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Essas duas concepções possuem projetos políticos diferentes. Uma delas, mais
"moderna", busca a centralização e a uniformização dos assuntos políticos, enquanto a outra
valoriza a autonomia do governo. No entanto, o autor argumenta que, embora essas tendências
sejam contraditórias, estão intrinsecamente ligadas. Na realidade, elas coexistiam no âmbito
pragmático do mesmo projeto político e explicam, em grande parte, as oscilações, os
compromissos e as ambiguidades do regime revolucionário nesses anos.
A historiografia era vista como uma ferramenta essencial para legitimar o poder e a
ordem social, além de promover a ideia de progresso e desenvolvimento nacional. A escrita da
história tinha o propósito de fortalecer o sentimento de pertencimento à nação e preservar a
memória coletiva. A historiografia refletia as visões de mundo e os interesses das elites
intelectuais e políticas da época, buscando promover narrativas históricas que apoiassem suas
ideologias e projetos de poder.
De acordo com Januário da Cunha Barbosa, havia a necessidade de unir uma história
nacional. A ideia de "historia magistra vitae" (a história é a mestra da vida) justificava e
orientava as pesquisas do IHGB. Eternizar e preservar os fatos eram princípios derivados dessa
ideia. Após a eternização do fato, era necessário salvá-lo, o que envolvia uma série de
procedimentos metodológicos, desde a descoberta das fontes até a produção textual.
Dessa forma, as ideias centrais eram o resgate dos fatos notáveis da história brasileira,
a concentração desses fatos em uma associação literária para oferecê-los ao conhecimento do
mundo, purificados de erros e imprecisões. Através da história, o sentimento patriótico era
revelado tanto para os brasileiros como para os estrangeiros.
O conceito de América Latina nasceu no século XIX por meio da obra de Michel
Chevalier, um francês. Em seu livro "L'Amérique latine: considérée dans ses rapports avec les
nations européennes" ("A América Latina: considerada em suas relações com as nações
europeias"), publicado em 1836, ele utilizou o termo "América Latina" para se referir aos países
da América colonizados por nações europeias de línguas latinas, como Espanha, Portugal e
França. A ideia central era que esses países compartilhavam aspectos culturais e históricos em
virtude de sua herança colonial.
A partir disso, a noção de América Latina como uma entidade cultural e política distinta
se disseminou, primeiramente na França e posteriormente em outros países, especialmente na
Europa. É importante ressaltar que esse conceito foi influenciado por perspectivas externas,
principalmente europeias, refletindo uma visão eurocêntrica da região. Ele engloba uma
diversidade de países e culturas, muitas vezes negligenciando as diferenças e particularidades
específicas de cada nação. Além disso, o conceito de América Latina também carrega
implicações políticas e ideológicas, relacionadas ao processo de afirmação e busca de
identidade dos países latino-americanos.
No México, a pressão política para repartir e privatizar as terras indígenas dos pueblos
ganhou força, especialmente após a promulgação da Lei Lerdo. Essa lei determinou a
privatização dos bens da Igreja e das terras de posse comum dos pueblos, conhecidas como
"común repartimiento". A constituição mexicana de 1857 também reforçou a ideia de
liquidação das terras de uso comum, proibindo a propriedade corporativa de imóveis e
ordenando a repartição e privatização dos ejidos, que antes estavam excluídos desse processo.
Enquanto alguns autores, como Margarita Carbó, apontam que a legislação liberal
mexicana provocou uma profunda reorganização no estilo de vida de índios e camponeses,
resultando em pouca posse de terra para os pueblos, outros autores, como Frank Schenk,
enfatizam a resistência pacífica ou armada das comunidades, o que levou à sobrevivência de
muitas terras comunais em diferentes regiões do país, devido a resistência armada e pacífica.
A questão é que houve impacto sobre os indígenas.
No entanto, a partir da década de 1980, surgiu uma nova corrente historiográfica que
buscou as causas da Guerra do Paraguai no próprio processo histórico dos países da região do
Prata. Essa abordagem caracteriza-se por uma pesquisa sólida em fontes primárias, o que
permitiu concluir que as origens da guerra estão intrinsecamente ligadas ao processo histórico
regional. O Paraguai não constituía exemplo de modernidade econômica e social no período
que antecedeu o conflito e, ainda, analisar criticamente os personagens queparticiparam do
processo que levou ao enfrentamento armado, em lugar de robustecer mistificações.