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FACULDADE DE DIREITO DE VITÓRIA – CURSO DE

GRADUAÇÃO EM DIREITO

ARTIGO DE OPINIÃO
POVOS ORIGINÁRIOS E A LÍNGUA

VICTOR MEDEIROS DE OLIVEIRA 221011458


TURMA: 1º AM
Trabalho de Comunicação e Linguagem
Prof. Elaine Knikkink

VITÓRIA – ES
2022
ARTIGO DE OPINIÃO
POVOS ORIGINÁRIOS E A LÍNGUA

Artigo de opinião escrito a partir de pesquisas


realizadas para disciplina de Comunicação e
Linguagem, sobre as condições dos povos originários e
a língua através dos séculos.

VITÓRIA – ES
2022

Povos nativos: um alvo ao longo dos séculos

Desde a chegada dos Europeus ao Novo Mundo, houve um choque instantâneo


entre o homem branco e os nativos que ali já habitavam. Esse choque se deu,
principalmente, por o homem carregar com si a sua forma de agir, pensar, falar e
tomar iniciativa dentro da coletividade – esse conjunto de ações, quando pensado de
forma unificada, podemos dizer que compõem o que entendemos como a cultura de
um povo. Com esse pensamento, formulamos a seguinte máxima: a cultura de um
povo está onde o grupo se faz presente, desde que exista liberdade e condições de
manifestação.

Seguindo nesta linha de raciocínio e após uma breve análise histórica, podemos
afirmar que a língua enquanto objeto de comunicação oral e escrita nunca esteve
presente na natureza, sendo um fenômeno inerente e criado pelo homem. Ainda mais,
a língua surgiu dentro da sociabilidade humana uma vez que se tornou necessário um
objeto que tornasse possível a transmissão de costumes e conhecimentos a cerca do
desconhecido. Ora, a escrita nos possibilitou evoluir do estado pré-histórico e iniciar a
fase que vivemos até hoje: a história.

Agora, caro leitor, você pode estar se perguntando: o que isso tem haver com o
título deste artigo? E eu te respondo: tudo! Ainda que possa parecer um desvio, para a
compreensão deste escrito é necessário o amplo entendimento sobre a importância da
língua para um povo.

Tendo em vista isto, e sabendo acerca da colonização exploratória que sofreu o


território que hoje conhecemos por Brasil, é indiscutível a forma hostil que os
europeus trataram os que aqui já habitavam. Outra coisa, ainda que muitos vá tratar
esse processo como uma guerra entre os povos pelo território e seus recursos,
qualquer mero aspirante a historicidade vai chegar à conclusão que ali não houve
guerra. O que aconteceu, de fato, foi um dos atos mais cruéis já registrados na história.
Isso porque as condições eram totalmente destoantes, sendo impossível qualquer
equilíbrio no conflito.
Com esse desequilíbrio e a nova necessidade de viver em sociedade imposta,
ao longo dos anos, na maioria dos casos, os povos nativos tiveram que abrir mão dos
seus costumes – para aderir aos impostos pelo povo dominante –, da sua crença – para
serem catequizados – e naturalmente da sua língua – e aqui chegamos ao ponto chave
deste artigo.

Se você leitor, assim como eu, passou por todo o sistema de educação básica
brasileira em algum momento ouviu a seguinte frase (ou algo parecido): “o Brasil é um
dos poucos países no mundo que fala somente um idioma”. No entanto, sinto lhe
informar, não somos tão únicos assim, mentiram pra você. Na verdade, há milhares de
pessoas nativas espalhadas por esse imenso território falando, atualmente, mais de
250 idiomas. E digo atualmente porque esse número na época da chegada dos
europeus chegou a ser cerca de 1,5 mil, de acordo com o estudo da Unicamp.

Com dados estatísticos como o anteriormente citado, dá-se pra ter uma ideia
como esta população foi dizimada. Ora, se esse número de idiomas sumira, podemos
dizer que a população desaparecera de forma concomitante. E aqui vou mais além,
esse processo não se findou, ainda hoje é perceptível cada vez mais a diminuição
desses povos.

Com o intuito de explicar o que ainda colabora para a dizimação destas


comunidades, pontua-se a formação do pensamento brasileiro enquanto uma colônia
europeia, ignorando os Brasis existentes território a fora; por exemplo, o pensamento
de só falarmos português deslegitimando as línguas nativas. Policarpo Quaresma, ao
propor que apreendêssemos o tupiniquim, não estava louco como parece em um
primeiro instante.

Além deste ponto, é possível trazer também, como fator, a interferência na


liberdade de povos que decidiram viver de forma isolada, como os da região do Vale
do Javari, no Amazonas. Esses grupos, sofrem a todo instante com interferência
humana, seja com intenções de boa-fé, seja intenções maliciosas. Por fim, a sensação
que fica é que, se nada definitivamente for feito, logo esses povos serão
completamente dizimados, e então a classe dominante finalmente acertará o anel do
alvo.
Bibliografia
 https://iela.ufsc.br/povos-origin%C3%A1rios
 https://pib.socioambiental.org/pt/Quem_s%C3%A3o
 https://agenciabrasil.ebc.com.br/cultura/noticia/2014-12/brasil-
tem-cinco-linguas-indigenas-com-mais-de-10-mil-falantes
 https://www.scielo.br/j/his/a/cSRDkxs4mGtrsBS6vvNkH4f/
 https://books.scielo.org/id/h5jt2/pdf/rodrigues-9788579835155-
06.pdf
 O Triste Fim de Policarpo Quaresma, Lima Barreto.

 Índio Não Fala Só Tupi - Uma Viagem Pelas Línguas Dos Povos
Originários No Brasil, Bruna Fanchetto.

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