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- Teoria crítica do direito civil

Teoria crítica do direito civil: à luz do novo Código civil brasileiro. 


Esta obra procura propor uma teoria crítica para captar as transformações que
perpassam o direito civil brasileiro contemporâneo. Pretende não se tratar de uma
reciclagem funcional dos parâmetros do direito civil, mas sim de uma recomposição e
de um redimensionamento dos afazeres didáticos e de pesquisa. Um ensaio de
investigação que entrelace o direito civil e a sociedade.
propõe esta obra uma teoria crítica para captar as transformações que perpassam o
direito civil brasileiro contemporâneo. há lugar para uma nova introdução que se
proponha a reconhecer a travessia em curso e que se destine a um olhar diferenciado
sobre as matérias que compõem o objeto de análise.
Por isso a crítica do direito civil, uma busca de respostas que sai do conforto da
armadura jurídica, atravessa o jardim das coisas e dos objetos e alcança a praça dos
dramas e das interrogações na cronologia ideológicas dos sistemas; uma teoria crítica
construindo um modo diverso de ver.
Há lugar para uma nova introdução que se proponha a reconhecer a travessia em curso e
que se destine a um olhar diferenciado sobre as matérias que compõem o objeto de
análise.

LISTA DE CITAÇÕES E COMENTÁRIOS

Citações Comentários

P. 41) Quando o artigo 166 do Código O relativamente incapaz, para prática de


Civil brasileiro sanciona com nulidade os determinados atos da vida civil, depende
atos jurídicos praticados pelo da assistência dos pais ou representantes
absolutamente incapaz, ou quando o legais, no caso de menoridade, ou destes
artigo 171, I do vigente Código Civil ou de um curador nos demais
brasileiro, dispõe que são anuláveis os casos....Qualquer ato praticado por pessoa
negócios jurídicos praticados pelo absolutamente incapaz é nulo, enquanto
relativamente incapaz, o que na verdade que o ato praticado por relativamente
está querendo assentar é que incapaz é apenas anulável. 
determinados sujeitos que já ingressaram
nessa esfera jurídica da possibilidade de
praticar os atos, não poderão fazê-lo por
si só ou sem estar assistidos por alguém,
não obstante serem sujeitos.

P. 44) As coordenadas constitucionais só O Estado Democrático de Direito é


têm limite nos próprios princípios, não aquele em que o poder do Estado é
podendo, assim, a solução concreta da limitado pelos direitos dos cidadãos. Sua
legislação infraconstitucional, especial ou finalidade é coibir abusos do aparato
ordinária, contrastar essa diretiva máxima estatal para com os indivíduos. Os
do Estado Democrático de Direito. direitos fundamentais conferem
autonomia e liberdade aos indivíduos.

P. 46) Aquele que nasce, ao crescer, vai A capacidade civil é a aptidão para
adquirindo a sua capacidade, às vezes até adquirir direitos e exercer por si, ou por
mesmo antecipando (e a emancipação é outrem, atos da vida civil.
uma  prova disso) os efeitos de uma Duas são as espécies de capacidade: a
capacidade plena do ponto de vista capacidade de direito e a capacidade de
etário.  fato.capacidade de direito ou de gozo e
capacidade de fato ou de exercício 

P. 55) Direitos reais, plenos ou limitados, Etimológicamente, autonomia é o poder


sobre coisas próprias ou coisas alheias, de estabelecer a sua própria lei. Fermin
são submetidos a dois princípios: o da Roland Schramm explica que autos
tipicidade e o do numerus clausus. Por significa "o mesmo", "ele mesmo", "por
esta via aqui está o trânsito jurídico, ou si mesmo", enquanto nomos quer dizer
seja, uma esfera na qual o sistema "instituição", "lei", "norma", "convenção"
jurídico permite às pessoas contratarem, ou "uso". Por isso, a palavra "autonomia"
porém, somente quando atenderem a indicaria "a capacidade humana em dar-
certos requisitos, pois para que haja a se suas próprias leis e compartilhá-las
validade do ato jurídico deve o agente ser com seus semelhantes"
capaz, o objeto da relação ser lícito e
possuir forma prescrita e não defesa em
lei.

P. 58) Não são direitos das coisas, são Vale dizer que todo o direito é feito pelo
direitos que dizem respeito aos sujeitos, homem e para o homem, que constitui o
individual ou coletivamente. Ainda que valor mais alto de todo o ordenamento
seja possível um sujeito sem direito, há jurídico.
algumas hipóteses em que isso possa
eventualmente se apresentar.

P. 66) A introdução ao Direito Civil, O Princípio Fundamental da Dignidade 


apanha um conjunto de categoria: sujeito Humana
de direito, de objeto, capacidade, Vale dizer que todo o direito é feito pelo
incapacidade, ilegitimidade (ou homem e para o homem, que constitui o
legitimidade), os vícios dos negócios valor mais alto de todo o ordenamento
jurídicos de modo geral, ou seja há um jurídico. 
conjunto de conceitos que estão pré-
colocados para a compreensão; estão pré
postos para a aferição da aptidão de se
manusear esses conceitos. A realidade é
submetida aos conceitos, e não ao
contrário.

P. 74) Direitos reais são reais porque a lei "[...] No direito real existe um sujeito
os define nessa qualidade; nessa medida, ativo, titular do direito, e há uma relação
a tipicidade significa que há o tipo real, jurídica, que não se estabelece com a
figura jurídica cujo nomen juris é dado coisa, pois que esta é o objeto do direito,
pela lei, e cujo conteúdo também por ela mas tem a faculdade de opô-la erga
é explicitado. E ao lado do tipo real, omnes, estabelecendo-se desta sorte uma
criado pela lei, o próprio sistema cuida de relação jurídica em que é sujeito ativo o
adotar algo paralelo nesta circunstância: é titular do direito real, e sujeito passivo a
o princípio da clausura ou do numerus generalidade anônima dos indivíduos [...]
clausus. 

P. 86) A ordem de ideias também Com efeito, nos últimos anos o direito de
influencia o direito à formação do núcleo família absorveu muito as mudanças
familiar que é, classicamente, outro sociais ocorridas, sobretudo, as que
princípio do Direito Privado que restou resultaram na modificação do papel do
constitucionalizado. A Constituição homem, enquanto ser social que constitui
adotou a concepção plural de família, não família, perante a norma jurídica, no qual
havendo apenas a assentada no se superou a concepção de família
casamento, mas também reconheceu “padrão”, pela qual se acreditava existir
como família aquela derivada de união um modelo a ser seguido, sob pena de
estável e a monoparental, formada por não ser reconhecida como entidade
um dos pais e seus filhos. familiar, bem como que os membros
deveria estar subordinados à realização
dos anseios familiares, tanto vínculo
indissolúvel quanto mecanismo de poder
de uns sobre os outros

P. 88) Na família monoparental, o Estado A família monoparental a qual encontra


também cuida de fixar os direitos e proteção estatal na Constituição Federal
deveres inerentes à autoridade parental. Brasileira, em seu art. 226, § 4º,
Eis evolução apta a mostrar uma consistindo a mesma na comunidade
alteração na relação entre o público e o formada por qualquer dos pais e seus
privado. descendentes.

CONSIDERAÇÕES

Essas contribuições do direito civil constitucional e de Luiz Edson Fachin demonstram


a virada copernicana que impede a colonização da espacialidade pública em relação a
espacialidade privada e vice-versa, em uma perspectiva de diálogo entre elas, a fim de
tutelar os sujeitos de direitos concretamente, sempre se preocupando com um Direito
includente e que reconheça situações antes postas à sua margem.
Todas essas correntes ajudaram a compreender melhor o papel das instituições em face
da pessoa humana. Colaboraram para um melhor Direito Civil, desde a defesa dos
Direitos da Personalidade à repercussão obrigacional, mormente no que respeita à
responsabilidade patrimonial; desde as relações contratuais com base no pacta sunt
servanda até a compreensão de uma hermenêutica constitucional; desde a família
tradicional a partir do casamento aos muitos núcleos familiares e o reconhecimento
jurídico das relações de afeto (afeto não mais como ideia ou sentimento, mas como
valor jurídico). As muitas experiências críticas pouco ajudam, vistas em modo
particularizado, mas, quando vistas em um conjunto maior, em um movimento humano
milenar, permitem a compreensão e o alcance do direito.
É sempre claro que, sob o Estado de Direito, o mau político não pode manchar os
requisitos constitucionais. Seus valores e ideais, seu forte senso ético e sua preocupação
com os outros não deixam dúvidas.
Excelente texto jurídico. Texto indispensável para todo jurista.
É preciso ter sempre bem claro que, no Estado de Direito, estripulias políticas não
podem macular os requisitos constitucionais.

CONCLUSÃO: A obra "Teoria Crítica do Direito Civil: À Luz do Novo Código Civil Brasileiro"
surge como uma importante contribuição para a compreensão das transformações que
atravessam o direito civil contemporâneo no contexto do Brasil. O autor busca não apenas
uma reciclagem funcional dos parâmetros tradicionais, mas sim uma recomposição e
redimensionamento das abordagens didáticas e de pesquisa. O enfoque crítico proposto pelo
autor abre caminho para uma análise mais profunda das interações entre o direito civil e a
sociedade em constante evolução.

A proposta central da obra é a de uma teoria crítica que seja capaz de capturar as
complexidades e mudanças que permeiam o cenário do direito civil brasileiro. O autor
reconhece a necessidade de uma nova abordagem que considere as transformações em curso
e ofereça uma visão diferenciada sobre os elementos que compõem o âmbito de análise.

Ao longo do texto, diversas citações são apresentadas, trazendo à tona pontos cruciais da
discussão. Questões relacionadas à capacidade jurídica, princípios constitucionais, direitos
reais e evoluções no campo do direito de família são abordadas. O autor enfatiza a relação
intrínseca entre o direito civil e os valores constitucionais, destacando a importância de
garantir que a legislação infraconstitucional esteja alinhada com os princípios do Estado
Democrático de Direito.

A ideia de autonomia é um fio condutor ao longo do texto, ressaltando a capacidade humana


de estabelecer suas próprias leis e compartilhá-las com outros. Essa abordagem enfatiza a
interação entre o sistema jurídico e a realidade vivenciada pelas pessoas, promovendo uma
compreensão mais profunda da relação entre o direito e a sociedade.

A inclusão de diferentes modelos familiares é destacada como um exemplo das mudanças


sociais que têm impacto direto no direito civil. O reconhecimento de famílias derivadas de
uniões estáveis, monoparentais e outras configurações reflete a evolução das relações
interpessoais e a necessidade de um direito civil mais inclusivo e adaptado à diversidade.

A conclusão a que chegamos a partir dessas reflexões é que a teoria crítica do direito civil
oferece uma perspectiva valiosa para compreender as transformações que ocorrem na
sociedade e como elas afetam o direito. A obra propõe uma abordagem que vai além da mera
análise funcional das normas, buscando uma compreensão profunda das interações entre o
direito civil e a realidade social. Ao reconhecer a complexidade e a evolução constante da
sociedade, a teoria crítica se apresenta como uma ferramenta essencial para moldar um
direito civil mais justo, inclusivo e alinhado com os valores constitucionais e as necessidades da
população.

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