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Prisma Social
E-ISSN: 1989-3469
arodriguez@isdfundacion.org
IS+D Foundation for Advanced Social
Research (Fundação IS+D para Pesquisa
Social Avançada)
Espanha
UM ESTADO DEMOCRÁTICO
PODE SER TOTALITÁRIO?
UM ESTADO DEMOCRÁTICO
PODE SER TOTALITÁRIO?
Sumário
A partir da preocupação sobre se um Estado democrático, embora
mantendo sua aparência como tal, pode exibir comportamento totalitário ou
traços, surge a questão sobre o que caracterizaria tal tipo de regime
político, além da maioria das formas ou sistemas existentes ou conhecidos.
Embora historicamente a democracia e o totalitarismo tenham sido
antinômicos, pode-se perguntar se o caráter democrático de um Estado
exclui necessariamente a possibilidade de desenvolvimento e promoção de
um comportamento particularmente totalitário como parte do mesmo.
Portanto, tal caráter não constituiria, a priori, uma salvaguarda contra tal
comportamento. O presente artigo reformula esta preocupação,
especialmente a partir de uma perspectiva mais psicológica da ação política.
Palavras-chave
Totalitarismo; democracia; autoritarismo
Abstrato
Pensar se um Estado democrático, mesmo mantendo sua aparência como
tal, pode exibir características ou condutas que são totalitárias, traz a
questão do que caracteriza tal tipo de regime político, além das muitas
formas e sistemas políticos existentes ou conhecidos. Embora
historicamente a democracia e o totalitarismo tenham sido opostos como
conceitos, uma questão sobre esta relação pode ser afirmada, que vai
assim: O caráter democrático de um Estado exclui necessariamente a
possibilidade de desenvolvimento e promoção de condutas especialmente
totalitárias como parte desse Estado? Se assim for, então esse caráter
democrático não constituiria uma proteção contra tais condutas. Este artigo
reflete sobre esta questão, especialmente a partir de uma perspectiva mais
psicológica da ação política.
Palavras-chave
Totalitarismo; democracia; autoritarismo
1. Introdução
1
Dois textos recentes sobre este assunto que podem ser encontrados na Internet são: BROCOS
FERNÁNDEZ, José Martín: "La deriva totalitaria de la democracia liberal", publicado na revista eletrônica
Arbil, nº 113 e consultado em 19 de abril de 2009 em http://www.arbil.org/113demo.htm (neste artigo
o autor rejeita a democracia liberal por critérios morais que emanam de uma postura religiosa); ILLÁN
OVIEDO, Alberto: "Hacia el totalitarismo democrático", datado de 17 de maio de 2006, no site:
http://www.juandemariana.org/comentario/666/totalitarismo/democratico/ (acessado em 20 de abril de
2009); A própria expressão "Totalitarian Democracy" foi elaborada por Bertrand de Jouvenel em 1930, e
foi amplamente desenvolvida por Jacob Leib Talmon em sua obra seminal The Rise of Totalitarian
Democracy (Secker & Warburg, Londres, 1952, mais tarde revisada e republicada como The Origins of
Totalitarian Democracy); Frederick A. Praeger, "The Rise of Totalitarian Democracy" (Secker & Warburg,
Londres, 1952, mais tarde revisada e republicada como The Origins of Totalitarian Democracy).
Frederick A. Praeger, Nova York, 1960), e Friedrich von Hayek em sua A Constituição da Liberdade.
Chicago University Press, Chicago, 1960. Por outro lado, para Raymond Aron (Démocratie et
Totalitarisme. Éditions Gallimard, Paris, 1965) ambos conceitos, democracia e totalitarismo, são
radicalmente opostos e irreconciliáveis.
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Prefiro o termo "democracia totalitária" ao "totalitarismo democrático", porque este último apresenta
este fenômeno como uma variante dividida do totalitarismo, o que não é o caso, porque o totalitarismo
em si, como fenômeno político extremo, não se move em direção a outros espaços, mas busca sua
própria permanência e imobilidade. A democracia, por outro lado, por sua imperfeição ou inacabamento,
está constantemente buscando se readaptar e se reinventar, daí sua característica "instabilidade", que
de fato é uma característica essencial da democracia, tanto quanto é uma característica essencial do ser
humano. Trata-se, portanto, de uma degeneração do caráter democrático de uma sociedade e de um
Estado, que deslizaria para uma espécie de imobilidade política característica do totalitarismo, que será
descrita nas páginas seguintes.
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Depois há o fato de que as pessoas nem sempre pensam da mesma forma. Basta olhar para a
diferença entre o que as pessoas pensam quando são jovens e o que pensam quando crescem. Para dar
apenas um exemplo, se quando alguns jovens acreditam na violência e no poder para conter elementos
dissidentes ou rebeldes em uma sociedade através da repressão e da força, por amor à pátria e aos
conceitos sagrados de honra e sacrifício, depois de uma certa idade tudo isso parece menos razoável ou
viável porque, entre outras coisas, o entusiasmo e a fé tanto na violência quanto na paz começam a
diminuir. Ao invés de se chegar a certezas, chega-se a dúvidas às quais todos nós (exceto os fanáticos)
nos rendemos filosoficamente. A ingenuidade e a esperança - pelo menos a esperança ilusória - estão
perdidas, e o mal no mundo é aceito e tolerado como parte de sua natureza. Tal tolerância seria talvez
correlativa à "prudência" de Aristóteles (frassese), que é alcançada com a idade e a experiência, e não
apenas pela pura racionalidade, e assim dificilmente pode ser encontrada nos jovens. Outros chamariam
esta tolerância de "conformismo", e a considerariam nem honrosa nem respeitável.
5
Ao mencionar outras referências a definições de totalitarismo, devo deixar claro que concordo
substancialmente com as observações sobre totalitarismo contidas não apenas em enciclopédias e
manuais técnicos sobre filosofia política, mas sobretudo nas reflexões e estudos mais importantes sobre
este fenômeno político contemporâneo de autores como Hannah Arendt, Jacob Talmon, Isaiah Berlin, e
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Como Ernst Krieck e Alfred Rosenberg, no nível mais exotérico, e Dietrich Eckardt e Karl Haushofer, em
um nível mais oculto.
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Este julgamento sobre os efeitos de uma doutrina pode ser visto como a aplicação geral da máxima
evangélica "Pelos seus frutos os conhecereis" (Mt. 7, 16-20, cf. Lc. 6, 43). E em várias outras partes do
Novo Testamento esta questão dos frutos é aludida como os efeitos lógicos e reais das atividades
espirituais e morais, que às vezes são apresentados ali, de forma alegórica, como correlativos à
atividade do trabalho selvagem. É curioso que, ao lidar com uma questão tão antiga, as doutrinas,
especialmente as sociais e políticas, ainda sejam julgadas pela solidez e coerência de seus princípios e
fundamentos, e não pela qualidade dos efeitos históricos de sua aplicação. O preceito filosófico parece
ser esquecido aqui, o que nos lembra que, embora a argumentação nascida do erro conceitual
raramente seja sólida ou coerente, nem a construção sobre bases sólidas ou verdadeiras é uma garantia
de alcançar a verdade. Na verdade, a história da filosofia está repleta de doutrinas errôneas que
nasceram de princípios consistentes e certos. É necessário "seguir" e orientar a argumentação ao longo
pernicioso. Mas como esta orientação é feita mais por intuição do que por experiência (pois os efeitos
práticos de uma doutrina política ou econômica ou moral só são bem conhecidos após sua aplicação), é
preciso treinar a intuição para ser especialmente sensível às possibilidades e riscos das idéias que se
está erguendo sistematicamente. Esta é uma das dificuldades do trabalho filosófico, mas esta nota não é
o lugar para elaborar este problema, que se refere a um aspecto metodológico significativo da
importante reflexão sobre a política.
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O caso da ascensão de Hitler ao poder entre 1931 e 1934. A ascensão de Mussolini ao poder não foi
democrática em princípio ou no início, mas anos após sua instalação, plebiscitos contínuos endossaram e
consolidaram seu apoio em massa, dando um toque democrático a seu governo. Hoje se sabe que tais
plebiscitos, além de algumas irregularidades no processo eleitoral comum em todo o mundo, eram
bastante transparentes e limpos, o que só aumenta o problema e o mistério sobre o caráter ilusório
"democrático" que tal totalitarismo poderia ter assumido, pois se essas consultas tivessem sido
predominantemente manipuladas, não haveria mistério nesta relação entre apoio popular ou
consentimento a um regime totalitário, pois não teria havido tal apoio popular, mas sim uma mentira
forjada pelos governantes para disfarçar sua administração de democrática. Isto é muito claro: a
democracia é muito mais do que contar votos em um referendo, embora tal referendo seja uma parte
fundamental do mesmo. Por outro lado, os sufrágios em regimes autoritários, tirânicos e totalitários nos
quais a maioria dos eleitores apóia seus governantes não são incomuns. As causas disto são complexas
e, embora em alguns casos se assemelhem de uma sociedade para outra, na realidade merecem
explicações em fatores culturais ou históricos de cada sociedade onde ocorrem. Em todo caso, isto nos
convida a entender que, assim como uma pesquisa não mede a verdade de algo, mas sim a verdade do
que algumas pessoas pensam sobre algo que lhes é perguntado, nem a justiça de um regime pode ser
9
Esta concretização da relação quase sentimental do líder com seu governado poderia ser dita no caso
de Hitler e Stalin: ambos queriam ser aceitos, aclamados, amados e que todas as vontades se
conformassem com as deles. E se este não foi o caso, eles reagiram emocionalmente também, punindo
o povo pelo desapontamento causado por sua traição. O caso de Hitler é talvez o mais patético, pois no
final de seu mandato, enquanto ainda sonhava em erguer novos edifícios monumentais em Berlim e
outras cidades, ele ordenou a destruição da maior parte da Alemanha possível diante do avanço aliado e
soviético, com o espírito de castigar seu próprio povo pelo fracasso da guerra. A reação de muitos de
seus seguidores foi curiosa: diante da agressão final de seu líder contra o próprio país que ele queria
liderar, eles preferiram cometer suicídio de várias maneiras ao invés de ousar pensar de maneira
diferente.
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Outro problema surge aqui: o apego da população a um totalitarismo representado e encarnado num
líder, com o qual ela pode se identificar, porque ele é, em princípio, um ser humano como qualquer
outro, é diferente do apego da população a um totalitarismo que existe como sistema, e no qual é
possível se identificar com um líder, por um lado, e, por outro, o apego da população a um totalitarismo
no qual o líder ou líderes (que podem ser um conselho de figuras mais ou menos desfocadas) são
apenas parte daquele sistema, daquela maquinaria que controla tudo, e não protagonistas exaltados por
propaganda ad hoc. O romance de George Orwell de 1984 sugeria tal situação. Embora "Big Brother"
fosse uma figura humana reconhecível e não pouco notável, ele era na verdade um personagem fictício,
criado pelas autoridades bastante anônimas, mas não menos poderosas, que realmente governavam ou
gerenciavam o sistema totalitário. Certamente, enquanto o totalitarismo fascista e nazista se
concentrava em uma figura humana específica e pessoal, o totalitarismo soviético e parcialmente chinês,
além de suas grandes figuras personalistas como Stalin e Mao, foi se movendo gradualmente para um
fortalecimento do sistema, deixando as figuras humanas governantes mais nas sombras. É claro,
entretanto, que a opacidade dos líderes de lá não significou o prejuízo do totalitarismo: o poder de uma
grande estrutura ou sistema que controla a vida das pessoas não diminuiu por décadas, e seria
interessante estudar e refletir sobre o caráter do que ambos os sistemas se tornaram hoje.
Mas eis que o regime daquele país inicia uma série de ações para
promover, primeiro, um pensamento sobre si mesmo, como a realização de
um movimento político que traz uma mudança que deixa para trás tudo o
que ele se opõe. Isto será muito útil para criar o contraste entre aquele
regime (= o presente, o presente) e seus oponentes (= o passado, a
resistência a mudanças vitais). Esta e outras idéias que promovem a noção
de um regime que não só é bem intencionado como ideologicamente correto
começam a ser disseminadas, como nunca antes as idéias, princípios,
opiniões, pensamentos e doutrinas de um governo foram disseminados
naquele país: através de muitos meios de comunicação, imprensa,
literatura, textos escolares, etc. Pode-se dizer que isso implica uma
realidade totalitária? Não parece possível, porque toda essa informação
doutrinária que é transmitida existe em uma situação alternativa, vis-à-vis
a informação e as múltiplas doutrinas e ideologias que existem na sociedade
e que cada pessoa decide acreditar ou seguir o melhor de seu
conhecimento, sem que o Estado assuma o controle sobre o que cada
pessoa deve acreditar e saber. Portanto, não há totalitarismo como tal.
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Outra coisa que contribui para diluir esta divisão e autonomia de poderes é a criação de novos poderes
propostos pelo Executivo, o que seria bastante paradoxal, uma vez que estes novos poderes teriam
ainda menos autonomia do que os anteriores, estando mais sujeitos ao Executivo. Mas como esta
criação de poderes é um tanto rebuscada e certamente incomum, eu queria deixá-la fora do exemplo
hipotético, a fim de me ater a uma realidade mais logicamente inclinada.
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Aqui e em outros lugares foi feita referência à esfera religiosa, uma esfera que teria semelhanças e
coincidências com o totalitarismo, especialmente no que diz respeito à interferência psicológica de uma
idéia na consciência e no coração da pessoa, já que em tal interferência não há divisão entre "o que
pertence a Deus" e "o que pertence ao homem" (o que geralmente é o caso em uma cultura mágico-
religiosa), porque tudo pertence a Deus. Mas haveria diferenças na maneira como algumas religiões
vêem o reino humano, pois se ontologicamente ele pertence a Deus, isso não significa que ele pode ou
deve ser alienado por outro homem. Em outras palavras, nenhum homem tem o direito de tomar o lugar
de Deus, pelo menos nas principais religiões Abrahâmicas, muito menos no Islã. No Islã, a shari🕧a (lei
"religiosa") define um espaço privado (haram) que o Estado não pode penetrar. A família, como tal, é
intocável. E um Estado que reconhece este status intocável, esta esfera além de sua interferência, que é
a esfera privada da família, como pode ser totalitário? Nesta perspectiva, a ação coercitiva do Estado
contra a família individual parece claramente ilegítima. O paradoxo tem sido que muitos estados
islâmicos adotaram códigos e leis ocidentais para aumentar o poder do estado (e a raison d'état) e
diminuir a esfera autônoma que o shari🕧a reserva para entidades como, por exemplo, a família.
Certamente, em um país islâmico moderno como o Irã, há complicações legais em executar algo como
uma batida ou uma rusga em um lugar onde a lei é violada (por exemplo, um laboratório de drogas),
mas isto deriva precisamente da sacralidade e da intocabilidade da esfera familiar. O Imã Khomeini, por
exemplo, disse que era perfeitamente legal para um casal casado andar nu em sua casa na frente um do
outro. Na verdade, eles podem até ter feito coisas ilícitas, como violar um jejum ou comer alimentos
proibidos ou qualquer outra violação da lei religiosa, mas enquanto isso não foi tornado público, só Deus
é testemunha e só Ele é o mestre da sanção. Há muitas anedotas na cultura islâmica sobre esta
autonomia do privado em relação ao público, e parece ser um impedimento a qualquer vontade
totalitária de dominar que envolva a invasão do privado.
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Cf. Fazenda Animal, e sobretudo 1984, onde a figura do "Big Brother" representa tanto um possível
líder totalitário e tirânico como a imagem projetada por um sistema totalitário. Em outras palavras, "Big
Brother" pode até não existir, ele pode até ser uma figura fictícia e genérica. Para que o ideal do regime
se enraíze mais profundamente na consciência de seus súditos, cria-se a figura humana do líder, cria-se
uma imagem (e é aqui também que acontece grande parte do que se enquadra no nome de "culto à
personalidade"). Desta forma, a idealidade do regime se encarna em alguém próximo à imagem e
semelhança de cada pessoa e que, portanto, pode ser amado por todos, ao contrário do amor de um
sistema ou de uma doutrina, que é menos eficaz, pois é amar algo abstrato.
14
Cf. FRIEDRICH, Carl J. e BRZEZINSKI, Zbigniew: Totalitarian dictatorship and autocracy, Cambridge
University Press-Harvard University Press, Cambridge, UK e Boston, USA, 1956; ÁLVAREZ TURIENZO,
S.: "Totalitarismo I. Sociología y Politica". Sociología y Politica", acessado em 20 de abril de 2009 em
http://www.canalsocial.net/GER/ficha_GER.asp?id=11848&cat=sociologia; e MALTEZ, José Adelino:
"Totalitarismo", artigo em http://maltez.info/aaanetnovabiografia/Conceitos/totalitarismo.htm; acessado
em 20 de abril de 2009. Para Friedrich e Brzezinski, o totalitarismo tem estas características: uma
ideologia oficial, um único partido de massa, um sistema de controle policial terrorista, controle da mídia
de massa, controle e monopólio das forças armadas, e controle e direção da economia. Mas na
realidade, uma vez que uma pessoa é "lavada do cérebro", em princípio ela não deve mais ter que ser
paga ou alimentada ou ameaçada a obedecer. É por isso que se argumenta acima que não há
necessidade de todas estas características como fatores de totalitarismo. Eles ajudam, certamente, e
especialmente na primeira etapa, mas depois alguns deles podem ser dispensados ou sua atividade pode
ser relaxada.
3. Em conclusão
Acho que a maioria dos leitores terá sido capaz de tirar conclusões do
que eu disse sem a necessidade de uma formulação escolar deles. No
entanto, para que não fique debaixo da mesa, acredito que nas últimas
páginas consegui mostrar como poderia haver algo tão estranho como uma
democracia totalitária. Certamente, pode não ser a democracia que a
maioria das pessoas gosta (dificilmente seria aceitável para os europeus),
mas, dado que não há seres humanos sem, pelo menos em alguns períodos
de suas vidas, algum grau de neurose, pode-se pensar que também na vida
coletiva dos povos pode existir aquele estranho fenômeno individual de
masoquismo, da vontade que quer, deseja e ama sua própria dor, sua
própria desgraça, seu próprio castigo. Que aceita tudo isso sem oposição.
Porque em qualquer caso, uma pergunta deve ser feita: O que há de errado
com uma sociedade ou um povo que se submete à sedução totalitária? Para
mim, muito: de cumplicidade, por comissão ou omissão,
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Como o movimento político-magico-religioso de Antonio Maciel (O Conselheiro) no Brasil no final do
século XIX, que tem curiosas afinidades com o movimento anárquico Cristeros no México (1926-1929).
Cf. HERRING, Hubert: Uma História da América Latina. Alfred E. Knopf, Nova York, 1968, pp. 354 e 850,
e o romance Os Sertões do escritor brasileiro Euclides da Cunha.