Você está na página 1de 2

RESENHA CRÍTICA – FILME “PARASITA”

PARASITA. Direção: Bong Joon-Ho. Produção: Barunson E&A Corp. Coreia do Sul: CJ Entertainment,
2019.
VICTOR MEDEIROS DE OLIVEIRA
Parasita é um filme sul-coreano que retrata a vida de uma família que tem uma vida muito
precária, todos estão desempregados e isso reflete totalmente na vida que eles vivem. Um ponto
que é super interessante aqui, é que o filme nos mostra uma visão completamente diferente da
Coreia. Muitas vezes somos apresentados a conteúdos que mostram apenas as coisas boas,
entretanto no fundo sabemos que essa não é a realidade de todos. O filme acerta muito em trazer
esse lado, talvez nem conhecido por todos, da Coreia. O longa aborda isso de maneira sútil com
algumas cenas ao longo de alguns atos da trama, mas que são bastantes significativas e nos
fazem refletir sobre o que foi falado anteriormente. Algumas cenas do início do longa, onde somos
apresentados à residência da família, nos mostra diretamente sobre isso. Um local que aparenta
ser longe de todos e de tudo, onde até a privada fica acima de suas cabeças e sempre há
pessoas fazendo suas necessidades ali perto. Uma realidade bastante cruel. Toda a cena acaba
por trazer sentimentos de que eles e todos ao redor estão abandonados pela grande massa.

Um amigo da família aparece com o que poderíamos chamar de a “salvação” para que tudo ali
pudesse ser estabilizado. O filho (Kim Gi Woo) da família é ofertado a uma vaga de emprego para
ser tutor de uma menina vinda de uma família rica. O modo que ele consegue essa vaga já deixa
o público um pouco receoso, mas acabamos por sentir empatia por ele e pela condição de sua
família e por isso relevamos toda a situação. Logo um grande plano é botado em ação para que
toda a família seja adentrada na casa dessa família, socialmente favorecida. Um a um é
adentrado a casa de uma forma totalmente errada, onde outras pessoas precisam ser retiradas
para que eles possam entrar. É a partir daí que começamos a entender o título do filme “Parasita”.

Voltando um pouco ao que estávamos falando sobre a família e suas necessidades, depois que o
roteiro dá essa reviravolta incrível passamos a ter uma visão completamente diferente sobre eles.
Passamos a ver que eles não querem apenas trabalhar e adquirir o seu sustento e viver bem, eles
querem mais, querem o que essa família, socialmente favorecida, possui. Eles entraram ali com
mentiras e essas mentiras acabam enganando a eles próprios, onde eles começam a achar que
precisam ter aquelas vidas, nesse processo eles acabam perdendo a própria identidade e sendo
comparados até a baratas. Existe uma cena onde eles se aproveitam que os donos da casa estão
fora e passam a utilizar da casa como se fosse suas. Em um certo momento a família volta e eles
rapidamente precisam se esconder embaixo de um móvel, assim como as baratas fazem quando
percebem movimentação no ambiente.
A ganância começa a tomar conta deles e os mesmos passam a fazer coisas que, antes, você
nunca imaginaria que eles seriam capazes de fazer. Então o roteiro muda drasticamente a forma
que vemos a família. Eles deixam de serem vistos como necessitados e começam a ser vistos
como gananciosos, fazendo de tudo para manter aquela aparência que eles já estão tão
convencidos.

Todavia, vale ressaltar que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento que
delimita os direitos fundamentais do ser humano, tem em seu Artigo XXIII:
1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a
condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o
desemprego.
2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração
por igual trabalho.
3. Toda pessoa que trabalha tem direito a uma remuneração justa e
satisfatória, que lhe assegure. assim como à sua família, uma existência
compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se
necessário, outros meios de proteção social.

Os princípios citados através da Declaração Universal dos Direitos Humanos, já


mencionados anteriormente, são considerados através dos Artigos 7 a 11 da “Constituição
Federal”, que regulam as relações de trabalho dos brasileiros. Porém, não é o que acorre de fato
no cotidiano na sociedade brasileira.

Você também pode gostar