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DIREITO CIVIL

Pessoas naturais. Existência. Personalidade. Capacidade. Nome. Estado. Domicílio. Direitos da


personalidade. Ausência. Pessoas jurídicas. Constituição. Extinção. Domicílio. Sociedades de fato, grupos
despersonalizados, associações. Sociedades, fundações. Desconsideração da personalidade jurídica.
Responsabilidade

PARTE GERAL
Conceitos importantes:

Ab-rogação: revogação absoluta - total de uma lei.


Derrogação: revogação parcial de uma lei
IN RE IPSA - Da própria coisa, do próprio fato, dano moral presumido.

DIREITO OBJETIVO (norma agendi): é a lei. Consiste nas previsões gerais e abstratas presentes no
ordenamento jurídico. É todo o conjunto de normas e regras vigentes em um Estado, que devem ser
respeitadas pela sociedade, sob pena de sanções no caso de sua violação (direito material);

Diz-se que o direito objetivo é abstrato pois é previsto de forma generalizada no ordenamento jurídico,
incidindo de forma indiscriminada sobre todos os indivíduos e situações que se enquadram nas previsões.

O direito objetivo abrange leis, jurisprudências, costumes e quaisquer fontes do direito permitidas no
ordenamento jurídico. O conceito é denominado em latim pela expressão norma agendi, que significa
“norma de agir”, pois consiste no conjunto de normas que regem uma sociedade.

Em resumo, a expressão “direito objetivo” é utilizada quando a palavra direito for sinônimo de
ordenamento jurídico.

Exemplos:
 Todos os cidadãos possuem direito à educação e à saúde.
 Direito à proteção das relações de consumo.

Parte da doutrina brasileira considera que direito objetivo e direito positivo são a mesma coisa. No
entanto, alguns autores entendem que o direito objetivo é todo o ordenamento jurídico vigente no Estado,
enquanto direito positivo é só a parte do ordenamento que foi oficialmente legislada e oriunda da própria
Administração Pública.

 DIREITO SUBJETIVO (facultas agendi): se caracteriza por ser um atributo da pessoa. Este faz dos seus
sujeitos titulares de poderes, obrigações e faculdades estabelecidos pela lei. Em outras palavras o direito
subjetivo é um poder ou domínio da vontade do homem, juridicamente protegida. É uma capacidade
própria e de competência de terceiro. É a faculdade que cada um tem de agir dentro das regras da lei e de
invocar a sua proteção e aplicação na defesa de seus legítimos interesses (direito processual). É tudo que
os titulares de direitos podem fazer sem que violem os direitos de outros. Por esse motivo, a ideia de
direito subjetivo é transmitida em latim pela expressão facultas agendi, que significa “faculdade de agir”.

Assim, sempre que uma previsão do direito objetivo ocorre de forma concreta, a norma incide sobre os
indivíduos envolvidos e eles passam a ser titulares de direitos subjetivos. Portanto, o direito subjetivo é o
resultado da incidência de uma norma jurídica a um fato jurídico.
Em resumo, a expressão direito subjetivo é utilizada quando a palavra direito for sinônimo de
prerrogativa.

Exemplos:
 Direito de cobrança de um valor em dívida através de uma ação judicial.
 Direito de pedir indenização por um dano causado pela Administração Pública.

Uma técnica eficiente para distinguir direito objetivo de direito subjetivo é traduzir os conceitos para o
inglês. Direito objetivo equivale à palavra “law” enquanto direito subjetivo equivale à palavra “right”.

EXISTÊNCIA: É a qualidade da Lei de ter cumprido o ciclo necessário à sua formação.

VALIDADE: É a qualidade da Lei de não ser contrária à ordem jurídica.

EFICÁCIA: É a qualidade da Lei de poder produzir efeitos.

VIGÊNCIA: É um termo com o qual se demarca o tempo de validade de uma norma, (o espaço de
tempo em que ela é aplicável).

A norma pode ter eficácia, apesar de não ter validade, nem vigência.

- é eficaz = produz efeitos


- não tem validade: é contrária à ordem jurídica
- não é vigente: já encerrou o período de aplicação.

Ex.: O instituto da enfiteuse, do antigo código civil: é eficaz, pois ainda produz efeitos nas relações
criadas à época do antigo código civil; não tem validade: o instituto é contrário à ordem juridica atual,
ou seja, o novo código; não é vigente: já encerrou-se o espaço de tempo de aplicação do antigo
código). Obs.: Isso ocorre por ter sido decidido que os contratos feitos sob o instituto da enfiteuse já
existentes quando criado o novo código continuariam valendo, mas que não se poderiam iniciar novos
contratos com esse instituto

Métodos de INTEGRAÇÃO
Segundo a doutrina majoritária há uma ordem preferencial e taxativa na utilização desses métodos
de integração da norma jurídica.

analogia: aplicar, no caso concreto não previsto em lei, norma já existente para outro caso distinto,
mais semelhante.

 tanto a analogia legal como a analogia jurídica são usadas como forma de integração da norma
jurídica.

costumes: é a prática constante e geral de um ato com a convicção de sua necessidade jurídica, sem
jamais ir contra a lei, temos como exemplo o cheque pré-datado.
princípios gerais de direito: estão na norma de forma implícita, como por exemplo: dar a cada um o
que é seu de direito, agir sempre com ética, entre outros

Cuidado com a equidade: ela não é considerada integração nas provas de concurso, por não estar
expressa no texto de lei. A equidade é buscar fazer o correto, aplicar a justiça ao fato.

Quando houver conflito aparente entre princípios, é necessário a valoração dos princípios a serem
aplicados à situação fática, e, com base nos critérios de razoabilidade e proporcionalidade, buscar a
melhor alternativa para resolver o caso.

Fontes do Direito:

Fontes formais: a lei, a analogia (aplicar no caso concreto não previsto diretamente em lei, norma
prevista para outro caso distinto, mais semelhante), os costumes (é a prática constante e geral de um
ato com a convicção de sua necessidade jurídica, sem jamais ir contra a lei) e os princípios gerais de
direito (estão na norma de forma implícita).

Fontes não formais: a doutrina (é opinião e estudo realizado por juristas e/estudiosos sobre
determinado ramo ou tema de direito) e a jurisprudência (conjunto de interpretações das normas do
direito proferidas pela Justiça).

DAS PESSOAS FÍSICAS OU NATURAIS - Art. 1º - 39 Art. 70 – 74


PESSOA NATURAL

Personalidade
A personalidade é “a possibilidade de alguém participar de relações jurídicas decorrente de uma
qualidade inerente ao ser humano, que o torna titular de direitos e deveres”.

Segundo Francisco Amaral, a capacidade é, portanto, uma qualidade intrínseca da pessoa

A personalidade da Pessoa Natural começa do nascimento com vida (teoria natalista – teoria adotada
pelo Código Civil) ou seja, mesmo o recém-nascido, embora não possa exercer pessoalmente os atos da
vida civil, já é sujeito de direitos e obrigações (tem capacidade de direito ou de gozo – inerente a todo ser
humano).

 Nascituro é aquele que está para nascer, já foi concebido, mas ainda não nasceu;
Sobre a questão da personalidade, surgem duas teorias:

» Natalista: personalidade se inicia com o nascimento com a vida – adotada pelo CC

» Concepcionalista: defende que a personalidade se inicia com a concepção – adotada pelo STJ.
Talvez o julgado mais famoso a respeito seja aquele que tratou do caso do nascituro falecido em
acidente automobilístico. O STJ entendeu que a indenização seria devida pelo seguro obrigatório,
DPVAT, mesmo que ele não tivesse ainda nascido. A base de sustentação dessa decisão é que o
nascituro já seria considerado pessoa, ainda que a Corte não tenha deixado claro um posicionamento.

» Teoria da Personalidade Condicional é, a rigor, uma perspectiva híbrida da Teoria Natalista e


da Teoria Concepcionista. Para essa teoria, a personalidade já se iniciaria com a concepção, mas
estaria condicionada (condição suspensiva) ao nascimento com vida. Ou seja, o nascituro, pessoa,
já deteria direitos, pessoais e patrimoniais, desde a concepção, mas a aquisição desses direitos estaria
condicionada ao nascimento com vida.

Personalidade jurídica formal X Personalidade jurídica material.


A personalidade jurídica formal, relacionada aos direitos de personalidade, seria já deferida ao nascituro,
ao passo que a personalidade jurídica material, conectada a direitos patrimoniais, só seria adquirida
quando o ser humano nascesse com vida.

 o natimorto tem a proteção de determinados direitos de personalidade (nome, imagem, sepultura)


Enunciado 1 da I Jornada de Direito Civil que estabelece que a proteção que o
Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais
como nome, imagem e sepultura.

CAPACIDADE e INCAPACIDADE:
A capacidade é a aptidão genérica para ser titular de direitos e obrigações. É a medida da personalidade.

Se divide em:

» De direito ou de gozo: capacidade de direito, aptidão genérica para ser titular de direitos e obrigações,
capacidade essa titularizada por todos aqueles que têm personalidade. A capacidade de direito é a
capacidade potencial para que a pessoa exerça os atos da vida civil consiste na capacidade para a aquisição
de direito, que ocorre com o início da personalidade;

» De fato ou de exercício: A capacidade de fato é o poder efetivo de exercer plenamente os atos da vida
civil. É justamente essa capacidade que permite gradação, mais ou menos capaz; absolutamente incapaz,
relativamente incapaz e plenamente capaz. Consiste na aptidão para o exercício de seus direitos por si
mesmo (início, com a maioridade, aos 18 anos completos, ou emancipação). Também se adquire em casos
em que cessem as causas da incapacidade.

 É possível que alguém tenha personalidade, mas não plena capacidade; ou, ao contrário, que alguém
tenha capacidade sem plena personalidade

No primeiro caso temos os menores de 16 anos, que têm personalidade, mas não têm capacidade,
segundo estabelece o art. 3º do CC/2002. Já no segundo caso temos as pessoas jurídicas, que têm plena
capacidade, mas não têm plena personalidade, especialmente em relação aos direitos de personalidade
que são próprios das pessoas humanas (direito de disposição do corpo, direito de voz, direito à
liberdade religiosa etc.).

Capacidade é diferente de legitimação (relacionada à “competência legal”).


O instituto da incapacidade visa proteger os que são portadores de uma deficiência jurídica apreciável. A
proteção jurídica dos incapazes realiza-se por meio da representação ou assistência.

ABSOLUTAMENTE INCAPAZES
 os menores de 16 anos.
 não corre prescrição contra eles.

A partir da Lei 13.146/2015, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, ou Estatuto da
Pessoa com Deficiência – EPD, a incapacitação absoluta tem como único critério a idade. Segundo o
art. 3º somente são absolutamente incapazes os menores de 16 anos.

No caso de incapacidade absoluta, há a representação do incapaz pelos pais, tutores ou curadores, que
exercem os atos em nome da pessoa. Em geral, os pais serão os representantes do menor, por
facilidade. Eventualmente, porém, na ausência dos pais, o absolutamente incapaz será representado
pelo tutor.

Efeitos: exige a representação  a pessoa não pratica o ato por si, mas terceiro é que pratica o ato
em seu nome

Atenção: O incapaz PODE:

 adquirir patrimônio por herança, legado ou doação, constituído por bens móveis ou imóveis
 ter contas bancárias em seu nome

NÃO PODE:
 firmar instrumento de procuração, devendo tais atos serem realizados por seu representante.

 não podem realizar os atos da vida civil dos quais estão inclusas as negociações de compra e venda.

 A capacidade do índio (silvícola) é regulada por lei própria: Lei 6.001/73. Em regra, os índios isolados
são absolutamente incapazes.

 A partir da Lei 13.146/2015, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, ou Estatuto da
Pessoa com Deficiência – EPD, a incapacitação absoluta tem como único critério a idade.

Com a consolidação do direito das crianças e dos adolescentes, sobretudo a partir do ECA, temos outra
distinção a fazer. O ECA distingue:

 as crianças, desde o nascimento até os 12 anos,


 dos adolescentes, dos 12 aos 18 anos.

Toda criança é absolutamente incapaz, mas o adolescente pode ser relativamente incapaz, quando
maior de 16 anos. O ECA tem como premissa a consideração da vontade de crianças e adolescentes,
sendo que a vontade destes últimos é ainda mais relevante, por razões de desenvolvimento mental.
CAPACIDADE RELATIVA:
 CORRE PRESCRIÇÃO CONTRA ELES NORMALMENTE.

Na incapacidade relativa, por outro lado, a limitação é parcial, pois se entende que o discernimento é
maior. Aqui, a limitação da capacidade não tem como único critério a idade, mas também a “saúde”.

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

II - os ébrios habituais e os viciados em tóxicos;

III - aqueles que, por causa transitória ou PERMANENTE, não puderem exprimir sua vontade (por ex:
coma)

IV - os pródigos.

 vício é causa de incapacitação, seja ele o vício em uma droga lícita ou socialmente aceita, ou ilícita
ou socialmente não aceita. Obviamente que o mero vício em tóxicos não é causa de incapacitação. O
entorpecente tem que ser incapacitante. O viciado em cigarro não é incapaz, porque a droga não causa
incapacitação. Igualmente, mesmo que o narcótico seja ilícito, pode não incapacitar.

Efeitos: o incapaz pratica os atos assistido. O assistente pratica o ato ou negócio jurídico EM CONJUNTO
com o assistido. Dessa forma, só será valido o ato/negócio quando AMBOS manifestarem sua vontade.
O menor assistido deve assinar procuração na qual constará também a assinatura do assistente.

 Os relativamente incapazes por idade são assistidos pelos pais ou tutores;


 os relativamente incapazes por outras causas são assistidos por curador.

Atenção:
 a incapacidade relativa por idade é automática,
 a incapacitação das pessoas outrora capazes, depende de decisão judicial, de natureza declaratória, e
registro próprio

ATENÇÃO INFORMAÇÕES ADICIONAIS

DA RESPONSABILIDADE DO INCAPAZ:

Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não
tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.

Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar
do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.

Lembre-se que a responsabilidade por danos causados pelo incapaz é objetiva e originalmente dos pais
tutores ou curadores pelo ato de terceiro- filho tutelado ou curatelado. Assim, independente de culpa
dos responsáveis na causação do dano, bastando que eles estejam vinculados ao incapaz por algum
poder de cuidado ou autoridade.
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:

I- Os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II- O tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;

Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua
parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

O incapaz, por sua vez, responde subsidiariamente, isto é, apenas quando os responsáveis não tiverem
obrigação (por não estar o incapaz sob autoridade ou cuidado deles) ou não puderem responder por
falta dos meios suficientes para pagar os prejuízos.

Nesse sentido, o Enunciado da I Jornada de Direito Civil diz:


Art. 928: o incapaz responde pelos prejuízos que causar de maneira subsidiária ou excepcionalmente como
devedor principal, na hipótese do ressarcimento devido pelos adolescentes que praticarem atos
infracionais nos termos do art. 116 do Estatuto da Criança e do Adolescente, no âmbito das medidas
socioeducativas ali previstas.

 a sentença de interdição declarando relativamente o incapaz, não atinge atos pretéritos, ou seja,
efeitos ex-nunc! Portanto os atos praticados antes da sentença de interdição SERÃO VÁLIDOS.

RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL. CITAÇÃO EM NOME DE


INCAPAZ. INCAPACIDADE DECLARADA POSTERIORMENTE. NULIDADE NÃO RECONHECIDA.
INTERVENÇÃO DO MP. NULIDADE. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DO PREJUÍZO. ESTATUTO DA
PESSOA COM DEFICIÊNCIA. LEI N. 13.146/2015. DISSOCIAÇÃO ENTRE TRANSTORNO MENTAL E
INCAPACIDADE.
1. A sentença de interdição tem natureza constitutiva, caracterizada pelo fato de que ela não cria a
incapacidade, mas sim, situação jurídica nova para o incapaz, diferente daquela em que, até então, se
encontrava.
2. Segundo o entendimento desta Corte Superior, a sentença de interdição, salvo pronunciamento
judicial expresso em sentido contrário, opera efeitos ex nunc. Precedentes.
3. [...].
10. Recurso especial a que se nega provimento.
(REsp 1694984/MS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 14/11/2017, DJe
01/02/2018)

 no que diz respeito a bipolaridade, não existe nenhuma vedação no texto normativo que lhe retire a
capacidade

 A PESSOA COM DEFICIÊNCIA JAMAIS PODERÁ SER CONSIDERADA INCAPAZ PELA DEFICIÊNCIA EM SI!
Apenas quando estritamente necessário for, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, nos
termos do art. 84, §1º do EPD. A curatela constitui medida protetiva extraordinária, proporcional às
necessidades e às circunstâncias de cada caso, que deve durar o menor tempo possível

 A senilidade (idade avançada), por si só, não é causa de restrição da capacidade de fato, porque não
pode ser considerada equivalente a um estado psicopático. A capacidade de fato está relacionada ao
discernimento para praticar atos negociais. Em relação à idade, a incapacidade cessa ¹quando o menor
completar 18 anos ou, então, ²quando for emancipado.

 O pródigo é relativamente incapaz, estando privado, sem assistência de curador, da prática de atos que
possam comprometer seu patrimônio.

Absolutamente incapazes  são Representados  a falta causa Nulidade

Relativamente capazes  são Assistidos  a falta causa Anulabilidade

Sobre as pessoas com deficiência:

ATENÇÃO ESPECIAL  O inc. III do art. 4º fala daqueles que, por causa transitória ou permanente, não
puderem exprimir sua vontade.

Antes do EPD essa situação se enquadrava na incapacidade absoluta; agora se trata de uma causa de
incapacidade relativa! Ademais, não confunda: deficiência não significa que a pessoa não pode exprimir
sua vontade! Ou seja, A PESSOA COM DEFICIÊNCIA JAMAIS PODERÁ SER CONSIDERADA INCAPAZ PELA
DEFICIÊNCIA EM SI.

 Tais pessoas não passam mais, a partir da vigência da Lei, a se submeterem ao regime geral da tutela e
curatela, regimes típicos aplicáveis aos relativamente e absolutamente incapazes

O Estatuto reconhece, em seu art. 6º, que a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa.

Para deixar isso claro, o EPD estabelece que a deficiência não afeta a capacidade da pessoa inclusive para:
I - casar-se e constituir união estável;
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre
reprodução e planejamento familiar;
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em
igualdade de oportunidades com as demais pessoas

Apenas quando estritamente necessário for, a pessoa com deficiência será submetida à curatela,
nos termos do art. 84, §1º do EPD. A curatela constitui medida protetiva extraordinária, proporcional às
necessidades e às circunstâncias de cada caso, que deve durar o menor tempo possível , conforme
estabelece o §3º do mesmo artigo. Extraordinária que é, na sentença devem constar as razões e
motivações de sua definição, preservados os interesses do curatelado (art. 85, §2º).

 Em resumo, o EPD alterou radicalmente a compreensão tradicional do Direito Civil de que incapacidade
era sinônimo de curatela e curatela era sinônimo automático de incapacidade. Agora, é possível que uma
pessoa capaz esteja submetida à curatela, não perdendo sua capacidade ao se encontrar sob regime
curatelar. Igualmente, é possível estabelecer curador não apenas para pessoas (relativamente incapazes),
mas também para pessoas (com deficiência) capazes.

EMANCIPAÇÃO
A emancipação é a aquisição da plena capacidade antes da idade legal prevista, sem que isso altere a
menoridade do emancipado.

Tipos de emancipação

 Voluntária, quando se dá por concessão de dos pais (art. 5º inciso I, primeira parte); Não necessita de
homologação judicial. Concedida por instrumento público. Registrada no Cartório de Registro Civil das
Pessoas Naturais.

 Judicial, quando por sentença do juiz (art. 5º inciso I, segunda parte); A sentença dispensa a
necessidade de escritura pública. Deve ser registrada no Cartório de Registro de Pessoas Naturais.

 Legal que é quando a incapacidade cessa por expressa determinação da lei (art. 5º incisos II, III, IV e V).
Produz efeitos INDEPENDENTE DO REGISTRO.

Importante:
Emancipação e menoridade são coisas distintas. O menor emancipado continua sendo menor, apesar de
possuir plena capacidade civil. Tanto continua menor que a “capacidade penal” ainda não lhe é plena,
havendo aí situação de inimputabilidade decorrente da menoridade, ainda que civilmente capaz ele seja.

Art. 5 A menoridade cessa aos 18 anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os
atos da vida civil.

Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade

(EMANCIPAÇÃO):

I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público
(emancipação volutária) INDEPENDENTEMENTE DE HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL, ou por sentença do juiz
(emancipação judicial) ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos – serão registrados
em registro público;

No caso do inc. I, os pais em conjunto devem emancipar o filho. Caso apenas um deles detenha poder
parental, como no caso de morte do outro, basta que esse o faça. Se o outro, porém, nega-se a fazê-
lo, aí resta apenas a via judicial para suprimento da vontade. No caso do menor sem pais, sujeito à
tutela, não pode o tutor emancipar o menor voluntariamente, mas apenas com autorização judicial.

Essa pode ser concedida até pra uma viagem ao exterior, por exemplo, quando em razão da idade,
certos atos jurídicos não poderiam ser praticados validamente pelo menino sem a assistência de um
ou ambos os genitores.
Se a questão mencionar que “certos atos precisavam da assistência de seus pais”, acredite no
examinador: É necessária a emancipação PARA O CASO.

II – (legal) - pelo casamento;

No caso de emancipação pelo casamento do menor em idade núbil (pelo menos 16 anos) basta a
concordância dos pais. Caso um dos pais se recuse a autorizar o matrimônio, deve-se recorrer ao juiz
para que supra a vontade do renitente, com oitiva do MP.

III - (legal) - pelo exercício de emprego público efetivo;


Alguns certames exigem idade mínima de 18 anos na tomada de posse no cargo público! Detalhes:
 Primeiro, a aferição da idade deve ser feita na posse, não na inscrição ou na realização do
certame.
 A jurisprudência, em situações peculiaríssimas permite ao menor, já emancipado, aprovado em
concurso público em idade próxima à maioridade civil, a posse no cargo

IV - (legal) - pela colação de grau em curso de ensino superior;

V - (legal) - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde
que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria.

Resumindo:

5º exige, para a emancipação, que o menor tenha ao menos 16 anos em três hipóteses:
a) concessão pelos pais,
b) sentença judicial e
c) estabelecimento civil ou comercial ou emprego privado.

Por outro lado, há três situações nas quais não se exige textualmente (embora na prática, permanece os
16 anos) que o menor tenha 16 anos completos:
a) casamento,
b) emprego público efetivo e
c) colação de grau em ensino superior.

"A emancipação só deve ser concedida em consideração ao interesse do menor. As emancipações


voluntária e judicial devem ser registradas em livro próprio do 1º Ofício do Registro Civil da comarca do
domicílio do menor, anotando-se também, com remissões recíprocas, no assento de nascimento (CC, art.
9º, II; LRP, art. 107, § 1º). Antes do registro, não produzirão efeito (LRP, art. 91, parágrafo único). Quando
concedida por sentença, deve o juiz comunicar, de ofício, a concessão ao oficial do Registro Civil”.

 A emancipação legal (casamento, emprego público, menor com economia própria, etc.) independe de
registro e produzirá efeitos desde logo, isto é, a partir do ato ou do fato que a provocou.

 só o inciso I primeiro precisa de processo de emancipação, os outros cessa a incapacidade


automaticamente (se emancipa automaticamente)

 A Emancipação antecipa a capacidade, mas não a maioridade.

 JDC3 A redução do limite etário para a definição da capacidade civil aos 18 anos não altera o disposto
no art. 16, I, da Lei n. 8.213/91, que regula específica situação de dependência econômica para fins
previdenciários e outras situações similares de proteção, previstas em legislação especial.

 JDC397 A emancipação por concessão dos pais ou por sentença do juiz está sujeita à desconstituição
por vício de vontade.

 JDC530 A emancipação, por si só, não elide a incidência do ECA.

 No caso do menor sem pais, sujeito à tutela, não pode o tutor emancipar o menor voluntariamente,
mas apenas com autorização judicial.
 A emancipação voluntária é irrevogável, mas pode ser anulada se presente algum dos vícios de
consentimento.

 Feita a emancipação, deve ela ser levada a registro:


a) se voluntária, por escritura pública,
b) se judicial, por mandado.

 IDADE MÍNIMA 16 ANOS - firmando-se o entendimento de que não se poderia emancipar o


absolutamente incapaz, mas somente o relativamente incapaz

 ANTES: se permitia a emancipação pelo casamento do menor de 16 anos, para evitar a imposição de
pena ou em caso de gravidez. AGORA: não mais se permite, em qualquer caso, o casamento de quem não
atingiu a idade núbil (núbil = pronto, preparado para casar) que é de 16 anos.
FIM DA EXISTÊNCIA DA PESSOA NATURAL:
O fim da pessoa significa o fim de sua capacidade

Atualmente, a morte sempre deve ser provada mediante atestado de morte, segundo o art. 9º, inc. I do
CC/2002.

A morte pode ser real ou presumida (esta podendo ser com ou sem decretação da ausência).

MORTE PRESUMIDA:

São quatro as possibilidades de se presumir a morte de uma pessoa atualmente. Três delas previstas no
CC/2002 e uma na legislação especial.

Quando haverá presunção de morte sem prévia declaração de ausência? Em situações em que a morte é
altamente provável, ainda que não comprovada, segundo o art. 7º do CC/2002. Porém, para tanto, nesses
casos somente poderá ser requerida a decretação de morte presumida depois de esgotadas as buscas e
averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.

Portanto: Art. 7 o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:

1. se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida (inc. i do art. 7º), como nos
casos de acidentes aéreos no mar, desaparecido durante uma nevasca numa expedição de montanhismo,
um jornalista em uma zona de distúrbio civil;

2. se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o
término da guerra (inc. II do art. 7º);

3. no caso de pessoas desaparecidas entre 02/09/1961 a 05/10/1988 (Regime Militar de exceção


vigente no país, incluindo período pré-Golpe e pós-Golpe), sem notícias delas, detidas por agentes
públicos, envolvidas em atividades políticas ou acusadas de participar dessas atividades (Lei nº.
9.140/1995).

Nesses casos, não há necessidade de se passar pelo calvário do longo procedimento de ausência.
Desde já, verificada alguma dessas três hipóteses legais, presume-se a morte da pessoa, diretamente com
a decisão judicial.
 qualquer caso, a declaração de morte presumida – e também a declaração de ausência – necessitam de
sentença judicial de natureza declaratória

 somente se permitirá a presunção de morte do ausente quando da abertura da sucessão definitiva.

 a sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeitos 180 dias depois de
publicada pela imprensa, e não automaticamente, como em regra ocorre no Processo Civil.

Exceção da exceção ainda que a decisão só tenha eficácia depois desse prazo, tão logo transite em julgado,
já se procede à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente
fosse falecido.

 permitir que os herdeiros se imitam na posse dos bens imóveis do ausente. No entanto, o art. 30
exige que eles deem garantias da restituição dos bens, mediante penhor ou hipoteca equivalentes aos
quinhões respectivos.

Mas nem todo herdeiro precisa prestar essas garantias. Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge,
uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, podem entrar na posse dos bens do ausente,
independentemente de garantia.

depois do processo de sucessão provisória, se reaparecer o ausente nos 10 anos seguintes ou algum
dos seus descendentes ou ascendentes aparecer, eles todos só poderão requerer ao juiz a entrega dos
bens existentes no estado em que se acharem

 início da fase da sucessão definitiva: 10 anos depois de transitada em julgado a sentença de abertura
da sucessão provisória, ou 5 anos depois das últimas notícias do ausente, quando tiver mais de 80 anos na
data do pedido
Comoriência: dois ou mais indivíduos, reciprocamente herdeiros, falecem na mesma ocasião não
se podendo averiguar qual deles morreu primeiro

Enunciado 610 da VII Jornada de Direito Civil, nos casos de comoriência entre ascendente e
descendente, ou entre irmãos, reconhece-se o direito de representação aos descendentes e aos
filhos dos irmãos.

Assim, falecendo pai e filho num mesmo acidente automobilístico, os netos herdam,
representando o pai na sucessão.

 uma pessoa deve ser herdeira da outra, ou ter outro direito patrimonial derivado dessa relação , ou a
verificação da comoriência é irrelevante.

 Em se visualizando a comoriência, a consequência daí extraída é que os comorientes não são


considerados herdeiros entre si. Assim, se um casal é considerado comoriente, e o regime de bens havido
entre eles tutela direito hereditário ao consorte (cônjuge), não herdam entre si.

ESTADO
Classificam-se as pessoas a partir de seu estado civil, individual, familiar e político.

No estado civil, a diferenciação ocorre entre solteiros, casados, divorciados, conviventes, viúvos etc.
Relevante a caracterização, por exemplo, para a disposição de bens, distinta para solteiros e casados sob
determinados regimes de bens; para o casamento, já que o solteiro não tem restrições matrimoniais
quanto à afinidade, ao passo que o divorciado tem.

No estado individual, relevantes distinções acerca da capacidade civil. Menor, maior, emancipado,
criança, adolescente, adulto, por exemplo, são categorias que exigem a aplicação de disposições diversas
em situações jurídicas idênticas. A compra e venda realizada por um absolutamente incapaz é
radicalmente diferente da realizada por alguém que seja plenamente capaz, em relação aos efeitos.

O estado familiar de pai, filho, parente, atrai ou afasta a aplicação de regras de direito de família. Impede-
se o matrimônio entre irmãos, mesmo que não consanguíneos, por limitação legal, em vista do estado
familiar deles. As possibilidades hereditárias derivam das relações familiares, e assim por diante.

O estado político: nacionais e estrangeiros se distinguem pela limitação que estes têm quanto ao
acesso a determinados cargos públicos

O estado se prova, em regra, pelo registro.

Nesse sentido, o art. 9º estabelece que devem ser registrados em registro público:
I - os nascimentos, casamentos e óbitos;
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida

DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE:


Os direitos da personalidade são direitos subjetivos.

Possuem como objeto os valores fundamentais da pessoa.

Não existe um rol taxativo (podendo surgir mais, não há uma limitação), com previsão nos Arts. 11 a 21 do
Código Civil.

Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

Os direitos de personalidade não podem sofrer limitação voluntária.

Porém, o Enunciado 4 da I Jornada de Direito, dita que “o exercício dos direitos da personalidade pode
sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral”, como é o caso do direito de
imagem.

Portanto, é uma regra que admite exceções. Porém, cuidado com o comando da questão: se solicitar de
acordo com o texto legal, assinale de acordo com o texto da lei.

Visam essencialmente a proteção da vida, honra, imagem, integridade física, liberdade, entre outros.
Características:
Intransmissíveis: não existe à possibilidade de passar para terceiros;

Irrenunciáveis:
• não há como renunciar o seu uso, visto que todo indivíduo nasce e morre com ele;
• Mas são renunciáveis os efeitos patrimoniais dos direitos de personalidade

Imprescritíveis: não recaem regras de prescrição;


• Não há prazo para sua utilização e não deixam de existir pelo simples decurso do tempo
• Já os efeitos patrimoniais dos direitos da personalidade prescrevem, como, por exemplo, no caso da
prescrição para se buscar reparação por dano moral

Impenhoráveis: sobre estes não recairá penhora;

Ilimitados: não existe um rol taxativo, muitos outros poderão existir;

Absolutos
• é oponível erga omnes, (= eficazes contra todos) isto é, todos têm o dever de abstenção, de respeito a
estes direitos;
• No entanto, são os direitos da personalidade relativizados, sobretudo aqueles que diretamente
dependem da intervenção estatal, como os chamados direitos subjetivos públicos (saúde, educação, meio
ambiente, moradia etc.)

Indisponíveis
• Insuscetíveis de alienação
• porém, são disponíveis os efeitos patrimoniais dos direitos de personalidade e os próprios direitos de
personalidade são disponíveis, desde que sejam eles dispostos de maneira relativa, apenas

Inexpropriáveis: ninguém terá sua propriedade

Extrapatrimoniais
• Não compõem o patrimônio da pessoa
• Porém, é possível se tratar de um direito de personalidade em termos econômicos, como nos casos do
direito à imagem, sendo também possível se aferir um direito de personalidade pecuniariamente em caso
de indenização por violação

inatos
• Nascem com a pessoa e morrem com ela, independentemente de atuação
• No entanto, os direitos da personalidade se estabelecem ainda antes de a pessoa nascer,
como é o caso da proteção da personalidade do nascituro, e eles continuam a irradiar
efeitos mesmo depois da morte, como no caso da proteção do nome do falecido pelos parentes vivos

Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis,
não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Não são características absolutas. IMPORTANTE:
observar que existe uma disponibilidade relativa em relação aos direitos da personalidade.

RETIRADO DE UMA QUESTÃO:

“Com exceção dos casos previstos em lei...” subentende-se que Os direitos de personalidade
são passíveis de cessão, como a por exemplio a cessão do uso de nome é vigorada em casos previstos em
lei.

Segundo entendimento do STJ, o exercício dos direitos da personalidade pode


sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral.

Correto.
Este é o enunciado da JORNADA I STJ 4. Mas lembre-se que, em regra, os direitos da personalidade
são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar
perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste
artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau

 O interessado pode exigir que se faça cessar ameaça/lesão ao seu direito personalissimo

 em se tratando de morto, a legitimidade para requerer as medidas cabíveis recai sobre o


cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. Não há
legitimidade extraordinária dos vivos “em nome do morto”, mas legitimidade pessoal das pessoas
elencadas no art. 12, parágrafo único.

O Enunciado 400 do CJF vai justamente nesse sentido, prevendo legitimidade por direito próprio
dessas pessoas.

Enunciado 275: O rol dos legitimados de que tratam os arts. 12, parágrafo único, e 20, parágrafo
único, do Código Civil também compreende o companheiro.

Enunciado 398: As medidas previstas no art. 12, parágrafo único, do Código Civil podem ser
invocadas por qualquer uma das pessoas ali mencionadas de forma concorrente e autônoma.

Os direitos da personalidade caracterizam-se pela extrapatrimonialidade e a eles atribuem-se, entre outras


características, a oponibilidade erga omnes, a vitaliciedade e a relativa disponibilidade. Diz-se, portanto,
que a personalidade goza de relativa disponibilidade porque alguns dos direitos da personalidade não
admitem qualquer limitação, apesar de, em alguns casos, não haver óbice legal à limitação voluntária.

 “aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”

o art. 13 limita atos de disposição do próprio corpo, quando eles importem diminuição permanente da
integridade física, ou contrariarem os bons costumes, às situações em que há exigência médica.

Excetuam-se os casos de transplante de órgãos (art. 13, parágrafo único) e de disposição gratuita do
próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte, com objetivo científico ou altruístico.

Desde que gratuita e realizada por pessoa capaz, é lícita a doação de tecidos, de órgãos e de partes
do corpo vivo para transplante em qualquer pessoa, desde que mediante autorização judicial,
ressalvado se o beneficiário for cônjuge ou qualquer parente consanguíneo até o quarto grau, quando,
então, basta autorização, preferencialmente por escrito e diante de testemunhas, indicando
especificamente o objeto de retirada, prescindindo de intervenção judicial.
Esses atos, porém, podem ser livremente revogados a qualquer tempo.

Ainda quanto ao corpo, o art. 15 preceitua:

Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a
intervenção cirúrgica.

Assim, é juridicamente válido o termo de consentimento informado, subscrito por paciente plenamente
capaz, quando o procedimento médico tiver risco de gerar seu óbito, ainda que tenha havido efetivo
compartilhamento de informações e a corresponsabilidade na tomada de decisão.

E nem precisa “ter risco de vida”.

O Enunciado 403 do CJF reconhece que o Direito à inviolabilidade de consciência e de crença, previsto no
art. 5º, inc. VI, da Constituição Federal, aplica-se também à pessoa que se nega a tratamento médico,
inclusive transfusão de sangue, (caso das testemunhas de Jeová) com ou sem risco de morte, em razão do
tratamento ou da falta dele.

Para tanto, devem ser observados os seguintes critérios: a) capacidade civil plena, excluído o suprimento
pelo representante ou assistente; b) manifestação de vontade livre, consciente e informada; e c)
oposição que diga respeito exclusivamente à própria pessoa do declarante.

O NOME:
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome

O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. (art.19)

 o nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a
exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória (art. 17). Do mesmo modo,
sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial (art. 18).

Ex: Paulo Borba da Silva e Bragança não pode utilizar, sem autorização, o nome de José da Silva Santos em
propaganda comercial – Correto, com base no art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio
em propaganda comercial

O Enunciado 278 da IV Jornada de Direito Civil, indo além, evidencia que a publicidade que divulgar, sem
autorização, qualidades inerentes a determinada pessoa, ainda que sem mencionar seu nome, mas sendo
capaz de identificá-la, constitui violação a direito da personalidade.

 quanto a alteração do nome:

CC/2002 silencia a respeito, sendo que é a Lei 6.015/1973, a Lei de Registros Públicos – LRP, que regula o
tema. Prevê o art. 56 da LRP que a pessoa pode, após atingir a maioridade civil, requerer pessoalmente e
imotivadamente a alteração de seu prenome, independentemente de decisão judicial. Essa a alteração
imotivada só pode ser feita extrajudicialmente uma vez.

Posteriormente, nova alteração de nome depende de sentença judicial.


O princípio da mutabilidade imotivada do nome não é, portanto, absoluto, mas de eficácia única. Vale
mencionar que o §4º prevê que se suspeitar de fraude, falsidade, má-fé, vício de vontade ou simulação
quanto à real intenção da pessoa requerente, o oficial de registro civil fundamentadamente deve recusar
a retificação.

De outro lado, o art. 57 prevê que a alteração posterior de sobrenomes pode ser requerida pessoalmente
perante o oficial de registro civil, independentemente de autorização judicial, a
fim de:

• A qualquer tempo
• Requerimento pessoal
• Motivações previstas
• Independentemente de decisão judicial
• Sem limitação de vezes

 é permitido a substituição por apelidos públicos notórios

 os oficiais do registro civil não registrarão prenomes suscetíveis de expor ao ridículo os seus
portadores.

 a pessoa, no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, pode, pessoalmente ou por procurador
bastante, alterar o nome, desde que não prejudique os apelidos de família

 permite-se que haja alteração do nome do adotado, para que sejam incluídos os nomes de família dos
adotantes. Mais, podem os adotantes alterar o prenome do adotado, enquanto for ele menor.

 filho socioafetivo, havendo motivo ponderável, pode requerer ao juiz competente que, no registro de
nascimento, seja averbado o nome de família de seu padrasto ou de sua madrasta, desde que haja
expressa concordância destes, sem prejuízo de seus apelidos de família

 no curso do processo de naturalização, o estrangeiro naturalizando pode requerer a tradução ou a


adaptação de seu nome à língua portuguesa

 O nome social, a designação pela qual a pessoa travesti ou transexual se identifica e é socialmente
reconhecida, é igualmente protegido permitindo a alteração do prenome da pessoa transexual, incluindo
a alteração do assento quanto ao gênero. (nome social)

Atenção:

Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e
danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste
artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.

Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem


pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização
da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização
que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins
comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa
proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.

NÃO CONFUNDIR:

 o art. 12 trata da ameaça ou lesão a direito de personalidade; podem manejar a medida judicial: o
cônjuge, qualquer parente em linha reta ou os colaterais até quarto grau

 o art. 20 trata da transmissão, divulgação/exposição de palavra, escrita e imagem; podem manejar


a medida judicial somente cônjuges, ascendentes e descendentes!!!

 ADIN 4815 , publicada em 01.02.2016: O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto da Relatora,
julgou procedente o pedido formulado na ação direta para dar interpretação conforme à Constituição aos
artigos 20 e 21 do Código Civil, sem redução de texto, para, em consonância com os direitos fundamentais
à liberdade de pensamento e de sua expressão, de criação artística, produção científica , declarar inexigível
o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo
por igual desnecessária autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes (ou de seus familiares, em
caso de pessoas falecidas) ---- mas o biógrafo responde por eventuais danos, na
forma da lei.

 a publicidade que divulgar, sem autorização, qualidades inerentes a determinada pessoa, ainda que
sem mencionar seu nome, mas sendo capaz de identificá-la, constitui violação a direito da
personalidade.

 não se viola a personalidade quando se divulgam informações verdadeiras e fidedignas a seu respeito
e que, além disso, são do interesse público.

 No caso de direito à imagem, o dano é a própria utilização indevida da imagem com fins lucrativos,
não sendo necessária a demonstração do prejuízo material ou moral. Ou seja, desnecessário fazer
prova de dano que não a utilização inadequada da imagem, sem autorização da pessoa.

O STJ (REsp 1.235.926) também já estabeleceu que, na publicação de matéria jornalística,


o veículo de imprensa deve atentar para a vida privada de pessoas retratadas
potencialmente afetadas pela publicação das imagens. Assim, ao retratar determinada
situação, não pode ser violada a intimidade da vítima ou de pessoas que a
acompanham, que devem autorizar sua imagem, por conseguinte.

DOMICÍLIO:

O domicílio é a localização espacial da pessoa, é o lugar onde ela estabelece a sua residência com
ânimo definitivo. Para a pessoa natural que não tenha residência habitual, ter-se-á por seu domicílio o
lugar em que for encontrada.

Daí extraem-se os requisitos objetivo (residência) e subjetivo (animus manendi) do domicílio.

 a pessoa natural não possui domicílio necessário (necessário = definido pela lei)
 a pessoa jurídica não possui domicílio necessário (necessário = definido pela lei)
O Domicílio pode ser o local onde a pessoa estabelece sua residência definitiva, ou local onde a pessoa
exerce suas atividades profissionais.

A residência exige o intuito de permanência. Um indivíduo pode ter varias residências.

O domicílio segue três regras trazidas de maneira dispersa pelo CC/2002:

A. Necessidade
• Todos têm domicílio, ainda que residência não tenham (art. 73 do CC/2002). Ou seja, o
domicílio é necessário, sempre. O domicílio é obrigatório e mesmo os que não têm
residência têm domicílio, como os sem-teto ou os errantes, que se deslocam
constantemente. Em geral, como se fixa o domicílio dos que não têm residência? Utiliza-se
o local onde for encontrada a pessoa como seu domicílio, segundo o art. 73 do CC/2002.

B. Fixidez
• O domicílio é fixo, apesar de se permitir mutabilidade (art. 74 do CC/2002). Por isso, é
possível ter domicílio e residência diferentes. Como? Imagine que, terminada a
faculdade, você resolva seguir a carreira policial e é aprovado num Concurso de
Delegado da Polícia Federal. Durante um semestre, você passará um período em
Brasília/DF, fazendo um curso de treinamento. Se você não é de Brasília, no período em
que você estiver lá, seu domicílio continua sendo a sua cidade de origem, mas a sua
residência será, nesse caso, Brasília.

C. Unidade
• Toda pessoa tem apenas um domicílio. O Direito brasileiro admite pluralidade de
domicílios, excepcionalmente (art. 71 do CC/2002). Assim, o ator que tem uma casa em
São Paulo/SP, uma casa no Rio de Janeiro/RJ e outra casa em sua cidade de origem,
pode ter considerado quaisquer dessas residências como domicílio seu.

 O Código Civil de 2002 admite a pluralidade domiciliar (Se a pessoa natural tiver diversas residências,
onde, alternadamente, viva, considerar-se-á seu domicílio qualquer daquelas residências).

 quanto às relações profissionais, também se considera domicílio da pessoa natural, quanto às


relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida.

 Todos têm domicílio, ainda que residência não tenham

 Utiliza-se o local onde for encontrada a pessoa como seu domicílio, de quem não tem residência

A partir do CC/2002 podemos estabelecer uma divisão do domicílio em dois:

A. Domicílio voluntário: em regra, o domicílio é voluntário, salvo as exceções legais. Nesse sentido,
permite ainda o CC/2002 o estabelecimento de domicílio voluntário, por contrato. Segundo o art. 78, por
contrato escrito, podem os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e
obrigações deles resultantes.

B. Domicílio NECESSÁRIO/LEGAL: é a situação em que a Lei determina um domicílio mesmo que a pessoa
queira ter outro.
1. Pessoas itinerantes: Art. 73: “Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência
habitual, o lugar onde for encontrada”

2. Incapazes: Art. 76: “Tem domicílio necessário o incapaz”, que é "o do seu representante ou assistente"

3. Servidores públicos: Art. 76: “Tem domicílio necessário o servidor público”, que é "o lugar em que
exercer permanentemente suas funções". se o servidor é deslocado temporariamente, seu domicílio não
se altera.

4. Militares do Exército: Art. 76: "Tem domicílio necessário o militar", que é "onde servir"

5. Militares da Marinha e Aeronáutica: Art. 76: "Tem domicílio necessário o militar", que é, "sendo da
Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado"

6. Marinha mercante: Art. 76: “Têm domicílio necessário o marítimo”, que é "onde o navio estiver
matriculado"

7. Presos: Art. 77: “Têm domicílio necessário o preso”, que é "o lugar em que cumprir a sentença"
Segundo Pontes de Miranda, somente com o trânsito em julgado torna-se esse lugar o domicílio
necessário do preso; antes disso, continua ele com o domicílio voluntário anteriormente fixado

8. Agentes diplomáticos: Art. 77: “O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar
extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito
Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve”.

O agente diplomático do Brasil que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade, sem indicar seu
domicílio no País, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território nacional
onde o teve. (ou seja, onde teve seu último domicílio).

DAS PESSOAS JURÍDICAS


“Pessoas são entidades a que a lei confere personalidade, capacitando-as a serem sujeitos de direitos e
obrigações”.

As pessoas jurídicas são conjuntos de bens ou pessoas que acabam por adquirir personalidade jurídica por
força da lei, ganhando uma “vida própria”.
Portanto, a pessoa jurídica não pode ser confundida com as pessoas naturais (como por exemplo os sócios
de uma empresa) que são membros daquela.

CLASSIFICAÇÃO

 quanto a nacionalidade:

• Pessoa jurídica nacional ou interna (funcionam de acordo com a lei brasileira e sediadas no país
• Pessoa jurídica estrangeira ou externa (apesar de organizadas conforme a lei alienígena e sediadas em
Estado estrangeiro, só podem funcionar aqui se tiverem autorização do Poder Executivo)

 Direito Público Interno: União, Estados, Distrito Federal e os Territórios, Municípios, Autarquias
(inclusive associações públicas) e demais entidades de caráter público criadas por lei;

*Todas as entidades de caráter público criadas por lei são pessoas jurídicas de direito público interno

 Direito Público Externo: Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito
internacional público;

 Direito Privado: Associações, Sociedades, Fundações, organizações religiosas, os partidos políticos e as


empresas individuais de responsabilidade limitada.

Assim, as pessoas jurídicas são uma união de diversas pessoas naturais, com um objetivo comum.

O Enunciado 141 da III Jornada de Direito Civil esclarece que, para além dessas
pessoas jurídicas, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado
estrutura de direito privado, mencionadas pelo art. 41, parágrafo único, são as
fundações públicas e os entes de fiscalização do exercício profissional, como o CFM
(uma autarquia) ou a OAB (uma entidade sui generis, como definiu o STF na ADI
3.026/DF).

A pessoa jurídica tem uma “vida própria”, sendo autorizada por lei, tendo capacidade para adquirir direitos
e contrair obrigações.

→ Assim, podemos resumir que as pessoas jurídicas são caracterizadas:

˃ Organização de pessoas ou de bens;


˃ Licitude de seus propósitos ou fins;
˃ Capacidade jurídica reconhecida por norma jurídica.

a. Capacidade de direito e capacidade de fato;


b. Estrutura organizativa;
c. Objetivos comuns dos membros que a formam;
d. Patrimônio próprio e independente dos membros que a formam;
e. Publicidade de sua constituição, dado que, diferente da pessoa natural, a pessoa jurídica não tem
“nascimento” propriamente dito.
Início da Personalidade Jurídica

˃ Da Pessoa Jurídica de Direito Público : “inicia-se em razão de fatos históricos, de criação constitucional,
de lei especial e de tratados internacionais, se se tratar de pessoa jurídica de direito público externo”
(Maria Helena Diniz).

˃ Da Pessoa Jurídica de Direito Privado: com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro (juntas
comerciais, cartórios de registros de pessoas jurídicas, etc.).

Atenção ao Art. 45:

“Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no
respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo,
averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo”.  Teoria da Realidade
Técnica

Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito
privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.

cumpridos os atos exigidos por lei, a pessoa jurídica passa a existir, como se pessoa fosse (no sentido de
ser humano). A esse processo se dá o nome de personificação, que nada mais é do que dotar de
personalidade jurídica algo que não tem personalidade ainda, para que esse algo possa se tornar uma
pessoa. Ou seja, a personificação constitui a pessoa jurídica.

 “O registro da pessoa jurídica declarará o modo por que se administra e representa, ativa e
passivamente, judicial e extrajudicialmente.”

 aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade

• As pessoas jurídicas têm os mesmos direitos de personalidade da pessoa natural, no que


couber, inclusive o dano moral, conforme a Súmula 227 do STJ que determina: Pessoa Jurídica - Dano
Moral A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

• não é necessário que a pessoa jurídica comprove qualquer prejuízo material, qualquer dano
patrimonial, para que lhe seja deferida indenização por danos morais,

 as pessoas jurídicas tem direitos obrigacionais (pode contratar livremente), direitos reais (pode ser
proprietária de bens) e mesmo direitos sucessórios (pode receber bens mortis causa).

 Os atos dos administradores, obrigam as pessoas jurídicas no ato constitutivo, desde que tais atos sejam
exercidos nos limites dos poderes determinados nos atos constitutivos,

 Informação: A pessoa jurídica de direito privado responde como preponente pelos atos de seus
empregados ou prepostos (responsabilidade por fato de terceiro), como também pelos de seus órgãos
(diretores, administradores, assembleias).

Das Pessoas Jurídicas de Direito Privado


→ As Pessoas Jurídicas de Direito Privado, previstas no Art. 44 do CC, são:

˃ Associações: pessoas naturais que se organizam para fins não econômicos;

 nada impede que as associações desenvolvam atividade econômica e que tenha lucro, desde que não
haja finalidade lucrativa (ou seja, distribuir o lucro entre os associados) a finalidade da associação deve ser
não econômica, o que não a priva de
levantar fundos para sua própria manutenção (colocar uma cantina pra gerar lucro por ex)

Não há entre os associados (entre si), direitos e obrigações recíprocos (há entre a associação e os
associados) e os associados devem ter iguais direitos, porém, o estatuto poderá instituir categorias de
associados com vantagens especiais, conforme previsto no Art. 55 do Código Civil.

A associação é organizada da seguinte maneira:


˃ Presidência;
˃ Conselho Deliberativo;
˃ Conselho Fiscal;
˃ Assembleia Geral.

Caberá à assembleia geral destituir os administradores e alterar o estatuto.

Seu ato constitutivo é o Estatuto sendo o registro realizado no Cartório de Registro de Pessoa Jurídica.

˃ Fundações: são um complexo de bens, ou seja, são pessoas jurídicas sem quaisquer pessoas
físicas/naturais quando de sua instituição.

São constituídas por ato de seu instituidor, escritura pública ou testamento, por meio de dotação de bens,
especificando sua finalidade e declarando, se quiser, como devem ser administradas.

 O registro civil da fundação tem natureza constitutiva

O objetivo das fundações é sempre público, apesar do caráter privado que possuem

Também não possuem fins econômicos e podem ter a finalidade


I. assistência social;
II. cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III. educação;
IV. saúde;
V. segurança alimentar e nutricional;
VI. defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; VII.
pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão,
produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos;
VIII. promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;
IX. atividades religiosas;

 cabe ao Ministério Público do Estado onde situadas velar pelas fundações.


Caso funcione no DF ou em Território, cabe ao MPDFT (de acordo com a professora do curso cabe ao MPF
pelo código e pela lei Lei 13.151/2015 cabe o MPDFT) e se estenderem a atividade por mais de um Estado,
caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público.

O artigo 67 do CC impõe regras para a alteração do Estatuto da Fundação,

Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto (e só o estatuto, nunca a finalidade) da fundação é mister que
a reforma:
I. seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
II. não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III. seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 dias, findo o qual ou no caso de
o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado.

˃ Sociedades: são pessoas naturais que se organizam com fins econômicos; Temos uma divisão em:

• sociedades simples (aquelas formadas para prestação de serviços, como por exemplo, sociedades
de advogados, de médicos etc)
• sociedades empresariais (atividade voltada a produção e comercialização de produtos e serviços)

Cabe ressaltar o Enunciado 69 da I Jornada de Direito Civil que trata das sociedades cooperativas,
vejamos: “As sociedades cooperativas são sociedades simples sujeitas a inscrição nas juntas comerciais”

As sociedades são estudadas de modo aprofundado no Direito Empresarial.

˃ Organizações Religiosas: organizações com fins religiosos (igrejas, templos), sem fins lucrativos.

O Estado não poderá negar sua existência.


E as formas de organização, estruturação interna e funcionamento são livres , a nenhum órgão cabe o
controle de tais ações

˃ Partidos Políticos: pessoas organizadas de modo formal e legal, têm por base a mesma ideologia política,
visando à disputa do poder político do país.

˃ As Empresas Individuais de Responsabilidade Limitada: São empresas constituídas por uma única
pessoa que é a titular da totalidade do capital social.

Foi inserida no Código Civil através da Lei 12.441 de 2011.

 artigo 46 do Código Civil (dados que devem estar presentes no registro):

Art. 46. O registro declarará:


I. a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;
II. o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III. o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;
IV.se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V. se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI. as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.

>Entes Despersonalizados isto é, desprovidos de personalidade jurídica. São mero agrupamento de


pessoas e/ou bens, sem que cheguem a constituir pessoas jurídica. No entanto, possuem direitos,
obrigações e capacidade jurídica, possuem capacidade processual, exercida mediante representação
processual.

São exemplos de entes despersonalizados: a massa falida; o condomínio; a família; o espólio; o


condomínio; a herança jacente ou vacante. Em geral, estes grupos possuem capacidade processual e
também possuem legitimidade ativa e passiva para demandar e ser demandado em ações na justiça.

> Terceiro Setor.

é do que uma parcela das atividades do interesse do Poder Público a cargo do setor privado, sem fins
lucrativos sem a necessidade de concessão ou de outras medidas de cunho administrativo geralmente
utilizadas nesses casos.

Notabilizam-se as ONGs, Organizações Não-Governamentais, cuja atuação tende à filantropia. Na esteira


desse raciocínio existem dois títulos que podem ser dados a determinadas pessoas jurídicas de direito
privado:

1. Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP: previstas no art. 1º da Lei 9.790/1999,
são organizações da sociedade civil de interesse público;

2. Organizações Sociais – OS: previstas no art. 1º da Lei 9.637/1998, são organizações cujas atividades
sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação
do meio ambiente, à cultura e à saúde;

3. Organizações da Sociedade Civil – OSC: previstas no art. 2º, inc. I, da Lei 13.019/2014, são organizações
se dirigem à consecução de finalidades de interesse público em regime de mútua cooperação, por meio de
termos de fomento ou em acordos de cooperação.

Domicílio das Pessoas Jurídicas

Assim como pessoas naturais, as pessoas jurídicas também possuem um domicílio, onde responderão
pelos direitos e deveres assumidos.

Atenção: a pessoa jurídica não possui domicílio necessário (necessário = definido pela lei)

 O domicílio das pessoas jurídicas de direito público (Art. 75 CC), são:

˃ União = Distrito Federal;


˃ Estados = Respectivas Capitais;
˃ Municípios = Local de sua administração do município.

 Quanto às pessoas jurídicas de direito privado (Art. 75, IV):

IV. Das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou
onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.

§ 1º Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será
considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2º Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa
jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento,
sito no Brasil, a que ela corresponder.

Desconsideração da Personalidade Jurídica

Determina o Art. 50 do Código Civil: “Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo
desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa
jurídica.”

A desconsideração é a responsabilização da pessoa física pela má administração, sendo as obrigações


estendidas ao seu patrimônio particular.

São legitimados para propor: ˃ Os interessados; ˃ O Ministério Público, no que couber.

 não haverá desconsideração compulsória da personalidade jurídica, esta deve ocorrer através de
requerimento da parte ou do Ministério Público

CUIDADO: Não há dissolução da sociedade. NÃO se retira a personalidade jurídica, mas apenas se
DESCONSIDERA em algumas situações, penetrando-se no patrimônio do sócio ou administrador. NÃO
CONFUNDIR: DESCONSIDERAÇÃO (art. 50, CC) e DESPERSONIFICAÇÃO (art. 51, CC).

 Cuidado com o Art. 50! Não ocorre despersonalização, apenas a desconsideração – isto quando há
abuso da personalidade jurídica por desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial. Busca no
patrimônio de particulares (sócios e administradores) a satisfação de dívidas da pessoa jurídica.

 a Teoria Maior (deve-se comprovar o abuso de personalidade caracterizado pelo desvio de finalidade
ou a confusão patrimonial) é aplicável à maioria das relações jurídicas, aplicando-se a maior lei, o
CC/2002, ao passo que a Teoria Menor é aplicada a um conjunto menor de relações jurídicas, aplicando-se
a menor lei, o CDC, apenas!

Extinção da Pessoa Jurídica

˃ Convencional: os sócios acordam na dissolução;


˃ Administrativa: ex: a autorização concedida para funcionamento por órgão público é cancelada;
˃ Judicial: ocorre com a determinação judicial;
˃ Fato Natural: ocorrendo a morte dos membros da sociedade, e caso seu ato constitutivo não preveja o
prosseguimento das atividades pelos herdeiros, a pessoa jurídica estará extinta.

A extinção da pessoa jurídica possui algumas regras, não ocorrendo de modo automático, atente assim, as
regras do Art. 51 do Código Civil:

“Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu


funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua.

§ 1º Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua


dissolução.

§ 2º As disposições para a liquidação das sociedades aplicam- -se, no que couber, às


demais pessoas jurídicas de direito privado. § 3º Encerrada a liquidação, promover-se-
á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica. Art. 52. Aplica-se às pessoas
jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade

Aqui, efetivamente, ocorrerá a despersonificação ou despersonalização da pessoa jurídica, conceito esse


completamente distinto da desconsideração da personalidade jurídica.

A despersonificação/despersonalização abarca a extinção, dissolução da pessoa


Jurídica

A desconsideração é o abandono da regra de cisão patrimonial entre a pessoa jurídica e as pessoas físicas
que dela fazem parte.
Questão:
a garantia da irretroatividade da lei não é invocável pelo ente federativo que a tenha editado e
determinado a retroação = A irretroatividade da lei é uma garantia do indivíduo frente ao Estado. Se o
Poder Público decide editar uma lei com efeitos retroativos prejudicando a sua própria situação jurídica e
conferindo, por exemplo, mais direitos ao indivíduo, esta lei não viola o art. 5º, XXXVI.
Questão boa:

a) a revogação tácita equivale à repristinação; (X)


R: são conceitos distintos, vejamos:

Repristinação - fenômeno legislativo no qual há a entrada novamente em vigor de uma norma


efetivamente revogada, pela revogação da norma que a revogou. Contudo, a repristinação deve ser
expressa.

Revogação Tácita - quando a lei posterior é incompatível com a anterior e não há disposição expressa no
texto novo indicando a lei que foi revogada.

Art. 2 § 1o - A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que
tratava a lei anterior.

b) a lei especial não revoga a lei geral anterior; (V)

C) não é admitida a derrogação expressa (X)

Derrogação é a revogação parcial de uma lei, que é admitida.

D) o efeito repristinatório é admitido em todas as leis; (X)

Efeito Repristinatório - advém do controle de constitucionalidade.


É a reentrada em vigor de norma aparentemente revogada, ocorrendo quando uma norma que revogou
outra é declarada inconstitucional, retornando a norma anterior revogada. portanto não são de todas as
leis, mas somente daquelas provenientes do controle de constitucionalidade

E) A ab-rogação das leis é defesa pelo ordenamento jurídico (X)


Ab-rogação é admitida no ordenamento jurídico e diz respeito a revogação total
de uma norma (Ab-rogação -> Absoluta).
BENS
Bens são valores materiais ou imateriais que podem ser objeto de uma relação de direito.

Enquanto o objeto do direito positivo é a conduta humana, o objeto do direito subjetivo podem ser bens
ou coisas não valoráveis pecuniariamente.

São bens jurídicos os de natureza patrimonial, isto é, tudo aquilo que se possa incorporar ao nosso
patrimônio é um bem: uma casa, um carro, uma roupa, um livro, ou um CD. A

lém disso, há uma classe de bens jurídicos não-patrimoniais. Não são economicamente estimáveis, como
também insuscetíveis de valoração pecuniária: a vida e a honra são exemplos fáceis de se compreender.

Os bens podem ser classificados em:


 móveis e imóveis,
 corpóreos e incorpóreos,
 fungíveis e infungíveis,
 consumíveis e inconsumíveis,
 divisíveis e indivisíveis,
 singulares e coletivos,
 comercializáveis ou fora do comércio,
 principais e acessórios, e
 públicos ou particulares.

BENS IMÓVEIS

Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou
artificialmente.

O solo é bem imóvel, assim como tudo aquilo que lhe incorpora, podendo que esta incorporação seja
precedida de processos naturais ou artificiais (processos humanos).
Característica dos bens imóveis: impossibilidade de transporte sem que este perca sua essência

Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:

I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; (ações referentes à


propriedade imobiliária, por ex.)

II - o direito à sucessão aberta.

*questão: “apenas os imóveis, individualmente considerados, são bens imóveis,


diferentemente da totalidade do patrimônio do falecido” – ERRADO. “patrimônio” =
universalidade de direito (tendo bens imóveis E móveis) também é considerado imóvel

 aberta a sucessão, todos os bens – fungíveis/infugíveis/móveis/imóveis/valores em


dinheiro - passam a ser classificados, pelo código, como bens imóveis
 DESPENCA EM PROVAS:
Sucessão aberta= bem imóvel
Energia = bem móvel

 sucessão aberta: caracteriza-se como sendo o início da sucessão, ou seja, quando uma pessoa que tem
herdeiros, vem a óbito, inicia-se a sucessão, sendo assim, a sucessão está aberta e os bens que a integram,
sejam móveis ou imóveis, passam a integrar uma universalidade de direitos dotada de valor econômico.

Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:

I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro
local;
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.

RESUMINDO:

• O solo e tudo o que nele se incorporar


• Os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram
• O direito à sucessão aberta
• As edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem
removidas para outro local
• Os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem

CLASSIFICAÇÃO DOS BENS IMÓVEIS:

 bens imóveis por sua natureza. São o solo e suas adjacências naturais, compreendendo
as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo;

 bens imóveis por acessão física ou artificial. É tudo aquilo que o homem incorpora permanentemente
ao solo, como sementes e edifícios;

 bens imóveis por acessão intelectual - É tudo aquilo que se mantém intencionalmente no imóvel para
sua exploração, aformoseamento ou comodidade. A categoria dos bens imóveis por acessão intelectual
foi retirada do Código, que a substituiu pela categoria das pertenças.

 bens imóveis por força de lei. São aqueles que, por sua própria natureza, não se pode classificar como
móveis ou imóveis. Nessa categoria se incluem os direitos reais sobre imóveis e as ações que os
asseguram, além do direito à sucessão aberta.

BENS MÓVEIS

Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem
alteração da substância ou da destinação econômico-social.

Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:


I - as energias que tenham valor econômico;
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. (Ex. direitos autorais)

Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam
sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.

TRADUZINDO ESSE ARTIGO PARA MELHOR ENTENDIMENTO: os materiais separados provisoriamente


de um prédio, para nele se reempregarem, não perdem o caráter de imóveis.

Ao lado dos bens móveis por natureza ou essência, existem os bens móveis por antecipação.

Os bens móveis por antecipação são aqueles que eram imóveis, mas foram mobilizados por ação humana,
como árvores convertidas em lenha, a maçã retirada da árvore, a soja colhida. O mesmo acontece com a
demolição de um imóvel, passando os bens à categoria de móveis (art. 84). Nesses casos, ocorre
exatamente o oposto dos bens tornados imóveis por acessão física ou artificial (tijolo, móvel, que se
imobiliza).

Resumindo – bens móveis são:


• Os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância
ou da destinação econômico-social
• As energias que tenham valor econômico
• Os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes
• Os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações
• Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua
qualidade de móveis
• Os materiais provenientes da demolição de algum prédio

BENS FUNGÍVEIS E INFUNGÍVEIS


Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e
quantidade.

Os bens fungíveis são aqueles que podem ser substituídos por outros de mesmo gênero/espécie,
quantidade e qualidade, conforme o disposto no artigo 85 do Novo Código Civil, sendo certo que tal
classificação é típica de bens móveis, podendo-se citar os seguintes exemplos: café, soja, minério de
carvão, dinheiro etc.

Já os bens infungíveis são aqueles de natureza insubstituível, como, por exemplo, uma obra de arte, uma
edição rara de um livro, um touro premiado etc.

 Os bens imóveis são, essencialmente, infungíveis, já que não permitem sua substituição por outro de
mesma espécie

A fungibilidade dos bens, de forma geral, deriva da própria natureza do bem.

Mas existem ocasiões que tal situação não se verifica necessariamente assim, tendo em vista que a
vontade das partes poderá transformar um bem fungível em infungível. Um exemplo é o de uma cesta de
frutas que fica exposta para ornamentação em um evento de um restaurante. Tal cesta deverá ser
devolvida ao final do evento, não se admitindo que seja substituída por outra.

Para Washington de Barros Monteiro (2005, p.184):


“a fungibilidade ou infungibilidade é predicado que resulta, em regra, da própria qualidade física, da
própria natureza da coisa. Mas pode advir igualmente da vontade das partes. Estas, por convenção,
tornam infungíveis coisas intrinsecamente fungíveis”.

Há também serviços fungíveis e infungíveis: “Serviço fungível é o que pode ser prestado por outra pessoa
que não o devedor. O credor tem a faculdade de mandar executa-lo por substituto, a expensas da outra
parte.

Serviço não fungível, o que se contrata intuitu personae, isto é, em atenção às qualidades pessoais do
devedor. Sua execução por terceiro ou é impossível ou desinteressante ao credor”.

Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância,
sendo também considerados tais os destinados à alienação.

“Para ser considerado naturalmente consumível é preciso que, com o uso, sofra destruição imediata. O
bem suscetível de consumir-se ou deteriorar-se depois de um lapso de tempo mais ou menos longo não é
considerado consumível... Não consumível é, portanto, a coisa que suporta uso continuado, repetido”

Desse conceito, pode-se perceber que existem duas espécies de bens consumíveis, os consumíveis de fato
e os consumíveis de direito.

 Inconsumíveis (o seu uso não importa destruição imediata da substância) juridicamente são os bens
inalienáveis.

 um mesmo bem pode ser, ao mesmo tempo, consumível e inconsumível. Será consumível
juridicamente um veículo comum, que pode ser alienado, mas inconsumível, faticamente, já que seu uso
não importa destruição imediata da própria substância.

 os bens imóveis são, essencialmente, inconsumíveis,

Bens divisíveis
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição
considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.

Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por
vontade das partes.

 bem indivisível é aquele que perde a identidade ou o valor, quando fracionado. Os bens indivisíveis por
determinação legal são aqueles que a lei não admite divisão (exemplos são a herança, as servidões, as
hipotecas etc.).

Classificação dos bens indivisíveis:


a. naturalmente indivisíveis (uma escultura);
b. legalmente indivisíveis (a herança);
c. convencionalmente indivisíveis (uma carga específica).

Bens singulares e coletivos


Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos
demais. (um veículo por ex)

Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma
pessoa, tenham destinação unitária. Exemplo: Uma galeria de quadros, biblioteca, rebanho, jogo de
pneus.

Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas
próprias.

Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas
de valor econômico. Exemplo, da herança, patrimônio, o espólio, a massa falida

* Constitui-se por bens singulares corpóreos heterogêneos ou incorpóreos, ante o fato de que a norma
jurídica, com o intuito de produzir certos efeitos, lhes dá unidade.

Bens coletivos ou universais são os bens singulares – iguais ou diferentes – reunidos em um todo
individualizado. Passa-se a considerar o todo, ainda que não desapareça a peculiaridade individual de
cada um. É o caso de um pomar ou uma frota de veículos

QUESTÃO

“não se pode dizer que os imóveis, considerados em si, são bens singulares” – ERRADO

Os imóveis, quando considerados em si, ou seja, quando analisados apenas como imóveis, mesmo que
parte de uma herança, direito universal, podem sim ser considerados bens singulares, uma vez que, a
definição destes, de acordo com o art. 89 do CC/2002 é: bens que, embora reunidos, se consideram de per
si, independentemente dos demais. Ou seja, uma casa, mesmo que faça parte de um único bem, que é o
direito a sucessão aberta, ainda assim será uma casa, independente dos demais bens que integram a
herança.

Bens corpóreos e incorpóreos

Bens corpóreos, também chamados de materiais ou tangíveis, são os bens que têm existência
material, física; são, portanto, palpáveis aos sentidos humanos. Exemplo: os veículos automotores, uma
residência, uma pintura famosa, uma camiseta comum, uma maçã, um cavalo, uma coleção de livros etc.

Bens incorpóreos, chamados de imateriais ou intangíveis, ao contrário, não têm existência material,
física, ainda que possam ser materializados, sem que, contudo, sua essência possa ser materializada. A
matéria, nesse caso, é mero instrumento do bem. Exemplo: o direito autoral, os direitos de
personalidade, o direito de ação, a saúde, a intimidade, o crédito, o débito, a liberdade etc.

Bens reciprocamente considerados


Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente (solo, ou um veículo automotor);
acessório, aquele cuja existência supõe a do principal (casa que se liga ao solo ou os pneus do carro)

Princípio geral do Direito Civil: accessorium sequitur principale, ou seja, o acessório


segue o principal. Trata-se do princípio da gravitação jurídica, que determina que o
bem acessório segue a sorte do principal, salvo disposição em contrário. Assim,
quando eu vendo o terreno, vendo a casa; quando vendo o carro, vendo os pneus.

os bens acessórios se dividem em partes integrantes e pertenças. As


partes integrantes, por sua vez, se subdividem em benfeitorias, frutos e produtos

Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro,
ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.

Informações: os bens acessórios se dividem em partes integrantes e pertenças.

 pertenças ou, res annexa - não seguem necessariamente a lei geral de gravitação jurídica , por meio
da qual o acessório sempre seguirá a sorte do principal, razão pela qual, se uma propriedade rural for
vendida, desde que não haja cláusula que aponte em sentido contrário, o vendedor não está obrigado a
entregar as máquinas, tratores e equipamentos agrícolas nela utilizados. Ou quando vende uma casa
mas o piano não vai junto.

A pertença é coisa destinada, de modo duradouro, a conservar ou facilitar o uso, ou prestar serviço, ou,
ainda, servir de adorno do bem principal, sem ser parte integrante.

 Parte integrante - São bens acessórios que se ligam de tal modo ao principal, que sua remoção
tornaria o bem principal incompleto; estão unidos de tal modo ao bem principal que com ele formam
um todo independente. É o caso da fiação elétrica numa casa ou das rodas e pneus de um veículo. As
partes integrantes seguem a coisa principal Se subdividem em benfeitorias, frutos e produtos

Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o
contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.

Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de
negócio jurídico.

frutos são as utilidades que uma coisa periodicamente produz, sem com isso sofrer alteração em sua
substância. Os frutos industriais são os que tem sua origem vinculada a alguma ação humana sobre a
natureza.

Os frutos podem ser classificados como: a. frutos naturais: decorrem da essência de um bem principal
(como as frutas de uma árvore); b. industriais: decorrem da atividade humana (como os produtos de uma
fábrica); c. civis: decorrem de uma situação jurídica (como o aluguel de um imóvel).
Os frutos ainda podem ser classificados como: a. pendentes (ainda ligados ao bem principal); b.
percipiendos (poderiam ter sido percebidos, mas não o foram); c. percebidos (colhidos, separados do bem
principal); d. estantes (colhidos e armazenados); e. consumidos (já não existem mais).
O conceito de produto parte da ideia de algo que pode ser retirado do principal
diminuindo-lhe a quantidade, porque não se reproduzem periodicamente, como, por
exemplo, os metais ou o petróleo de um poço.

Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.

§ 1 o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que
o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2 o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem (ex: colocação de tela nas varandas)
§ 3 o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.

Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a
intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.

as acessões não agregam alguma coisa a algo preexistente. São criações –


naturais/artificiais – de bens. Ex: edificação de uma casa num terreno baldio.
Normalmente, especialmente na área rural, as acessões são chamadas de benfeitorias

Frutos • Derivam periodicamente do bem principal


Produtos • A obtenção reduz o valor do bem principal
Benfeitorias • Acréscimos num bem preexistente
Acessões • Criações - artificiais ou naturais - de bens
Pertenças • Destinadas de modo duradouro ao uso, serviço ou aformoseamento, sem ser parte Integrante
Partes integrantes • Ligados de tal modo ao principal que sua remoção tornaria ele incompleto

Bens Públicos
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público
interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.

Art. 99. São bens públicos:

I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;

II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da


administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;

Os bens de uso especial são os relacionados diretamente a prestação dos serviços e as demais
prestações da administração pública. Ex: edificação, veículos, cemitério público, reservas
ambientais, reservas indígenas

III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público , como objeto de
direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.

(exemplo, a sede da Caixa, em Brasília, porque a instituição é uma empresa pública e a sede é um imóvel
(direito real). Ou as ações (direito pessoal) que o Banco do Brasil, sociedade de economia mista, tem em
relação a uma sociedade empresarial)

Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às
pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto
conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.

Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.

Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.

Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido
legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.

Súmula 619 do STJ

A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária,


insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias.

Principal diferença entre os 3: a afetação e a desafetação

Os bens públicos de uso comum do povo e os bens públicos de uso especial estão afetados a uma função
pública. Serão inalienáveis e, consequentemente, impassíveis de usucapião e também são imprescritíveis
e impenhoráveis.

A afetação e a desafetação referem-se a finalidade do bem, ou seja, qual a serventia,


qual a utilidade daquele bem público. Quando o bem possui uma destinação
específica, um fim específico, diz-se que está afetado.

Os bens públicos dominicais não estão afetados a uma função pública. Apesar de serem bens públicos, não
cumprem uma função pública, por isso podem ser alienados e, segundo um eco da jurisprudência mais
recente, são passíveis de usucapião

São bens públicos:

I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração
federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a
sua qualificação, na forma que a lei determinar.
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito
pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas
jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.

Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.


Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido
legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.

Fato jurídico. Atos jurídicos lícitos e ilícitos. Negócio jurídico. Prescrição e decadência. Prova.
FATO JURÍDICO
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável

Conceito

O ramo do Direito possui um ciclo, semelhantemente ao ciclo da vida. Em outras palavras é possível dizer
que o Direito nasce, se desenvolve e se extingue. Tal ciclo é composto por fases, que decorrem de
acontecimentos e fatos e esses são denominados de Fatos Jurídicos.

Entretanto, não são todos os acontecimentos podem ser chamados de fato jurídicos em sentido amplo,
somente aqueles relevantes para o ordenamento jurídico.

Dessa maneira, pode-se dizer que:

 FATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO é o termo utilizado para se referir a todo acontecimento da vida
que, de certa forma, é considerado relevante para o mundo do Direito, mesmo aqueles ilícitos.

Para saber se determinado acontecimento constitui um Fato Jurídico é indispensável que se faça um juízo
de valoração.

Por exemplo, a chuva que cai não é considerado um fato jurídico pois não causa qualquer impacto para o direito, entretanto,
caso, em decorrência da chuva, se origine uma enchente que inundou um bairro inteiro há, nessa situação, um fato jurídico.
Nota-se que, o fato jurídico não é a chuva propriamente dita, mas sim, a situação que ela causou.

Um segundo exemplo: uma pessoa acorda todos os dias e veste-se para sair de casa, tal atitude nada impacta o mundo do
Direito, entretanto, caso essa mesma pessoa furte uma peça de roupa para vestir-se, tal acontecimento, indiscutivelmente,
causa um certo abalo para o Direito. Portanto, mais uma vez, nota-
se que, o fato de a pessoa se vestir não constitui um fato jurídico, mas o roubo da peça de roupa sim.

Classificações do Fato Jurídico em Sentido Amplo

Os Fatos Jurídicos em Sentindo Amplo podem ser classificados em:

 Fato jurídico relevante


 Fato jurídico não relevante

“Relevante”, aqui, significa relevante para o direito. Para essa parcela da doutrina, todo e qualquer fato
social é fato jurídico, porque relevante para o direito. Em outras palavras, toda atividade social interessa
para o direito.

 Fato jurídico eficaz;


 Fato jurídico não eficaz.
O fato jurídico eficaz é aquele que o ordenamento prevê efeito jurídico. O fato jurídico, dentro deste
conceito, pode ter eficácia jurídica na hipótese do ordenamento prever efeito jurídico.
Caminhar pela rua, então, seria um fato jurídico relevante (pois é um fato social), porém não eficaz (pois
não há previsão de efeito jurídico).
 Fatos naturais ou Fato Jurídico stricto sensu; e
 Fatos humanos ou atos jurídicos lato sensu;

Fato Jurídico Natural (em sentido estrito)

Naturais ou stricto sensu, são os fatos que não decorrem de uma ação intencionalmente humana, isso quer
dizer que, sua realização não exige como pressuposto a manifestação da vontade do homem. Entretanto,
apesar da vontade humana ser desnecessária à sua formação, pode haver a participação do homem em
seu desenvolvimento.

Classificações
Subdividem-se em ordinários e extraordinários.

 Fatos Jurídicos Naturais Ordinários: são os fatos decorrentes da vida natural, da vida real, ou seja, eles
são comuns e acontecem corriqueiramente na realidade. Embora provenientes da própria natureza, o ser
humano possui participação em alguns deles, como por exemplo o nascimento (que estipula o começo da
personalidade jurídica, ou não, no caso do natimorto), a morte (define o final da personalidade jurídica), a
maioridade, o decurso do tempo quando esse é relevante para o exercício de um direito, entre outros.

 Fatos jurídicos naturais extraordinários: caracterizam aqueles acontecimentos eventuais, ou seja, que
não ocorrem diariamente e com certa habitualidade. Estes também não são provenientes de conduta
humana, entretanto, o homem pode ter participação em algum deles em sua formação. EX: destruição de
uma propriedade por um terremoto - acontecimento natural, eventual e imprevisível, gerando
consequências.

Os fatos jurídicos naturais extraordinários podem ser classificados em:


 Caso fortuito (O caso fortuito se caracteriza quando há imprevisibilidade do acontecimento, ou
seja, quando não se pode prever ou esperar que determinado fato aconteça)
 Força maior (se manifesta quando há a inevitabilidade de que algo ocorra. Sabe-se ou presume-se
seu acontecimento, entretanto não se pode evitar que ocorra).

Caso fortuito ou força maior são fatos capazes de modificar os efeitos de relações jurídicas já existentes,
como também de criar novas relações de direito. São eventualidades que, quando ocorrem, pode escusar
o sujeito passivo de uma relação jurídica pelo não cumprimento da obrigação estipulada. E o caso, por ex.,
de uma tempestade que provoque o desabamento de uma ponte por onde deveria passar um
carregamento confiado a urna transportadora. Diante de tal situação e da impossibilidade da continuação
do itinerário, a transportadora livra-se da responsabilidade pela entrega atrasada do material. Porém, para
que determinado caso fortuito ou força maior possa excluir a obrigação estipulada em um contrato, é
necessária a observação de certas circunstâncias, tais como a inevitabilidade do acontecimento e a
ausência de culpa das partes envolvidas na relação afetada. Caso não haja a presença de qualquer destes
requisitos, não pode haver caso fortuito ou força maior que justifiquem o descumprimento contratual.

“Factum principis” é aquele fato também capaz de alterar relações jurídicas já constituídas, porém, através
da presença da intervenção do Estado e não da ação da natureza ou de qualquer eventualidade. Tal
situação se configura quando o Estado, por motivos diversos e de interesse público, interfere numa relação
jurídica privada, alterando seus efeitos e, por vezes, até assumindo obrigações que antes competiam a um
ou mais particulares. Por ex. o Estado pretende construir uma estrada que cortará o espaço físico de
determinada indústria, provocando sua desapropriação e a conseqüente extinção do estabelecimento
industrial, mediante, obviamente, indenização. Porém, não só a indústria será extinta como também os
demais contratos de trabalho dos empregados do local. Diante de tal situação, a autoridade pública obriga-
se a assumir as devidas indenizações trabalhistas, conforme disposto no art. 486 da CLT.

Fatos humanos ou ATOS JURÍDICOS LATO SENSU


Conceito
Diferentemente do Fato Jurídico Natural ou em sentido estrito, o Fato Jurídico Humano ou ato jurídico em
sentido amplo, diz respeito aos acontecimentos da vida, relevantes para o mundo do direito, decorrentes
da vontade do ser humano devidamente manifestada.

Aqui, não há o que se falar em ato jurídico se o ser humano não participar de seu desenvolvimento.
( Para que se constitua um ato jurídico, o direito brasileiro adotou a necessidade da declaração da
vontade, que pode ser expressa ou tácita).

Portanto, o Fato Jurídico Humano, ou ato jurídico em sentido amplo pode ser definido como: ações
humanas que criam, modificam, transferem ou extinguem direitos.

Dividem-se em: lícitos e ilícitos.

 ATOS LÍCITOS

Estabelece o art. 185 do Código Civil que aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos,
aplicam- se, no que couber, as disposições dos negócios jurídicos.

O ato jurídico em sentido amplo é o fato jurídico cujo suporte fático deve ser manifestado
conscientemente por meio da vontade, com um objetivo possível e lícito. Assim, caso a pessoa não
exteriorize a vontade, não existe ato jurídico.

O ato jurídico em sentido amplo se divide em dois, o ato jurídico em sentido estrito, ou ato não negocial, e
o negócio jurídico, ou ato negocial.

No ato jurídico em sentido estrito, após a manifestação da vontade, o direito pré-determina os efeitos
que a conduta terá. O direito acolhe a manifestação de vontade e pré-determina os efeitos que ela terá.
Tais efeitos são inafastáveis e invariáveis.

Ao contrário, no negócio jurídico, a manifestação da vontade é exercida dentro de certos limites, que
produzem efeitos. São os chamados efeitos voluntários. Há, aqui, um poder de autorregulamentação, ou
seja, eu mesmo posso escolher os efeitos jurídicos que eu quero.

Assim, quando eu pago a você, pratico ato jurídico em sentido estrito. Posso aplicar os elementos dos
negócios jurídicos. Em larga medida, sim.

Os atos jurídicos lícitos são divididos em: ato jurídico em sentido estrito, negócio jurídico e ato-fato
jurídico.

 ATOS ILÍCITOS
são aqueles praticados em desacordo com o que prevê o ordenamento jurídico e, mesmo tendo influência
na esfera do direito, produzem efeitos jurídicos involuntários, mas impostos pelo ordenamento.

Para que este fique configurado há necessidade de três elementos:


1. O fato lesivo precisa ser voluntário;
2. O dano existente precisa ser material ou moral; e
3. Nexo de causalidade, ou seja, relação causal entre o dano e o comportamento do agente.

Os atos ilícitos podem ser tipificados em:

 Contratual: quando ocorrer o descumprimento de uma obrigação contratual e aquele que


descumpriu fica obrigado a reparar o prejuízo por ele causado; e
 Extracontratuais: quando há violação uma lei penal ou civil

Aqui, eu tratei do ato ilícito apenas dentro da classificação da Teoria do Fato Jurídico, para distingui-lo das
demais situações de ilicitude.

Atenção! O abuso de direito não serve como excludente de ilicitude (pré-excludente de juridicização),
pelo que ele gera dever de indenizar e é ilícito. O art. 187 do CC/2002 assim o delimita:

Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Requisitos:

1. Conduta (aquele que, por ação ou omissão): deve haver uma conduta, seja comissiva/ativa (publicar
impropérios na internet), seja omissiva (não manter uma distância mínima do veículo da frente)
2. Culpa (voluntária, negligência ou imprudência): culpa, aqui, tem sentido amplo, abrangendo tanto a
culpa em sentido estrito (negligência ou imprudência), quanto o dolo (voluntariedade).
Assim, há culpa (dolo) quando publico voluntariamente os impropérios na internet. Há também culpa (em
sentido estrito) quando, por imprudência, dirijo próximo demais do veículo adiante.
3. Dano (dano a outrem, ainda que exclusivamente moral): a noção de dano é ampla. O dano pode ser
material ou patrimonial (a traseira batida do seu carro) ou imaterial ou extrapatrimonial (a sua moral,
atingida na internet).
4. Nexo causal (violar direito e causar): entre a conduta e o dano deve haver uma ligação suficiente para
se imputar a responsabilidade. Por isso, não posso pedir indenização para sua mãe, porque ela pariu
você e você me xingou. O nexo causal é distante demais.

Artigo 186,CC: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. >> ATO
ILÍCITO PURO – é a REGRA no Brasil

O ato ilícito, por aplicação do art. 186, deverá ser, em regra, culposo lato sensu, ao menos. O direito civil
brasileiro adota o princípio da culpa, excepcionando o princípio do risco/dano. Entende-se que não há
responsabilidade sem culpa em sentido amplo (lato sensu).

A Carta Magna foi explícita em assegurar, ao lesado, direito a indenização por dano material ou
moral decorrente da violação da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas.

Nos termos do Art. 20 do Código Civil, a reprodução de imagem para fins comerciais, sem
autorização do lesado, enseja o direito a indenização, ainda que não lhe tenha atingido a honra
ou a representabilidade.

Vale lembrar que é civilmente responsável tanto o autor do escrito quanto o jornal, conforme súmula 221
do STJ.
Súmula 221/STJ: São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela
imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação

ABUSO DE DIREITO: O ato ilícito, por aplicação do art. 186, deverá ser, em regra, culposo lato
sensu, ao menos. O direito civil brasileiro adota o princípio da culpa, excepcionando o princípio do
risco/dano. Entende-se que não há responsabilidade sem culpa em sentido amplo (lato sensu).

O abuso de direito é um ato lícito na causa, mas ilícito nas consequências, ou seja, trata-se de exercício
irregular de direito regular

A) Venire contra factum proprium


A vedação ao comportamento contraditório (da máxima latina venire contra factum proprium non potest)
tem aplicação é mais evidente no Direito dos Contratos. Ainda assim, já no Direito das Obrigações ela se
visualiza no art. 330 (“O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor
relativamente ao previsto no contrato”).

Assim, se alguém age de determinada forma, toma determinada conduta, criando uma
expectativa justa em outrem, com base na confiança, não pode, posteriormente, agir de
maneira contrária. É por isso que o art. 330 proíbe ao credor que reiteradamente recebe
em local distinto do contratado pretender cobrar do devedor, posteriormente, no local
anteriormente previsto, sem que este concorde. Igualmente, se não comparecer ao local
habitual, a mora será sua, e não do devedor que não paga, por esperar pelo credor, sem
obter
O STJ, em repetidas decisões veda o comportamento contraditório, por aplicação dos princípios da
confiança e da lealdade, deveres laterais de conduta decorrentes da cláusula geral da boa-fé
objetiva. Nesse sentido também o Enunciado 362 da IV Jornada de Direito Civil que esclarece que a
vedação do comportamento contraditório (venire contra factum proprium) funda-se na proteção
da confiança, tal como se extrai dos arts. 187 e 422 do CC/2002.

B) Supressio e surrectio
A supressão (supressio ou Verwirkung) é instituto intimamente ligado à vedação ao comportamento
contraditório e à caducidade. Ocorre nas situações nas quais a pessoa não exercita seu exercício
em tempo adequado, pelo que o transcurso do tempo torna seu exercício abusivo. A supressio,
assim, inibe o exercício de um direito, até então reconhecido, pelo seu não exercício.

Já o surgimento (surrectio ou Erwirkung) é a outra face da supressão, tratando-se da situação na


qual não há direito algum, mas o exercício contrariamente à norma legal (dispositiva) ou
contratual (de eficácia relativa) que gera estabilização daquela relação jurídica para o futuro. A
surrectio, assim, é a aquisição de um direito pelo decurso do tempo, pela expectativa
legitimamente despertada por ação ou comportamento.

O art. 330, igualmente, demonstra o surgimento. Apesar de não ser direito do devedor fazer o
pagamento em local diverso do ajustado, sua reiteração faz surgir o direito. Veja que não há que se
falar em costume contra legem, vedado pelo art. 4º da LINDB, segundo a doutrina.

Assim, surrectio e supressio nada mais são do que as duas faces de uma mesma moeda, havendo
apenas uma distinção de ângulo, de perspectiva; ao passo que se extingue uma posição jurídica a
uma parte, cria-se essa mesma posição jurídica para a contraparte. O art. 330 é, assim, exemplar a
respeito.

C) Tu quoque
“A ninguém é dado aproveitar-se da própria torpeza” (nemo auditur propriam turpitudinem
allegans), já diz o ditado. O tu quoque é, em alguma medida, a expressão civil da perspectiva
criminal de que a ninguém é dado alegar o desconhecimento da lei.

Assim, não pode a pessoa alegar o desconhecimento de uma situação jurídica justamente para não
a observar. Trata-se da surpresa de uma parte por ato injustificado da outra.

D) Exceptio doli
Aqui, mais uma vez, há conexão do instituto da exceção de dolo à vedação ao comportamento
contraditório. A peculiaridade é que a exceptio doli se aplica às situações nas quais uma parte,
abusivamente, age com dolo, gerando prejuízo à contraparte.

Como a parte lesada se defenderá? Por meio de uma exceção, a exceção de dolo. Assim, o lesado
não questiona os termos da avença, mas apenas o dolo do outro em deixar de cumpri-la. A exceção
de contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus) e sua versão mais limitada, a exceção
de contrato parcialmente não cumprido (exceptio non exceptio non rite adimpleti contractus) são
corolários da exceptio doli.

E) Duty to mitigate the loss


A vedação ao agravamento do prejuízo ou o dever de mitigar as perdas, mais
conhecida por sua versão anglo-saxônica, duty to mitigate the loss, igualmente
deriva do princípio da boa-fé objetiva. Liga-se umbilicalmente também ao nemo
auditur propriam turpitudinem allegans. Nesse sentido, o credor tem de evitar o
próprio prejuízo, tomando medidas judiciais cabíveis para proteger seu crédito,
sendo que posteriormente não pode agravar os prejuízos do devedor ou de
terceiros por conta de sua desídia

O STJ (REsp 758.518) aplicou esse entendimento ao caso de um credor que deixou transcorrer 7
anos para cobrar o devedor de uma promessa de compra e venda do imóvel. Pretendia ele que o
devedor devolvesse a posse do bem e que os valores pagos fossem devolvidos. Evidentemente, o
prejuízo ao devedor seria de grande monta.

O Enunciado 629 da VIII Jornada de Direito Civil vai no mesmo sentido. Segundo ele, a indenização
não inclui os prejuízos agravados, nem os que poderiam ser evitados ou reduzidos mediante esforço
razoável da vítima. Os custos da mitigação devem ser considerados no cálculo da indenização.

Excludentes de resposabilidade:

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:


I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo
iminente.

Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o
tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção
do perigo.

QUESTÃO ELUCIDATIVA:

FGV - AFTRM (Cuiabá)/Pref Cuiabá/2014) João, devidamente habilitado para dirigir, conduzia
veículo de sua propriedade com cautela e diligência, quando foi surpreendido por ônibus em alta
velocidade na contramão. Em rápida manobra, João conseguiu evitar uma colisão frontal, desviando
seu automóvel para cima da calçada, onde atropelou Lucas, causando-lhe graves lesões físicas.
Sobre os fatos descritos, assinale a afirmativa correta.

RESPOSTA:
João, embora agindo em estado de necessidade, será obrigado a indenizar o dano causado a Lucas,
mas terá ação de regresso contra a empresa de ônibus

Das PROVAS:

Se o negócio jurídico não exige forma especial ou em se tratando dos demais fatos jurídicos – que
não negócios jurídicos –, segundo o art. 212 do Código Civil, prova-se mediante:

I - confissão;
II - documento;
III - testemunha;
IV - presunção;
V - perícia.

 CONFISSÃO: A confissão é a “rainha” das provas e, por isso, é irrevogável. Confessou, não pode
mais voltar atrás. Daí nasce a regra relativa à paternidade, por exemplo. Aquele que reconhece a
paternidade de um filho fora do casamento não pode posteriormente “voltar atrás”, pois esse
reconhecimento é como uma confissão

Claro que se decorreu de erro de fato ou de coação, estaremos diante de um vício de


consentimento, que permite anulação desse reconhecimento, mas será necessário prová-lo. Veja-se
que a anulação é limitada ao erro de fato, não se podendo anular a confissão decorrente de erro
de direito.

Além disso, o art. 214 do CC/2002 limita a anulação da confissão apenas ao erro e à coação, mas
se entende também que o dolo é apto a anular a confissão (já que o dolo é “induzir alguém em
erro”, resumidamente).

Art. 213. Não tem eficácia a confissão se provém de quem não é capaz de dispor do direito a que se
referem os fatos confessados.
Parágrafo único. Se feita a confissão por um representante, somente é eficaz nos limites em que
este pode vincular o representado
F) Nachfrist
Prevista no art. 47 da CISG, a extensão do prazo (Nachfrist) estabelece um certo prazo de carência para o
vendedor cumprir sua obrigação, depois de dado um prazo adicional pelo comprador. No tráfego
internacional de mercadorias, a relevância dessa extensão é ímpar, pois a compra e venda não é tão simples
quanto aquela regulada pelo CDC, de um consumidor a pegar um produto na prateleira.

Esse instituto pretende, em certa medida, evitar a judicialização e a cobrança de encargos que poderiam
tornar as transações internacionais inviáveis. A redação do art. 47, em seus dois parágrafos, é exemplar a
respeito:

(1) O comprador poderá conceder ao vendedor prazo suplementar razoável para o cumprimento de
suas obrigações.
(2) Salvo se tiver recebido a comunicação do vendedor de que não cumprirá suas obrigações no
prazo fixado conforme o parágrafo anterior, o comprador não poderá exercer qualquer ação por
descumprimento do contrato, durante o prazo suplementar. Todavia, o comprador não perderá,
por este fato, o direito de exigir indenização das perdas e danos decorrentes do atraso no
cumprimento do contrato.

Paulo Nalin e Renata Steiner pontuam que se pode extrair dessa norma que a resolução do contrato é
automática, independendo de intervenção judicial (resolução ipso jure). Além disso, mesmo depois da
extensão do prazo, pode-se resolver o contrato sem recurso à via judicial, independentemente do
descumprimento fundamental.

2 – Excludentes de responsabilidade

Ao contrário, se preenchidos os requisitos que mencionei você será sempre chamado a indenizar?

Não. Há situações em que mesmo se verificando o cumprimento dos quatro requisitos, não se falará em
conduta ilícita. Isso ocorre em três situações.

Quais são as situações em que se exclui a ilicitude? Vejam:

A) Legítima defesa

O art. 188, inc. I, do CC/2002, prevê a legítima defesa na seara privada:

Não constituem atos ilícitos os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito
reconhecido.

É a chamada autotutela ou autodefesa, numa quebra do monopólio estatal do uso da violência. Segundo
Pontes de Miranda, é a aplicação da lei pelo próprio interessado, em substituição ao juiz, quando o sujeito
não respeita a norma.

A legítima defesa real exime o violador de indenização, mas não a legítima defesa putativa (achei que ele
iria me atacar e causei um dano a ele, mas ele não me atacaria) e nem a legítima defesa excessiva (na
defesa, me “empolguei” e causei mais dano do que o necessário).
B) Exercício regular de direito

O art. 188, inc. I, do CC/2002, prevê o exercício regular de direito na seara privada:

Não constituem atos ilícitos os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito
reconhecido.

A rigor, exercer seu direito não causa dano. Há um exercício sem fim danoso, com exercício legítimo,
responsabilidade e moderação do próprio direito. Quais são os limites ao exercício do direito?
Geralmente, a jurisprudência os fixa através da hierarquia de direitos. Assim, protestar o devedor
não é abuso, mas utilizar um carro de som em frente ao seu local de trabalho é.

C) Estado de necessidade

O art. 188, inc. II do CC/2002 prevê o estado de necessidade :

Não constituem atos ilícitos a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim
de remover perigo iminente.

A remoção de perigo iminente ocasiona destruição da coisa alheia; porém, o ato será legítimo
somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites
do indispensável para a remoção do perigo, segundo o parágrafo único do mesmo dispositivo.

Ato Jurídico

O ato jurídico sempre decorre da vontade humana. O Ato jurídico “lato sensu”, necessariamente, é
decorrente da vontade do homem devidamente manifestada, ou seja, não há ato jurídico sem a
devida participação volitiva humana.

Para que se constitua um ato jurídico, o direito brasileiro adotou a necessidade da declaração da
vontade, que pode ser expressa ou tácita.

Convém ressaltar que os efeitos jurídicos decorrentes da volição humana são instituídos pela norma
jurídica, assim como os provenientes da ação da natureza também o são. Porém, no âmbito dos atos
jurídicos, o caminho para a realização dos objetivos visados pelo declarante da vontade depende da
natureza ou do tipo do ato realizado. Tal caminho terá que ser seguido na conformidade da lei ou
poderá ser traçado autonomamente pela parte interessada.

 Ato jurídico em sentido estrito:

gera efeitos jurídicos definidos em lei (“ex lege”). Em outras palavras, os efeitos jurídicos não
precisam seguir a intenção humana. Ex: reconhecimento do filho

Conforme a doutrina pandeccista alemã, os atos jurídicos no sentido estrito são aqueles decorrentes
de uma vontade moldada perfeitamente pelos parâmetros legais, ou seja, uma manifestação volitiva
submissa à lei. São atos que se caracterizam pela ausência de autonomia do interessado para auto
regular sua vontade, determinando o caminho a ser percorrido para a realização dos objetivos
perseguidos.
Defeitos dos atos Jurídicos
Vícios do Consentimento:

 ERRO
Considera-se o erro como um falso conhecimento ou noção equivocada sobre um fato ou
características referentes ao objeto, pessoa, cláusula ou sobre o próprio ato negocial como um todo.

Erro, entretanto, só é considerado como causa de anulabilidade do negócio se for essencial,


escusável e prejudicar real e efetivamente o declarante da vontade.

O art. 171, Inc. II: são anuláveis os negócios jurídicos: "por vício resultante de erro, dolo, coação,
estado de perigo, lesão ou fraude contra credores”.

ERRO DE FATO: aquele que recai sobre uma situação fática referente ao negócio realizado,
subdivide-se em erro essencial e erro acidental.

ERRO ESSENCIAL ou SUBSTANCIAL: É aquele que, de acordo com o direito positivo (CC,
art. 86), é capaz de viciar o consentimento do agente, tornando o negócio por ele praticado
anulável.

São quatro as modalidades de erro substancial:

1) Error in negotio: Este tipo de erro diz respeito à natureza própria do ato, ou seja, incide sobre a
própria essência ou substância do negócio. Por ex., algum que pensa estar vendendo um objeto
quando na verdade estar realizando uma doação.

2) Error in corpore: É aquele que recai sobre a identidade do objeto principal da relação jurídica
negocial. Por ex., um indivíduo que acredita estar comprando uma motocicleta, mas na realidade
adquire uma bicicleta.

3) Error in substantia: Incide sobre as características essenciais do objeto da declaração da


vontade. Por ex., alguém que, sem saber, adquire uma casa de dois pavimentos, mas acreditava
estar comprando uma de três.

4) Error in persona: Induz a uma falsa idéia sobre a própria pessoa que figura como a outra parte
da relação negocial. É o caso, por ex., do marido que, sem ter o conhecimento do fato, contrai
matrimônio com mulher já deflorada.(Código Civil, art. 219, IV).

 ERRO ACIDENTAL: Em tese, não é capaz de viciar o consentimento do sujeito, pois recai
apenas sobre qualidades acessórias do objeto da relação (error in qualitate), bem como sobre sua
medida, peso ou quantidade (error in quantitate), desde que não importe em prejuízo real ao
individuo.
Ex: pessoa que compra um automóvel e posteriormente descobre que o porta-malas é 5cm2 menor
do que pensava.

 ERRO DE DIREITO OU ERROR JURIS é aquele que diz respeito à norma jurídica
disciplinadora do negócio. Significa dizer que há ignorância ou falso conhecimento da norma jurídica
ou das consequências da mesma. Sendo assim, o CC/2002 determina que o negócio jurídico é ainda
sim eficaz, ou seja, ainda gera efeitos, mas, poderá ser anulado em caso de erro de direito, ou seja,
quando o erro pode ser percebido por uma pessoa que tenha capacidade normal de entender o
perceber que há o erro, como determina o art. 138: “São anuláveis os negócios jurídicos, quando as
declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de
diligência normal, em face das circunstâncias do negócio

*Não se confunde, contudo, com a ignorantia legis, uma vez que esta é o desconhecimento
completo da existência da lei, sendo o erro de direito seu conhecimento equivocado, apesar do
Código Civil equiparar essas duas noções.

Se a questão falar de legislação provável que seja erro de direito

 DOLO
A noção de dolo é diversa daquela empregada pelo direito penal, pois este o restringe apenas à
vontade livre e consciente de praticar um crime. Dolo civil é todo ato malicioso ou fraudulento
empregado por uma das partes ou por terceiro com o objetivo de ludibriar o outro contratante
para que este manifeste seu consentimento de maneira prejudicial a sua vontade livre ou ao seu
patrimônio, pois este consentimento seria declarado de forma diferente ou sequer teria existido
caso não fosse utilizado tal artifício astucioso.

O art. 171, Inc. II: são anuláveis os negócios jurídicos: "por vício resultante de erro, dolo, coação,
estado de perigo, lesão ou fraude contra credores”.

Tipos:
Dolus bonus: É aquele freqüentemente empregado no comércio informal e até mesmo no formal.
Consiste em exageros nas vantagens e boas qualidades da mercadoria oferecida pelo comerciante.

Dolus malus: É o dolo que prejudica efetivamente a vítima, capaz de viciar sua vontade, tornando o
negócio anulável. E um artifício fraudulento que consegue enganar até mesmo as pessoas mais
cautelosas e instruídas.

A omissão dolosa é admitida pelo ordenamento jurídico, inclusive expressamente. É conhecido


como dolo negativo.

Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato
ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o
negócio não se teria celebrado

 COAÇÃO
Entende-se como coação capaz de viciar o consentimento todo fator externo capaz de influenciar,
mediante força física ou grave ameaça, a vítima a realizar negócio jurídico que sua vontade interna
não deseja efetuar.

 coação gera nulidade RELATIVA.

O art. 171, Inc. II: são anuláveis os negócios jurídicos: "por vício resultante de erro, dolo, coação,
estado de perigo, lesão ou fraude contra credores”. -> tudo nulidade RELATIVA
Art. 178. É de 4 anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico,
contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo
ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.

 ESTADO DE PERIGO
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou
a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação
excessivamente onerosa.

Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá
segundo as circunstâncias.

O art. 171, Inc. II: são anuláveis os negócios jurídicos: "por vício resultante de erro, dolo, coação,
estado de perigo, lesão ou fraude contra credores”.

 LESÃO
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se
obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.

§ 2 o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte


favorecida concordar com a redução do proveito.

O art. 171, Inc. II: são anuláveis os negócios jurídicos: "por vício resultante de erro, dolo, coação,
estado de perigo, lesão ou fraude contra credores”.

LLLLesão é desproporcionaLLLLL

ERRO x DOLO:
Erro ou ignorância: neste ninguém induz o sujeito a erro (é a velha máxima: “quem erra, erra
sozinho” é ele quem tem na realidade uma noção falsa sobre determinado objeto.

Esta falsa noção é o que chamamos de ignorância, ou seja, o completo


desconhecimento acerca de determinado objeto. O erro é dividido em: acidental
erro sobre qualidade secundária da pessoa ou objeto, que não vicia o
ato jurídico, pois não incide sobre a declaração de vontade; essencial ou substancial refere-se
à natureza do próprio ato e incide sobre as circunstâncias e os
aspectos principais do negócio jurídico; este erro enseja a anulação do
negócio, vez que se desconhecido o negócio não teria sido realizado.

Dolo é o meio empregado para enganar alguém. Ocorre dolo quando o sujeito é induzido por outra
pessoa a erro.
Vícios Sociais
 Simulação :
Negócio simulado é aquele forjado pelas partes e que na verdade não existe, com o objetivo de
prejudicar terceiros. São atos praticados sempre com a cumplicidade de outrem, ou seja, são
bilaterais. Podem apresentar uma declaração de vontade intencionalmente discrepante da vontade
real ou um consentimento externo em harmonia com a vontade interna, mas que de qualquer modo
está em detrimento com a ordem jurídica. Ex: laranja

 Fraude contra credores :


A fraude contra credores é um ato praticado pelo devedor, com ou sem a cumplicidade de outrem,
com o objetivo de desfazer o seu patrimônio para impossibilitar o pagamento de suas dívidas,
prejudicando, portanto, os credores. Pode decorrer de uma simulação ou da realização de um
negócio de fato existente, porém anulável, segundo o art. 147, II, CCB.

O art. 171, Inc. II: são anuláveis os negócios jurídicos: "por vício resultante de erro, dolo, coação,
estado de perigo, lesão ou fraude contra credores”.

Atos Ilícitos
São atos que vão de encontro com o ordenamento jurídico, lesando o direito subjetivo de alguém.
Para que se configure o ato ilícito é mister que haja um dano moral ou material à vítima, uma
conduta culposa (dolo ou culpa “stricto sensu”) por parte do autor e um nexo causal entre o dano
configurado e a conduta ilícita.

Ilícito civil gera uma obrigação indenizatória pelos danos efetivos e, em alguns casos, pelo que a
vítima deixou de lucrar com o dano provocado.

Tal obrigação decorre da responsabilidade civil, que é a possibilidade jurídica que determinada
pessoa tem de responder pelos seus atos, sejam eles lícitos ou não. A responsabilidade pode ser
direta (responder pelos próprios atos) ou indireta (responder por atos de terceiros).

 Ato Jurídico Inexistente não constitui um ato propriamente dito, de vez que a
própria expressão ato inexistente constitui uma contradictio in adiectio.

 Ato Jurídico Nulo: Ato desprovido de requisitos substanciais ou que fere a norma
jurídica, sendo inquinado de ineficácia absoluta.

O Código Civil exige, no art. 82, para a validade do ato jurídico, agente capaz, objeto lícito e forma
prescrita ou não defesa em lei.

 Ato Jurídico Anulável : ato praticável em desatendimento a formalidades legais, e


que, embora ratificável, pode ser anulado por quem tenha interesse na sua ineficácia.

CC Art. 147: anulável o ato Jurídico, por incapacidade relativa do agente (art. 6º); por vício
resultante de erro, dolo, coação, simulação, ou fraude (arts. 86 a 113).
CC Art. 148. O ato anulável pode ser ratificado pelas partes, salvo direito de terceiro. A ratificação
retroage à data do ato”.

CC art. 152 estabelece: “As nulidades do art. 147 não tem efeito antes de julgadas por sentença,
nem se pronunciam de ofício. Só os interessados as podem alegar, e aproveitam exclusivamente aos
que as alegarem, salvo o caso de solidariedade, ou indivisibilidade”.

 Ato-Condição é necessário para que a lei possa ser aplicada. Pressupõem um imperativo
hipotético, cuja concretização depende da realização de certos atos voluntários ou, mesmo, fatos.
Ato-condições não se confunde com o ato jurídico em sentido restrito porque no ato-condição o
efeito jurídico, produzido pela aplicação de uma situação jurídica criada, ao passo que no ato
Jurídico em sentido estrito, à vontade daquele que pratica o ato que produz o efeito jurídico.

Negócio Jurídico
É uma espécie de Fatos humanos ou ATOS JURÍDICOS em sentido amplo na modalidade atos lícitos

Enseja efeitos jurídicos desejados pelo agente (“ex voluntate”). Ex: contrato, testamento

O negócio jurídico é todo ato decorrente de uma vontade auto regulada, onde uma ou mais pessoas
se obrigam a efetuar determinada prestação jurídica colimando a consecução de determinado
objetivo.

Como em todo ato jurídico, os efeitos do negócio jurídico são previamente instituídos pelas normas
de direito, porém, os meios para a realização destes efeitos estão sujeitos à livre negociação das
partes interessadas, que estabelecem as cláusulas negociais de acordo com suas conveniências, claro
que sem ultrajar Os limites legais.

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:


I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.

Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão
determinante.

Traduzindo: O falso motivo em um contrato será, em regra, irrelevante para a perfeição do negócio
jurídico

CLASSIFICAÇÃO
 negócio jurídico receptício é aquele em que a manifestação da vontade de uma parte deve estar
em consonância com a outra parte para que o negócio se constitua e produza efeitos. Há a
necessidade de duas vontades dirigidas em sentidos opostos, ou seja, à vontade de uma parte deve
ser direcionada à outra parte, que, por sua vez, deve recebe-la e manifestar suas intenções ao outro
interessado, produzindo então o acordo de vontades.
 negócios não receptícios são aqueles que se realizam com uma simples manifestação unilateral de
vontade, não havendo a necessidade de seu direcionamento a uma pessoa especifica para que se
plenifique e produza efeitos.

 “inter vivos” são aqueles que se realizam e se aperfeiçoam enquanto as partes estão vivas.
“Mortis causa” são aqueles cujos efeitos só são produzidos com o advento da morte de uma das
partes. E o caso dos testamentos ou dos contratos de seguro de vida.

Negócio jurídico oneroso é aquele em que as partes acordam uma prestação e uma contra
prestação pecuniária, produzindo, para ambas, vantagens e encargos.
negócio gratuito ou gracioso caracteriza-se pela presença de vantagens para somente uma das
partes, enquanto que para a outra há somente encargos.

Negócios solenes: são aqueles que, por sua própria natureza ou por disposição legal, exigem o
cumprimento de determinadas formalidades para que se configurem perfeitos.
Não solenes são aqueles que não exigem tais formalidades para se constituírem, apesar de,
geralmente, apresentarem forma apenas a título de prova de sua existência.

Estrutura dos Negócios Jurídicos


Consentimento
Sabemos que a presença da vontade é característica básica na formação de qualquer ato jurídico .
Porém, mister se faz a manifestação livre e consciente desta vontade, para que esta possa funcionar
de maneira a expressar a verdadeira intenção do agente a respeito do negócio que está realizando.
Caso isto não ocorra, caracterizam-se os chamados vícios do consentimento

Capacidade das partes


Se a vontade é pressuposto essencial para a existência dos atos jurídicos, conseqüentemente, a
possibilidade jurídica ou capacidade para manifestá-la também o será.
Dessa maneira, à vontade declarada por incapaz torna o negócio jurídico, a depender do grau da
incapacidade (absoluta ou relativa), nulo ou anulável.

CC, Art 145: É nulo o ato jurídico: I. quando praticado por pessoa absolutamente incapaz;…”.
CC, Art 147: É anulável o ato jurídico: I. por incapacidade relativa do agente;…”.

Isso não significa que os incapazes não podem figurar como sujeitos de uma relação jurídica negocial.
Participam indiretamente de tais relações através de seus representantes legais, no caso dos
absolutamente incapazes, ou de um assistente, quando se trata dos relativamente incapazes. Dessa
forma, a representação é a forma de suprimento da incapacidade absoluta, sendo a assistência a
maneira adotada pelo direito para a proteção dos relativamente incapazes.

Há casos, entretanto, em que a capacidade ordinária ou geral a qual se referem os arts. 5º e 6º do


Código Civil não é suficiente para conferir a possibilidade jurídica para uma pessoa manifestar
validamente seu consentimento. Nestas situações, estamos na seara da chamada capacidade
especial, que é exigida ao indivíduo devido à sua posição em relação ao objeto do ato negocial, ou
devido a determinadas circunstâncias relativas à própria situação da pessoa.

Liceidade do objeto
Para que o negócio jurídico possa realizar-se de forma perfeita e eficaz, o direito, além de exigir a
presença do consentimento e a capacidade das partes, pressupõe que a relação jurídica gire entorno
de um objeto lícito, ou seja, tolerado pelo ordenamento jurídico e pelos bons costumes. De maneira
que a presença de objeto ilícito é causa incontestável de anulação do negócio, conforme dita o art.
145, II, do Código Civil.

Idoneidade do objeto
Ainda nas considerações sobre o objeto da relação negocial, temos que, além de lícito, deve ser ele
idôneo, ou seja, passível de figurar como centro de uma relação jurídica. Assim, o objeto cuja
prestação for impossível de ser realizada tanto pelo devedor quanto por qualquer outra pessoa
normal gera a nulidade do ato ao qual pertence.

Forma
À vontade, para que possa dar eficácia ao negócio jurídico colimado pelas partes, deve ser
manifestada através de um meio determinado pela norma jurídica ou pelos próprios interessados.
São solenidades ou ritos que devem ser seguidos para que a vontade deixe o âmbito subjetivo e
passe a existir no mundo exterior ao individuo, gerando então efeitos jurídicos.
O nosso direito adota o princípio da forma livre para a validade das emissões volitivas na seara
negocial, conforme podemos apreender do art. 129 do Código Civil.

Porém, esse mesmo artigo põe a salvo os negócios cuja forma é previamente determinada pela lei,
não se admitindo para a validade destes atos qualquer outro tipo de meio para a exteriorização da
vontade senão aquele imposta pela norma legal.

Dessa maneira, a regra é que os negócios jurídicos reputam-se válidos mediante qualquer
instrumento de manifestação volitiva, e a exceção que determinado ato só serão considerados
existentes caso observem a forma especial a eles determinada pela norma jurídica.

A forma nos negócios jurídicos pode ser determinada pela lei (campo dos negócios solenes, ou seja,
aqueles que exigem o cumprimento de determinadas solenidades para sua configuração jurídica) ou
pelos próprios interessados de maneira autônoma.

Atenção: Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem,
e não for necessária a declaração de vontade expressa.
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do
tempo.

Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro.

Elementos Acidentais Ou Modalidades


Condição
CC art. 114: “considera-se condição a cláusula, que subordina o efeito do ato jurídico a evento futuro
e incerto”.

O legislador não poderia ser mais claro ao definir a condição, que, ao incidir sobre a eficácia
(capacidade de produzir consequências de direito) do negócio jurídico, deixa seus efeitos
dependentes de um acontecimento futuro que pode ou não se realizar.
Para que haja condição, o acontecimento, além de futuro e incerto, deve ser possível física e
juridicamente. A impossibilidade física da realização de determinado acontecimento gera a
invalidação da condição, porém, mantém o negócio ileso, devendo ignorar a existência da cláusula
condicional impossível, para que possa produzir efeitos desde sua formação.

TIPOS:

 CONDIÇÃO SUSPENSIVA – CC, Art. 118: “subordinando-se a eficácia do ato à


condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.
Ao se observar o fato condicionante, permite que o ato passe a produzir seus efeitos normais

Exemplo: doação (sujeita a uma condição suspensiva). Não há aquisição imediata do direito, que
ocorre somente quando da implementação da condição (casamento). A condição é cláusula que
condiciona a eficácia de negócio jurídico a evento FUTURO e INCERTO. A doação somente
terá eficácia se e quando Fábio e Carla se casarem. Logo, trata-se de um direito eventual. E ao titular
de direito eventual, pendente de condição suspensiva, é permitido praticar atos destinados a
conservá-lo.

 CONDIÇÃO RESOLUTIVA - é o contrário da suspensiva. Quando se dá o


acontecimento previsto por ela, cessa todos os efeitos que o negócio já produzia desde sua
formação.

TERMO
Termo é todo evento futuro e certo ao qual ficam subordinados os efeitos decorrentes do negócio
jurídico.
Aliás, a diferença básica entre termo e condição é justamente a certeza do acontecimento futuro
que, no caso do termo, deve existir necessariamente.

Nos negócios a termo é comum o aparecimento de um termo inicial, que corresponde ao dia em que
o negócio começará a produzir seus efeitos ordinários. Possui, portanto, características suspensivas,
pois deixa os efeitos do ato suspensos até a chegada da data acordada pelas partes. Contudo, o
termo inicial não corresponde ao dia em que os direitos das partes serão adquiridos, e sim, ao marco
inicial para a possibilidade do exercício destes direitos, estes existindo desde a formação do ato. E o
que encontramos disciplinado no art. 123 do Código Civil.

Também é comum o advento do chamado termo final, que nada mais é do que o dia marcado pelas
partes para o rompimento dos efeitos jurídicos do negócio, possuindo, com efeito, características
resolutivas.

Prazo é o lapso de tempo existente entre o termo inicial e o final. Assim, quando alguém compra um
automóvel e divide o pagamento em prestações, o termo inicial corresponderá ao dia acordado para
o pagamento da primeira prestação e o termo final à data para a efetuação da última parcela, sendo
o prazo o tempo que decorrer entre a primeira prestação e a última.

MODO OU ENCARGO
Modo é a determinação acidental que, quando aparece no negócio, restringe o direito ou as
vantagens auferidas por uma das partes, na medida que institui uma ou mais obrigações ao
adquirente do direito, em favor da outra parte, de terceiros ou de uma generalidade de pessoas.

Geralmente aparecem nos chamados negócios graciosos como a doação e o testamento ou legado.

Apresenta-se sob a forma de um compromisso ou uma prestação imposta à parte beneficiada pelo
negócio e que deve ser observada, sob pena do desfazimento do ato.

O modo, entretanto, é diferente da condição, na medida em que esta suspende a aquisição do direito
até que se realize determinado evento (condição suspensiva), porém, ao ser adquirido, o direito
torna-se pleno. Ao passo que, ao contrário da condição, o encargo permite a aquisição do direito
desde a formação do ato, porém restringindo-o a uma determinada obrigação que deve ser
observada pelo adquirente.

“Do contrato consigo mesmo”


O contrato consigo mesmo (autocontrato) ocorre quando alguém figura em um contrato de um lado
como parte interessada do negócio e de outro lado representando outra pessoa. Ou seja, a mesma
pessoa emite duas vontades: como representante e ao mesmo tempo sendo a outra parte no
negócio jurídico.
O autocontrato também pode ocorrer de forma indireta. Por ex:

(FGV / TCE-RJ – 2015) Augusto conferiu mandato, com poderes representativos, a Angélica, com a
finalidade de venda de um imóvel do mandante. Em seguida, a mandatária substabeleceu os
poderes para Semprônio. O substabelecido, por sua vez, vendeu o bem para Angélica e repassou o
preço para Augusto, que reagiu, tendo em vista a confiança depositada na mandatária

Nesse caso o representante atua declarando duas vontades, porém por meio de uma interposta
pessoa que lhe foi substabelecida. Ou seja, o representante transfere a outrem, os poderes que lhe
foram outorgados pelo representado, com o objetivo de celebrar contrato consigo mesmo.

Em princípio essas situações não podem ocorrer, salvo se houver autorização da lei ou do
representado. Como a regra geral é a não admissibilidade, para efeitos de anulabilidade há a
presunção relativa (juris tantum) de que quem celebra o negócio consigo mesmo o faz em conflito de
interesses entre o representante e o representado.

Segundo se extrai da questão, o substabelecido (Semprônio) vendeu o bem à própria mandatária dos
poderes da procuração (Angélica), sendo que o mandante (Augusto) se insurgiu contra isso, tendo-se
em vista a confiança depositada em Angélica. De fato, trata-se de situação que pode anular o
negócio jurídico, pois conforme se depreende da questão, não houve autorização do mandante.

Qual o problema disso? Não é ilógica, me dá um mandado pra vender tua casa por 500 mil reais, dae
vendo a mesma mim por 10 mil e um chocolate da Nestlé. (comentário da questão)

Prevê o art. 117, CC, “Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o
representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo”. Completa o
parágrafo único (e aqui está a resposta da questão): “Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo
representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem
sido subestabelecidos”.
Ato-fato Jurídico

O ato-fato jurídico é um elemento curioso e importante para grande parcela da doutrina.


Aqui, o ato humano (ação ou omissão) nasce e gera efeitos jurídicos.
Contudo, a vontade humana é irrelevante juridicamente para a existência do ato.
Curioso, porque, no ato-fato jurídico, a relevância está na consequência do ato, sendo irrelevante a
vontade do agente.
Em outras palavras, o elemento volitivo não é essencial para o ato-fato jurídico.
Há, segundo a doutrina, três espécies de atos-fatos jurídicos:

Atos-fatos jurídicos reais (ou materiais);


Ato humano com eficácia jurídica, como a ocupação, a caça, a pesca, que independem da
capacidade/legimitidade (o peixe pescado pelo menor de 16 anos lhe gera direito de propriedade)

Atos-fatos jurídicos indenizativos;


Ato humano lícito que gera prejuízo a terceiro e consequente dever de indenizar, como o exercício
regular de direito ou o estado de necessidade que gera dano a terceiro

O art. 188, II, do Código Civil, por exemplo, dispõe que é lícito “a deterioração ou destruição da coisa
alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente”.
Entretanto, o art. 929 do mesmo diploma garante ao ofendido o direito de indenização do prejuízo
que sofreu, exceto se deu causa ao perigo.
Imagine, por exemplo, que, para desviar de João que estava no meio da Rua, Paulo invade com
veículo a casa de Francisco, causando-lhe dano materiais.
Neste caso, Francisco poderá ajuizar ação de reparação de danos contra Paulo (art. 929 do CC/02).
Apenas para fins didáticos, é importante destacar que Paulo, para proteger-se, poderá, no mesmo
processo, utilizar o instituto da denunciação da lide (art. 125, II, CPC).
Poderá, também, aguardar o resultado da demanda para ajuizar ação regressiva contra João (art. 930
do CC/02).

Atos-fatos jurídicos caducificantes.


Fatos jurídicos de eficácia extintiva, determinados em razão da passagem do tempo,
independentemente da vontade do titular quanto ao fluir temporal, como a prescrição, a decadência
e a usucapião

O ato humano, aqui, enseja, como consequência, a extinção de um direito. O ato humano, neste
exemplo, é a omissão.
Observe que pouco importa o elemento volitivo (vontade de omitir-se). O direito, aqui, está
preocupado com o resultado (extinção do direito).

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
Pontos simplificados pelo CC/2002: não há prazo prescricional que não em anos. Se o prazo em
questão for em dias ou meses, certamente será decadencial; se for em anos, pode ser prescricional
ou decadencial
 os prazos prescricionais estão concentrados nos arts. 205 e 206, ao passo que os prazos
decadenciais se encontram espalhados pelo Código. Assim, salvo algumas exceções, os prazos
prescricionais são os prazos dos arts. 205 e 206, ao passo que os demais prazos são decadenciais

Chiovenda divide os direitos subjetivos em dois:

Direitos a uma prestação

 Objetiva um bem da vida, obtido mediante uma prestação de um sujeito passivo. Nesse caso
haveria pretensão
 Ex: o pagamento (eu quero receber, mas o outro tem de me pagar; sem uma ação dele, nada
consigo)
 Segundo Pontes de Miranda, pretensão é o poder de exigibilidade de que se reveste um direito

Direitos potestativos
 Sujeição de outrem a uma alteração de sua situação jurídica por influência minha,
independentemente de vontade dele.
 Ex:, o divórcio (eu quero me divorciar e ponto, o outro nada pode fazer) e a revogação de doação
(eu revogo o que doei e ponto, o donatário nada pode fazer)
 Nesses casos não há contraprestação alguma. A forma de exercício do direito potestativo é
variável, porém:
1. Alguns direitos potestativos se exercitam mediante simples declaração de vontade, como,
por exemplo, revogar mandato, aceitar herança, aceitar proposta de contrato
2. Outros se exercitam do mesmo modo, mas dependendo de apelo judicial em caso de
resistência, como, por exemplo, revogar a doação, anular a doação ao cônjuge adúltero, resgatar o
imóvel com cláusula de retrovenda
3. Outros só mediante ação, dada a relevância da sujeição, como, por exemplo, ações de
estado (paternidade, maternidade, negatória), invalidar casamento, interdição

Existem 3 tipos de ações:

Condenatórias - Objetivam obter uma prestação (positiva ou negativa). Podem ser: condenatórias
(stricto senso), mandamentais e executórias
Constitutivas - Servem para a criação, modificação ou extinção de um estado jurídico
Declaratórias - Servem para aclarar uma “verdade jurídica”, ou seja, conseguir do Judiciário uma
declaração confirmando o que eu digo

A prescrição atinge a pretensão material, a possibilidade ainda que somente potencial de exigir. Por
isso, segundo Agnelo Amorim Filho, somente nos direitos em que há prestação se pode falar em
prescrição; nos direitos potestativos, que não trazem em si uma prestação, não há prescrição.
Portanto, todas as ações condenatórias – e somente elas – estão sujeitas à prescrição

Nos direitos potestativos, ao contrário, não há prazo geral, mas apenas prazos especiais; pelo que, se
prazo não há, o direito é imprescritível. Se há prazo, o direito se extingue, e não apenas a pretensão.
Ou seja, a decadência trata do não-uso do direto por determinado lapso de tempo. Portanto, os
direitos potestativos são os únicos que podem ter prazo decadencial estabelecido em lei e as ações
constitutivas que têm prazo fixado em lei – e somente elas – implicam decadência.
Já nas ações declaratórias não se quer nem um bem da vida nem sujeitar alguém, não diretamente,
ao menos. O que se quer é uma “certeza jurídica”, ou seja, mero respaldo judicial para um fato
jurídico, como a declaração de união estável. Ora, se bem da vida ou sujeição não há, não é
necessário se realizar pacificação social por meio de “prazo” prescricional ou decadencial.
As consequências de uma ação declaratória, porém, podem ser objeto de prescrição ou decadência
(se forem condenatórias ou constitutivas). Exemplo é o documento falso que deu base para uma
aquisição viciada por erro; há prazo para se apontar a falsidade do documento.
Nesse sentido, o Enunciado 536 do CJF determina que resultando do negócio jurídico nulo
consequências patrimoniais capazes de ensejar pretensões, é possível, quanto a estas, a incidência
da prescrição. De maneira mais técnica, ao se pretender a declaração de nulidade de um negócio
jurídico, que não se sujeita à caducidade, os efeitos patrimoniais podem já ter prescrito.
Igualmente, há ações constitutivas que não têm prazo especial fixado em lei: ações de perpétuas. Nós
as chamamos geralmente de imprescritíveis. Cuidado, porém, pois quando se fala imprescritível se
quer dizer que não sofre nem prescrição, nem decadência! Portanto, todas as ações declaratórias e
as ações constitutivas que não têm prazo em lei fixado são imprescritíveis.
Com isso, podemos chegar à conclusão abaixo:
DECORAR para a prova!

A decadência:
 não se impede (não evita o termo inicial do fluxo do tempo),
 não se interrompe (rompe o fluxo, mas não se reinicia),
 não se suspende (não se detém temporariamente o fluxo de tempo)
 nem se renuncia (o fluxo temporal não pode ser “adiantado” e terminar por escolha).

Por que? inação, inércia! Como a pessoa permanece inerte, seu direito pode prescrever com o
transcurso do tempo. Porém, por vezes, a inércia do titular não pode ser imputada a ele mesmo, pelo
que não é conveniente permitir a ação do tempo.
A renúncia à decadência é, em regra, vedada. No entanto, atente para o art. 209 do CC/2002, que
estabelece que é nula a renúncia à decadência fixada em lei. Ou seja, possível é se renunciar à
decadência convencional, mas não à legal

A prescrição, ao contrário, se impede, se interrompe, se suspende e se renuncia

 os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes (art. 192)
 pode-se renunciar à prescrição, expressa ou tacitamente, mas a renúncia só valerá, sendo feita,
sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar, segundo o art. 191. A renúncia à
prescrição pode ser feita judicialmente ou extrajudicialmente. Em qualquer caso, ela deve ser
inequívoca.

 Como se trata de contradireito, a prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição,
pela parte a quem aproveita, segundo o art. 193 do CC/2002. Há um detalhe aí, no entanto. Em que
pese o art. 193 determinar a possibilidade de se alegar a prescrição em qualquer grau de jurisdição,
pela parte a quem aproveita, as coisas não são tão simples. A prescrição não pode ser arguida em
sede recursal extraordinária se não suscitada previamente nas instâncias ordinárias.

Ou seja, incabível alegar a prescrição em Recurso Extraordinário ao STF (art. 102, inc. III da CF/1988 c/c Súmula
279 do STF), Recurso Especial ao STJ (art. 105, inc. III da CF/1988 c/c Súmula 7 do STJ), Recurso de Revista ao
TST (art. 896 da CLT c/c Súmula 297 do TST) ou Recurso Especial ao TSE (art. 121, §4º da CF/1988 c/c Súmula
72 do TSE) se não tiver sido suscitada ela em instância ordinária
 Prescrição e decadência legal passaram a poder ser reconhecidas de ofício pelo magistrado.
 a única hipótese de impossibilidade de conhecimento ex officio de caducidade ficou com a
decadência convencional
 Uma vez iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor a prescrição, por previsão
expressa do art. 196. Assim, por exemplo, a morte da pessoa não suspende nem interrompe a prescrição já em
curso contra o falecido

Prescrição Decadência
Pode renunciar Não se renuncia
Pode ser alegada apenas pelo Pode ser alegada por outrem (MP)
interessado
Pode ser conhecida de ofício pelo Deve ser conhecida de ofício pelo juiz
juiz
Admite suspensão e interrupção Não suspende nem interrompe
 o início do prazo prescricional ocorre com o surgimento da pretensão, que decorre da
exigibilidade do direito subjetivo. Isso ocorre, em regra, aos casos em que a pretensão nasce
imediatamente após a violação do direito absoluto ou da obrigação de não fazer. Inversamente,
necessário invocar a exceção que determina o início da fluência do prazo prescricional com o
conhecimento da violação ou da lesão de um direito subjetivo pelo titular.
Há, aí, prestígio ao princípio da boa-fé objetiva e ao princípio geral do direito contra non valentem
agere non currit praescriptio, ou seja, a prescrição não corre contra quem não pode agir

CAUSAS DE IMPEDIMENTO E SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO


Causas de impedimento:
o art. 197 - não corre a prescrição

I- entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;

 não corre a prescrição entre os companheiros, na constância da união estável

II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;

 corre prescrição contra o menor emancipado

III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.

o art. 198 - não corre a prescrição

I - contra os incapazes de que trata o art. 3º;

NÃO corre contra os absolutamente incapazes  menores de 16 anos!

 corre prescrição contra os maiores de 16 anos e menores de 18 anos, contra os ébrios habituais,
contra viciados em tóxicos, contra os que por causa transitória ou permanente não podem
exprimir sua vontade e contra os pródigos

II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;

III- contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

o art. 199 - não corre a prescrição

I - pendendo condição suspensiva;


II - não estando vencido o prazo;
III - pendendo ação de evicção.

Atenção: Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor

DIFERENÇA: No impedimento, a prescrição nunca correu; na suspensão, inversamente, ela


começou a correr, mas parou
 SUSPENSÃO para e recomeça de onde parou
 INTERRUPÇÃO para e recomeça do zero novamente
Nos casos de impedimento, está impedido de fluir um prazo prescricional que ainda não se iniciou,
se verificada algumas das condições de impedimento, desse modo o prazo começa a correr quando
cessar a cauda de impedimento, esse prazo inicia-se do zero.
A suspensão acontece nos casos em que o prazo prescricional já se iniciou, desse modo após início
nota-se a presença de uma condição suspensiva, então o prazo já iniciado é suspenso, mantendo-se
assim até que cessa a causa de suspensão, cessada o prazo continua a correr de onde parou, ou seja
não se retoma do zero como ocorro no impedimento

Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover
no prazo e na forma da lei processual;
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores;
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito
pelo devedor.

Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu,
ou do último ato do processo para a interromper.

 os casos de suspensão da prescrição são justificados por circunstâncias pessoais do titular. (A


pessoa fica, efetivamente, inerte, é inegável. Mas não podemos culpá-la por isso, já que uma
circunstância subjetiva razoável se aplica àquela situação)

Ex: cônjuges. Você vende seu carro a uma pessoa, eventualmente a conhece melhor e com ela se casa; você cobraria o
valor da última parcela que a pessoa deixou de pagar? Não! Por isso, nós suspendemos a prescrição e, se você um dia se
divorciar, pode requerer o valor da parcela atrasada.

 as causas suspensivas da prescrição constituem rol aberto (numerus apertus),

STJ: suspensão da prescrição da pretensão do segurado contra o segurador enquanto o pedido


administrativo não lhe é respondido. Não há, no CC/2002, essa suspensão, que é reconhecida pela
jurisprudência, no entanto

 Os casos de interrupção da prescrição são justificados pela ausência de inércia do titular (que
age, mas precisa provar que agiu, que não ficou inerte).

 o rol das causas interruptivas da prescrição constitui rol fechado (numerus clausus).

PRAZOS:

 Se não houver a lei fixado prazo menor, a prescrição ocorre em dez anos, segundo o art. 205.

 O art. 206, por sua vez, estabelece a maioria dos casos de prescrição com prazo.

DECORAR:

Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.

Art. 206. Prescreve:

§ 1 o Em UM ANO:

I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio


estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo:
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para
responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza,
com a anuência do segurador;
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;
III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela
percepção de emolumentos, custas e honorários;
IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital
de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo;
V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o
prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.

§ 2 o Em DOIS ANOS, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se
vencerem.

§3 o Em TRÊS ANOS:

I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;


II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias;
III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em
períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
V - a pretensão de reparação civil (vem desse artigo aqui: Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça,
ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções
previstas em lei)
VI- a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da
data em que foi deliberada a distribuição;
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado
o prazo:
a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;
b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao
exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembléia geral que dela deva
tomar conhecimento;
c) para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violação;
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas
as disposições de lei especial;
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro
de responsabilidade civil obrigatório.

§ 4 o Em QUATRO ANOS a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.

§ 5 o Em CINCO ANOS:
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular;
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores
pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos
contratos ou mandato;
III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.

Resumindo:

 1 ano: Seguro, Hospedagem, custas judiciais no geral e a pretensão dos credores não pagos
contra os sócios ou acionistas
 2 anos: prestações alimentares
3 anos: aluguéis, rendas temporárias ou vitalícias, a pretensão para haver juros, dividendos(Títulos
de renda pré/pós fixados), reparação civil, pagamento de título de crédito (Cheque
tem prescrição própria de 6 meses), beneficiário contra o segurador
 4 anos: pretensão relativa à tutela
 5 anos: A pretensão de cobrança de dívidas
 10 anos: Se não fixado:

DECADÊNCIA
Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem,
suspendem ou interrompem a prescrição, nos termos do art. 207 do CC/2002.

A decadência:
 não se impede (não evita o termo inicial do fluxo do tempo),
 não se interrompe (rompe o fluxo, mas não se reinicia),
 não se suspende (não se detém temporariamente o fluxo de tempo)
 nem se renuncia (o fluxo temporal não pode ser “adiantado” e terminar por escolha).

OU SEJA, A decadência convencional (aquela que possui um caráter de ordem privada, mediada sob
acordo entre as partes em um negócio jurídico) é PERMITIDA, pode ser acordada e alterada pelas
partes

ps: Já a prescrição não pode ser alterada pelas partes!!! não está disposta a alteração ou convenção
das partes, com a vedação expressa trazida pelo art. 192 do Código Civil, tratando que: “Os prazos de
prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.”.

Imagine que eu alugue uma loja de uma mulher e ela bata no meu carro. Se eu me casar com ela, para tudo? Mais ou
menos.

O prazo para a propositura da ação de indenização será suspenso, por aplicação do art. 197, inc. I, do Código Civil.
Lembre-se que ao pedir ao juiz para que ela me indenize ele vai condenar ela, pelo que a ação é condenatória, sujeita a
prazo prescricional.

O prazo para a propositura da ação renovatória de aluguel, porém, não se suspenderá, porque o art. 197, inc. I, do Código
Civil não se aplica. Lembre-se que ao pedir ao juiz para que ela renove o contrato ele vai constituir uma nova relação
locatícia, pelo que a ação é constitutiva, sujeita a prazo decadencial. Em resumo, no primeiro caso, 30 anos depois eu
ainda estou no prazo para propor a ação de indenização. No segundo, não, terei perdido o prazo há três décadas.

A exceção prevista no CC/2002 fica por conta dos incapazes, cujo prazo decadencial não corre
(situação de impedimento da decadência), por aplicação do art. 208:

Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I.

O segundo adendo diz respeito ao art. 26, §2º, cs.


in I e III, do CDC. Segundo esses dispositivos: obsta-se
a decadência a respeito do direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação
quando:
a) da comprovada reclamação feita pelo consumidor ao fornecedor de produtos e serviços até a
resposta negativa inequívoca;
b) do encerramento de inquérito civil instaurado em decorrência do evento.

Ou seja, o CDC prevê duas hipóteses de suspensão da decadência, de maneira extraordinária.

Como não se impede, suspende ou interrompe a decadência, não pode, igualmente, renunciar-se a
ela, sob pena de nulidade, segundo o art. 209 do CC/2002. Por isso, deve o juiz, de ofício, conhecer
da decadência, quando estabelecida por lei, consoante leciona o art. 210. Novamente, lembre,
exceção é o caso de decadência convencional, em que somente a parte a quem aproveita a pode
alegar, e em qualquer grau de jurisdição, mas não o juiz, conforme estabelece o art. 211.

 apesar dos 205 e 206 terem concentrado a quase totalidade de prazos prescricionais, relegando
aos demais dispositivos os prazos decadenciais, não obstante, o legislador se omitiu quanto à vasta
Legislação Civil Especial

CONSIDERAÇÕES:

O não exercício do direito não gera o perdão. O Perdão do ofendido é nos casos em que a pessoa
que sofreu a ofensa desiste de avançar com a ação penal privada, desculpando o indivíduo que que
praticou a ofensa, esse instituto pode ser aplicado antes do trânsito em julgado da sentença penal
condenatória

ATENÇÃO: dado que os direitos da personalidade têm como característica a intransmissibilidade e


irrenunciabilidade, porém NÃO SÃO IMPRESCRITIBILIDADE!!!!

(Art. 11 do CC: Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária)

Cuidado quando a questão falar que “não prospera a pretensão porque x era menor/incapaz”

o fato de ser menor, de ser absolutamente incapaz na época dos fatos, não impede que prospere a
pretensão pois, conforme trata o art. 932 do Código Civil, os pais serão responsáveis por arcar com a
pretensão acometida contra seu filho. Portanto, a pretensão ocorrerá normalmente contra o absolutamente
incapaz, devendo os pais ou responsáveis legais responderem civilmente (o que não dá é ajuizar ação
diretamente contra o menor)
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob
sua autoridade e em sua companhia

QUESTÃO QUE EXPLICA BASTANTE


(FGV – SEFAZ-ES – Auditor Fiscal – 2021) Em 30 de janeiro de 2015, Ricardo devolve a Rita, o imóvel
que dela havia alugado. Os contratantes extinguiram a locação, com a ressalva da dívida de um mês
de aluguel, que Ricardo se obrigou a pagar em 10 de fevereiro seguinte. Rita nada fez para receber
seu crédito, ante dificuldades financeiras de Ricardo. Em 10 de março de 2021, Ricardo recebeu um
computador em contraprestação a trabalho desenvolvido e resolveu entregá-lo no mesmo dia à Rita,
de modo a extinguir a obrigação decorrente da locação. Embora seja de valor inferior ao crédito,
Rita recebe o objeto dando quitação sem ressalva a Ricardo. Todavia, após alguns dias do
recebimento, Rita recebe oficial de justiça em sua residência, o qual, munido de mandado de busca e
apreensão expedido em cumprimento de sentença, leva o computador, que pertencia a terceiro.
Diante destes fatos, assinale a afirmativa correta

EXPLICAÇÕES:

 Primeiro de tudo: ele deu um bem e foi pego esse bem de volta. Isso se chama: EVICÇÃO ( Perda
sofrida pelo adquirente de algum bem, em virtude de reivindicação judicial promovida pelo
verdadeiro dono)
 ali, não se trata de doação, e sim dação. CC art. 356: “O credor pode consentir em receber
prestação diversa da que lhe é devida”. Ela aceitou o computador como pagamento pelo aluguel =
dação.

 Não estava mais dentro do prazo prescricional. art. 206 do CC: Prescreve: Em três anos:a
pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos.

 aqui vem o pulo: Apesar de já estar prescrita a obrigação de Ricardo [art. 206 do CC: Prescreve:
Em três anos:a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos], ao quitar a dívida com o
computador, ele renunciou à prescrição, (ou seja, ele estava “beneficiado” pela prescrição, mas foi
querer mexer no que já tava quieto e dar o computador pra quitar ele “acordou a prescrição” e
voltou a contar) ou seja a obrigação original se restabelece. (ele voltou a dever o último aluguel).

Com a evicção sofrida por Rita (ou seja, teve uma ação judicial obrigando a devolver o bem pro tal
terceiro, verdadeiro dono) abre-se um novo prazo prescricional da dívida, visto que essa última a
partir de então voltou a vigorar.

Art. 359, CC: Se o credor [RITA] for evicto [PERDEU O BEM EM VIRTUDE DE REIVINDICAÇÃO JUDICIAL
PROMOVIDA PELO VERDADEIRO DONO] da coisa recebida em
pagamento [COMPUTADOR], restabelecer-se-á a obrigação primitiva [RICARDO VOLTA A DEVER O
VALOR DO ALUGUEL, JÁ QUE COM A DAÇÃO EM PAGAMENTO DO COMPUTADOR, ESTE RENUNCIA A
PRESCRIÇÃO] ficando sem efeito a quitação dada [MESMO QUE TENHA DADO O COMPUTADOR EM
PAGAMENTO, ESTE FOI APREENDIDO PELO OFICIAL], ressalvados os direitos de terceiros.

Curiosidade: Efeito liberatório, ou seja, o débito que existia para com o credor original extingue-se .

RESPOSTA: Ainda que consumado o prazo prescricional, a dação em pagamento, diante da evicção,
importa em renúncia à prescrição.
Mineração S/A contratou seguro de responsabilidade civil com Seguradora S/A, que tinha como
objeto a garantia de indenização por eventuais danos ambientais que a contratante viesse a
ocasionar. Dentre as cláusulas contratuais, as partes estabeleceram, sob pena de perda da garantia,
que na hipótese de ocorrência de qualquer dano passível de indenização, Mineração S/A deveria
comunicar o ocorrido em até 30 (trinta) dias. Também ajustaram reduzir os prazos prescricionais
pela metade, tudo com o intento de adequar o valor do prêmio.
(1) "Na hipótese de ocorrência de qualquer dano passível de indenização, Mineração S/A deveria
comunicar o ocorrido em até 30 (trinta) dias.". É permitido às partes convencionar prazo
decadencial, desde que a lei não o faça  art. 209, CC: "É nula a renúncia à decadência fixada em
lei."
(2) "Também ajustaram reduzir os prazos prescricionais pela metade, tudo com o intento de adequar
o valor do prêmio." Isso cai em toda prova. REPITA COMIGO: PRAZOS PRESCRICIONAIS NÃO PODEM
SER ALTERADOS POR ACORDO DAS PARTES, (É matéria de ordem pública),  art. 192, CC.

Obrigações: características, espécies, transmissão, adimplemento, extinção e


inadimplemento

DAS OBRIGAÇÕES:
Conceito

O direito das obrigações é a parte que estuda os vínculos jurídicos criados entre pessoas em que o
patrimônio do devedor poderá responder por seu inadimplemento.

O Direito Obrigacional, também chamado de Direito de Crédito ou de Direito Pessoal, é um gênero


que comporta duas espécies, sendo estas:

 Direito pessoal de conteúdo extra patrimonial, como no caso do direito da personalidade


(honra, liberdade, moral) e de família; e

 Direito pessoal de conteúdo patrimonial, que é o caso das obrigações.

Dessa forma, pode-se dizer que o Direito das Obrigações é o complexo de princípios e normas
jurídicas de natureza patrimonial que vincula o sujeito passivo ao sujeito ativo, tendo o primeiro que
cumprir em favor do segundo uma prestação de dar, fazer ou não fazer alguma coisa. Ou seja, uma
pessoa tem o dever de prestar e a outra o direito de exigir tal prestação.

Relações Jurídica, desde seu nascimento até a morte, o homem se acha envolvido em imensa teia de
relações sociais, muitas das quais a lhe imporem direitos e deveres.
Quando, numa relação jurídica, os direitos e deveres das partes são recíprocos, tal relação chama-se
complexa; quando apenas uma das partes tem direito, e a outras obrigações, a relação chama-se
simples. Por outro lado, se num dos pólos da relação jurídica acha-se o Estado, dotado de seu poder
de império, haver relação jurídica de direito público.

Elementos Constitutivos das Obrigações

podem ser subjetivos, objetivos ou abstratos.

 Os elementos subjetivos constitutivos da obrigação, dizem respeito as partes envolvidas na


relação obrigacional, sendo elas o sujeito ativo determinado ou determinável, também chamado de
credor e sujeito passivo determinável ou determinado, também chamado de devedor. Tais partes
compõe a obrigação.

 Já os elementos objetivos, por sua vez, são aqueles relacionados ao objeto da obrigação, sendo
esse objeto sempre uma prestação de dar, fazer ou não fazer alguma coisa, ou seja, caracteriza-se
por uma conduta que deve ser desenvolvida pelo sujeito passivo a favor do sujeito ativo.

A prestação de dar, fazer ou não fazer, é o objeto da obrigação e essa só possui esses três tipos de
objetos que se dá pela conduta das partes. Importante ressaltar que o objeto da obrigação
diferencia-se do objeto da prestação.
Finalmente, o elemento abstrato ou espiritual constitutivo das obrigações é o elemento que vincula
o sujeito passivo ao ativo. É o vínculo jurídico patrimonial.

Tal elemento se divide em duas partes, são elas o débito (schuld) e responsabilidade civil (haftung),
podendo na maioria das vezes se coincidirem na mesma pessoa.

O Código Civil de 2002 adotou a teoria que entende existir dois momentos distintos no direito
obrigacional: o primeiro é a obrigação propriamente dita (schuld – debitum) e o segundo é o
momento da responsabilidade civil que deriva da obrigação (haftung – responsabilidade).
Modalidades das Obrigações
É possível classificar uma obrigação quanto:
1. Ao objeto;
2. Aos elementos;
3. Ao conteúdo ou finalidade;
4. À exigibilidade;
5. Aos elementos adicionais;
6. Ao momento em que se devem ser cumpridas
7. Reciprocamente consideradas;
8. Obrigações com cláusula penal; e
9. Obrigações propter rem.

Quanto ao objeto a obrigação pode ser


(i) de dar,
(ii)de fazer ou
(iii)de não fazer.

 A Obrigação de dar é uma obrigação positiva, chamada pelos romanos de obligationes dândi,
assumindo as formas de entrega ou restituição de determinada coisa pelo devedor ao credor.

A Obrigação Positiva de dar é aquela cujas prestações consiste na entrega de uma coisa móvel ou
imóvel, seja para constituir um direito real, seja somente para facultar o uso, ou ainda, a simples
detenção, seja, finalmente, para restituí-la ao seu dono.

Tal definição compreende duas espécies de obrigações: a de dar, propriamente dita, e a de restituir.

O devedor não se desobriga, nesta relação jurídica, oferecendo outra coisa, ainda que mais valiosa.
Se a coisa a dar é certa, nela se compreendem os seus acessórios, ainda que se achem, no momento,
dela separados, salvo se, na convenção, o devedor foi eximido desse encargo. A obrigação positiva de
dar pode estar fundada em coisa certa ou em coisa incerta. Na obrigação de dar coisa certa, o credor
não está obrigado a receber outra coisa, mesmo que seja mais valiosa. O devedor entregar ou
restituir o bem ao credor, sem que se permita qualquer modificação no objeto da prestação.
Assim, na compra e venda, que gera obrigação de dar para ambos os contratantes, a do vendedor é
cumprida mediante entrega da coisa vendida, e a do comprador, com a entrega do preço. Tais atos
de entregar ou restituir podem ser resumidos em uma única palavra, sendo esta “tradição”.

A tradição é a entrega da coisa ao comprador (adquirente), com a intenção de lhe transferir a sua
propriedade ou a posse.

A obrigação de dar pode ser: relacionada a uma coisa certa ou incerta.

Coisa certa: é a coisa individualizada, que se distingue das demais por características
próprias, móvel ou imóvel. Há indicação de gênero, quantidade e qualidade. É aquela determinada.

Dessa forma, se alguém se obriga a dar coisa certa, deverá cumprir tal obrigação. Tal regra é seguida
a risca pelo Código Civil que, em seu artigo 313: “o credor não é obrigado a receber do sujeito
passivo, devedor, coisa diversa da que foi acordada, ainda que mais valiosa.”
Caso haja o perecimento do objeto, ou seja, a destruição da coisa que corresponde a perda total
sem culpa do devedor, o proprietário da coisa sofre as consequências do perecimento, ou seja, volta-
se à estaca zero e o vendedor tem que devolver ao adquirente o recebido pela prestação resolvendo
a obrigação.

Se houver culpa por parte do sujeito passivo a obrigação será resolvida devolvendo ao sujeito ativo o
valor pago mais perdas e danos.

Questão:

Silvio, fazendeiro e criador de gado de leite, arrendou um touro premiado para usar na reprodução
de suas vacas leiteiras. Acontece que, apesar do zelo com o qual cuidou do animal, fortes chuvas que
atingiram a região causaram a destruição das benfeitorias e morte de diversos animais, entre os
quais o animal arrendado. É correto afirmar que, em decorrência desse fato:

Resposta: resolve-se o contrato, arcando o proprietário com o prejuízo decorrente da perda do


touro.

Na questão foi pactuado um contrato de arrendamento. Nela ajusta-se uma obrigação de dar (no
caso restituir) coisa certa (o touro premiado). Perecendo este antes da tradição (ou seja, antes da
restituição) e não havendo culpa do devedor (a questão deixou claro que ele cuidou do animal com
muito zelo), o credor (proprietário do touro) sofrerá com a perda e a obrigação se extinguirá,
ressalvados os seus direitos até o dia da perda (art. 238, CC). Trata-se da aplicação da regra “res
perit domino” (a coisa perece para o dono). Conclusão: resolve-se (extingue-se) a obrigação, sendo
que o credor (proprietário da coisa) fica no prejuízo

Art. 238, CC/02: Se a obrigação for de restituir coisa certa (Contrato de arrendamento), e
esta, sem culpa do devedor (Chuvas - Força Maior), se perder antes da tradição, sofrerá o credor a
perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da
perda

A coisa será incerta quando apenas for indicado o gênero e a quantidade, mas não a
qualidade e o objeto da obrigação, portanto, tal objeto não é determinado, mas sim determinável.

É possível a escolha dessa qualidade denominado concentração, via de regra pelo devedor se nada
for disposto diferentemente no contrato que gerou a obrigação.

A obrigação de fazer, consiste em uma atividade humana, intelectual ou não, imaterial ou


material, como por exemplo, a pintura de um quadro ou trabalho advocatício.

Quando alguém promete prestar uma fiança, a essência do ato, objeto da prestação, não consiste no
significante dispêndio de esforço, que a prestação da fiança possa exigir, mas sim na necessidade de
concluir a operação jurídica, a que se vem ligar, de um lado, os riscos, e do outro, as vantagens do
crédito fornecido

As obrigações de fazer podem ser infungíveis ou fungíveis.

Infungíveis são as obrigações personalíssimas (intuito persona) e assim em função, porque


apenas uma determinada pessoa pode cumprir com a prestação, e em razão do contrato ou em razão
de qualidades pessoais notadamente reconhecidas na sociedade.
Por outro lado, fungíveis são as obrigações que podem ser cumpridas pelo devedor ou por
um terceiro. Aqui não é relevante ou importante a pessoa que irá cumprir com a obrigação, desde
que ela seja cumprida.

 Já a obrigação de não fazer é uma obrigação negativa que depende de uma conduta passiva do
devedor uma abstenção, por exemplo “X” se compromete perante “Y”, a não construir um muro em
seu terreno acima de 3m de altura. Se “X” construir o muro acima de 3m, ele estará inadimplente por
ter descumprido a obrigação.

É possível, no caso do descumprimento de uma obrigação de não fazer, que o credor exija ao
devedor o desfazimento daquilo que fez ou determine que um terceiro venha desfazer as custas do
devedor sem prejuízo de eventuais perdas e danos. Caso o desfazimento não seja possível, será
pedido apenas perdas e danos.

Quanto aos elementos de uma obrigação, essa pode ser


(i) simples ou
(ii) complexa.

 Há uma obrigação simples, quando na relação obrigacional se tem um sujeito ativo, um sujeito
passivo e um único objeto obrigacional, ou seja, uma única prestação. Assim, simples será a
obrigação quando todos os elementos que a compõe estiverem no singular.

A título exemplificativo, é possível visualizar a seguinte situação: “X” (sujeito ativo) se compromete a
entregar para “Y” (sujeito passivo) um automóvel (prestação) mediante o pagamento de 30 mil reais
à vista.Tal exemplo dado se refere a uma obrigação simples, pois há objetivamente apenas um
sujeito ativo, um sujeito passivo e uma prestação.

 Por outro lado, há uma obrigação complexa ou composta quando existe uma pluralidade de
sujeitos ativos e/ou passivos e/ou prestacional, ou seja, mais de um sujeito e mais de um objeto
obrigacional.

As obrigações complexas podem ser:

1. Cumulativas ou conjuntivas: ligadas pela conjunção “e”;


2. Alternativas: ligadas pela disjuntiva “ou”;
3. Facultativas: aqui há a faculdade de substituir o objeto da prestação. Tal faculdade compete
ao devedor caso o contrato nada disponha em contrário;
4. Divisíveis: a obrigação pode ser fracionada em partes, desde que não perca sua essência;
5. Indivisíveis: diferentemente das divisíveis, aqui, as obrigações não podem ser fracionadas
sem que se perca a essência original da obrigação; e
6. Solidarias: há uma pluralidade de credores e/ou devedores e uma multiplicidade em relações
jurídicas que ligam cada credor ao devedor, sendo cada devedor responsável pela obrigação
como um todo, podendo essa obrigação ser exigida por qualquer credor, numa
corresponsabilidade dos codevedores.

Quanto ao conteúdo ou finalidade de uma obrigação, essa pode ser


(i) de meio ou
(ii) de resultado.

Na obrigação de meio não se visa o resultado com fim determinado, mas sim a forma que a
prestação foi cumprida, o modo que a prestação foi cumprida de acordo com um padrão de
diligência, ou seja, de cuidado necessário para o resultado ser alcançado, como por exemplo a
assistência jurídica.

Já na obrigação de resultado não basta a diligência no cumprimento da obrigação, é necessário ainda


que o fim desejado seja alcançado, aqui pode-se citar o exemplo do cirurgião plástico, pois não basta
eu a cirurgia seja feita, é necessário que ela esteja de acordo com o solicitado.

Quanto à exigibilidade de uma obrigação, essa pode ser


(i) civil ou
(ii) natural.

As obrigações civis encontram respaldo no Direito positivado, isso quer dizer, nos diplomas legais,
sendo estes os códigos. Seu cumprimento pode ser exigido pelo credor por meio da ação.

Já as obrigações naturais representam àquelas em que o credor não tem o direito de exigir a
prestação e o devedor não está obrigado a pagar. É considerada imperfeita, pois o devedor somente
a cumpre se assim desejar, e credor não pode exigir judicialmente seu cumprimento, como por
exemplo o pagamento de quantia apostada em jogo de azar.

Quanto aos elementos adicionais a obrigação pode ser


(i) condicional,
(ii) a termo e
(iii) com encargo.

As obrigações condicionais contém um elemento acidental do negócio jurídico que subordina seus
efeitos ao acontecimento futuro e incerto, por exemplo “X “se compromete a doar para “Y” o
apartamento se ele passar no vestibular da USP – obrigação sob condição suspensiva, ou seja, o
indivíduo pode o não passar.

Nas obrigações a termo há um elemento acidental que subordina os efeitos do negócio jurídico ao
acontecimento futuro e certo, por exemplo, “X” firma com “Y” em 01/03/17 um contrato de locação
que terá o prazo de 30 meses, tendo seu início em 01/04/17 e seu término em 01/10/19 – são
acontecimentos futuro e certos).

Já nas obrigações com encargo há uma conduta imposta a pessoa que se beneficia da própria
obrigação, por exemplo, “X” doa um imóvel para “Y” para que ele transforme em um escritório de
advocacia.

Quanto ao momento em que devem ser cumpridas a obrigação pode ser de


execução
(i) instantânea,
(ii) diferida e
(iii) de execução continuada ou de trato sucessivo.

As obrigações de execução instantânea são aquelas em que sua prestação se realiza em um só ato,
as de execução diferida se consumam em um só ato mas em momento futuro à celebração da
obrigação e as obrigações de trato sucessivo se cumprem por meio de atos reiterados.

Quanto as obrigações reciprocamente consideradas estas podem ser


(i)principais ou
(ii)acessórias.

As obrigações principais são aquelas que subsistem por si só enquanto que as acessórias dependem
da existência da obrigação principal.

Quanto as obrigações com cláusula penal há a cominação (Imposição de penalidade em caso de


violação da lei)
de uma multa ou pena para o caso de inadimplemento ou de retardamento no
cumprimento da obrigação acordada entre as partes.

Por fim, as obrigações propter rem são aquelas que surgem pela simples aquisição de um
direito real de propriedade, ou seja, surgem em razão do bem. Tais obrigações são contraídas sem
depender da vontade do devedor, por ser ele titular de um direito real, motivo pelo qual ela
(obrigação) segue e recai sobre a coisa.
Ex: o fato de alguém se tornar proprietário de um apartamento, tornando-se assim,
automaticamente devedor das obrigações referentes ao condomínio, IPTU, taxa de incêndio etc.

Transmissão das Obrigações


A transmissão de uma obrigação pode se dar pela:
a) cessão de crédito
b) cessão de débito ou assunção de dívida
c) transmissão contratual.

Cessão de crédito é uma espécie de transmissão obrigacional que se caracteriza pela realização de
um negócio jurídico bilateral em que uma parte, denominada cedente, transfere a outra, qualificada
cessionária, um credito a título gratuito ou oneroso, credito esse parcial ou total, sem a necessidade
da anuência do devedor que é chamado de cedido.

Exemplo:
“X” (devedor) se compromete a entregar a “Y” (credor) um automóvel mediante o pagamento de 20
mil reais.
“Y” (credor) transfere o crédito de receber o automóvel a “W”(terceiro)
“X” (devedor) vai entregar automóvel para “W” (terceiro) e
“Y” (credor) paga o preço de 20 mil reais.

CESSÃO DE DEBITO (art. 286) e ASSUNÇÃO DE DÍVIDA (Art. 299,CC)

é uma espécie de transmissão obrigacional resultante de um negócio jurídico bilateral, em que o


devedor transfere a terceiro o débito, dependendo para tanto, via de regra, da anuência do credor.

Por exemplo: “X” se compromete a pagar para “Y” 20 mil reais pela entrega de um automóvel. “X”
transfere esse débito para “W” (assuntor). “Y” entrega para “X” o veículo e “W” paga para “Y” os 20
mil reais. Para que essa transferência do debito entre “X” e “W” seja válida, precisa que “Y”
concorde.

Na transmissão contratual muda-se a posição contratual, ou seja, se transmite crédito e o débito


automaticamente.

A cessão contratual é o negócio jurídico bilateral em que uma das partes envolvidas no contrato cede
sua posição para um terceiro com a anuência da outra parte, passando esse terceiro a ser titular do
crédito e do débito que, até então, era exercida pelo cedente. Para o cedente transmitir sua posição
contratual ao cessionário é necessário a anuência do cedido.

Diferença básica:
Questão: O consentimento do credor é requisito para que um terceiro possa assumir determinada
obrigação, exonerando o devedor primitivo e resultando em alteração subjetiva na relação-
base. Certo.

Assunção de dívida = necessita de consentimento


Cessão de crédito = não necessita de consentimento, mas deve haver notificação.

Cuidado para não confundir com:

promessa de liberação da dívida


Questão boa que explica:
Marcela adquiriu seu automóvel mediante financiamento bancário. Obrigou-se a pagar, ao Banco Z,
60 (sessenta) parcelas de R$ 300,00 (trezentos reais), cuja obrigação foi garantida pela alienação
fiduciária do automóvel. Em razão de uma crise financeira pessoal, Marcela vendeu o carro a
Carmen, quando ainda faltavam 30 (trinta) parcelas, que seriam assumidas por Carmen. Embora as
partes não tenham estipulado a alteração do devedor junto ao Banco Z, Carmen, por precaução,
solicitou à instituição financeira a transferência do débito para si. O pleito, contudo, foi negado, em
razão de restrições creditícias que pendiam sobre Carmen.

0. Basicamente, há dois negócios entre Marcela e Carmen: a compra e venda e a assunção de dívida.

1. Sobre o primeiro: a venda a non domino se convalidará quando o vendedor vier a adquirir a
propriedade. (PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Contratos. 11.ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2003, v. 3, p. 178-179.)

2. Sobre o segundo: é estranho que as partes tenham acordado que Carmen assumiria a dívida, mas
não tenham estipulado a alteração do devedor junto ao Banco Z, haja vista o art. 299 do CC:
Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do
credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente
e o credor o ignorava.

3. Essa omissão, que não pôde ser sanada depois, faz com que o contrato nessa parte seja nulo (art.
299 c/c art. 166, V do CC). Essa nulidade, no entanto, não contamina a compra e venda.

4. Nula a assunção de dívida, ela se transforma numa promessa de liberação da dívida, negócio que
gera uma relação circunscrita a Carmen e Marcela, da qual não participa o banco Z, que continua
credor só de Marcela:

Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o
fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a
nulidade.

RESPOSTA: a venda se mantém sem a anuência do Banco Z, com promessa de liberação da dívida
entre Carmen e Marcela;

Portanto:
A compra e venda de veículo alienado fiduciariamente sem anuência do credor fiduciário, detentor
do domínio resolúvel e posse indireta do bem, somente produz efeitos entre as partes , não
repercutindo quanto à instituição financeira credora.
TJ-DF Apelação 0710504-65.2018.8.07.0020, 16 de Outubro de 2019)
A venda do bem alienado fiduciariamente sem a anuência do credor fiduciário, embora não oponível
à instituição financeira, é válida entre o devedor alienante e terceiro adquirente , sob pena de
enriquecimento sem causa de uma das partes (TJ-ES - Apelação : APL 0011379-24.2002.8.08.0048, 10
de Abril de 2012)

Solidariedade Ativa e Solidariedade Passiva


Na obrigação solidaria há uma pluralidade de credores e/ou devedores e uma multiplicidade em
relações jurídicas que ligam cada credor ao devedor, sendo cada devedor responsável pela obrigação
como um todo, podendo essa obrigação ser exigida por qualquer credor, numa corresponsabilidade
dos codevedores.

Há diferentes tipos de solidariedades:

 Solidariedade ativa: há uma pluralidade de credores. Aqui o devedor poderá pagar a dívida
ou realizar a prestação a qualquer dos credores;
 Solidariedade passiva: há uma pluralidade de devedores: o credor pode exigir de um ou de
alguns devedores a dívida toda ou parte dela, em caso de pagamento parcial da dívida o
credor pode exigir dos demais codevedores o saldo remanescente. A propositura da ação de
um credor contra um devedor ou contra algum deles não implica renuncia a solidariedade; e
(ou seja, todo mundo vai continuar devendo)

 Solidariedade reciproca: há uma pluralidade de credores e devedores.

Importante ressaltar que, conforme previsão do artigo 266 do Código Civil de 2002, a solidariedade
não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.

.
Do Adimplemento das Obrigações

Do Pagamento – Conceitos iniciais

A definição de pagamento é relativamente simples e de nosso cotidiano, afinal pagamento se trata


do cumprimento da obrigação pelo devedor ao credor.

Nesse sentido é válido conhecer os requisitos essenciais para validade do pagamento:


 Vínculo obrigacional
 Intenção de solvê-lo
 Cumprimento exato da prestação
 Devedor (solvens)
 Credor (accpiens)

De Quem Deve Pagar

Quem pode pagar


 Devedor -> Regra
 Terceiro interessado (Art. 304, caput): Qualquer interessado na extinção da dívida pode
pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor. ->
sub-roga nos direitos do credor -> o credor tem o dever de aceitar, se não aceitar –
consginação em pagamento

 Terceiro não interessado (Art. 304, §u): faz em nome e à conta do devedor, salvo oposição do
devedor. –> tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do
credor (Art. 305) (um parente/amigo)

Ainda, é importante salientar que o pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou
oposição do devedor, não obriga o devedor reembolsar o terceiro que pagou, se o devedor tinha
meios para ilidir a ação, como por exemplo, uma ação pessoal contra o credor. (Art. 306)

Daqueles a Quem se Deve Pagar

O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente (Art. 308)

Entretanto é possível pagamento para terceiro nos seguintes casos:

 Se o credor ratificar (Art. 308)

 Reverter em favor do credor (Art. 308) -> Inclusive, é válido o pagamento feito ao credor
incapaz de quitar, se o devedor provar que em benefício dele efetivamente reverteu (Art.
310).

 Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o
devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu.

 Pagamento de boa-fé ao credor putativo (Art. 309)

Ainda nos casos de título ao portador, considera-se autorizado a receber o pagamento o portador
da quitação, salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção (Art. 311).

No caso de pagamento após a intimação da penhora do crédito (ou impugnação oposta por
terceiros), o pagamento será inválido, logo os terceiros poderão constranger o devedor a pagar de
novo (quem paga mal, paga duas vezes), entretanto cabe ação de regresso contra o credor (Art. 312).
Do Objeto do Pagamento e Sua Prova

Iniciemos pelo princípio da identidade do pagamento, pois conforme o CC, o credor não é obrigado
a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa (Art. 313).

Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado
a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou

 é lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas (Art. 316).

 As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor
nominal, salvo o disposto nos artigos subsequentes (Art. 315).

Outro ponto importante a se destacar é a teoria da imprevisão (art. 317), em que o juiz poderá
corrigir desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução
devido a motivos imprevisíveis de modo que assegure, A PEDIDO DA PARTE, quanto possível, o valor
real da prestação.

Requisitos:
 Motivos imprevisíveis (ou previsíveis, mas de resultados imprevisíveis).
 Obrigação de trato sucessivo ou de execução diferida;
 Desequilíbrio entre as prestações;
 Contrato comutativo.

Obs. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, excetuados os


casos previstos na legislação especial (Art. 318)

Prova de pagamento
O devedor que paga tem direito à quitação regular e pode reter o pagamento enquanto não lhe seja
dada (Art. 319), tendo direito assim a consignação em pagamento.

Logo, a prova do pagamento é demonstrada, em regra, por instrumento particular (recebido),


conforme o artigo 320, assim como a entrega do título de crédito firma a presunção do
pagamento (art. 324)  Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor
provar, em 60 dias, a falta do pagamento

Se para aferição do pagamento houver necessidade de realizar de medição ou pesagem, no silêncio


das partes, aceita-se os do lugar da execução (Art. 326)

Ainda, quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova
em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores (Art. 322), da mesma forma a quitação
do principal, presume as dos juros (Art. 323)

Não confunda – pagamento da última parcela


 No direito civil -> presume solvida as anteriores
 No direito tributário (CTN, Art. 158, I) -> não importa em presunção

Por fim, presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a quitação; se ocorrer
aumento por fato do credor, suportará este a despesa acrescida (art. 325).

Do Lugar do Pagamento

Local do pagamento
Regra (na omissão) -> DOMICÍLIO DO DEVEDOR (art. 327) (quesível)
 as regras para o local do pagamento NÃO SÃO ABSOLUTAS.

Exceções:
 Partes convencionarem diversamente (Art. 327)
 Contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias (Art. 327)

Obs. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher (portable) entre eles.

Ainda há outra exceção:


 Pagamento na tradição de bem imóvel (Art. 328) -> no local do bem
 a mudança de local após determinado é um caso de exceção. Apenas por:

 Motivo grave e sem prejuízo para o credor (Art. 329)


 Pagamento reiteradamente feito em outro local (Art. 330) -> trata-se de uma presunção de
renúncia do credor – portanto não terá eventual benefício relativo ao local do cumprimento
da obrigação

SUPRESSIO Perda, supressão, de determinada faculdade jurídica pelo decurso do tempo


SURRECTIO Ampliação do conteúdo do negócio jurídico, tendo em conta o comportamento de uma
das partes que gera, na outra, o sentimento da existência de um direito não expressamente
avençado

Do Tempo do Pagamento
Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode
o credor exigi-lo imediatamente.

Tempo do pagamento
Regra (na omissão) -> imediatamente (Art. 331)

Exceções
 Lei ou convenção das partes estipular de forma diversa (Art. 331)
 Obrigações condicionais (Art. 332) -> cumprem-se na data do implemento da condição,
cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor.

Art. 333 - Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no
contrato ou marcado neste Código:

 I – no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;


 II – se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro
credor;
 III – se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias,
(Relativo a caução, fiança, garantia) ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.

Obs. Não se reputará vencido quanto aos outros devedores solidários solventes.

 basicamente são casos em que o credor perde a segurança de que a dívida será cumprida, razão
pela qual pode desde logo, exigir a prestação do devedor.
Extinção das Obrigações

Do Pagamento em Consignação

A consignação em pagamento ocorre quando, por exemplo, o credor se recusa a receber, assim
o devedor realiza depósito judicial ou em estabelecimento bancário (extrajudicial) da coisa devida
(Art. 334)

Hipóteses de consignação em pagamento (Art. 335):


 I – se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação
na devida forma;
 II – se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
 III – se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em
lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
 IV – se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
 V – se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação às
pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento.

 somente poderá ser consignada obrigação liquida e certa.


 não poderá ser consignada a prestação quando houver necessidade de apuração do quantum
devido (não é absoluto – devedor poderá fazer a retificação eventual de erro de calculo)
 o deposito do objeto deve ser sempre feito por inteiro! Jurisprudência – pode parcial
 a administradora do prédio é parte ilegítima para a ação de consignação em pagamento de
aluguéis do prédio que administra.

Assim, o depósito substituirá o lugar do pagamento, cessando para o depositante, os juros da dívida
e os riscos, salvo se for julgado improcedente (Art. 337)
Entretanto, se o devedor - de obrigação pendendo questão judicial - pagar a qualquer dos
pretendidos credores, tendo conhecimento do litígio, assumirá o risco do pagamento (Art. 344)

Momentos para levantamento do depósito (levantamento – pegar de volta o que depositou)

 Antes da manifestação do credor ou impugnação (Art. 338): o devedor poderá pagar as


respectivas despesas, subsistindo a obrigação (vai continuar devendo o que devia)

 Depois da aceitação ou impugnação (Art. 340): Depende de aceitação do credor, assim o


credor perderá a preferência e a garantia que lhe competiam com respeito à coisa
consignada, ficando para logo desobrigados os codevedores e fiadores que não tenham
anuído.
 Depois do julgamento da ação (Art. 339): Depende da anuência do credor e outros devedores
e fiadores.

Em outras palavras: enquanto o credor não declarar se aceita/impugna o deposito o devedor poderá
“levantar” pagando as respectivas custas processuais pra fazer isso (= pega de volta o que ele
depositou) e pegando de volta o que depositou, subsiste (ou seja, continua existindo) a dívida com o
credor.

Demais regras
Ainda, o Código Civil estipula algumas outras regras para o pagamento em consignação.
Coisa imóvel entregue no lugar onde está (Art. 341) o devedor deverá citar o credor para vir ou
mandar recebê-la, sob pena de ser depositada

Coisa indeterminada – escolha do credor (Art. 342): será ele citado para esse fim, sob cominação de
perder o direito e de ser depositada a coisa que o devedor escolher

Despesa com depósito (Art. 343): será do perdedor da ação


 Ação de depósito julgada procedente: despesa será do credor
 Ação de depósito julgada improcedente: será do devedor

Do Pagamento com Sub-Rogação


No Pagamento com Sub-rogação, basicamente ocorre a substituição na obrigação de uma pessoa
por outra (sub-rogação pessoal), tendo como principal efeito a transferência ao novo credor todos
os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal
e os fiadores (Art. 349).

Classificação

 Sub-rogação legal (art. 346) – opera-se, de pleno direito, em favor


 I – do credor que paga a dívida do devedor comum;
 II – do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do
terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;
 III – do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo
ou em parte.

Obs. O sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até a soma que tiver
desembolsado para desobrigar o devedor, ou seja, não há possibilidade de lucro (Art. 350).

Sub-rogação convencional (Art. 347):


 I – quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os
seus direitos;
 II – quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a
condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.

Bizu:
 Sub-rogação legal – verbo “receber”
 Sub-rogação convencional – verbos “receber/emprestar” + expressamente (vontade)

Sub-rogação X Cessão
A sub-rogação costumeiramente é confundida com a cessão de crédito, vamos diferenciar os
institutos de forma esquemática:

Sub-rogação X Cessão
Depende de pagamento?
Sub-rogação -> Sim
Cessão de crédito -> Não
Visa lucro?
Sub-rogação -> Não
Cessão de crédito -> Sim

Depende da notificação do devedor?


Sub-rogação -> Não
Cessão de crédito -> Sim

Há transferência do direito creditório?


Sub-rogação -> Não
Cessão de crédito -> Sim

Da Imputação do Pagamento
A imputação do pagamento ocorre quando há dúvida em relação a qual débito está sendo quitado,
pois o valor do pagamento não é suficiente para quitar toda a dívida.

(Diminuição feita num crédito pela razão de que o credor usufruiu de alguma benfeitoria ou recebeu
algum valor de seu devedor)

Requisitos:
 Identidade de devedor e de credor
 Dualidade ou multiplicidade de débitos da mesma natureza
 Débitos líquidos e vencidos
 O pagamento deve cobrir pelo menos um dos débitos, mas não todos

Nesse sentido, o Código Civil estabelece uma ordem para quem deve imputar:

1º – Devedor (Art. 352) – A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só
credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.
2º – Credor (Art. 353) – Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas quer
imputar o pagamento, se (o credor) aceitar a quitação de uma delas, (o devedor) não terá direito a
reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência
ou dolo.

3º – Determinação legal
 Entre capital e juros (Art. 354) -> primeiro os juros, depois o capital
 Dividas em períodos diferentes (Art. 355) -> dívidas líquidas e vencidas mais antigas
 Dívidas vencidas ao mesmo tempo (Art. 355) -> mais onerosa

Da Dação em Pagamento
Sabemos do princípio da identidade do pagamento que o credor não é obrigado a receber prestação
diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa (Art. 313).

Entretanto, o credor pode (faculdade) consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida
(Art. 356), o que se denomina dação em pagamento.

Estipulações da dação em pagamento


 Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes
regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda. (Art. 357)
 Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em cessão (Art.
358)
 Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação
primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros. (Art. 359)

Extinção das obrigações sem pagamento


(novação, compensação, transação, confusão, compromisso e remissão).

Novação
do latim novare, inovar. Constituição de uma nova obrigação, em substituição à anterior, que se
extingue. E a extinção de uma dívida anterior pela criação de uma nova obrigação. Código Civil: 360

A novação possibilita às partes substituírem uma obrigação por uma nova, nesse sentido a novação
extingue os acessórios e garantias da dívida, sempre que não houver estipulação em contrário (Art.
364), além disso ela poderá ocorrer de forma expressa ou tácita (Art. 361).

 Objetiva (Art. 360, I) – quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e
substituir a anterior

 Subjetiva passiva (Art. 360, II) – quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite
com o credor;
Referente a novação subjetiva passiva, temos que:

 Pode ser efetuada independentemente de consentimento do devedor (Art. 362)


 Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o aceitou, ação regressiva contra
o primeiro, salvo se este obteve por má-fé a substituição (Art. 363)

 Subjetiva ativa (Art. 360, III) – quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é
substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este.
Ainda, a novação exonera os devedores solidários que não participaram da novação (Art. 365),
assim como exonera o fiador que não consentiu (art. 366).

Art. 365. Operada a novação entre o credor e um dos devedores solidários, somente sobre os bens
do que contrair a nova obrigação subsistem as preferências e garantias do crédito novado. Os
outros devedores solidários ficam por esse fato exonerados.

Art. 366. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com o devedor principal.

Não podem ser objeto de novação (Art. 367)

 Obrigações nulas -> logo, as anuláveis podem


 Obrigações extintas

Da Compensação
A compensação acontece quando duas pessoas são ao mesmo tempo credor e devedor uma da
outra, assim ocorre a extinção das duas obrigações, até onde se compensarem (Art. 368)
Requisitos da dívida (Art. 369): A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas
fungíveis

 Líquidas
 Vencidas
 Coisas fungíveis*
 Sem prejuízo a terceiro (Art. 380)

*Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas prestações, não se
compensarão, verificando-se que diferem na qualidade, quando especificada no contrato (Art. 370)

Art. 371. O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe dever; mas o fiador pode
compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado

 exceção ao princípio da personalidade


 “admite-se a compensação de honorários com crédito do executado em face do exeqüente”

NÃO pode fazer compensação:


 Por disposição legal: Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação,
exceto:
I - se provier de esbulho, furto ou roubo;
II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;
III - se uma for de coisa não suscetível de penhora.

.
 Por vontade das partes (Art. 375): quando as partes, por mútuo acordo, a excluírem, ou no caso
de renúncia prévia de uma delas.

Demais regras

– Prazos de favor (mera tolerância) não proíbem a compensação (Art. 372)


– Não é possível compensar crédito com dívida do representado (Art. 376)

Art. 376. Obrigando-se por terceiro uma pessoa, não pode compensar essa dívida com a que o credor
dele lhe dever
– Divergência do local de pagamento não impede a compensação, apenas é dedução das despesas da
operação (Art. 378).

 Art. 377. O devedor que, notificado, nada opõe à cessão que o credor faz a terceiros dos seus
direitos, não pode opor ao cessionário a compensação, que antes da cessão teria podido opor ao
cedente. Se, porém, a cessão lhe não tiver sido notificada, poderá opor ao cessionário compensação
do crédito que antes tinha contra o cedente.

Devedor notificado da cessão, nada opõe - Não pode opor ao cessionário a compensação, que antes
da cessão teria podido opor ao cedente

Devedor não notificado da cessão - Poderá opor ao cessionário compensação do crédito que antes
tinha contra o cedente

Da Confusão
A confusão ocorre quando na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor,
assim extinguirá a obrigação (Art. 381). Ex. Uma empresa devedora é incorporada pela credora.
A confusão poderá ser total (própria) ou parcial (imprópria), conforme o Art. 382, assim a confusão
nas obrigações solidárias só extingue até a concorrência da respectiva parte no crédito (Art. 383)

Da Remissão das Dívidas


Remissão é o perdão da dívida pelo credor, este perdão deve ser aceito pelo devedor (Art. 385)

Não confunda:
 Remissão -> Perdoar
 Remição -> Pagar
A regra é que a remissão ocorra por ato expresso, entretanto é possível a remissão por presunção
(Art. 386), entretanto a restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à
garantia real, não a extinção da dívida (Art. 387).

Remissão da dívida na solidariedade passiva (Art. 388) – apenas a parte do perdoado é extinta,
permanecendo os demais vinculados ao restante da dívida

DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES

Do Art. 389. Ao 421 CC

Conceito
O termo inadimplemento se refere ao não cumprimento de determinada avença, ou seja, de
determinado acordo. Para o Direito Obrigacional, o inadimplemento de uma obrigação, seja ela de
dar, fazer ou não fazer, leva a não satisfação do credor devido a não realização da prestação pelo
devedor ou por terceiro quando ainda não fora extinta a obrigação.

Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado.
O não cumprimento de uma obrigação pode decorrer:

1. De um ato culposo do devedor; ou


2. De fato a ele não imputável.

O inadimplemento decorrendo de um ato culposo do devedor quando este age com culpa no não
cumprimento da obrigação que lhe cabe. Nessa hipótese, o Código Civil estabelece que o credor tem
o direito que receber exatamente o bem, serviço ou valor estipulado na convenção.

Já o inadimplemento decorrente de fato não imputável ao devedor, decorrente muitas vezes de caso
fortuito ou força maior, não é de responsabilidade deste, ou seja, o devedor não responde pelos
prejuízos causados se expressamente não houver responsabilidade por eles.

Nem sempre o não cumprimento da obrigação significa que não houve inadimplemento desta, pois o
credor pode conceder ao devedor a remissão, ou seja, o perdão em relação a determinada obrigação
não sendo mais necessário seu cumprimento.

Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.

Espécies de Inadimplemento

 Absoluto;
 Relativo
Se configura o inadimplemento absoluto quando a obrigação não foi cumprida e nem poderá ser
cumprida de forma útil o credor. Nesse caso, mesmo que ainda haja a possibilidade de
cumprimento, haverá o inadimplemento absoluto, pois a prestação se tornou inútil ao credor. Tal
espécie de responsabilidade poderá ser:

 Total; ou
 Parcial

Total é a responsabilidade absoluta que englobar a totalidade do objeto, enquanto que parcial se
refere ao não cumprimento de parte da obrigação. Ou seja, caso a mesma obrigação seja dividida
em etapas, por exemplo, e algumas foram cumpridas, entretanto uma ou mais de uma não, tem-se o
inadimplemento absoluto parcial.

Quanto ao inadimplemento relativo, esse se apresenta nos casos de mora do devedor, ou seja,
quando há o cumprimento da obrigação, mas esse é imperfeito, não respeitando a observância do
tempo, lugar ou forma acordado entre as partes.

Conceito de Inadimplemento Absoluto


O inadimplemento absoluto é definitivo, pois a prestação, que deveria ser realizada ao tempo da
constituição da obrigação, se tornou impossível ou deixou de ser interessante ou útil ao credor.

Como dito anteriormente, o inadimplemento absoluto poderá ser total ou parcial.

A título exemplificativo, é possível visualizar a seguinte situação: para uma festa de aniversário determinada pessoa
comprou um pacote de 500 balões de gás que deveriam ser entregues na segunda-feira, dia do aniversário e da festa,
entretanto, por imprudência da empresa contratada, os balões foram entregues apenas na terça-feira. Nessa data, a
entrega dos balões já não se mostra útil para o contratante, dessa forma, a obrigação será considerada inadimplida
absolutamente.

O enunciado nº 162 da III Jornada de Direito Civil que estabelece que “A inutilidade da prestação
que autoriza a recusa da prestação por parte do credor deverá ser aferida objetivamente,
consoante o princípio da boa-fé e a manutenção do sinalagma, e não de acordo com o mero
interesse subjetivo do credor.”

Caso o inadimplemento se dê pela culpa do devedor, este deverá indenizar o credor em perdas e
danos. A princípio, todo inadimplemento se presume culposo, com exceção as obrigações derivadas
da prestação de serviços se esta for de meio e não de resultado.

Caso a obrigação seja de meio, a responsabilidade, embora derivada de contrato, deverá ser pautada
em culpa provada e baseada em fatos. Ao inadimplente, cabe a demonstração da ocorrência de um
caso fortuito ou de força maior.

Conceito de Mora
Mora é o fenômeno jurídico que se caracteriza pelo atraso do pagamento, ou pelo cumprimento da
obrigação imperfeita, podendo ser chamada também de inadimplemento relativo, tendo-se em vista
o lugar o e a forma do pagamento.

O próprio Código Civil, em seu artigo 394, se encarregou de conceituar o instituto da mora:

“Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-
lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.”
 Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a
satisfação das perdas e danos.

Para que se configure o inadimplemento relativo, deverá estar presentes as seguintes características:
 Descumprimento da prestação; e
 A possibilidade de cumprir a obrigação tardiamente.

A mora do credor e do devedor se diferem em diversos aspectos, vejamos a seguir:

A mora do devedor poderá ser ex re ou ex persona.

A mora ex re resulta de uma determinação legal e ocorre em 3 hipóteses:

 Quando há um termo para o cumprimento da obrigação e a data não é respeitada: o termo e


um acontecimento futuro e certo que subordina os efeitos de um negócio jurídico.

Por exemplo: “X” se compromete a pagar a “Y” a importância de 20 mil no dia 10/11/17 se o “X” não efetuar o
pagamento até as 23:59 do dia 10, no dia 11 o “X” já estará em mora independentemente de notificação e inter-relação
judicial.

 Quando ocorre a prática e um ato ilícito.

Por exemplo: “X” esta alcoolizado, dirigindo seu carro em alta velocidade e colide no veículo de “Y”, essa colisão ocorre
em 12/05, “X” já estará em mora no mesmo dia por conta do ato ilícito praticado, não precisando “Y” notificar o “X” para
colocá-lo em mora;

 Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o
praticou.

 Quando o devedor por escrito faz uma declaração de que nao efetuara o pagamento ao
credor: a partir do conhecimento dessa declaração pelo credor, o devedor já estará em mora
independentemente de notificação.

Já a Mora ex persona, ocorre em toda as demais hipóteses que não são indicadas na lei, se há uma
mora em um contrato por prazo indeterminado essa mora é ex persona. Para que o devedor
realmente fique em mora, é necessário que ele seja notificado pelo credor.

Requisitos para a ocorrência da mora do devedor:


Falta de pontualidade do pagamento ou cumprimento imperfeito da obrigação;

Inadimplemento relativo: O atraso do pagamento ou o cumprimento imperfeito da obrigação ainda


serão uteis caso a obrigação seja cumprida, para o credor, ou seja, esse atraso não pode ser o
inadimplemento absoluto da obrigação; e

O inadimplemento obrigacional ou cumprimento imperfeito da obrigação resultem de uma conduta


culposa do devedor.

Efeitos jurídicos resultantes da mora do devedor:


O devedor é responsável pelo atraso do cumprimento da obrigação ou pelo cumprimento imperfeito
dela, além de todas as despesas e prejuízos que atinjam o credor (juros moratórios, multa, correção
monetária, perdas e danos, honorários advocatícios, despesas processuais etc.); e
Se o devedor estiver em mora e a obrigação não for cumprida por caso fortuito ou força maior,
independentemente de culpa, o devedor reponde pelo inadimplemento obrigacional (por já estar em
mora, a culpa não é relevante caso algo aconteça com o objeto da dívida).

 O credor, assim como o devedor, pode ficar em mora quando se recusa a receber o pagamento.

Requisitos para a ocorrência da mora do credor:


 Que o credor se recuse a receber o pagamento na data indicada;
 Que o credor se recuse a receber o pagamento de forma injustificada;
 Que o devedor tente efetuar o pagamento na data do prazo estabelecido;
 Que diante da recusa injustificada do credor o devedor efetue a consignação em pagamento.

Efeitos jurídicos resultantes da mora do credor:


 O credor é responsável pelas despesas de conservação da coisa pelo devedor no prazo de
mora do credor. Mas essa despesa que o devedor terá para conservar a coisa, será cobrada
pelo devedor ao credor;
 O credor em caso de mora deverá receber a coisa pelo preço estimado mais favorável ao
devedor.

Por exemplo: “Y” deve pagar para “X” em 10/11, 100 arrobas de carne, mas “Y” pagará em dinheiro. No dia 10 as 100
arrobas custa 100 mil reais. “X” se recusa injustificadamente a receber as 100 arrobas, querendo receber apenas no dia
20/12, mas nessa data o preço diminuiu para 50 mil, “X” terá que receber esses 50 mil, por ser mais favorável ao devedor,
devido a mora do credor.
Há também a hipóteses em que tanto o devedor quanto o credor estão em mora. Aqui o credor não
quer receber e o devedor não quer pagar. Nessa hipótese a mora de um compensa a mora do outro e
ninguém responde pelo atraso ou cumprimento imperfeito da obrigação.

Súmula 380-STJ: A simples propositura da ação de revisão de


contrato NÃO INIBE a caracterização da mora do autor.
OBS: A mera propositura de ação em que se conteste o débito
não tem o condão de descaracterizar a mora do devedor, fazendo-
se necessário, para tal, em sede de decisões antecipatórias
ou cautelares, a presença dos seguintes elementos:
(i) contestação, total ou parcial, do débito,
(ii) plausibilidade jurídica do direito invocado estribada em
jurisprudência desta Corte ou do STF e
(iii) depósito de parte incontroversa do débito ou prestação
de caução idônea (STJ AgRg no REsp 657.237/RS, j. julgado em
22/02/2011).
Não descaracteriza a mora o ajuizamento isolado de ação
revisional, nem mesmo quando o reconhecimento de
abusividade incidir sobre os encargos inerentes ao período de
inadimplência

Das Perdas e Danos – art. 402


Dano Emergente e Lucro Cessante
Do descumprimento de uma obrigação, gera-se um dano para a parte atingida. O dano é a lesão ao
bem protegido pelo ordenamento jurídico e pode ser tanto patrimonial quanto extrapatrimonial.

Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor
abrangem, além do que ele efetivamente perdeu (DANO EMERGENTE), o que razoavelmente deixou
de lucrar (LUCRO CESSANTE).

O instituto do dano emergente encontra previsão no artigo 402 do Código Civil, e pode ser definido
como o prejuízo causado pelo réu a vítima em seu patrimônio. É a perda, o decréscimo patrimonial.

Há também, a figura do lucro cessante, este também previsto no artigo 402 do diploma civil, mas,
diferentemente do dano emergente, aqui a vitima deixou de ganhar algo em razão de um fato, uma
conduta realizada pelo réu.

Pode o inadimplente de uma obrigação ser condenado ao pagamento de ambos os danos ao credor
lesado.

 Art. 405. Contam-se os juros de mora DESDE A CITAÇÃO inicial.

SÚMULAS SOBRE JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA


STF
Súmula vinculante 7-STF: A norma do parágrafo 3º do artigo
192 da Constituição, revogada pela Emenda Constitucional
40/2003, que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinha
sua aplicabilidade condicionada à edição de Lei Complementar.
Súmula 121-STF: É vedada a capitalização de juros, ainda que
expressamente convencionada. (Válida, como regra geral, mas
há ressalva, não podendo ser interpretada de forma absoluta,
considerando que é possível a capitalização se for
expressamente pactuada e desde que haja legislação
específica que a autorize).
Súmula 163-STF: Salvo contra a Fazenda Pública, sendo a
obrigação ilíquida, contam-se os juros moratórios desde a
citação inicial para a ação. • A primeira parte dessa súmula
(“Salvo contra a Fazenda Pública”) não é mais válida por força da
Lei nº 4.414/64)
Súmula 254-STF: Incluem-se os juros moratórios na
liquidação, embora omisso o pedido inicial ou a condenação.

Súmula 541-STJ: A previsão no contrato bancário de taxa de


juros anual superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva
anual contratada.
Súmula 596-STF: As disposições do Decreto 22.626 de 1933
não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados
nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas,
que integram o sistema financeiro nacional.
STJ
Súmula 30-STJ: A comissão de permanência e a correção monetária são inacumuláveis.

Súmula 283-STJ: As empresas administradoras de cartão de


crédito são instituições financeiras e, por isso, os juros
remuneratórios por elas cobrados não sofrem as limitações da Lei de Usura.

Súmula 296-STJ: Os juros remuneratórios, não cumuláveis com a comissão de permanência, são
devidos no período de inadimplência, à taxa média de mercado estipulada pelo Banco
Central do Brasil, limitada ao percentual contratado.

Súmula 379-STJ: Nos contratos bancários não regidos por


legislação específica, os juros moratórios poderão ser fixados em até 1% ao mês.

Súmula 382-STJ: A estipulação de juros remuneratórios


superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade.

Súmula 539-STJ: É permitida a capitalização de juros com


periodicidade inferior à anual em contratos celebrados com
instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional a
partir de 31/3/2000 (MP 1.963-17/00, reeditada como MP 2.170-
36/01), desde que expressamente pactuada.

Súmula 541-STJ: A previsão no contrato bancário de taxa de


juros anual superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para
permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada.

OBS: O direito brasileiro permite a capitalização de juros?


a) Capitalização ANUAL de juros: é permitida, podendo ser cobrada
mesmo por quem não for instituição financeira (art. 591 do CC).
b) Capitalização com periodicidade inferior a 1 ano (ex: cap i -
talização MENSAL de juros):
Regra: é proibida pelo art. 4º do Decreto 22.626/33 (Lei de Usura).
Exceção: as instituições financeiras podem exigir a capitalização
de juros com periodicidade inferior a 1 ano (ex: capitalização
mensal de juros). Isso foi autorizado pela MP n.º 1.963-
17/2000. Assim, uma factoring (que não é uma instituição financeira),
não pode cobrar juros com capitalização inferior a um
ano. Um banco, por sua vez, tem autorização legal para tanto,
desde que o contrato assinado preveja expressamente

Cláusula Penal
A cláusula penal, também denominada de multa contratual ou pena convencional, é um pacto
acessório, pelo qual as partes do contrato estipulam previamente uma pena, ou não, contra a parte
que descumprir a obrigação, como consequência de sua inexecução. Aqui, também, poderá ser
fixado o valor das perdas e danos.

São características das cláusulas penais:


 Voluntariedade: deve decorrer da vontade entre as partes;
 Princípio da gravitação jurídica: onde a obrigação acessória segue a principal, ou seja, se a
obrigação principal for considerada nula, nula também será considerada a clausula penal;
 Decorre do inadimplemento culposo da obrigação: o devedor, caso não tenha agido com
culpa, não poderá ser obrigado a pagar a multa; e
 Dupla função: pois tem como finalidade tanto evitar que ocorra o descumprimento da
obrigação quanto prever eventuais prejuízos que podem decorrer de um possível
descumprimento.

 Art. 409. A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior, pode
referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou simplesmente à
mora.

As cláusulas penais podem ser compensatórias ou moratórias.

Compensatórias são aquelas que, de prévio, já estipulam o quantum indenizatório das perdas e
danos na hipótese de descumprimento da obrigação e, esta se converterá em alternativa
beneficiando o credor que poderá exigir ou a multa a ser paga devido a clausula penal ou o
pagamento das perdas e danos. Dessa forma, a multa compensatória possibilita ao credor escolher
receber ou o as perdas e danos ou a multa da clausula penal.

Moratória é estabelecida em um contrato para punir aquele que retarda o cumprimento da


obrigação ou em garantia a outra clausula determinada. Aqui o credor poderá exigir tanto a
obrigação principal quanto a multa.
Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal

Art. 413. A penalidade DEVE ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido
cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em
vista a natureza e a finalidade do negócio.

Art. 414. Sendo indivisível a obrigação, todos os devedores, caindo em falta um deles, incorrerão na
pena; mas esta só se poderá demandar integralmente do culpado, respondendo cada um dos outros
somente pela sua quota.
Parágrafo único. Aos não culpados fica reservada a ação regressiva contra aquele que deu causa à
aplicação da pena

Art. 415. Quando a obrigação for divisível, só incorre na pena o devedor ou o herdeiro do devedor
que a infringir, e proporcionalmente à sua parte na obrigação.

Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo.

Parágrafo único. Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, NÃO PODE o credor
EXIGIR INDENIZAÇÃO SUPLEMENTAR se assim não foi convencionado. Se o tiver sido, a pena vale
como mínimo da inden ização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente.

Arras ou Sinal
Conceitua-se tal instituto como sendo o sinal ou o valor dado em dinheiro ou outro bem móvel
entregue por uma das partes a outra na celebração do contrato preliminar. Tal atitude visa trazer a
presunção de celebração do contrato definitivo. Geralmente são previstos em compromissos de
compra e vendo de imóvel.

Podem ser:
 Confirmatórias; ou
 Penintenciais

As confirmatórias servem para demonstrar a finalização do contrato, ou seja, a conclusão do


contrato, assegurando, ainda, que este seja cumprido. Se aquele que deu o arras deixar de executar o
pactuado, poderá a outra partes desfazer o contrato retendo o que foi dado.

Já as penitenciais permitem que qualquer uma das partes se arrependa do vinculo firmado. Daí se
perderá o valor dado ou se pagará em dobro a depender da posição contratual.
Contratos: disposições gerais, extinção e espécie de contratos regulados no Código Civil.

CONTRATOS
DISPOSIÇÕES GERAIS

Conceito de Contrato: acordo de vontade entre duas ou mais pessoas com a finalidade de adquirir,
resguardar, modificar, transferir ou extinguir direitos.

É um negócio jurídico bilateral. Ato de autonomia privada.

O contrato, atualmente, é conceituado como um negócio jurídico por meio do qual as partes,
segundo a autonomia privada, convergem as suas vontades, criando um dever jurídico principal de
dar, fazer ou não fazer, e, bem assim, deveres acessórios, em respeito aos princípios da função social
e da boa fé objetiva.

O contrato é fonte de obrigação. Ele cria um dever jurídico principal. Ele é um negócio jurídico que
constitui um dever principal de dar, fazer ou não fazer. Ademais, à luz do moderno Direito Civil, o
contrato cria também deveres anexos, que os portugueses chamavam de deveres de proteção
(nebenpflicten, para os alemães). Deveres que decorrem normativamente da boa fé objetiva.
O que a teoria atual consagra é a dimensão ética do contrato.

Princípios básicos da teoria geral dos contratos


Podemos dividir os princípios contratuais em duas categorias: os princípios tradicionais e os
princípios sociais.

Princípios tradicionais

1. Liberdade de contratar ou autonomia privada ou autonomia da vontade

liberdade ampla que as partes tinham para contratar. Este princípio fundamenta o poder que as
partes contratantes possuem de estipular livremente, como melhor lhes convier, a disciplina dos seus
interesses. Apresenta carga individualista e patrimonialista do Liberalismo.

O princípio em questão apresenta diferentes nomenclaturas, e divide-se em três subprincípios:

 Liberdade de contratar propriamente dita: ninguém é obrigado a contratar o que não deseja
(exceções são aplicáveis, como o DPVAT, por exemplo, seguro obrigatório por lei – caso em
que a lei se sobrepõe ao princípio).

 Determinar a contraparte (determinar com quem contratar): O cidadão é livre para contratar
com quem quiser. Novamente, exceções são aplicáveis, como a imposição do CDC aos
fornecedores, que não podem se negar a vender um produto para um consumidor que deseje
pagar à vista e em dinheiro; igualmente, concessionárias de serviço público não podem
escolher com quem contratar.

 Liberdade de determinar o conteúdo do contrato: Liberdade de escolher o objeto do


contrato, limitado pela lei. Não se pode, por exemplo, estabelecer um contrato cujo objeto é
ilícito.

2. Força obrigatória dos contratos (pacta sunt servanda)

Impunha o cumprimento do contrato nos seus exatos contornos. Traduzia a regra do “Pacta Sun
servanda”, o contrato é lei entre as partes, não importava se o devido cumprimento levaria uma das
partes à ruína. Os contratos são considerados obrigações justamente pela força obrigatória que lhe
é atribuída. Não é um princípio absoluto, pois não foi dado ao princípio um tratamento concreto (por
lei). Pode-se, portanto, relativizá-lo com base em lei ou até mesmo com base em outro princípio.

3. Relatividade das convenções


as consequências e efeitos dos contratos repercutiriam apenas entre as partes contratantes.. Via de
regra, os contratos geram efeitos para as partes contratantes. Novamente, não se trata de princípio
absoluto, já que o próprio Código Civil traz hipóteses de intervenção de terceiros no contrato. São os
exemplos de contratos com pessoa a declarar.

Princípios sociais
O Código Civil de 2002 estabeleceu como valores básicos da lei a socialidade, eticidade e moralidade.
O Código foi feito para explicitar esses valores. Os princípios sociais estão previstos em lei, à
diferença dos princípios tradicionais.

1. Função social

Está previsto no art. 421 do CC, que versa: A liberdade de contratar será exercida em razão e nos
limites da função social do contrato”.

A liberdade de contratar não é absoluta e encontra limites na função social do contrato.

A Função Social dos contratos constitui, com base no princípio moderno a ser observado pelo
interprete na aplicação dos contratos. Agrupado aos princípios tradicionais, como por exemplo o da
autonomia da vontade e da obrigatoriedade.

Desse modo, a função social é como uma espécie que limita a autonomia da vontade, fazendo com o
que impeça que tal autonomia esteja em confronto com o interesse social. Essa é uma forma de
intervenção estatal na confecção e interpretação dos instrumentos contratuais, para que esses
tenham além da função de estipular os interesses dos contratantes

2. Equilíbrio contratual
É importante ressaltar que o desequilíbrio contratual é aceito em nosso ordenamento jurídico. Os
contratos podem ser onerosos. Por outro lado, os contratos são inaceitáveis quando representam
lesão, estado de perigo ou quando são excessivamente onerosos.

Não basta, para isso, que haja qualquer desproporcionalidade no contrato para que ele seja
invalidado, mas que seja um pacto manifestamente desproporcional, a ponto de chocar e ofender,
evidenciando o prejuízo de uma das partes.
3. Boa-fé objetiva
Trata-se da análise da conduta, do ato praticado, sem qualquer preocupação em relação ao sujeito.
Não importa, para a boa-fé objetiva, o que quis o sujeito, já que não há análise do estado de
consciência. Deve-se apreciar a conduta com base no cidadão médio.
A boa-fé objetiva encontra aplicação no art. 113 (regra de interpretação dos contratos), no art. 187
(regra de abuso dos contratos) e art. 422 (regra de aplicação dos contratos) do CC.
Há certa proximidade com a função social, já que representa o exercício do direito conforme os
ditames da sociedade.

Teoria geral dos contratos: requisitos contratuais


Os contratos são negócios jurídicos que exigem, para a sua formação, o preenchimento de certo
elementos que atribuem sua legitimidade. Tais requisitos estão dispostos no art. 104 do Código Civil.

ATENÇÃO: toda vez que a questão falar de CONTRATOS, deve-se atentar ao fato de que trata-se de
um direito potestativo (direito decorrente de um contrato, ou seja, da vontade das partes). Logo, não
há que se falar em prescrição de direito, mas sim de DECADÊNCIA

Requisitos objetivos:

 O objeto deve ser lícito, possível e determinável. A ausência de qualquer desses elementos
representa nulidade do pacto.
Exemplo: não há como estabelecer um contrato de compra e venda de drogas ilícitas. Não há,
também, como comprar um terreno na lua, por impossibilidade do objeto

 Formalidades e solenidades, somente quando exigidos por lei. Relembre-se que, via de regra, os
contratos não precisam ser escritos e não dependem de formalidades.

Requisitos subjetivos:
 Existência de duas ou mais pessoas;
 Capacidade das partes contratantes;
 Legitimidade das partes para contratar;
 Manifestação de vontade válida e desimpedida.

Formação do Contratos
Manifestação da vontade
Para a existência do negócio jurídico, é necessário o requisito da declaração da vontade que pode ser
expressa na lei ou tácita.

Negociações preliminares
O contrato resulta em duas manifestações: a primeira é a proposta que dá início à formação do
contrato e a segunda a aceitação do contrato estabelecido.

Proposta
A proposta é toda inciativa de um contrato que deve conter todos critérios para a realização do
negócio proposto

Aceitação
É a concordância das partes envolvidas com os termos propostos.

Momento da conclusão do contrato


É o momento em que é considerado formado o contrato entre duas ou mais pessoas que está ligado
pela ocasião da aceitação.

CLASSIFICAÇÃO dos Contratos:


Quanto ao efeito:

a) Unilateral: consiste no contrato em que só uma da parte tem a obrigação, enquanto a outra
apenas concorda com os termos, como no caso do contrato de doação pura. Adesão?

b) Bilateral: é o contrato no qual há prestação e contraprestação estipulada entre as partes, como


no contrato de compra e venda.

c) Plurilateral: trata-se da possibilidade da existência de vários polos no contrato, cada um com seus
deveres e direitos distintos, sendo vontades próprias.

Quanto à onerosidade:

a) Gratuito ou desinteressado: dá-se quando apenas uma das partes tem vantagem em razão da
manifestação de vontade da outra parte, como o contrato de mútuo simples (empréstimo de bem
fungível).

b) Oneroso comutativo: configura-se pela prestação mútua e já estabelecidas consequências do


cumprimento ou não do contrato, tendo cada parte uma obrigação para com a outra já determinada.

c) Oneroso aleatório por natureza: nesta espécie, o cumprimento do contrato é, naturalmente,


incerto, dependendo para que aconteça de um evento futuro, como no contrato de jogo e no
contrato de seguro.

d) Oneroso aleatório pela vontade das partes: ocorre pela convenção das partes em que se cria um
contrato que embora oneroso, depende de um evento futuro e incerto.

Quanto ao momento da execução:

a) Instantâneo: leva-se em conta o momento de celebração e cumprimento do contrato, por ocorrer


em um único ato.

b) Diferido: trata-se de hipótese em que o cumprimento do contrato se dá em momento posterior a


sua celebração.

c) De trato sucessivo ou em prestação: aqui, o cumprimento do contrato se dá no decorrer do


tempo, podendo, inclusive, ser modificado o acordado em razão da teoria da imprevisão.

Quanto ao agente:

a) Personalíssimo: trata-se do contrato em que apenas uma determinada pessoa poderá cumprir o
acordado, uma vez que foi celebrado em razão de suas características pessoais.
b) Impessoal individual: consiste na hipótese em que qualquer pessoa pode cumprir o contrato.
c) Impessoal coletivo: são contratos que envolvem várias pessoas, como as convenções coletivas de
trabalho.

Quanto à formação:

a) Paritário: configura contrato em que a celebração é de comum acordo, ambos elaborando as


cláusulas fixadas.
b) Adesão: hipótese em que apenas uma das partes elabora as cláusulas contratuais e a outra apenas
as adere.
c) Tipo: consiste em desdobramento do contrato de adesão, de modo a se utilizar um formulário em
que umas das partes, tão e somente, preencherá.

Quanto ao modo por que existem:

a) Principal: trata-se de contrato fruto da convergência de vontades, estabelecendo relação jurídica


originária entre as partes.

b) Acessório ou adjeto: espécie de contrato que se constitui em função do contrato principal, sendo
garantia ou complementação deste.

c) Derivado: configura um contrato novo que só surge em razão da existência de uma relação jurídica
contratual pretérita. Não se comunica, porém com o contrato principal.

Quanto à forma:

a) Solene ou formal: aquele contrato que deve respeitar os requisitos estipulados em lei para que
haja sua validade.

b) Não solene ou informal: decorre da ausência de disposição legal específica, de modo a poder ser
feito o contrato de qualquer forma.

c) Consensual: são aqueles contratos que se consideram formados pela simples oferta e aceitação.

d) Reais: são contratos em que só serão considerados firmados com a entrega da coisa objeto do
negócio jurídico, como no contrato de mútuo.

Quanto ao objeto:

a) Preliminar: consiste no contrato firmado em que as partes se comprometem a no futuro firmar o


contrato definitivo, como no caso de promessa de compra e venda de um imóvel.
b) Definitivo: trata-se do contrato pelo qual – de fato – concretiza-se o negócio jurídico.

Quanto à designação:

a) Nominados ou típicos: são os contratos previstos em lei, dando-se parâmetros legais a sua
formação.
b) Inominados: são os contratos sem previsão legal, mas que a lei considera lícito desde que
respeitadas às disposições gerais do direito contratual.
c) Misto: são aqueles contratos que tem por base um contrato nominado/típico, mas se acrescentam
cláusulas de outros contratos, ou cláusulas atípicas.
d) Coligados: são contratos que trazem duas prestações em razão de um único negócio, como a
venda de automóvel e assistência técnica no mesmo contrato.

e) União de contratos: são contratos distintos e autônomos que são unidos por conveniência, como
um contrato de moradia que se soma a um contrato de empreitada para construí-la.

Quanto ao objetivo:

a) Contrato de aquisição: é a forma de contrato definitivo, no qual se tem a transferência definitiva e


documental do bem.

b) Contrato de uso ou gozo: configura contrato que não tem a finalidade de transferir a titularidade
do bem, e sim de permitir o uso por determinado tempo, devendo ser devolvido nas mesmas
condições, ressalvado o desgaste natural.

c) Contrato de prestação de serviço: trata-se daquele contrato pelo qual o prestador de serviço se
obriga a prestar pessoalmente ou por terceiro um serviço definido no contrato em favor do
contratante.

d) Contrato associativo: é o contrato realizado entre duas ou mais pessoas na busca de um fim
comum, como no contrato social ou de cooperativa.

Modalidade
"AD CORPUS" - O conjunto como um todo é considerado, sem levar em conta a metragem oficial.

"AD MENSURAM" - Conforme a medida estipulada (hectare, metragem ou outra unidade oficial).

Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e
esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, O COMPRADOR TERÁ O DIREITO DE EXIGIR O
COMPLEMENTO DA ÁREA, E, NÃO SENDO ISSO POSSÍVEL, O DE RECLAMAR A RESOLUÇÃO DO CONTRATO OU
ABATIMENTO PROPORCIONAL AO PREÇO.

Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o vendedor ou o comprador que não o fizer
no prazo de UM ANO, a contar do registro do título.

Interpretação dos Contratos


O atual Código Civil estabelece regras de interpretação para os contratos. Essas por sua vez, é
realizado para apurar a realização do contrato, além de estabelecer clareza nas cláusulas contratuais.

EXTINÇÃO DOS CONTRATOS


Os contratos, como os negócios jurídicos em geral, apresentam um ciclo: nascem do acordo de
vontades, produzem os efeitos e extinguem-se.
Basicamente a extinção dos contratos ocorrem pela execução, seja ela deferida, continuada ou
instantânea.

Da Extinção do Contrato
Seção I

Do Distrato

Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.
Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera
mediante denúncia notificada à outra parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos
consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido
prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.

Seção II
Da Cláusula Resolutiva
Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação
judicial.
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir
exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
Seção III
Da Exceção de Contrato não Cumprido

Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação,
pode exigir o implemento da do outro.

Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em
seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a
outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê
garantia bastante de satisfazê-la.

Seção IV

Da Resolução por Onerosidade Excessiva

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da
sentença que a decretar retroagirão à data da citação.

Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as
condições do contrato.

Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a
sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade
excessiva.

Doutrina
Nesse diapasão, com sabedoria, JOÃO HORA NETO preleciona:
Em verdade, se é certo que a Carta Magna de 1988, de forma explícita, condiciona que a livre-
iniciativa deve ser exercida em consonância com o princípio da função social da propriedade (art.
170, III), e, uma vez entendida que a propriedade representa o segmento estático da atividade
econômica, não é desarrazoado entender que o contrato, enquanto segmento dinâmico,
implicitamente também está afetado pela cláusula da função social da propriedade, pois o contrato é
um instrumento poderoso da circulação da riqueza, ou melhor, da própria propriedade.

DISPOSIÇÕES GERAIS E IMPORTANTES:


Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á
adotar a interpretação mais favorável ao aderente.

Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do
aderente a direito resultante da natureza do negócio.

Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste
Código.

Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva

Da Estipulação em Favor de Terceiro

Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação.
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-
la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o
inovar nos termos do art. 438.

Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a
execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor.

Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato,
independentemente da sua anuência e da do outro contratante.
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última
vontade.

Da Promessa de Fato de Terceiro


Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o
não executar.

Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente,
dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a
indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.

Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se
ter obrigado, faltar à prestação.

Questão locona pra explicar:

Souto aceitou transportar mercadorias que lhe foram entregues por Sátiro. Foi estipulado no
contrato por Sátiro que a carga deverá ser entregue a Amélia, que não é parte no contrato.
Consideradas essas informações e o disposto na legislação civil sobre estipulações contratuais em
favor de terceiros, é correto afirmar que:

Primeiramente, vamos definir quem é quem de acordo com os dizeres legais:


Sátiro: Estipulante
Amélia: Terceira
Souto: outro contratante.

A- Somente Sátiro, na condição de estipulante, pode exigir o cumprimento da obrigação de


entrega da carga perante o transportador Souto;
errada. Amélia também pode.
Art. 436, §u, primeira parte: "Ao terceiro (Amélia), em favor de quem se estipulou a obrigação,
também é permitido exigi-la (...)"

B- Somente Amélia, na condição de terceiro em favor de quem se estipulou a obrigação, pode


exigir o cumprimento da entrega da carga perante o transportador Souto;
Errado, o estipulante também pode exigir. Então Sátiro o poderá, além de Amélia.
Art. 436: "O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação."
C- Se à Amélia for atribuído o direito de reclamar do transportador a entrega da carga, poderá
Sátiro exonerar Souto dessa obrigação;
Errado. Caso Amélia possa reclamar, Sátiro não poderá exonerar Souto.
Art. 437: "Se ao terceiro (Amélia), em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de
reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante (Sátiro) exonerar o devedor (Souto)".

D- Tanto o estipulante Sátiro quanto a destinatária Amélia poderão, individual ou conjuntamente,


exigir o cumprimento da obrigação de Souto e alterar as condições e normas do contrato;
Errada. Amélia não poderá alterar as condições e normas do contrato.
Art. 436, §u: "Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la
ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o
inovar nos termos do art. 438.

E- Sátiro, na qualidade de estipulante, pode reservar-se o direito de substituir a destinatária da


carga, Amélia, independentemente da sua anuência e da do transportador.
Correta. Art. 438, caput, CC.

Dos Vícios Redibitórios

Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou
defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.

 nesse caso, se comprar um lote e em alguns produtos DO LOTE vier com defeito, pode devolver O
LOTE INTEIRO.
 em um produto impróprio para o uso, pede-se a restituição integral e não só o abatimento do
preço

Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.

Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar
abatimento no preço.
 Indo bem direto ao ponto: a resolução do contrato ou o abatimento proporcional do preço, em
virtude do vício redibitório, são direitos potestativos. Portanto, a faculdade de escolher por um ou
outro é do adquirente.

CUIDADO- A questão vai tentar induzir se não é relação de consumo, portanto abrangida pelo CDC.
Quando não for destinatário final não é CDC. Pessoa que compra de alguém pra vender pra outras
não é CDC é CC.

VÍCIO REDIBITÓRIO x ERRO ESSENCIAL


o defeito/vício recai sobre o objeto/produto e não sobre o contrato celebrado (não há vícios de
vontade/declaração – por ex, a pessoa pede sapatos e recebeu os sapatos conforme o combinado -
haveria erro se, por exemplo, se a pessoa se confundisse e comprasse sapatos pensando que
receberia sandalias).

Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e
danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.

Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário,
se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.

Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de
trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava
na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.

§ 1 o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do
momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de
bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
§ 2 o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os
estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no
parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o
adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento,
sob pena de decadência.

CONTRATOS EM ESPÉCIE

1. COMPRA E VENDA
CONCEITO
■ É o contrato pelo qual um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o
outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.

Gera apenas obrigações. A transferência do domínio depende da tradição, para os móveis (CC, art.
1.226), e do registro, para os imóveis (art. 1.227).
NATUREZA JURÍDICA
■ É bilateral ou sinalagmático, uma vez que gera obrigações recíprocas.
■ É consensual, visto que se aperfeiçoa com o acordo de vontades, independentemente da entrega
da coisa.
■ É oneroso, pois ambos os contratantes obtêm proveito, ao qual corresponde um sacrifício.
■ É, em regra, comutativo, porque as prestações são certas, embora se transforme em aleatório
quando tem por objeto coisas futuras ou sujeitas a risco.
■ É, em regra, não solene, de forma livre, malgrado em certos casos seja solene, exigindo-se
escritura pública (art. 108).

ELEMENTOS

■ Consentimento:
a) Deve ser livre e espontâneo, sob pena de anulabilidade do negócio jurídico.
b) Deve recair sobre a coisa e o preço.
c) Requer capacidade das partes. As incapacidades dos arts. 3º e 4º do CC são supridas pela
representação, pela assistência e pela autorização do juiz.
d) Exige, também, capacidade específica para alienar (poder de disposição) e, em alguns casos,
legitimação para contratar.

■ Preço:
a) Deve ser determinado ou determinável.
b) Pode ser fixado pela taxa do mercado ou de bolsa, em determinado dia e lugar (art. 486).
c) Não pode ser deixado ao arbítrio exclusivo de uma das partes (art. 489).
d) Pode a fixação ser deixada ao arbítrio de terceiro (art. 485).
e) Se não estabelecido critério para sua fixação, entende-se que as partes se sujeitaram ao preço
corrente nas vendas habituais do vendedor (art. 488).
f) Deve ser pago em dinheiro ou redutível a dinheiro.
g) Deve ser sério e real, e não vil ou fictício.

■ Coisa:
a) Deve ter existência, ainda que potencial, como a safra futura, p. ex.
b) Deve ser individuada ou suscetível de determinação no momento da execução.
c) Deve ser disponível, isto é, não estar fora do comércio

EFEITOS

■ Principais:
a) gera obrigações recíprocas para os contratantes;
b) acarreta a responsabilidade do vendedor pelos vícios redibitórios e pela evicção.

■ Secundários:
a) a responsabilidade pelos riscos (art. 492);
Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do
preço por conta do comprador.

b) a repartição das despesas (art. 490);


Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do
comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.

c) o direito de reter a coisa ou o preço (art. 491).


Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de
receber o preço.

LIMITAÇÕES

■ Venda de ascendente a descendente:


a) É anulável, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante
expressamente houverem consentido (art. 496).

b) A finalidade da vedação é evitar doações inoficiosas disfarçadas de


compra e venda.

c) A forma da anuência será a mesma do ato a ser praticado (art. 220).

d) Cabe ao juiz nomear curador especial ao descendente menor ou


nascituro (art. 1.692), bem como suprir o consentimento, se a discordância foi imotivada.

■ Pessoa que deve zelar pelos interesses do vendedor:


O art. 497 do CC nega legitimação a certas pessoas que têm, por dever de
ofício, de zelar pelos bens alheios, com a finalidade de manter a isenção de
ânimo, p. ex., do tutor, do curador, do administrador, do juiz etc.

Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:

I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou


administração;
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que
estejam sob sua administração direta ou indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da
justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde
servirem, ou a que se estender a sua autoridade;
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.

Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.

■ Parte indivisa em condomínio:


O condômino não pode alienar a sua parte indivisa a estranho, se outro
consorte a quiser, tanto por tanto. Se preterido, poderá este exercer o seu
direito de preferência pela ação de preempção, no prazo decadencial de
cento e oitenta dias, efetuando o depósito do preço pago e havendo para si
a parte vendida ao terceiro (art. 504). A regra aplica-se também ao coerdeiro (art. 1.795).

■ Venda entre cônjuges:


O art. 499 do CC considera“lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da
comunhão”.
No regime da comunhão universal, tal venda mostra-se inócua. Nos demais regimes, o sistema não
impõe proibição. É inadmissível a doação entre cônjuges casados no regime da separação legal ou
obrigatória

VENDAS ESPECIAIS
■ Venda mediante amostra:
Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos,
entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a ela
correspondem (art. 484). Prevalece a amostra, se houver diferença com a
maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato (parágrafo único).

■ Venda ad corpus e ad mensuram:


a) Na venda ad corpus, o imóvel é adquirido como um todo (Chácara
Palmeiras, p. ex.), sendo apenas enunciativa a referência às suas
dimensões, que não têm influência na fixação do preço.
b) Na venda ad mensuram, o preço é estipulado com base nas dimensões
do imóvel. Se a área não corresponder às dimensões dadas, cabe a ação
ex empto ou ex vendito para exigir a complementação. Se esta não for
possível, cabe o ajuizamento da ação redibitória ou da quanti minoris

CLÁUSULAS ESPECIAIS À COMPRA E VENDA

■ Da retrovenda:
Constitui um pacto acessório, pelo qual o vendedor reserva-se o direito de reaver o imóvel que está
sendo alienado, em certo prazo, restituindo o preço, mais as despesas feitas pelo comprador (art.
505). Caracteriza-se como condição resolutiva expressa.

■ Da venda a contento e da sujeita a prova:


Constituem cláusulas que subordinam a eficácia do contrato à condição de
ficar desfeito se o comprador não se agradar da coisa, ou se não tiver esta
as qualidades asseguradas pelo vendedor e for inidônea para o fim a que
se destina (arts. 509 e 510).

■ Da preempção:
A preferência do condômino na aquisição de parte indivisa constitui
exemplo de preferência ou prelação legal. A preferência convencional
resulta de um acordo de vontades, em que o comprador se obriga a
oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, para que este use o
seu direito de prelação (o mesmo que preferência) na compra, tanto por
tanto (arts. 513 a 520).

■ Da venda com reserva de domínio:


É modalidade especial de venda de coisa móvel, em que o vendedor tem
a própria coisa vendida como garantia do recebimento do preço. Só a
posse é transferida ao adquirente. A propriedade permanece com o
alienante e só passa àquele após o recebimento integral do preço (CC, art.
521).

Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até que o preço
esteja integralmente pago.

Art. 522. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e depende de registro no
domicílio do comprador para valer contra terceiros.
Art. 524. A transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que o preço esteja
integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde o comprador, a partir de quando lhe foi
entregue.

■ Da venda sobre documentos:


Espécie de venda na qual a tradição da coisa é substituída pelo seu título representativo e por outros
documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste, pelos usos (art. 529).

Art. 529. Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu título
representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste, pelos usos.
Parágrafo único. Achando-se a documentação em ordem, não pode o comprador recusar o
pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo se o defeito já
houver sido comprovado.

2. DA TROCA OU PERMUTA
CONCEITO
■ Troca ou permuta é o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar
uma coisa por outra, que não seja dinheiro. (Na compra e venda a prestação de uma das partes
consiste em dinheiro).

Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda, com duas ressalvas (art. 533, I e II).

Art. 533. Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda, com as seguintes
modificações:
I - salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade as despesas com o
instrumento da troca;
II - é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem consentimento
dos outros descendentes e do cônjuge do alienante.

3. DO CONTRATO ESTIMATÓRIO Art. 534, CC


CONCEITO
■ Pelo contrato estimatório ou de consignação, o consignante
entrega bens móveis a outrem, denominado consignatário, para
que este os venda a terceiro, segundo estimação feita pelo
consignante. Nada impede, porém, que fique com o objeto para
si, pagando o preço fixado. Se preferir vendê-lo, auferirá lucro no
sobrepreço que obtiver

REGULAMENTAÇÃO
■ O consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço,
se a restituição da coisa, em sua integridade, tornar-se
impossível, ainda que por fato a ele não imputável (CC, art. 535).

■ A coisa consignada não pode ser objeto de penhora ou


sequestro pelos credores do consignatário, enquanto não pago
integralmente o preço, pois o consignante é o seu dono.
■ O consignante não pode dispor da coisa antes de lhe ser
restituída ou de lhe ser comunicada a restituição (art. 537).

4. DA DOAÇÃO
CONCEITO ■ É o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do
seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra (art. 538).

TRAÇOS CARACTERÍSTICOS
■ Natureza contratual. É contrato, em regra, gratuito, unilateral, consensual e solene.
■ Animus donandi: intenção de fazer uma liberalidade.
■ Transferência de bens para o patrimônio do donatário.
■ Aceitação deste. É indispensável e pode ser expressa, tácita ou presumida.

TIPOS DE DOAÇÃO

Doação pura: é a doação que se traduz simplesmente em uma liberalidade, sem fixação de qualquer
fator eficacial.

Doação a termo: o doador estabelece um termo (evento futuro e certo) que delimita um prazo, findo
o qual o donatário passa a exercer o domínio sobre a coisa doada.

Doação condicional: é aquela em que o doador estipula uma condição (evento futuro e incerto) ao
negócio.

Doação onerosa, modal ou com encargo: é a doação gravada com algum ônus, uma incumbência ou
dever. (art. 553, CC) “O encargo não é uma contraprestação, sendo proporcionalmente muito menos
oneroso do que o benefício recebido. Isso porque, se o encargo for muito pesado, pode
descaracterizar a doação, transformando-a, por exemplo, em uma compra e venda disfarçada”.
O encargo pode ser imposto em benefício do doador, de terceiro ou do interesse geral (art. 553).

Doação contemplativa: Quando o doador menciona o motivo da liberalidade (determinada virtude,


amizade etc.). em geral, é uma espécie de doação pura em que o doador declina os motivos que o
levaram a fazer a doação. Há também a doação contemplativa em razão de casamento futuro (art.
546, CC). Neste caso, se o casamento não se realizar, a doação ficará sem efeito.

Doação remuneratória: É a feita em retribuição a serviços prestados, cujo pagamento não pode ser
exigido pelo donatário. É o caso, p. ex., do cliente que paga serviços prestados por seu médico, mas
quando a ação de cobrança já estava prescrita; cuidador

■ Feita ao nascituro. Tal espécie, segundo o art. 542 do CC, “valerá, sendo aceita pelo seu
representante legal”.

■ Em forma de subvenção periódica. Trata-se de uma pensão,


como favor pessoal ao donatário, cujo pagamento termina com a
morte do doador, não se transmitindo a obrigação a seus
herdeiros, salvo se o contrário houver, ele próprio, estipulado.
Nesse caso, não poderá ultrapassar a vida do donatário (art. 545).

■ Em contemplação de casamento futuro (“propter nuptias”).


É o presente de casamento, dado em consideração às núpcias
próximas do donatário com certa e determinada pessoa. Só ficará
sem efeito se o casamento não se realizar (art. 546).

■ Entre cônjuges. A doação de um cônjuge a outro importa


adiantamento do que lhe cabe na herança (art. 544). A regra
aplica-se às hipóteses em que o cônjuge participa da sucessão do
outro na qualidade de herdeiro (art. 1.829).

Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento


do que lhes cabe por herança.

■ Conjuntiva (em comum a mais de uma pessoa). Entende-se


distribuída entre os beneficiados, por igual, salvo se o doador
dispuser em contrário (art. 551).

■ De ascendentes a descendentes. Importa adiantamento do que lhes cabe por herança (art. 544).
Estes são obrigados a conferir, por meio de colação, os bens recebidos (art. 2.004).
ATENÇÃO: bem doado a filho X e não ao filho Y. Sendo um adiantamento de herança não é necessária
a concordância ou permissão do filho Y para tal

■ Inoficiosa. É a que excede o limite de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor
em testamento. O art. 549 declara nula somente a parte que exceder tal limite.

■ Com cláusula de retorno ou reversão. Permite o art. 547 que o doador estipule o retorno, ao seu
patrimônio, dos bens doados, se sobreviver ao donatário, em vez de passarem aos herdeiros.

■ Manual. É a doação verbal de bens móveis de pequeno valor. Será válida se lhe seguir,
incontinenti, a tradição (art. 541, parágrafo único).

■ Feita a entidade futura. Permite o art. 554 doação a entidade


futura, dizendo, porém, que caducará se, em dois anos, esta não estiver constituída regularmente.

PROMESSA DE DOAÇÃO

■a lei brasileira não proíbe a realização de promessa de doação

 Tem-se entendido ser inexigível o cumprimento de promessa de doação pura, porque esta
representa uma liberalidade plena. Não cumprida, haveria uma execução coativa ou poderia o
promitente doador ser responsabilizado por perdas e danos — o que se mostra incompatível com a
gratuidade do ato.

 Tal óbice não existe na doação onerosa, porque o encargo imposto ao donatário estabelece um
dever exigível do doador. (pode)

RESTRIÇÕES LEGAIS
A lei proíbe:
■ Doação pelo devedor já insolvente, ou por ela reduzido à
insolvência, por configurar fraude contra credores (art. 158).
■ Doação da parte inoficiosa. O art. 549 proclama a nulidade da parte que exceder a de que o
doador poderia dispor em testamento.

■ Doação de todos os bens do doador. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou
renda suficiente para a subsistência do doador (art. 548).

■ Doação do cônjuge adúltero a seu cúmplice. Pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus
herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal. A doação não é nula,
mas anulável (art. 550).

Os atos nulos são aqueles que não gozam da aptidão para a produção de efeitos jurídicos. É,
portanto, inválido.
anulável, produz efeitos até ao momento da sua anulação.

REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO

■ Modos comuns a todos os contratos. Tendo natureza contratual, a doação pode contaminar-se de
todos os vícios do negócio jurídico, como erro, dolo, coação etc., sendo desfeita por ação anulatória.

Pode ser declarada nula, também, como os demais contratos (arts. 104, 166, 541, parágrafo único),
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se
lhe seguir incontinenti a tradição.

e ainda em razão da existência de vícios que lhe são peculiares (arts. 548, 549 e 550).

Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a
subsistência do doador.
Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no momento da
liberalidade, poderia dispor em testamento.
Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por
seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.

■ Por descumprimento do encargo (art. 562).


■ Por ingratidão do donatário (arts. 555 e 557).

Art. 563. A revogação por ingratidão não prejudica os direitos adquiridos por terceiros, nem obriga o
donatário a restituir os frutos percebidos antes da citação válida; mas sujeita-o a pagar os
posteriores, e, quando não possa restituir em espécie as coisas doadas, a indenizá-la pelo meio termo
do seu valor.

■ Atentado contra a vida do doador ou cometimento de crime de homicídio doloso contra ele

Art. 560. O direito de revogar a doação não se transmite aos herdeiros do doador, nem prejudica os
do donatário. Mas aqueles podem prosseguir na ação iniciada pelo doador, continuando-a contra os
herdeiros do donatário, se este falecer depois de ajuizada a lide.
Art. 561. No caso de homicídio doloso do doador, a ação caberá aos seus herdeiros, exceto se aquele
houver perdoado.

■ Ofensa física praticada contra o doador


■ Injúria grave ou calúnia ao doador
■ Recusa de alimentos ao doador
■ Ação revocatória (Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro
de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de ter
sido o donatário o seu autor).

Art. 564. Não se revogam por ingratidão:


I - as doações puramente remuneratórias;
II - as oneradas com encargo já cumprido;
III - as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural;
IV - as feitas para determinado casamento.

5. DA LOCAÇÃO DE COISAS
CONCEITO
■ Locação de coisas é contrato pelo qual “uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo
determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível (implica a restituição da mesma coisa )
mediante certa retribuição” (CC, art. 565).

Art. 568. O locador (é quem botou pra alugar) resguardará o locatário dos embaraços e turbações de
terceiros, que tenham ou pretendam ter direitos sobre a coisa alugada, e responderá pelos seus
vícios, ou defeitos, anteriores à locação.

CARACTERES
■ é bilateral (envolve prestações recíprocas);
■ é oneroso (ambas as partes obtêm proveito);
■ é consensual (aperfeiçoa-se com o acordo de vontades);
■ é comutativo (não envolve risco);
■ é não solene (a forma é livre);
■ é de trato sucessivo (prolonga-se no tempo).

ELEMENTOS ESSENCIAIS
■ O objeto, que pode ser coisa móvel infungível (se fungível, será
contrato de mútuo) ou imóvel.
■ O preço, denominado aluguel ou remuneração. Se faltar, haverá
comodato. É fixado pelas partes, ou mediante arbitramento, ou ainda por
ato governamental (táxis, p. ex.).
■ O consentimento, que pode ser expresso ou tácito

Aluguel – coisa móvel infugível – imóvel – tem preço


Mutuo – coisa móvel fungível
Comodato - não tem preço

OBRIGAÇÕES DO LOCADOR
■ Entregar ao locatário a coisa alugada, em estado de servir ao uso a que se destina (art. 566, I).
■ Manter a coisa no mesmo estado (art. 566, I, 2ª parte).
■ Garantir o uso pacífico da coisa (arts. 566, II, e 568).

OBRIGAÇÕES DO LOCATÁRIO
■ Servir-se da coisa alugada para os usos convencionados e tratá-la
como se sua fosse (art. 569, I).
■ Pagar o aluguel nos prazos ajustados (art. 569, II).
■ Levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros, fundadas em direito (art. 569, III).
■ Restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a recebeu, salvas as deteriorações naturais (art.
569, IV).

LOCAÇÃO DE PRÉDIOS
■ O Código Civil de 2002 não dispõe a respeito da locação de prédios.

 A locação urbana rege-se, hoje, pela Lei n. 8.245/91 (LI, com as alterações introduzidas pela Lei n.
12.112/2009), cujo art. 1º, parágrafo único, proclama:

 continuarem regidas pelo Código Civil as locações de:


- imóveis de propriedade da União, dos Estados, dos Municípios;
- De vagas autônomas de garagem ou de espaços para estacionamento de veículos;
- de espaços destinados à publicidade;
- de apart-hotéis, hotéisresidência ou equiparados; e o arrendamento mercantil.

As normas do Código Civil têm, pois, aplicação restrita aos referidos imóveis.

Art. 577. Morrendo o locador ou o locatário, transfere-se aos seus herdeiros a locação por tempo
determinado.

Art. 578. Salvo disposição em contrário, o locatário goza do direito de retenção, no caso de
benfeitorias necessárias, ou no de benfeitorias úteis, se estas houverem sido feitas com expresso
consentimento do locador.

Benfeitorias necessárias – são as que têm por fim conservar ou evitar que o bem se deteriore.
Exemplo: a reforma do telhado de uma casa.
Benfeitorias úteis – aumentam ou facilitam o uso da coisa, tornando-a mais útil. Exemplo: instalação
de uma grade na janela de uma casa
Benfeitorias Voluptuárias – mero deleite, não aumentam ou facilitam o uso do imóvel, mas podem
torná-lo mais bonito ou mais agradável, tais como obras de jardinagem, de decoração ou alteração
meramente estética como cerca viva, Colocação de Coluna Romanas no Hall de Entrada, Construção
de Lago para embelezamento do local.

 Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo ser levantadas pelo
locatário, finda a locação, desde que sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel.”

6. DO COMODATO
CONCEITO
■ É o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto (art. 579).

CARACTERÍSTICAS

■ Gratuidade do contrato: decorre de sua própria natureza, pois se confundiria com a locação, se
fosse oneroso.
■ Infungibilidade do objeto: implica a restituição da mesma coisa recebida em empréstimo. Se
fungível ou consumível, haverá mútuo.
■ Necessidade da tradição para o seu aperfeiçoamento: o que o torna um contrato real.
■ É contrato unilateral, temporário e não solene: é unilateral porque, aperfeiçoando-se com a
tradição, gera obrigações apenas para o comodatário.

OBRIGAÇÕES DO COMODATÁRIO
■ Conservar a coisa, como se sua fora, evitando desgastá-la (art. 582).
■ Usar a coisa de forma adequada (art. 582).
■ Restituir a coisa, no prazo convencionado, ou, não sendo este determinado, findo o necessário ao
uso concedido.

Cuidado: A FGV É UMA FILHA DA MÃE E GOSTA DE FALAR COISAS DO TIPO:

João foi contratado como vendedor por uma empresa de Canoinhas (SC) e, para o exercício da sua
função, recebeu um telefone celular corporativo, assinando um contrato de comodato.

O bem objeto do comodato é:

O OBJETO DO COMODATO SERIA: infungível e inconsumível; porque comodato é de coisas NÃO


FUNGÍVEIS.

PORÉM, eles colocam que é um CELULAR.

O telefone celular entregue ao empregado é por natureza um bem fungível (pode ser substituído por
outro de mesma espécie, qualidade e quantidade) e indivisível (não pode ser fisicamente
fragmentado ou, se o for, perderá a sua essência), conforme artigos 85 e 87 do CCB.

Portanto, de acordo com a FGV é um COMODATO de coisa FUNGÍVEL (o nome disso é mútuo)

EXTINÇÃO DO COMODATO
■ Pelo advento do termo convencionado ou pela utilização da
coisa de acordo com a finalidade para que foi emprestada.
■ Pela resolução, em caso de descumprimento, pelo comodatário, de suas obrigações.
■ Por sentença, a pedido do comodante, provada a necessidade imprevista e urgente.
■ Pela morte do comodatário, se o contrato foi celebrado intuitu personae.

Art. 584. O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas com o uso e
gozo da coisa emprestada.

7. DO MÚTUO - EMPRÉSTIMO
CONCEITO
■ É o empréstimo de coisas fungíveis, pelo qual o mutuário obriga-se a
restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero,
qualidade e quantidade (CC, art. 586).
O mutuante transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário. É empréstimo para consumo

COMO SE DISTINGUE DO COMODATO


■ É empréstimo de consumo, enquanto o comodato é de uso.
■ Tem por objeto coisas fungíveis, e o comodato, bens infungíveis.
■ O mutuário desobriga-se, restituindo coisa da mesma espécie, qualidade e quantidade, mas o
comodatário só se exonera restituindo a própria coisa emprestada.
■ Acarreta a transferência do domínio — o que não ocorre no comodato.
■ Permite a alienação da coisa emprestada, ao passo que o comodatário é proibido de transferir a
coisa a terceiro.

CARACTERES
■ É contrato real: aperfeiçoa-se com a entrega da coisa emprestada.
■ É tratado no Código como contrato gratuito, embora o empréstimo de
dinheiro seja, em regra, oneroso, com estipulação de juros, sendo por
isso denominado mútuo feneratício.
■ É contrato unilateral, porque, entregue a coisa, quando se aperfeiçoa,
as obrigações recaem somente sobre o mutuário.
■ É contrato não solene (de forma livre).
■ É contrato temporário, pois será doação se for perpétuo.

Importante:
sobre o mútuo com variação cambial: "São nulas as convenções de pagamento em ouro ou
em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda
nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial" (art. 318 CC).

sobre os juros remuneratórios: "Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos


juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406 [a
taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional ]."
(art. 591 CC)

Súmula 296 do STJ – "Os juros remuneratórios, não cumuláveis com a comissão de permanência, são
devidos no período de inadimplência, à taxa média de mercado estipulada pelo Banco Central do
Brasil, limitada ao percentual contratado."

8. DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
CONCEITO
■ Constitui locação ou prestação de serviço toda espécie de serviço ou
trabalho lícito, material ou imaterial, contratado mediante retribuição (CC,
art. 594). As regras do CC têm caráter residual, aplicando-se somente às
relações não regidas pela CLT e pelo CDC, sem distinguir a espécie de
prestador de serviços, que pode ser profissional liberal ou trabalhador
braçal (art. 593).

NATUREZA JURÍDICA
É contrato:
■ bilateral ou sinalagmático (bilateral)
■ oneroso;
■ consensual;
■ não solene.
DURAÇÃO
■ É limitada a, no máximo, quatro anos, para evitar prestações de serviço
por tempo demasiadamente longo, caracterizando verdadeira escravidão,
sob pena de redução pelo juiz (art. 598). Quando celebrado sem prazo
determinado, pode ser objeto de resilição unilateral (art. 599).

EXTINÇÃO DO CONTRATO
Ocorre o término do contrato (art. 607):
■ com a morte de qualquer das partes;
■ pelo escoamento do prazo;
■ pela conclusão da obra;
■ pela resilição do contrato mediante aviso prévio;
■ por inadimplemento de qualquer das partes;
■ pela impossibilidade de sua continuação, por força maior

9. DA EMPREITADA – art. 610


CONCEITO
■ É contrato em que uma das partes (o empreiteiro) obriga-se a
realizar determinada obra, pessoalmente ou por meio de terceiros,
mediante remuneração a ser paga pela outra (o dono da obra), de
acordo com as instruções desta e sem relação de subordinação.

NATUREZA JURÍDICA
É contrato:
■ bilateral;
■ consensual;
■ comutativo (prestações recíprocas a que se obrigam os contratantes são perfeitamente
equivalentes)
■ oneroso;
■ não solene.

ESPÉCIES
■ Quanto à execução:
a) empreitada de lavor (de mão de obra);
b) empreitada mista (de trabalho e de materiais).

■ Quanto ao modo de fixação do preço:


a) empreitada sob administração (por preço de custo);
b) empreitada propriamente dita (a preço máximo);
c) empreitada a preço fixo ou global;
d) empreitada a preço por medida ou por etapas;
e) empreitada de valor reajustável.

Art. 610 - §2º - O contrato para elaboração de um projeto não implica a obrigação de executá-lo, ou
de fiscalizar-lhe a execução.

10. DO DEPÓSITO
CONCEITO
■ É o contrato pelo qual um dos contratantes (depositário) recebe um objeto móvel, para guardar,
até que o depositante o reclame (CC, art. 627). A sua principal finalidade é a guarda de coisa alheia.

CARACTERES
É contrato:
■ real (exige a tradição);
■ temporário (art. 627);
■ gratuito, exceto se houver convenção em contrário, se resultante de
atividade negocial ou se o depositário o praticar por profissão (art. 628);
■ unilateral; quando assalariado, é bilateral;
■ gera obrigação de restituir;
■ o objeto deve ser coisa móvel corpórea.

ESPÉCIES
■ Voluntário: resulta de acordo de vontades (arts. 627 a 646).

■ Necessário:
Art. 647. É depósito necessário:
I - o que se faz em desempenho de obrigação legal;
II - o que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, a inundação, o naufrágio ou
o saque.
Art. 648. O depósito a que se refere o inciso I do artigo antecedente, reger-se-á pela disposição da
respectiva lei, e, no silêncio ou deficiência dela, pelas concernentes ao depósito voluntário.

Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se aos depósitos previstos no inciso II do artigo
antecedente, podendo estes certificarem-se por qualquer meio de prova.

Art. 649. Aos depósitos previstos no artigo antecedente é equiparado o das bagagens dos viajantes
ou hóspedes nas hospedarias onde estiverem.

Parágrafo único. Os hospedeiros responderão como depositários, assim como pelos furtos e roubos
que perpetrarem as pessoas empregadas ou admitidas nos seus estabelecimentos.

Art. 650. Cessa, nos casos do artigo antecedente, a responsabilidade dos hospedeiros, se provarem
que os fatos prejudiciais aos viajantes ou hóspedes não podiam ter sido evitados.
Art. 651. O depósito necessário não se presume gratuito. Na hipótese do art. 649, a remuneração
pelo depósito está incluída no preço da hospedagem.
Art. 652. Seja o depósito voluntário ou necessário, o depositário que não o restituir quando exigido
será compelido a fazê-lo mediante prisão não excedente a um ano, e ressarcir os prejuízos.
a) Conceito: é o que independe da vontade das partes, por resultar de fatos imprevistos e
irremovíveis.

b) Modalidades:
- depósito legal (faz-se em desempenho de obrigação legal — art. 647, I);
- depósito miserável (é o que se efetua por ocasião de alguma calamidade pública — art. 647, II);
- depósito dos hospedeiros (é o depósito da bagagem dos hóspedes, que a lei (art. 649) equipara ao
depósito legal).

■ Regular: é o que recai sobre coisa infungível, que deve ser restituída.

■ Irregular: envolve bens fungíveis, como o dinheiro, obrigando-se o


depositário a restituir coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade
(depósito bancário, p. ex., que se rege pelo disposto acerca do mútuo,
segundo o art. 645 do CC).

■ Empresarial: o que é feito por causa econômica, em poder de


empresário, ou por conta de empresário. Os demais são simples.

■ Judicial: é o que se verifica por ordem judicial, com o intuito de


preservar a incolumidade de coisa litigiosa, até que se decida a causa (art. 635).

OBRIGAÇÕES DO DEPOSITÁRIO
■ Guardar a coisa depositada com o cuidado e a diligência que
costuma ter com o que lhe pertence (art. 629).
■ Conservar a coisa alheia, para poder restituí-la no estado em que a recebeu.
■ Restituir a coisa, com os seus frutos e acrescidos, quando o exija o
depositante (art. 629), ainda que o contrato fixe prazo para a restituição.

Não estará obrigado a fazê-lo se tiver direito de retenção pelo valor


das despesas e prejuízos advindos do depósito (art. 644), se o objeto for
judicialmente embargado, se sobre ele pender execução notificada ao
depositário, se houver motivo razoável de suspeitar que a coisa foi
dolosamente obtida — caso em que requererá que se recolha o objeto
ao Depósito Público (arts. 633 e 634).

PRISÃO DO DEPOSITÁRIO INFIEL


■ A CF proíbe a prisão por dívida civil, mas ressalva a do devedor de
pensão alimentícia e a do depositário infiel (art. 5º, LXVII). Por sua vez,
o art. 652 do CC sujeita o último a prisão não excedente a um ano.

Todavia, o STF pôs fim à prisão civil do depositário infiel, tanto nas hipóteses de contratos como nas
de depósito e de alienação fiduciária, v.g., no caso do depositário judicial, revogando, em
consequência, a Súmula 619

11. DO MANDATO
CONCEITO
■ Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes
para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses (CC, art. 653).
PRINCIPAL CARACTERÍSTICA
■ É a ideia de representação, que o distingue da locação de
serviços e da comissão mercantil. Por essa razão, os atos do
mandatário vinculam o mandante, se dentro dos poderes
outorgados (art. 679). Os praticados além deles só o vinculam se
forem por ele ratificados (art. 665).
■ legais (pais, tutores, curadores);

ESPÉCIES DE REPRESENTANTES
■ judiciais (nomeados pelo juiz);
■ convencionais (recebem procuração para agir em nome do mandante).
NATUREZA JURÍDICA
■ É contrato, porque depende de aceitação, que pode ser expressa ou tácita (pelo começo de
execução: art. 659).
Art. 659. A aceitação do mandato pode ser tácita, e resulta do começo de execução.

■ É consensual (aperfeiçoa-se com o acordo de vontades).


■ É personalíssimo ou intuitu personae (baseia-se na confiança).
■ É não solene, por serem admitidos o mandato tácito e o verbal (art. 656).

■ Em regra, gratuito (art. 658), exceto se outorgado a quem exerce a profissão de mandatário,
quando se presume oneroso.

Art. 658. O mandato presume-se gratuito quando não houver sido estipulada retribuição, exceto se
o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por ofício ou profissão lucrativa.
Parágrafo único. Se o mandato for oneroso, caberá ao mandatário a retribuição prevista em lei ou
no contrato. Sendo estes omissos, será ela determinada pelos usos do lugar, ou, na falta destes, por
arbitramento.

■ Em regra, unilateral, porque gera obrigações somente para o


mandatário, podendo classificar-se como bilateral imperfeito
(pode gerar a obrigação de pagar perdas e danos sofridos pelo
mandatário). Toda vez que se convenciona a remuneração,
passa a ser contrato bilateral e oneroso.

PESSOAS QUE PODEM DAR E RECEBER MANDATO


■ Sendo um contrato, o mandato reclama o consentimento das
partes, exigindo capacidade do mandante e do mandatário.

■ Toda pessoa capaz é apta para outorgar mandato mediante instrumento particular (art. 654).

 Os menores púberes (Entre dezesseis e dezoito anos) assistidos, firmam a procuração junto com
os seus representantes, por instrumento público se for ad negotia.
 A ad judicia pode ser outorgada por instrumento particular (CPC, art. 105).

■ O maior de 16 e menor de 18 anos não emancipado pode ser mandatário (procurador,


representante, responsável por executar obrigações, ordens ou mandatos, de ações registradas e
autorizada) mas o mandante não tem ação contra ele, senão de conformidade com as regras gerais,
aplicáveis às obrigações contraídas por menores (art. 666).
REQUISITOS DA PROCURAÇÃO
■ Encontram-se no § 1º do art. 654, dentre eles a qualificação do
outorgante e do outorgado e a natureza e extensão dos poderes conferidos.

■ A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para


o ato a ser praticado (art. 657). Assim, a procuração outorgada
para a venda de imóvel deve observar a forma pública.

■ O substabelecimento pode ser feito por instrumento particular,


ainda que a procuração tenha sido outorgada por instrumento público (art. 655).

ESPÉCIES
■ expresso ou tácito, verbal ou escrito (art. 656);
■ gratuito ou remunerado;
■ ad negotia (extrajudicial) e ad judicia;
■ simples e empresário;
■ em termos gerais e com poderes especiais;
■ conjunto, solidário, sucessivo ou fracionário;
■ especial a um ou mais negócios determinadamente, ou geral a todos os do mandante (art. 660).

OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO
■ Agir em nome do mandante, dentro dos poderes conferidos na procuração (art. 665).
■ Aplicar toda a sua diligência habitual na execução do contrato e
indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua.
■ Prestar contas de sua gerência ao mandante, transferindo-lhe
as vantagens provenientes do mandato (art. 668).
■ Apresentar o instrumento do mandato às pessoas com quem
tratar em nome do mandante.
■ Concluir o negócio já começado, embora ciente da morte,
interdição ou mudança de estado do mandante, se houver perigo na demora (art. 674).

OBRIGAÇÕES DO MANDANTE
■ Satisfazer as obrigações assumidas pelo mandatário dentro dos
poderes conferidos no mandato (art. 675).
■ Reembolsar as despesas efetuadas pelo mandatário.
■ Pagar-lhe a remuneração ajustada.
■ Indenizá-lo dos prejuízos experimentados na execução do
mandato (arts. 675 a 677).

EXTINÇÃO DO MANDATO
■ pela revogação ou pela renúncia;
■ pela morte ou interdição de uma das partes;
■ pela mudança de estado;
■ pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio.

IRREVOGABILIDADE DO MANDATO
■ Quando contiver cláusula de irrevogabilidade.
■ Quando a cláusula de irrevogabilidade for condição de um
negócio bilateral ou tiver sido estipulada no exclusivo interesse do mandatário.
■ Quando conferido com a cláusula em causa própria.
■ Quando contenha poderes de cumprimento ou confirmação de
negócios encetados (começados), aos quais se ache vinculado (arts. 683 a 686)

12. DA COMISSÃO
CONCEITO
■ É o contrato pelo qual um dos contraentes, denominado comissário,
obriga-se a realizar negócios em favor do outro, intitulado comitente,
segundo instruções deste, porém em nome daquele (do comissário)

Art. 693. O contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo comissário, em
seu próprio nome, à conta do comitente.

CARACTERES
■ É contrato bilateral, consensual, oneroso, comutativo, não solene e intuitu personae.
■ O comissário obriga-se perante terceiros em seu próprio nome,
figurando no contrato como parte.
■ São aplicáveis à comissão, no que couber, as regras sobre mandato (art. 709).

COMISSÃO DEL CREDERE


■ O comissário não responde pela insolvência das pessoas com quem
tratar, exceto em caso de culpa e de constar do contrato a cláusula del
credere (art. 697).

cláusula Del credere  é a que responsabiliza o distribuidor a responder solidariamente junto ao


comitente pelas obrigações assumidas pelo comprador.

Nesse último caso, responderá o comissário solidariamente com as pessoas com que houver
contratado em nome do comitente, caso em que, salvo estipulação em contrário, o comissário
tem direito a remuneração mais elevada, para compensar o ônus assumido (art. 698).

13. DA AGÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO


CONCEITO
■ Configura-se o contrato de agência quando uma pessoa
assume, em caráter não eventual e sem vínculos de
dependência, a obrigação de promover, à conta de outra,
mediante retribuição, a realização de certos negócios, em zona determinada.

■ E o de distribuição, quando o agente tiver à sua disposição a coisa a ser negociada (art. 710).

REGULAMENTAÇÃO
■ Salvo ajuste, o agente ou distribuidor terá direito à remuneração correspondente aos negócios
concluídos dentro de sua zona, ainda que sem a sua interferência (art. 714).

■ O proponente pode conferir poderes ao agente para que este o


represente na conclusão dos contratos. Nesse caso,
caracterizar-se-á o contrato de representação autônoma, regido
pela Lei n. 4.886/65.

■ O proponente não pode constituir, ao mesmo tempo, mais de


um agente, na mesma zona, com idêntica incumbência, salvo
estipulação diversa (art. 711).

■ A remuneração será devida ao agente também quando o


negócio deixar de ser realizado por fato imputável ao proponente (art. 716).

14. DA CORRETAGEM
CONCEITO
■ É o contrato em que uma pessoa, não ligada a outra em virtude de
mandato, de prestação de serviços ou por qualquer relação de
dependência, obriga-se a obter para a segunda um ou mais negócios,
conforme as instruções recebidas (art. 722).

CARACTERES
■ É contrato bilateral, consensual, acessório, oneroso, aleatório e não solene.

DIREITOS E DEVERES DO CORRETOR


■ A profissão é regida pela Lei n. 6.530/78, regulamentada pelo Decreto
n. 81.871/78.
■ O principal direito do mediador é justamente o de perceber a
comissão. Se não estiver fixada em lei, nem ajustada entre as partes,
será arbitrada segundo a natureza do negócio e os usos locais (art.
724).
■ Quanto aos deveres, destacam-se:
a) o de executar a mediação com a diligência e prudência que o negócio requer;
b) o de prestar ao cliente, sob pena de responder por perdas e danos, todos os esclarecimentos
que estiverem ao seu alcance (art. 723).

15. DO TRANSPORTE
CONCEITO
■ Contrato de transporte é aquele em que alguém se obriga,
mediante retribuição, a transportar, de um lugar para outro, pessoas ou coisas (art. 730).

NATUREZA JURÍDICA
■ É contrato bilateral, consensual, em regra oneroso, comutativo e de adesão.

ESPÉCIES
■ É de pessoas e coisas, e, quanto ao meio empregado, pode ser terrestre, aéreo e marítimo.

RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR
■ Responde o transportador, de forma objetiva (INDEPENDENTE DE CULPA) pelos danos causados às
pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula
excludente da responsabilidade (art. 734).

TRANSPORTE DE PESSOAS
■ A partir do momento em que um indivíduo acena para um
veículo de transporte público, já o contrato teve início, diante da
oferta permanente em que se encontra o veículo em trânsito.

■ O art. 732 do CC ressalva a legislação especial (CDC, Código


Brasileiro de Aeronáutica, Convenção de Varsóvia), no que não
contrarie as disposições do diploma civil.

■ Não se subordina às normas do contrato de transporte o feito


gratuitamente por amizade ou cortesia (art. 736).

■ O passageiro deve sujeitar-se às normas estabelecidas pelo


transportador, absten-do-se de quaisquer atos que causem
incômodo ou prejuízo aos demais passageiros (art. 738). Se
houver concorrido para o dano, o juiz reduzirá equitativamente a indenização.

TRANSPORTE DE COISAS
■ É dever do transportador conduzir a coisa ao seu destino,
tomando todas as cautelas necessárias para mantê-la em bom
estado e entregá-la no prazo ajustado (art. 749).
■ Poderá o transportador recusar a coisa cuja embalagem seja
inadequada, bem como a que possa pôr em risco a saúde das pessoas, ou danificar o veículo e outros
bens (art. 746).
■ A responsabilidade do transportador, limitada ao valor
constante do conhecimento, começa no momento em que recebe
a coisa e termina quando é entregue ao destinatário, ou
depositada em juízo, se aquele não for encontrado (art. 750).

16. DO SEGURO
Conceito
■ Contrato de seguro é aquele pelo qual uma das partes, denominada
segurador, obriga-se a garantir interesse legítimo da outra, intitulada
segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos determinados (CC, art.
757). O seu principal elemento é o risco, que se transfere para outra
pessoa.
Natureza jurídica
■ É contrato bilateral, oneroso, consensual, aleatório e de adesão.

Trata-se do contrato bilateral e oneroso em que pelo menos um dos contraentes não pode antever a
vantagem que receberá, em troca da prestação fornecida. Caracteriza-se pela incerteza, para as
partes, sobre as vantagens e sacrifícios que dele podem advir. É que a perda ou lucro dependem de
um fato futuro e imprevisível.

Requisitos
■ O segurador deve ser uma sociedade anônima, uma sociedade mútua ou
uma cooperativa, com autorização governamental, que assume o risco,
mediante recebimento do prêmio, obrigando-se a pagar ao primeiro a indenização.

■ O segurado deve ter capacidade civil.

■ Nem todas as pessoas podem ser beneficiárias (arts. 793, 550 e 1.801, III).
Art. 793. É válida a instituição do companheiro como beneficiário, se ao tempo do contrato o
segurado era separado judicialmente, ou já se encontrava separado de fato.
Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por
seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do
cônjuge há mais de cinco anos;

■ O objeto, que é o risco descrito na apólice, deve ser lícito e possível. O


seu valor deve ser determinado (arts. 778, 782 e 789).
■ A boa-fé, que é mais energicamente exigida nos contratos de seguro (art. 765).

Espécies
■ Quanto à obrigatoriedade:

a) privados (facultativos), que se dividem-se em:


- terrestres;
- marítimos; e
- aéreos.
b) sociais (obrigatórios).

■ Quanto ao número de pessoas:


a) individual;
b) coletivo.

■ Quanto ao objeto:
a) de coisas;
b) de pessoas.

■ Quanto às obrigações do segurador:


a) de ramos elementares (risco de fogo, transporte e outros eventos danosos);
b) de pessoas.
■ Os seguros de pessoas, por sua vez, classificam-se em:
a) contra acidentes pessoais;
b) de vida.
■ Os seguros de vida, por seu turno, dividem-se em:
a) da vida inteira;
b) para certo e determinado período;
c) com formação de capital;
d) misto (de vida inteira com o de formação de capital);
e) de duas vidas.

■ Quanto à prestação dos segurados:


a) a prêmio;
b) mútuo;
c) misto (abrange os anteriores).

Principal obrigação do segurado


■ Consiste em pagar o prêmio estipulado no contrato. Não pode exonerar-se,
alegando que o risco não se verificou (art. 764), pois se trata de contrato aleatório.

Principal obrigação do segurador


■ Consiste em pagar em dinheiro, se outra forma não foi convencionada (a
de consertar o veículo, p. ex.), o prejuízo resultante do risco assumido e,
conforme as circunstâncias, o valor total (reposição) da coisa segura (art.
776).

“O suicídio não é coberto nos dois primeiros anos de vigência do


contrato de seguro, ressalvado o direito do beneficiário à devolução
do montante da reserva técnica formada”.

De acordo com os precedentes que serviram de base à decisão tomada


pelos Ministros da referida Corte Superior, a seguradora será obrigada a
indenizar depois do período de carência de dois anos, “mesmo diante da
prova mais cabal de premeditação”
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese prevista neste artigo (no art. 798, porém é o que ta
mencionado ali em cima) é nula a cláusula contratual que exclui o pagamento do capital por
suicídio do segurado.

17. DA CONSTITUIÇÃO DE RENDA


Conceito
■ Pelo contrato de constituição de renda, uma pessoa (o instituidor)
entrega a outrem (rendeiro ou censuário) um capital, que pode consistir
em bens móveis ou imóveis, obrigando-se este a pagar àquela ou a terceiro
por ela indicado, periodicamente, determinada prestação (arts. 803 e 804).

Trata-se de modalidade contratual raramente encontrada na atualidade,


especialmente em países de moeda instável como o Brasil. Somente um
insensato, pondera Silvio Rodrigues, seria capaz de permutar um imóvel de
sua propriedade por uma renda (hoje considerada) remuneradora
Modo constitutivo
■ por ato inter vivos, oneroso ou gratuito;
■ por testamento.

Caracteres
■ É, em regra, vitalícia e, consequentemente, aleatória.
■ Pode ser a prazo certo, ou por vida, podendo ultrapassar a vida do
devedor, mas não a do credor (art. 806).
■ Pode ser bilateral e oneroso ou gratuito e em regra comutativo.
Quando oneroso, é de natureza real (art. 809).
■ É solene, pois a lei exige escritura pública (art. 807).

18. DO JOGO E DA APOSTA


Conceito
■ Jogo é o contrato em que duas ou mais pessoas prometem, entre si,
pagar certa soma àquela que obtiver êxito ou sucesso em sua atuação. O
resultado decorre da participação dos contratantes.

■ A aposta é convenção na qual o resultado não depende das partes, mas


de um ato ou fato alheio e incerto. Vence a aposta aquele cujo ponto de
vista a respeito de fato praticado por outrem se verifique ser o verdadeiro.

Espécies de jogo
■ Ilícitos (ou proibidos): quando o resultado depende exclusivamente da sorte (roleta, jogo do bicho
etc.).
■ Lícitos: quando o ganho decorre da habilidade, força ou inteligência dos
contendores (tênis, carteados etc.). Geram obrigações naturais, inexigíveis (art. 814).

Podem ser:
a) Tolerados: embora não ingressem no campo da ilicitude, não são bem vistos
pela lei e não geram efeitos entre as partes
b) Autorizados ou regulamentados pela lei, como o turfe e diversas
loterias. Geram obrigações civis, permitindo a cobrança judicial da
recompensa (art. 814, § 2º, 2ª parte).

Contratos diferenciais
■ O mercado a termo, que versa sobre títulos de bolsa em que se estipule
a liquidação pela diferença entre o preço ajustado e a cotação que eles
tiverem no vencimento do ajuste, era equiparado, no CC/1916, ao jogo. O
atual diploma, diversamente, prescreveu que as disposições dos arts. 814 e
815 não se aplicam a tais contratos (art. 816)

Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a
quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou
interdito.
§ 1º Estende-se esta disposição a qualquer contrato que encubra ou envolva reconhecimento,
novação ou fiança de dívida de jogo; mas a nulidade resultante não pode ser oposta ao terceiro de
boa-fé.
§ 2º O preceito contido neste artigo tem aplicação, ainda que se trate de jogo não proibido, só se
excetuando os jogos e apostas legalmente permitidos.
§ 3º Excetuam-se, igualmente, os prêmios oferecidos ou prometidos para o vencedor em
competição de natureza esportiva, intelectual ou artística, desde que os interessados se submetam
às prescrições legais e regulamentares.
Art. 815. Não se pode exigir reembolso do que se emprestou para jogo ou aposta, no ato de apostar
ou jogar.
Art. 816. As disposições dos arts. 814 e 815 não se aplicam aos contratos sobre títulos de bolsa,
mercadorias ou valores, em que se estipulem a liquidação exclusivamente pela diferença entre o
preço ajustado e a cotação que eles tiverem no vencimento do ajuste.
Art. 817. O sorteio para dirimir questões ou dividir coisas comuns considera-se sistema de partilha
ou processo de transação, conforme o caso.

19. DA FIANÇA
Conceito
■ Dá-se o contrato de fiança quando uma pessoa garante satisfazer ao
credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra (art. 818).

Natureza jurídica
■ A fiança é contrato acessório, subsidiário, solene, personalíssimo ou
intuitu personae, em regra, unilateral, embora possa assumir caráter oneroso.

Espécies
■ convencional: resulta de acordo de vontades;
■ legal: imposta pela lei (arts. 1.400 e 1.745, parágrafo único);
Art. 1.400. O usufrutuário, antes de assumir o usufruto, inventariará, à sua custa, os bens que
receber, determinando o estado em que se acham, e dará caução, fidejussória (Fiança; garantia
pessoal) ou real, se lha exigir o dono, de velar-lhes pela conservação, e entregá-los findo o usufruto.
Parágrafo único. Não é obrigado à caução o doador que se reservar o usufruto da coisa doada.

Art. 1.745. Os bens do menor serão entregues ao tutor mediante termo especificado deles e seus
valores, ainda que os pais o tenham dispensado.
Parágrafo único. Se o patrimônio do menor for de valor considerável, poderá o juiz condicionar o
exercício da tutela à prestação de caução bastante, podendo dispensá-la se o tutor for de
reconhecida idoneidade.
■ judicial: determinada pelo juiz (CPC, arts. 520 e 559).

Requisitos subjetivos
■ Capacidade genérica para ser fiador: todas as pessoas que tenham a livre
disposição de seus bens.
■ Concedida por mandato, requer poderes especiais.
■ Um cônjuge não pode, sem o consentimento do outro, exceto no regime
da separação absoluta, prestar fiança (art. 1.647, III). A falta de autorização
torna o ato anulável (art. 1.649).

Requisitos objetivos
■ A fiança pode ser dada a toda espécie de obrigação.
■ Tendo natureza acessória, sua eficácia depende da validade da obrigação principal.
■ As dívidas futuras podem ser objeto de fiança (art. 821).

Efeitos

■ Nas relações entre credor e fiador


— Benefício de ordem ou excussão: pode o fiador indicar bens do devedor,
que sejam suficientes para saldar o débito (art. 827).
— Estipulado o benefício de divisão, fica afastada a solidariedade, tornando
divisível a obrigação (art. 829, parágrafo único).
— O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado (Fazer a substituição de; pôr no lugar
de; trocar ou substituir: sub-rogar uma negação por uma aprovação) nos direitos do credor (art. 831).
— Cada fiador pode fixar no contrato a parte da dívida que toma sob sua
responsabilidade, caso em que não será por mais obrigado (art. 830).

■ Nas relações entre devedor afiançado e fiador


— Pode o fiador, sub-rogando-se nos direitos do credor, exigir do devedor o
que pagou, acrescido dos juros pela taxa estipulada na obrigação principal,
além das perdas e danos que pagar e pelos que sofrer em razão da fiança
(arts. 832 e 833).
— Se o credor mostrar-se desidioso, não dando ao feito o regular andamento,
poderá fazê-lo o fiador (art. 834).
— Quando nem a obrigação, nem a fiança têm prazo certo, pode o fiador
exonerar-se quando lhe convier (art. 853).

Extinção da fiança
■ Além das causas que extinguem os contratos em geral, a fiança extingue-se
por atos praticados pelo credor, especificados no art. 838:

 Concessão de moratória (dilação do prazo contratual) ao devedor, sem o


consentimento do fiador, ainda que solidário.

— Frustração da sub-rogação legal do fiador nos direitos e preferências


(por abrir mão da hipoteca, p. ex.).

— Aceitação, em pagamento da dívida, de dação em pagamento feita pelo devedor.

20. DA TRANSAÇÃO
Conceito
■ É negócio jurídico bilateral, pelo qual as partes previnem ou terminam
relações jurídicas controvertidas, por meio de concessões mútuas (art. 840).

Elementos constitutivos
■ existência de relações jurídicas controvertidas;
■ intenção de extinguir as dúvidas, para prevenir ou terminar o litígio;
■ acordo de vontades, para o qual se exige capacidade das partes e
legitimação para alienar;
■ concessões recíprocas.

Natureza jurídica
■ Na sua constituição, aproxima-se do contrato, por resultar de um
acordo de vontades; nos seus efeitos, porém, tem a natureza de pagamento indireto.

■ Extrajudicial
Destina-se a prevenir, a evitar a instauração de um litígio. Realizar-se-á
por escritura pública, nas obrigações em que a lei o exige (quando
Espécies versar sobre imóveis), ou por instrumento particular, nas em que ela o
admite. Dispensa-se a homologação.
■ Judicial
Visa a extinguir um litígio já instaurado, uma ação em curso. Far-se-á por
escritura ou por termo nos autos, devendo este ser homologado.

Características
■ indivisibilidade (art. 848);
■ de interpretação restrita (art. 843);
■ negócio jurídico declaratório (art. 843, 2ª parte).

Objeto
■ Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite
transação (art. 841).

Efeitos
■ A transação só produz efeitos entre os transatores (entre credor e devedor) salvo as exceções
previstas nos parágrafos do art. 844 do Código Civil:

§ 1 o Se for concluída entre o credor e o devedor, desobrigará o fiador.


§ 2 o Se entre um dos credores solidários e o devedor, extingue a obrigação deste para com os outros
credores.
§ 3 o Se entre um dos devedores solidários e seu credor, extingue a dívida em relação aos co-
devedores.

■ Se a coisa, renunciada ou transferida, não pertencer a um dos


transigentes, e sofrer evicção, não ficará sem efeito o acordo. Nesse
caso, não revive a obrigação extinta pela transação; mas ao evicto cabe o direito de reclamar perdas
e danos (art. 845).

 Art. 846. A transação concernente a obrigações resultantes de delito não extingue a ação penal
pública.

21. DO COMPROMISSO E DA ARBITRAGEM


Conceito
■ Arbitragem é o acordo de vontades por meio do qual as partes,
preferindo não se submeterem à decisão judicial, confiam a árbitros a
solução de seus conflitos de interesses.

Regulamentação
■ O Código Civil regula, nos arts. 851 a 853, a formação do
compromisso, que precede ao juízo arbitral (é meio de existência
deste). A Lei n. 9.307, de 23-9-1996, com as modificações
introduzidas pela Lei n. 13.129/2015, unificou a legislação sobre
arbitragem. O art. 853 do Código dispõe que “admite-se nos contratos
a cláusula compromissória, para resolver divergências mediante juízo
arbitral, na forma estabelecida em lei especial”.

Cláusula compromissória e compromisso

■ A cláusula compromissória constitui simples promessa de


celebração de um compromisso, se surgirem dúvidas ou conflitos na
execução do contrato.

■ Compromisso arbitral é a regulamentação definitiva da arbitragem,


feita após o surgimento do conflito de interesses.

Natureza jurídica do compromisso


■ Constitui meio extintivo de obrigações, sendo assim tratado na Lei n.
9.307/96. O CC/2002, todavia, dispensou-lhe o tratamento de contrato
nominado, equiparando-o, portanto, a um contrato.

Efeitos do compromisso arbitral


■ exclusão da intervenção do juiz na solução do litígio;
■ submissão dos compromitentes à sentença arbitral

RESPONSABILIDADE CIVIL
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-
lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

 Art. 188, CC. Não constituem atos ilícitos:

 I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;

 II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover


perigo iminente.

 Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o
tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a
remoção do perigo.

Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não
tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.

Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se
privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.

RESPONSABILIDADE CIVIL:

Regra - é SUBJETIVA. Baseada na CULPA.

Exceção - é OBJETIVA.

casos especificados em lei ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem (CLÁUSULA GERAL)
INCAPAZ
Se os pais têm condições de arcar com os prejuízos: os PAIS responderão diretamente e
objetivamente.

Se os pais não têm condições de arcar com os prejuízos (caso da questão): O FILHO responderá pelos
prejuízos subsidiariamente e equitativamente

Se o filho foi emancipado voluntariamente pelos pais: PAIS E FILHO responderão solidariamente
pela totalidade dos prejuízos.

Art. 930, CC. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra
este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.

Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art.
188, inciso I).

 Info 599, STJ: (...) A responsabilidade civil do incapaz pela reparação dos danos é subsidiária,
condicional, mitigada e equitativa. Os incapazes (ex: filhos menores), quando praticarem atos
que causem prejuízos, terão responsabilidade subsidiária, condicional, mitigada e equitativa,
nos termos do art. 928 do CC.

 Subsidiária: porque apenas ocorrerá quando os seus genitores não tiverem meios para
ressarcir a vítima.

 Condicional e mitigada: porque não poderá ultrapassar o limite humanitário do patrimônio


mínimo do infante.

 Equitativa: tendo em vista que a indenização deverá ser equânime, sem a privação do mínimo
necessário para a sobrevivência digna do incapaz.

 A responsabilidade dos pais dos filhos menores será substitutiva, exclusiva e não solidária.
(...) (STJ. 4ª Turma. REsp 1436401-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/2/2017)

O dano imaterial decorrente da prática de bulliyng, também chamado de assédio escolar, pode
acarretar a responsabilidade civil dos genitores da criança que o pratica, assim como do
estabelecimento de ensino.

Art. 932, CC: São também responsáveis pela reparação civil: I. os pais, pelos filhos menores que
estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; (…) IV. os donos de hotéis, hospedarias, casas
ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus
hóspedes, moradores e educandos.
Art. 933, CC: As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa
de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. Art. 942, CC: Os bens do
responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano
causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas
designadas no art. 932.

II. Uma pessoa privada completamente de discernimento pode sofrer dano moral por ofensa ao
direito à imagem.
O absolutamente incapaz, mesmo sem entender seus atos e os de terceiros, pode sofrer dano
moral?
SIM. O absolutamente incapaz, ainda quando impassível de detrimento anímico, pode sofrer dano
moral.
Mesmo que não entenda que está sendo chamado de gordo ou feio por não ter capacidade de
entender o xingamento, ele poderá sim, requerer indenização por dano moral.

O dano moral caracteriza-se por uma ofensa a direitos ou interesses juridicamente protegidos
(direitos da personalidade). A dor, o vexame, o sofrimento e a humilhação podem ser consequências
do dano moral, mas não a sua causa.

Dano moral: é a ofensa a determinados direitos ou interesses. Basta isso para caracterizá-lo.
Dor, sofrimento, humilhação: são as consequências do dano moral (não precisam necessariamente
ocorrer para que haja a reparação).

III. Se um objeto cai de uma janela de um apartamento edifício e não é possível identificar a unidade
de onde o mesmo foi lançado, a vítima do dano pode demandar do condomínio, aplicando-se no
caso a teoria da causalidade alternativa.

Quando objetos caírem ou forem lançadas em lugar indevido: Segundo a doutrina, ainda que não se
possa identificar de qual apartamento o objeto caiu (ou foi jogado), todo o condomínio responderá
pelos prejuízos causados a terceiros. Trata-se da aplicação da chamada teoria da causalidade
alternativa, segundo a qual todos os possíveis autores da conduta que causou o dano poderão ser
responsabilizados de forma objetiva e solidária para que a vítima não fique sem ressarcimento (não
se admite como excludentes a força maior e o caso fortuito). Se o autor do dano foi identificado
posteriormente, caberá contra ele a chamada “ação de regresso”.

ENUNCIADO 556 da VI Jornada de Direito Civil – A responsabilidade civil do dono do prédio ou


construção por sua ruína, tratada pelo art. 937 do CC, É OBJETIVA.

Artigo: 937 do Código Civil

Justificativa: A proposta demonstra a superação do modelo de culpa presumida pelo Código Civil de
2002, tendo sido consagrada a responsabilidade objetiva pelo art. 937 do CC diante de risco criado
pelo dono do prédio ou construção. Anote-se que essa é a manifestação de muitos doutrinadores
em comentários ao citado dispositivo. Na jurisprudência, numerosos julgados concluem da mesma
forma, citando inclusive a interação dialogal com a responsabilidade objetiva consagrada pelo
Código de Defesa do Consumidor.

CC, Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se
esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.

CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA

a culpa for exclusiva da vítima, desfaz-se o nexo de causalidade e o Estado não será obrigado a
reparar o dano. A culpa exclusiva da vítima, se torna causa de exclusão do próprio nexo causal, pois
o agente causador do dano é um mero meio do acidente.

O nexo causal estabelece a relação entre uma causa e sua consequência, ou seja, se determinado
fato realmente causou certo resultado.
ATENÇÃO: Mas se o agente teve, de fato, culpa no dano, o Estado pagará a indenização e depois terá
direito a propor uma ação regressiva contra seu agente).

JUROS MORATÓRIOS

RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL:
 conta a partir do EVENTO DANOSO (art. 398 do CC e Súmula 54 do STJ).

a mora da obrigação de indenizar conta-se a partir da data da prática do evento danoso

IMPORANTE: no caso de o pedido ter sido julgado procedente, a indenização deverá ser acrescida de
juros de mora contados desde a data do acidente, ainda que demore a propor a ação, respeitado o
prazo prescricional

RESPONSABILIDADE CONTRATUAL:
a) obrigação de pagar é LÍQUIDA: os juros são contados DO VENCIMENTO DA OBRIGAÇÃO- art. 397
do CC); mora ex re

b) obrigação de pagar é ILÍQUIDA: juros fluem a partir da CITAÇÃO - art. 405 do CC. Ex persona

CORREÇAO MONETÁRIA
– indenização por DANOS MORAIS: incide desde a data do ARBITRAMENTO (Súmula 362 do STJ).
– indenização por DANOS MATERIAIS: incide a partir da DATA DO EFETIVO PREJUÍZO (Súmula 43
do STJ).

ATOS UNILATERAIS
Os atos unilaterais elencados no Código Civil Brasileiro – especificamente no Livro I, Título VII, da
Parte Especial, nada mais são do que atos que se desdobram em obrigações.

Sendo assim, os atos unilaterais constituem fonte de obrigações, ainda que decorrentes da vontade
de uma única parte, sendo a manifestação de vontade (aquela com a intenção de se obrigar) o
momento inicial e ocorrendo de forma imediata.

Nesse sentido, a autonomia da vontade, conhecida popularmente como manifestação de vontade,


tem cunho relativo a liberdade, ao poder de confeccionar livremente as cláusulas contratuais e
regulamentar sobre a relação.

“A declaração unilateral de vontade é uma das fontes das obrigações resultantes da vontade de uma
só pessoa, formando-se a partir do instante em que o agente se manifesta com a intenção de se
obrigar, independentemente da existência ou não de uma relação creditória, que poderá surgir
posteriormente” (DINIZ, 2011, pág. 812).[1]

Apesar de simples, esses atos unilaterais de vontade, como qualquer obrigação, carecem de
requisitos obrigatórios, de caráter subjetivo:

 partes (lembrando que o sujeito não é parte integrante da formação da obrigação, podendo ser
indeterminado ou indeterminável), cumprir elementos como o vínculo jurídico, e relativos ao
 objeto, licito e possível.

Porém, não necessitam obrigatoriamente respeitar os princípios da boa-fé objetiva e da função social
do contrato.

Toda a questão gira em torno de alguém que se obriga sozinho, não através de um contrato, mas sim
através de atos unilaterais, assumidos independente da certeza do credor.

Conforme nosso Código Civil, os atos unilaterais são divididos em quatro categorias:

A) promessa de recompensa,
B) gestão de negócios,
C) pagamento indevido
D) enriquecimento sem causa.

PROMESSA DE RECOMPENSA
ART. 854, CC: “Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, ou gratificar, a
quem preencha certa condição, ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir o
devido”.

Elencados entre os artigos 854 a 860 do Código Civil Brasileiro, se caracterizam por declarações feita
mediante anúncios públicos, divulgado publicamente, se comprometendo a recompensar ou
gratificar aquele que preencha condição ou pratique determinado ato.

Exemplo: promessa de recompensa para aquele que devolver carteiras/documentos perdidos.

É necessário mencionar que não se faz necessário a declaração de vontade de ambas as partes para
caracterizar tal modalidade, visto se tratar de ato unilateral, tanto a declaração de vontade quando a
obrigação de fazer atinge somente uma das partes. Somente uma das partes tem obrigação perante
a outra. Também não é preciso haver consentimento do terceiro que satisfez a condição.

Para que a promessa de recompensa adquira obrigatoriedade e se configure, é preciso satisfazer as


seguintes REQUISITOS:

 haver um anuncio com notória publicidade;


 o apontamento da condição a ser preenchida ou a realização de serviço (qualquer obrigação licita
que constitua ato legal);
 indicação da recompensa ou gratificação.

Art. 856. Antes de prestado o serviço ou preenchida a condição, pode o promitente revogar a
promessa, contanto que o faça com a mesma publicidade; se houver assinado prazo à execução da
tarefa, entender-se-á que renuncia o arbítrio de retirar, durante ele, a oferta.
Parágrafo único. O candidato de boa-fé, que houver feito despesas, terá direito a reembolso.

 a hipótese de revogar a promessa de recompensa deve ser realizada antes do preenchimento da


condição, devendo ter a revogação a mesma publicidade da a promessa.

Por fim, voltando ao exemplo da carteira perdida, para exemplificar, o dono da carteira manifesta vontade pública de
recompensar aquele que achar sua carteira, isto é, via mensagem, cartazes, radio, internet. Aquele que preenche o
requisito – pessoa que está com a carteira, não precisa necessariamente concretizar o negócio jurídico, mas caso queira, a
parte devolve a carteira cumprimento com a natureza da obrigação fazendo então com que nasça a obrigação do dono de
carteira de pagar o valor estipulado inicialmente.

GESTÃO DE NEGÓCIOS
ART. 861, CC - “Aquele que, sem autorização do interessado, intervém na gestão do negócio alheio,
dirigi-lo-á segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono, ficando responsável a este e as
pessoas com que tratar. ”

Em síntese, a gestão de negócios consiste em uma ação (na maioria das vezes um ato altruísta) na
qual o gestor a fim de evitar um prejuízo, usa do bom senso e de uma vontade presumida para
tomar decisão, isto é, ainda que não autorizado pelo dono do bem, imagina que haveria o
consentimento. Em outras palavras, dá-se a gestão de negócios quando houver uma
intervenção/administração oficiosa de negócios alheios, sem autorização/procuração, mas, visando
proteger o bem.

Cabe enfatizar que a gestão de negócios se enquadra nos atos unilaterais pelo fato de que não há um
acordo de vontades entre as partes para caracterizar um contrato, muito pelo contrário, o gestor age
sem previa combinação com o dono do negócio.

Art. 862. Se a gestão foi iniciada contra a vontade manifesta ou presumível do interessado,
responderá o gestor até pelos casos fortuitos, não provando que teriam sobrevindo, ainda quando
se houvesse abatido.

requisitos: se trate de negócio alheio, juntamente com a ausência de autorização caracterizando uma
espontaneidade do gestor, completada pela atuação conforme a vontade presumida.

A gestão tem que ocorrer em natureza patrimonial, que seja o ato necessário e útil, logo, operações
arriscadas não configuram a gestão de negócios.

Art. 868. O gestor responde pelo caso fortuito quando fizer operações arriscadas, ainda que o dono
costumasse fazê-las, ou quando preterir interesse deste em proveito de interesses seus.

Ex: quando um vizinho viaja nas férias e deixa aberta uma torneira em sua residência. Um vizinho
“arromba/adentra” a casa com o objeto de fechar a torneira e impedir prejuízos ainda maiores. É
possível aferir que não á interesse lucrativo no ato, apenas uma intenção de ajudar, com a vontade
presumida do dono, visto que o gestor evitou o desperdiçando água e danificando alguns móveis
sensíveis à umidade.

Relativo as obrigações: frisa-se que tanto o gestor quanto o dono do negócio possuem obrigações.
Obrigações do gestor: Ninguém é obrigado a iniciar a gestão, mas iniciado, deve agir com o máximo
de diligência, para que não advenha ao dono qualquer prejuízo.

Ø Comunicar ao dono do negócio o início da gestão, e esperar uma resposta (se dá espera não
resultar perigo);
Ø Responder perante o dono do negócio;
Ø Administrar no interesse do dono e segundo sua vontade real ou presumida;
Ø Não se fazer substituir na gestão, nem promover operações arriscadas.
Obrigações do dono do negócio:
Ø Indenizar as despesas necessárias e os prejuízos do gestor, caso queira aproveitar-se da gestão;
Ø Na gestão útil, o dono do negócio deve cumprir as obrigações contraídas, além de indenizar
prejuízos e despesas necessárias e úteis;
Ø Na gestão necessária (para acudir prejuízos iminentes), os efeitos são os mesmos da gestão útil.

PAGAMENTO INDEVIDO
“Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir; obrigação que incumbe
àquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição”.
O pagamento indevido ocorre quando alguém recebe o que não lhe era devido. Sendo que aquele
que recebeu o que não lhe era devido, fica obrigado a restituir. Sendo isso possível com uma ação de
repetição do indébito, com base na tese que o pagamento extingue a obrigação, mas o pagamento
indevido cria uma outra obrigação.
Um dos requisitos para o pagamento indevido é a inexistência de causa para o pagamento, causa
essa jurídica e lícita.
Quem voluntariamente pagou o indevido deve provar não somente ter realizado o pagamento, mas
também que o fez por erro, pois a ausência de tal comprovação leva a se presumir que se trata de
uma liberalidade.
Se o pagamento indevido tiver consistido no desempenho de obrigação de fazer ou não fazer, não
haverá mais, em princípio, como restituir as coisas ao estado anterior, pois não sendo mais possível
aquele que recebeu a prestação fica na obrigação de indenizar o que a cumpriu, na medida do lucro
obtido.

ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA


Art. 884. “Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o
indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. ”
Por fim, o enriquecimento sem causa é vedado pelo Código Civil de 2002. Assim, quem, sem justa
causa, auferir vantagem patrimonial à custa de outra pessoa, deverá, a depender do caso, restituir o
bem, partilhar os lucros ou compor os prejuízos que causou.
Classicamente, para haver o enriquecimento sem causa, deverá haver o enriquecimento
do accipiens (o que recebe), o empobrecimento do solvens (o que paga), relação de causalidade
entre o enriquecimento e o empobrecimento e a inexistência de causa jurídica prevista por
convenção das partes ou pela le
Art. 886. Não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao lesado outros meios para
se ressarcir do prejuízo sofrido.

DIREITO DE FAMÍLIA:

RELAÇÃO DE PARENTESCO:
Art. 1.591. São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na relação de
ascendentes e descendentes.

Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o 4° grau (primo) as pessoas
provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra – aqui entra irmão

Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.

§ 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do
cônjuge ou companheiro.

§ 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável

 uma vez sogra, sempre sogra.


 CUNHADO se extingue.

FILIAÇÃO

JDC632 Nos casos de reconhecimento de multiparentalidade paterna ou materna, o filho terá


direito à participação na herança de todos os ascendentes reconhecidos

Art. 1.599. A prova da impotência do cônjuge para gerar, à época da concepção, ilide a presunção
da paternidade.

Art. 1.600. Não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para ilidir a presunção legal da
paternidade.

Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher,
sendo tal AÇÃO IMPRESCRITÍVEL.

Parágrafo único. Contestada a filiação, os herdeiros do impugnante têm direito de prosseguir na


ação

Art. 1.602. Não basta a confissão materna para excluir a paternidade

Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento É IRREVOGÁVEL e será feito:
I - no registro do nascimento;
II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório;
III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;
IV - por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda
que o reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém.
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento
do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele deixar descendentes.

Art. 1.610. O reconhecimento NÃO PODE SER REVOGADO, nem mesmo quando feito em
testamento.

Art. 1.611. O filho havido fora do casamento, reconhecido por um dos cônjuges, não poderá residir
no lar conjugal sem o consentimento do outro.
SÚMULAS SOBRE AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE
Súmula 149-STF: É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de petição de
herança
OBS: ação de petição de heranças prescreve em 10 anos.

Súmula 1-STJ: O foro do domicílio ou da residência do alimentando


é o competente para a ação de investigação de paternidade, quando cumulada com a de alimentos

Súmula 277-STJ: Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a


partir da citação.

Súmula 301-STJ: Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA
induz presunção júris tantum (RELATIVA) de paternidade.

TESTAMENTO
JDC528 É válida a declaração de vontade expressa em documento autêntico, também chamado
“TESTAMENTO VITAL”, em que a pessoa estabelece disposições sobre o tipo de tratamento de
saúde, ou não tratamento, que deseja no caso de se encontrar sem condições de manifestar a sua
vontade.

 (foi a JORNADA que decidiu isso e não resolução do CRM) A Resolução do CFM permite que o
paciente defina se quer ou não, receber o tratamento no momento em que estiver incapacitado de
expressar sua vontade.

O STJ tem reiterado em diversos julgamentos que deve-se buscar ao máximo cumprir a última
vontade do de cujus, ainda que haja o descumprimento de formalidades legais:

"Em se tratando de sucessão testamentária, o objetivo a ser alcançado é a preservação da


manifestação de última vontade do falecido, devendo as formalidades previstas em lei serem
examinadas à luz dessa diretriz máxima, sopesando-se, sempre casuisticamente, se a ausência de
uma delas é suficiente para comprometer a validade do testamento em confronto com os demais
elementos de prova produzidos, sob pena de ser frustrado o real desejo do testador

 É válido o testamento particular que, a despeito de não ter sido assinado de próprio punho
pela testadora, contou com a sua impressão digital (Info 667)

 É válido o testamento feito por cego mesmo sem que tenham sido realizadas duas leituras e
ainda que não tenha sido feito o registro da condição de cego no instrumento (Info 610)

Por outro lado, algumas situações não podem ser convalidadas e o testamento é inválido:

 não se admite o cumprimento de testamento PÚBLICO que não foi assinado por tabelião: a
assinatura do tabelião, ou de seu substituto legal, é requisito indispensável de validade. A
ausência da assinatura e identificação do tabelião que teria presenciado ou lavrado o
instrumento é vício externo grave que compromete a higidez do testamento e não permite
aferir, com segurança, a real vontade do testador.
 É inválido o testamento particular redigido de próprio punho quando não for assinado pelo
testador. A assinatura do testador no testamento particular, além de requisito legal, é mais
que mera formalidade, consistindo verdadeiro pressuposto de validade do ato, que não pode
ser relativizado.

Art. 1.969. O testamento pode ser revogado pelo mesmo modo e forma como pode ser feito.

DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES


Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa
impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o
atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse
oportunamente desempenhada.
Súmula 380 STJ: A simples propositura da ação de revisão de contrato não inibe a caracterização da
mora do autor.

Extinção da coisa:
 Impossibilidade de fazer + sem culpa do devedor = resolução do negócio;
 Impossibilidade de fazer + com culpa do devedor = resolução do negócio + perdas e danos.
 Deteriorada a coisa + sem culpa do devedor = resolução do negócio ou aceita no estado em que
se encontra abatido o preço;
 Deteriorada a coisa + com culpa do devedor = resolução do negócio ou aceita no estado em que
se encontra + perdas e danos

DIREITO DE SUPERFÍCIE:
Direito de superfície no Estatuto das Cidades Direito de Superfície no CC
> solo urbano > Solo Urbano e rural
> prazo determinado ou indeterminado > Prazo determinado
> solo e subsolo > Não admite o subsolo
> interesse público > Interesse privado
> Não é possível normas transacionáveis > É possível normas transacionáveis

Art. 1.370, CC: A concessão da superfície será gratuita ou onerosa; se onerosa, estipularão as partes
se o pagamento será feito de uma só vez, ou parceladamente.

Art. 1.372, CC: O direito de superfície pode transferir-se a terceiros e, por morte do superficiário,
aos seus herdeiros

Art. 1.373. Em caso de alienação do imóvel ou do direito de superfície, o superficiário ou o


proprietário tem direito de preferência, em igualdade de condições.

TRANSGÊNEROS:
Recurso Extraordinário nº 670.422-RS (repercussão geral, relator Ministro Dias Toffoli, DJe
10.03.2020), decidiu-se que:

i) O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação
de gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do
indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via
administrativa;
ii) Essa alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão do
termo 'transgênero';
iii) Nas certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a
expedição de certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por
determinação judicial;
iv) Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado determinar de ofício ou a
requerimento do interessado a expedição de mandados específicos para a alteração dos demais
registros nos órgãos públicos ou privados pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo sobre a
origem dos atos".

DPVAT
DPVAT - alguns apontamentos

• O Plenário do STF decidiu que o Ministério Público tem legitimidade para defender contratantes
do seguro obrigatório DPVAT. Por essa razão, o STJ cancelou a súmula 470 (REsp 858.056/GO).

Súmula 540-STJ: Na ação de cobrança do seguro DPVAT, constitui faculdade do autor escolher entre
os foros do seu domicílio, do local do acidente ou ainda do domicílio do réu.

• Prazo para a ação de indenização DPVAT: Três anos.

• Início do prazo em caso de invalidez permanente: data do laudo médico (regra geral).

• Exceções: o prazo prescricional se inicia mesmo sem ter sido feito laudo médico se a invalidez
permanente for notória (ex: acidente no qual a vítima teve amputada suas duas pernas); ou se o
conhecimento anterior resultar comprovado na fase de instrução.

Súmula 257-STJ: A falta de pagamento do prêmio do seguro obrigatório de Danos Pessoais Causados
por Veículos Automotores de Vias Terrestres(DPVAT) não é motivo para a recusa do pagamento da
indenização.
Consoante entendimento do STJ, “o valor do seguro obrigatório deve ser deduzido da indenização
judicialmente fixada (Súmula 246/STJ), sendo que essa dedução efetuar-se-á mesmo quando não
restar comprovado que a vítima tenha recebido o referido seguro”

Qual é o valor da indenização de DPVAT prevista na Lei?


a) no caso de morte: R$ 13.500,00 (por vítima);
b) no caso de invalidez permanente: até R$ 13.500,00 (por vítima);
c) no caso de despesas de assistência médica e suplementares: até R$ 2.700,00 como reembolso à
cada vítima.
A Lei nº 6.194/74, em seu art. 3º, II, prevê que a indenização no caso de invalidez permanente será
de até R$ 13.500,00, mas não estabeleceu critérios para se graduar essa quantia. Em outras palavras,
nem toda invalidez irá gerar o pagamento do valor máximo, mas, por outro lado, a legislação não
forneceu parâmetros para se escalonar essa indenização.

O STJ afirmou que o valor da indenização deverá ser proporcional ao grau da invalidez permanente
apurada.

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