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DIREITO
TURMA: 2º EM
VITÓRIA – ES
2021.2
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PERSONALIDADE JURÍDICA
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Quanto a desconsideração da autonomia patrimonial da pessoa jurídica,
é uma medida extrema e cirúrgica, coibindo a fraude ou o abuso de poder e da
forma mais simples e objetiva, pois incluída nos dois institutos citados, a
confusão patrimonial. Ela reforça a autonomia patrimonial da pessoa jurídica e
a preservação da empresa, não devendo ser utilizada tão somente porque a
pessoa jurídica não tenha mais bens para satisfazer aos seus credores.
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Espécie objetiva: basta a ocorrência de um determinado fato para
ocorrer a desconsideração da personalidade jurídica,
independentemente de análise de culpa.
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CAPÍTULO 2 – A ÁRVORE DO CONHECIMENTO
Harari inicia o segundo capítulo afirmando que havia, anteriormente,
“sapiens arcaicos”: “não gozavam de qualquer vantagem notável sobre outras
espécies humanas” (p. 28). Tal espécie conseguiu alcançar o Oriente Médio, lá,
os Neandertais nativos levaram a melhor em um primeiro confronto. Há 70 mil
anos, contudo, os Sapiens, mais uma vez, partiram das terras africanas e
foram de encontro ao grupo outrora vencedor. A possibilidade de vitória,
segundo o historiador, aconteceu diante de uma “revolução cognitiva na
espécie dos Sapiens”.
Entre 70 mil e 30 mil anos atrás, essa espécie, “tão inteligentes, criativos
e sensíveis como nós”, evoluiu de maneira exponencial graças à Revolução
Cognitiva. Tal acontecimento poderia ser explicado, de acordo com as
principais teorias, baseado em mudanças nas estruturas e conexões internas
do cérebro Sapiens, “possibilitando que pensassem de uma maneira sem
precedentes e comunicassem usando um tipo de linguagem totalmente novo”.
Harari (2017, p. 30) chama tal mudança de ‘árvore do conhecimento’. O autor
ressalta que tudo isso não passou de um mero acaso e, mais importante do
que as causas das mudanças, foram as consequências.
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sociais se expandiram e, também, tipos de cooperação mais sofisticados
apareceram.
A Lenda do Peugeot
Harari apresenta, neste subtópico, a estrutura social dos Chipanzés.
Hierárquica, baseada na confiança e no estabelecimento de um “macho alfa”,
onde este se consolidava não por força ou inteligência, mas por conseguir
angariar um maior número de chipanzés para participar de seu grupo
dominante. Contudo, de acordo com pesquisas, havia um limite para um grupo
de chipanzés. Da mesma forma acontecia com os “Sapiens arcaicos”. E
mesmo com a capacidade comunicativa trazida pela Revolução Cognitiva a
sociabilidade humana esbarra em um número mágico: estudos da área de
psicologia apontam que grupos de homens e mulheres perdem a coesão
quando unidos por um número maior que 150 membros.
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Para ilustrar a citação acima, o historiador desenvolve a “lenda da
Peugeot”. No excerto, Harari nos mostra que a Peugeot, a fabricante de carro,
não existe, objetivamente falando. Há carros sendo produzidos, há
funcionários, há sedes e presidente. Contudo, nada disso é, de fato, a Peugeot
S.A. Para que seja possível entender como o conceito de algo abstrato como o
de uma “pessoa jurídica”, faz-se necessário voltar (ou adiantar, dependendo da
perspectiva, rs) alguns séculos e entender que o conceito de PROPRIEDADE
esteve limitado à pessoa física. Na prática, significava que todo ônus e punição
por algum serviço ou produto defeituoso, por exemplo, seria imputado ao
fabricante, à pessoa. As punições eram severas e o empreendedorismo, não
estimulado. Assim:
Harari quase encerra este trecho afirmando que não é fácil contar
histórias. Mais difícil ainda é fazer com que as outras pessoas acreditem nela.
Contudo, quando acreditam, aqueles que as contam passam a exercer imenso
poder e controle sobre os demais.
“Os tipos de coisa que as pessoas criam por meio dessa rede de
histórias são conhecidos nos meios acadêmicos como “ficções”, “construtos
sociais” ou “realidades imaginadas”. Uma realidade imaginada não é uma
mentira (…) Ao contrário da mentira, uma realidade imagina é algo em que
todo mundo acredita e, enquanto essa crença partilhada persiste, a realidade
imaginada exerce influência no mundo” (HARARI, 2017, p. 40).
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Vivemos, então, em uma realidade dual. Às vezes, quase sempre, a
ficção é mais poderosa.
Superando o Genoma
Assim, com a Revolução Cognitiva houve um paradigma: deixa-se de
viver no tempo biológico e passa-se a viver em um tempo histórico. Não que a
biologia deixe de ser importante, pelo contrário. Mas, agora, há novos atores
tão fundamentais na construção do ser humano quanto. O historiador afirma
que diante da nova forma de encarar o mundo, as estruturas sociais passam a
ser menos sólidas diante da liquidez dos mitos. Comportamentos são
rapidamente revisitados, pois acompanham as percepções coletivas, os
‘constructos sociais’. As mudanças nos padrões sociais e relações
interpessoais e atividade econômica não mais se baseia em alguma mutação
genética.
“A teoria maior não pode ser aplicada com a mera demonstração de estar a
pessoa jurídica insolvente para o cumprimento de suas obrigações. Exige-se,
aqui, para além da prova de insolvência, ou a demonstração de desvio de
finalidade, ou a demonstração de confusão patrimonial”.
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“Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade
quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de
poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato
social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência,
estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica
provocados por má administração”.
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Para esta teoria, o risco empresarial normal às atividades econômicas não
pode ser suportado pelo terceiro que contratou com a pessoa jurídica, mas
pelos sócios e/ou administradores desta, ainda que estes demonstrem conduta
administrativa proba, isto é, mesmo que não exista qualquer prova capaz de
identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos sócios e/ou administradores
da pessoa jurídica”.
A pessoa física, para obter benefícios em seu favor, transfere seus bens para a
pessoa jurídica e continua a usufruir os mesmos, como se ainda os
pertencessem. Esta transação de bens ocorre frequentemente quando o sócio
possui o intuito de fraudar credores, pois estes últimos não terão como saldar a
dívida tomando posse dos bens da pessoa física, apenas se desconsiderada
for a personalidade jurídica da sociedade com a qual a transferência foi
realizada.
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conquanto não integrem eles o seu patrimônio particular, porquanto integrados
ao patrimônio da pessoa jurídica controlada”.
Bibliografia
Código Civil
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/as-teorias-e-os-
pressupostos-de-aplicacao-da-desconsideracao-da-personalidade-juridica-no-
direito-brasileiro/
Sapiens. Uma breve história da humanidade” de Yuval Noah Harari (44ª ed.,
Porto Alegre: L&PM, 2019, p. 28-41).
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