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Governo Bolsonaro
Neofascismo
e autocracia burguesa
no Brasil
Marcelo Badaró Mattos
INTRODUÇÃO
Este artigo resume e atualiza argumentos e conclusões de RESUMO
«Em um certo ponto de sua vida histórica, os grupos sociais se separam de seus partidos
tradicionais, isto é, os partidos tradicionais naquela dada forma organizativa, com aque-
les determinados homens que os constituem, representam e dirigem, não são mais reco-
nhecidos como sua expressão por sua classe ou fração de classe. Quando se verificam
estas crises, a situação imediata torna-se delicada e perigosa, pois abre-se o campo às
soluções de força, à atividade de potências ocultas representadas pelos homens provi-
denciais ou carismáticos.»10
O exemplo histórico mais expressivo a que se referia Gramsci, ao tratar das crises
orgânicas, era o do processo por ele vivido, ao fim da Primeira Guerra Mundial, que
contextualiza tanto a Revolução Russa de 1917, quanto o surgimento do polo mais extremo
da contrarrevolução, com a ascensão do fascismo. Gramsci já havia registrado, em 1921,
que a ascensão fascista se dera em meio a «uma unidade e simultaneidade de crises
nacionais, que fazem com que a crise geral seja extremamente aguda e incontornável»11.
A referência ao fascismo é recorrente no debate sobre Bolsonaro e seu Governo. Trata-se
de uma referência pertinente?
BOLSONARISMO E NEOFASCISMO
Como toda categoria de análise histórica, a caracterização de algum fenômeno político
como fascista exige cuidados, nesse caso redobrados porque discursos políticos de
esquerda muito correntes banalizaram o emprego do adjetivo «fascista» para definir
qualquer tipo de posição ou discurso político reacionário. Preferimos, nesse caso,
o cuidado analítico apresentado por Fernando Rosas, para quem «o fascismo enquanto
movimento ou enquanto poder» deve ser encarado «como fenómeno e categoria histó-
rica, e portanto historicamente contextualizado». Essa ênfase na historicidade do fas-
cismo, como fenômeno que emerge nas condições específicas da Europa do Entre
Guerras, envolvendo certa diversidade de manifestações, mas também uma unidade de
características em comum, leva o autor a definir uma «época dos fascismos»12.
Rosas, porém, também defende que essa abordagem histórica necessariamente deve
remeter a um entendimento do fascismo como «fenómeno dinâmico, complexo e
mutante»13. É diante desse aspecto dinâmico e mutante do fenômeno fascista que
podemos tentar, em exercício comparativo, localizar as possíveis convergências entre
setores da extrema-direita contemporânea e aquela da «época dos fascismos», que neste
texto também é referida como «fascismo histórico».
A hipótese com a qual se trabalha é a de que, no século xxi, em um contexto de «crise
orgânica» muito específico – em que a perda de legitimidade dos projetos hegemônicos
centrados nas políticas neoliberais não se confronta com a perspectiva viva da revolução
«um amplo estrato da população – a pequena e média burguesia – que considera ser
possível resolver estes gigantescos problemas com metralhadoras e pistolas. E é este
estrato que alimenta o fascismo, que fornece seus efetivos. [...] A classe média acredita
poder resolver os problemas econômicos através da violência militar. Acredita poder
solucionar o desemprego com tiros de pistola e aplacar a fome e enxugar as lágrimas das
mulheres do povo com rajadas de metralhadora.»21
No Brasil do século xxi, os alvos dessas pistolas e metralhadoras têm um perfil bem
definido: jovens, moradores das favelas e periferias das grandes cidades, negros22.
Como também tiveram perfil social e racial (embora não etário) similar a maioria das
vítimas da pandemia de covid-19 no Brasil. O evento pandêmico confirmou tragicamente
a lógica exterminista do bolsonarismo23. Opondo-se desde o primeiro momento às
medidas sanitárias e estimulando abertamente tratamentos com medicamentos sabi-
damente ineficazes, enquanto procurava boicotar as soluções efetivas (como a vacinação),
o Governo Bolsonaro e seus seguidores tiveram peso decisivo no balanço das mortes
pela doença. Por isso o Brasil ocupa o segundo lugar nas estatísticas mundiais oficiais
de mortos pela doença, em números absolutos, com uma taxa de mortes por milhão
quase quatro vezes maior que a média mundial24.
Os trágicos anos de governo Bolsonaro, até aqui, só reforçam a afirmação feita ainda
em meados de 2019 por Manuel Loff: «O bolsonarismo é o neofascismo adaptado ao
Brasil do século 21»25. Ou, nos termos de Armando Boito Jr., que também utilizou a
mesma categoria para definir Bolsonaro, tendo o cuidado também de distinguir as
diferentes dimensões do fenômeno:
«No que respeita ao Brasil de hoje temos a ideologia neofascista, o movimento neofascista
e um governo no qual os neofascistas ocupam a posição principal [...]. O que não temos
no Brasil, pelo menos até agora, é um regime político fascista. O regime vigente no
Brasil é uma democracia burguesa deteriorada e em crise.»26
«[A] Revolução Burguesa atrasada, da periferia, [é] fortalecida por dinamismos especiais
do capitalismo mundial e lev[a], de modo quase sistemático e universal, a ações políticas
de classe profundamente reacionárias, pelas quais se revela a essência autocrática da
dominação burguesa e sua propensão a salvar-se mediante a aceitação de formas abertas
e sistemáticas de ditadura de classe.»28
«sem ela, seria impossível o próprio capitalismo selvagem e a manutenção da ordem, pois
os assalariados e os setores pobres se revoltariam, com o apoio de divergentes de outras
classes. A principal função dessa conexão é a fragmentação do movimento operário e
sindical bem como a neutralização de qualquer potencialidade de protesto popular.»29
NOTAS CONCLUSIVAS
Seguindo as indicações de Fernandes, para pensar o quadro atual do Brasil, entendemos que
o Governo Bolsonaro representa um momento em que a autocracia burguesa recorre ao
N OTA S
1
Referências mais completas, além de manifestantes». In Política & Trabalho – -inicio-do-governo-bolsonaro-mudou-31-
argumentos mais desenvolvidos sobre os Revista de Ciências Sociais. João Pessoa. -vezes-a-politica-de-armas-no-brasil/.
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2
Ver a esse respeito a reportagem de org. – Brasil em Transe: Bolsonarismo, Nova
22
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4
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marxista” à “ideologia de gênero” – Escola -que-brancos-em-2020#:~:text=Em%20
13
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5
Sua votação para o primeiro mandato menos atuais de extrema-direita podem ters.info/coronavirus/.
como deputado federal, em 1990, foi de ser lidos em R enton , David – The New
25
pouco mais de 67 mil votos. Nas quatro Authoritarians: Convergence on the Right V iel , Ricardo – «Manuel Loff: “O bol-
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6
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15
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que convocaram e protagonizaram mani- cid=9d13aaf6b6&mc_eid=e77d05d19c&fb
16
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17
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7
Ver a esse respeito os dados de pesqui- Estratégica. São Paulo: n-1 edições, 2019, Consultado em: 29 de abril de 2020. Dis-
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19
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8
Ver, por exemplo, F irmino , Gustavo política de armas no Brasil». cnn. 15 de
29
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