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Antonio.leal.oliveira@gmail.

com

 Modernidade tem como característica a separação entre direito e justiça .


 Tanto o direito quanto a sociologia são ciências sociais e são ciências
preocupadas sobre, buscam trabalhar a partir de fatores/fenômenos/
ações/atores sociais.

Típicos fenômenos sociais atuais:


- Pandemia
- Racismo e violência
- Mundo virtual, redes sociais
- Realities

Fenômenos e fatores socias não são criações da natureza ! são construções a


partir de fatores que os condicionam

Não é a sociedade que segue o Direito, mas justamente o contrário

O fenômeno social que domina a segunda metade na Europa foi a revolução


industrial. Foi onde surgiu a sociologia. Tenta analisar de forma racional a
sociedade.

-> imaginação social: desnaturação, distanciamento. Capacidade de desnaturar


aquilo que é comum pra ele
Ex: café
-> estrutura social: traz a perspectiva de que o fenômeno social, ideia muito
importante, não é construído nem de maneira aleatória e nem natural. Processo de
constante estruturação, o que leva à ideia de modificação social. Essa modificação
é um processo q nos faz perceber que os fenômenos sociais estão em constante
transformação.
Ex: família
-> ação social: agir em sociedade ou comunidade, desde ações corriqueiras, seja o
ato de tomar café, como ações mais excepcionais. O motivo de agir não é
determinado por um único fator, mas alguns motivos são mais relevantes que
outros.
 Para o estudo sociológico, não serve de nada o estudo do indivíduo de forma
isolada. O fruto da reflexão sociológica passa pelas interações sociais desse
indivíduo, pelo modo como ele age no mundo, por suas escolhas.

 Agir socialmente é determinado por estruturas socias em um processo de


constante transformação. E para analisar o modo de agir, é necessária uma
desnaturalização.

 Sociologia (introdução)
Cumprir o papel da imaginação, capacidade de enxergar fatos cotidianos com base
em uma perspectiva, dimensão nova.
- A imaginação vai trazer o esforço de desnaturação. Essa desnaturalização
vai nos mostrar que o fenômeno social é estrutural. E a ação do indivíduo em
sociedade que leva ao processo de estruturação.
Os fenômenos sociais podem ser parecidos, mas nunca serão iguais.

 Breve histórico:

- Marcado pela segunda metade do séc. 19.


 Filosofia especulativa/política trabalha no âmbito do “dever ser” (Platão
pensando sobre a sociedade ideal), já a sociologia, o “ser”.
 Ciência Política na gestão do Estado. A análise sociológica transcende a
própria figura do Estado.
 Disciplina que possui uma base empírica, e busca explicar o fenômeno social
surgido a partir do séc. 19, sociedade cada vez mais urbana, industrial, e no
ocidente, abordando o modelo do capitalismo/livre mercado, livre iniciativa.
 Busca explicar os fenômenos sociais que marcam as sociedades urbanas
modernas.
 Pai da disciplina é Auguste Comte – Positivismo / normativismo. Traz bases
científicas para a sociologia e a nomeia como Sociologia

 Autores clássicos:

- Émile Durkheim
preocupado em enxergar qual o papel das estruturas sociais para o indivíduo. Muito
determinista. O indivíduo é como uma folha em branco e é condicionado pelo meio.
Funcionalismo. Analisar o fenômeno social a partir das funções que exercem ou
pretendem exercer em uma sociedade.
Vai trabalhar a perspectiva da solidariedade
- Karl Marx
Desenvolve sua teoria a partir do que via de errado na sociedade do séc. 19.
Vai afirmar que a vida em sociedade se desenvolve a partir da luta de classes.
Teoria dos conflitos (conflito entre classes sociais)
- Max Weber
Interacionismo simbólico (criação de George Mead)
Não nega a disputa entre grupos, mas diz que este conflito não pode se resumir a
uma luta de classes, uma questão econômica.
Vai definir a sociedade moderna como sendo marcada pelo racionalismo
(desencantamento do mundo) e pela burocracia (traz uma tentativa de conter a
imprevisibilidade humana, conter o inesperado).

 Por que estudar a sociologia:

- Estudar a sociologia significa um esforço de conhecer a sociedade , sobretudo


a sociedade em que se vive
- “Conhce-te a ti mesmo” = precisa se conhecer para saber em que mudar
- Serve de análise e principalmente de resolução dos problemas / fatos sociais .
- A consequência do divórcio entre o Direito e a sociologia é o que o Direito se
torna irreal.
- Não existe direito sem sociedade , e se não a conhecermos não seremos
capazes de transforma-la, o direito não funciona, é irreal.
- Estudar a sociologia é estudar a base do país, da sociedade.
- Na tentativa de explicar a sociedade, ela se junta a outras disciplinas.

 Sociologia e disciplinas correlatas:

- Direito
- Filosofia
A filosofia se permite a trabalhar nos planos das ideias, já a sociologia fica presa no
âmbito da realidade, dos fatos.
- História
- Ciência política
O diferencial entre ciência política e sociologia é que a ciência política tem o foco na
dinâmica do funcionamento do Estado
- Antropologia
Diferença básica entre sociologia e antropologia é o objeto de estudo. A primeira se
ocupa com a sociedade e a segunda cabe o estudo das sociedades e culturas ditas
primitivas, originárias, que não possuem grande representatividade na nossa
sociedade
- Psicologia
- Pedagogia
Os modos de ensinar são determinados pelo tipo de sociedade
- Serviço social
Diferença entre eles é que o serviço social tende a ter um público mais específicos,
que são os mais necessitados nas questões mais básicas. Diferença também na
atuação.

Relação entre Direito e sociologia: ambos são o resultado do mesmo momento


histórico. O direito que nós trabalhamos surge na segunda metade do sec. 19.
semelhanças: na ciência objetiva, racionalidade, traz a consequência de ser um
produto da sociedade moderna, urbana, industrial e capitalista.
O Direito é um fenômeno social, passa a ser uma construção social determinado
pela sociedade, deixando de ser visto como um fenômeno da natureza.
Em uma sociedade em que não haja direito tem muitas poucas possibilidades de
continuarem vivas, ativas.

 Perguntas sociológicas:
Trata a sociologia como uma ciência
A motivação de se fazer essas perguntas vem de: até que ponto a sociologia faz
ciência?
Escolheremos um tema que nos leva a um problema de pesquisa, e se configura
como uma pergunta a partir do tema.
A pergunta te remete a uma hipótese. As hipóteses te levam a um caminho de
pesquisa que, por consequência, te levam a resultados, que devem ser
interpretados.

 Fatuais:
(empíricas, base em fatos concretos. Fenômenos sociais determinados e
específicos, por exemplo, qual o número médio de carro que passam pelas cabines
da terceira ponte diariamente?)
Uma pergunta fatual se preocupa com a seguinte questão: “o que aconteceu?”
 Comparativas:
Perguntas baseadas em duas ou mais referências de análise
“isso aconteceu em todo lugar?”
Essa análise tem o objetivo de analisar aquilo que achamos como óbvio. Analisar se
é um fenômeno circunstancial ou de massa
 Evolutivas:
Perguntas que buscam uma comparação no tempo. Acompanhar a evolução de
determinados fenômenos sociais para aquela sociedade.
“isso sempre foi assim?”
 Teóricas:
Se constroem a partir de referências de análises. Permite uma abstração. Não
necessariamente precisam ser concretas.

 Relação causal:
Relação de causa – efeito
Diferença entre causa e correlação: causa é motivo, provocação, provoca um
determinado efeito. Correlação é uma ocorrência simultânea, não provocam outro
efeito.
Identificação de causas reais e efetivadas para produzirem determinados efeitos.
Isso serve tanto como diagnóstico quanto tratamento de um determinado fenômeno
social.
O estudo de uma relação de causa e efeito evidencia um outro fenômeno: é
impossível se ter só uma causa para fenômenos sociais complexos, mas podemos
atribuir relevância a uma delas.
É importante ao analisar uma relação de causa – efeito que haja um controle
científico para se ter uma mínima estabilidade que te permita afirmar essa relação.
Viabilizando chegar a um diagnostico que leve a um tratamento.

PERGUNTAS DA AULA:
 LEGADO DA SOCIEDADE ATUAL: saúde mental passa a ser valorizada e
muitas vezes ganha mais relevância que saúde física; facilidade de
compartilhamento de fake news; ampliação dos movimentos sociais; difusão
do conhecimento; big data; gestão/regulamentação de algoritmos,
manipulação de dados; pandemia.
 SOCIEDADE E DIREITO: desburocratização / desjudicialização; flexibilização
de leis moralmente sensíveis / polêmicos; desigualdade social e
empobrecimento da população.

 Sociedade brasileira (sociologia) e Direito:


Características sociais da sociedade brasileira e impactos no Direito: educação
precária (impacta o Direito uma vez que as normas são escritas, o indivíduo não tem
capacidade de ler e principalmente interpretar as normas); religiosidade de matriz
cristã (impacta o direito com o conteúdo de muitas normas ex: aborto, proibição da
poligamia, limite de utilização de células tronco, etc); desigualdade (seja ela racial,
regional, social etc); solidariedade/comunidade ( “coitado, vamos ajudar ele”,
“ninguém segue isso, porque ele tem que pagar?”);
O Direito tende a ser uma fantasia se ignorar as demandas sociais, e uma
sociedade que ignora o Direito é uma sociedade caminhando para o caos, para sua
desestruturação completa

 Métodos de pesquisa:
O método é quantitativo (base matemática, vai indicar um número ou porcentagem),
qualitativo (base analítica, classificadora, vai analisar a qualidade de algo, ex:
educação) ou misto (junção das duas).

- Campo
Etnografia (pesquisa de campo), envolve uma observação participante, mas também pode
ser construída na base de entrevistas). O problema da etnografia é que durante muito
tempo ela escondeu na sua apresentação, na indicação de seus resultados, a influência das
preconcepções do intérprete nos resultados apresentados.
- Levantamento
Utilização de questionários de pesquisa, de análise. Não necessariamente é quantitativo,
depende do tipo de pergunta. Os questionários podem ser abertos (ex pesquisa de eleição,
mas sem definir os candidatos), padronizados (ex pesquisa eleitoral, te dão os nomes dos
candidatos e você escolhe entre os oferecidos) ou semiestruturados (tem uma base, mas
não tem certo ou errado, exemplo o questionário preenchido antes da prova do Enem)
- Documentar
Vai analisar menos pessoa e mais documentos, arquivos. Se vale de materiais impressos
para analisar determinadas ocorrência. (ex é possível analisar um juiz com base na análise
de suas sentenças)
- Outras
Experimentos: tenta reproduzir experiencias sociais em um núcleo menor (ex filme “a
onda”). Por modo controlado de análise do fenômeno, tentar reproduzi-lo e construí-lo com
alguma referência.
Biográfico: por meio da análise biográfica da pessoa
Comparativo: análise comparativa de algum ponto entre duas sociedades, por exemplo
Histórico: análise histórica de algum fenômeno, vale destacar que também pode ser
comparativa

OBS: nenhum método sozinho é capaz de analisar um fenômeno social complexo

 Autores clássicos da sociologia:

a. Émile Durkheim
(livro do Giddens cap.3; Tania Quintaneiro “um toque de clássicos”

- Introdução:
Analisa as sociedades modernas, urbanas, industriais do séc. 19.
Lógica da Lei do progresso, perspectiva evolutiva de que a sociedade vai sempre se
aperfeiçoando.

 O positivismo vai fornecer a lei do progresso e a tentativa de se pensar em


métodos científicos que possibilitassem explicar os fenômenos sociais de
forma científica, assim como se estuda as ciências naturais, biológicas.
 Vai enxergar a vida em sociedade como uma realidade própria, e não que a
soma das vidas das pessoas que formam a realidade social. A vida social
não é soma, ela é antes disso, síntese.

 O objeto de estudo deve ser a vida social. Sofria influência de autores


sobretudos positivistas, como Comte. Isso provocou em seu pensamento
uma tentativa de analise social da mesma forma de análise das ciências
naturais
Métodos de análise baseado nas ciências naturais:
 1. observação, o cientista deve se pautar na observação
 2. indução
 3. experimentação.
Tentativa de desenvolver uma relação causal (causa-efeito)

 O seu objetivo é estabelecer métodos de análise da vida social fora do senso


comum. Por isso a importância de se basear em métodos científicos.

 Há disciplinas mais antigas que a sociologia que ajudam a compreender a


sociedade, como economia, história, política. Durkheim afirma que elas são
limitadas ao seu campo de ação, e é nesse ponto que a sociologia pretende
se impor nessa análise, uma vez que sempre estará aberta às contribuições
dessas outras áreas, atuando em conjunto. A sociologia se vale dos diversos
saberes para explicar os fenômenos sociais.

- Fatos Sociais:

 Objeto específico de pesquisa são os fatos sociais.


 Sociologia se pauta para o estudo das instituições sociais com base dos fatos
sociais.

 Os fatos sociais são os fenômenos que sejam capazes de :


a. Provocar coerção exterior no indivíduo. (capacidade de nos constranger a
determinado comportamento, se impor em determinada situação)
b. Generalizado em uma sociedade. (deve ser algo que seja compartilhado e
que tenha uma certa constância)
c. Independente das individualidades. (não depende da vontade, da opinião do
indivíduo)
 O fato social apresenta uma vida própria, externa aos indivíduos da
sociedade, e exercem uma autoridade sobre tais pessoas.
 Essas externalidades, vida própria, não é a soma das individualidades, é
síntese.
 Os fatos sociais, instituições sociais são formadas na coletividade , e não em
cada um de nós.
 Realidade objetiva (dinâmica que não depende das nossas subjetividades,
que nos coage a adotar certas condutas. A coação não significa violência,
pode até ser, mas muitas vezes causado pela reprovação social).
 Não é que o indivíduo esteja apaticamente submetido à realidade objetiva do
fato social, temos a possibilidade de insurgir contra as imposições do fato
social, só que isso é “nadar contra a maré”, o risco de frustração é maior
porque a sua insurgência não é garantia de transformação social.
 Somente a partir do momento em que haja a coletividade há a possibilidade
de uma eventual transformação do fenômeno, fato social.

- O Método Sociológico:

 Método que permite um estudo social fundado nas mesmas bases do estudo das
ciências naturais, ou seja, pensar em modos de estudo que sejam capazes de trazer a
previsibilidade, controle.

 É caracterizado por:
a. Estabelecer uma relação de causa-efeito . (nesse estudo de causa e consequências, a
capacidade de analisar os padrões / regularidades verificadas, pois assim
conseguimos afirmar “leis” / imposições / repetição de um padrão que regem
determinado fenômeno social.
b. A análise das causas-efeito se dá por meio da observação (base empírica). As “leis”
são conhecidas através do trabalho de campo, pesquisas, documentação (base
empírica).
c. Buscar reconhecer as regularidades, formam os padrões, que estabelecem “leis” (no
sentido de regulação)
d. Tem um objeto de estudo definido, que são os fatos socias
e. Os fatos sociais devem ser encarados como se fossem coisas, objetos . Ou seja,
enxergar isso como uma coisa que exista fisicamente pelo fato de não poderem
serem modificados unicamente pelo intelecto. Os fatos sociais devem ser vistos
como um dado, cabendo ao indivíduo analisar a situação

f. Na análise desses dados, dessa situação, o cientista deve:


- Se afastar das pré-noções (buscar ter um distanciamento que permita sua análise).
- A definição dos fatos sociais a partir das características exteriores que lhes são
comuns.
- Ter a capacidade de analisar de forma objetiva (é o que é independentemente da
sua opinião)
Ainda que o pesquisador tenha pré-noções, ele deve ter a capacidade de afastamento que o
permita analisar esse fato social e não julgar e qualificar o fato social.

- O Processo de Socialização e os tipos de Solidariedade:

 O sujeito é o resultado do seu processo de socialização , ou seja, nós somos aquilo


que nós nos constituímos a partir das nossas convivências com as diversas instancias
de socialização a que estamos submetidos. (1º instância: família, 2º: escola)
 O indivíduo é uma construção social.
 Ele diz que o liberalismo pode ser uma ameaça, um risco para a possibilidade de
sermos solidários socialmente falando. Vai afirmar que a ideia do indivíduo livre é
uma invenção, pois estamos sempre vinculados a outros sujeitos.
 Nós não temos capacidade de auto constituição, e não temos a capacidade de viver
fora de grupos social.
 O que vai nos condicionar são as estruturas sociais a que estamos submetidos .
Algumas estruturas são impostas (educação) e outras são opcionais (religião).

 A estrutura social é sustentada por vínculos de solidariedades e são dois tipos :


a. Mecânica: é aquela que caracteriza as sociedades pré-capitalistas, nas quais há um
baixo (ou nenhum) grau de consciência individual, uma vez que predomina, em
termos de coesão social, uma consciência coletiva que controla a sociedade
b. Orgânica: modelo de solidariedade encontrado nas sociedades modernas, nas
sociedades industrializadas de grande escala, e que se caracterizam por uma ampla
divisão do trabalho (especialização) e que tendem a enfatizar mais as diferenças do
que as semelhanças.

 Ele vê a orgânica como uma maior capacidade de promover uma interdependência


mútua, gerando um benefício coletivo. É a diferença entre os indivíduos que faz com
que haja o vínculo social.

- Instâncias de Socialização:
 1º família (é o primeiro espaço que visa estabelecer um padrão de comportamento
social, primeiro espaço que tem a referência de funcionamento da sociedade)
 2º escola (a entrada na escola não substitui a família, ela se soma) (a escola vai trazer
uma avaliação do papel da família na preparação daquele indivíduo para a vida em
sociedade)
Ambas as instâncias defendem a lógica de que o social é mais importante que o individual
tudo isso é uma preparação para a vida em sociedade
O destino final dessas instâncias é a vida em sociedade.

- A Sociedade como corpo social:

Associação entre as estruturas sociais e o corpo humano

A cabeça do corpo social deveria ser o Estado

Caberia ao estado coordenar, ser responsável por administrar / gerir a ordem social, por dar
uma estabilidade, um padrão de comportamento. Coordenar todos os outros entes do
corpo social visando a saúdo do organismo como um todo.
Maior ameaça para a saúde do corpo social = avanço do liberalismo moderno, pois promove
o individualismo. Kant: “o homem é um fim em si mesmo”. E deve-se haver uma prevalência
dos interesses da sociedade em relação ao indivíduo.
A sociedade poderia promover um combate a esse individualismo. Combate coordenando
as ações sociais para minimizar os efeitos do liberalismo individual. Bombardeio de medidas
para contrapor essa ideologia. A escola por exemplo é uma forma de mostrar que a
coletividade é mais importante que o indivíduo.
A ameaça não se dá como uma típica ideologia momentânea.
Uma das patologias que mais afetam o corpo social são a anomia e o crime

- Anomia e crime como fato social:


Cap. 1 / 2 – anomia; crime como fato social – cap 21.

 Diferencia o crime de criminoso.


 O indivíduo é determinado pelas estruturas sociais (ele não é livre para escolher
cometer o crime, é um fruto do meio), por isso ele não foca no autor da prática
criminosa, e sim nas estruturas que a viabilizaram a prática.
 Deslocamento do sentido do criminoso para o crime no sentindo de entender o
crime como condição inevitável e necessária da realidade social moderna.

 Crime deve ser entendido como desvio do padrão social

 A prática criminosa pode até cumprir um importante papel. É importante por


promover uma adaptabilidade social. Tendencia maior de se testar novos padrões a
medida em que as pessoas vão desviando da ordem social colocada.
 O crime pode ter uma outra importância. Servir como um poder mobilizador, poder
de fazer as pessoas se unirem para combater esse ato criminoso.

 Não podem se tornar regra, o crime não pode se tornar um padrão. Se tornar uma
anomia.

 Anomia é a generalização do desvio, que pode levar a um estado paralelo.


 A patologia quando se torna frequente, se torna a anomia social . A Patologia assume
níveis descomunais e passa a ser regra, e isso torna-se algo muito perigoso.
 Ausência de regras de comportamento tende a gerar um deslocamento da cabeça
em reação ao resto do corpo. Pode até mesmo gerar um corpo com duas cabeças
(criação de um estado paralelo)
Realidades dos presídios, garimpos, domínio de favelas, são exemplos de anomias.

ENCONTRAR LIVRO DA BIBLIOTECA, IDENTIFICAR O LIVRO, ONDE TENHA UMA DEFINIÇÃO


DE DIREITO. O QUE É O DIREITO PARA DURKHEIM, WEBER E MARX? COMO O DIREITO DEVE
SER ENTENDIDO.
PRIMEIRO SÓ DURKHEIM.
DIREITO É UM COMPONENTE SOCIALIZADOR QUE VISA A CRIAÇÃO DE INDIVÍDUOS APTOS E
DISPOSTOS A AGIREM CONFORME ESSAS DISPOSIÇÕES E, PORTANTO, VISA A
GENERALIZAÇÃO DE COMPORTAMENTOS E À ADESÃO DOS INDIVÍDUOS ÀS NORMAS
SOCIAIS.
SOCIOLOGIA JURÍDICA, ESTUDOS DA SOCIOLOGIA, DIREITO E SOCIEDADE; ADRIANA A.
LOCHE, HELDER R. S. FERREIRA; LUÍS ANTÔNIO DE SOUZA; WÂNIA PASINATO

 Max Weber:
- introdução:

 Tem uma perspectiva de leitura muito mais próxima da nossa realidade;


 Sociedade é marcada por uma lógica liberal, autonomia individual;
 Está preocupado em pensar e compreender as transformações sociais que ele
vivenciava a partir do séc. 19. Foco de estudo, principalmente, na tentativa de
compreensão do que caracteriza o capitalismo moderno.
 Compreender a diferença entre as sociedades tradicionais das modernas sobretudo
da diferença de organização social entre elas.

- Valores e ideias:
Modelo individualista racionalista
Foco no indivíduo enquanto ser racional capaz de fazer escolhas.

 Foco no indivíduo, enquanto um ser racional.


 Ideia de que fazemos escolhas e somos consequentemente responsáveis por elas .
Trata política como um campo de disputa de ideias.
Trabalha na perspectiva de que somos vítimas da estrutura social
Vai em uma perspectiva de que muito mais do que esses fatores materiais (pessoas
disputando) condicionamento dado de valores e ideias
Esses valores e ideias são determinantes para a construção e para as transformações do
espaço / realidade social
Realidade capitalista moderna
A lógica de weber parte de que os indivíduos determinam a compreensão da história, os
fenômenos sociais passam a ser vistos como resultado das nossas escolhas individuais

A escolha enfrenta alguns fatores limitados, que condicional a capacidade de escolha


(exemplo da eleição: O fato de termos um rol de candidatos para elegermos não tira nossa
capacidade de escolha)

 Limitador interno / cognitivo: diz respeito ao próprio indivíduo,


o fato de que nossas escolhas são condicionadas pela nossa capacidade de compreensão,
quanto mais ignorantes somos sobre determinado assunto, mais limitados somos para
decidir sobre tal assunto.
Sistema educacional é a única forma de melhorar isso. Um sistema educacional precário
gera uma maior limitação.

 Limitador externo / social: limitações colocadas pela possibilidade de escolha


socialmente aceitas, inclusive escolhas que vão condicionar esses limitadores
internos.
Um sistema educacional precário é mantido propositalmente para ter um maior número de
ignorantes, sendo mais fácil de manipular.

Muitas das escolhas que somos obrigados a fazer não são voluntárias, mas sim compulsórias
(exemplo: somos obrigados a votar, mesmo que não seja em ninguém)
Os valores e ideias vão fazer da realidade social como uma realidade conflituosa, em
disputa, não no sentido de luta de classes, mas sim de escolhas.

Em certo sentido culmina na ideia de direito construída: é que as sociedades modernas se


esforçam em uma tentativa (mais ou menos bem sucedidas) de organizar e ordenar essa
disputa, ou seja, a sociedade moderna se caracteriza por ser uma tentativa de organizar as
escolhas em disputa na sociedade.

- Ação social:

 Deve ser o objeto privilegiado de estudo , e não a estrutura social defendida por
Durkheim.
 Weber parte da autonomia do indivíduo de escolher seus caminhos . Essa autonomia,
capacidade de escolher seus caminhos, que o indivíduo tem, a partir do momento
em que essas escolhas agem no meio social, elas promovem uma ação social.
 Ao colocar o foco na ação social na capacidade de escolha do indivíduo, ele
ressignifica a própria ideia de estrutura social (não deixa de existir, ser importante e
influente, ela deixa de ser um condicionante / uma estrutura que manipula as
marionetes, nós), deixa de olhar a estrutura social como um elemento fora das
escolhas e condições individuais.
 A condição de existência das estruturas sociais são as escolhas individuais
 As nossas escolhas individuais provem ação social por que envolvem uma
interrelação com outras pessoas, outras escolhas.
 A ação social, ainda que supostamente possa ser pensada para afetar
exclusivamente você, ela vai gerar consequências para outras pessoas.

- tipos de ação social:


 Ação social tradicional:
baseada em costumes, ação social em que na maior parte das vezes não é racionalizada, é
quase uma ação automática. Irrefletida
“não dar bom dia no elevador”

 Ação social afetiva:


Muito menos comum, menos constante.
Depende de intenção, reflexão.
motivada e gerada pelos sentimentos de seu agente em relação aos outros
Na realidade em que vivemos, é cada vez mais direcionada para indivíduos específicos ao
invés da sociedade.

 Ação social racional:


Quando você para e escolhe como agir
Pode ser motivada por valores ou por fins:
- Baseada em valores: o que motiva sua ação são princípios / valores nobres,
princípios éticos. (pode ter um efeito ruim, mas você agiu com a melhor das
intenções)
- Baseada em fins: Na ética do fim, o que move sua ação é o resultado, aquilo que
você queira alcançar. (não necessariamente é ruim, por exemplo, você pode mentir
pelo bem da pessoa, uma pessoa que tem problema na coronária e não pode
receber notícias fortes)
AMBOS PODEM ESTAR JUNTOS

- Tipo ideal:

 Tentativa de pensar em conceitos que sirvam de base para explicar o mundo /


realidade social
 Ideia, estrutura, que seja capaz de contribuir para a compreensão da realidade social
moderna, urbana, capitalista
 Não precisam ser reais, factíveis, servem de instrumento de análise, construção de
ideias e explicações. São referências servindo como uma espécie de “forma pura”,
“exemplo perfeito” para explicar determinados fenômenos
 Um dos conceitos mais importantes utilizados por weber é o conceito de burocracia
 Construção de análise baseada em tipos ideais.
- Racionalização e Burocracia:

 Sociedade moderna é marcada por um racionalismo e burocracia

 Racionalização gera um cientificismo (sociedade moderna vem substituir a realidade


medieval, marcada por um teocentrismo: misticismo, religiosidade, e por um
absolutismo: concentração de poder, poder ilimitado)

 Quando weber fala de burocracia ele não está pensando no estado brasileiro. Ele
está pensando que a burocracia se torna o único meio viável para se organizar o
estado moderno, porque é a única forma de organizar um número tão grande de
pessoas com relações tão complexas. É uma estratégia de organização social.
 A burocracia vem como substituta do absolutismo, mas não de forma direta, a
burocracia é a forma de organizar a democracia, que vem após o absolutismo.
 Lógica burocrática busca tratar todos de forma generalizada.
 Por Weber acreditar na liberdade do indivíduo para fazer suas escolhas

 Weber vai dizer que a sociedade moderna, junção da burocracia e racionalização, é


marcada pelo “desencantamento do mundo”
 Afastamento das pessoas de suas crenças fundamentais, que fundamentavam os
costumes, os hábitos, que historicamente foram seguidos pela sociedade.

 Romantismo foi importante na transição do absolutismo para a democracia.


 O amor romântico é um tipo ideal.
 Carl Schimitt fala do desencantamento do mundo no processo de secularização.

 O desencantamento busca fazer com que as ações humanas sejam cada vem mais
marcadas por cálculos racionais e instrumentalização das relações, remetendo a
ideias como: eficiência; movidas por uma ética de finalidade; sociedade moderna
tentar controlar os fins e os resultados.
 Weber vê com muito perigo a disseminação desse saber científico, cálculos, para
áreas em que ele não deveria se meter. É como se buscássemos uma utilidade para
tudo, existe um critério de eficiência, até em coisas que não possuem uma
finalidade, há coisas que possuem um ganho intangível.
 Um ponto importante: ele vai ver com muito perigo essa lógica racionalizadora,
aplicada a uma lógica burocrática, que vai nos prender em uma “jaula de aço”, o
indivíduo para de pensar fora da caixa.

 Capitalismo e Religião:

 Afirma que o capitalismo é consequência de uma ideologia (ideias e valores), mas


também o capitalismo é uma consequência desse tipo de racionalização burocrática
(uma das premissas básicas do capitalismo é a premissa da eficiência)
 O cálculo racional, essa instrumentação, essa lógica de eficiência é o terreno de
desenvolvimento da lógica capitalista.

 “ética protestante e o espírito o capitalismo”


 A ética protestante traz uma perspectiva da “ética da prosperidade”, onde você deve
buscar na condição de filho de Deus, alcançar os mais importantes níveis de
desenvolvimento pessoal e inclusive material.
 Dentro de toda a teologia católica, há uma firme condenação ao acúmulo de riqueza
 O espírito do capitalismo, em seu livro, nada mais é do que o modo de acumulação
de riquezas típico da modernidade.
 Os novos ricos da época adotavam uma lógica comedida, acumulavam grandes
riquezas, mas adotavam um modo de vida muito simples, minimalista
 Calvinismo e a lógica de que o trabalho dignifica o homem. O sucesso econômico era
visto como escolhido por Deus para ter sucesso e seus negócios.

Pontos interessantes

 Weber apresenta uma perspectiva completamente nova. A religião antes condenava


o acúmulo de riquezas.
 Como é possível ter uma vida simples sendo um milionário.
 Ele é um dos principais representantes do interacionismo (corrente filosófica /
sociológica), trabalha o estudo da análise social a partir da interação dos indivíduos.

KARL MARX
 Introdução:

 Marx reúne algo presente em todos os outros autores.


 Tentativas de buscar as características que explicam a sociedade moderna (urbana,
capitalista, por um modelo de estrutura social organizada e dividida em funções)
 Todos os 3 pensadores são testemunhas oculares dessas transformações.
 Marx chega na Inglaterra no auge da revolução industrial.
 O diagnóstico crítico realizado por ele deve ter um filtro ao se comparar com o modo
de produção capitalista atual. Há muitas diferenças de como é hoje em dia em
comparação aquela realidade vivida por Marx.
 Marx assim como Weber escreveu sobre áreas diversas (principalmente filosofia, se
baseando muito em Hegel (tem um senso mais coletivista, da formação do espírito
comunitário)
 Hegel traz a perspectiva dialética. Espiral = tese - antítese - síntese.
 Marx usa a estrutura tese - antítese - síntese para explicar a sociedade.
 Marx escreve sobre história, direito, sobretudo, ele tem escritos sobre questões
econômicas (De como as questões econômicas impactam a realidade social)

 A realidade social é condicionada pela realidade econômica.


 Se configura na realidade moderna no modo e no sistema de produção capitalista .
Que é um sistema que se diferencia de todos os anteriores, uma vez que é voltado
para a organização de um modo de produção de bens e de serviços em grande
escala, para uma gama muito grande de consumidores.
 Esse sistema acaba se estruturando em torno de duas categorias (classes), o capital
(é todo bem necessário e que possa ser investido para gerar recursos futuros, não só
dinheiro), o capital se consolida nos detentores dos meios de produção (capitalistas);
do outro lado, o povão, mão de obra assalariada, são os detentores da força de
trabalho (trabalhadores, proletariado. Conjunto de pessoas que não possui os meios
próprios para prover a sua sobrevivência, eles precisam recorrer ao salário fornecido
pelos donos do capital para conseguir suprir suas necessidades básicas)
 O modo de produção capitalista ganha seu espaço nessa perspectiva de imediatismo
 Esse era um sistema marcadamente classista, de divisão entre esses grupos sociais.
Na realidade perfeita, tanto o capitalista quanto os trabalhadores reconheceriam a
necessidade e importância um do outro.
 O que acontece é que o capitalista explora a massa trabalhadora para ter o maior
ganho econômico.
 Superestrutura econômica – influencia toda a infraestrutura (o direito, política,
ciência)
 Marx vê uma lógica de exploração porque o trabalhador não tem nenhum controle
sobre seu trabalho, não condiciona o preço daquilo que vai produzir, não condiciona
o preço de sua mão de obra, e o capitalista determina o valor final do produto e
quanto vai cobrar pra isso, decide quanto vale a mão de obra, ele vai adotar uma
questão de maior benefício, lucro.

 Conceito de mais valia. Diferença em relação de quanto o patrão ganha com a venda
do produto e quanto ele paga ao funcionário.

 Conceito de ideologia e o conceito de alienação.


 Ideologia: o que determina a história e as estruturas sociais não são as ideias e nem
os valores, são as estruturas econômicas. A ideologia de uma era é dominada pelos
interesses, pelas circunstâncias que favorecem os meios de produção.
 Essa ideologia, que vai se adequar ao domínio econômico, se junta ao conceito de
alienação,
 alienação é o deslocamento do indivíduo da realidade que o cerca, ele passa a não
ter consciência da realidade que o atinge, não enxerga a realidade. O explorado tem
dificuldade de enxergar a sua condição.

 Vai dizer que essa luta entre as classes é aquilo que vai determinar as condições
sociais e históricas. A luta de classes é o “motor da história”

 O Comunismo seria uma realidade em que a superestrutura econômica estaria nas


mãos da maioria (visão filosófica)
 (visão socióloga) um mérito é o que desenvolve uma teoria importante de crítica a
um modelo social e econômico que tende a ser hegemônico. Um demérito de sua
visão é sua obsessão da origem dos conflitos sociais exclusivamente econômicos,
existe questão de raça, por exemplo. A sociedade é marcada por essas questões que
não se resumem a aspectos econômicos, mas de fato as condições econômicas
condicionam muitas das questões, mas não a ponto de apagar essas outras fontes de
conflito social.

LER QUADRINHO DO LIVRO DO GIDDENS PAG 79


 Sociologia contemporânea

- As bases com que os autores clássicos fundaram a sociologia são muitos


distintos com a atualidade

- A sociologia contemporânea se caracteriza pela necessidade de


complementar / adequar as lições dos clássicos. Porque o que eles
propuseram, apesar de necessitar de uma atualização, não deixam de ser
pertinentes

Temas que ocupam nossa realidade até hoje:


 Marx, com a análise da estrutura econômica.
 Durkheim, com a influência da cultura de uma determinada sociedade. A
estrutura cultural de uma sociedade molda a cultura político-social
 Weber, com o impacto da ação individual do homem na formação do espaço
político e social.

O que eles pensaram não devem ser descartados, mas devem ser adequados à
realidade contemporânea

A sociologia contemporânea gera uma oposição entre um determinismo e uma


liberdade de ação:
- Nós somos condicionados pelos universos que estamos inseridos
(determinismo), e a outra, a que somos livres para escolhermos nossos
caminhos (liberdade de ação)
- Hoje em dia os autores ficam no meio termo. Nós somos influenciados por
certas categorias (estruturas), mas somos livres para escolher nossos
caminhos

A realidade que influenciou Marx, Durkheim e Weber é muito diferente da atual

Convivência entre determinismo e liberdade individual

Os autores contemporâneos tem uma análise contemporânea, mas tendo muito


respeito aos autores clássicos e suas conclusões

Autores que transitam nessas duas fronteiras (filosofia e sociologia):


Todos do final do séc. 20
- Michael Foucault
Muito preocupado em explicar como funcionam as relações de poder
Ao fazer essa investigação sobre o poder, ele vai pensar em um método, a
genealogia / arqueologia, de análise de instituições sociais que representam a
manifestação de poder sobre os indivíduos
Ele tinha uma obsessão de mostrar como essas instituições são criadas, não tinham
a origem mais nobre, só que passam a ser vistos como fenômenos naturais.
Estudo muito forte sobre hospícios / hospitais, prisão, sexualidade
- Jurgen Habermas
A grande preocupação é sobre as relações democráticas de poder, para ele, a
democracia só é possível dentro de uma perspectiva comunicativa (teoria do agir
comunicativo)
Uma realidade só é verdadeiramente democrática em um local onde as pessoas
encontram liberdade em uma comunicação ideal de fala, é possível se vislumbrar a
formação de acordos.
Por isso, o grande foco são as instituições políticas (deixa de enxergar a ruptura do
estado moderno (rompe com marx) e passa a ver / apela para o aprimoramento
dessas instituições políticas democráticas
- Pierre Bourdieu
Preocupação com violência simbólica
Toda a forma de violações simbólicas (que não físicas) que nos limitam também
simbolicamente, sem nós percebermos.
Preocupação muito forte com o processo de naturalização. Como nós naturalizamos
ideias, gostos, como se não tivesse sido construído por alguém (Coca-Cola por
exemplo, muito naturalizada na sociedade)
Teoria do julgamento, que analisa os gostos sociais, que são determinados por
estruturas sociais, são construídos socialmente
- Judith Butler
Voltada para as questões de gênero (realidade de diferenciação, de discriminação
de mulheres em relação aos homens)
- Z. Bauman
Tem como grande preocupação a questão da relatividade ou maleabilidade das
relações sociais. Teoria da liquidez das relações sociais contemporâneas)
São fundamentalmente marcadas por uma liquidez, tudo se torna parte de um
processo que desmistifica a solidez desses fenômenos (como o casamento, em
relação a naturalidade de desfazer casamentos). Marcado pela pouca solidez de
instituições que antes eram sólidas.

O que faz eles ficarem nessa fronteira é o fato deles terrem análises que trazem
uma perspectiva especulativa / imaginativa (filosofia) e análises de situações sociais
concretas (sociologia)

 ANTROPOLOGIA

 Introdução:
Tende a ser mais distante da nossa realidade por conta do seu foco principal
Podemos dizer que ela até antecede a sociologia. A sociologia tem como foco da
análise as sociedades modernas, urbanas, industriais e capitalistas, então
surge de fato nesse período.
O foco da antropologia não se limita ao estudo dessas sociedades, ela tem uma
preocupação de estudar o ser humano. Ela depende só de um contato com o
diferente, e não da consolidação dessas sociedades modernas.
A semente da antropologia surge a partir das “Grandes Navegações”
As grandes navegações trazem a “diferença”, o impacto de lidar com o outro, e
isso forma a base do que forma a antropologia
O conceito de Alteridade: perspectiva que existe o diferente em relação a você

Antropologia:
A capacidade de estudar os indivíduos, sobretudo os seres humanos como sendo
um indivíduo de culturas, não de uma só.

Tentativa de estudar aquilo que é diferente para o Europeu. Tentativa de analisar


as culturas que faziam essa diferença

Essa antropologia tradicional surge com uma perspectiva discriminatória. Hoje


em dia não se fala mais da diferença em termos hierárquicos. Quando surgiu os
estudos antropológicos, a ideia era de distinguir culturas não-europeias, de
culturas europeias, distinguir o quanto o quanto os europeus eram evoluídos e o
quanto diferente eram bárbaros. Tinha uma perspectiva muito discriminatória.

Claude Levis-Strauss – grande antropólogo


À medida que temos menos contato com os povos originários, temos menos acesso
a esses objetos dessas culturas

O Objeto de estudo da antropologia: ela se afasta do seu objeto de estudo, se tem


cada vez menos povos excepcionais.
A diminuição da quantidade de povos com culturas diferente (estão sendo expostas,
tendo contato com o homem, etc), e uma vez que a sociologia já está ocupada
com a análise das sociedades modernas, a antropologia volta seu estudo para
o homem do campo, sociedade e comunidades que não se enquadrem nessas
categorias. (NESTA ETAPA DA HISTÓRIA, COM O NÚMERO DE POVOS
ORIGINÁRIOS CADA VEZ MENOR, A ANTROPOLOGIA DEDICA SEU
ESTUDOS TAMBÉM AOS POVOS DO CAMPO).
O homem do campo passa a ser tornar cada vez mais excepcional, uma vez que se
torna cada vez menos presente por conta do êxito rural, ou se torna cada vez mais
assimilado por hábitos urbanos. Vai diminuindo a quantidade de moradores no
campo e incorporação de hábitos urbanos.

Antropologia passa então a analisar a diferença dentro da realidade sociológica,


passa a analisar as tribos urbanas (estão na sociedade, mas se destacam por ser
diferentes). . A fronteira entre as duas nem sempre fica tão clara. (POR CONTA DO
ÊXODO URBANO, A ANTROPOLOGIA SE DEDICA TAMBÉM AS TRIBOS
URANAS QUE ESTÃO INSERIDA DENTRO DA SOCIEDADE MODERNA)

 Antropologia x sociologia:
Ambas se misturam
É muito comum ter uma sobreposição desses saberes
A sociologia normalmente se ocupa de sociedade modernas, ou seja, urbanas,
industriais, capitalistas, sociedades que podemos resumir como sociedades de
massas. E a antropologia lida com o “outro”, aquilo que é diferente da
sociedade moderna. Começa com os povos originários, e, à medida que vão se
inserindo nessas sociedades, ela muda seu foco para o campo, e depois, foca
naquilo que seria o “outro dentro das sociedades modernas (populações
periféricas, crença de matriz religiosa africana por exemplo)

Uma diferença básica entre eles é que o foco da antropologia é a cultura


E a sociologia tem foco na estrutura social
Nem todo aspecto da estrutura social é um aspecto cultural.

Antropologia se consolida em um período de consolidação da ciência moderna


A antropologia tem uma preocupação de estudar aquilo que é diferente, sociedades
que não passaram pelo processo da lógica das sociedades modernas
contemporânea.
Estudos antropológicos são estudos, em grande parte, culturais. Quando falamos
em cultura, não falamos só em artes, teatro, mas sim de todos os hábitos, todas
as práticas cotidianas, todas as tradições.
A antropologia tem uma característica muito descritiva, ao invés de qualificar.
 Categorias:

- Antropologia cultural:
Busca estudar o homem em sua totalidade, busca estudar o homem como
produtor de cultura
(cultura não no sentido somente de arte, mas também no sentido de aceitar
certos hábitos e práticas que condicionam nossa vida cotidiana, exemplo tomar
banho todo dia, arroz e feijão, começar a estudar muito cedo, café)
O estudo das culturas vai envolver a relação desse povo com a arte, com a
linguagem, também em certo sentido uma análise de estudo das relações religiosas.

Aquilo que nos faz brasileiros é muito mais a cultura do que a sociedade, as
instituições sociais nossas são muito pouco características do que somos
(maioria são cópias de outros países), os hábitos que inserimos ali que nos
caracterizam.

- Antropologia social:
Vai estudar a organização das sociedades, como que se organiza a estrutura
social daquele povo, e qual a influência dessa estrutura para a própria
sociedade em si
Isso pode ter uma diferença muito marcante com a sociologia , enquanto a
sociologia vai estudar essa perspectiva em um âmbito macro, a antropologia vai
estudar isso em um âmbito micro
Analisar o papel das instituições na formação daquele grupo social

 Conceitos fundamentais:

- Etnografia ou Etnologia:
Envolve, normalmente, a pesquisa de campo. Esse espaço a ser analisado normalmente é
marcado pela presença do pesquisador em uma comunidade, caracterizada pela diferença.
Onde vai, nessa comunidade, fazer um estudo dos seus elementos culturais. Analisar, seus
ritos e rituais, suas tradições, os efeitos sociais e cotidianos de certas práticas
Ex. Estudo etnográfico em uma comunidade como a dos pomeranos. Vai fazer um estudo
sobre o costume das noivas de casarem de preto
- Alteridade:
A ideia de alteridade é uma ideia inclusive filosófica.
E. Levinas criou sua tese chamada “ética da alteridade”. Trabalha com a ideia de ter
comportamentos certos, honestos (éticos). Marcada uma ideia de alteridade. Essa
alteridade impõe uma constatação, um conhecimento do outro. A convivência com os
outros molda aquilo que o indivíduo é, ninguém é construído isoladamente. Ainda nessa
perspectiva ética, ele vai apontar a
Grande ponto do pensar antropológico: Nós estamos em uma relação de interação e
dependência pela existência desse outro, que inclusive é diferente da gente
O conceito de Alteridade: perspectiva que existe o diferente em relação a você

Essa perspectiva da diferença marca o pensar antropológico.


Essa constatação da diferença e alteridade, jamais pode ser vista em uma perspectiva
discriminatória, desqualificar as características dessa outra cultura, e jamais pode ser um
estudo voltado para a extinção de uma prática cultural. O papel do antropólogo é de
apenas descrever, e não qualificar.
O que a alteridade exige é a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, porque
tendemos a achar que a nossa cultura é mais evoluída que a do outro.
Ideia de alteridade que leva ao estudo da diferença
ALTERIDADE É A ANÁLISE DA RELAÇÃO INTERDEPENDENTE DO EU COM O OUTRO

- Etnocentrismo:
O antropólogo não pode ter um pensamento etnocêntrico, ou seja, um pensamento
preconceituoso, excludente, colonialista.
Todas as ações intervencionistas que ignoram as particularidades de uma comunidade
tendem a ser enquadrado em uma perspectiva etnocêntrica.
A antropologia contribui muito para o direito ao combater esse pensamento etnocêntrico.

 Antropologia Relativista (Malinóvski)


Malinóvski tem o foco de pesquisa naquilo que é diferente (alteridade cultural)
Percebeu que o fato de ele vir de uma cultura diferente estava influenciando a formação
da opinião dele sobre a cultura que estava estudando. Por isso, há uma ideia de que a
antropologia seja relativista, para tentar ao máximo não contaminar aquilo (a análise
daquela cultura) com as suas circunstâncias culturais próprias.
Diário de campo, para servir de contraponto para sua pesquisa, serve de filtro para avaliar
o que foi escrito na pesquisa antropológica. Esse sim é pessoal. É um instrumento de relado
das suas experiências pessoas (se você tá com medo, por exemplo)
E isso leva à necessidade de relativizar opiniões. Passando do etnocentrismo (qualificação
do outro) para uma análise que seja a mais neutra, descritiva possível daquela cultura.

 A antropologia no Brasil:

Primeiros autores foram formados pelas missões europeia, em uma perspectiva


etnocêntrica (eurocêntrica). Vinham para o Brasil visando conhecer as culturas não
assimiladas pelas culturas europeias, analisar as culturas primitivas.

Claude Levis-Strauss – pai da antropologia moderna. Consolidou seus estudos a partir de


uma experiência vivida no Brasil.

Autores clássicos da antropologia Brasileira:


- Câmara Cascudo (pesquisador sobre o folclore)
- Darcy Ribeiro (preocupado em extrair padrões comportamentais representativos das
culturas)
- Roberto da Matta
- Lélia Gonzales (trata das questões raciais)
- Gilberto Velho (referência para a antropologia urbana)
- Alba Zaluar (criminalidade nas periferias)
- Eduardo Viveiro de Castro (estuda comunidades indígenas)

Mais recentes:
- Gilberto Freire
- Florestan Fernandes

 Festival cajubi.
- Pensamento decolonial:
Abandonarmos, lutarmos contra a perspectiva importada de um pensamento
europeu
3 termos relacionados: anti-colonial (perspectiva de separação), descolonial
(perspectiva de ruptura, de nós vs eles), decolonial (perspectiva de superação /
substituição)
- Pensamento a partir do outro

Antropologia e o Direito:
Perspectiva da dificuldade que o direito tem de se materializar em uma
realidade muito diferente daquela em que foi concebido
Ao importar um direito europeu para a realidade brasileira, tem muitas poucas
chances de funcionar.

O quanto nós apagamos visões de mundo, que não sejam nossas, da realidade
social

E são polo de resistência pois residem, são resistência pois não abandonam uma
perspectiva de mundo transcendental e ascendência

Pessoas coletivas – a exceção são a diferença em um mundo capitalista

O outro são essas comunidades originárias, pessoas coletivas (que são a exceção
em um mundo individualista) são um polo de resistência, pois não abandonam uma
perspectiva de mundo transcendental e de ascendência (valorização dos mais
velhos). A resistência dessas sociedades é sobretudo uma resistência à sociedade
urbana, industrializada, capitalista, desencantada, onde perdemos a relação
transcendental

Nós do direito temos muito claramente a perspectiva da morte do que é


transcendental. A impossibilidade de discutirmos a ideia de justiça. Abandonamos a
ideia de entender o que é o justo.
 PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO

 Introdução

Literatura tem um papel muito importante na formação do pensamento social


brasileiro

Tal pensamento social brasileiro se inicia em uma realidade pré-sociologia

A influência da realidade estrangeira foi importante tambémNN

A realidade do pensamento social brasileiro, sobretudo uma realidade do séc. 19, é


uma realidade em que esses pesquisadores começam a vir da Europa
(BRASILEIROS QUE FORAM ESTUDAR NA EUROPA E RETORNAM AO
BRASIL), começam a ver as preocupações sociais europeias, e começam a ver as
transformações da sociedade brasileira para uma sociedade moderna, que é o
grande fator de estímulo ao pensamento sociológico.

Esse processo modernizante do brasil levou a muitos autores a começar a pensar


sobre o Brasil. Isso é muito importante para a literatura.

Uma das melhores formas de se conhecer a realidade de uma época é


conhecer a literatura daquela época

A literatura é um dos principais elementos

 Características

Uma das características do pensamento social brasileiro é que seja, nesse seu
primeiro momento, construído por pessoas de outras áreas. Isso representa a
formação de um saber que não tem compromisso com as características
científicas próprias da sociologia. Os primeiros pensadores não eram formados
em sociologia.

Pensadores:
Direito – J. Nabuco
Medicina – Nina Rodrigues (trouxe para a análise daquilo que se propunha
ideologicamente, de eugenia, ele usava o seu conhecimento para tentar provar isso)
Engenharia - Euclides da Cunha (analisando a realidade encontrada em canudos,
ele traz a perspectiva do atraso, pelo fato de vir de um núcleo urbano e aquela ser
uma realidade diferente da que ele vinha)

O problema é ignorar as premissas científicas básicas que te permitem


analisar a sociedade, e quando você as ignora é normal tem uma análise, uma
perspectiva ideológica. Uma leitura comprometida por seu viés ideológico.
Uma contaminação desse saber

Traz um outro fator importante: uma perspectiva de classe. Quem escrevia


sobre o povo brasileiro não era parte do povo brasileiro.

Essa perspectiva é piorada em uma perspectiva classista, onde quem pensava


sobre a realidade do brasil, não representavam a sociedade brasileira
(primeiramente eles tinham ensino superior completo e o brasil era analfabeto). Isso
implica em uma visão enviesada da realidade social.

Faz uma leitura claramente contaminada por essa perspectiva enviesada e


isso tende a levar a uma realidade ou construção teórica etnocêntrica . Que é a
outra característica: a visão depreciativa do brasil (de que o Brasil é atrasado,
subdesenvolvido)
Essa perspectiva etnocêntrica foi por muito tempo justificada por dois fatores: o
preconceito racial (seríamos subdesenvolvidos porque temos uma mistura
racial). O segundo fator é o determinismo geográfico (somos atrasados por
conta do nosso solo pobre)

Essa perspectiva do que era o brasil por esses pensadores, seus estudos, não se
compara à efetividade da literatura em mostrar realmente a realidade social
brasileira. A literatura tem um conteúdo fundamental.
 SOCIOLOGIA BRASILEIRA:

A partir da década de 30 podemos dizer que saímos dessa fase pré-socióloga e


entramos de fato na sociologia

Três a serem analisados:


- G. Freire: associado às estruturas socias de Durkheim. Tende a ter uma
perspectiva funcionalista.
- S. Buarque: associado ao racionalismo burocrático weberiano
- Caio Prado Jr.: associado à leitura de Marx, o materialismo histórico marxista

 Introdução:

O que marca a transição é:


Justamente a mudança de uma perspectiva depreciativa para uma perspectiva de
valorização / reconhecimento da cultura local. Outro elemento que vai marcar essa
distinção é os autores com mais compromisso científico com a sociologia, que tende
a ler a uma perspectiva mais equidistante.

Os autores continuam tendo características anteriores. Eram formados em outras


áreas. Formados em direito (2 deles). Especialmente Caio Prado, era riquíssimo.
Conseguiam superar esse desfio propondo uma leitura da realidade brasileira que
não apelasse para categorias discriminatórias, etnocêntricas, e, principalmente, que
esse pensamento sobre o Brasil fosse capaz de transforma-lo. Pensar que as
circunstancias que formam a realidade social fosse um caminho para superar
nossos desafios

O que eles eram capazes de perceber é que, primeiro, estavam inseridos em um


contexto de modernização do brasil. Viviam em um momento transformador da
realidade brasileira. Eles iam pra fora do brasil, acessavam as melhores escolas e
autores, e eram capazes de perceber um atraso do brasil em relação a outras
nações.
Vão mudar a justificativa desse atraso e vão buscar meios de modernizar o país.
Buscar meios que capacitem a modernização do nosso país
Vão modificar a perspectiva quanto às modificações desse atraso. Porque os
autores anteriores a esses caras vão colocar o atraso brasileiro por motivações
racistas, por questões geográficas.
Vão mudar a perspectiva determinista para outras bases.

 Gilberto Freyre

Podemos chamá-lo de funcionalista em uma perspectiva de Durkheim.


Por nascer em Pernambuco, é herdeiro de uma família com a tradição de produção
açucareira. Perspectiva de ter vivido dentro de um engenho, de uma família
produtora.
Literatura escrita em volta dos engenhos e produção de açúcar.

Período da década de 30 (modernização por Getúlio)


Percebeu que estávamos saindo de uma perspectiva de atraso para uma
modernização
Se adotar as teorias dos autores antigo, corre risco de as teorias inviabilizarem o
processo modernizante do Brasil
Vai reclassificar a nossa miscigenação, adota uma perspectiva de exaltação daquilo
que nos faz únicos
A evidencia empírica que ele tem é quando vai os estados unidos, no auge da ku
klux klan. Pensa que em relação a aquela realidade, o brasil é um paraíso
Texto preocupado em provar que a nossa miscigenação era algo a ser enaltecido

- “casa-grande e senzala”
Relação entre uma suposta harmonia.
Complementariedade entre ambos, um depende do outro
Tudo tendo como foco de partida a questão da família. A família que gera a casa
grande gere tudo à sua volta, (os escravos também se tornam parte da família).

Sexualização (questão do estupro) como forma da miscigenação

Tentativa de união de classes que viabilizaria o desenvolvimento de um projeto


social modernidade. Ou seja, o potencial do brasil de se modernizar, vem de uma
realidade marcada pela integração da casa grande com a senzala. Diferentemente
do modelo americano / europeu, onde há uma perspectiva de orgulho de raças, de
eugenia, o orgulho do brasil vem dessa mistura. Sustentava a democracia racial, o
mito da democracia racial.
Ele vê um local de comando (casa grande) e de execução (senzala)

Perspectiva era influenciada pela posição dele (dentro da casa, contexto dentro da
casa), pela ideologia que queria sustentar, e influenciada pelo momento em que se
vivia

- O mito da democracia racial

Ele tinha uma pretensão com isso, de vender o brasil como um paraíso racial. Era
uma visão pertinente à uma proposta modernizante do país.

Antagonismos em equilíbrio (conceito do livro do plano de curso) - os conceitos não


tentam se sobrepor, eles vivem em equilíbrio, harmonia. Casa grande e a senzala
vivem em harmonia, equilíbrio.

 Sérgio Buarque de Holanda


Tem uma análise centrada em algumas categorias Weberianas, sobretudo na ideia
de racionalidade e burocracia
Faz uma análise sob esses dois prismas, que, na leitura weberiana, é a marca da
modernidade.
A pergunta que acompanha Sérgio Buarque é tentar descobrir as causas do nosso
atraso, ou seja, o que que nos impede de ascender à condição de sociedade
moderna assim como as sociedades europeias
Traz uma perspectiva mais imparcial, científica sobre a realidade que G. Freyre.
Nessa perspectiva científica, ele percebe que talvez o principal motivo do atraso da
sociedade brasileira é que os estados nacionais europeus se desenvolveram sob a
lógica / pautada pela lógica social da racionalidade e burocracia. E o estado
brasileiro não, ele é formado sem passar pelas etapas que os europeus passaram.
Todas as formações dos estados brasileiros ao logo do período moderno foram
quase sempre negociadas por baixo dos panos e de forma a excluir a maior parte
da população, quase todos os acordos feitos no Brasil são assim.
Ele percebe, então que a formação da realidade burocrática brasileira não passou
pela consolidação das etapas passadas pelos estados europeus para a formação do
homem racional (homem moderno), o homem europeu lutou para sair do controle da
igreja, por exemplo.
As relações no brasil não se dão no mundo burocrático racional
Se o Freyre vai trabalhar numa perspectiva integrativa entre a casa grande e a
senzala, o Sérgio Buarque não vai ter pudor em trabalhar com a perspectiva
opositiva. Enquanto um vai tentar promover a ideia de convivência pacífica, o outro
vai trabalhar na perspectiva de oposição. Oposto entre a racionalidade e
pessoalidade, oposto entre moderno e atrasado, etc. Vai buscar as oposições que
marcam a realidade brasileira

Tudo isso se resume no livro “raízes do Brasil”

- Raízes do Brasil

O conceito chave é a ideia do “homem cordial”. Esse é o sujeito brasileiro que é


incapaz de se modernizar, sentido de oposição ao homem moderno. Sujeito
marcado pela tomada de decisões passionais, e não racionais, é alguém que age
emocionalmente. “Cordial” significa coração.
É marcada em um plano social pela incapacidade, tipicamente portuguesa, de nós
fazermos a distinção entre público e privado. Isso é uma marca social brasileira.
Tendemos a ver o público como uma extensão do nosso privado. O Público é visto
como se não fosse de ninguém. Não temos a capacidade de perceber que o público
é de todos.
Ele acredita que essa perspectiva vem da apropriação do estado brasileiro por
pequenas elites, que vão dominando o estado a partir de seus interesses. Exemplo,
também dos coronéis.

A realidade brasileira não tinha nada de específica, ela era tipicamente de matriz
ibérica, somos o que somos em razão da nossa origem portuguesa.
É obvio que existem particularidades na realidade social brasileira, mas ela mantém
a sua essência de onde se originou.
Estrutura marcadamente por essa matriz ibérica. Isso é muito marcada, essa
influência desses países ibéricos por não ter passado pelo processo de transição.
O brasil até em sua independência não rompe com a sua matriz, a independência é
feita pela família real, que continua no controle do país.

Não significa que somos piores, ele apenas faz uma análise da sociedade. Temos
um modelo de sociedade diferente

A principal semelhança que inclui todos os 3 autores é a tentativa de descobrir as


razões do nosso atraso, o que impede o Brasil de atingir o desenvolvimento das
sociedades europeias.

 Caio Prado Jr.

Ele não deixava sua subjetividade de lado para ficar apenas na teoria marxista. Algo
que o incomodava ele era a visão universalista dos propósitos socialistas, cada local
tem sua luta pórpria, sua dinâmica específica
Ela era contra a defesa de que o Brasil colônia era semelhante ao regime feudal
europeu. No brasil, nós não falamos em feudalismo, falamos em um processo de
colonização. O que constitui a principal herança da sociedade brasileira vem do
nosso processo de colonização

Nesse estudo sobre o processo de colonização, ele chega a conclusão que tiveram
duas formas de colônia nas américas, as colônias de povoamento e de exploração
As de povoamento se davam como uma extensão da Europa. Os objetivos nessas
colônias eram distintos, os tipos de migrantes, e as colônias tendem a ser voltadas à
uma imitação do que essas famílias viviam na Europa, mesmas cultura, mesma
cultura, arquitetura, etc.

Na colônia de exploração, a motivação não era de atingir um respaldo religioso, ter


uma vida mais tranquila, a motivação era puramente econômica. Outra
característica é que os que imigram para essa colônia não está alí para fazer
daquele lugar a sua casa, está ali apenas para utilizar. Na de povoamento vem
famílias, na de exploração vem exploradores, basicamente, os sujeitos que vem pra
essa terra se dividem em exploradores, que podem ser donos de terra / emissários
e a mão de obra escrava.

Caio começa a perceber o sujeito intermediário que surge nesse espaço (o cara que
não nem dono de terra e nem um escravo), e começa a ver que há um déficit de
análise entre aquele que é o explorado e aquele que é explorado em uma lógica
escravagista. As negligências com esse cara trazem consequências até hoje. Hoje
em dia, muitas políticas são voltadas para a classe mais pobre e a mais rica, e se
esquecem da classe intermediária. O ponto é que essa colônia que tem um
fundamento econômico se caracteriza por três elementos principais. O primeiro é a
exploração de grandes áreas de produção (plantations), o que é uma grande
diferença do regime feudal, o uso da terra feudal. Segunda, o emprego de mão de
obra escrava. Terceira, a produção é voltada para o mercado externo.
Enquanto a estrutura econômica for voltada para um modelo que concentra o capital
na mão de uma pequena parte da população, quanto continuar explorando uma
mão de obra precarizada, e enquanto sua produção ignorar o mercado interno, não
tem outra saída a não ser o empobrecimento da nação.
O grande ponto que serve para resumir a visão dele é que esse modelo de
exploração econômica, apesar de sofrer grandes transformações, não mexeu na
sua estrutura.
O agro brasileiro atual é caracterizado por grandes propriedades, emprego de uma
obra que deixou de ser escrava mais é precarizada, com uma baixíssima
qualificação. E a produção pe voltada para a exportação. Seguimos uma lógica que
ignora o potencial do nosso mercado consumidor.
Traz a importância de termos um olho voltado para os menosprezados na estrutura
social para quebrarmos esse ciclo vicioso em que estamos inseridos desde a nossa
colonização.
A estrutura deveria se voltar para o mercado interno

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