida da população.
105
3. Alcançar metas de desenvolvimento econômico.
4. Responder aos desequilíbrios ambientais.
5. Coibir a corrupção e a violência.
6. Promover ações com vista à justiça e reparar os crimes contra a humanidade per-
petrados pela ditadura.
Saiba mais
Diretas Já
Fonte: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/diretas-ja.
106
MIDIATECA
NA PRÁTICA
107
Resumo da Unidade 4
CONCEITO
A nova ordem mundial dos anos 1990 representou o reforço de uma hierarquia
complexa na qual os EUA retiveram um lugar culminante na ordem dos gru-
pos imperialistas. Com ímpetos intervencionistas e pautados pela doutrina do
Choque das Civilizações, pressuposto da dualidade Oriente-Ocidente, os EUA
emplacaram políticas econômicas imperialistas e projetos de expansão de con-
tenção do chamado comunismo mundial.
108
Referências
KARNAL, L.; FERNANDES, L. E.; MORAIS, M. V.; PURDY, S. História dos Estados Unidos:
das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2007. Biblioteca Virtual.
PAES, M. H. A década de 60: rebeldia, contestação e repressão política. 4. ed. São Paulo:
Ática, 1997.
PINSKY, J. et al. História da América através de textos. 11. ed. São Paulo: Contexto,
2010.
RINKE, S. História da América Latina: das culturas pré-colombianas até o presente. Por-
to Alegre: EdiPUCRS, 2017.
TODOROV, T. O medo dos bárbaros, para além do choque das civilizações. Petrópolis:
Vozes, 2010.
109
TULCHIN, J. S. América Latina X Estados Unidos: uma relação turbulenta. São Paulo:
Contexto, 2016.
WEFFORT, F. Incertezas da transição na América Latina. Lua Nova, São Paulo, n. 16, p.
5-46, mar. 1989.
110